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16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 1/46 Controle da expressão gênica Prof. Eldio Gonçalves dos Santos Descrição Mecanismos reguladores da expressão gênica em organismos procariontes e eucariontes. Influência da epigenética no comportamento celular. Propósito Compreender os mecanismos de regulação gênica em organismos procariontes e eucariontes e as diferenças entre esses dois tipos, além dos conceitos que envolvem a epigenética e de que modo ela afeta a expressão gênica, é fundamental para o desenvolvimento de estudos moleculares e a compreensão de patologias genéticas. Objetivos Módulo 1 Mecanismos de regulação gênica em procariotos 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 2/46 Reconhecer os mecanismos de regulação da expressão gênica em seres procariontes. Módulo 2 Mecanismos de regulação gênica em eucariotos Reconhecer os mecanismos de regulação da expressão gênica em seres eucariontes. Módulo 3 Epigenética Identificar o conceito e as características da epigenética. Introdução A genética é uma área da ciência que estuda os genes e suas regulações, as quais são bastante complexas e muitas vezes dependem do meio em que o organismo se encontra, isto é, nossos genes precisam responder a variações, como a falta de nutrientes ou um ambiente com temperatura ou salinidade elevada. Se faltar um nutriente, por exemplo, o indivíduo que mais recursos conseguir economizar será aquele com tendência a sobreviver. Já o que continuar utilizando normalmente as suas reservas tenderá a esgotá-las mais cedo, não sobrevivendo às novas condições de escassez. Desse modo, há uma seleção natural daqueles que conseguem se adaptar rapidamente ao novo meio em detrimento dos que não 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 3/46 têm essa habilidade. Você sabia que isso tem a ver com a capacidade dos mecanismos de regulação gênica? Para a célula poupar recursos, é necessário que os genes responsáveis por expressar vias que gastam muita energia fiquem menos ativos, ou seja, mais condensados. Já aqueles que cuidam do armazenamento de recursos, como os genes que expressam as proteínas promotoras da formação do glicogênio, devem ficar mais ativos, ou seja, descompactados, para que a maquinaria de transcrição possa acessá-los. É importante ressaltar que ainda há os genes constitutivos, que são essenciais para a manutenção da vida. Não podemos simplesmente economizar energia expressando uma menor quantidade desses genes; caso contrário, haveria a alta possibilidade de isso levar à morte celular. Vamos entender neste conteúdo os ajustes finos e as diferentes estratégias entre procariotos e eucariotos em relação à regulação da expressão gênica. Para isso, começaremos pelos organismos procariontes, passando depois aos eucariontes. Por fim, falaremos de modo mais detalhado da epigenética. 1 - Mecanismos de regulação gênica em procariotos Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os mecanismos de regulação da expressão gênica em seres procariontes. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 4/46 Características genéticas dos procariotos Os procariotos são seres vivos unicelulares: tudo de que um procarioto precisa para viver está presente na sua célula e no seu DNA. Não existe, assim, uma necessidade de interação entre tecidos, órgãos ou sistemas complexos. Diferentemente dos procariotos, os eucariotos são multicelulares. Seu DNA, o grande livro de receitas contendo todas as informações genéticas, pode ser lido de forma bastante diferente. Isso acontece porque células com funções distintas têm um padrão de expressão diferente. Comentário Falaremos mais dos eucariotos e dos seus mecanismos de expressão gênica em breve, mas já adiantamos uma informação: chamado de diferenciação celular, tal fenômeno ocorre nos seres multicelulares, e não nos procariotos. Por possuírem apenas uma célula, os procariotos são mais simples e não possuem tantas interações. Dessa forma, sua regulação acontece visando à manutenção da vida daquele indivíduo dentro de determinado ambiente. Normalmente, a regulação da expressão em procariotos pode acontecer em dois diferentes pontos. Com maior custo energético, um deles ocorre após a síntese da proteína, que é o produto da fase de tradução. Essa regulação é chamada de pós-traducional, ocorrendo, por exemplo, a partir da inibição de uma proteína ou da falta de um cofator que a ative. No entanto, a maior parte da regulação gênica dos procariotos se dá durante a transcrição. Ela tem um menor custo de energia, pois ainda não ocorreu a tradução do RNAm (RNA mensageiro), a chamada regulação transcricional. No decorrer deste estudo, com base em exemplos, entenderemos como essa regulação acontece. Regulação da expressão gênica 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 5/46 Nos organismos procariontes, a transcrição ocorre a partir do acoplamento da RNA polimerase em uma sequência de DNA chamada de região promotora. Todos os genes, sejam eles constitutivos ou induzíveis, possuem tal região. Mesmo sendo essenciais para a manutenção da vida do organismo, os genes constitutivos também possuem regiões promotoras, embora não contem com sistemas de inibição seletivos, ou seja, eles apenas podem sofrer um bloqueio de sua transcrição mediado por regulações genéricas. A região promotora é responsável por favorecer maior ou menor expressão gênica. A depender da ligação de determinadas proteínas ou moléculas conhecidas como fatores transcricionais (que ativam ou inibem a expressão gênica), tal região realiza esse favorecimento por meio de um controle positivo ou negativo. Induzíveis Trata-se de genes que não são essenciais para a manutenção da vida. Eles, portanto, estão mais suscetíveis à regulação de sua expressão. Um dos exemplos mais genéricos da regulação da expressão gênica se dá a partir da ligação ou da perda de ligação de determinado fator transcricional. Fatores desse tipo podem ser considerados fatores transcricionais repressores (controle negativo) ou efetores (controle positivo). A imagem adiante ilustra diferentes atuações de um fator transcricional, além de uma regulação negativa, a partir de um fator repressor que se liga à região promotora e impede que a RNA polimerase se acople na fita de DNA, inibindo, assim, a transcrição. Além disso, uma molécula chamada de repressor pode se ligar a um fator efetor, impedindo a sua atuação e, por consequência, inibindo a expressão de um gene que seria ativado por esse efetor. O mesmo conceito pode ser aplicado de forma inversa, em que um fator efetor se liga a uma região promotora, favorecendo a transcrição. Outra possibilidade é haver a ligação de um repressor que impeça a atuação de um fator repressor, impedindo que ocorra a inibição da transcrição do gene. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 6/46 Regulação da expressão gênica negativa (esquerda) e positiva (direta). No início da transcrição, um complexo de proteínas chamado RNA polimerase se acopla à região promotora do gene e começa a construir o RNAm. Em procariontes, a região codificadora, que é chamada de operon, consiste em múltiplos genes que geralmente têm uma função final relacionada (mesma via metabólica), isto é, todos os genes de determinado operon são relacionados de alguma forma. Os RNAm oriundos da transcrição de um operon são formados a partir de vários genes, sendo chamados de RNAm policistrônicos. Já nos organismos eucariontes,as regiões promotoras estão associadas a apenas um gene; portanto, o RNAm transcrito possui informações apenas desse gene, sendo chamado de RNAm monocistrônico. Apesar de uma fita de RNAm de um indivíduo eucarionte ser formada por apenas um gene, ele precisa de uma série de modificações para ser traduzido, processo esse que ocorre fora do núcleo celular. RNA polimerase Existem diferentes isoformas de polimerases, mas vamos nos referir a elas como "RNA polimerase" para fins didáticos. Diferenças no RNAm de eucariontes e procariontes. UTR é uma sigla da expressão untranslated region, que significa região não codificante. Após a síntese e o processamento do RNAm nos eucariotos, ele precisa sair do núcleo celular para encontrar o ribossomo, que fica no citoplasma. Nos procariotos, por não possuir carioteca, o RNAm já é 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 7/46 traduzido por um ribossomo assim que termina a transcrição, já que ambos se encontram no citoplasma. A tradução é realizada a partir da leitura de um conjunto de três bases de nucleotídeos (códon) que correspondem a um aminoácido. A união dos aminoácidos origina uma cadeia polipeptídica, que é modelada por proteínas conhecidas como chaperonas (presentes em todos os organismos vivos), dando origem a uma proteína funcional. Por já estar no citoplasma, o RNAm é diretamente traduzido pelos ribossomos com o auxílio do RNAt (RNA transportador), que é responsável por levar os aminoácidos correspondentes ao códon lido, para finalmente formar a unidade funcional das informações contidas originalmente no DNA. O processo de tradução ocorre partir da leitura de um códon de start, que corresponde ao aminoácido metionina em eucariotos. Já nos procariotos, o aminoácido que dá início a todas as cadeias peptídicas é o fornil-metionina, formado pelo resíduo metionina com a adição de um grupamento fornil. Esse grupamento inclusive é um marcador celular que indica infecção bacteriana. A leitura dos códons segue até determinado ponto, onde haverá um códon de parada (stop códon). Agora podemos continuar falando sobre a regulação gênica dos procariotos. Para facilitar a compreensão, vamos ver dois exemplos práticos: a regulação dos operons TRP e Lac, ambos presentes nas bactérias Escherichia coli. Grupamento fornil R-CH=O Regulação da expressão gênica em procariotos Confira agora alguns aspectos sobre este assunto. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 8/46 Regulação de operon TRP Os procariotos controlam a expressão do seu DNA durante a etapa de transcrição. Não existem tantas etapas de controle por sua complexidade ser menor quando comparada à dos eucariotos complexos. A maior necessidade de um ser procarioto se deve à velocidade com que os processos acontecem e ao fato de ele reduzir os custos energéticos; portanto, apenas um controle transcricional dá conta da necessidade de regulação. O primeiro exemplo dessa regulação transcricional que veremos é a do operon TRP, que é responsável pela biossíntese do aminoácido triptofano, essencial na síntese proteica. Para construir o triptofano, cinco diferentes enzimas são necessárias – e todas elas estão presentes em um mesmo gene policistrônico. Esse gene será expresso em um RNAm policistrônico. Tais RNAs policistrônicos são formados por uma sequência que contém a informação para expressar todas as diferentes proteínas que constituem uma mesma via ou estão fortemente relacionadas de alguma forma, veja: 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 9/46 Representação esquemática do operon TRP. Responsável pela síntese de triptofano, o operon TRP possui estes trechos: P (promotor) O (operador) trpL (região líder) trpE (antranilato sintase E); trpD (antranilato sintase D) trpC (fosforibosilantranilado isomerase) trpB (triptofano sintase B) trpA (triptofano sintase A) Vamos entender melhor cada um desses trechos: Presente em qualquer operon, o P (promotor) se trata da região onde ocorre o acoplamento da RNA polimerase para dar início à transcrição. Também é uma região presente em qualquer operon. Nessa parte, acontece a regulação do operon, que pode ser mediada de diferentes formas: Acoplamento de uma proteína ou de moléculas repressoras. Ligação de um composto efetor. Também conhecida como região líder, funciona como um regulador independente da região do operador, que é específica do operon TRP. Veremos em breve como seu mecanismo de regulação opera. P (promotor) O (operador) Região trpL 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 10/46 Quanto aos genes responsáveis pelas proteínas trpE, trpD, trpC, trpB e trpA, o mais importante é entender que todas essas proteínas funcionam em cascata, em que uma depende da outra, para formar o triptofano. O operon TRP possui duas formas de regulação: Um repressor se liga à região do operador, impedindo a continuação da transcrição (forma mais simples de ser entendida). Forma mediada pela região líder (específica para esse operon). Em operons que sintetizam determinado recurso, é bastante comum haver uma regulação dada pela quantidade do recurso que já está presente no meio celular, ou seja, a repressão do operon TRP está diretamente ligada à quantidade de triptofano presente no meio. Enquanto esse operon está ativo, o repressor de triptofano fica desacoplado da região operadora. Quando a concentração de triptofano atinge certo patamar, duas moléculas dele se ligam no sítio alostérico e ocorre uma mudança conformacional do repressor, que ganha uma afinidade pela região operadora do operon TRP, ligando-se e impedindo a continuação da transcrição. À medida que a concentração citoplasmática de triptofano diminui, a ligação no sítio alostérico é desfeita e o repressor se desliga dessa região, liberando a expressão de tal operon. Outra forma de regulação presente no operon TRP é aquela mediada pela região líder. Como vimos, os procariotos realizam a transcrição e a tradução em uma mesma região devido à falta de um núcleo revestido que protege o material genético. Por isso, um “transporte” do RNAm poderia ser prejudicial e causar danos ao RNA. À medida que a RNA polimerase vai construindo o RNAm, um ribossomo logo se acopla a ele e o traduz. A região líder é formada por um trecho de RNAm (oriundo da ligação desses nucleotídeos) composto por guaninas e citocinas capazes de formar três diferentes tipos de trpE, trpD, trpC, trpB e trpA 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 11/46 grampos, conforme a imagem a seguir: grampo 1 e 2, grampo 3 e 4 ou grampo 2 e 3. Representação dos grampos do operon TRP. Quando o ribossomo começa a leitura dos códons, os trp-RNAt (RNA transportador acoplado ao aminoácido triptofano) precisam participar da produção da cadeia peptídica da futura proteína a ser sintetizada. Em baixas concentrações de triptofano, a adição desse resíduo se torna mais lenta – e isso será fundamental para entendermos como funciona a regulação na região líder. Nos procariotos, à medida que a transcrição começa, a tradução já é feita de forma concomitante. Logo no começo da transcrição, o RNAm possui um grampo entre as regiões 1 e 2 da figura anterior. Chamado de “grampo pausa”, esse primeiro grampo é responsável por segurar por um tempo o ribossomo parado; com isso, a RNA polimerase consegue sintetizar um trecho maior do RNAm. Quando o grampo pausa é desfeito, o ribossomo continua a percorrer o RNAm e passa por um códon duplo de UGG, correspondente ao resíduo de triptofano. A maquinaria de tradução precisaentão recrutar trp-RNAt para continuar o processo de tradução. Em baixas concentrações de triptofano, essa etapa vai ser mais demorada, a ponto de dar tempo de formar outro grampo (dessa vez, entre os trechos 2 e 3), que pode ser mais facilmente desfeito. Ele é chamado de “grampo antiterminação”. Além disso, o grampo antiterminação impossibilita a formação do grampo entre os trechos 3 e 4, cujo nome é grampo de terminação. Ele, porém, não é facilmente desfeito e impede a continuação da tradução pelo ribossomo. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 12/46 O grampo 2-3 formado em um ambiente com baixa concentração de triptofano possibilita a continuação da expressão do operon TRP, levando a célula a realizar a biossíntese do resíduo em falta. Já em altas concentrações, o ribossomo passa mais rápido pela região UGGUGG sem dar tempo de formar tal grampo, o que possibilita a formação do grampo de terminação 3-4. Dessa forma, ele inibe a continuação da tradução e, por consequência, bloqueia todo o funcionamento do operon TRP. Regulação de operon Lac Amplamente utilizado para entender a regulação da expressão gênica em procariontes, o controle do operon Lac é responsável pelo metabolismo da lactose, um açúcar importante para a nutrição das bactérias. O operon Lac possui diferentes partes, vejamos: P1: Promotor 1 (promotor do gene I) Gene I (gene repressor) O2: Operador 2 (operador) P2: Promotor 2 (promotor dos genes Z, Y e A) O1: Operador 1 (operador secundário) Gene Z O3: Operador 3 (operador secundário) Gene Y Gene A As regiões onde se encontram os promotores são responsáveis por iniciar a transcrição dos genes adjacentes. Já as regiões operadoras têm o objetivo de ativar ou reprimir a transcrição dos operons. Nesse caso, O1 é o local onde o repressor Lac se liga, enquanto O2 e O3 são operadores secundários. Os operadores estão sempre localizados perto dos genes que regulam. Também existem três genes estruturais: LacZ (gene Z), LacY (Y) e LacA (A). Eles são responsáveis por codificar as enzimas β-galactosidase, permease e transacetilase, além daquelas que codificam os inibidores do próprio operon. O gene I possui uma região promotora única. Veja a representação abaixo: 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 13/46 Representação esquemática do operon Lac. Um recurso muito valioso dessas células é que elas tentam tornar o consumo de energia o mais eficiente possível. Na ausência de lactose, não há razão para se expressar os genes Z, Y e A, pois eles estão envolvidos no metabolismo da lactose. No entanto, a expressão do gene I é constitutiva, ou seja, acontece mesmo na ausência de lactose intracelular. Esse gene produz uma proteína repressora do promotor 2 (Lac repressor) que se liga à região O1 e reprime a expressão de Z, Y e A, que não são expressas mesmo quando a RNA polimerase é acoplada a P2. A lactose não atua diretamente no operon Lac, porém, quando algumas moléculas de galactose entram na célula, um pequeno número de enzimas β-galactosidase é capaz de converter galactose em alolactose, que se liga ao repressor Lac e facilita a mudança conformacional da proteína. Com isso, ocorre uma dissociação entre o repressor e o operon 1, liberando a função da RNA polimerase para transcrever os genes Z, Y e A. Esquema de regulação do operon Lac mediado pela lactose. Pol: RNA polimerase; mRNA Lac: mRNA mensageiro lactose. Outra forma de regulação é dependente da glicose. Sua presença inibe o operon Lac, porque as células devem priorizar o metabolismo da glicose em detrimento de outros carboidratos. A ativação do operon Lac ocorre quando os níveis de glicose estão baixos, sendo induzidos por uma pequena molécula efetora, a cAMP (AMP cíclico), e uma proteína regulatória denominada CRP. Vamos entender como isso ocorre? 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 14/46 CRP Sigla para cAMP receptor protein, ou seja, proteína receptora de cAMP. CRP também pode ser chamada de CAP (catabolite activator protein). É importante ressaltar que, quando os níveis de glicose estão elevados, a presença de lactose não leva à expressão dos genes Z, Y e A devido à falta de indutores de CAP-cAMP. Esse fato é evidenciado pela necessidade de consumir glicose antes da lactose. Na ausência de glicose, a concentração de cAMP aumenta, e essa molécula se liga à CPR (CAP) para formar o complexo CRP-cAMP (ou CAP-cAMP). Esse complexo se liga ao DNA na região operadora dependente de CAP-cAMP próximo ao operador 3, ativando a transcrição dos genes Z, Y e A para o metabolismo da lactose. Na presença de glicose, os níveis de cAMP são reduzidos e o complexo CAP-cAMP não é formado; com isso, o operon Lac é inibido. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 15/46 Regulação do operon Lac mediado por glicose. cAMP: AMP cíclico; CAP: proteína receptora de cAMP; Pol: RNA polimerase; ATP: adenosina trifosfato; P: região promotora. A regulação dos genes do metabolismo da lactose nas bactérias Escherichia coli é essencial para a sobrevivência. Essas bactérias adaptam-se ao ambiente e à presença de diferentes nutrientes, consumindo-os de forma inteligente. Estudar os operons Lac e TRP nos permitiu entender algumas das principais abordagens para a regulação gênica em procariontes, ambos contendo repressores e efetores com diferentes estratégias e abordagens nutricionais. Agora já podemos avançar nosso estudo para a compreensão da regulação genética em eucariotos, o que faremos no próximo módulo. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 16/46 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 17/46 Os operons são responsáveis pela expressão de uma série de proteínas com determinada função final em comum, como é o caso, por exemplo, de uma via metabólica. Que tipo de influência sobre o operons o produto dessa via tende a realizar? Parabéns! A alternativa A está correta. O produto da via metabólica costuma inibir o operon que desencadeia tal via, uma vez que a célula compreende que já possui essa molécula em quantidade suficiente e poupa recursos, os quais, por sua vez, serão investidos em outros processos. Existem exceções de genes constitutivos, porém, de forma geral, ocorre uma inibição. Questão 2 Sabemos que o RNAm dos procariotos é formado por diversos trechos, formando apenas um RNAm chamado de policistrônico. Considerando as regulações da expressão gênica de tais organismos, estão corretas somente as afirmativas: A O produto da via metabólica tende a inibir a expressão do operon. B O produto da via metabólica tende a ativar a expressão do operon. C O produto da via metabólica não modifica a expressão do operon, apenas fatores de repressão e ativação são capazes de realizar tais alterações. D O produto da via metabólica não modifica a expressão do operon, pois nos procariotos todo o RNAm expresso já é diretamente traduzido. E O produto da via metabólica modifica a expressão do operon, já que nos procariotos o RNAm precisa sair do núcleo para o citoplasma. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 18/46 I. A presença de glicose, mesmo em altas concentrações de lactose, é capaz de inibir o operon Lac. II. O operon TRP possui duas regulações, ambas dependentes de triptofano. III. As regiões “operadoras” do operonLac são responsáveis pelo acoplamento da RNA polimerase. IV. A formação dos diferentes grampos na região trpL do operon TRP é fundamental para o funcionamento dessa região. Parabéns! A alternativa D está correta. Considerando o operon Lac, a glicose impossibilita a formação do indutor CRP-cAMP; sendo assim, não ocorre a transcrição do operon, mesmo na presença de lactose. O acoplamento da RNA polimerase se dá nas regiões promotoras, e não operadoras. Considerando o operon TRP, os grampos são fundamentais para a transcrição ou o impedimento dessa região e são formados de acordo com a oferta de triptofano no meio, o qual também atua ativando o repressor, possibilitando que ele se acople na região operadora. A I e II. B II e III. C II, III e IV. D I, II e IV. E I, III e IV. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 19/46 2 - Mecanismos de regulação gênica em eucariotos Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os mecanismos de regulação da expressão gênica em seres eucariontes. Estrutura e organização gênica dos eucariotos A evolução dos seres vivos conseguiu superar a barreira de os organismos serem unicelulares. Seres multicelulares surgiram; com isso, também houve o surgimento de células com funções diferentes e maior complexidade. A interação entre diferentes células marcou o surgimento dos eucariotos. Mesmo com diferentes especializações, todas as células possuem o mesmo DNA. Considerando a estrutura e a organização gênica dos procariotos, observa-se que eles são organismos unicelulares com uma grande parte de material genético codificante. Como vimos, o processo de transcrição é dado em trechos denominados operons, os quais, por sua vez, são transcritos para um RNAm policistrônico. Dica Não existem operons em organismos eucariontes. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 20/46 O RNAm policistrônico é traduzido em proteínas interligadas de alguma forma, podendo estar, por exemplo, relacionadas a uma mesma via metabólica. Essas proteínas são expressas de forma conjunta e possuem as mesmas regulações, sejam elas de ativação ou repressão, dadas em regiões operadoras. As células procariontes se adaptaram muito bem como unidades individuais, fazendo bom uso dos recursos parar poupar energia. Por outro lado, os organismos multicelulares têm uma complexidade maior e uma porcentagem muito menor de genes codificadores e não codificantes. Em seres humanos, somente cerca de 2% do DNA é codificado. É um pouco contraintuitivo pensar em um organismo mais complexo no qual todas as células, mesmo com funções diferentes, tenham o mesmo DNA e que, além disso, esse DNA possua uma proporção menor de genes codificadores. Vamos ver como isso acontece? Diferenciação celular Quanto à especialização celular, digamos que as células do pâncreas precisam ser muito eficientes na produção de hormônios e enzimas digestivas. Por outro lado, as do fígado têm propriedades muito diferentes, devendo ser altamente regeneradas, sintetizar colesterol e metabolizar diferentes moléculas, entre outras funções. Contudo, os dois tipos de células têm os mesmos genes, além de quase todo DNA ser o mesmo! Mas como isso é possível? O segredo desse paradoxo é a regulação gênica e o processamento do RNAm. Dessa forma, há a chamada diferenciação celular, em que a regulação da maneira com que os genes são expressos determina como uma célula vai se especializar. Quando a fecundação ocorre, uma grande massa de células-tronco é formada. A massa de células-tronco começa a apresentar um padrão de expressão gênica, que é oriunda de fatores efetores e repressores de acordo com a sua orientação espacial, formando diferentes prototecidos (tecidos em estágios iniciais). Esses padrões se modificam 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 21/46 para cada especialização, dando origem a células cada vez mais especializadas. Para destacar um efeito comparativo, a tabela a seguir mostra os diferentes tipos de proteínas expressas em dois órgãos humanos. É possível observar que tecidos distintos produzem um padrão de proteínas bastante diferente quanto à sua função. Células-tronco São células “virgens” e sem nenhum tipo de especialização, tendo o potencial de se tornar qualquer célula. Ranking Pâncreas % 1 Procarboxipeptidase A1 7,6 2 Tripsinogênio 5,5 3 Quimotripsinogênio 4,4 4 Tripsina 3,7 5 Elastase 2,4 6 Protease E 1,9 7 Lipase 1,9 8 Procarboxipetidase B 1,7 9 Amilase pancreática 1,7 10 Lipase estimulada por sair biliares 1,4 Proteínas mais expressas por cada tipo celular. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 22/46 Eldio G. Santos. Hoje em dia, um dos maiores mistérios da ciência é entender melhor como esses padrões funcionam. Dessa forma, poderíamos desenvolver qualquer tecido a partir de células-tronco e curar uma grande parte das doenças degenerativas. Exemplo Um estudo recente que utiliza a reprogramação do padrão de expressão gênica é o do brasileiro Ernesto Goulart e de outros colaboradores (2019). Nesse estudo, resetou-se o padrão de expressão gênica de células do sangue do paciente, tornando-as o mais próximo possível de células-tronco e induzindo uma transformação em tecido hepático. Vale ressaltar que essa técnica possui uma grande vantagem por utilizar as células do sangue do paciente, pois a chance de haver qualquer tipo de incompatibilidade celular fica bastante reduzida. Com um grande montante de novas células hepáticas, os pesquisadores fizeram uma porção do tecido completamente nova e saudável, utilizando impressoras 3D para construir a forma dele, e o reinseriram no paciente, repondo aquele danificado e melhorando sua condição de vida. Entretanto, ainda há muito a ser pesquisado. Juntos, vamos entender algumas das regulações gênicas mais importantes que funcionam nos organismos eucariontes. Diferentemente dos procariotos, em que a maior parte das regulações ocorre no nível de transcrição, nos eucariotos elas acontecem em vários pontos diferentes, conferindo mais complexidade e uma maior quantidade de pontos de regulação, que podem ser modificações transcricionais, pós-transcricionais, traducionais ou pós-traducionais. Regulação da expressão gênica Para iniciar o processo de transcrição de uma fita de DNA, a RNA polimerase primeiramente precisa ser acoplada à fita dupla. Esse DNA deve ser acessível à maquinaria de transcrição e, portanto, estar em um estado não empacotado denominado eucromatina. Comentário Ao longo deste conteúdo, usaremos o termo "maquinaria de transcrição", pois, em eucariotos, apenas a RNA polimerase não pode 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 23/46 iniciar a transcrição, precisando da ajuda de fatores de transcrição universais adicionais. Histonas O processo de compactação e descompactação do DNA em eucariotos é mediado por proteínas cilíndricas chamadas de histonas. Essas proteínas são ricas em resíduos de lisina, cujo caráter é básico; por isso, elas possuem alta afinidade com o grupamento fosfato do DNA. Ao expor ou compactar o DNA, a atuação das histonas é um tipo de regulação gênica “pré-transcricional”. Contudo, ela também pode ser considerada uma regulação epigenética, como veremos no próximo módulo. As histonas ditam a compactação da cromatina e são moduladas por pequenas alterações químicas em sua estrutura: Metilação: Ocorre a adição de um grupamento metila que favorece a compactação do DNA pelas histonas, impossibilitando a atuação da maquinaria transcricional. Acetilação: Há a adição de um grupamentoacetil, favorecendo a descompactação do DNA e possibilitando a atuação da maquinaria de transcrição. Catalisado pelas proteínas histona acetiltransferases (HAT), tal mecanismo é reversível. Sendo assim, uma das maneiras de regular o que vai ser expresso é dependente do padrão de acetilação/metilação de histonas. Acetilação de histonas mediada por histona acetiltransferase (HAT). Considerando o exemplo dado, vemos que as células do seu pâncreas certamente possuem trechos do DNA não compactados. Alguns desses trechos podem estar compactados nos hepatócitos. A diferença das regiões compactadas é responsável por expressar as proteínas específicas da função de determinada célula. Alguns fatores transcricionais são capazes de promover a acetilação ou a metilação 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 24/46 das histonas de maneira direcionada, gerando especializações celulares. Dica O padrão de histonas do seu DNA constitui um dos fatores para que diferentes células tenham funções diferentes. Metilação Outro mecanismo que inibe a expressão gênica é a metilação do próprio DNA (mais especificamente, na posição 5 do anel de citosina). Isso dificulta a interação com a RNA polimerase, impedindo a transcrição. A metilação é a adição de um grupo metil (CH3) de forma covalente. A enzima que possui a função de metilação é a DNA metiltransferase (DNMT). Citosina metilada na posição 5 do anel pirimidina. As citosinas metiladas formam as ilhas CpG ou ilhas CG (ilhas citosina- guanina). Essa metilação não é reparada pela maquinaria de reparo celular; portanto, ela pode ser perpetuada por meio de diferentes gerações. A compactação dos trechos de DNA metilados também gera dificuldade na hora da transcrição. Dessa forma, as ilhas CpG não são transcritas nem traduzidas, constituindo, assim, partes não codificantes do DNA. Essas ilhas se localizam principalmente próximo do sítio de início da transcrição de genes constitutivos. Por isso, não afetam o funcionamento do organismo. Nos eucariotos, ainda levando em consideração a regulação da transcrição, também há as sequências reguladoras, bastante semelhantes aos operadores dos procariotos. No entanto, nos 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 25/46 eucariotos, essas sequências podem estar localizadas a milhares de pares de base de distância do promotor. Dessa maneira, até mesmo aqueles enormes pedaços de DNA não codificante – erroneamente chamado de “DNA lixo” – possuem função. Saiba mais O DNA não codificante de uma região bastante afastada pode se dobrar sobre os genes, executando algum tipo de regulação. Por esse e outros motivos, o termo “DNA lixo” vem caindo em desuso. Estamos a cada dia entendendo melhor os detalhes e a complexidade do nosso material genético. Até agora vimos alguns reguladores relacionados à transcrição de DNA, mas a expressão gênica em eucariotos pode ser regulada em vários outros pontos. Eis alguns deles: No transporte da proteína gerada Na tradução Na degradação do RNAm No processamento pós-transcricional No processamento pós-traducional 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 26/46 Splicing alternativo Como todos sabemos, os eucariotos são organismos muito complexos com milhares de interações diferentes. Todos os dias, os cientistas descobrem novos conceitos e novas formas de regulação genética. Por isso, vamos nos concentrar em algumas das regulamentações mais relevantes, como splicing alternativo e maturação de RNAm no nível de processamento pós-transcricional, além de miRNAs (microRNAs) e siRNAs (small interference RNA) recém-descobertas que levam à degradação do mRNA. Nós já estudamos o porquê de as células, ainda que contenham exatamente o mesmo DNA, possuírem diferentes especializações. Mas ainda falta entender a proporção de DNA codificante e não codificante. Temos apenas 2% de DNA codificante. Será que ele é suficiente para dar conta de toda complexidade de um organismo multicelular? Já vimos que parte do DNA não codificante é muito importante para a regulação, além de ser estruturalmente relevante, pois define a forma e os espaçamentos entre as regiões gênicas. Sobre a parte codificante, porém, resta esta questão: por que apenas 2%? Uma das chaves para entender por que o DNA codificador é tão pequeno é o splicing alternativo. Cada célula possui um padrão de splicing, um conjunto de informações sobre como ela realizará esse processamento que é dado de acordo com sua função para produzir diferentes proteínas de um mesmo gene. Após a transcrição de um gene, forma-se um pré-RNAm, que é processado por um complexo de RNA e proteínas chamado spliceossomo. Dependendo do padrão de splicing celular no momento da transcrição, alguns trechos do pré-RNAm serão considerados éxons e outros, íntrons. Conforme o padrão de splicing celular, os fragmentos de íntrons são removidos do pré-RNAm. Já os fragmentos de éxons são unidos pelo Na degradação 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 27/46 spliceossomo, resultando em um RNAm alternativo formado apenas a partir de éxons. Os padrões de splicing celular variam de acordo com a função celular, resultando em diferentes isoformas alternativas do mesmo RNAm. Vale ressaltar que cada isômero terá uma função ou característica única. Diferentes isoformas do RNAm. Um mesmo gene pode dar origem a uma enorme quantidade de diferentes RNA mensageiros e, por consequência, proteínas diferentes. Desse modo, os eucariotos conseguem, com uma quantidade relativamente baixa de genes codi�cantes, gerar um número muito elevado de proteínas distintas. Os trechos que serão considerados éxons ou íntrons também podem ser regulados por repressores ou ativadores do splicing. Além do splicing alternativo, o pré-RNAm precisa ser processado para poder sair do núcleo e chegar ao ribossomo onde será traduzido. O pré-RNAm passa por duas etapas: Adição de um cap 5' criado pela ligação de nucleotídeos alterados. GMP metilado (monofosfato de guanosina metilado) unido por uma ligação trifosfato na extremidade 5' do RNAm. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 28/46 O cap 5' é essencial para que o RNAm maduro seja reconhecido e, em seguida, exportado para o citoplasma. Uma vez fora do núcleo, ele é direcionado para o ribossomo. O cap 5’ também possui um efeito protetor, impedindo a degradação do RNAm. Saiba mais A palavra cap significa chapéu ou capacete; portanto o cap 5’ seria de fato um capacete que protege o RNAm da degradação e perda de informação por ação de ribonucleases e fosfatases. Ele ainda direciona o RNAm para fora do núcleo celular para realizar o processo de tradução. A segunda etapa no processamento do RNAm é a adição de uma cauda chamada "poli-A" à extremidade 3' do RNA. A cauda é assim chamada porque consiste em 80 a 250 resíduos de adenina. Ela também serve para proteger o RNAm da degradação enzimática ao longo de seu movimento em direção ao ribossomo, enquanto a cauda poli-A é clivada por endonucleases quando o RNAm encontra o ribossomo. Quando o cap 5' e a cauda poli-A são adicionados, o RNAm se torna maduro e pode ser traduzido pelos ribossomos no citoplasma. Esse processo é regulado pela remoção de um desses aditivos (cap 5’ ou cauda poli-A). Se a célula não precisa mais de determinada proteína, sinais regulatórios são enviados ao núcleo, de onde são removidos. O RNAm agora "imaturo" é degradado (processo conhecido como regulação pós- transcricional). Processamento do RNAm. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênicahttps://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 29/46 Splicing alternativo Confira agora alguns aspectos sobre este assunto. Regulação genética por miRNA e siRNA e pós-traducionais miRNA Os miRNAs apresentam cerca de 19 a 25pb (pares de base). Endógenos, eles são formados a partir do pareamento imperfeito de uma fita dupla de RNA, o pri-miRNA. Esse pareamento gera uma estrutura em forma de grampo de cabelo (hairpin). O pri-miRNA é clivado por uma endonuclease chamada Drosha (endonucleases são proteínas que cortam a fita de RNA ou DNA de forma precisa), formando o pré- miRNA. Nesse processo, ocorre o alinhamento das porções terminais do hairping, o que permite a saída do núcleo. No citoplasma, o pre-miRNA é clivado por outra endonuclease – dessa vez, uma da classe Dicer, que remove o loop do hairpin. Resta agora apenas a sequência de fita dupla de RNA (double stranded RNA, conhecido como ds-miRNA). A fita dupla de miRNA passa por um complexo proteico chamado miRISC, que seleciona uma das duas fitas para atuar como regulador (miRNA maduro). Apesar de tal mecanismo não ter sido completamente elucidado, os cientistas compreendem que a fita escolhida deve ter afinidade com a sequência-alvo a ser regulada, mesmo sabendo que o miRNA tem uma característica promíscua quanto aos seus alvos. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 30/46 siRNA Eles são um pouco maiores, com cerca de 22 a 23pb. Os siRNA podem ser exógenos (oriundos do RNA viral de fita dupla) ou endógenos (oriundos de retrotransposons), sendo formados a partir de um pareamento perfeito de uma dsRNA sem a formação prévia de um hairpin. O dsRNA já está presente fora do núcleo celular e não sofre processamento pela Drosha. No citoplasma, a Dicer cliva o dsRNA, formando, com isso, os fragmentos de siRNA. O miRNA maduro e o siRNA podem regular a produção proteica de duas formas: Retrotransposons Componentes genéticos com capacidade de autorreplicação, convertendo RNA em DNA. Os retrotransposons estão presentes em eucariotos, embora sua possível origem seja viral. Ao longo da evolução, eles se estabeleceram no genoma eucarionte. Ligar-se ao RNAm, reprimindo a tradução por bloqueio físico e não deixando o ribossomo atuar. Degradar o RNAm caso o pareamento de bases seja completo. Na maior parte das vezes, eles impedem a tradução. Mecanismo simplificado de ação e formação do miRNA e siRNA. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 31/46 Recentemente descobertos, o miRNA e o siRNA possuem um papel muito importante no controle da expressão gênica em eucariotos. Exemplo Foram encontrados miRNA relacionados a diversos oncogenes, que são genes responsáveis por ações que promovem a multiplicação celular. O silenciamento dessas proteínas pode auxiliar na prevenção de tumores ou de desordens oriundas da quebra da homeostase mediada por tais oncogenes. Os cientistas ainda estão trabalhando para entender melhor como eles funcionam, embora suas aplicações médicas pareçam promissoras. Exemplo Imagine uma pessoa cujo metabolismo seja alterado para produzir grandes quantidades de colesterol endógeno. Ela pode ter muitos problemas de saúde causados pelo colesterol alto. No futuro, será possível construir siRNAs específicos para inibir a expressão da HMG-CoA redutase, principal enzima na síntese endógena de colesterol, abrindo a possibilidade de uma nova terapia gênica. Diversos estudos vêm sendo realizados no silenciamento de genes relacionados a câncer – e um ajuste da regulação dos oncogenes pode ajudar a prevenir o câncer e ser uma terapia bastante promissora. Regulações gênicas pós-traducionais Por fim, existem as regulações gênicas pós-traducionais. Um dos exemplos é aquela mediada pela quebra da estabilidade proteica, em que, por intermédio de um processo interno, a ubiquitinação (adição de grupamentos ubiquitina a determinada proteína) marca uma proteína para que ela seja levada até um complexo proteico chamado de proteassoma e lá ser degradada. Outra regulação pós-traducional relevante é a produção de uma proteína já ligada a um repressor impedindo a sua atividade, como é o caso da tripsina. Para que essa proteína venha a se tornar funcional, a célula precisa produzir ou expressar alguma outra molécula capaz de remover tal repressor para que a tripsina cumpra a sua função. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 32/46 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 33/46 Alguns seres procariotos possuem um DNA muito mais extenso que o DNA dos organismos eucariontes, mas o nível de complexidade de um ser unicelular é bem menor. Como isso se explica? Parabéns! A alternativa C está correta. O paradoxo do valor C diz que, mesmo com uma quantidade bem inferior de pares de bases, o DNA dos eucariotos é muito mais complexo graças ao processamento que o RNAm recebe após a transcrição. Mecanismos como o splicing alternativo, geram inúmeras variações para um mesmo trecho expresso. Questão 2 A expressão gênica em eucariotos possui diferentes pontos de regulação, visando a um ajuste fino em todos os processos devido à alta complexidade. Um desses ajustes é a adição do cap 5’ e da A O DNA dos procariotos possui apenas 2% de regiões codificantes, o que explica seu maior tamanho. B O DNA dos eucariotos é menor, pois, apesar de serem organismos mais complexos, os RNAm são policistrônicos, o que os torna bem menores. C O DNA dos eucariotos é menor, porque o RNAm processado já passou por uma série de alterações que causam uma enorme diversidade, expressando, assim, diferentes proteínas. D O DNA dos procariotos é maior por se tratar de organismos que acumulam o DNA de células vizinhas, acumulando funções. E O DNA dos eucariotos é menor por eles serem organismos mais complexos. Por consequência, o RNAm também é menor por ser mais processado. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 34/46 cauda poli A. Em qual etapa da regulação esses dois exemplos se encaixam? Parabéns! A alternativa B está correta. As adições do cap 5’ e da cauda poli A são modificações pós- transcricionais, pois são realizadas após a transcrição completa no RNAm e se mostram necessárias para o endereçamento dele para fora do núcleo. A não adição dessas porções resulta na degradação do RNAm. 3 - Epigenética A Pós-traducional B Pós-transcricional C Transcricional D Traducional E Replicação 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 35/46 Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o conceito e as características da epigenética. Conceitos iniciais A genética é o estudo das funções e estruturas dos genes, das características hereditárias e da variação dos seres vivos. Todas essas informações ficam armazenadas nas moléculas de DNA. Já a epigenética estuda as características que vão além dos genes. Por isso, ela possui o prefixo “epi”, um derivado do radical grego que indica a posição de superior a algo. Essa ciência estuda como o comportamento das regulações do DNA influenciam a sua expressão a fim de que traços fenotípicos sejam observados pela ação de fatores externos ou ambientais, afetando a expressão gênica de forma reversível. A compreensão da epigenética pode nos ajudar a estabelecer relações entre a forma como vivemos e o surgimento de determinadas doenças. Revendo nossos estudos, podemos formular uma dúvida:como um neurônio sabe que deve ser um neurônio, e não um osteoblasto, durante o desenvolvimento embrionário? A resposta está nos fatores de transcrição específicos de cada linhagem celular que fazem com que essas células se especializem em sua forma final, bem como nas marcas epigenéticas do DNA. Essas marcas são características do material genético que permitem ou não sua expressão, seja por metilação do DNA, modificações de histonas (metilação ou acetilação) ou presença de mi e siRNA, que degradam o RNAm. A epigenética está acima dos genes: ela estuda as alterações na expressão gênica que não alteram a estrutura primária da sequência de nucleotídeos. Além disso, explora as modificações no DNA decorrentes da interação do indivíduo com o ambiente. Ambiente O ambiente pode ser explicado pela forma como um indivíduo vive, do que ele se alimenta, quais são seus hábitos e suas condições de moradia, entre outros exemplos. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 36/46 Conceitos iniciais da epigenética Confira agora alguns aspectos sobre este assunto. Epigenética, um exemplo prático Vejamos como a epigenética funciona! Exemplo Um indivíduo fumante consome grandes quantidades de nicotina. O mecanismo de ação dela sobre o DNA ainda não foi totalmente elucidado, mas acredita-se que, por causar grande estresse oxidativo no corpo, haja maior produção de resíduos de metila e, por consequência, maior metilação do DNA. A fumaça do cigarro também contém agentes oxidantes capazes de causar danos a macromoléculas celulares, ativando leucócitos e plaquetas, o que contribui ainda mais para o estresse oxidativo. Por isso, o hábito de fumar e ficar exposto a nicotina, por si só, é capaz de modificar o padrão de metilação em determinados genes, o que, em longo prazo, pode auxiliar no desenvolvimento de algumas doenças. Genes que, em condições normais, não estariam sendo expressos passam a sê-lo, enquanto a homeostase celular é quebrada. Desse modo, genes que deveriam ser expressos podem ficar reprimidos – e as consequências dessas modificações são imprevisíveis. Comentário É difícil especificar todas as mudanças em nossos corpos causadas por determinada substância. Contamos, afinal, com milhares de células diferentes a expressar proteínas diferentes. No entanto, a comunidade científica trabalha incansavelmente para estudar as várias alterações 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 37/46 genéticas causadas por alimentos, comportamento, drogas e qualquer outro agente. Ainda usando a nicotina como exemplo, sabemos que o cigarro é conhecido por ser prejudicial à saúde. Estudos têm demonstrado que seu uso pode reduzir em cerca de 14 anos a expectativa de vida de fumantes adultos. Considerando apenas os Estados Unidos, os cigarros estão de alguma forma associados a 400.000 mortes por ano. As consequências do tabagismo incluem câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias. Muitas mulheres grávidas que continuam a fumar durante a gravidez são a causa evitável de morte infantil mais relevante. O cigarro fumado pela mãe pode retardar o desenvolvimento neurológico e cardiopulmonar do embrião. Essas crianças também apresentaram maior frequência de doenças respiratórias, como a asma. No entanto, pesquisas recentes mostraram que as mães que fumam não correm apenas o risco de desenvolver as doenças desencadeadas pela nicotina em seus próprios filhos, mas também em seus netos, mesmo que suas filhas não fumem. Além disso, alguns mecanismos epigenéticos foram identificados em filhos e netos de fumantes. Hereditariedade genética Os conceitos sobre hereditariedade genética evoluíram com o passar dos anos. Não apenas os genes são responsáveis por transmitir as 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 38/46 informações dos pais para os filhos. Os padrões epigenéticos também são fundamentais, podendo ser passados por meio de gerações. Marcações no DNA e nas histonas (acetilações e metilações) modificam o padrão de expressão genética principalmente no período de desenvolvimento embrionário, causando uma reprogramação gênica. No caso do cigarro, as alterações epigenéticas podem ser causadas de uma forma direta no embrião por conta de substâncias tóxicas que atravessem a placenta, embora também possam vir por herança de padrões epigenéticos. Atenção! A fase gestacional e os primeiros meses de vida de um indivíduo são períodos importantes para a formação de padrões epigenéticos. Durante a formação do zigoto, o gameta masculino e o feminino (contendo 23 cromossomos cada) são combinados. Eles carregam as informações genéticas do pai e da mãe. É formado então um zigoto, que se desenvolve para um embrião. Observe a combinação: Reprogramação das características epigenéticas. Durante a fase adulta, na formação dos gametas, ocorre uma limpeza do padrão epigenético seguida de uma reprogramação para a formação de um novo padrão que será armazenado no gameta. Esse padrão pode ter características oriundas das células-mãe, herdando características durante o processo. As modificações epigenéticas ocorrem não apenas pela exposição recorrente a determinadas substâncias químicas, mas também devido a fatores ambientais e comportamentais. Saiba mais Utilizando irmãos gêmeos univitelinos, um estudo com camundongos realizado por Waterland e Jirtle em 2010 mostrou que eles continham o mesmo material genético. Foi feito um experimento separando os dois 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 39/46 irmãos: um deles recebia lambidas e era limpo pela mãe, enquanto o outro ficava isolado, sem contato com ela. Houve diferenças bastante significativas quando ambos se tornaram adultos. Foi observada uma metilação do gene ASIP no camundongo sem afeto: ele desenvolvia uma pelugem com uma cor diferente, mais amarelada, tinha mais propensão a desenvolver obesidade e era mais suscetíveis a doenças genéricas. A hereditariedade dessas marcações pode ter relação com características evolutivas, pois é possível extrapolar que, em uma família bem estruturada e em uma comunidade saudável, os filhos irão nascer recebendo afeto e terão mais chances de sobrevivência devido à forma com que seu DNA é expresso. Já indivíduos em ambientes conturbados, sob estresse constante, tenderão a desenvolver doenças, piorando sua qualidade de vida. Todas essas questões intrigam a comunidade científica. Por conta disso, foram realizados estudos em humanos a partir de uma das maiores catástrofes já ocorridas na nossa história. O holocausto vivido na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) deixou marcas visíveis e invisíveis naqueles que sofreram o terror nazista, bem como em seus filhos e netos. As marcas invisíveis aparecem nos cromossomos e representam uma espécie de memória biológica do nosso organismo. Os sobreviventes do holocausto frequentemente experimentam pesadelos, ansiedade, depressão, dificuldade de ressocialização e outros distúrbios psicológicos. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 40/46 Acredita-se que esses traumas sejam internalizados e transmitidos durante a fase de reprogramação genética da formação dos gametas devido à continuidade dos padrões epigenéticos, já que os descendentes de guerra tendem a ser mais suscetíveis ao estresse e aos transtornos mentais. Esse evento é conhecido como transmissão transgeracional de trauma (TTT). O TTT também é descrito na literatura que traz relatos de pessoas abusadas, refugiados, vítimas de tortura etc. A compreensão do TTT trouxe avanços para a vida de muitas criançase adultos que vivenciaram eventos traumáticos, possibilitando o diagnóstico precoce e o tratamento de sequelas pós-traumáticas como uma forma de medicina epigenética. Atenção! Os mecanismos epigenéticos são maleáveis e podem ser alterados ao longo da vida, dependendo de fatores químicos e socioambientais que oferecem perspectivas terapêuticas promissoras. Várias outras associações epigenéticas foram testadas. Compreender o ajuste fino desses mecanismos pode revolucionar a maneira como vemos a medicina e a genética. É possível observar alguns exemplos de tais associações. Destacaremos três deles: Pessoas que sofrem de fome no início da vida têm menor risco de desenvolver câncer colorretal. Crianças que sofreram traumas frequentemente desenvolvem depressão quando adultos devido a hipermetilação do gene NR3C1 (responsável pela expressão de receptores ligados ao estresse). Associações de metilação de DNA, que formam ilhas CpG em determinadas regiões, são associadas à maior prevalência de diabetes tipo 2 e de obesidade na população árabe. A modificação desses padrões ou a terapia genética, seja com o uso de miRNA e siRNA ou a edição genética pela técnica de CRISPR/Cas9, parecem muito promissoras, mas ainda estão em fase de estudos preliminares. E ainda temos muitos mistérios a desvendar. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 41/46 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A epigenética estuda como as alterações causadas no padrão de expressão gênica modificam a vida de um organismo. Dentro desse 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 42/46 contexto, quais alterações são consideradas epigenéticas? Parabéns! A alternativa C está correta. A metilação das citocinas presentes no DNA pode silenciar alguns trechos, formando ilhas CpGs em que o DNA não é expresso. A metilação e a acetilação das histonas permite um menor ou maior acesso da maquinaria transcricional devido à compactação ou ao relaxamento da fita de DNA, respectivamente. Já a interferência de miRNAs, que são capazes de degradar o RNAm, é capaz de impedir a tradução. Esses três mecanismos são considerados regulações epigenéticas, já que são reversíveis e não alteram as propriedades do DNA. Apesar de poder influenciar na expressão, o estresse não é considerado uma alteração, e as mutações modificarão o DNA de forma irreversível se forem perpetuadas. Questão 2 Alguns padrões epigenéticos podem ser herdados, perpetuando para os filhos características oriundas de um ambiente ou de condições que os pais viveram. Os traumas da Segunda Guerra, por exemplo, levaram para uma nova geração algumas doenças devido à mudança de um padrão de expressão gênica. Qual das A Metilação do DNA, estresse e mutação. B Ubiquitinação de proteínas, metilação e acetilação de histonas. C Metilação do DNA, metilação e acetilação de histonas e interferência de miRNAs. D Interferência de miRNAs, mutação e metilação do DNA. E Metilação do DNA, metilação e acetilação de histonas e ubiquitinação. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 43/46 afirmativas a seguir explica da melhor forma o motivo da hereditariedade de padrões epigenéticos? Parabéns! A alternativa A está correta. O apagamento dos padrões epigenéticos serve para limpar interferências externas do DNA visando à formação de um gameta com material genético o mais fiel possível, porém algumas dessas características resistem e são perpetuadas. As influências oriundas A O apagamento dos padrões epigenéticos ocorre logo antes da formação dos gametas para que os gametas sejam isentos de alterações prejudiciais; entretanto, algumas dessas marcações se perpetuam na reprogramação e são passadas adiante. B O apagamento do material genético ocorre logo antes da formação do gameta para que seja formado um novo DNA, que vai se desenvolver em um embrião saudável. C O apagamento dos padrões epigenéticos ocorre durante a formação do gameta. A união dos gametas masculino e feminino gera uma reprogramação capaz de formar um novo padrão epigenético, que pode ser modificado por características externas durante a gravidez. D A reprogramação para a formação do gameta ocorre de forma que todas as características genéticas dos pais sejam passadas para os filhos durante a união dos gametas. E O apagamento dos padrões epigenéticos ocorre logo antes da formação do zigoto para que o zigoto seja isento de alterações prejudiciais, mas algumas dessas marcações se perpetuam na reprogramação e são passadas adiante. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 44/46 das substâncias químicas e do ambiente durante a gravidez e os primeiros meses não têm correlação com fatores hereditários, e sim com a formação dos primeiros padrões epigenéticos do novo indivíduo que está sendo formado. Considerações �nais Aprendemos neste conteúdo alguns dos principais mecanismos de regulação da expressão gênica do material genético nos organismos eucariontes e procariontes. Vimos que existem estratégias em comum que sempre visam à longevidade celular e, a depender do organismo, pontos de regulação mais ou menos complexos. Por fim, concatenamos todos os conceitos aprendidos sobre os eucariotos para termos uma noção sobre o que é a epigenética. Ela, afinal, é uma ciência recente que estuda o comportamento de todos os componentes que influenciam o genoma e, por consequência, a expressão gênica. Além disso, mostramos que certos padrões podem ser hereditários, perpetuando uma adaptação de forma positiva ou negativa a determinada condição. Podcast Para encerrar, ouça sobre o papel das regiões promotoras na expressão gênica. 16/04/2024, 13:09 Controle da expressão gênica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04621/index.html?brand=estacio# 45/46 Explore + Pesquise no YouTube o vídeo Epigenética – a regulação da vida e veja como Samuel Cunha aborda o conceito de epigenética. Referências AL MUFTAH, W. A. et al. Epigenetic associations of type 2 diabetes and BMI in an arab population. Clinical epigenetics. v. 8. n. 1. 2016. ALBERTS, B. Molecular biology of the cell. Garland Publishing, 2018. 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