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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Anamnese Identificação ● Nome ● Idade ● Raça ● Gênero ● Data de nascimento ● Naturalidade ● Procedência ● Escolaridade ● Estado civil / têm filhos? ● Profissão / atividade profissional ● Religião ● Com quem mora ● Perguntar se veio sozinho ou com alguém Queixa principal e duração ● O que o traz aqui? ● Como posso lhe ajudar (Como tem se sentido? Tem alguma dificuldade? Sente que algo não vai bem? Está se sentindo doente?) ● Há quanto tempo se sente assim? HDA ● Como começaram os seus problemas? Como tem passado nos últimos anos (meses ou semanas)? ● Início súbito ou insidioso ● Evolução do quadro ● Fatores precipitantes (gatilhos) ● Impactos na vida ● Associação com outras comorbidades ● Quais tratamentos fez até hoje? Quais os resultados desses tratamentos? ● De onde vêm seus problemas? (Ao que você atribui os seus problemas) Interrogatório sintomatológico ● Padrão de sono → que horas dorme, se demora para pegar no sono, se dorme a noite inteira ou fica acordando, se acorda restaurado, se sente sono durante o dia - se sim, quantificar se precisa dormir, se é um sono que atrapalha as atividades diárias) ● Aumento ou redução do peso ● Apetite → aumento ou redução / quantas refeições por dia / se tem preferência por algum tipo específico de alimento, se tem algum alimento que ele precisa comer todos os dias ou caso contrário fica incomodado) ● Funcionamento intestinal ● Atividades sexuais→ se realiza ou não e se tem alguma queixa - Dispareunia ? Sangramento pós-coito? 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Queixas sistêmicas ○ Prestar atenção às queixas neurológicas→ síncope, cefaleias, crises epilépticas, etc… Antecedentes pessoais ● Infância/puberdade/adolescência → condições do nascimento, condições de saúde, desenvolvimento motor, da linguagem e o controle esfincteriano, vida escolar, relacionamentos ● Vida sexual e métodos contraceptivos ● História laboral→ se estiver desempregado, perguntar sobre o último emprego) ● Histórico médico e exames → se tiver doenças, colocar em ordem cronológica de aparecimento; internações, cirurgias, doenças, convulsões, tratamentos ● Gestações ● Alergias Antecedentes familiares ● Histórico médico-familiar ○ Pode organizar colocando→HAS: Mãe (+); Pai (+) // Diabetes: Mãe (-); Pai (+) ○ Lembrar de câncer e doenças psiquiátricas perguntar sobre se já teve caso na família, mãe, pai, avós, irmãos, tios, primos ● Relação paciente-família ● Histórico psiquiátrico→ transtornos psiquiátricos, quadros demenciais, uso de substâncias ● Perdas recentes Hábitos de vida: ● Álcool ● Tabagismo ○ Se sim, calcular a carga tabágica ● Drogas ilícitas ● Hobbies ● Exercício físico→ realiza? Com que frequência? ● Medicamentos em uso→ Condições socioeconômicas ● Situação familiar, moradia ● Habitação ● Vida conjugal ● Relacionamento familiar ● Saneamento básico ● Redes de apoio ● Trabalho + relações Exame Psíquico Avaliação geral: ● Como o paciente veio à consulta? ● Tem acompanhante? O acompanhante quis entrar? ● Como ele entrou na sala? Indiferente / Calado / Nervoso 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Como está o autocuidado? ● Vestes adequadas? ● Cabelos arrumados? Alinhados ou em desalinho ● Adornos e maquiagens ● Dentes preservados? ● Higiene preservada? ● Atitude geral→ desconfiado, colaborativo, calmo, hostil, indiferente, desinibido, agressivo, inseguro, sedutor ● Mímica facial ● Fala com espontaneidade ou apenas quando perguntado? ● Solilóquio (paciente falando sozinho)→ quando você vê é um sinal e quando a família conta é um sintoma ● Proxêmica → note o espaço que o paciente estabelece entre si e as outras pessoas, bem como sua ocupação do espaço, posicionamento na sala, distância de conversação estabelecida com interlocutores. ● Movimentos do corpo: ○ Gestos relacionados à fala→ gestos que acompanham a linguagem verbal - “gestos ilustradores”. ○ Gestos independentes da fala → repare e anote se emite os “gestos adaptativos”, como os de autotoque ou de manuseamento de objetos, que podem revelar o estado de tensão e ansiedade. ○ Postura → repare na postura, que indica o nível de atenção ou envolvimento na interação com outras pessoas, o grau de empatia que desenvolve na entrevista; se revela postura tensa, rígida, associada à raiva, postura curvada associada à tristeza ou de outro tipo. ○ Comportamento tátil → note o modo, a frequência e a intensidade com que o paciente toca nos outros, o modo como dá seu aperto de mão (firme, forte, delicado, muito fraco e “largado”, apertado em demasia, etc.). ○ Expressões faciais→ procure descrever com particular atenção o rosto e as expressões faciais principais. ○ Comportamento ocular → repare na direção, quando e por quanto tempo o paciente olha na interação com as pessoas, o tempo e o modo como fixa seu olhar nos interlocutores. ● Paralinguagem→ descreva as principais qualidades vocais e vocalizações do paciente, repare a maneira como faz seu relato, como desenvolve sua narrativa. Consciência /Orientação Consciência→ grau de vigília do paciente e capacidade de estar desperto e atento ao que ocorre, perceber e conhecer os objetos ● Alterações quantitativas: ○ Lúcido/vigil→ normal 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Obnubilado → Turvação da consciência ou sonolência patológica leve (lentidão da compreensão, confusão mental leve com atenção reduzida, sonolento, letárgico, dificuldade para se movimentar; não consegue caminhar; falta de resposta aos estímulos internos, como luzes, barulhos, vozes, lentidão na fala ou não consegue responder perguntas) ○ Torporoso → evidentemente sonolento, responde a estímulos acentuados e em seguida volta ao estado de sonolência ○ Soporoso→ sonolência e turvação profundas (paciente responde apenas na defesa de estímulos muito enérgicos) ○ Em coma→ perda completa da consciência ● Alterações qualitativas: ○ Estado crepuscular → Paciente obnubilado, conservação das atividades motoras e foco de consciência reduzido / hipovigilância / atos explosivos e violentos com amnésia lacunar ○ Dellirium ○ Dissociação → fragmentação da consciência, desencadeada por acontecimentos significativos, perda da unidade comum do indivíduo ■ Fragmentação ou divisão do campo da consciência, na qual observa-se um estado semelhante ao sonho e pode ocorrer em estados dissociativos e quadros de ansiedade intensa ○ Transe→ parece o sonhar acordado, suspensão dos movimentos voluntários, atividade motora estereotipada Orientação→ consciência + atenção + percepção + memória ● Autopsíquica→Quem sou eu? Quantos anos eu tenho? ● Alopsíquica→Onde estou? Que dia é o hoje? ○ Lugar ■ Quanto ao local→ onde está agora ■ Topográfica→ saber se localizar ■ Geográfica→ cidade, estado, país ■ Julgamento de distância ■ Capacidade de navegação ○ Tempo ■ Percepção do tempo ■ Intervalos temporais ■ Representação mensl ■ ALterada antes nos processos neuropsicológicos ● Situacional→ razão de estar ali e sua relação com as pessoas do local ● Principais Alterações ○ Orientado, desorientado, parcialmente orientado, desorientação completa, desorientação parcial Orientação temporal: ● Que dia é hoje? Qual o dia da semana? Qual o dia do mês? Em que mês estamos? Em que ano estamos? Qual a época do ano (começo, meio ou fim do ano)? Aproximadamente que horas são agora? Lembrar-se de que alguns sujeitos com baixa escolaridade (menos de oito anos) podem, eventualmente, apresentar dificuldades na orientação temporal e, sobretudo, nas noções de duração e continuidade temporal Orientação espacial: ● Onde estamos? Como se chama a cidade em que estamos? E o bairro? Qual o caminho e quanto tempo leva para vir de sua casa até aqui? Que edifício é este (hospital, ambulatório, consultório, etc.) em que estamos? Em que andar estamos? Orientação autopsíquica: ● Quem é você? Qual o seu nome? O que faz? Qual a sua profissão? Quem são seus pais? Qual a sua idade (verificar a idade real do paciente)? Qual oseu estado civil? 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Atenção ● Pode ser definida como a direção da consciência e depende do interesse que o indivíduo tem em determinado objeto. A vigilância refere-se ao estado de alerta para estímulos vindos do ambiente, e a tenacidade é definida pela concentração da atenção ou foco da consciência. ● Tenacidade→ capacidade de manter a atenção em um objeto ● Vigilância→ capacidade de mudar a atenção entre objetos ● Alterações ○ Hipervigilância, hipovigilância, hipotenacidade, hipertenacidade, hipoprosexia, aprosexia, hiperprosexia, distraibilidade ○ Hipoprosexia→ diminuição global da atenção. ○ Hiperprosexia→ estado de atenção exacerbada. ○ Distração → superconcentração ativa sobre determinados objetos com inibição do restante; observa-se uma hipertenacidade associada a uma hipovigilância. Pode ser encontrada em alguns quadros obsessivos e síndromes depressivas. ○ Distraibilidade → ao contrário da distração, há instabilidade e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade para se fixar em um objeto; a atenção é facilmente desviada. Apresenta hipotenacidade e hipervigilância, podendo ser observada em estados maníacos, uso de anfetaminas e situações de intensa ansiedade. Fazer perguntas de triagem sobre dificuldades atencionais ao paciente e à pessoa que o acompanha (em especial a ele): Tem dificuldade para se concentrar? Distrai-se com facilidade? Não escuta quando lhe falam? Tem problemas para terminar tarefas? Não consegue organizar as tarefas? Perde seus pertences ou coisas necessárias para a realização de tarefas? Esquece com muita frequência seus pertences em lugares variados? Solicitar ao paciente que olhe os objetos que estão na sala da entrevista e logo em seguida cite o que viu. Testes especiais: ● Testes dos números → fala uma sequência numérica e depois pede p paciente repetir, depois faz pedindo p ele falar o inverso Motricidade: ● Aumento da atividade motora→Hiperatividade→ inquietação a excitação psico-motora ● Diminuição da atividade motora→ hipoatividade→ mímica, gesto, discurso Memória / Inteligência ● Se for algo muito importante, pode relatar, mas geralmente não avalio Sensopercepção ● Define-se sensação como o fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, que produzem alterações nos órgãos receptores. Percepção é a tom medvideos.com ● São as alterações da sensopercepção que levam ao fenômeno da alucinação, ou seja alguma alteração auditiva, visual, olfativa, gustativa, tátil, que faça a pessoa ver ou sentir coisas que não estão ocorrendo na realidade ● Alterações quantitativas: ○ Hiperestesia→ aumento anormal da intensidade das percepções (comum em quadros de enxaqueca, intoxicação) ○ Hipoestesia→ diminuição anormal da intensidade das percepções (comum em quadros depressivos graves) ● Alterações qualitativas → ocorrem geralmente em 3 situações: rebaixamento do nível de consciência, estados de fadiga grave e estados de acentuada carga afetiva 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Alucinações → percepção sensorial na ausência de estímulo externo → auditivas (tinnitus → zumbido // áudio verbais→ vozes); visuais; olfativas; gustativa; tátil ○ Ilusão→ quando estímulos sensoriais reais são confundidos ou interpretados erroneamente ○ Alucinose→ o paciente percebe que está tendo alucinações ○ Desrealização→ alteração na percepção do meio ambiente ○ Pseudoalucinação → a voz (ou imagem visual) percebida é pouco nítida, de contornos imprecisos, sem vida e sem corporeidade. O que perguntar? ● Alucinações auditivas, visuais, olfativas e gustativas, táteis e cenestésicas, cinestéricas Pensamento ● Consiste na organização do fluxo das ideias e está dividido didaticamente em curso, forma e conteúdo. Alterações do curso → aceleração (taquipsiquismo), lentificação (bradipsiquismo), aumento do tempo de latência da resposta e bloqueio do pensamento (súbita interrupção, que pode ser evidência de atividade alucinatória). Pode ocorrer também roubo do pensamento, que é uma vivência frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente. Forma→ relação e nexo das ideias entre si ● Coerência→ construção das frases em relação ao sentido / organização das frases ● Logicidade→ pensamento fundado na realidade ● Fuga de idéias → associações tênues ou livres → secundária à aceleração, na qual uma ideia se segue à outra de forma extremamente rápida, deixando de seguir uma lógica e passando a ocorrer por assonância. Alteração característica dos quadros maníacos. ● Afrouxamento das associações→ apesar de menos articuladas, as ideias ainda apresentam uma concatenação lógica. ● Desagregação → não tem articulação racional → profunda e radical perda dos nexos associativos com total perda da coerência. Alteração típica das formas graves e avançadas de esquizofrenia. ● Descarrilhamento → o pensamento toma atalhos marcados pela distração → o pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal e pode ser observado nos quadros esquizofrênicos. ● Arborização→ perda da direcionalidade, sem conclusão do raciocínio, encontrada na mania. ● Perseveração→ dificuldade de mudança do tema, observada em alguns quadros demenciais. ● Circunstancialidade → raciocínio do paciente “dá voltas em torno do tema”, sem entrar na questão essencial, pode ocorrer em casos de transtorno obsessivo-compulsivo. ● Outras alterações→ tangencialidade, prolixidade, pensamento vago e concretude (dificuldade de abstração) do pensamento. Conteúdo→ conceitos emitidos e sua relação com a realidade ● As alterações do conteúdo dizem respeito ao tema do pensamento e, quando este se distancia da realidade compartilhada, temos o delírio. ● Conteúdo predominante ● Preocupações ● Obsessões ● Ideação suicida ou homicida ● Fobias ● Erotismo ● Presença de delírios 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● As ideias delirantes primárias são juízos patologicamente falseados e têm características essenciais: convicção extraordinária, são irremovíveis, seu conteúdo é impossível e incompreensível, e são particulares ao indivíduo, inserindo-se de maneira inteiramente nova em determinado instante da curva vital daquela pessoa. ● Podem ser divididos em sistematizados e não sistematizados ● Incluem diversos tipos: persecutório, de autorreferência, de influência, de grandeza, místico, de culpa, de ruína, de ciúme, entre outros ● Outras alterações incluem humor delirante, em que o paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, como se algo terrível fosse acontecer, apresentando grande perplexidade e estranheza, caracterizando-se como um estado pré-delirante; percepções delirantes e representações delirantes, que são atribuições de significados delirantes a percepções reais ou fatos ocorridos; e cognições delirantes, em que um significado delirante se impõe à consciência, como uma espécie de intuição. Ideias sobrevalorizadas ou prevalentes são aquelas em que ocorre uma distorção da realidade (que não chega a se configurar delírio), causada por uma predisposição afetiva. Linguagem: ● Quantidade→ mutismo, monossilábico, prolixo, não espontâneo ● Velocidade→ rápida, lenta, hesitante, latência para iniciar respostas ● Qualidade: ○ Conteúdo do discurso→ pobre/elaborado ○ Neologismo (criação de novas palavras) ○ Ecolalia→ repetição da última ou das últimas palavras dirigidas ao paciente ○ Volume→ alto ou baixo ○ Afasia de expressão → dificuldade ou incapacidade de articular um discurso oral ou escrito e de produzir uma linguagem eficiente (a capacidade de produzir palavras é prejudicada, mas a compreensão e capacidade de formar um conceito são relativamente preservadas) ○ Afasia de compreensão → os pacientes são incapazes de compreender palavras ou de reconhecer símbolos auditivos, visuais ou táteis. ○ Logorréia→ fala rápido e tem perda da lógica ○ Dislexia→ disfunção no aprendizado da leitura ○ Disfonia→ perturbaçãona qualidade da voz (rouquidão) ○ Bradifasia ○ Mutismo → forma verbal de negativismo, de tendência automática a se opor às solicitações do ambiente, no que concerne à resposta e à produção verbal. Observado em quadros de estupor catatônico ou depressivo grave. Pode haver também mutismo seletivo, de caráter psicogênico, e mutismo acinético, ou coma vígil; ○ Perseveração e estereotipia verbal → repetição automática de palavras ou trechos de frases, de forma quase mecânica, comum em alguns casos de esquizofrenia; ○ Palilalia e logoclonia → repetição da última ou das últimas palavras que o próprio paciente falou, encontrada principalmente nos quadros demenciais; ○ Tiques verbais → produções de fonemas ou palavras de forma recorrente, imprópria e irresistível. A coprolalia é a emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas. São sintomas característicos da síndrome de Tourette; ○ Verbigeração→ repetição de forma monótona e sem sentido aparente de palavras ou trechos de frases; ○ Mussitação → produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada, sem significado comunicativo, o paciente “fala para si”. Verbigeração e mutismo são formas de automatismos verbais comuns na esquizofrenia; ○ Pararrespostas→ respostas diferentes do que foi perguntado; ○ Jargonofasia→ fala incompreensível, incoerente, ininteligível, também denominada salada de palavras. Juízo de realidade ● Dificuldade de discernir o verdadeiro do falso // errado do correto 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Delírio Consciência do eu ● Pode ser dividida em atividade, unidade, identidade e oposição do eu em relação ao mundo. ● Alteração da atividade do eu→ suspensão da sensação normal do próprio eu, corporal e psíquico. ● Paciente pode sentir que seus pensamentos são feitos e impostos por alguém ou algo externo. São também denominados vivências de influência. ● Alteração da unidade→ o indivíduo sente que é mais de uma pessoa ao mesmo tempo. ● Alteração da identidade → o paciente não reconhece a si próprio, podendo considerar que é outra pessoa, ou experimentar um sentimento de estranheza em relação a si próprio, este último chamado despersonalização. Frequentemente, apresenta-se associada ao fenômeno de desrealização; é caracterizada pela perda de relação da familiaridade com o mundo, no sentido de um estranhamento ao que era familiar. ● Alteração da oposição do eu em relação ao mundo → desaparecem os limites entre o indivíduo e o mundo externo. Inclui vivências de publicação, sonorização, eco e roubo do pensamento. Humor e afeto ● Estado emocional de longa duração, interno, não depende de estímulos externos ● Estado de humor basal e emoções predominantes ● A afetividade divide-se basicamente em humor e afeto. O humor corresponde ao tônus afetivo do indivíduo em um determinado momento, e o afeto é definido pela qualidade emocional que acompanha uma ideia ou representação mental. São observados através da expressão facial, do tom de voz e dos movimentos corporais. ● A afetividade pode estar normal (eutimia), elevada (hipertimia), diminuída (hipotimia) ou modificada Afeto→ experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas ● Qualidade do afeto→ tristeza; culpa; alegria; vergonha ● Modulação do afeto ○ Hipermodulação → labilidade afetiva → dificuldade de controlar as emoções ou mudança rápida/flutuação de humor ○ Hipomodulação→ incapacidade do paciente modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial ■ Embotamento → falta de emoção/ demonstrar emoção com relação a incidentes ou eventos os quais normalmente provocam algum tipo de emoção) ■ Rigidez →não deseja ou tem dificuldade/impossibilidade de ser influenciado afetivamente ou de transmitir seu estado afetivo ■ Apatia→ diminuição da excitação emocional ■ Anedonia→ sentimento de falta de prazer nas coisas ■ Incontinência afetiva→ paciente demonstra expressões adequadas, ms exageradas frente a um estímulo) ● Tônus afetivo (estado basal do paciente) → hipotimia (sintomas depressivos), hipertimia (euforia), disforia (tonalidade desagradável, mal-humorada → irritabilidade excessiva + hipotimia), eutimia, puerilidade, elação (alegria patológica), êxtase, irritabilidade afetiva Outras alterações afetivas: ● Labilidade afetiva → estado de instabilidade emocional com mudanças súbitas e imotivadas do humor. O indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para outro. Na incontinência afetiva, o indivíduo não consegue conter suas reações afetivas. ● Ambivalência afetiva → situação de coexistência de estados emocionais incompatíveis, de forma cindida, desagregada, caracteristicamente esquizofrênica. ● Ambitimia →refere-se aos estados de simultaneidade de sentimentos opostos, conflituosos, porém sem que haja cisão da personalidade. 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Puerilismo→ estado de regressão ao comportamento infantil, que pode ocorrer em quadros hebefrênicos ou dissociativos. ● Paratimia→ inadequação afetiva do esquizofrênico, apresentando reações emocionais incompreensíveis ou paradoxais. ● Neotimia → surgimento repentino de sentimentos novos, inusitados, vivenciados por pacientes esquizofrênicos. São afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os experimenta. ● Hipomodulação do afeto → incapacidade do paciente de modular a resposta afetiva, indicando rigidez do indivíduo na sua relação com o mundo. Alterações do humor: ● Distimia → designa a alteração básica do humor, tanto no sentido de inibição quanto de exaltação. Não confundir o sintoma distimia com o transtorno distimia, que é um transtorno depressivo leve e crônico. ● Humor triste e ideação suicida → ideias relacionadas à morte, ideias suicidas, planos e tentativas de suicídio devem ser sempre avaliados com cuidado em pacientes com o humor deprimido. ● Disforia→ tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada, acompanhada de irritabilidade. ● Irritabilidade patológica→ hiper-reatividade desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a estímulos do meio exterior. ● Ansiedade→ estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro. Semiotécnica da afetividade ● Humor ansioso → Sente-se nervoso(a)? Sente-se agoniado(a)? Com inquietação interna? Sente angústia ou ansiedade? Sente medos ou temores? Sente-se tenso(a)? Tem dificuldades para relaxar? Tem dificuldades para se concentrar? Tem insônia? Sente dores de cabeça, dores nas costas, etc. Tem taquicardia, falta de ar? ● Humor irritado → Você tem-se irritado com mais facilidade que antes? Os ruídos (da rua, de pessoas falando, de buzinas, etc.) o(a) incomodam muito? As crianças o(a) incomodam? Tem discutido ou brigado com facilidade? Às vezes acha que vai explodir? Os nervos estão à flor da pele? Tem, às vezes, vontade de matar ou esganar alguém? ● Humor triste, apático ou inibido → Você tem-se sentido triste ou melancólico(a)? Desanimado(a)? As coisas que antes lhe davam prazer agora lhe são indiferentes? Sente-se cansado(a), sem energia? Sente-se fraco(a)? Não se alegra com mais nada? Perdeu (ou aumentou) o apetite ou o sono? Perdeu o interesse pelas coisas? Tem vontade de sumir ou morrer? Sente que não tem mais saída (desesperança)? Sente tédio? Realizar as tarefas rotineiras passou a ser um grande fardo para você? Prefere se isolar, não receber visitas? Sente um vazio por dentro? Às vezes, sente-se como se estivesse morto(a)? ● Humor hipertímico (alegre)→ Sente-se mais alegre que o comum? Mais disposto(a)? Tem, nos últimos dias, mais vontade de falar e andar que geralmente? Sente-se mais forte? Mais poderoso(a)? Sente o tempo passar mais rápido? Tem muitos amigos? Eles são importantes? Tem propriedades ou é uma pessoa influente? Você se acha inteligente? Acha-se uma pessoa especial? Verificar, para todas as alterações do humor, se são mais frequentes e intensas pela manhã, à tarde ou à noite. Emoções e sentimentos → Verificar o padrão de reações emocionais do paciente (reações emocionais intensas ou atenuadas,fáceis ou difíceis de serem desencadeadas, rápidas e superficiais ou profundas e duradouras, etc.). Investigar os sentimentos predominantes que o indivíduo tem pelas pessoas significativas de seu convívio. Perguntar, por exemplo: Você tem muitos amigos? Você os vê com que frequência? Como você se dá com seus familiares? Você tem relacionamentos íntimos com amigos ou parentes? Como são esses relacionamentos? Tem inimigos ou pessoas que odeia? Como isso começou? Perguntar há quanto tempo o paciente tem os sintomas, o que os desencadeou, o que os faz piorar ou melhorar. Os afetos que o paciente está apresentando recentemente diferem do padrão afetivo do paciente ao longo de sua vida? Volição ● Vontade ● Hipobulia/ abulia→ diminuição ou abolição da atividade ○ Geralmente associada a apatia, fadiga fácil e dificuldade de decisão 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Ato impulsivo → vontade/interesse, mas exageram não consegue controlar → ignora as etapas da volição, de modo que a intenção já é seguida pela realização ○ Os impulsos patológicos são tipos de atos impulsivos nos quais predominam as ações psicomotoras automáticas, sem reflexão, ponderação ou decisões prévias, de tipo instantâneo e explosivo. Eles também se caracterizam pela incoercibilidade, ou seja, são incontroláveis ● Ato compulsivo→ a pessoa não quer/não gosta, mas tem que fazer ● Negativismo→ resistência automática e obstinada aos pedidos e contatos ○ Ativo→ faz o oposto ao solicitado ○ Passivo→ não faz nada quando solicitado ○ Mutismo→ recusa automática a falar ● Obediência automática→ paciente aceita todos os pedidos como ordens→ tipo um robô ● Automatismos→ sintomas psicomotores pouco controlados pela atenção voluntária do indivíduo ● Fenômenos em eco → o indivíduo repete de forma automática as palavras ou ações do entrevistador, denominadas ecolalia e ecopraxia, respectivamente. Frequentes nos quadros catatônicos e orgânicos. Psicomotricidade ● Integração das funções motrizes e mentais ● Velocidade e intensidade da mobilidade geral (marcha, sentado e gesticulação) ○ Agitação ou retardo ○ Acatisia→ movimento de``amassar barro´´ ○ Maneirismos→ movimentos involuntários estereotipados ○ Tiques→ movimentos involuntários e espasmódicos ○ Flexibilidade cérea → permanecer imóvel → se mover o paciente, vai ter uma resistência leve e uniforme e ele vai permanecer na nova posição ○ Conversão→ surgimento abrupto de sintomas físicos após situação estressora ○ Estupor → perda de toda atividade psicomotora espontânea na vigência de um nível de consciência preservado e da capacidade sensório-motora para reagir ao ambiente ○ Catatonia→ estupor + outros sintomas, sobretudo psicomotores ■ Catalepsia (hipertonia com redução da mobilidade) e flexibilidade cérea (tendência do paciente a se manter na posição em que é colocado) ○ Hipopragmatismo → dificuldade ou incapacidade de realizar condutas volitivas e psicomotoras minimamente complexas, como cuidar da higiene pessoal ○ Apraxia → impossibilidade ou dificuldade em realizar atos intencionais, gestos complexos, voluntários, conscientes, sem que haja paralisias, paresias ou ataxias e sem que faltem também o entendimento da solicitação para fazê-lo ou a decisão de fazê-lo. ■ Ideativa ou ideacional → incapacidade de usar objetos comuns de forma adequada, ou de realizar movimentos sequenciais, apesar de se conservar a capacidade para executar as ações individuais ■ Ideomotora → incapacidade de completar um ato de forma voluntária, em resposta a uma solicitação verbal. ■ Construcional → incapacidade de construir figuras geométricas, montar quebra-cabeças ou desenhar um cubo ou outras figuras geométricas. ○ Cataplexia→ perda abrupta do tônus muscular, geralmente acompanhada de queda; está presente na narcolepsia. Avaliação: ● Como são seus movimentos espontâneos? Seus gestos são lentos e “difíceis” ou rápidos e “fáceis”? Anda de um lado para outro? Esfrega as mãos? Mexe as pernas inquietamente? ● Como é sua mímica de repouso? ● O tom da voz é alto, baixo ou estridente? 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Fala espontaneamente ou apenas quando solicitado? Impressões ● Quanto a fidelidade das informações ● Quanto ao local e presença de outras pessoas na entrevista (privacidade e duração)→ possíveis simulações ● Dissimulação→ ato de esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas psicopatológicos ● Simulação→ tentativa do paciente criar, apresentar, um sinal ou vivência que de fato não tem ● Supersimulação→ aumentar sintomas existentes Outros Consciência de morbidade ou insight→ noção do paciente em relação à sua doença. Planos para o futuro→ aquilo que o paciente projeta, observando se são planos adequados à realidade e exequíveis Resumindo Estado de consciência→ alterações quantitativas, alterações qualitativas, sono. Atenção→ vigilância e tenacidade, alterações quantitativas e qualitativas. Orientação→ alopsíquica, autopsíquica (pode incluir as alterações da consciência do eu). Aspecto geral→ aparência, cuidados higiênicos, vestimenta, postura, marcha. Atitude durante a entrevista → cooperativa, afável, empática, assustada, pueril, indiferente, desconfiada, arrogante, hostil, agressiva, entre outras. Comportamento e psicomotricidade→ comunicação não verbal, gesticulação, mímica facial, alterações da psicomotricidade. Linguagem→ alterações de quantidade e qualidade da fala. Afetividade→ estabilidade, humor, tônus afetivo. Sensopercepção→ distorções, ilusões e alucinações. Pensamento→ alterações da forma, curso e conteúdo. Memória→ queixas de esquecimento, amnésias, confabulação, avaliar memória imediata, curto e longo prazo. Vontade e pragmatismo→ alterações qualitativas e quantitativas (incluir alterações dos impulsos). Inteligência→ capacidade de raciocínio e abstração. Consciência de morbidade ou insight→ noção do paciente em relação à sua doença. Planos para o futuro→ aquilo que o paciente projeta, observando se são planos adequados à realidade e exequíveis. 11