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UNIDADE II O QUE ÉTICA E O QUE É MORAL Ética é o ramo da filosofia que trata do que é moralmente correto e incorreto, bem como do que é moralmente bom ou mau. A moral refere-se a costumes, normas e valores de uma sociedade em um determinado contexto histórico e cultural. MORAL A palavra originou-se do latim: mores, que significa costumes. Normas morais são regras básicas coletivas para as escolhas do indivíduo em seu cotidiano, a partir das quais é possível julgar uma ação. A moral varia de acordo com os diversos fatores que determinam uma comunidade, como localização geográfica, tempo histórico, religião e ideologia dominante, entre outros; portanto, há uma enorme pluralidade de códigos morais hoje e no passado. Dentro de uma mesma comunidade, a moral é mutável ao longo do tempo, e as mudanças ocorrem por influência externa e interna, através de imposições governamentais ou demandas populares. EXEMPLOS DE MORAL No Brasil é crime estar nu em público. A nudez pública é informalmente restrita a locais isolados, como praias de nudismo, enquanto em determinadas comunidades indígenas brasileiras há o costume de usar vestimentas que não são feitas para esconder essas partes do corpo — que ficam expostas, em cerimônias e atividades coletivas. Em alguns países, as leis para casamentos são bem diferentes das brasileiras, como na Arábia Saudita, onde são permitidos casamentos poligâmicos e o governo tem controle parcial do casamento de homens sauditas com estrangeiras. A escravidão era legal no Brasil até o fim do século XIX. Hoje, é inadmissível. ÉTICA A ética é o conjunto de valores que compõem o modo particular de ser do indivíduo, é a reflexão à respeito da moral vigente e das interações humanas de modo geral. A resposta à pergunta “por que devemos viver de determinada forma?”. A palavra originou-se do grego, onde tem duas grafias: éthos, que significa modo de ser; e êthos, traduzida como habitação do ser. Racionalizando as normas sociais, os valores éticos são estruturantes ou desestruturantes da moral e comumente chamados de “princípios”, um código de conduta pessoal. Quando há uma nova tendência ética na opinião pública, ela acontece em nível individual e pode ocasionar uma mudança na moral vigente. Algo pode ser moralmente errado em uma comunidade, mas ser considerado eticamente bom por algumas pessoas nesse mesmo lugar, e vice-versa. EXEMPLOS DE ÉTICA • Uma pessoa mente ou omite algo de um amigo, pelo suposto bem desse amigo, segundo o julgamento de quem mente ou omite. Mesmo que sejam atitudes “erradas” de acordo com a moral, existem situações em que uma mentira ou uma omissão pode ser eticamente justificável. • Quando um profissional autônomo decide cobrar de um cliente de baixa renda um preço abaixo da média por seu serviço, está fazendo uma escolha ética. A moral prevê a fixação de um preço para um serviço específico, de acordo com a realidade atual do mercado, mas os profissionais autônomos podem determinar preços diferentes para cada serviço fornecido, individualmente. Fonte: https://blog.mackenzie.br/vestibular/materias- vestibular/as-divergencias-entre-os-conceitos-de-moral-e-etica- na-filosofia/ PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL A moral prevê certo e errado; a ética prevê bem e mal. A moral é uma conduta específica e normativa; valores éticos são princípios, frutos de reflexão sobre ações e normas de conduta. Norma é cultural e temporal; valor é universal e atemporal. A norma é a conduta de um determinado valor; o valor justifica a existência de uma norma. A ÉTICA DE ARISTÓTELES (384-322 A.C.) A ética estava relacionada à busca do bem maior, que ele chamou de "eudaimonia" (felicidade ou bem-estar). Ele acreditava que a virtude moral consiste em encontrar o meio-termo entre os extremos do excesso e da falta, um conceito conhecido como "justa medida" ou "doutrina do meio-termo". PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA DE ARISTÓTELES Teoria da Virtude : Aristóteles propõe uma ética baseada na virtude, onde o caráter e as qualidades morais são essenciais para determinar o que é correto e bom. Ele acredita que a virtude é uma disposição adquirida através do hábito e da prática, sendo o meio- termo entre os extremos do excesso e da falta. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA DE ARISTÓTELES Felicidade como Fim Último : Para Aristóteles, o objetivo final da vida humana é alcançar a felicidade, que ele define como a realização plena das potencialidades humanas. A felicidade é obtida através da prática das virtudes e do desenvolvimento do caráter moral. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA DE ARISTÓTELES Prudência como Virtude Fundamental : Entre todas as virtudes, Aristóteles destaca a prudência como uma das mais importantes. A prudência envolve a capacidade de deliberar corretamente sobre as ações a serem tomadas, buscando o equilíbrio e a moderação em todas as escolhas. Meio-Termo das Virtudes : Na ética aristotélica, as virtudes são vistas como um meio-termo entre os vícios do excesso e da falta. Por exemplo, a coragem não é ponto intermediário entre a covardia (falta de coragem) e a temeridade (excesso de coragem). Busca pela Felicidade Contemplativa : Aristóteles associa a felicidade plena à atividade contemplativa, onde o indivíduo se dedica à reflexão e ao conhecimento. A contemplação é vista como uma das formas mais elevadas de realização humana, levando à felicidade mais completa. ÉTICA ESTÓICA Os estóicos nos exortam a viver de acordo com a natureza, esse é o ponto máximo que alguém pode alcançar em termos de excelência humana e viver segundo nossa natureza significa viver de forma racional e segundo a inteligência universal. A ÉTICA ESTÓICA O princípio da oikeíōsis (relação do indivíduo consigo mesmo) permanece como um elemento estrutural, porém a racionalidade possibilita ao ser humano, a possibilidade de escolher entre o que está de acordo ou que é contrário a natureza, pelo que podemos pensar na razão como modeladora do impulso, sendo ela e não mais o impulso quem deve orientar nossas ações. Segundo este princípio devemos buscar o que nos é próprio e necessário para nosso pleno desenvolvimento e rejeitar tudo que nos é prejudicial. Para o estoicismo existem coisas boas, más e ainda os indiferentes. O estoico é indiferente às coisas externas, por não serem fundamentais para o desenvolvimento humano ou por não contribuírem para sua felicidade. ESTOICISMO Para os estóicos a essência humana é racional, desse modo o homem deve realizar sua natureza através de uma vida guiada pela razão, e esse aspecto humano o coloca como um ser capaz de escolher e assim decidir-se por uma determinada forma de agir, o que torna as ações humanas racionais, éticas emorais. IMMANUEL KANT (1724- 1804) Foi um filósofo alemão, considerado um dos mais brilhantes pensadores da Era Moderna e um dos principais representantes do Iluminismo e do Idealismo Alemão. Nasceu em Königsberg, Prússia Oriental (atual Kaliningrado, Rússia), em 22 de abril de 1724, em uma família simples. Seu pai era artesão e sua mãe era conhecida por sua inteligência e caráter. Dedicou-se ao estudo da Filosofia, Matemática e Física na Universidade de Königsberg, onde mais tarde se tornou professor de Ciências Naturais e catedrático em Lógica e Matemática. Levou uma vida simples e metódica em sua cidade natal, onde permaneceu por toda a vida. Ele não se casou nem teve filhos, dedicando-se quase exclusivamente ao estudo da Filosofia e à carreira acadêmica. Suas principais obras foram escritas na fase madura de sua vida, após os 60 anos. Faleceu aos 79 anos, em 12 de fevereiro de 1804, em Königsberg. ÉTICA DE IMMANUEL KANT: UMA ÉTICA DO DEVER Immanuel Kant propôs uma abordagem deontológica da ética, na qual as ações têm valor moral quando realizadas por dever. Para Kant, agir corretamente significa fazer o que é certo simplesmente porque é o certoa se fazer, independentemente das consequências. Defendia a existência de princípios morais universais e absolutos, como o imperativo categórico, que deveria orientar as ações humanas. CONCEITO CENTRAL: IMPERATIVO CATEGÓRICO O Imperativo Categórico, um dos conceitos centrais da filosofia de Immanuel Kant, é uma proposição moral que estabelece a necessidade de agir de acordo com princípios universais e incondicionais. Kant propôs o Imperativo Categórico como uma forma de avaliar as motivações para a ação humana em todos os momentos da vida, buscando uma base sólida para uma moralidade que fosse independente de situações particulares. KANT PROPÔS TRÊS FORMULAÇÕES PRINCIPAIS PARA O IMPERATIVO CATEGÓRICO: “A idade como se a máxima de sua ação devesse ser transformada na lei universal da Natureza.” “Age de tal maneira que trata a humanidade, tanto na tua pessoa como na outra pessoa, sempre ao mesmo tempo como fim e nunca como meio.” "Idade de tal maneira que a tua vontade possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo como um legislador universal através de máximas." IMPERATIVO CATEGÓRICO I “Aja apenas segundo um determinado princípio que, na sua opinião, deveria constituir uma lei universal.” O que isso significa? Qualquer ação que você pensar em realizar, faça o teste de universalizá-la, isto é, torná-la uma espécie de lei ou de máxima. Se houver contradição, então esta não é uma atitude que deve ser realizada. EXERCÍCIO DE FILOSOFAR Falsa Promessa Imagine que você precisa de dinheiro e pensa em pedir emprestado a um amigo. Só que você não quer falar pra ele que não existe nenhuma previsão de devolver o dinheiro, na verdade, é bem provável que você nunca devolva. Mesmo assim, você pensa em pedir com uma falsa promessa de que irá devolver em devido tempo. SERÁ QUE ESSA É UMA ATITUDE CORRETA? VAMOS UNIVERSALIZÁ-LA: MÁXIMA: “Sempre que uma pessoa estiver realmente necessitada de dinheiro, ela deve pedir um empréstimo com a promessa de quitá-lo, mesmo sabendo que isso será impossível” Qual é o problema nessa máxima? CONTRADIÇÃO Se todos fizerem falsas promessas sempre que precisarem de dinheiro, ninguém mais acreditará nessas promessas. Na verdade, não haveria promessas. Universalizar uma ação é um teste para ver se nossa ação está de acordo com o Imperativo Categórico. Na verdade, uma falsa promessa é errada porque priorizamos as nossas necessidades e nossos desejos em relação às necessidades e aos desejos de todos os outros. É um teste para saber se estamos a ponto de colocar nossos interesses e nossas circunstâncias especiais acima de qualquer outra pessoa. Não podemos fundamentar a lei moral em interesses, propósitos ou objetivos particulares, porque no caso ela só seria relativa à pessoa cujos objetivos estivessem em questão. DE ACORDO COM KANT, UMA FALSA PROMESSA: A) é moralmente reprovável porque é contra a vontade de Deus. B) é moralmente justificável quando necessária para sair de uma situação momentânea de apuros. C) deve ser adotada somente quando necessária para produzir um bem maior, como salvar uma vida. D) está moralmente errada, porque não pode se tornar uma lei universal. ÉTICA UTILITARISTA A ética utilitarista é uma teoria ética que se baseia no princípio de utilidade, ou seja, a ação correta é a que produz o maior bem-estar para a maior quantidade de pessoas possível. Foi criado no século XIX por Jeremy Bentham e John Stuart Mill. DILEMA DO BONDE BIOGRAFIA Jeremy Bentham (1748-1832) foi um economista, jurista e filósofo inglês. Ele foi o primeiro a teorizar o utilitarismo, criando uma doutrina moral consequencialista que visa às consequências das ações morais em detrimento das próprias ações. Bentham acreditava que o que vale é uma visão quantitativa de prazer, chamada de hedonismo quantitativo. Para ele, quanto maior a duração e a intensidade das ações corretas, maiores serão as consequências positivas, ou mesmo a felicidade gerada. BIOGRAFIA John Stuart Mill (1806-1873) foi um economista e filósofo inglês. Expandiu a teoria utilitarista, propondo que o prazer como base da filosofia utilitária não deve ser marcado pela quantidade, mas sim, pela qualidade desses atos. Mill dividiu os prazeres em duas categorias: a primeira, considerada superior, estaria relacionada com as emoções, os sentimentos e a cognição. Por outro lado, os prazeres ditos inferiores, estariam associados aos prazeres carnais. A ÉTICA EXISTENCIALISTA DE JEAN-PAUL SARTRE A ética existencialista de Jean-Paul Sartre, filósofo, escritor e dramaturgo francês (1905-1980), é uma corrente filosófica que se destaca por abordar a relação do homem com sua própria existência. Sartre, um dos principais expoentes do existencialismo, defende a liberdade absoluta do ser humano e a responsabilidade total por suas escolhas e ações. Ele acreditou que o homem está condenado a ser livre, ou seja, é responsável por criar seu próprio significado e valores na vida. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA EXISTENCIALISTA DE JEAN-PAUL SARTRE • Liberdade e Responsabilidade : Sartre enfatizava a liberdade como uma característica fundamental do ser humano, mas também ressaltava a responsabilidade que vem junto com essa liberdade. Ele argumentou que cada indivíduo é totalmente responsável por suas escolhas e ações. • Angústia Existencial : Para Sartre, a liberdade de escolha pode gerar angústia, pois implica em assumir a responsabilidade por suas decisões, mesmo em um mundo sem significado pré-determinado. Essa angústia faz parte da condição humana. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA EXISTENCIALISTA DE JEAN-PAUL SARTRE • Má-fé : Sartre criticava a "má-fé", que ocorre quando um indivíduo se recusa a considerar sua liberdade e responsabilidade, buscando desculpas ou atribuindo suas ações a fatores externos. • Agir de má-fé é viver uma vida inautêntica. • Autenticidade : Para Sartre, viver de forma autêntica significa aceitar plenamente a liberdade e a responsabilidade inerentes à existência humana. • Ser autêntico envolve enfrentar a angústia e fazer escolhas sinceras. CAROL GILLIGAN Carol Gilligan é uma filósofa e psicóloga feminista, conhecida por sua contribuição significativa para a ética do cuidado. Ela é professora de Educação na Universidade de Harvard. Gilligan é reconhecida por sua obra "In a Different Voice: Psychological Theory and Women's Development", na qual explora a importância do cuidado, das relações interpessoais e da responsabilidade mútua nas decisões morais. A ÉTICA DO CUIDADO DE CAROL GILLIGAN Gilligan argumenta que a moralidade feminina, em contraste com a moralidade masculina, enfatiza questões como cuidado, relacionamentos, sentimentos e comprometimento, em vez de princípios universais e justiça imparcial. Ela defende que a moralidade feminina é igualmente fundamental para a sociedade humana e busca sua valorização e inclusão na teoria moral. REFERÊNCIAS VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Trad. João Deel’Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Aristóteles: A Ética a Nicômaco. Trad. Priscilla Spinelli. Porto Alegre: Artmed, 2009. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial; Barcarolla, 2009 GILLIGAN, Carol. (1982). In a Different Voice: Psychological Theory and Women’s Development. Cambridge, Mass.: Harvard University Press. https://ebooks.marilia.unesp.br/index.php/lab_editorial/catalog/download/399/3982/7204?inline=1 https://trilhante.com.br/curso/filosofia-do-direito/aula/utilitarismo-bentham-e-stuart-mill-1 https://filosofiadoinicio.com/john-stuart-mill/#google_vignette Slide 1: Unidade ii Slide 2: O QUE ÉTICA E O QUE É MORAL Slide 3: MORAL Slide 4: EXEMPLOS DE MORAL Slide 5: ÉTICA Slide 6: EXEMPLOS DE ÉTICA Slide 7: Principais diferenças entre ética e moralSlide 8: A ética de Aristóteles (384-322 a.C.) Slide 9: Principais características da ética de Aristóteles Slide 10: Principais características da ética de Aristóteles Slide 11: Principais características da ética de Aristóteles Slide 12 Slide 13: Ética estóica Slide 14: A ética estóica Slide 15: Estoicismo Slide 16 Slide 17: Immanuel Kant (1724-1804) Slide 18: Ética de Immanuel Kant: Uma Ética do Dever Slide 19: Conceito central: imperativo categórico Slide 20: Kant propôs três formulações principais para o Imperativo Categórico: Slide 21: Imperativo Categórico I Slide 22: Exercício de filosofar Slide 23: Será que essa é uma atitude correta? Vamos universalizá-la: Slide 24: CONTRADIÇÃO Slide 25: De acordo com Kant, uma falsa promessa: Slide 26: Ética utilitarista Slide 27: Dilema do bonde Slide 28: Biografia Slide 29: Biografia Slide 30: A ética existencialista de jean-paul sartre Slide 31: Principais características da ética existencialista de Jean-Paul Sartre Slide 32: Principais características da ética existencialista de Jean-Paul Sartre Slide 33: Carol Gilligan Slide 34: A ética do cuidado de Carol Gilligan Slide 35: Referências
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