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APS TEO DELITO (finalizado)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
CURSO DE DIREITO
NATHÁLIA MIE IDE DE OLIVEIRA
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
Resenha e conclusão do livro Dos Delitos e das Penas do autor Cesare Beccaria
SÃO PAULO
2021
NATHÁLIA MIE IDE DE OLIVEIRA
RA: 2404238
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
Resenha e conclusão do livro Dos Delitos e das Penas do autor Cesare Beccaria
	
Trabalho da matéria Teoria do Delito e Princípios Constitucionais Penais como requisito para obtenção de nota da atividade prática supervisionada.
Orientadora: Fernanda Salles Fisher
SÃO PAULO
2021
Resenha do livro Dos Delitos e das Penas
A obra Dos Delitos e das Penas foi escrita pelo autor Cesare Beccaria e originalmente publicada no ano de 1764 na Itália. 
Cesare Beccaria foi um nobre italiano considerado uma grande figura do iluminismo penal e da Escola Clássica do Direito Penal. Por possuir influência das ideias iluministas da época em que viveu, ficou muito conhecido pela sua crítica ao sistema de punição de Direito precário e arbitrário da Europa. Por meio de sua insatisfação com a forma punitiva do governo do período precedente e do que viveu, ele publicou o seu livro denominado Dos Delitos e das Penas que é considerado um dos pilares do Direito penal moderno.
O escrito apresenta uma visão diferente e totalmente nova do sistema de Direito Penal em comparação ao que se encontrava na região europeia durante a Idade Moderna. Influenciado pelas ideias de pensadores como Rousseau e Montesquieu, a obra Dos Delitos e das Penas defende o fim da tortura, da pena de morte e das punições desumanas que eram comuns nas nações europeias do século XVIII.
O livro apresenta o modelo idealizado por Cesare Beccaria de como deveria ser a punição para os diversos delitos presentes tanto no período em que ele vivia, mas também para os que já existiam antes de sua existência. Ademais, aborda também como deveria funcionar o trabalho dos legisladores e dos juízes para que conseguissem criar uma organização na criação e efeito das leis no meio social e a sua utilização de forma efetiva pela magistratura, tornando inviável a injustiça por ela.
No início da obra é abordado sobre as leis, no qual é enunciado por Beccaria que elas representam a união dos indivíduos para viverem em sociedade, pois sua criação retrata a saída do homem do estado de guerra onde se encontrava em liberdade plena, mas sem nenhuma garantia para um estado civil onde seria presente a subordinação do indivíduo às leis e o depósito de sua liberdade ao soberano. No entanto, isto não seria uma forma de obter uma vida plena em sociedade, seria necessário conjuntamente a isso a presença das penas para que impedissem os homens de infringirem o pacto social sem sofrer uma punição por isso. 
As penas são necessárias para manter a ordem social, entretanto o direito de punir deve ser justo, ou seja, não exceder de acordo com o crime que ele pune. Deste modo, Beccaria aponta que as penas devem estar relacionadas com os crimes que elas punem, isto é, deve existir uma proporção entre a condenação e o delito, no qual os crimes mais graves receberiam uma pena mais severa e o contrário deveria ser aplicado às infrações mais brandas. Por meio desta ideia, deveriam existir diversas espécies de penas, como: as pecuniárias, as corporais, de banimento, de apreensão de bens, pena capital, entre outros modelos condicionados ao tipo de crime que pune. Sendo o objetivo único das penalidades evitar que o autor do crime gerasse mais prejuízos à sociedade e deveria servir como um ensinamento aos outros cidadãos para impedi-los de praticar o mesmo delito
Ainda em relação as punições, a penalização deveria ser imediata, isto é, um castigo não deve demorar muito para ser aplicado, pois é o mais justo a ser feito e poupa o réu da incerteza de se será condenado ou não. Desse modo, os julgamentos não deveriam ser demorados e a prisão provisória não deveria ser muito longa. E por fim, as penas não deveriam ser cruéis, pois se fossem não geraria a diminuição da prática dos delitos, mas sim a um aumento deles, visto que as pessoas iriam praticar outros crimes para compensar a condenação elevada e a aplicação de uma pena violenta seria só um momento de sofrimento, ou seja, passageiro, gerando a negligência dos indivíduos em relação a ela. Assim sendo, Beccaria afirma que a condenação efetiva seria aquela que não fosse momentânea, mas sim contínua, como as prisões. 
Na obra, Beccaria também aborda sobre as torturas durante os julgamentos, algo que em seu pensamento era ineficaz, uma vez que por meio deles haveria um risco muito grande de estar torturando um mero inocente que preferiria confessar que cometeu o crime para simplesmente se livrar da dor gerada pela tortura. Com isso, este procedimento não passaria de um meio inseguro de revelar a verdade e que geraria só prejuízo para o corpo social.
Já em relação as leis, Beccaria teve como escopo abordar quem deveria ser responsável pela interpretação delas, como deveriam ser utilizadas pelo magistrado e como deveriam ser. Em referência a análise das normas, esta função teria de ser feita apenas pelos legisladores e pelo soberano, cabendo aos juízes somente a incumbência de aplicar a lei ao caso concreto, observando se houve ou não crime, visto que a interpretação das leis pelo juiz reproduziria o risco de uma apreciação arbitrária da regra, o que resultaria na injustiça, na punibilidade desnecessária e na tirania.
Aliás as leis deveriam ser públicas, objetivas e acessíveis a todos, pois desta forma toda a população teria conhecimento delas e não ficariam submetidos ao conhecimento de poucos sobre ela, o que resultaria na diminuição dos crimes na medida em que as normas fossem mais lidas e compreendidas pelos cidadãos. 
No decorrer do livro, analisa-se também a importância que Beccaria atribui aos crimes, identificando-os e conferindo-lhes a pena mais adequada, o que gera a criação de um equilíbrio entre o delito e a sanção. Todavia, por existirem muitos crimes e punições variáveis, o escritor tenta transcrever pelo seu escrito somente os princípios gerais e os erros acometidos em relação a este conteúdo. 
Em referência ao crimes, o autor afirma que existem diversas espécies deles, como: aqueles que prejudicam de forma imediata a sociedade ou seu representante (crimes de lesa-majestade), aqueles que atacam a segurança de uma propriedade ou vida privada de um indivíduo, aqueles que só contrariam algo determinado por lei, os de contrabando, os difíceis de provar, os roubos praticados com e sem violência e os crimes considerados especiais, no qual não é mencionado explicitamente, mas fica claro que estes últimos são uma referência aos crimes religiosos, como a inquisição. Na visão de Beccaria, os que violam a vida e a liberdade das pessoas são os mais preocupantes. 
Dessarte, por meio da leitura do livro e as reflexões feitas sobre ele, conclui-se que mesmo tendo sido escrito há muitos anos, a obra se mostra com ideias revolucionárias a sua época, apresentando o brilhantismo e o saber ampliado de Cesare Beccaria em relação ao sistema punitivo e ao direito penal, o que o torna uma figura de grande contribuição para a matéria de penal que se tem atualmente presente. Por meio de suas ideias, entende-se que as penas não devem ser feitas para serem as mais cruéis das punições ao homem, mas sim como uma forma de parâmetro para que as outras pessoas não cometam o mesmo delito, para que elas compreendam que aquilo é errado e que se praticado sofrerão consequências não impostas por um rei tirano, mas sim pelas próprias leis do país. Assim sendo, as punições devem ser proporcionais aos diversos crimes que existem e elas devem simbolizar um ato de justiça, de manutenção da segurança de toda a sociedade e a garantia de que os direitos dos cidadãos não sejam violados por outrem e caso sejam, os violadores sofrerão com a correção de suas ações por uma penalidade justa.

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