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realismo-e-naturalismo

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Realismo
Uma reação à idealização romântica
Contexto histórico			
Segunda Revolução Industrial > Crescimento do Capitalismo
Segundo Reinado (Dom Pedro II): marcado por muitas mudanças sociais, política e econômicas.
A classe média brasileira (funcionário públicos, profissionais liberais, jornalistas, estudantes, artistas, comerciantes) desejava mais liberdade e maior participação nos assuntos políticos do país. 
1888 – Abolição da Escravatura
1889 – Proclamação da República
Valores do Realismo	
Teorias científicas: 
Determinismo (social),
Positivismo / Empirismo, 
Darwinismo, 
Marxismo (materialismo histórico).
Engajamento social e político;
Retrato fiel da sociedade (em todas as suas camadas);
Críticas às instituições sociais (Igreja, Casamento, Família, Burguesia, etc.).
Cottage scene, Pierre Edouard Frère (1867)
As respigadeiras, Jean François Millet (1857)
Características 
Objetividade: a realidade como ela é
Verossimilhança: sem fantasias; o mais semelhante à verdade possível
Descritivismo: retrato em detalhes
Observação (externa) e análise (comentário, crítica)
“Outrora uma novela romântica, em lugar de estudar o homem, inventava-o. Hoje o romance estuda-o na sua realidade social. [...] Desde que se descobriu que a lei que rege os corpos brutos é a mesma que rege os seres vivos [...] que a lei que rege os movimentos dos mundos não difere da lei que rege as paixões humanas, o romance, em lugar de imaginar, tinha simplesmente de observar. [...] A arte tornou-se o estudo dos fenômenos vivos e não a idealização das imaginações inatas.”
Eça de Queirós. Idealismo e realismo. In: Cartas inéditas de Fradique Mendes. Apud: SIMÕES, J. G.: Eça de Quirós – trechos escolhidos. Rio de Janeiro, Agir, 1968.
	Romantismo 	Realismo 
	Sentimentalismo doentio	Observação impessoal
	Linguagem culta, em estilo poético
	Linguagem culta, mas direta
	Supremacia da imaginação	Supremacia da verdade física
	Espiritualismo, religiosidade	Materialismo, espírito científico
	Subjetivismo / Individualismo	Objetivismo / Universalismo
		
	Narrativa de ação e aventura	Narrativa lenta, tempo psicológico
	Heróis íntegros, de caráter irrepreensível	Gente comum, vulgar
	O mundo é como eu vejo	O mundo é como ele é
“Era uma expressão fria, pausada, inflexível, que jaspeava sua beleza, dando-lhe quase a gelidez da estátua. Mas no lampejo de seus grandes olhos pardos brilhavam as irradiações da inteligência”. 
“Era esbelta, airosa, olhos meigos e submissos; tinha vinte e cinco anos e parecia não passar de dezenove. [...] e da parte da mulher para com o marido, uns modos que transcendia o respeito e confinavam na resignação e no temor”. 
Principais autores – Europa		
Gustave Flaubert, Madame Bovary
Eça de Queirós, Primo Basílio, 
O Crime do Padre Amaro
Principais autores – Brasil	
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas
Narrativa inicia com a morte do narrador/personagem
Não segue ordem cronológica, digressões, flashbacks
Total liberdade das convenções sociais: comentário, crítica,
sarcasmo, ironia
Metalinguagem
“Herói” anti-herói que nunca conheceu a glória
Visão desencantada e pessimista da humanidade
Narrador: 1ª pessoa, narrador-observador, protagonista
Linguagem: vocabulário erudito, interlocução, metalinguagem
Tempo: psicológico e cronológico
Cenário: Rio de Janeiro, Portugal
Personagens: 
Brás Cubas: o narrador-protagonista, já morto. É dessa posição que ele julga a vida humana.
Virgília: mulher do político Lobo Neves e amante do protagonista. Ela teve a oportunidade de se casar com Brás Cubas, mas optou por se tornar esposa de um homem influente e, ao mesmo tempo, manter um relacionamento clandestino com o antigo namorado.
Quincas Borba: amigo de Brás Cubas.
Prudêncio: antigo escravo de Brás Cubas. Após a conquista da alforria ele se torna proprietário de um escravo. Nesse serviçal ele revida todas as crueldades sofridas na sua infância.
	“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto que o uso vulgar seja co­meçar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; o segundo é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.”
Explique em que sentido podemos dizer que há metalinguagem nesse trecho.
Em relação à questão anterior, infere-se que a linguagem dispõe de um recurso enriquecedor: a disposição das palavras no espaço frasal. Sendo assim, que tipo de lei­tura pode-se fazer dessas duas expressões: “autor defunto” e “defunto autor”?
a) A colocação da palavra defunto após a pa­lavra autor leva-nos a pensar que o segundo elemento está em fase final de carreira.
b) Defunto autor remete à ideia de que a pessoa irá escrever suas memórias dentro de um cemitério.
c) Ambas as expressões transmitem a mes­ma ideia, com iguais valores semânticos.
d) A expressão defunto autor aparece de forma metaforizada, original, privilegiando uma nova forma de narração autobiográfica.
e) Ambas as construções não têm expressão na obra biográfica de Machado de Assis.
(ENEM) No trecho a seguir, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmen­te um outro estilo de época: o Romantismo.
	Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida cria­tura de nossa raça e, com certeza, a mais volun­tariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o ros­to nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
A frase do texto em que se percebe a críti­ca do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:
a) “... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...”
b) “... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...”
c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da na­tureza, cheia daquele feitiço, precário e eter­no”
d) “Naquele tempo contava apenas uns quin­ze ou dezesseis anos ...”
e) “... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
	“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.
              — Desta vez, disse ele, vais para a Europa; vais cursar uma Universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. 
	 [...] Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele, e sacudiu-mos na cara. — Vês, peralta? é assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma.”
1. Explique o que move Marcela a amar Brás Cubas.
2. Comente o que diferencia Brás do herói romântico.
3. A reação do pai de Brás Cubas representa uma punição ou um prêmio?
“Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pen­durada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te.”
Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que:
a) o autor faz uma abordagem superficial da situação.
b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição.
c) o autor dá relevância a outras circunstân­cias, negligenciando o foco do assunto.
d) o autor não mostra preocupação com o discer­nimento do leitor, pois apenas sugere situações.
­e) contempla a si próprio, num ritualegocêntrico e narcisista.
Das Negativas
         “Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro lugar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e direta inspiração do céu. O acaso determinou o contrário; e ai vos ficais eternamente hipocondríacos.
	Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento.”
	“Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 
Comente a reação de Brás Cubas diante de sua sucessão de fracassos.
A visão de Brás Cubas sobre as realizações pessoais é idealista ou realista?
Relacione a frase destacada ao contexto social e econômico do autor.
Exercícios no livro	
Em grupos, responder questões p. 128-132 (até questão 5)
Exercícios no livro
Em grupos, ler conto p. 222-226 e responder questões
Naturalismo
A ciência aplicada à observação social
Preceitos teóricos influentes
O que é o ser humano? 
Darwinismo/Evolucionismo: ser humano não é mais um ser “escolhido por Deus”, mas um mero animal, como outros animais, no curso da evolução das espécies; “lei do mais forte, mais bem adaptado”.
Positivismo: apenas aquilo que pode ser provado cientificamente pode ser considerado válido; a realidade só pode ser acessada empiricamente. 
Determinismo: o sujeito é produto do meio, da raça e do momento histórico em que vive. 
Pontos em comum com o Realismo
Propósito crítico
Mundo real é o foco das narrativas
Verossimilhança
Foco: defeitos, depravações e vícios dos seres humanos
Escritor: analista crítico do caráter humano e da sociedade
Pontos de divergência do Realismo
No Naturalismo:
Não há psicologismo do Realismo
Defeitos vistos como patologias 
Metáfora mais comum: zoomorfização (animalização) das personagens ressaltando comportamentos vis; ação baseada em instintos naturais, tais como os instintos sexuais e os de sobrevivência.
Descrições gráficas e chocantes (nada sutis)
Principais autores – Europa		
Émile Zola, Germinal
Aluísio de Azevedo, O Cortiço 
O cortiço
Narrador: 3ª pessoa, narrador-onisciente, crítico do que observa
Tempo: cronológico e linear
Cenário: Rio de Janeiro; o cortiço (pobres) e o sobrado (aristocratas)
Personagens: tipos sociais / estereótipos
O Cortiço: um organismo que se desenvolve e determina as vidas das pessoas 
João Romão: dono do cortiço, vive com uma “ex”-escrava, Bertoleza
Miranda: vive no sobrado vizinho, rico, casamento de fachada com Estela
Zulmira: filha de Miranda e Estela, objeto do “amor” de João Romão
Jerônimo: trabalhador dedicado e honesto, casado com Piedade, mas acaba não resistindo a Rita Baiana
Firmo: galanteador, vadio, gastador, amante de Rita Baiana
Leonice: prostituta que corrompe Pombinha
“A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.” – guiadoestudante.com.br
(ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.
Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.
A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc. 
O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio. 
O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos. 
Está(ão) correta(s): 
(UFRRJ) – São características desse texto, consideradas típicas do Naturalismo, entre outras, 
a) o idealismo e o comportamento determinista. 
b) a ênfase no aspecto material da vida e o comportamento sofisticado. 
c) as comparações dos seres humanos com animais. 
d) a representação objetiva da vida e o endeusamento do ser humano. 
e) a fuga à realidade e o positivismo exacerbado.
(ESPM) Dos segmentos abaixo, extraídos de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, marque o que NÃO traduza exemplo de zoomorfismo:
a) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
b) Leandra...a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.
c) Zulmira tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de fluminense; pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz...
d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a minhocar,... e multiplicar-se como larvas no esterco.
e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito...
(UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
“Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo (a). Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos.[...] Da casa do Barão saíam clamores apopléticos (b); ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. [...] 
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa (c). Estava horrível; nunca fora tão bruxa. [...] a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. [...] Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada (d), que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.”
O caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:
(UNIFESP) Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a seguir:
“Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. (...) E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.”
No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio Azevedo apresenta características psicológicas de comportamento comunitário. Aponte a alternativa que explicita o que os dois trechos têm em comum:
a) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e preocupação de poucos em relação à tragédia comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no segundo trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo trecho.
e) Anonimato da confusão e do “salve-sequem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.
(UFLA) Relacione os trechos da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, às características realistas/naturalistas seguintes que predominam nesses trechos e, a seguir, marque a alternativa CORRETA:
1. Detalhismo.
2. Crítica ao capitalismo selvagem.
3. Força da atração física.
( ) “(...) possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estepe cheio de palha.”
( ) “(...) era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras.”
( ) “E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer (...) Era um pobre diabo caminhando para os setenta anos, antipático, muito macilento.”
Exercícios no livro
Em grupos, p. 111-114 (até questão 3)
Exercícios no livro
Em grupos, p. 292-294
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