Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/40 GESTÃO DE PESSOAS AULA 6 Profª Erika Gisele Lotz 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/40 CONVERSA INICIAL É com grande alegria que lhe damos boas-vindas a esta aula! A qualidade da gestão de pessoas ultrapassa políticas e práticas adotadas pela organização e está fortemente atrelada à qualidade da liderança. Mas o que é liderança? Quais atributos e habilidades essenciais se espera de um líder? Assim, investidos da conscientização sobre a relevância do tema, vamos percorrer os caminhos da liderança e nos deter para observar os sinalizadores desta estrada. E, para tal, vamos apresentar os atributos e habilidades essenciais para o exercício da liderança: habilidade de observar; escutar; comunicar; perguntar; desafiar; desenvolver e orquestrar capacidades individuais em prol da qualidade e da saúde dos relacionamentos e da produtividade. Bons estudos! TEMA 1 – LIDERANÇA Créditos: fizkes/shutterstock 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/40 Um dos fortes temas atrelados ao estudo da gestão de pessoas é a liderança. Mas o que é liderança? Será que esta pode ser definida pelo gestor que faz com que os subordinados cumpram as tarefas ou a liderança é um atributo pessoal, com forte elo emocional? Liderança em essência é a capacidade de influenciar pessoas. No caso das organizações, acrescentaríamos a esse conceito a capacidade de influenciar pessoas de forma ética e positiva. Fiorelli (2006, p. 201) afirma que “sem liderança não há organização”. Liderança não pode ser confundida com o cargo de chefia. Ainda que a chefia tenha um objetivo claro – de investir esforços no sentido de fazer com que cada colaborador desempenhe adequadamente seu papel, e para tanto exerça influência por meio do poder legítimo, aquele outorgado pelo cargo que ocupa – não faz do chefe ou gerente um líder. Nas palavras de Katz e Kahn (1975, p. 343), “a essência da liderança organizacional é o incremento influencia além e acima do cumprimento mecânico das diretivas rotineiras da Organização”. Para ratificar esse ponto de vista, emprestamos de Fiorelli as seguintes palavras: A obtenção do comportamento e dos resultados prescritos para o papel do indivíduo não caracteriza, portanto, o exercício de liderança, uma vez que a influência acontece em decorrência de estímulos consequentes a normas, sobre as quais o profissional pouco tem como atuar durante o exercício da atividade. O líder consegue esses resultados sem precisar de tais mecanismos. [...] Em síntese: Liderança é capacidade que algumas pessoas possuem de conseguir que outras, de modo espontâneo, ultrapassem o estabelecido formalmente. (Fiorelli, 2006, p. 200) Desta forma, podemos compreender que poder se difere de liderança. É possível afirmar que o poder emana de fontes externas ao indivíduo, a exemplo do extrato hierárquico do cargo. Ao passo que a liderança emana de fonte internas ao indivíduo, a exemplo de carisma, conhecimento e outras características de personalidade. Assim, mantenhamo-nos alertas ao fato de que, não raras vezes, o fato de um indivíduo exercer algum tipo de poder em virtude do cargo que ocupa pode gerar a equivocada ideia de que se trata de um líder (Wagner III; Hollenbeck, 1999). 1.1 ATRIBUTOS DOS LÍDERES Não encontro defeitos. Encontro soluções. Qualquer um sabe queixar-se. (Ford, 2021) Pense em uma pessoa, que você considera líder. O que essa pessoa fez ou faz para vir à mente agora? Quais atributos que, em sua visão, fazem dela um líder? 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/40 Movido pelo espírito investigativo, Fiorelli (2000, p. 175) solicitou a um grupo de profissionais que relacionassem os atributos do líder, segundo suas perspectivas. Entre as “falas” dos entrevistados, configuraram as seguintes afirmações, as quais pedimos que se detenha por alguns instantes analisando-as. Quadro 1 – Comportamentos dos líderes segundo entrevistados Fonte: Fiorelli, 2000, p. 175. Agora, observe o que todas as falas têm em comum: existe um componente emocional no exercício da liderança. A liderança se instala pela emoção. Nas palavras do autor: Grandes líderes da humanidade comprovam essa percepção. O elo emocional com seus seguidores supera e/ou fortalece suas qualidades pessoais, ao mesmo tempo em que obscurece a percepção de seus potenciais defeitos por seus admiradores. Essa forma de liderança, essencialmente carismática, contudo, constitui um risco no ambiente organizacional, porque compromete a crítica. A verdadeira liderança estabelece seus alicerces em componentes psicológicos duradouros e consistentes: o cimento a unir liderados e líder denomina-se emoção. (Fiorelli, 2000, p. 176) Então, quais são os atributos dos líderes segundo os pesquisadores? Muitos são os atributos, mas elencamos aqui a capacidade de criar e compartilhar a visão; a capacidade de perseverar em momentos difíceis e a autoconfiança. A Visão “deve ser inspiradora e positiva. Ela deve ser idealista. Ela deve poder tirar o melhor de cada um desafiando as pessoas a crescerem e a utilizarem as possibilidades infinitas do seu potencial mental. Uma Visão deve ter alcance social” explica Campos (1992, p. 71). 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/40 A liderança está estreitamente relacionada com a habilidade de criar e compartilhar esta visão de modo a inspirar os membros do time a se engajarem nela. “Isolada, paralisada nos meandros da imaginação do criador, permanecerá estéril” enfatiza Fiorelli (2006, p. 206). O autor ensina também que não basta ter a visão, é preciso apresentá-la por meio do exemplo, da perseverança e do compromisso. Perseverar nos momentos difíceis. Existe a expectativa de que o líder seja uma pessoa com forte inteligência intrapessoal e interpessoal, de modo que possa suportar elevadas pressões e ainda assim manter-se firme e perseverante face aos desafios, entre os quais sustentar a visão em momentos e circunstâncias difíceis. Fiorelli (2006, p. 2007) enfatiza que “obstáculos pavimentam o cotidiano das Organizações, opondo-se ao cumprimento das filosofias que as norteiam e ao atingimento dos objetivos e planos de ação traçados. [...] Ele encontra-se presente nos momentos em que as pessoas podem esmorecer, pressionadas pelos revezes do cotidiano”. Já a autoconfiança permite cercar-se de pessoas altamente competentes e criar alianças, promover mudanças sem, no entanto, se sentir ameaçado pela inteligência e habilidade dessas pessoas. A autoconfiança permite ao profissional cercar-se de pessoas inteligentes e ativas, capazes de superá-lo em muitos aspectos e de se desenvolverem, tornando-se autossuficientes, a ponto de prescindirem de seu apoio. O líder trabalha para isso – esse comportamento distingue-o do simples manipulador, que cerceia o crescimento dos liderados. O fortalecimento da autoconfiança possibilita-lhe expandir a capacidade de dar e receber feedback, indispensável a todo aquele que se propõe a missão de liderar pessoas. Quando se cerca de profissionais medíocres, o superior angaria um coro permanente de áulicos, alimentando seus sentimentos de inferioridade; contudo, conseguirá resultados limitados às possibilidades da equipe. Ao cercar-se de pessoas de elevado potencial e competência, o líder crescerá, juntamente com seus liderados, em uma espiral ascendente de qualidade e produtividade. (Fiorelli, 2006, p. 210) O líder é alguém que, além de ser referência, criar, compartilhar e engajar na visão, é também um profissional que desenvolve os demais ao seu redor. E, para que possa de fato desenvolver pessoas, promovendo estados positivos relacionados à confiança, olhar para o erro como uma escada para o aprendizado, estimular o autoconhecimento e a consciência coletiva, é imprescindível queadote um conjunto de comportamentos, destacados no inventário a seguir. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/40 1.2 INVENTÁRIO DE COMPORTAMENTOS DE LÍDER Leia atentamente aos comportamentos a seguir e assinale 4 para comportamentos que considera bem desenvolvidos em você; 3 para aqueles que podem ser aprimorados; 2 para aqueles que ainda estão incipientes e 1 para aqueles os quais não reconhece em você. Comportamento Orientações 1 2 3 4 1 Expansividade Participando de atividades que envolvam contatos pessoais (o que não significa, necessariamente, ser extrovertido) 2 Inteligência Para apreender rapidamente as ideias, compreender com habilidade e sensibilidade as situações e participar na construção de soluções para os problemas 3 Estabilidade emocional Para conjugar a necessidade de manter ativa a visão do futuro com as imposições da realidade ditadas pelo cotidiano (o líder não pode conduzir seus liderados por meio de precipícios intransponíveis), atuando como um fator de equilíbrio nos momentos adequados 4 Entusiasmo Transformando seus conteúdos em expressões perceptíveis para os demais 5 Ousadia Sem resvalar na imprudência, permitindo-se experimentar de forma espontânea as inovações contínuas que o ambiente e as pessoas lhe proporcionam 6 Sensibilidade Para manter acesa a chama da visão, sem descuidar do senso prático que lhe permite compreender as questões relativas às tarefas mais elementares, cujos detalhes tecem a delicada trama do reconhecimento 7 Confiança Essa prudente rua de mão dupla, porque aquele que não confia nos outros também não consegue neles despertá-la 8 Imaginação Atualizando continuamente a visão que o inspira e promovendo o inusitado nas percepções dos liderados (lembrando que o inusitado fascina mais do que o fantástico) 9 Espírito crítico para seus atos Para que a persistência não se cronifique em apegos a erros aos quais todos se encontram sujeitos, possibilitando à vaidade dos sucessos obscurecer a percepção da realidade 10 Senso de justiça Para atuar com eficácia nas situações de conflito entre profissionais. A percepção de injustiça neutraliza os esforços dos melhores programas de trabalho e destrói a motivação das pessoas 11 Disciplina Para cumprir e fazer cumprir decisões tomadas em equipe, ainda que discorde de algumas, sem incorrer no extremo da obstinação, como convém àqueles que 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/40 possuem confiança em suas possibilidades Fonte: elaborado por Lotz com base em Fiorelli, 2006, p. 210-211. Agora, à luz de sua autoavaliação, qual a mensagem que o resultado traz para você? Quais são os comportamentos que considera forte e o que eles podem promover de ganhos no curto, médio e longo prazos em sua carreira? Quais os comportamentos que, se você optasse por desenvolver, poderiam trazer benefícios? E caso opte em mantê-los, como estão, que perdas podem se anunciar nos médio e longo prazos, caso você almeje se desenvolver como líder? Destacamos, também, que existe um conjunto de habilidades essenciais para o exercício da liderança, entre elas: observar e escutar; perguntar, desafiar e desenvolver; comunicar e identificar e orquestrar diferenças individuais de modo a construir e manter times de alta performance. TEMA 2 – OBSERVAR E ESCUTAR Um líder é, sobretudo, alguém que se mantém atento ao ambiente, daí a importância da habilidade de observar, assim como de ouvir, de modo a ampliar sua influência por meio do conhecimento e não da suposição, construída pelas lentes de seu próprio modelo mental. 2.1 OBSERVAR “Nós somos propensos demais a caminhar pela vida com os olhos fechados. Há coisas à nossa volta e bem a nossos pés que nunca vimos, porque na realidade nunca olhamos” (Hermnan, 2016, p. 33). Entre as habilidades essenciais para o exercício da liderança, lá está ela: a de observar. É atribuída a Friedrich Novalis a seguinte afirmação: “quando vemos um gigante, temos primeiro de examinar a posição do sol e observar para termos certeza de que não é a sombra de um pigmeu”. Qual a mensagem que essa afirmação lhe traz? Para nós, a mensagem clara é a importância do hábito de, antes de julgar, tomar decisão e adotar uma perspectiva, deter-se por alguns instantes, abandonar o piloto automático e colocar a atenção no que de fato ocorre. Observar significa conceder atenção por meio dos sentidos em algo, temporariamente. Para Penmam (2015), a mente trabalha com dois modos, o Atuante e o Existe. Segundo o autor, o primeiro está atrelado ao hábito, ao passo que o segundo promove uma mudança de perspectiva, 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/40 por meio da consciência plena daquilo que de fato é. A capacidade de observar permite sair do modo atuante, operante, ou seja, do piloto automático, e fazer escolhas conscientes. Nas palavras de Penmam (2015 p. 38): O modo Atuante é muito eficiente ao automatizar nossa vida por meio dos hábitos, mas esta é uma das características que menos percebemos. Sem a capacidade da mente de aprender por repetição ainda estaríamos tentando lembrar como amarrar o sapato – algo que hoje fazemos automaticamente. O lado ruim disso é que, quando cedemos demais ao piloto automático, podemos acabar pensando, trabalhando, comendo, caminhando, dirigindo sem a consciência clara do que estamos fazendo. A atenção plena nos traz de volta a consciência: um local de escolha e intenção. Créditos: StockLite/shutterstock. Assim, para que de fato possamos exercer a influência ética e positiva, é imprescindível o hábito de observar. Por meio desse hábito, nos flexibilizamos nas perspectivas, coletamos informações, avaliamos à luz de novos elementos, derrubamos rótulos e generalizações e podemos assumir um lugar de escolha consciente e com propósito. Proporciona uma mudança consciente de marcha, de ações de modo a gerar diferentes resultados. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/40 A habilidade de observar implica em um conjunto de capacidades, algumas delas descritas a seguir: discriminar sutilezas e detalhes, congruências e incongruências na linguagem corporal não verbal; perceber e realizar assertivamente a leitura das mensagens não verbais contidas nos comportamentos; identificar motivações; valores, mecanismos de defesa que sustentam determinados comportamentos; identificar comportamentos favoráveis e não favoráveis e as consequências e feitos oriundo deles e agir de modo a fortalecer e reforçar os favoráveis, neutralizar ou eliminar os não favoráveis; identificar características comportamentais das pessoas e orquestrá-las em prol do desenvolvimento individual, do time e, sobretudo, do atingimento dos objetivos da organização. De acordo com Fiorelli (2006), o gestor que desejar elevar sua acurácia e desenvolver a habilidade de observar deve cultivar os seguintes comportamentos: Ser paciente: a acurácia perceptiva aumenta com a constância e a persistência, “as espigas do trigo são iguais apenas para o olho desacostumado”. (Fiorelli, 2006, p. 213). Ser atento e buscar detalhes: dado que são os detalhes que fazem a diferença. A perfeição mora nos detalhes. Fazer uso da discrição: dado que a simples presença do observador já interfere na resposta do observado. Respeitar a privacidade: manter respeito e sigilo em relação a informações confidenciais e utilizá-las apenas em proveito do observado, seja por meio de orientações ou melhorias de processos de modo a fortalecer o vínculo emocional e ratificar contratos psicológicos. Cultivar a neutralidade: embora seja bastante desafiador e difícil quando se trata de pessoas, a ideia aqui é afastar-se dos rótulos e juízo de valor. A habilidade de observar “o que”; “quem”; “como”; “quando”; “porque”; “onde” é de grande valia no exercício da liderança.Quem observa toma decisões e oferece feedbacks assertivos. O que apoia a cultura do desenvolvimento do profissional e da produtividade para a organização. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/40 2.2 ESCUTAR Créditos: Sirirojo/Shutterstock. Você já parou para refletir o que significa escutar alguém? Em um determinado momento, concentrar a sua atenção no que o outro está dizendo? Será que existe uma mensagem não verbal quando um indivíduo para e oferece atenção plana a outro? Acreditamos sinceramente que, sim! Escutar significa uma das maiores declarações de valor que podemos oferecer à pessoa. “Se eu te escuto é por que me importo com você”. Esta é a mensagem não verbal que passamos a uma pessoa quando nos dispomos a escutá-la. O contrário é igualmente verdadeiro. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/40 2.2.1 ESCUTA ATIVA O que é escuta ativa? Mas o que é escuta ativa? Emprestamos de Nogueira (2011) as seguintes palavras: A escuta ativa é uma técnica de comunicação que implica que, num diálogo, o ouvinte comece por interpretar e compreender a mensagem que recebe. Parece óbvio que quem ouve deva prestar atenção ao que lhe transmitem, mas a verdade é que uma boa parte da informação de uma conversa não chega corretamente ou é mal interpretada pelo ouvinte. Isso acontece por excesso de informação, falta de concentração, stress ou por várias outras razões. (Nogueira, 2011) A escuta ativa é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida com a prática e significa – como o próprio nome sugere – concentrar-se totalmente no que está sendo dito, em vez de apenas ouvir passivamente a mensagem de quem está falando. (Muller, 2020) A adoção de alguns hábitos favorecem o desenvolvimento da escuta ativa, a saber: Estratégias para desenvolver a escuta ativa: 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/40 Fonte: elaborado por Lotz com base em Lotz; Gramms, 2012. Portanto, é válido enfatizar que, para compreender em profundidade, é necessário escutar com profundidade também. Escutar em profundidade significa escutar também a emoção. 2.2.2 ESCUTA EMPÁTICA Créditos: fizkes/Shutterstock. Comecemos pelo conceito de empatia. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/40 A empatia é a identificação mental e afetiva de uma pessoa com o estado de ânimo de outra. Também é conhecida como inteligência interpessoal, enquanto capacidade cognitiva de sentir, num contexto comum, aquilo que outro indivíduo pode experienciar. Consiste na atitude de um sujeito relativamente a outro, caracterizada por um esforço objetivo e racional de compreensão intelectual dos sentimentos daquele. Como tal, a empatia exclui os fenómenos afetivos (simpatia, antipatia) e os juízos morais. (Conceito de, 2011) À luz do conceito de empatia, que significa ter a sensibilidade de se imaginar nos sapatos do outro, compreendemos que escuta empática consiste em ouvir além das palavras, captar as necessidades e os pedidos do outro, consiste em “experimentar o que o outro está sentindo dentro de uma condição de ‘como se’ estivesse no lugar dele, vendo através da perspectiva do cliente, podendo dividir com ele toda essa compreensão, favorecendo o desenvolvimento do cliente” registram Fontgalland e Moreira (2012, p. 32). Por meio da escuta empática, ou seja, a habilidade de ouvir a emoção, o gestor pode se conectar com as emoções, sentimentos e necessidades presentes por detrás das palavras proferidas. Fiorelli (2006, p. 2003) enfatiza que: a) existe um forte componente emocional no exercício da liderança [...]; b) a liderança se instala pela emoção; e c) líderes são pessoas significativas para os liderados. A escuta empática propicia a criação e o fortalecimento do elo emocional. E, para que este elo emocional de fato se construa, é essencial que o líder se mantenha atento a algumas “armadilhas” que o levam a dar conselhos segundo a própria verdade, ignorando o contexto e as condições do outro. Rosenberg (2003, 133-158) elenca as armadilhas as quais o líder deve manter-se atento: Aconselhar: “acho que você deveria… como você não fez…” Educar: “isso pode se transformar em uma experiência positiva para você se você…” Consolar: “não foi sua culpa, você fez o melhor que você pode” Simpatizar: “oh que pena para você…” Corrigir: “isso não foi o que aconteceu” Cortar: “ah, para. Não fique tal mal…” Contar uma história: “isso me lembra a vez em que…” Gabar-se: “isso não é nada, escute o que aconteceu comigo…” As afirmações acima apresentadas promovem insights a respeito da escuta ativa em essência, pois, muitas vezes, a intenção de “animar”; “educar” “corrigir”; “cortar” o interlocutor pode até ser 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/40 positiva, mas o resultado pode ser desastroso. 2.2.3 RAPPORT Por meio da prática da escuta ativa e empática, o gestor pode construir e manter o rapport, habilidade também essencial para o exercício da liderança. Mas o vem a ser rapport? Esta é uma palavra de origem francesa, traduzida como “voltar ou trazer de volta”. A essência do rapport é a sintonia: Rapport é uma palavra de origem francesa, que significa relação e especialmente única de confiança mútua ou afinidade emocional. A palavra em português, que mais se encaixaria em sua tradução, seria “sintonia”. Assim, rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém, a ponto de fazê-lo sentir que há entendimento entre as duas pessoas e existe uma forte ligação, que de alguma forma as une. É a essência da relação bem sucedida. (Passadori, 2012) É sobre fazer uma conexão de mão dupla. Você sabe que fez tal conexão quando experimenta um sentido verdadeiro de confiança e respeito com a outra pessoa, quando se compromete confortavelmente com alguém sem se importar, contudo, se vocês são diferentes, é quando você sabe que está ouvindo e sendo ouvido. (Ready; Burton, 2009, p. 91) Rapport é o clima de confiança, sintonia, harmonia e cooperação que se estabelece nos relacionamentos interpessoais. É a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. É a essência da comunicação bem-sucedida. (Chung, 2002, p. 341) Sem o rapport, que é a ponte de sintonia e confiança, não há como construir a liderança, dado que a confiança é o que pavimenta a relação da liderança. A habilidade de escutar o “que”; “quem”; “como”; “quando”; “por que”; “onde” apoia outras habilidades essenciais do exercício da liderança, tais como a de desafiar, estimular o desenvolvimento, apoiar, ressignificar, questionar. E, para desenvolver essa habilidade, é crucial aprendermos a silenciar o “tagarela interior”; escutar para compreender e não para elaborar a resposta que vai dar enquanto o outro ainda está falando. A escuta ativa requer, inicialmente, domínio sobre si mesmo. Domínio da ansiedade, do desejo de dar respostas e justificativas. TEMA 3 – PERGUNTAR, DESAFIAR E DESENVOLVER 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/40 A pergunta direciona a mente para algum lugar. Se a pergunta é feita em cima do problema, a atenção e o foco permanecem no problema. Uma pergunta direcionada para o objetivo ou para onde se quer chegar, leva a atenção e o foco para a solução. (Lotz; Gramms, S.d.) Vamos iniciar este tema recorrendo a uma interessante passagem: Há uma estória da cultura ZEN sobre um homem que está olhando desvairadamente debaixo de um poste de iluminação pública. Um transeunte para a fim de ajudá-lo. “O que está procurando?”, ele pergunta. “Minhas chaves”, responde o homem. “Onde você as perdeu?” pergunta novamente o bom samaritano. “Oh, eu as perdi em casa!”, responde o homem. “Só uma coisa”, diz o estranho prestativo, “se você perdeu as chaves em casa, por que as estáprocurando aqui fora, na rua? “ “Porque está escuro la dentro de casa” responde o homem. “Eu não consigo ver. Aqui fora está iluminado, portanto estou procurando neste local”. (Lages; O Connor; 2004) 3.1 PERGUNTAS Talvez você esteja se perguntando qual a relação dessa passagem com o nosso tema. E o ponto é que somos idênticos ao homem que busca as chaves nos lugares iluminados. Tendemos buscar respostas à luz daquilo que conhecemos, do nosso modelo mental e visão de mundo. Uma boa pergunta pode iluminar áreas desconhecidas da mente. Perguntas estimulam a expansão da consciência, abrem campo para possibilidades e para a adoção de novos comportamentos. Talvez você já tenha se deparado com a seguinte afirmação “são as perguntas e não as respostas que movem o mundo”. E o que mais as perguntas podem fazer? O’Connor (2003, p. 160-161) enfatiza que, por meio das perguntas podemos: Eliciar estados emocionais Obter informações Oferecer escolhas ou eliminá-las, dependendo da pressuposição Direcionar a atenção e assim criar a realidade Modelar estratégias Eliciar recursos Desafiar suposições 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/40 Orientar no tempo Eliciar resultados Associar ou dissociar Oferecer estratégias Construir ou quebrar rapport Resumir Eliciar valores Perguntas levantam informações, aprofundam análises, trazem elementos novos, promovem flexibilidade e convidam a observar sob diferentes perspectivas um determinado fenômeno; desafiam crenças; quebram equivalências; generalizações e distorções perceptivas. E, ainda, igualmente importante, estimulam aprendizados e, por esse motivo, essa habilidade é tão essencial no exercício da liderança. Habilidade de perguntar requer uma boa dose de arte, de sensibilidade, de percepção de oportunidade e de contexto. E requer uma boa dose de técnica, objetividade e propósito. Objetividade: perguntas objetivas vão direto ao ponto, ao passo que as prolixas abrem espaço para a distração e perda de foco. Propósito: perguntas devem ser feitas a partir de um propósito, tendo em vista o resultado que deseja produzir. É interessante observar que cada pergunta produz um padrão de resposta. Determinadas perguntas são úteis para eliciar valores, processos, investigar significados, quebrar padrões de distorções, deleções e generalizações. O quadro a seguir oferece alguns exemplos de perguntas, propósitos e as áreas que iluminam: Quadro 2 – Perguntas e propósitos O quê? Buscar informações e listar resultados O que você quer? O que você deseja ver acontecer? O que você está fazendo que está contribuindo para instalar ou manter esta situação? O que você pode aprender com isso? O que você pode fazer de diferente da próxima vez? O que tal situação sinaliza para você? O que você percebe agora que não havia se atentado antes? 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/40 Por quê? Abre espaço para justificativas ; busca os motivos para ações; investiga valores; atribui responsabilidade/culpa; busca significados e procura causas passadas Por que isso é importante para você? Por que isso acontece? Por que é importante realizar essa mudança? Por que você pode ganhar com isso? Por que isso aconteceu? Quem? Busca informações sobre pessoas e identifica responsabilidades Quem pode contribuir com seu propósito? Quem especificamente pode lhe oferecer informações? A quem compete realizar isso? Quando? Orienta no tempo; busca informações limitadas pelo tempo (passado, presente, futuro) e investiga gatilhos ou pistas para a ação Quando você irá fazer isso? Quando quer ver isso acontecer? Quando você decidiu isso? Quando você pode assumir essa responsabilidade? Onde? Pede informações sobre locais Onde você deseja estar daqui a cinco anos? Onde esse comportamento pode levar você? Onde você se vê fazendo isso? Onde você poderá iniciar essa ação? Como? Explora o processo; realiza a modelagem do processo e lista estratégias Como você reage a tal situação? [1] 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/40 Como você pode assumir a direção dessa situação? Como isso pode contribuir para o seu aprendizado? Como isso contribui para o seu aprimoramento? Como você pretende reagir a essa situação da próxima vez que ela ocorrer? Como você pretende abordar a questão? Como você irá mensurar isso? Como saberá que o seu objetivo foi atingido? Como o seu comportamento pode estar contribuindo com essa situação? Como o seu comportamento afeta outras pessoas? Como isso pode melhorar? Na pescaria, é preciso saber qual rede lançar ao mar para obter o tipo de peixe que se deseja. Assim também ocorre com as perguntas, pois de nada adianta a resposta se a pergunta está “errada”. Permita-me fazer uma consideração a respeito da pergunta “por quê”. É importante ao gestor manter-se atento se, com essa pergunta, não está apenas abrindo espaço para justificativas que apenas reforçarão a vitimização ou o lócus externo de controle. Contudo, “por que” é altamente eficaz para eliciar motivos, valores e propósitos. Procure encontrar o propósito mais profundo e verdadeiro que sustentará aquilo que você deseja, e este propósito o(a) manterá vivo(a) e entusiasmado(a). Entenda as razões e os motivos verdadeiros, antes de tomar decisões. Pergunte-se: “por que eu devo fazer essa coisa, e não aquela?”. [...] Por quê? Enquanto não houver clareza de propósito, as razões, os “motivos para a ação” (motivação), serão frágeis e insuficientes para conduzi-lo(a) em direção àquilo que deseja. Por que faço o que faço atualmente? Por que quero seguir fazendo isso? O que desejo fazer de diferente? Por que isso é importante para mim? Enfim, encontre o verdadeiro propósito de suas escolhas, e quando possíveis obstáculos surgirem, lembre-se dele. (Fabossi, 2017) À medida que existe a clareza a respeito do propósito, seja para o indivíduo, seja para o time, é muito mais fácil de manter o foco, conectar com a motivação, manter a disciplina e a persistência necessárias rumo ao objetivo que se deseja. Outro aspecto a considerarmos em relação à arte e à técnica de perguntar é o tipo da pergunta. Em relação a esse quesito, as perguntas podem ser abertas, que oportunizam respostas amplas, estimulam raciocínio e criatividade; ou fechadas, que têm por resposta “sim”; “não” “talvez”. Quadro 3 – Perguntas fechadas e abertas Perguntas fechadas Perguntas abertas 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/40 Você compreendeu as instruções para a prototipação? O que você entendeu das instruções para a prototipação? Fonte: elaborado por Lotz. É fundamental que o gestor identifique o momento certo para aplicar cada tipo de pergunta, de acordo com o contexto, informação ou aprendizado que deseja produzir. As perguntas podem ser fracas ou impulsionadoras. As primeiras permanecem no problema e reforçam a reatividade, estimulam desculpas e justificativas, ao passo as segundas abrem para o reconhecimento de possibilidades, energizam e desafiam para a ação e proatividade (Lotz; Gramms, 2014). Quadro 4 – Exemplos de perguntas Fracas Impulsionadoras Por que você fez isso? O que pode ser feito a partir de agora? De quem foi a culpa? O que descobriu que pode ser feito diferente? Por que tem que ser assim? Quais são as soluções possíveis? O que pode ser ajustado? O que queremos alcançar exatamente? Fonte: Lotz; Gramms, 2014. Perguntas conduzem a mente para algum lugar. As perguntas impulsionadoras colocam o foco nas soluções, no estado desejado, elas geram movimento, pois estimulam a energia, o desafio e estimulam a ação. As perguntas impulsionadoras fortalecem a proatividade. Elas são orientadas para o futuro; estimulam o indivíduo a ação; são focadas nos objetivos e resultados, jamais no problema; elas abrem campo para identificação do processo entre outros. (Lotz; Gramms, 2014) Desta forma, é importanteque o líder se mantenha atento para “qual lugar” suas perguntas estão conduzindo. 3.2 DESAFIAR E DESENVOLVER 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/40 Conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas me lembro. Envolva-me e eu compreendo. (Pensador, 2021) Um dos fortes aspectos da legitimação da liderança é a habilidade de desenvolver o time. E, não raras vezes, o processo de desenvolvimento passa pelo desafio. E as perguntas podem se configurar como ferramenta poderosa neste sentido. E por quê? É vital considerarmos que o indivíduo age de acordo com a própria visão de mundo, que constitui seu “mapa de realidade”. A figura a seguir ilustra o mecanismo de construção e interpretação do que o indivíduo considera “realidade”. 3.2.1 A CONSTRUÇÃO DA REALIDADE Figura 1 – A construção da realidade individual: Como entendemos a realidade? Crédito: Smile ilustras. De acordo com Teles (1984, p. 126), o processo de percepção se dá por meio da seguinte fórmula: M – E – Op – Rep – M` M (o mundo exterior, as coisas do mundo exterior) emite E (estímulos) que chegam até os órgãos receptores do organismo que é simbolizado por Op, isto é, um organismo preparado (caso contrário não reagiria ao estímulo). O organismo preparado reage sempre com Rep, isto é, reage 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/40 sempre de acordo com suas estruturas perceptivas. A resposta perceptiva é M`, coisa representada na mente, mundo representado na consciência. (Teles, 1984, p. 126) Em outras palavras, registramos a realidade não como ela é, mas pelas lentes do nosso modelo mental, a saber: Longe de uma captura de uma absorção pura e simples, o cérebro realiza uma complexa construção de realidade que percebe. Tudo é representado no – e produzido pelo cérebro. O cérebro não absorve o mundo como uma câmera de vídeo. Ele constrói a realidade e essa representação nos parece a representação perfeita do mundo como ele é. Todos nós temos uma experiência subjetiva de mundo composta por diversos elementos: memórias, sentimentos, emoções, planos, percepções sensoriais e tantos outros. Nem todos conscientes, mas eles que compõem a experiência de mundo. O conjunto desses elementos chamamos de mente. (Barros Filho; Calabrez, 2017 p 20-21) Portanto, “uma das ilusões mais persistentes é a crença de que o mundo tal como visto por nós é o mundo real. Raramente colocamos em dúvida nossos modelos do mundo até que sejamos forçados a fazê-lo” (Wind; Crook; Gunther, 2006, p. 36). 3.2.2 MODELOS MENTAIS Desta forma, fica evidente que nos movemos pela vida à luz de nossos modelos mentais, que podem ser compreendidos como “imagens, pressupostos e histórias que trazemos em nossas mentes acerca de nós mesmos, de outras pessoas, das instituições e diversos outros aspectos do mundo e da vida” (Sartor in Angeloni, 2008, p. 153). Os modelos mentais são construídos e influenciados por diversos aspectos, os quais os biológicos, os sociais, os culturais, os econômicos, os tecnológicos, os geográficos, os históricos entre outros. São nutridos por crenças e valores que atuam desde o nascimento e se estendem ao longo da história de cada um, moldando os pensamentos acerca de como as coisas são e como operam (Angeloni, 2008). 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/40 Christophe Boisson/Shutterstock. Modelos mentais atuam como filtros que determinam como percebemos, interpretamos e nos movemos pelo mundo. E, para que o gestor possa de fato atuar como desenvolvedor e mentor do seu time, não raramente se vê diante da tarefa de estimular a expansão dos modelos mentais dos membros do time. A expansão dos modelos mentais abre possibilidades e identificação de diferentes escolhas comportamentais. As organizações funcionam como funcionam pela forma de pensar e agir das pessoas que nela atuam. Somente mudando a forma de pensar das pessoas é que se pode modificar políticas e práticas profundamente enraizadas e obter resultados diferentes (Senge, 2008). 3.3 CONVERSA QUE LEVA À AÇÃO Também denominada de conversa de coaching, a conversa que leva à ação é uma estrutura que passa por diferentes estágios, como ilustra a figura a seguir. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/40 Fonte: elaborado com base em Whitmore, 2006. O ponto de partida é o entendimento da situação atual. Análogo ao GPS que, para traçar a rota, primeiramente precisa identificar com precisão a localização, assim também é a conversa que leva à ação. Como a clareza é a primeira chave para o resultado que se deseja obter, é essencial que este seja bem definido. É então que entra em cena o momento da expansão das ideias, que é o levantamento do conjunto de possibilidades. Vencida essa etapa, é hora de focar no que especificamente será realizado. Temos então o plano de ação. O que, como, quando, por qual motivo, com quem, qual investimento, entre outros. Outro aspecto relevante da conversa que leva à ação é o levantamento frequente dos aprendizados. Como afirma Antony Robbins “não existem fracassos, o que existem são resultados”. Se estamos obtendo resultados diferentes dos desejados, é momento de olharmos para as estratégias, identificar os aprendizados e corrigir a rota, sem o peso do juízo de valor do “erro”. Afinal, como afirmava Ford, “O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência.” (<https://www.pensad or.com/frases_de_henry_ford/>). TEMA 4 – COMUNICAR Comunicação é uma palavra de origem latina, communicatio, que significa “ato de repartir, de distribuir” – “tornar comum”, de communis, “público, geral, compartido por vários”, que remete à comunhão. A comunicação é um importante vetor no exercício da liderança. Mas será que falar é sinônimo de comunicar? Recorremos a lenda de Rui Barbosa para dar início à nossa reflexão. Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se https://www.pensador.com/frases_de_henry_ford/ 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/40 vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus patos, disse-lhe: Oh, bucéfalo anácrono!... Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei á quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. E o ladrão, confuso, diz: Dotô,... Eu levo ou dêxo os pato? (Tiro de Letra, 2021) Crédito: Jefferson Schnaider. Perceba que essa passagem engraçada nos alerta que existe uma diferença entre falar e comunicar. Comunicar implica em fazer sentido ao modelo mental do interlocutor. Por meio da comunicação, acessamos o conteúdo lógico e manifesto do que é expresso pelo interlocutor e pistas significativas de conteúdos psicológicos e latentes que devem ser investigados e aclarados (Lotz, 2018). A comunicação interpessoal eficaz tem o poder de gerar e fortalecer a confiança; construir e fortalecer vínculo, pontes e redes de apoio; encorajar, estimular a si mesmo e ao outro, criar elementos de coesão entre líder e liderados, tornar leve e agradável o convívio social; criar e nutrir imagem positiva do indivíduo do grupo ou da organização (Lotz, 2018). Portanto, tem o poder de inspirar, fortalecer, ampliar perspectivas, construir cenários, impulsionar ações, estimular mudanças. Eis, aí, o grande desafio do líder: comunicar para desafiar, 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/40 apoiar e estimular os aprendizados rumo ao desenvolvimentodo time e o alcance dos resultados desejados para o indivíduo, área e organização (Lotz, 2018). 4.1 LINGUAGEM POSITIVA Linguagem “é a expressão do pensamento e dos sentimentos por meio da palavra, símbolos, imagens e formas artísticas” explica Gama Kury (2002, p. 649). “A linguagem torna nosso mundo interior visível, audível e tangível a outros. Permite-nos compartilhar um mundo de experiências, comunicar ideias abstratas, compreender e sermos compreendidos” (O´Connor, 2003, p. 151). Agora, peço que se detenha com toda a sua atenção nas afirmações a seguir, extraídas de Lotz (2018), e mantenha-se atento às sensações e imagens mentais que lhe ocorrerem: Conjunto 1 - Eu não quero mais levar críticas para o lado pessoal e machucar quando as pessoas me dizem que eu errei! - Acredito que não teremos dificuldade de atingir a meta, pois tenho a certeza de que não haverá empecilhos nem quedas, nem demissões e nem falta de recursos! - Eu não quero que você se sinta pressionado pela diretoria para fazer seu PDI ou pense que está aqui porque seu desempenho está abaixo do esperado ou que você seja despreparado para atingir as suas metas. Reflita a respeito imagens mentais que se desenharam ao ler as afirmações do conjunto acima. Agora, leia atentamente o conjunto de afirmações a seguir: Conjunto 2 - Eu quero considerar o que os meus colegas me dizem como oportunidades de melhorias. Isso fortalece o meu desenvolvimento. - Acredito que teremos tranquilidade para atingir a meta, pois temos o caminho aberto, o nosso time está completo e dispomos de todos os recursos para ter êxito. - Quero que se sinta à vontade para escolher fazer seu PDI, pois se trata de uma oportunidade de fortalecer suas habilidades e competências e acompanhá-lo de modo a apoiar para que você atinja suas metas. Igualmente, detenha-se alguns segundos para refletir sobre as imagens mentais que surgiram das afirmações do segundo conjunto. O que você percebeu? O teor da mensagem é o mesmo. Mas 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/40 as imagens mentais, os sentimentos e estados internos que eliciam são completamente distintos, pois: As afirmações do conjunto 1 evocaram em sua mente imagens e sensações de: críticas, machucar, erros, dificuldade, empecilhos, quedas, demissões e falta de recursos, pressão por desempenho abaixo do esperado; despreparo.... Uau! Parece até que tomamos uma surra, não é mesmo? As afirmações do conjunto 2 trouxeram imagens e sensações de: oportunidades, melhoria, fortalecimento, desenvolvimento, tranquilidade, caminho aberto, êxito, escolher, acompanhar! Agora, voltemos ao exercício da liderança, será que chegaremos ao mesmo ponto utilizando o modelo adotado no conjunto 1, que foca no problema, na dificuldade, no fracasso, ou no conjunto 2, que transfere o foco para o apoio, desenvolvimento, oportunidades? Certamente não! O conjunto 2 utiliza palavras que ativam no cérebro movimento e leveza, ao passo que as utilizadas no primeiro conjunto remetem a peso e paralisia. Nas palavras de Stageman (2014): Nós pensamos em palavras, falamos pelas palavras, ouvimos as palavras. As palavras estão em torno de nós, dentro de nós. Usamos palavras para expressar a nossa alegria, raiva, medo, felicidade, tristeza, frustração e aborrecimentos. No entanto, porque somos como peixes dentro d’água, não estamos conscientes de como as palavras nos afetam, e como mudando a mais simples comunicação isso pode mudar o mundo, o nosso ou de outra pessoa. Como nos expressamos determina o nosso sucesso ou fracasso com as metas, os relacionamentos, a carreira e até mesmo a felicidade. As palavras que usamos com nós mesmos determinam as nossas atitudes, o nosso humor e a nossa saúde. A linguagem positiva posiciona na mente aquilo que se deseja obter em vez do que se deseja evitar. E talvez você esteja se perguntando se existe fundamento científico que respalde a aplicação da linguagem positiva. A resposta é sim. Podemos citar ao menos dois estudiosos do tema: Luis Castellanos e David Snowdon. Luis Castellanos, especialista em neurociência cognitiva e pesquisador, juntamente com sua equipe, investigou o uso da linguagem positiva para elevar o patamar de desempenho e os níveis de felicidade. Uma linguagem o tornará mais feliz 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/40 A pesquisa foi realizada considerando a interpretação dos dados obtidos a partir da reação de um grupo de pessoas diante de palavras positivas, neutras ou negativas. Para confirmar a validade dos estudos, foram realizados exames cerebrais durante o processo. Segundo Castellanos, o tempo de reação do cérebro é ativado com palavras positivas. Por isso, concluiu que este tipo de linguagem permite que os seres humanos se tornem mais atentos, mais criativos e mais perseverantes diante de todo tipo de tarefas, tanto cotidianas quanto extraordinárias. (A mente é maravilhosa, 2016) David Snowdon, também neurocientista, iniciou uma pesquisa sobre a linguagem positiva a partir de um estudo realizado com freiras. Em 2002, David Snowdon publicou 678 Freiras e Um Cientista (em espanhol, Editora Planeta), no qual expunha suas conclusões sobre a comunidade religiosa das Irmãs de Notre Dame, em Minnesota. O estudo tinha como foco as causas do Alzheimer, mas, durante a pesquisa, descobriu outras coisas fascinantes: as freiras com um nível de estudo mais elevado corriam menos risco de morrer antes que o resto. Desse grupo de religiosas, 180 haviam escrito um texto autobiográfico e uma carta explicando as razões para vestir o hábito. A análise ofereceu outra revelação a Snowdon: as freiras que expressavam emoções positivas viveram, em média, sete anos mais do que as que utilizavam uma linguagem mais neutra ou indiferente. Palavras como “feliz”, “enérgico”, “orgulho” ou “risada” prolongam a vida e nos ajudam a conseguir o que queremos; “medo”, “repulsa” ou “vergonha” a encurtam e barram o sucesso pessoal. (El Pais disponível em: <https://brasil.elpais.co m/brasil/2016/06/10/eps/1465590371_214202.html>) Créditos: Yayayoyo/Shutterstock. “Se você usar uma linguagem positiva, viverá mais tempo e poderá atingir metas que outros, nas mesmas circunstâncias, não seriam capazes de alcançar.” Essa afirmação, com ares de charlatanismo, está se transformando em pura ciência graças a pesquisadores que estudam os mecanismos pelos quais o cérebro processa as palavras que dizemos e ouvimos (Snowdon, 2016). Segundo os pesquisadores supracitados, palavras positivas ativam o cérebro e elevam as chances de sucesso, a saber: Temos demonstrado cientificamente que expressões como “confiar em você” ou “genial” são capazes de influenciar nosso cérebro e conseguir que este reaja mais rapidamente e aumente seus https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/10/eps/1465590371_214202.html 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/40 recursos. Devemos ter cuidado com o que dizemos para nós mesmos e para os outros, porque as palavras produzem resultados e mudam nossa percepção e comportamento. (Castellanos, 2016) Castellanos defende que é possível treinar o uso das palavras e mudar a mente. É um caminho que se empreende a partir da tomada da consciência da linguagem utilizada consigo mesmo e com os outros e que faz diferença no exercício da liderança. 4.2 COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA (CNV) Você observou que a forma como nos dirigimos ao interlocutor influencia em grande medida o tipo de resposta que teremos? Observar o padrão de comunicação e buscar emitir estímulos que promovam a colaboração, o entendimento, em vez de reações emocionais que criam fissuras é um importante exercício na prática da liderança. Neste sentido, Araújo (1999) estabelece distinção entre a linguagem do conflito e a linguagem do projeto. Para o autor, a linguagem do conflito se baseia no poder, no imperar a vontade própria sobre os demais, ao passo que a linguagem do projetoé alicerçada no poder pessoal. Observe o quadro a seguir: Quadro 5 – A linguagem do conflito e a linguagem do poder Linguagem do conflito Linguagem do projeto Percepção Quer mudar a percepção do outro Flagra e expõe as contradições do outro Busca identificar erros/pontos fraco Compreende a percepção do outro Coloca-se no lugar do outro Olha para o ponto forte do outro Fonte: Araújo, 1999, p. 90. Comunicação Não Violenta (CNV), um processo que inspirar ação compassiva e solidária fundamentado na empatia, tem se configurado como uma das metodologias mais eficazes para o exercício da linguagem do projeto na prática da liderança e sobretudo na gestão de conflitos. Mas, afinal, o que é a CNV? Rosemberg (2006, p. 21) explica que “a CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 29/40 adversas [...] e ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos o outro”. A comunicação não violenta está alicerçada no conceito da cooperação. Nas palavras de Rosemberg (2006): Nós seres humanos agimos para atender necessidades, princípios e valores básicos e universais. Com a consciência que esta constatação nos fornece, passamos a enxergar a mensagem por trás das palavras e ações dos outros, e de nós mesmos, independentemente de como são comunicadas. Assim, as críticas pessoais, rótulos e julgamentos dos outros, seus atos de violência física, verbal ou social, são revelados como expressões trágicas de necessidades não atendidas. (Rosenberg, 2006) A CNV adota outra forma de abordar todo tipo de situação por meio de quatro ações: a observação; o sentimento; a necessidade e o pedido, como apresenta o quadro a seguir: Quadro 6 – Os componentes da CNV Componente Ação Observação Observar o que de fato está ocorrendo (as ações concretas) e ser capaz de articular essa observação sem fazer julgamento ou avaliação. Sentimento Identificar o sentimento experimentado ao observar a ação (magoado, ofendido, desrespeitado, assustado, alegre, agradecido). Necessidade Reconhecer quais necessidades pessoais (valores, desejos, entre outros) que estão gerando os sentimentos identificados Pedido Enfocar o que se deseja da outra pessoa de forma compassiva, clara e específica Fonte: Elaborado por Lotz com base em Rosemberg, 2006, p. 25 e 26. A CNV estimula o exercício do respeito para consigo e para com o próximo. Por meio de sua prática, buscamos compreender as necessidades do outro, desenvolver a habilidade de escutar a emoção e os sentimentos por detrás dos comportamentos para só então reagir a eles. TEMA 5 – ORQUESTRAR CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS PARA RELACIONAMENTOS E PRODUTIVIDADE Para entender nosso relacionamento com as pessoas, precisamos primeiro entender a nós mesmos. (Bonnstetter, 2016) 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 30/40 O líder hábil em observar, ouvir e comunicar tem maior predisposição a identificar as diferenças individuais e utilizá-las para colocar a pessoa certa no lugar certo em virtude de suas características e habilidades; se comunicar em consonância com o estilo comportamental; identificar necessidades e fatores de afastamentos e utilizar todo esse conjunto de informações para a construção e manutenção de uma equipe de alta performance. Com o objetivo de auxiliar você a identificar com maior clareza as características individuais, recorremos à obra do psicólogo Dr. Willian Mouton Martson, Emotions of Normal People, em Português, A emoção das pessoas normais, de 1928, publicada no Brasil pela primeira vez no ano de 2014. Trata-se da Teoria DISC, alicerçada em quatro fatores: Dominância; Influência; Estabilidade e Conformidade, conforme apresenta o quadro a seguir. Quando 7 – DISC Fator O que avalia D Dominance Dominância Indica como a pessoa lida com problemas e desafios. Principais descritores: competitivo, decidido, direto, orientado para resultados. I Influence Influência Indica como a pessoa lida com outras e as influência. Principais descritores: confiante, inspirador, otimista, popular, sociável, confia nos outros. S Stability Estabilidade Indica como a pessoa lida com mudanças e estabelece o seu ritmo. Principais descritores: agradável, bom ouvinte, paciente, sincero, constante, membro de equipe, estável. C Compliance Conformidade Indica como a pessoa lida com regras e procedimentos estabelecidos por outros. Principais descritores: preciso analítico, perfeccionista, cuidadoso e minucioso. Fonte: elaborado por Lotz com base em Ribas, 2018. 5.1 O QUE É O DISC? A sigla DISC é composto pelas primeiras letras das palavras Dominance (D), Influence (I), Steadiness (S), e Compliance ou Conscientiousness (C), fatores que alicerçam a teoria, e ofereceram a base científica para a construção da ferramenta, a saber: 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 31/40 DISC é um instrumento de análise comportamental, com base na teoria postulada pelo psicólogo Dr. Willian Mouton Marton em seu livro “Emotions of Normal People (1928) – publicado no Brasil pela primeira vez em 2014 – que determina alguns padrões de comportamento. Os 4 fatores: O DISC é um instrumento que permite através de observações de pessoas, determinar padrões de comportamento, são analisados nessas observações quatro dimensões, ou seja, um conjunto de comportamento que pode ser descritos e agrupados por: DOMINÂNCIA, INFLUÊNCIA, ESTABILIDADE e CONFORMIDADE. (DISC, 2021) O quadro a seguir apresenta uma síntese de cada fator DISC. Quadro 8 – Fatores DISC: descritores, necessidades e fatores de afastamento DOMINANCIA INFLUÊNCIA ESTABILIDADE CONFORMIDADE Descritores Descritores Descritores Descritores Agressivo Aventureiro Competitivo Corajoso Decidido Determinado Direto Dominador Enérgico Firme Impaciente Iniciador Inovador Objetivo Orientado para desafios Orientado para resultados Ousado Persistente Pioneiro Rápido Vigoroso Carismático Comunicativo Confiante Convincente Cordial Efusivo Eloquente Encantador Entusiasta Espontâneo Expressivo Falante Gregário Influenciador Inspirador Mente aberta Otimista Persuasivo Sociável Vaidoso Acolhedor Agradável Amigável Bom ouvinte Calmo Compreensivo Consistente Cooperativo Estável Gentil Membro de equipe Metódico Paciente Pacífico Planejador Possessivo Previsível Sentimental Sereno Sistemático Suave Altos padrões Analítico Cauteloso Conforme Consciencioso Contido Cuidadoso Diplomático Discreto Exato Factual Formal Moderado Organizado Perfeccionista Ponderado Preciso Questionador Regrado Reservado Sensível Necessidades Necessidades Necessidades Necessidades Obter resultados Resolver os problemas Liberdade para agir individualmente Reconhecimento pelas suas ideias Reconhecimento social Construir uma harmonia Status e prestígio Pertencimento Aceitação social Ambiente de trabalho estável Segurança Não sofrer pressão, Apoio ao trabalhar em equipe Conhecimento específico do trabalho Compreensão exata das regras Tempo para estudar e treinar Ver o produto acabado Não ser expostos ao risco de errar 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 32/40 Controle de suas próprias atividades Oportunidade de provar sua capacidade Não ter de mudar prioridades Reconhecimento por um trabalho sem erros Fatores de Afastamento Fatores de Afastamento Fatores de Afastamento Fatores de Afastamento Morosidade Ineficiência Intolerância Impaciência Desarmonia Confrontos Conflitos Desprestígio Impaciência Intolerância, insegurança Falta de reconhecimento Indisciplina Falta de comprometimento desorganização e pressão Fonte: Bonnstetter; Ribas, 2016, p. 55, 68, 81, 93. Aqui apresentamos em linhas gerais os perfis de forma pura. Cada ser humano é uma combinação únicadesses fatores, assim como a intensidade de cada fator, aliada a outros aspectos da personalidade, dos motivadores, da trajetória de vida fazem de cada ser humano único, não passível de rótulos. Imagine um grande quebra cabeças, delicado e complexo. Assim é cada pessoa. A DISC é análoga a apenas uma dessas peças. 5.2 FATORES COMPORTAMENTAIS E PRODUTIVIDADE Estar ocupado é uma forma de preguiça – pensamento preguiçoso e ação indiscriminada. Ser seletivo – fazer menos – é o caminho do produtivo. A falta de tempo é, na verdade, uma falta de prioridades. (Ferriss, 2020) Você sabia que os fatores comportamentais influenciam diretamente não apenas na comunicação, no estilo de dar e receber feedback, mas também no estilo de produtividade do profissional? De acordo com estudos de Carson Tate, registrados em sua obra intitulada Work Simply: Embracing the Power of Your Personal Productivity Style Hardcover, publicada em 2015, as pessoas têm estilos de produtividade diferentes e, quando identificados, podem contribuir de forma significativa no estilo de comunicação, na adoção de ferramentas e na observação de pontos que podem produzir conflitos. Conheça, a seguir, de forma ampla, cada um dos estilos que são classificados em: priorizador; planejador; arranjador e visualizador. Quadro 9 – Estilo Priorizador 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 33/40 PRIORIZADOR PONTOS FORTES Tomada de decisão Priorizando Analisar Resolução de problemas CUIDADO COM Conversa fiada: prefere tomar decisões individualmente, pois compartilhar dados e aguardar a coletividade pode lhe soar como perda de tempo, dado que ele já sabe exatamente o que fazer tendo em vista o resultado que deseja obter. Não invista tempo no "como": não apreciam se concentrar em como as coisas serão concluídas, apenas da maneira mais rápida que podem ser concluídas. Rígido, controlador: gostam de dar as regras do jogo, são movidos por desafios, competitivos e automotivados. APRECIA DESAGRADA COMUNICAÇÃO Análise crítica Debate baseado em fatos Eficiência Respostas a perguntas que tragam fatos concisos e precisos Tempo de má gestão Conversa fiada Dados e fatos imprecisos ou incompletos Instruções vagas Prefere perguntas de "O quê" Fazer: O que X faz? Problemas: Quais são os problemas? Resultados: Quais são os resultados? ESTILO DE TOMADA DE DECISÃO Primeiramente, reúne todos os fatos, depois analisa problemas e desenvolve hipóteses. Argumenta de forma racional e busca a lógica para solucionar problemas. AMBIENTE Espaço de trabalho com visual profissional; limpo e ordenado, há pouca ou nenhuma decoração que remeta a aspectos pessoais da sua vida FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE Ferramentas de rastreamento de tempo Aplicativos de lista de tarefas 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 34/40 Fonte: elaborado por Lotz com base em Barbosa, 2020. Em síntese, podemos observar que o profissional com estilo de produtividade priorizador é pensador analítico; realista e lógico, portanto, aprecia fatos e dados e, por causa de seu foco, vai diretamente ao objetivo, sem muitas conversas ou aberturas à participação da equipe. Prioriza, de forma rigorosa suas tarefas, focando em executá-las em ordem de alta prioridade. Quadro 10 – Estilo Planejador PLANEJADOR PONTOS FORTES Detalhes Planejamento, agendamento e organização Antecipando problemas Gerência de projetos CUIDADO COM Não funciona bem sem um plano: não aprecia mudanças que não tenham sido bem pensadas e avaliadas, investe grande tempo planejando e não gosta de ser “pego de surpresa” pelo caminho. Longe de serem espontâneos: frequentemente, perdem oportunidades por causa de sua resistência em desviar-se do plano. APRECIA DESAGRADA COMUNICAÇÃO Cronograma/plano de ação Acompanhamento Consultas em tempo hábil Acabativa Fazer uma coisa de cada vez, início, meio e fim Trabalho de última hora Trabalho tardio Falta de agenda Desorganização Fazer várias coisas ao mesmo tempo sem poder concluir nenhuma Prefere perguntas de "Como" Com que frequência o X ocorre? Como você quer abordar este projeto? ESTILO DE TOMADA DE DECISÃO O Planejador é prático e aborda a tomada de decisão de forma estruturada. Apresenta forte habilidade de encontrar falhas negligenciadas lendo os detalhes que outros ignoram. Uma vez que um planejador tenha tomado sua decisão, mantém-se firme a ela. AMBIENTE O espaço de trabalho prima pela praticidade e apresenta visual tradicional, apenas com itens absolutamente necessários, com credenciais profissionais e objetos oriundos de premiações recebidas. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 35/40 FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE Aplicativos de calendário Planejadores de projetos Fonte: elaborado por Lotz com base em Barbosa, 2020. Organizar é ação de ordem do planejador. Aprecia definição clara de estratégia, início, meio e fim. Pensa de forma cuidadosa em todas as etapas do projeto. Quadro 11 – Estilo Arranjador ARRANJADOR PONTOS FORTES Comunicação Empatia Colaboração Intuição Ensino CUIDADO COM Falar demais: é importante cuidar com a ação e não apenas com falar sobre as ações. APRECIA DESAGRADA COMUNICAÇÃO Histórias Conversas Sentimentos Fazer perguntas e abordar preocupações Reconhecimento e apreciação Quando as pessoas confiam demais em dados e fatos Quando as pessoas estão frias ou muito sérias Falta de interação pessoal Tom de urgência ou demanda Prefere perguntas de "Quem" Stakeholders Primários: Quem são os principais stakeholders? Benefício: Quem será mais beneficiado com esse projeto? Envolvimento: Quem mais está envolvido? ESTILO DE TOMADA DE DECISÃO O Arranjador toma decisões intuitivamente e de forma empática. Apresentam forte habilidade em reconhecer dificuldades interpessoais e captam sinais de estresse não verbais. AMBIENTE 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 36/40 Seu ambiente costuma ser acolhedor e convidativo com a prevalência de fotos pessoais FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE Ferramentas de aprimoramento de foco Materiais de escritório visualmente atraentes Ferramentas de colaboração Fonte: elaborado por Lotz com base em Barbosa, 2020. Ao contrário dos anteriormente apresentados, o estilo de trabalho do Arranjador é emocional e intuitivo. Aprecia interações, reconhecimento e sentir-se apreciado são aspectos determinantes para a produtividade deste profissional. Quadro 12 – Estilo Visualizador VISUALIZADOR PONTOS FORTES Conectando os pontos Ideias inovadoras Pensamento estratégico Solução criativa de problemas Mente aberta CUIDADO COM Descarrilamentos de projetos: o Visualizador tem um monte de ideias que podem inviabilizar projetos. Assim como sua espontaneidade e impulsividade. E-mails longos e incorridos: seu estilo de trabalho tende a fazê-los escrever e-mails longos, cheios de toneladas de conceitos e ideias. APRECIA DESAGRADA COMUNICAÇÃO Estruturas amplas Conectar os pontos entre abordagens Ideias Detalhes Prefere perguntas de "Por quê". Por que esse processo é melhor? Por que fazemos as coisas assim? ESTILO DE TOMADA DE DECISÃO 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 37/40 Os visualizadores tomam decisões, gerando suas próprias soluções para os problemas. Eles são muito perceptivos e sabem quando as coisas estão prestes a mudar, levando-as a desafiar políticas ou sistemas estabelecidos e desatualizados. AMBIENTE Seu espaço é tipicamente descontraído e original, com ênfase no espaço e na luz. Eles também preferem esquemas coloridos, variados e decorativos que são visualmente atraentes. FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE Mindmaps Post its coloridos; canetas coloridas Fonte: elaborado por Lotz com base em Barbosa, 2020. O Visualizador é intuitivo e demostra elevada capacidade para quebrar e combinar diferentes elementos de um projeto. Pode trabalharmuito bem sob pressão e aprecia estar envolvido em diversos projetos ao mesmo tempo. Portanto, o líder que observa seus liderados, identifica suas características, necessidades, pontos de força, pontos de atenção, fatores que os desafiam e sabe comunicar-se de forma assertiva, promove engajamento, desenvolvimento, sentido de identidade ao time, cujo reflexo é amplamente observado na produtividade. Ser líder é ser explorador. Nas palavras de Covey “Não devemos parar de explorar. E o fim de toda nossa exploração será chegar ao ponto de partida e ver o lugar pela primeira vez”. (Stephen R. Covey) FINALIZANDO Esta aula tratou de liderança, trouxe temas relacionados aos atributos e habilidades essenciais para o líder. Você aprendeu sobre a escuta ativa, escuta empática e a aplicação de ambas para a construção e manutenção do rapport, a base da confiança por onde se pavimenta a liderança. Avaliou o poder das perguntas, com seus respectivos propósitos e significados para levantar informações, desafiar comportamentos, desenvolver pessoas e promover mudanças. Avaliou a relevância da comunicação para os processos de liderança e conheceu a estrutura da linguagem positiva e da 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 38/40 comunicação não violenta. E, por fim, conheceu características individuais por meio das quais o líder pode construir um ambiente saudável nas relações e altamente produtivo. REFERÊNCIAS ALVES, R. O amor que acende a lua. Disponível em: <file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Livro+O+Amor+Que+Acende+a+Lua+-+Rubem+Alves.pdf>. A MENTE é Maravilhosa. Uma linguagem positiva o tornará mais feliz. 2016. Disponível em: <https://amenteemaravilhosa.com.br/linguagem-positiva-mais-feliz/>. Acesso em: 22 set. 2021. ARAÚJO, A. Coach: um parceiro para o seu sucesso. São Paulo: Gente, 1999. BARBOSA, S. Os 4 estilos de produtividade: identifique o seu para desenvolvê-la!. Disponível em: <https://www.napratica.org.br/estilos-de- produtividade/#:~:text=%20Os%20quatro%20estilos%20de%20produtividade%20%201,expressivo%2 0e%20emocional.%20Eles%20se%20destacam...%20More%20>. Acesso em: 22 set. 2021. BONNSTETTER, B. J.; RIBAS A. Manual definitivo DISC. São Paulo: Success For You Editora, 2016. CONCEITO de. Conceito de empatia. 2011. Disponível em: <https://conceito.de/empatia>. Acesso em: 22 set. 2021. CHUNG, T. A qualidade começa em mim: manual neurolinguístico de liderança e comunicação. Osasco: Novo Século, 2002. DISC. Disponível em: <www.disc.com.br>. Acesso em: 22 set. 2021. FABOSSI, M. 4 importantes perguntas. BLOG do Fabossi, dez. 2017. Disponível em: <http://www.blogdofabossi.com.br/2017/12/4-importantes-perguntas/>. Acesso em: 22 set. 2021. FORD, H. Frases de Henry Ford. Pensador, 2021. Disponível em: <https://www.pensador.com/frases_de_henry_ford/>. Acesso em: 22 set. 2021. FONTGALLAND, R.; MOREIRA, V. Da empatia à compreensão empática: evolução do conceito no pensamento de Carl Rogers. Memorandum, 23, p. 32-56, 2012. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/a23/fontgallandmoreira01>. Acesso em: 22 set. 2021. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 39/40 HERMAN A. E. Inteligência visual: aprenda a arte da percepção e transforme sua vida. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. HIVE Team. Do You Know Your Productivity Personality? 2020. Disponível em: <https://hive.com/blog/work-style/>. Acesso em: 22 set. 2021. KNAPP, M. L. La comunicación no verbal: el cuerpo y el entorno. Barcelona: Paidós, 1980. LEHER, J. O momento decisivo. Editora Best Business, 2010. LOTZ, E. G; GRAMMS, L. C. Coaching e mentoring. Curitiba: Intersaberes, 2014. _____. Gestão de talentos. Curitiba: Intersaberes, 2012. MARTSON, W. M. A emoção das pessoas normais. São Paulo: Success For You Editora, 2014. MULLER, J. Escuta ativa: o que é, como fazer, princípios e dicas. LEADS blog, dez. 2020. Disponível em: <https://leads2b.com/blog/escuta-ativa/>. Acesso em: 22 set. 2021. MUNDO Carreira. Existem 4 estilos de produtividade: Você sabe qual é o seu?. Disponível em: <http://mundocarreira.com.br/produtividade/existem-4-estilos-de-produtividade-voce-sabe-qual-e- o-seu/>. Acesso em: 22 set. 2021. NOGUEIRA, N. O que é escuta ativa? Disponível em: <https://www.portal- gestao.com/artigos/6451-o-que-%C3%A9-a-escuta-activa.html>. Acesso em: 22 set. 2021. O’CONNOR, J; SEYMOUR, J. Introdução a programação neurolinguística. São Paulo: Summus, 1995. PASSADORI, R. Conceito de empatia. 2012. Disponível em: <https://www.catho.com.br/carreira- sucesso/colunistas/convidados/rapport-voce-sabe-o-que-isso-significa/>. Acesso em: 22 set. 2021. PENSADOR. Frases de liderança. Disponível em: <https://www.pensador.com/frases_de_lideranca/>. Acesso em: 22 set. 2021. RIBAS, A. DISC: tudo o que você precisa saber mesmo. São Paulo: Success For You Editora, 2018. ROBBINS, A. Poder sem limites. Editara Best Seller. 04/10/2022 20:54 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 40/40 ROSENBERG, M. Comunicação não violenta: técnicas para aprimoramento dos relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Agora editora, 2003. STAGEMAN, S. A linguagem e o Sucesso. Disponível em: <https://golfinho.com.br/artigo/a- linguagem-e-o-sucesso.htm>. Acesso em: 22 set. 2021. TIRO de Letra. O roubo do pato. Disponível em: <http://www.tirodeletra.com.br/piadas/Oroubodopato.htm>. Acesso em: 22 set. 2021. WILLIAN, M.; PENMAN, D. Atenção plena, mindfulness: como encontrar paz em um mundo frenético. Rio de Janeiro: Sextante, 2015. Recomendamos que perguntas do tipo “por quê? sejam feitas em momentos muito específicos e com cautela, dado que elas eliciam justificativas e estas tendem a remeter a apatia e a ausência de movimento para mudança. [1]
Compartilhar