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LOGÍSTICA EMPRESARIAL AULA 1 Prof. Sérgio Luiz Pirani 2 CONVERSA INICIAL A logística é oriunda do tempo de guerra, assim nasce para vencer adversidades, levando suprimentos nas áreas mais difíceis, de difícil acesso, a qualquer hora e lugar, para entregar em tempo hábil todas as necessidades solicitadas pelas tropas na quantidade, no local e exatamente o que foi solicitado pelo responsável pelo pedido, nascendo, assim, o primeiro conceito de logística. Por ter a função de suprir as necessidades daqueles que estavam à frente das batalhas, a função da logística era vital para o sucesso operacional das tropas que estavam nesses locais. Imaginando esse cenário e o conceito empregado às atividades logísticas, podemos perceber que aplicação do conceito logístico advindo da guerra é muito atual e as empresas da atualidade aplicam essas atividades, entregar no local correto exatamente o que foi pedido e no tempo firmado entre as partes, vendedor e comprador. A logística é considerada, hoje, como estratégica para as organizações, pois essas perceberam que eram nos processos logísticos, como transporte, armazenagem, distribuição e compras, que poderiam economizar e ter vantagem competitiva entre seus pares. A logística empresarial trabalha em consonância com o sistema produtivo de uma organização, assim os processos de produção são fortemente ligados à logística operacional, pois o setor de compras (logística) é ativado pelo setor de Planejamento, Programação e Controle da Produção – PPCP, atingindo diretamente outros setores logísticos e administrativos da organização, como recebimento, armazenagem e estocagem de materiais para a produção, que são inerentes à logística operacional e atingem diretamente o setor financeiro, para alocação de recursos de capital, como também o setor de marketing, que é responsável pela demanda de mercado, pesquisas e geralmente das previsões de demanda. Podemos perceber nessa conversa inicial que a Logística Empresarial é de fato estratégica para as organizações e pode-se perceber, também, que os setores de produção e logística são inseparáveis no setor manufatureiro. 3 Mas afinal o que é de fato Logística Empresarial? Então, vamos ver as evoluções conceituais e a atuação da Logística Empresarial nas organizações? TEMA 1 – LOGÍSTICA EMPRESARIAL - CONCEITOS Na atualidade, ainda é possível perceber fortemente os efeitos da internacionalização da economia, há empresas que eram consolidadas no mercado há décadas e que ruíram, trazendo enorme surpresa para o mercado de negócios, há empresas que surgem rapidamente e agigantam-se em um cenário nunca visto antes. O que podemos afirmar no presente é que as mudanças estão ocorrendo com maior velocidade a cada ano que passa e, em um cenário como esse, as empresas que se colocarem em uma posição insular terá dificuldades em ser competitiva, pois as inovações são mais rápidas e eficazes quando se trabalha em parceria com outras empresas. Isso porque, quando as organizações inovam, segundo Nonaka e Takeushi (citado por Herek; Colla; Pirani, 2008) elas não só processam informações de fora para dentro, veja a figura 1, com o intuito de resolver problemas existentes e se adaptar ao ambiente em transformação, mas também criam novos conhecimentos e informações de dentro para fora, a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções e, nesse processo, recriar seu meio. Figura 1 – A criação do conhecimento e sua externalização nas organizações Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997) elaborado com base em Balestrin, Vargas e Fayard (2003 citado por Herek, Colla; Pirani, 2008). 4 É no contexto da formação do conhecimento que a Logística empresarial deve agir, uma vez que seus processos atinge uma rede de fornecedores e clientes. Observe que o conceito de Logística Empresarial ou Logística Tradicional pertence à área de gestão de uma organização e atua diretamente na organização dos processos produtivos de uma empresa, como a compra de insumos (seleção de fornecedores, formação de parcerias, desenvolvimento de produtos e aquisição), armazenagem (recebimento, conferência, endereçamento e guarda), movimentação e gestão de materiais e estocagem e expedição de produtos acabados no processo final de produção. Assim podemos perceber que a troca de conhecimento deve ser inerente aos processos de aprendizagem da empresa. A denominada Logística Tradicional, veja a figura 2, tem alguns adendos que complementam a Logística Empresarial, uma vez que essa, além de ser responsável pela movimentação física dos bens, da gestão e distribuição de materiais, compras e produção, abrange também os setores de vendas e de distribuição, que é atrelada ao setor de marketing, atingindo a gestão e manutenção de estoques. Figura 2 – Processos logísticos tradicionas Créditos: Hilch/Shutterstock. 5 Observe que são atividades-chave dentro de uma organização, daí a grande preocupação das empresas com esse setor, pois é a otimização em cada um dos elos da cadeia, armazenagem, compras, expedição, por exemplo, e farão os custos serem os menores possíveis, gerando, assim, maiores margens de lucros, permitindo que a empresa seja mais flexível em seus preços, tornando-a mais competitiva em relação aos seus pares. Anteriormente, salientamos que a empresa do ramo manufatureiro e logístico trabalha com uma rede de fornecedores e clientes, ou seja, estamos falando da Cadeia de Suprimentos dos produtos que serão transformados em bens de consumo e que, assim como a logística empresarial, devem ter todos os seus processos integrados para maior eficiência e menores custos nas realizações dos processos logísticos do início da cadeia, da matéria-prima ao consumidor final. Então, vamos ver um pouco mais sobre a gestão da cadeia de suprimentos? 1.1 A cadeia de suprimento e seu papel nas organizações Entre as décadas de 80 até o final da década de 90, houve grandes transformações nas atividades inerentes à logística e produção nas empresas, ocorrendo a disseminação de técnica e filosofias japonesas, como a filosofia just in time, kanban e Quality Function Deployment (QFD). Essa última somou-se ao movimento da qualidade total nas organizações e nessa esteira, ainda, soma-se o Controle Estatístico do Processo – CEP, engenharia simultânea e o Single Minute Exchange os dies – SMED, ou troca rápida de ferramenta que pertence a filosofia enxuta de gerenciamento. Essas técnicas e filosofias foram largamente disseminadas e adotadas nos meios organizacionais e logicamente que no meio de todas essas mudanças houve a evolução de dois conceitos que ainda trazem discussões entre alguns autores. 6 Figura 3 – Exemplo de medidas de tempo de um SMED Créditos: Nopparat S/Shutterstock. O primeiro conceito a acompanhar essas inovações e mudanças foi o conceito da logística, que passa ser denominada como Logística Integrada, tendo a sua origem no início da década de 1980. O que contribuiu fortemente para a evolução desse novo conceito foi tecnologia da informação, que passa a ser mais acessível e disseminada nas grandes e médias empresas na ocasião. Já nos meados da década de 90, surge o conceito de Gestão da Cadeia de Suprimento, conhecida amplamente como Supply Chain Management – SCM, (veja o sistema de uma cadeia de suprimentos na Figura 4). Há alguns autores que defendem que SCM é só um nome pomposo para logística integrada, mas, fazendo uma breve análise, pode-se perceber facilmente as diferenças entre as duas: a logística integrada, como o próprio título sugere, é a integração de todos os processos logísticos, assim como a integração de todos os setores de uma empresa, marketing, finanças, produção, logística, transportes etc. 7 Figura 4 – Sistema de uma cadeiade suprimento – manufatura, logística, transporte, consumidor, armazém etc. Créditos: Mari Kova/Shutterstock. A cadeia de suprimentos quebra as fronteiras da organização tanto a montante, ou para trás (fornecedores), como a jusante, ou para frente (clientes consumidores), abrangendo relacionamentos mais estreitos entre as partes, organização, fornecedores e consumidores finais. A cadeia de suprimento abrange, ainda, desenvolvimento de novos produtos com parceiros, pesquisas de mercado e de inovação e, logicamente, a gestão de toda a rede a montante e a jusante, o que a distingue da logística integrada. Assim pode-se adotar o conceito dado por Chopra e Meindl (2003, p. 3), onde afirmam que uma cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimento não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. A Figura 5 demonstra de modo simplificado uma estrutura de cadeia de suprimento, em que ilustra a matéria-prima sendo transportada para a transformação em uma indústria, uma vez transformada é transportada para o varejo e disponibiliza o produto para o consumidor final. A figura 4 demonstra uma visão linear, porém embora seja denominada como cadeia de suprimento, na verdade é uma rede, pois engloba todos os estágios de produção desde a montante, com vários fornecedores, quanto a jusante com uma infinidade de clientes que podem ser consumidores finais ou não dos produtos da empresa. 8 Figura 5 – Estrutura simplificada de uma cadeia de suprimento Fonte: Pirani, 2021. É toda essa complexidade que torna difícil a sua implantação nas organizações, pois demanda um nível de conhecimento não só da logística interna, mas demanda forte conhecimento de seus fornecedores e clientes, e torna necessário realizar o mapeamento da cadeia de suprimento para que isso aconteça. Vamos ver como funciona o mapeamento da cadeia de suprimento? 1.2 Mapeamento da cadeia de suprimento Até pouco tempo atrás, o mapeamento da cadeia de suprimento não era uma preocupação das empresas de um modo geral, de modo que buscava-se selecionar bons fornecedores e clientes e se davam por satisfeitas. No entanto, mesmo tendo critérios rígidos de seleção de fornecedores, muitas empresas eram pegas de surpresa ou por quebra de fornecimento de materiais ou por falências ou simplesmente porque um ou outro fornecedor saía do ramo, comprometendo seriamente a atividade da empresa que dependia do fornecimento dos materiais para as suas atividades. A experiência advinda desse cenário mudou a visão das empresas que viram que somente a seleção rígida de fornecedores e clientes não era o suficiente para que houvesse segurança e constância nos negócios e produção. Assim, o mapeamento da cadeia de suprimento busca estreitar os relacionamentos entre as empresas, em uma troca de conhecimentos e maior transparências nas negociações, uma vez que ambos os lados buscam se conhecer mais profundamente, na busca de deixar claro o papel de cada um na cadeia e sua importância dentro dos processos e impactos gerados, caso haja 9 falhas de um dos lados. Com isso, busca-se aprimorar as atividades inerentes a cada um dentro da rede da cadeia de suprimento na busca de cada um entenda o papel de todos na rede e impactos gerados caso um deixar de cumprir o seu papel corretamente. Veja, na Figura 6, o mapeamento em níveis de relacionamento entre as partes, em preto no centro está a empresa focal, “1 e n tracejado” em cinza claro indica as empresas que não são membros da cadeia de suprimento da empresa focal. A montante, ou para trás, estão os fornecedores em três níveis, nível 1(tiers 1 suppliers), que são os fornecedores primários que podem ser fornecedores de matérias-primas ou parte de produtos que fazem parte da produção de um determinado produto da empresa focal, nível 2 e nível 3. A jusante, ou para frente, estão os consumidores em três níveis, o primeiro nível (tier 1 customers) pode ser um distribuidor ou atacadista, no segundo nível estão os varejistas e por fim os consumidores finais no terceiro nível. As linhas em negrito indicam um relacionamento entre as partes mais sólido e transparente, pois, de certa forma, esses são os principais fornecedores. Assim a empresa focal pode, inclusive, participar da gestão de desenvolvimento de novos produtos e processos e ter forte participação na gestão de fornecimento pela empresa fornecedora principal, pois trata-se de fornecimento crítico, ou seja, se houver qualquer problema no fornecimento a empresa foco pode parar a produção. 10 Figura 6 – Mapeamento da cadeia de suprimento em níveis de relacionamento Fonte: Lambert, s/d, p.14. O relacionamento buscado no mapeamento da cadeia não requer simplesmente somente um relacionamento mais estreito, busca, também, uma parceria sólida para que haja aprendizagem e, com isso, o desenvolvimento de novas tecnologias em processos e produtos que possam melhorar substancialmente os trabalhos de ambos os lados, trazendo ganhos em tempo e dinheiro para as organizações. Nesse contexto, busca-se otimizar a gestão do relacionamento e serviço com os clientes. Junto com o marketing, aprimoram-se as previsões e gestão da demanda para que o atendimento dos pedidos vinculados ao fluxo produtivo seja mais assertivo, denotando aí a importância do relacionamento mais estreito e transparente com os fornecedores, permitindo o desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos, facilitando a comercialização desses e, logicamente, possibilitando uma melhor gestão de retornos da rede de suprimento a montante e a jusante. O mapeamento da cadeia proporciona, também, a análise crítica de fornecimento, uma vez que o relacionamento baseado na transparência indica a situação financeira das partes em todos os níveis. Além disso, também se conhece a cadeia de fornecimento dos parceiros, o que permite prever a curto prazo a criticidade de fornecimento, pela parte dos fornecedores, se esse estiver 11 por vir. Assim, com informações em tempo real, a empresa pode tomar decisões mais assertivas para evitar falta de abastecimento a curto prazo. Acredito que tenha observado que as relações, no que se refere ao mapeamento da cadeia de suprimento, está alicerçada nos fluxos de informações que abrange não só as empresas mapeadas, mas todos os processos logísticos das partes. Vamos ver como isso funciona? TEMA 2 – FLUXO DE INFORMAÇÕES NOS PROCESSOS LOGÍSTICOS Há pouco tempo, historicamente falando, os fluxos de informações de qualquer organização se baseavam em papeis, as comunicações se davam por memorandos, cartas, avisos, requisições etc., assim as informações não eram tão confiáveis e poderiam vir carregadas de erros além da lentidão. Imagine você ter que comunicar uma filial por meio de documento escrito sobre uma decisão estratégica e sigilosa, ou essa informação seria enviada por um veículo da empresa por um motorista de confiança ou via correios, por exemplo. O tempo e os problemas que poderiam acontecer são inimagináveis na atualidade, mas era assim que funcionava. Hoje, com a evolução tecnológica e com seus custos de implantação decrescente a cada dia, tornou-se ponto-chave para que os fluxos de informações das empresas funcionem em tempo real, as reuniões por exemplo, podem ser realizadas por vídeo conferência, sendo que seus participantes podem estar nas mais diversas partes do mundo, desde que tenham acesso à rede mundial de computadores. Dessa forma os fluxos de informações nas atividades logísticas, Figura 7, tornaram-se estratégicos em relação ao tempo que ocorre o fluxo de informação – um pedido urgente, por exemplo, pode acontecer de forma praticamente instantâneae a empresa que recebe esse pedido, pode então, priorizar a entrega ao seu parceiro evitando prejuízos a mesma. 12 Figura 7 – Fluxo de informações nos processos logísticos em indústria 4.0 Créditos: Pavlo S/Shutterstock. Se buscarmos na literatura da área, iremos perceber que, ao longo do tempo, a logística se concentrou fortemente em fluxos de bens, pois a cultura das empresas do ramo concentrava-se na movimentação de produtos e não davam a devida atenção ao fluxo de informações. Mas com o desenvolvimento dos sistemas de informações essa cultura mudou, pois foi percebido que, se há um fluxo de produtos acontecendo, ele se alicerça nos fluxos de informações e na precisão e tempo em que as informações chegam até seu destino. No que tange ao fluxo de informações destinado aos clientes, por exemplo, este pode acompanhar o andamento de seu pedido em tempo real, podendo analisar se o pedido já saiu do depósito e se obedecerá a programação da entrega contratada na hora da compra. Observe que estamos falando em sistemas de informações e sistemas integrados de comunicação entre empresas, fornecedores e consumidores finais, e é nesse aspecto que o fluxo de informações se torna estratégico para as organizações, uma vez que todas as partes envolvidas podem acompanhar com transparência todos os processos logísticos envolvidos na operação. Pode-se perceber, nesse contexto, que há uma junção entre os fluxos de informações e fluxos de materiais, pois um depende do outro diretamente. Agora vamos analisar como é realizada a gestão do fluxo de materiais com as informações advinda das redes de relacionamentos. 13 2.1 Fluxo de informações na gestão de materiais Há uma concordância unânime entre as organizações que dependem de estoques, que esses, são responsáveis pela destinação de grande parte do capital que a empresa desprende para investimentos. Quando falamos em estoques, falamos diretamente na gestão de materiais, pois há inúmeros processos que devem ser obedecidos para que a empresa tenha o material necessário na quantidade, qualidade e tempo estipulados na negociação. Assim, para que se tenha estoques, mesmo que seja o mínimo necessário, esse deverá ser adquirido, assim há o processo de aquisição, recebimento e conferência dos materiais adquiridos, há o processo de seleção e endereçamento para que haja a armazenagem dos itens, há a movimentação de materiais que devem ser planejadas para que se movimente o mínimo possível, há ainda expedição de materiais, seja para o sistema de produção ou para o consumidor final. É fácil perceber que o fluxo de informação nos processos de gestão de materiais deve ser integrado com todos os setores da empresa como, finanças, produção, compras etc. no intuito de minimizar os estoques e isso só é possível quando há a integração das informações a montante e a jusante em tempo real. Os fornecedores que trabalham integrados, e por ponto de pedido, sabem exatamente a quantidade e o momento que deve enviar os materiais à empresa parceira, assim a compradora não precisa dispor de estoques imensos para ter um bom nível de serviço, pois o parceiro, em contrato previamente firmado, entregará os materiais em pequenos lotes, conforme a necessidade da empresa, diminuindo significativamente os estoques e os custos desprendidos na sua gestão (movimentação, guarda, energia, expedição etc.). Veja a Figura 8. 14 Figura 8 – Sistema integrado de fornecedores para uma empresa central Créditos: Panchenko Vladimir/Shutterstock. Com a preocupação de minimizar os estoques para diminuírem cada vez mais os custos operacionais, as empresas investem em tecnologias de informação, de processos e relacionamentos diferenciados com fornecedores, tonando, assim, esses fatores estratégicos para uma gestão que gere resultados positivos para a empresa. Vamos ver, a seguir, algumas estratégias adotadas por empresas para se tornarem mais eficientes em seus processos logísticos. 2.2 Estratégias logísticas possibilitadas pelos sistemas de informações As empresas, na busca de maior eficiência, procuram constantemente inovações em processos e em Tecnologia de informações – TI, para que se tornem mais competitivas. Esses investimentos estão crescendo desde a década de 70, pois, segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2006, p. 287), a FEDEX foi a primeira a oferecer serviços de entregas para o dia seguinte, em 1973, nos Estados Unidos. No final dos anos 80, com elevados investimentos em TI, ela passou a ter o controle de todo o ciclo de pedido do cliente. Com isso, podia manter total rastreabilidade do pedido. 15 Outras empresas na atualidade adotam esse processo como vantagem competitiva e são responsivas em seus processos, pois o sistema de informação atua interligado em todas as atividades logísticas, em um processo integrado de gestão, permitindo que os gestores possam controlar todas as operações em tempo real em toda a cadeia logística. Por exemplo, uma empresa distribuidora de secos e molhados faz uma linha de entregas de pedidos semanalmente, em uma determinada região. Os entregadores ficam on-line em tempo integral com a empresa e passando constantemente informações. Supondo que haja um acidente causado por uma tempestade no trajeto, uma ponte ruiu, essa informação é passada para a empresa que já toma as decisões necessárias para as próximas entregas, definindo um novo trajeto e os custos desse novo trajeto, afim de montar um plano de ação para não absorver os custos marginais gerados pela nova rota. Pode, assim, ratear os custos inerentes a esse novo caminho em unidades de produtos para que o cliente final não sinta os novos preços de forma mais “pesada”. A empresa, dessa forma, pode realizar um controle gerencial mais preciso, utilizando as informações precisas enviadas pelo pessoal de frente. Além disso, pode ainda medir o desempenho nas atividades, criando indicadores de produtividade, qualidade, financeiro e de prestação de serviços aos clientes. Um indicador de prestação de serviços ao cliente pode ser relacionado à satisfação do mesmo em relação aos serviços prestados, no que tange ao tempo de recebimento, integridade do produto e atendimento do pessoal de frente que tem contato direto com o consumidor final. O consumidor pode responder a um questionário padrão após o recebimento do produto, passando as informações necessárias para que a empresa tenha os resultados se positivo ou não e se necessário corrigir as falhas que forem mencionadas pelo cliente, de modo que essa relação pode ser medida pela quantidade de entregas versus a quantidade de reclamações por entrega. Então quando falamos em integração, os fornecedores foram citados devido a sua importante participação na qualidade do produto e no serviço final prestado ao consumidor final, pois esse é responsável por entregas que a empresa manufatureira, se for o caso, produza seus produtos e os entregue em tempo hábil aos seus consumidores finais, daí ser necessário ter uma política de seleção e parceria com os fornecedores. 16 TEMA 3 – RELACIONAMENTO COM OS FORNECEDORES NA CADEIA LOGÍSTICA Principalmente as grandes empresas no momento estão optando em ter poucos fornecedores em uma relação de parceria do que terem muitos fornecedores somente e trabalharem com cotação. A experiência indica que trabalhar por cotação denota que o fornecedor será interessante somente quando tiver um preço que a compradora considere vantajoso. Muitas vezes esse preço vantajoso não satisfaz a empresa vendedora, de modo que se cria um clima de insatisfação para o fornecedor, logo não pode se esperar compromisso de confiança e futuros fornecimentos, pois a fornecedora pode não se dispor a fornecer numa próxima oportunidade. Assim, as empresas que buscam parcerias, seja somente para fornecimentode materiais como também na terceirização de processos ou serviços no intuito de redução de custos operacionais, deverão se preocupar não somente em ter uma relação de parceria, mas também com a coordenação de melhoria dos processos de terceirização e da relação de parcerias se quiser obter sucesso nos relacionamentos. Saliento que a logística empresarial agrega o estudo, aprendizagem e administração dos fluxos de informação, serviços e produtos que são os responsáveis pelas movimentações dos materiais, planejamento, coordenação e controle das operacionalizações logísticas, somente assim o consumidor final terá seus produtos conforme foi firmado na compra, ou seja, receber exatamente o que pediu, onde e quando quiser. Para que a logística empresarial seja eficiente, deve-se ter a consciência de que a produção e o consumo de produtos nem sempre estão próximos, cabendo aos processos logísticos vencer o hiato entre tempo e distâncias de modo que suas atividades sejam responsivas ao menor custo possível, assim a relação de confiança entre fornecedores e prestadores de serviços deve extrapolar as fronteiras de um bom relacionamento somente, daí a importância de se ter uma política bem definida para a seleção de fornecedores. 3.1 Fatores a serem considerados para triagem de fornecedores A seleção de fornecedores não é uma atividade fácil de ser realizada, mesmo a empresa tendo uma política definida para a seleção, pois não basta 17 cumprir os requisitos da política, lembra-se do mapeamento da cadeia? É naquele contexto que a seleção de fornecedores deve se apoiar e logicamente que aqueles que estão cotados para serem os fornecedores não devem simplesmente conhecer a política de seleção, mas devem conhecer também o programa de relacionamento que a empresa deseja ter com eles. Deve-se se especificar a participação desejada de ambas as partes e a concordância nas relações sugeridas, deve também ficar claro sobre o horizonte de tempo pretendido nos relacionamentos, o de longo prazo tende a ter maiores sucessos, pois com o relacionamento deve ser pretendido e formado uma ralação de confiança entre as partes até atingir ao longo do tempo o relacionamento em um patamar definido como “comakeship”. Nesse patamar de relacionamento há alto grau de confiança entre as partes, a qualidade do produto a ser entregue pelo fornecedor deve ser assegurada, isso indica economia, pois o controle de qualidade do fornecedor é severo e dispensa o controle de qualidade do comprador, favorecendo que o produto fornecido vá direto para a linha de produção, trazendo economia de tempo e dinheiro para a compradora. Esse tipo de relacionamento não se constrói de uma hora para a outra, ou está escrito nas políticas de seleção de fornecedores, ele é amadurecido ao longo do tempo em que ambas as partes, fornecedor e comprador, criam forte confiança nos relacionamentos, uma vez que há alto grau de conhecimento e participação ativa em desenvolvimento conjunto em processos, produtos e novas tecnologias, ou seja, é a melhor definição de parceria e não de um simples fornecedor de materiais. Logicamente que há outros fatores que devem ser considerados na hora da triagem de novos fornecedores, mas isso dependerá da política de cada empresa e do seu ramo de atividade, mas uma certeza a ser considerada é o relacionamento baseado em confiança como fator determinante para que o fornecedor entre na triagem. 3.2 Fatores generalizados para seleção de fornecedores Vimos a importância da parceria e do bom relacionamento baseado em confiança entre fornecedor e comprador, mas, para que isso exista, há alguns fatores a serem considerados no início do relacionamento e de uma forma geral, são os seguintes: 18 • Custo – a relação custo-benefício deve ser compatível com o mercado, a relação de transparência deve ser iniciada aqui, permitindo a possibilidade de o comprador realizar análise dos custos de produção do fornecedor, podendo haver sugestão de ambas as partes em melhorias para a diminuição de custos de produção. Isso trará vantagem para os dois lados; Figura – 9 Passos dos fatores generalizados para a seleção de fornecedores Fonte: Pirani, 2021. • Qualidade – isso, hoje, passa a ser uma obrigação do fornecedor, mas a política de controle e gestão da qualidade do fornecedor deve ser muito clara e deve indicar os programas de qualidade total, melhoria contínua entre outros métodos utilizados na prática para a gestão e controle de qualidade. Isso ajudará na seleção do fornecedor; • Pontualidade – se a empresa deseja ser pontual nas entregas de seus produtos acabados, deve cobrar a pontualidade nas entregas dos fornecedores, e isso deve constar no contrato realizados pelas partes. Esse é um item que deve ser fortemente considerado, pois é um fator que pode quebrar o relacionamento entre as empresas, comprometendo a imagem do fornecedor; • Capacidade de inovação – o fornecedor deve ter característica inovativa e isso deve logicamente constar em sua política de desenvolvimento e 19 pesquisa, dessa forma o comprador se sente mais seguro, pois poderá contar com novos produtos e tecnologia se necessário for; • Flexibilidade – essa capacidade deve ser inerente de ambas as partes e está relacionada à capacidade de ambos a responder as mudanças de mercado, sendo capazes de se adaptarem às rápidas mudanças que acontecem com frequência no mercado consumidor, devem ser capazes de analisar tendência com facilidade; • Produtividade – o fornecedor deve ser capaz de atender as demandas do comprador tanto em sua capacidade de produção, como em sua capacidade de inovação e custos de produtividade. Aqui a relação de parceria deve ser estreita e ambas as partes devem ser ativas na gestão de custos de produção, controle de qualidade com foco na redução de custos e prazos de entrega; • Instalações – para cumprir o requisito anterior, o fornecedor certamente deverá ter instalações modernas e ter capacidade de ser flexível no set up de produção, sendo que o leiaute de produção, de armazenagem e movimentação de materiais e de pessoal devem ser analisados pelo comprador, pois isso interfere diretamente nos custos e qualidade dos produtos finais; • Solidez financeira – a saúde financeira da fornecedora indica gestão eficaz e traz confiança ao comprador, a solidez no capital de giro da empresa deve ser considerado, mas deve ser analisado com cautela, pois nem sempre esse é um fator indicativo de solidez, isso porque existem estratégias organizacionais que permitem trabalhar com capital de giro negativo (a grosso modo é quando a empresa trabalha com prazos para pagamentos e negocia com o dinheiro do fornecedor, faz adiantamento dos recebíveis etc.). Vimos, aqui, alguns fatores generalizados que podem contribuir com a seleção de fornecedores, mas cabe a cada empresa definir sua política e fatores a serem considerados na escolha de seus futuros fornecedores. TEMA 4 – SERVIÇOS PRESTADOS AOS CLIENTES A qualidade dos serviços prestados aos clientes está diretamente ligada à regularidade de entregas dos fornecedores, pois é uma corrente com efeito dominó, se atrasarem as entregas das matérias-primas, por exemplo, a empresa 20 transformadora irá atrasar as entregas dos produtos acabados aos seus clientes finais, comprometendo, assim, o nível de serviço desejado pela empresa transformadora. Ao longo dos anos a logística está sendo objeto de estudos em relação a ser uma vantagem competitiva na prestação de serviços, ou seja, está sendo colocada em um patamar que é a solução dos problemas na prestação de serviços por uma empresa, daí dada a importância desse setor nas organizações. Afinal o empenho do setor logístico tem como resultado a satisfação do cliente. Os investimentos em tecnologias de informação, processos,movimentação de materiais, relacionamento com os fornecedores não tem outro propósito senão o atendimento eficaz ao cliente, pois esse é muito sensível ao prazo de recebimento do que solicita, assim a capacidade de responsividade da logística na entrega do produto pode ser um fator decisivo na hora da compra, principalmente no comércio eletrônico. Dentro desse contexto, as empresas devem sempre procurar estratégias que aumentem o nível de serviço com os mínimos custos, se ela deseja se diferenciar de seus pares em relação aos seus produtos e serviços. 4.1 Nível de serviço Vimos que o nível de serviço prestado por uma organização é estratégico, pois é um fator que pode ser considerado de diferenciação em qualidade em produtos e serviços, mas as empresas entram em um dilema, pois para que tenham um nível de serviço elevado, a empresa deve dispor de estoques também elevados para ser capaz de atender plenamente as solicitações dos clientes, logo se depara com altos investimentos em estoques e sua gestão. Mas afinal que atitudes tomar para que a empresa tenha um nível de serviço elevado? Qual nível de serviço é o mais adequado? Veja que a empresa tem que atender a diferentes necessidades, pois os perfis de clientes são diferentes, mas a qualidade dos produtos e da prestação são exigência entre os consumidores. No entanto, como estamos lidando com grupos diferentes de consumidores, a empresa deve ter cautela em seu investimento no nível de serviço. Vamos ver uma situação hipotética: há clientes que presam muito mais pela qualidade do produto do que pelo prazo de entrega, ou seja, alguns podem 21 esperar mais do que outros, pois dão preferência pelo produto e não pelo prazo de entrega, assim se a satisfação do cliente for atendida no quesito qualidade do produto, o nível de serviço está adequado. Por outro lado, pode existir clientes que prezam tanto pela qualidade do produto como pela rapidez do recebimento, assim a empresa deve estabelecer uma política para a segmentação de mercado para ser capaz de atender plenamente a necessidade diferenciada de cada segmento. 4.2 As funções dos estoques em relação ao nível de serviço O estoque, como vimos antes, é responsável pelo desprendimento de somas vultosas para aquisição e manutenção, e dentro de uma empresa sempre cria um dilema entre alguns setores. Para a área financeira, por exemplo, quanto menor o estoque melhor, pois haverá menor capital parado, mas já para a área comercial de marketing é o contrário, pois querem ter estoques para atender prontamente os clientes e procuram sempre obter o maior número de estoques possível para garantir um alto nível de serviço. Para compreendermos melhor essa situação é melhor que compreendamos as funções dos estoques nas empresas: • Estoque de ciclo – tem a função de atender as necessidades médias em relação ao tempo de reposição. Esse tipo de estoque é atrelado aos tamanhos dos lotes de produção e lote econômico de compras – LEC, custos de movimentação, disponibilidade de espaço para guarda etc. • Estoque de antecipação ou sazonal – tem a função de atender altas demandas em períodos curtos, mas que obedecem a uma mesma data no ano (natal, páscoa etc.) e demanda alta produção em curto espaço de tempo. Também tem função estratégica, pois em uma situação em que poderá haver falta de produto e, por consequência, fornecimento, a empresa adquire uma quantidade maior que a normal; • Estoque de segurança – é um amortecedor contra os altos e baixos da demanda e dos tempos de reposição dos itens. Tem a função de atender as incertezas de mercado, como alta demanda repentina, estar preparado para atrasos nas entregas etc. Quanto maior o seu nível, maior o nível de serviço da empresa, mas haverá custos a serem considerados. 22 • Estoque em trânsito – estoque que está em movimento ao longo do canal de distribuição ou entre filiais e que estão separadas geograficamente; • Estoque pulmão – são de uma forma geral estoques de produtos acabados e que têm características de alta demanda em certos períodos e são produzidos em períodos de baixa demanda, mantendo os estoques para consumo nos períodos de picos. Economiza-se, assim, os investimentos em ativos que poderiam ficar ociosos boa parte do ano. • Estoque especulativo – caracteriza-se por ser adquirido em ocasiões vantajosas, como aumentos em iminência ou aproveitar descontos com lotes de compras, por exemplo. 4.3 Indicadores de desempenho na logística Na logística, pode-se adotar inúmeros indicadores de desempenho, mas a empresa deve concentrar seus esforços naqueles que são considerados chaves e que são denominados como Key Perfomance Indicator – KPI ou indicador chave de desempenho, Figura 10. A eficiência dos KPI’s deve ser monitorada para análise dos resultados e ver se os resultados são os esperados ou se merecem aprimoramentos. Na logística, essa ferramenta de gestão se concentra em algumas atividades-chave e dá como resultados os indicadores que determinam se os processos apresentam resultados satisfatórios ou não. 23 Figura 10 – Ciclo de medidas em serviços automotivos para elaboração de um Kpi Créditos: Drawlab19/Shutterstock. Cabe à empresa adotar uma política de nível de serviço para que as mensurações dos resultados possam ser comparadas ao resultado estipulado pela empresa. Vamos ver os KPI’s que são comumente adotados na logística a seguir: • Acuracidade dos estoques – a acuracidade, ou controle dos resultados dos estoques prevê que o resultado do controle seja o mais próximo possível de 100%. Um resultado indicaria que a acuracidade dos controles de estoques estaria perfeita, ou seja, todos os itens que foram comprados foram utilizados de forma adequada. Por outro lado, quanto menor o índice de controle, esse indica que a gestão de estoque está sendo ineficiente e deve-se buscar as causas da ineficiência para mitigar ou erradicar os problemas de gestão. A acuracidade se dá pela contagem do inventário sendo descontados os itens com avarias, furtados, ou seja, que não terão mais utilidade para a empresa, assim quanto menor esses números, melhor a acuracidade. • Nível médio de estoque – é o controle do estoque para que permaneça a quantidade desejada pela empresa. O controle se dá para evitar faltas ou 24 excesso de estoque no armazém, gerando custos desnecessários. Esse controle está ligado diretamente à demanda dos itens e os prazos de entregas dos fornecedores. • Índice de atendimento aos pedidos – é mensurado costumeiramente por percentuais, assim, se forem pedidos 100 itens pelos clientes, por exemplo, e a empresa atender adequadamente 95, isso indica que o nível de serviços é de 95% (95/100 x 100 = 95%). Se a política de atendimento da empresa estipular um nível de serviço em 95%, isso indica que o atendimento dos pedidos está dentro dos parâmetros aceitáveis. • Nível de serviços das entregas – a medição não se difere do índice de atendimento aos pedidos e é dada também por percentual. Nesse caso são considerados os prazos e se todas as entregas foram realizadas dentro dos prazos estipulados ou não, obtendo-se um índice que indica se as entregas estão ou não dentro dos prazos. Os resultados são analisados e tomadas medidas gerenciais quando necessário. Aqui foram citados alguns KPI’s em logística, mas há muitos outros que podem ser adotados conforme a política e necessidade de cada empresa. TEMA 5 – SEGMENTAÇÃO DE MERCADO A segmentação de mercado é de responsabilidade do setor de marketing das empresas e tem a função de elaborar estratégias de captação e fidelização de clientes por perfil. O setor de marketing faz a prospecção de mercado por nicho embasado em resultados das informações advindas das pesquisas de mercado, assim é construído o planejamento estratégico de marketing e colocadoem ação. A segmentação de mercado busca identificar o perfil dos clientes por área geográfica, renda, idade, sexo etc., ou seja, é a subdivisão dos clientes e dos potenciais em classes distintas. Aqueles clientes que têm as mesmas características irão pertencer à mesma classe, isso permite que a empresa concentre seus esforços de modo mais assertivo. Não há um padrão a ser seguido para classes de clientes: um homem e uma mulher podem pertencer à mesma classe se a segmentação prever vendas de computadores, por exemplo, mas certamente a classificação indicará o perfil de necessidade de cada um, por exemplo, se são professores, jogadores 25 profissionais ou amadores. São informações assim que fazem com que a empresa detecte melhor a possibilidade de consumo por segmentação de clientes, mas deve-se salientar que poderão estar em qualquer área geográfica, pois, nesse caso, a segmentação está preocupada com o perfil de compra dos clientes. Existem algumas bases a serem consideradas para a segmentação de mercado, Figura 11, tais como: • Demográfica – essa segmentação divide o mercado grupos levando em conta fatores como nível de escolaridade, ramo de atividade, religião, sexo, nacionalidade, tamanho da família. Os dados advindos dessa segmentação são prospectados por meio de pesquisa agregada, ou seja, uma metodologia de pesquisa que procura prospectar o maior número de informação possível do cliente; • Psicográfica – essa segmentação procura arranjar o mercado levando em conta os fatores como interesses, atitudes, valores pessoais, estilo de vida etc. Isso permite que a empresa disponibilize os seus produtos de forma mais assertiva ao cliente-alvo; • Comportamental – está relacionada ao comportamento do consumidor e seus hábitos, tal como que tipo de benefícios procuram? Sensibilidade ao preço, situação atual do usuário (não-usuário, usuários regulares, potenciais, novo usuário etc.), índice de utilização dos produtos da empresa se usa regularmente, esporadicamente; • Geográfica – tamanho da cidade, região, concentração demográfica, clima. 26 Figura 11 – Bases para a segmentação de mercado Fonte: Universidade Metodista. A segmentação é fator importantíssimo para a empresa atingir o seu público-alvo com maior exatidão, como também serve para analisar tendências de mercado, e é por isso que as empresas estão investindo fortemente em tecnologias e inteligência artificial para atingir com mais precisão as necessidades de seus clientes. As tecnologias estão avançando a passos largos nesse nicho, em 2014 uma grande varejista apontou que estava trabalhando com entregas antecipadas, ou seja, a entrega tem início mesmo antes de o produto ser vendido. Mas como isso é possível? Essa empresa investiu em uma plataforma onde os clientes se associam e pagam mensalmente uma quantia e têm vários benefícios como o frete gratuito, por exemplo. Para ser sócio o cliente passa inúmeras informações na hora do cadastramento, e a empresa alimenta seu banco de dados. Esse sistema de gerenciamento de informações da empresa se alicerça em uma gama de variáveis na tentativa de antecipar o consumo de um cliente, pois trabalha com algoritmos (é uma cadeia sequencial de raciocínios, orientações ou operações para granjear um determinado objetivo, para isso a sequência de passos devem ser finitas e operacionalizadas metodicamente) e inteligência artificial para detectar o tempo que o cliente fica 27 on-line no sítio da empresa e o que ele está pesquisando, quantas vezes clica no mesmo produto etc. A empresa dispõe de vários “hub” ou centro de distribuição – CD localizados estrategicamente em várias partes do país. Supondo que um dos CD’s esteja localizado em Curitiba – PR e a central da empresa esteja localizada em São Paulo capital, e um consumidor de Curitiba obedecer ao perfil disponibilizado pelo algoritmo, indicando que há forte possibilidade de que o cliente irá comprar o produto, esse será enviado do CD de São Paulo para o CD de Curitiba, sem que o cliente tenha conhecimento desse processo. Caso o cliente finalize a compra do produto, esse já estará em trânsito e chegará muito mais rápido do que da forma convencional, isso certamente trará muita satisfação e surpresa ao cliente e, com isso, a fidelização e a confiança na empresa será reforçada. Caso o cliente não feche a compra, a logística reversa acontece sem custos adicionais e o cliente sequer fica sabendo do acontecido. Perceba que a logística e as tecnologias andam em paralelo, pois só assim a logística poderá ser eficiente e de fato ser um diferencial competitivo para as organizações. FINALIZANDO Nesta aula, no Tema 1, vimos os conceitos se Logística Empresarial e de Gestão da Cadeia de Suprimento, vimos a importância da integração dos processos logísticos como também o papel da cadeia de suprimento nas organizações, e a importância de mapear a cadeia para ter melhor conhecimento e transparência com fornecedores e clientes. No Tema 2, falamos sobre os fluxos de informações nos processos logísticos e a importância da integração dos setores de uma organização para que se tenha um melhor serviço. Vimos também o fluxo de informações na gestão de materiais e como acontecem os processos de movimentação, armazenagem e estoques. As estratégias logísticas possibilitadas pelos sistemas de informação foi outro assunto abordado e acredito que tenha percebido que a informação é que faz a logística funcionar. O relacionamento com os fornecedores na cadeia logística foi um assunto importante, pois a logística depende deles para que seja eficiente. Vimos, ainda, os fatores a serem considerados para a triagem dos fornecedores, pois só assim aumenta-se a chance de um bom relacionamento e comprometimento de ambas 28 as partes. E nesse contexto foram analisados alguns fatores que devem ser considerados para a seleção de fornecedores. O assunto sobre os serviços prestados ao cliente foi abordado no Tema 4, assim como o nível de serviço e como mensurar tais níveis de serviços para uma melhor logística. O nível de serviço é intrínseco às funções dos estoques e os indicadores de desempenho fornecem subsídios para tomadas de decisões gerenciais para melhoria de processos e tecnologia, assim como melhorar o relacionamento com os clientes. E, por fim, no Tema 5, vimos sobre a segmentação de mercado e sua importância para que a empresa concentre seus esforços naquilo que de fato irá lhe gerar resultados positivos. 29 REFERÊNCIAS CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos – estratégia, planejamento e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2003. FLEURY, P.F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (Org.). Logística empresarial – A perspectiva brasileira. 8. reimp. São Paulo: Atlas, 2006. HEREK, M.; COLLA, J. E.; PIRANI, S. L. Criação do conhecimento por meio do modelo de Nonaka para a pequena empresa: estudo de caso da Empresa Jumoser. ENEO 2008. V Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD. Belo Horizonte, 2008. LAMBERT, D. M. Supply chain management. The Ohio State University. Disponível em: <https://www.icesi.edu.co/blogs/supplychain0714/files/2014/07/3- SupplyChainManagement.pdf>. Acesso em: 16 maio 2021. UNIVERSIDADE METODODISTA DE SÃO PAULO. Bases de segmentação. Disponível em: <http://www.metodista.br/ead/rea/bases-da-segmentacao/>. Acesso em: 16 maio 2021.
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