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Atividade avaliativa I - psicanálise

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI - FACISA
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCENTE: Erika Nayane Martins Marinho
DOCENTE: Antonio Julio Garcia Freire
PSICANÁLISE - ATIVIDADE AVALIATIVA I
> ESTUDO DIRIGIDO: Autobiografia - Freud
Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (atual República
Tcheca), em uma família judaica. Seus antepassados paternos viveram por um longo período
na região do Reno antes de fugir para o Leste devido a perseguições aos judeus. Em sua
juventude, Freud demonstrou interesse por questões humanas, como história bíblica, e
inicialmente considerou estudar direito influenciado por um colega mais velho que se tornou
político. No entanto, acabou escolhendo estudar medicina após ser atraído pela teoria de
Darwin. A autobiografia de Sigmund Freud é constituída numa narrativa detalhada de sua
vida até as contribuições para a perspectiva da psicanálise que se tem hoje. Freud iniciou sua
jornada na medicina, mas foi sua estadia em Paris, onde trabalhou com Charcot na
Salpêtrière, que marcou um ponto de virada em sua carreira. Lá, testemunhou as últimas
pesquisas de Charcot sobre histeria, que o inspiraram profundamente em sua própria
abordagem ao estudo da mente humana.
Após sua formação, Freud passou um tempo em Berlim, aprimorando seus
conhecimentos sobre doenças infantis. Em 1884, enquanto estudava, seu interesse pela
cocaína despertou, levando-o a solicitar uma amostra para investigar seus efeitos fisiológicos.
No entanto, uma viagem para rever sua noiva interrompeu sua pesquisa, permitindo que outro
pesquisador, Carl Koller, realizasse experimentos decisivos sobre seu uso anestésico em
cirurgias oculares. De volta a Viena, Freud encontrou resistência ao apresentar suas
descobertas sobre a histeria à Sociedade de Medicina, enfrentando ceticismo das autoridades
médicas. Esses desafios o levaram a se afastar da vida acadêmica, iniciando seu caminho
independente como pioneiro da psicanálise. Durante esse período, ele se casou com sua
noiva, que o aguardava há mais de quatro anos. Continuando a enfrentar resistência à sua
abordagem inovadora, Freud concentrou-se em sua prática médica, desenvolvendo uma
terapia centrada na hipnose e sugestão para tratar pacientes com histeria. Seu crescente
interesse na psicanálise resultou na publicação de estudos sobre paralisias cerebrais em
crianças e uma análise crítica da teoria da afasia, estabelecendo as bases para suas futuras
contribuições à psicologia.
Ao decorrer da autobiografia, Freud descreve sua exploração da hipnose além da
sugestão hipnótica tradicional. Ele passou a usar a hipnose para abordar pacientes sobre a
origem de seus sintomas histéricos, descobrindo que os pacientes revelavam mais em estado
hipnótico do que quando estavam despertos. Freud compartilha sua colaboração com o Dr.
Josef Breuer, um médico respeitado em Viena, e como a paciente de Breuer - Anna O.-
revelou insights importantes sobre a origem dos sintomas histéricos. Breuer desenvolveu um
método de tratamento que envolvia induzir a paciente à hipnose e fazê-la expressar as
emoções que a afligiam, o que levou à minimização de seus sintomas. Freud e Breuer
publicaram conjuntamente seus achados nos "Estudos sobre a histeria", destacando a
importância da vida afetiva na origem dos sintomas histéricos. No entanto, diferenças teóricas
e pessoais levaram ao afastamento de Freud de Breuer e ao desenvolvimento da psicanálise
como uma disciplina separada.
De tal modo, Freud abandonou a hipnose como método terapêutico devido a suas
limitações e passou a adotar uma abordagem mais interativa com seus pacientes,
incentivando-os a trazer à consciência os eventos e emoções reprimidos - o método da
"associação livre de palavras". Nesse novo método, os pacientes são encorajados a expressar
livremente seus pensamentos, permitindo que o material reprimido venha à tona. Ele explica
como a associação livre, embora aparentemente "livre", ainda é influenciada pela situação
analítica e pela resistência do paciente, evidenciando a importância da transferência na
relação paciente-analista. Ele enfatizou a necessidade de compreender a vida sexual dos
pacientes para tratar eficazmente as neuroses. Nesta parte do texto, Freud discute a evolução
de sua compreensão da psicanálise e da sexualidade humana. Ele relata como o hipnotismo,
anteriormente utilizado em sua prática, foi substituído por uma técnica que revelou um jogo
de forças subjacente nas neuroses. Em meio a essa evolução da psicanálise, Freud introduz o
conceito de repressão como um mecanismo primário de defesa, no qual o "Eu" rejeita
impulsos perturbadores, empurrando-os para o inconsciente. A repressão, um processo
psicológico fundamental, mantém pensamentos, desejos ou memórias ameaçadoras fora da
consciência, continuando a influenciar o comportamento e os sentimentos de uma pessoa,
frequentemente manifestando-se de maneiras sutis. Essa compreensão da repressão levou a
uma reformulação do processo patogênico das neuroses, substituindo a catarse pela
psicanálise como abordagem terapêutica dominante.
Ao explorar as raízes das neuroses, Freud destaca como os conflitos entre os impulsos
sexuais e as resistências à sexualidade frequentemente emergem como elementos-chave. Ao
investigar as circunstâncias que envolvem a repressão da sexualidade e a origem dos
sintomas neuróticos, a pesquisa muitas vezes retorna aos primeiros estágios da vida do
paciente, chegando à sua infância. Essa investigação revela um achado notável: as
experiências da infância, embora frequentemente esquecidas, deixam uma marca indelével no
desenvolvimento individual, predispondo-o a doenças neuróticas futuras. No entanto, o mais
surpreendente é a descoberta da sexualidade infantil, contradizendo crenças arraigadas sobre
a inocência da infância. Freud reconhece um erro anterior em sua interpretação de relatos de
sedução sexual na infância, que posteriormente se revelaram fantasias inventadas pelos
próprios pacientes. Esse equívoco, no entanto, o levou a um insight crucial: a concepção do
complexo de Édipo e a compreensão da sexualidade infantil como um componente
fundamental na etiologia das neuroses. Essa nova compreensão expande a visão da
sexualidade, indo além de sua concepção puramente genital, e destaca sua influência em
todas as expressões afetivas e amorosas, permitindo uma compreensão mais abrangente das
complexidades do comportamento humano.
Em sua análise sobre a transferência na relação paciente-analista, Freud desvela um
fator essencial no processo terapêutico. A forte ligação emocional que surge, por si só,
durante o tratamento não pode ser explicada apenas pelas circunstâncias reais. Essa
transferência, seja positiva ou negativa, torna-se um elemento vital no trabalho analítico,
impulsionando ou resistindo ao progresso terapêutico. Freud ressalta que uma análise sem
transferência é impossível, pois esse fenômeno é inerente às relações humanas, governando
não só a dinâmica da terapia, mas também as interações cotidianas. A interpretação dos
sonhos, outro marco na trajetória da psicanálise, revela o profundo significado dos sonhos,
anteriormente desconsiderados pela ciência moderna. Freud demonstra que os sonhos não são
meros produtos aleatórios da mente, mas sim expressões simbólicas de desejos reprimidos e
conflitos psíquicos.
A psicanálise, ao ser introduzida na França, despertou interesse principalmente entre
os intelectuais das belas-letras. Sua aplicação ultrapassou os limites da medicina, alcançando
áreas como literatura, estética, história da religião, mitologia e pedagogia. Freud destacou a
relevância do complexo de Édipo, analisando profundamente obras literárias como "Édipo
Rei" e "Hamlet", além de explorar a criação artística, como no estudo de Leonardo da Vinci.
A psicanálise também revelou a conexão do chiste com os mecanismos do inconsciente,
assim como contribuiu para acompreensão da psicologia da religião, identificando
semelhanças entre atos obsessivos e práticas religiosas. Suas análises sobre o totemismo e o
complexo de Édipo ofereceram entendimentos sobre a formação da religião e as origens da
organização social. Além disso, a psicanálise influenciou a pedagogia - mesmo que não
pessoalmente por Freud - ao abordar a sexualidade e o desenvolvimento psíquico da criança,
contribuindo para uma abordagem mais profunda e preventiva na educação.
Por fim, no pós-escrito de 1935 às "Apresentações Autobiográficas", Freud
compartilha uma reflexão mais profunda sobre sua jornada pessoal e profissional. Ele discute
sua persistência no trabalho analítico mesmo após uma cirurgia salvadora em 1923 e
reconhece uma mudança em seus interesses, retornando a questões culturais que o fascinaram
na juventude. Além disso, destaca sua percepção do papel da psicanálise na compreensão dos
conflitos humanos e sua influência nas questões culturais mais amplas. Ao abordar o destino
da psicanálise na década anterior, Freud observa o crescimento da comunidade psicanalítica
internacional e as várias direções de pesquisa e aplicação que seus membros têm seguido.
> FEEDBACK DA DISCIPLINA:
Estou bastante satisfeita com o desenvolvimento da primeira unidade da disciplina.
Acredito que a ênfase dada à vida de Freud, contextualizando-a no cenário histórico, social e
cultural em que ele viveu, foi fundamental para uma compreensão mais profunda da
psicanálise e sua evolução ao longo do tempo. Em particular, a última aula foi a minha
favorita. A metodologia utilizada, combinando a leitura e a explanação no quadro prendeu
bem mais a minha atenção e ajudou muito na compreensão.
Acredito que poderíamos ter nos estendido um pouco mais no tema da sexualidade
infantil. Embora tenha entendido, senti a necessidade de dedicar mais atenção a esse ponto
durante a leitura do texto para conseguir assimilar algumas informações da aula. No geral,
gostei bastante, achei ótimo entendermos um pouco de quem foi Freud e o seu contexto antes
de iniciarmos na psicanálise em si, acredito que dessa forma as coisas fazem mais sentido.
> REFERÊNCIA:
Freud, S. (2011). Autobiografia (1925). São Paulo: Companhia das Letras. (Sigmund
Freud obras completas, 16).

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