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Aula 4 Periculosidade e a insalubridade no trabalho

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SEGURANÇA DO TRABALHO E
ERGONOMIA
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Carlos Costa
Prof. Emerson Seixas
20/03/2023, 20:31 UNINTER
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CONVERSA INICIAL
Nesta aula sobre a periculosidade e a insalubridade no trabalho, começamos notando que
qualquer local apresenta seus riscos. Seja por gases, ruído, poeira, frio, calor, correntes elétricas,
vibrações, riscos químicos ou biológicos. Dessa forma, as NRs 15 e 16 apresentam um norte de ação
para lidar com as condições que afetam o local de trabalho e os trabalhadores.
A NR 15 prevê que trabalhadores em locais insalubres obtenham adicionais financeiros ao seu
ordenado, com base no salário-mínimo vigente. O ruído, seja por exposição a barulho intenso de
veículos de carga, máquinas, equipamentos, pessoas, geradores, entre outros, também afeta o bem-
estar do trabalhador. Essa exposição afeta a saúde física e emocional do trabalhador que é exposto
aos ruídos.
As condições ambientais previstas na NR 16 tratam do trabalhador que executa atividades e
operações perigosas, destacando que também tem direito a adicionais financeiros ao seu ordenado,
com base no salário-mínimo vigente.
Considerando esse contexto, convido você a estudar esse tema nesta aula.
TEMA 1 – PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE
É imprescindível ter atenção à legislação vigente, consultando especialistas em caso dúvidas na
interpretação de termos e procedimentos. Sendo assim, os adicionais de insalubridade e
periculosidade referem-se às classes adicionais legais abarcantes, porque são legalmente tipificados
(art. 192 e 193 da CLT), de modo que se justapõem a qualquer categoria de funcionários, desde que o
empregado se enquadre nas situações da tipificação legal (Delgado, 2013, p. 766).
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Crédito: Robertlamphoto/Shutterstock.
Não é suficiente fornecer o EPI, ainda que adequado. Ainda fazem parte do processo o
treinamento ao uso correto, a fiscalização no uso e a substituição quando necessário, assim como a
documentação das etapas, devidamente assinada pelo trabalhador.
Em face da estrutura lógico-normativa vigente, para o reconhecimento do adicional de
insalubridade ou periculosidade, quando a percepção do adicional pelo trabalhador depende de
processo judicial, a prova pericial é o elemento determinante para a conclusão da lide. Por que
razão, o estudo dos elementos jurídicos e técnicos que compõem a produção do laudo pericial é
fulcral para a análise da concretização dos princípios constitucionais processuais do acesso à justiça,
do devido processo legal e do contraditório nos processos judiciais trabalhistas que tem por objeto
os adicionais de insalubridade e periculosidade. (Vieira, 2014).
Deliberadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as operações que tipificam o adicional de
insalubridade, de acordo com o art. 190 da CLT, são aquelas que expõem os funcionários a agentes
físicos, químicos ou biológicos prejudiciais à saúde.
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Crédito: Joe Belanger/Shutterstock.
Conforme a NR 15, quando o empregado está sujeito a diversos agentes nocivos e biológicos, a
insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa, sendo necessário considerar somente o fator
de insalubridade em maior grau. Assim, é “aplicável um adicional de insalubridade para cada agente
nocivo a que está exposto o trabalhador, haja vista o múltiplo risco gerado à saúde do empregado e
o baixo estímulo para que o empregador elimine os agentes nocivos do ambiente de trabalho”
(Vieira, 2014).
A NR 15 classifica as características insalubres a partir de dois critérios gerais. Vejamos,
primeiramente, a insalubridade de grau máximo, que abarca trabalhos ou operações em contato
permanente com:
pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não
previamente esterilizados;
carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais portadores de
doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose);
esgotos (galerias e tanques);
lixo urbano (coleta e industrialização).
Na sequência, apresenta a insalubridade de grau médio, com trabalhos e operações em
contato permanente com pacientes, animais ou com material infecto contagiante em:
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hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros
estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal
que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de usos desses
pacientes, não previamente esterilizados);
hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao
atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com tais
animais);
contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros
produtos;
laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão só ao pessoal técnico);
gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal
técnico);
cemitérios (exumação de corpos);
estábulos e cavalariças;
resíduos de animais deteriorados.
Determinadas atitudes de proteção e prevenção podem ser adotadas quanto ao contato com os
agentes biológicos:
Instruir e informar os trabalhadores quanto ao risco biológico;
Reduzir quando possível o número de pessoas expostas ao agente biológico;
Estabelecer normas e procedimentos de trabalho à exposição ao agente biológico;
Criar um plano de emergência considerando possíveis acidentes de trabalho com esses
agentes;
Utilizar meios de proteção como os equipamentos de proteção individual (EPI) para a situação
de risco;
Sinalizar o local do perigo, utilizando a simbologia e informando os riscos.
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Crédito: Lisner/Shutterstock.
Segundo Seguier (1925, p. 863), a periculosidade é “circunstância que ameaça a existência ou
interesses de uma pessoa”. Por meio do significado de risco, é admissível identificar o perigo ou aviso
a que se sujeita o trabalhador submisso às condições perigosas, segundo a definição originada pela
NR 16, diferentemente da estabelecida para insalubridade.
Segundo Pinto (2007, p. 424-425), “a insalubridade é insidiosa e lenta em seus resultados”. Por
outro lado, “a periculosidade, por sua natureza, é uniforme, de impacto instantâneo e dispensa
graduação indenizatória”.
TEMA 2 – RUÍDO E TEMPERATURA
A NR 15, é a norma regulamentadora que trata dos ambientes e suas consequentes atividades
consideradas insalubres. Por meio dessa norma, são considerados como insalubres ambientes e/ou
exposição do trabalhador acima dos limites de tolerância prescrito pela legislação.
Quando o trabalhador está exposto a uma situação considerada insalubre, tem direito ao
adicional de insalubridade, conforme percentuais abaixo:
40% para insalubridade grau máximo
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20% para insalubridade grau médio
10% para insalubridade grau mínimo
É importante salientar que esses percentuais se referem ao salário-mínimo vigente.
De acordo com a NR 15, são considerados como atividades insalubres aquelas realizadas em
ambientes caracterizados por:
ruído;
exposição ao calor e frio;
radiações ionizantes e não ionizantes;
umidade;
agentes químicos;
poeiras e agentes biológicos.
Conforme vimos, é importante salientar o grau de concentração dos agentes citados para
considerar se o ambiente é insalubre ou não. Diante disso, a NR 15 descreve como limite de
tolerância: “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição do agente, que nãocausar danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida
laboral” (Brasil, 1978).
2.1 RUÍDO
O ruído também é conhecido como pressão sonora. É todo som contínuo ou intermitente que se
sobressai em um ambiente laboral. Está normalmente presente em toda indústria.
Como elementos causadores do ruído, podemos listar:
aglomeração de pessoas;
funcionamento de máquinas e equipamentos;
movimentação de veículos de carga;
geração de energia.
A exposição contínua ao ruído resulta em danos temporários, entre eles: irritação, perda de
concentração, dificuldade de comunicação e até mesmo distúrbios irreparáveis, como a Perda
Auditiva Induzida pelo Ruído – Pair.
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De acordo com a evolução clínica, a Pair pode ser classificada em quatro grupos:
Estágio 1: neste caso, o trabalhador estará exposto por poucos dias ou semanas. Como
consequência, observa penedos tinidos que cessam quando subtraído o ruído.
Estágio 2: Neste caso, o trabalhador estará exposto a meses ou anos. Neste caso, a audiometria
pode apresentar perdas entre 30 e 40 decibéis.
Estágio 3: A audiometria revela perdas entre 45 e 60 decibéis. O trabalhador necessita de
volume mais alto ao ouvir TV e rádio, por exemplo.
Estágio 4: É comum nesta fase que o trabalhador apresente muita dificuldade de ouvir e,
consequentemente, de comunicação, afetando até mesmo o ambiente familiar.
Crédito: Lakeview Images/Shutterstock.
O nível de pressão sonora é verificado por meio de dois instrumentos básicos: decibelímetro e
dosímetro.
Por meio desses dois instrumentos, é possível captar o som, comparando-o com os limites
preestabelecidos pela NR 15, que elenca valores limites ao trabalhados. As medições devem ser
executadas entre o ouvido direito e o esquerdo, em relação à fonte geradora. Podem ser obtidos
valores diferentes em cada um dos lados.
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A Tabela 1 apresenta um resumo dos limites de tolerâncias para níveis de ruído contínuo ou
intermitente.
Tabela 1 – Limites de tolerâncias para níveis de ruído contínuo ou intermitente
Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 horas e 45 minutos
98 1 horas e 15 minutos
100 1 horas
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
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115 7 minutos
Fonte: Brasil, 1978.
Observação: por meio da tabela, podemos ver que o tempo de exposição do trabalhador ao
ambiente diminui com o aumento do nível de ruído.
Diante do exposto, fica evidente a necessidade de minimizar a exposição do trabalhador ao
ruído. Vejamos algumas possibilidades:
Enclausuramento de máquinas e equipamentos
Isolamento de fontes geradoras
Protetores auditivos
Independentemente da medida ou das medidas tomadas, é importante observar que, aplicada
tal solução, o ruído do ambiente deve ser inferior ao preestabelecido pela norma.
2.2 TEMPERATURA
De um modo simplista, podemos dividir a temperatura no ambiente de trabalho em dois grupos:
calor e frio. É notório que valores acima do aceitável pelo corpo humano são influenciados
negativamente.
É interessante salientar que a medida de exposição ao calor não é obtida somente no ambiente.
A temperatura ou o calor no ambiente de trabalho são avaliados por meio do IBUTG – índice de
bulbo de temperatura de globo.
A quantificação da temperatura em ambiente de trabalho é realizada tomando por base o tipo
de atividade realizada e o consequente fator de metabolismo envolvido.
A quantificação é realizada considerando os níveis de calorias, conforme a tabela.
Tabela 2 – Quantificação vs Kcal/h
Tipo de atividade Kcal/h
Trabalho leve (sentado, em repouso) 100
Trabalho moderado (sentado, movimento rigoroso) 180
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Trabalho pesado (trabalho intermitente de levantar, de empurrar amassar pesos) 440
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
Uma vez exposto a determinadas atividades, o trabalhador tem direito a descanso, que pode
ocorrer no local laboral ou em seu aposento, a depender do tipo de atividade e da carga horária de
exposição.
Crédito: industryviews/Shutterstock.
Tanto o calor como o frio alteram consideravelmente o metabolismo do trabalhador. No Quadro
1, vemos exemplos de reações de acordo com o ambiente ao qual o trabalhador está exposto:
Quadro 1 – Efeitos de exposição ao frio e ao calor
Calor Frio
Desidratação Problemas vasculares
Hipertermia Hipotermia
Fadiga Alergias
Doença de pele Ulcerações
Fonte: Brasil, 1978.
De acordo com o grau do efeito determinado pela legislação, o trabalhador terá direto a 15
minutos fora da área a cada 45 minutos trabalhados.
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Além do tempo especificado, outros fatores devem ser observados e seguidos, com vistas a
preservar o trabalhador. Vejamos alguns deles:
Vestimenta direcionada (ao frio e ao calor)
Circulação de ar no ambiente (ventilação forçada ou natural)
Assistência do sistema de saúde ocupacional
TEMA 3 – VIBRAÇÕES, AGENTES QUÍMICOS E BIOLÓGICOS
A vibração pode ser definida como movimento oscilatório em torno de um ponto fixo. O número
de vezes em que o ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é
chamado de frequência, que é medida em ciclos por segundo ou Hertz [Hz].
A vibração ocupacional é um fato extremamente prejudicial ao trabalhador, podendo causar
breve desconforto a dano permanente. A vibração é transferida para o corpo humano, provocando
ressonância e amplificando o tremor, causando danos.
De acordo com a NR 15, as vibrações são classificadas de acordo com o nível de vibração e a
parte do corpo sumariamente exposta. Valores acima dos definidos caracterizam a necessidade de
pagamento de insalubridade:
Órgãos diretamente afetados: mãos e braços, com aceleração igual ou superior a 5 m/s².
O corpo todo é afetado: aceleração igual ou superior a 1,1 m/s².
Exemplos de atividades que por características próprias causam vibração ocupacional e as
consequentes doenças degenerativas:
Na construção civil: asfaltamento de ruas, compactação de terra, perfuração.
Na indústria metalmecânica: atividades com prensas, furadeiras.
No meio de transporte: direção, principalmente de veículos pesados (caminhões, ônibus,
tratores).
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Crédito: Rawi Rochanavipart/Shutterstock.
Os resultados da vibração para o trabalhador acontecem e se propagam a partir de:
ponto de aplicação;
frequência da oscilação;
aceleração da oscilação
tempo de duração do ciclo.
Quando o tempo de duração da exposição do trabalhador a atividades que envolvem vibração é
pequeno, sofre como resultado:
dores musculares;
dores abdominais;
náuseas;
aumento dos batimentos cardíacos por conta do estresse.
Quando o tempo de duração da exposição do trabalhador a atividades que resultam vibração,
sofre como resultado:
alteração do sistema nervoso;
dificuldades de concentração;
problemas cardíacos;
desvios colunário;
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e até impotência do aparelho reprodutório.
Uma doença ocupacional também resultante desse caso é a Raynaud. Essa doença prejudica a
irrigação de sangue nas mãos, por conta da obstrução de vasos e artérias, podendo até causar
necrose dos dedos.
Reconhecidos os fatos, partimos então para as providências, visando a mitigação de tais doenças
ocupacionais, considerando as seguintes aplicações:
uso de ferramentas com controle de impacto, com manutenção adequada;
luvas antivibraçãoe limitação do período de exposição;
massagem dos dedos, braços e pernas (ginástica laboral);
período adequado de repouso após a exposição laboral;
rodízio de funções.
3.1 AGENTES BIOLÓGICOS
Na sequência, encontramos listados alguns dos principais agentes biológicos:
Microrganismos: bactérias, fungo e vírus.
Parasitas internos: vermes.
Parasitas externos: sarna, piolho e berne.
Protozoários.
De um modo geral, os agentes biológicos são causadores de doenças ocupacionais como:
Infecções: causadas por parasitas, vírus ou bactérias.
Alergias: causadas pela exposição a poeiras orgânicas (bolor, pó, ácaros).
Envenenamento, ou efeitos tóxicos: causados por toxinas produzidas por fungos e bactérias.
É interessante salientar que os agentes biológicos estão presentes principalmente nos seguintes
ambientes laborais:
hospitais;
laboratórios;
indústrias alimentícias; abatedouros;
agricultura.
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No meio laboral, de um modo geral, os agentes biológicos são observados em ambientes como
refeitórios e banheiros.
De acordo com o grau de exposição ao agente biológico, a insalubridade é caracterizada de
acordo com a NR 15, conforme o quadro seguir.
Quadro 2 – Grau de insalubridade de acordo com NR 15
Grau de insalubridade Contato permanente com
Máximo Pacientes com isolamento por doenças infectocontagiosas
Esgoto – galerias e tanques
Lixo urbano – coleta e industrialização
Médio Hospitais, enfermarias, postos de atendimentos – pessoas ou animais
Laboratórios de análise clínica
Cemitérios – exumação de corpos
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
As possibilidades de transmissão dos agentes biológicos podem acontecer por três meios
principais ou simultâneos, conforme o quadro a seguir.
Quadro 3 – Possibilidades de transmissão dos agentes biológicos
Meio de transmissão Como ocorre
Direto Contato pessoa a pessoa (mão, abraço)
Manuseio de materiais contaminados
Não cumprimento de regras básicas de higiene
Indireto Contato com equipamentos contaminados, quando a descontaminação (limpeza) é deficiente
Aéreo Por meio de bactérias expostas ao ar
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
Vejamos agora os meios de entrada dos agentes biológicos.
Quadro 4 – Meios de entrada dos agentes biológicos
Canal de entrada Como ocorre
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Respiratório Na presença de agentes no ambiente de trabalho na forma de bioaerossóis
Dérmica ou
cutânea
Por meio da pele íntegra, pele fissurada ou mucosas (olhos, boca, nariz)
Digestiva ou oral Ingestão de alimento, água, ou outro elemento
Percutânea Inoculação nas camadas profundas da pele quando exposto por exemplo por meio de corte,
perfurações e mordedura de animais
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
Como meios de prevenção aos riscos impostos pelos agentes biológicos, destacam-se
prioritariamente: eliminação do agente na origem e utilização de EPIs adequados.
3.2 AGENTES QUÍMICOS
Em nosso dia a dia, observamos a existência de muitos produtos químicos (chegando à casa
milhões). No entanto, apenas cerca de 200 produtos são citados na NR 15 como indicadores de
insalubridade. Diante desse fato, é preciso dar atenção especial ao ambiente, considerando consulta
a especialista caso não seja entendido do assunto.
O principal documento para validar o direito a insalubridade, especialmente no caso de agentes
químicos, é o PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário.
O PPP deverá apresentar, prioritariamente: o período, o tipo, o fator de risco, a técnica utilizada
para mitigação, o EPC utilizado, o EPI utilizado e o CA de cada equipamento.
Para serem caracterizados como insalubres, os agentes químicos podem ser classificados em
dois grandes grupos, conforme o quadro a seguir.
Quadro 5 – Grupos de agentes químicos
Agente químico Quanto ao nível de exposição
Químicos
quantitativos
É necessário que a empresa registre o nível de exposição
Químicos
qualitativos
Garantem o direito ao tempo especial pela simples presença deles no ambiente de trabalho,
independentemente do nível de exposição
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Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
Além do exposto pelo PPP, é de fundamental importância que os agentes químicos no ambiente
laboral apresentem a FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos, devidamente
preenchida e reconhecida por um químico, que deve estar devidamente registrado em seu órgão de
competência.
Vejamos alguns dos elementos químicos mais vistos em casos de requerimento de insalubridade
pelo trabalhador: arsênico, carvão, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos e outros componentes
de carbono, mercúrio, silicato e substâncias cancerígenas.
Observação: os elementos citados fazem parte do grupo qualitativo.
TEMA 4 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS
É importante ressaltar que nem somente máquinas, equipamentos e elementos considerados de
grande dimensão causam danos à saúde ocupacional do trabalhador. Um bom exemplo disso são as
poeiras minerais.
4.1 POEIRAS MINERAIS
Definição de poeira: partícula sólida produzida por um rompimento mecânico de sólidos, por
meio de moagem, atrito, impacto.
O quadro apresenta a classificação e origem das poeiras no ambiente laboral.
Quadro 6 – Classificação e origem das poeiras
Classificação Origem
Mineral Extração de minerais (em geral todos os minerais geram a sílica em sua extração)
Alcalina É originária do calcário (responsável pelas doenças pulmonares crônicas como o enfisema pulmonar)
Vegetal Resultado de atividades em campos de algodão, cana de açúcar (doença ocupacional “bissinese”)
Metálica Lixamento de peças metálicas (doenças como febre e calafrios)
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
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Crédito: David Antonio Lopez Moya/Shutterstock.
A poeira mineral apresenta elevados danos ao trabalhador. Na sequência, por meio do quadro,
trazemos um breve relato das principais doenças ocupacionais resultantes da poeira mineral, com
seus sintomas costumeiros.
Quadro 7 – Doença ocupacional e respectivos sintomas
Doença Sintomas
Silicose Fraqueza, tosse intensa, dores nos peitos, perda de peso e sudorese noturna
Câncer de pulmão Falta de ar, ponta dos dedos inchados e tosse seca
Dermatite Coceira ou formação de bolhas e manchas na pele
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
É o objetivo de todas as normas regulamentadoras preservar a vida e a saúde do trabalhador. No
caso da NR 15, por hora tratada, especialmente no Anexo 12, descobrimos a caracterização ou não
de insalubridade, devendo ser realizada análise quantitativa das substâncias que, em função de sua
natureza (origem e composição), podem estar presentes. Nesse anexo, são fixados os seguintes
limites de tolerâncias: manganês (5mg/m³) e fibras de asbeto (2,0 fibras/cm³); e poeiras que contêm
sílica livre cristalina.
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Crédito: Wirestock Creators/Shutterstock.
Conforme abordamos anteriormente, a sílica em especial está presente em todos os materiais
quando trabalhados desde a extração, em seu tratamento e polimento. Assim, é de extrema
importância ter cuidados especiais para minimizar o impacto dessa realidade sobre o trabalhador.
O quadro a seguir apresenta os métodos mais indicados de prevenção às doenças ocupacionais
resultantes das poeiras.
Quadro 8 – Métodos de prevenção de doença ocupacional
Método Aplicação
Coletivo Umidificação do ambiente (lavando o piso, por exemplo), ventilar o local
Individual Fornecer protetores respiratórios, aparelhos purificadores (máscara a filtro), máscaras protetoras e luvas
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
TEMA 5 – CONDIÇÕES AMBIENTAIS
A NR 16 é uma norma regulamentadora que trata de atividades e operações perigosas. O art.
16.3 direcionaao empregador a responsabilidade de caracterizar ou descaracterizar uma atividade
quanto ao grau de periculosidade. Porém, tal indicação deve sempre estar embasada em laudos
técnicos, realizados por médicos e/ou engenheiros de segurança do trabalho.
Uma vez que uma atividade ou operação é considerada perigosa, a NR 16 define ser justo um
adicional de 30% sobre o salário do profissional.
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No quadro a seguir, alguns exemplos de atividades consideradas perigosas pela NR 16.
Quadro 9 – Exemplos de atividades perigosas
Atividade com Onde
Explosivo Em todas as atividades relacionadas ao produto (fabricação, transporte,
armazenamento, detonação)
Inflamável Na produção, armazenamento, transporte, postos de distribuição)
Radiação ionizante Produção, transporte, manuseio de materiais radioativos
Exposição a roubo ou outra espécie
de violência física
Vigilância patrimonial, de eventos, de transporte coletivo, ambiental e florestal,
transporte de valores, escolta ramada
Energia elétrica Conforme a NR 10 (desde a geração, transmissão, distribuição e uso coletivo)
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978.
Observações importantes:
De acordo com o Anexo 5 da NR 16, apesar do risco, o deslocamento com motocicletas,
independente de circunstância e local, não é considerado como atividade perigosa, não tendo,
portanto, direito ao adicional de periculosidade.
De acordo com o art. 193 da Consolidação das leis do trabalho – CLT, caso o trabalhador esteja
exposto à insalubridade NR 15 e à periculosidade NR 16, ele deverá optar por uma das
situações (não podendo acumular as duas). Nesse caso, é interessante notar que a
insalubridade vai de 10 a 40% sobre o salário-mínimo, enquanto a periculosidade é de 40%
sobre o salário base do profissional.
De acordo com Iida (2000, p. 146-170), as condições ambientais pertinentes ao planejamento
das instalações produtivas e à colaboração ergonômica ocorrem em três níveis.
1. Projeto do macroespaço: no layout, são estabelecidas as dimensões (metragens) de cada
departamento e também das áreas de apoio (estoques, movimentação, apoio de pessoal, utilidades,
manutenção etc.). Nesse nível, são definidos inputs, transformação e outputs da matéria-prima em
produtos, bem como a posição de operadores, máquinas e equipamentos, além de estudos do
ambiente geral de trabalho, observando iluminação, temperaturas e ruídos, bem como a organização
do trabalho em horários, turnos, equipe, sistemas de transporte, entre outros aspectos.
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Crédito: Tartila/Shutterstock.
2. Projeto do microespaço: o foco está na ergonomia da Unidade de Estação de Trabalho (UET),
incluindo o operador no seu ambiente de trabalho e compreendendo as máquina e equipamento
que serão utilizados, bem como os aspectos ergonômicos envolvidos.
Crédito: vectortatu/Shutterstock.
3. Projeto detalhado: são estabelecidos os projetos e a seleção dos instrumentos de informação
e de controle da produção.
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Crédito: Macrovector/Shutterstock.
FINALIZANDO
Nesta aula, trabalhamos a periculosidade e a insalubridade no trabalho. Abordamos de forma
simples e objetiva as condições que a maioria dos trabalhadores enfrentam, como frio extremo, calor
excessivo, riscos biológicos que envolvem determinados setores, além de riscos químicos.
Em locais ermos, onde o trabalhador está exposto às condições climáticas, esses riscos se
agravam, pois poeira, ruído, defensivos agrícolas, vibrações, umidade, entre outros fatores, causam
inúmeras consequências, e até produzem doenças ocupacionais que o ser humano não está
preparado para enfrentar.
Como consequência dessas condições que afetam o local de trabalho e os trabalhadores, foram
regulamentadas as NRs 15 e 16, que descrevem os níveis mínimos de aceitação. Se há exposição ao
risco, as normas estabelecem direitos financeiros agregados aos salários dos trabalhadores.
Até o nosso próximo encontro, e bons estudos!
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2013.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blüncher, 2000.
PINTO, J. A. R. Tratado de direito material do trabalho. São Paulo. LTr, 2007.
20/03/2023, 20:31 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/23
SEGUIER, J. Dicionário prático ilustrado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1925.
VIEIRA, M. C. Perícias de insalubridade e periculosidade. Jus Brasil, abr. 2014. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/27645/pericias-de-insalubridade-e-periculosidade>. Acesso em: 12 out.
2021.

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