Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/23 SEGURANÇA DO TRABALHO E ERGONOMIA AULA 4 Prof. Carlos Costa Prof. Emerson Seixas 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/23 CONVERSA INICIAL Nesta aula sobre a periculosidade e a insalubridade no trabalho, começamos notando que qualquer local apresenta seus riscos. Seja por gases, ruído, poeira, frio, calor, correntes elétricas, vibrações, riscos químicos ou biológicos. Dessa forma, as NRs 15 e 16 apresentam um norte de ação para lidar com as condições que afetam o local de trabalho e os trabalhadores. A NR 15 prevê que trabalhadores em locais insalubres obtenham adicionais financeiros ao seu ordenado, com base no salário-mínimo vigente. O ruído, seja por exposição a barulho intenso de veículos de carga, máquinas, equipamentos, pessoas, geradores, entre outros, também afeta o bem- estar do trabalhador. Essa exposição afeta a saúde física e emocional do trabalhador que é exposto aos ruídos. As condições ambientais previstas na NR 16 tratam do trabalhador que executa atividades e operações perigosas, destacando que também tem direito a adicionais financeiros ao seu ordenado, com base no salário-mínimo vigente. Considerando esse contexto, convido você a estudar esse tema nesta aula. TEMA 1 – PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE É imprescindível ter atenção à legislação vigente, consultando especialistas em caso dúvidas na interpretação de termos e procedimentos. Sendo assim, os adicionais de insalubridade e periculosidade referem-se às classes adicionais legais abarcantes, porque são legalmente tipificados (art. 192 e 193 da CLT), de modo que se justapõem a qualquer categoria de funcionários, desde que o empregado se enquadre nas situações da tipificação legal (Delgado, 2013, p. 766). 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/23 Crédito: Robertlamphoto/Shutterstock. Não é suficiente fornecer o EPI, ainda que adequado. Ainda fazem parte do processo o treinamento ao uso correto, a fiscalização no uso e a substituição quando necessário, assim como a documentação das etapas, devidamente assinada pelo trabalhador. Em face da estrutura lógico-normativa vigente, para o reconhecimento do adicional de insalubridade ou periculosidade, quando a percepção do adicional pelo trabalhador depende de processo judicial, a prova pericial é o elemento determinante para a conclusão da lide. Por que razão, o estudo dos elementos jurídicos e técnicos que compõem a produção do laudo pericial é fulcral para a análise da concretização dos princípios constitucionais processuais do acesso à justiça, do devido processo legal e do contraditório nos processos judiciais trabalhistas que tem por objeto os adicionais de insalubridade e periculosidade. (Vieira, 2014). Deliberadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as operações que tipificam o adicional de insalubridade, de acordo com o art. 190 da CLT, são aquelas que expõem os funcionários a agentes físicos, químicos ou biológicos prejudiciais à saúde. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/23 Crédito: Joe Belanger/Shutterstock. Conforme a NR 15, quando o empregado está sujeito a diversos agentes nocivos e biológicos, a insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa, sendo necessário considerar somente o fator de insalubridade em maior grau. Assim, é “aplicável um adicional de insalubridade para cada agente nocivo a que está exposto o trabalhador, haja vista o múltiplo risco gerado à saúde do empregado e o baixo estímulo para que o empregador elimine os agentes nocivos do ambiente de trabalho” (Vieira, 2014). A NR 15 classifica as características insalubres a partir de dois critérios gerais. Vejamos, primeiramente, a insalubridade de grau máximo, que abarca trabalhos ou operações em contato permanente com: pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose); esgotos (galerias e tanques); lixo urbano (coleta e industrialização). Na sequência, apresenta a insalubridade de grau médio, com trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infecto contagiante em: 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/23 hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de usos desses pacientes, não previamente esterilizados); hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com tais animais); contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos; laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão só ao pessoal técnico); gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal técnico); cemitérios (exumação de corpos); estábulos e cavalariças; resíduos de animais deteriorados. Determinadas atitudes de proteção e prevenção podem ser adotadas quanto ao contato com os agentes biológicos: Instruir e informar os trabalhadores quanto ao risco biológico; Reduzir quando possível o número de pessoas expostas ao agente biológico; Estabelecer normas e procedimentos de trabalho à exposição ao agente biológico; Criar um plano de emergência considerando possíveis acidentes de trabalho com esses agentes; Utilizar meios de proteção como os equipamentos de proteção individual (EPI) para a situação de risco; Sinalizar o local do perigo, utilizando a simbologia e informando os riscos. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/23 Crédito: Lisner/Shutterstock. Segundo Seguier (1925, p. 863), a periculosidade é “circunstância que ameaça a existência ou interesses de uma pessoa”. Por meio do significado de risco, é admissível identificar o perigo ou aviso a que se sujeita o trabalhador submisso às condições perigosas, segundo a definição originada pela NR 16, diferentemente da estabelecida para insalubridade. Segundo Pinto (2007, p. 424-425), “a insalubridade é insidiosa e lenta em seus resultados”. Por outro lado, “a periculosidade, por sua natureza, é uniforme, de impacto instantâneo e dispensa graduação indenizatória”. TEMA 2 – RUÍDO E TEMPERATURA A NR 15, é a norma regulamentadora que trata dos ambientes e suas consequentes atividades consideradas insalubres. Por meio dessa norma, são considerados como insalubres ambientes e/ou exposição do trabalhador acima dos limites de tolerância prescrito pela legislação. Quando o trabalhador está exposto a uma situação considerada insalubre, tem direito ao adicional de insalubridade, conforme percentuais abaixo: 40% para insalubridade grau máximo 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/23 20% para insalubridade grau médio 10% para insalubridade grau mínimo É importante salientar que esses percentuais se referem ao salário-mínimo vigente. De acordo com a NR 15, são considerados como atividades insalubres aquelas realizadas em ambientes caracterizados por: ruído; exposição ao calor e frio; radiações ionizantes e não ionizantes; umidade; agentes químicos; poeiras e agentes biológicos. Conforme vimos, é importante salientar o grau de concentração dos agentes citados para considerar se o ambiente é insalubre ou não. Diante disso, a NR 15 descreve como limite de tolerância: “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição do agente, que nãocausar danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (Brasil, 1978). 2.1 RUÍDO O ruído também é conhecido como pressão sonora. É todo som contínuo ou intermitente que se sobressai em um ambiente laboral. Está normalmente presente em toda indústria. Como elementos causadores do ruído, podemos listar: aglomeração de pessoas; funcionamento de máquinas e equipamentos; movimentação de veículos de carga; geração de energia. A exposição contínua ao ruído resulta em danos temporários, entre eles: irritação, perda de concentração, dificuldade de comunicação e até mesmo distúrbios irreparáveis, como a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – Pair. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/23 De acordo com a evolução clínica, a Pair pode ser classificada em quatro grupos: Estágio 1: neste caso, o trabalhador estará exposto por poucos dias ou semanas. Como consequência, observa penedos tinidos que cessam quando subtraído o ruído. Estágio 2: Neste caso, o trabalhador estará exposto a meses ou anos. Neste caso, a audiometria pode apresentar perdas entre 30 e 40 decibéis. Estágio 3: A audiometria revela perdas entre 45 e 60 decibéis. O trabalhador necessita de volume mais alto ao ouvir TV e rádio, por exemplo. Estágio 4: É comum nesta fase que o trabalhador apresente muita dificuldade de ouvir e, consequentemente, de comunicação, afetando até mesmo o ambiente familiar. Crédito: Lakeview Images/Shutterstock. O nível de pressão sonora é verificado por meio de dois instrumentos básicos: decibelímetro e dosímetro. Por meio desses dois instrumentos, é possível captar o som, comparando-o com os limites preestabelecidos pela NR 15, que elenca valores limites ao trabalhados. As medições devem ser executadas entre o ouvido direito e o esquerdo, em relação à fonte geradora. Podem ser obtidos valores diferentes em cada um dos lados. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/23 A Tabela 1 apresenta um resumo dos limites de tolerâncias para níveis de ruído contínuo ou intermitente. Tabela 1 – Limites de tolerâncias para níveis de ruído contínuo ou intermitente Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 horas e 45 minutos 98 1 horas e 15 minutos 100 1 horas 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/23 115 7 minutos Fonte: Brasil, 1978. Observação: por meio da tabela, podemos ver que o tempo de exposição do trabalhador ao ambiente diminui com o aumento do nível de ruído. Diante do exposto, fica evidente a necessidade de minimizar a exposição do trabalhador ao ruído. Vejamos algumas possibilidades: Enclausuramento de máquinas e equipamentos Isolamento de fontes geradoras Protetores auditivos Independentemente da medida ou das medidas tomadas, é importante observar que, aplicada tal solução, o ruído do ambiente deve ser inferior ao preestabelecido pela norma. 2.2 TEMPERATURA De um modo simplista, podemos dividir a temperatura no ambiente de trabalho em dois grupos: calor e frio. É notório que valores acima do aceitável pelo corpo humano são influenciados negativamente. É interessante salientar que a medida de exposição ao calor não é obtida somente no ambiente. A temperatura ou o calor no ambiente de trabalho são avaliados por meio do IBUTG – índice de bulbo de temperatura de globo. A quantificação da temperatura em ambiente de trabalho é realizada tomando por base o tipo de atividade realizada e o consequente fator de metabolismo envolvido. A quantificação é realizada considerando os níveis de calorias, conforme a tabela. Tabela 2 – Quantificação vs Kcal/h Tipo de atividade Kcal/h Trabalho leve (sentado, em repouso) 100 Trabalho moderado (sentado, movimento rigoroso) 180 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/23 Trabalho pesado (trabalho intermitente de levantar, de empurrar amassar pesos) 440 Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. Uma vez exposto a determinadas atividades, o trabalhador tem direito a descanso, que pode ocorrer no local laboral ou em seu aposento, a depender do tipo de atividade e da carga horária de exposição. Crédito: industryviews/Shutterstock. Tanto o calor como o frio alteram consideravelmente o metabolismo do trabalhador. No Quadro 1, vemos exemplos de reações de acordo com o ambiente ao qual o trabalhador está exposto: Quadro 1 – Efeitos de exposição ao frio e ao calor Calor Frio Desidratação Problemas vasculares Hipertermia Hipotermia Fadiga Alergias Doença de pele Ulcerações Fonte: Brasil, 1978. De acordo com o grau do efeito determinado pela legislação, o trabalhador terá direto a 15 minutos fora da área a cada 45 minutos trabalhados. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/23 Além do tempo especificado, outros fatores devem ser observados e seguidos, com vistas a preservar o trabalhador. Vejamos alguns deles: Vestimenta direcionada (ao frio e ao calor) Circulação de ar no ambiente (ventilação forçada ou natural) Assistência do sistema de saúde ocupacional TEMA 3 – VIBRAÇÕES, AGENTES QUÍMICOS E BIOLÓGICOS A vibração pode ser definida como movimento oscilatório em torno de um ponto fixo. O número de vezes em que o ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é chamado de frequência, que é medida em ciclos por segundo ou Hertz [Hz]. A vibração ocupacional é um fato extremamente prejudicial ao trabalhador, podendo causar breve desconforto a dano permanente. A vibração é transferida para o corpo humano, provocando ressonância e amplificando o tremor, causando danos. De acordo com a NR 15, as vibrações são classificadas de acordo com o nível de vibração e a parte do corpo sumariamente exposta. Valores acima dos definidos caracterizam a necessidade de pagamento de insalubridade: Órgãos diretamente afetados: mãos e braços, com aceleração igual ou superior a 5 m/s². O corpo todo é afetado: aceleração igual ou superior a 1,1 m/s². Exemplos de atividades que por características próprias causam vibração ocupacional e as consequentes doenças degenerativas: Na construção civil: asfaltamento de ruas, compactação de terra, perfuração. Na indústria metalmecânica: atividades com prensas, furadeiras. No meio de transporte: direção, principalmente de veículos pesados (caminhões, ônibus, tratores). 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/23 Crédito: Rawi Rochanavipart/Shutterstock. Os resultados da vibração para o trabalhador acontecem e se propagam a partir de: ponto de aplicação; frequência da oscilação; aceleração da oscilação tempo de duração do ciclo. Quando o tempo de duração da exposição do trabalhador a atividades que envolvem vibração é pequeno, sofre como resultado: dores musculares; dores abdominais; náuseas; aumento dos batimentos cardíacos por conta do estresse. Quando o tempo de duração da exposição do trabalhador a atividades que resultam vibração, sofre como resultado: alteração do sistema nervoso; dificuldades de concentração; problemas cardíacos; desvios colunário; 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/23 e até impotência do aparelho reprodutório. Uma doença ocupacional também resultante desse caso é a Raynaud. Essa doença prejudica a irrigação de sangue nas mãos, por conta da obstrução de vasos e artérias, podendo até causar necrose dos dedos. Reconhecidos os fatos, partimos então para as providências, visando a mitigação de tais doenças ocupacionais, considerando as seguintes aplicações: uso de ferramentas com controle de impacto, com manutenção adequada; luvas antivibraçãoe limitação do período de exposição; massagem dos dedos, braços e pernas (ginástica laboral); período adequado de repouso após a exposição laboral; rodízio de funções. 3.1 AGENTES BIOLÓGICOS Na sequência, encontramos listados alguns dos principais agentes biológicos: Microrganismos: bactérias, fungo e vírus. Parasitas internos: vermes. Parasitas externos: sarna, piolho e berne. Protozoários. De um modo geral, os agentes biológicos são causadores de doenças ocupacionais como: Infecções: causadas por parasitas, vírus ou bactérias. Alergias: causadas pela exposição a poeiras orgânicas (bolor, pó, ácaros). Envenenamento, ou efeitos tóxicos: causados por toxinas produzidas por fungos e bactérias. É interessante salientar que os agentes biológicos estão presentes principalmente nos seguintes ambientes laborais: hospitais; laboratórios; indústrias alimentícias; abatedouros; agricultura. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/23 No meio laboral, de um modo geral, os agentes biológicos são observados em ambientes como refeitórios e banheiros. De acordo com o grau de exposição ao agente biológico, a insalubridade é caracterizada de acordo com a NR 15, conforme o quadro seguir. Quadro 2 – Grau de insalubridade de acordo com NR 15 Grau de insalubridade Contato permanente com Máximo Pacientes com isolamento por doenças infectocontagiosas Esgoto – galerias e tanques Lixo urbano – coleta e industrialização Médio Hospitais, enfermarias, postos de atendimentos – pessoas ou animais Laboratórios de análise clínica Cemitérios – exumação de corpos Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. As possibilidades de transmissão dos agentes biológicos podem acontecer por três meios principais ou simultâneos, conforme o quadro a seguir. Quadro 3 – Possibilidades de transmissão dos agentes biológicos Meio de transmissão Como ocorre Direto Contato pessoa a pessoa (mão, abraço) Manuseio de materiais contaminados Não cumprimento de regras básicas de higiene Indireto Contato com equipamentos contaminados, quando a descontaminação (limpeza) é deficiente Aéreo Por meio de bactérias expostas ao ar Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. Vejamos agora os meios de entrada dos agentes biológicos. Quadro 4 – Meios de entrada dos agentes biológicos Canal de entrada Como ocorre 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/23 Respiratório Na presença de agentes no ambiente de trabalho na forma de bioaerossóis Dérmica ou cutânea Por meio da pele íntegra, pele fissurada ou mucosas (olhos, boca, nariz) Digestiva ou oral Ingestão de alimento, água, ou outro elemento Percutânea Inoculação nas camadas profundas da pele quando exposto por exemplo por meio de corte, perfurações e mordedura de animais Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. Como meios de prevenção aos riscos impostos pelos agentes biológicos, destacam-se prioritariamente: eliminação do agente na origem e utilização de EPIs adequados. 3.2 AGENTES QUÍMICOS Em nosso dia a dia, observamos a existência de muitos produtos químicos (chegando à casa milhões). No entanto, apenas cerca de 200 produtos são citados na NR 15 como indicadores de insalubridade. Diante desse fato, é preciso dar atenção especial ao ambiente, considerando consulta a especialista caso não seja entendido do assunto. O principal documento para validar o direito a insalubridade, especialmente no caso de agentes químicos, é o PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário. O PPP deverá apresentar, prioritariamente: o período, o tipo, o fator de risco, a técnica utilizada para mitigação, o EPC utilizado, o EPI utilizado e o CA de cada equipamento. Para serem caracterizados como insalubres, os agentes químicos podem ser classificados em dois grandes grupos, conforme o quadro a seguir. Quadro 5 – Grupos de agentes químicos Agente químico Quanto ao nível de exposição Químicos quantitativos É necessário que a empresa registre o nível de exposição Químicos qualitativos Garantem o direito ao tempo especial pela simples presença deles no ambiente de trabalho, independentemente do nível de exposição 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/23 Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. Além do exposto pelo PPP, é de fundamental importância que os agentes químicos no ambiente laboral apresentem a FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos, devidamente preenchida e reconhecida por um químico, que deve estar devidamente registrado em seu órgão de competência. Vejamos alguns dos elementos químicos mais vistos em casos de requerimento de insalubridade pelo trabalhador: arsênico, carvão, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos e outros componentes de carbono, mercúrio, silicato e substâncias cancerígenas. Observação: os elementos citados fazem parte do grupo qualitativo. TEMA 4 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS É importante ressaltar que nem somente máquinas, equipamentos e elementos considerados de grande dimensão causam danos à saúde ocupacional do trabalhador. Um bom exemplo disso são as poeiras minerais. 4.1 POEIRAS MINERAIS Definição de poeira: partícula sólida produzida por um rompimento mecânico de sólidos, por meio de moagem, atrito, impacto. O quadro apresenta a classificação e origem das poeiras no ambiente laboral. Quadro 6 – Classificação e origem das poeiras Classificação Origem Mineral Extração de minerais (em geral todos os minerais geram a sílica em sua extração) Alcalina É originária do calcário (responsável pelas doenças pulmonares crônicas como o enfisema pulmonar) Vegetal Resultado de atividades em campos de algodão, cana de açúcar (doença ocupacional “bissinese”) Metálica Lixamento de peças metálicas (doenças como febre e calafrios) Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/23 Crédito: David Antonio Lopez Moya/Shutterstock. A poeira mineral apresenta elevados danos ao trabalhador. Na sequência, por meio do quadro, trazemos um breve relato das principais doenças ocupacionais resultantes da poeira mineral, com seus sintomas costumeiros. Quadro 7 – Doença ocupacional e respectivos sintomas Doença Sintomas Silicose Fraqueza, tosse intensa, dores nos peitos, perda de peso e sudorese noturna Câncer de pulmão Falta de ar, ponta dos dedos inchados e tosse seca Dermatite Coceira ou formação de bolhas e manchas na pele Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. É o objetivo de todas as normas regulamentadoras preservar a vida e a saúde do trabalhador. No caso da NR 15, por hora tratada, especialmente no Anexo 12, descobrimos a caracterização ou não de insalubridade, devendo ser realizada análise quantitativa das substâncias que, em função de sua natureza (origem e composição), podem estar presentes. Nesse anexo, são fixados os seguintes limites de tolerâncias: manganês (5mg/m³) e fibras de asbeto (2,0 fibras/cm³); e poeiras que contêm sílica livre cristalina. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/23 Crédito: Wirestock Creators/Shutterstock. Conforme abordamos anteriormente, a sílica em especial está presente em todos os materiais quando trabalhados desde a extração, em seu tratamento e polimento. Assim, é de extrema importância ter cuidados especiais para minimizar o impacto dessa realidade sobre o trabalhador. O quadro a seguir apresenta os métodos mais indicados de prevenção às doenças ocupacionais resultantes das poeiras. Quadro 8 – Métodos de prevenção de doença ocupacional Método Aplicação Coletivo Umidificação do ambiente (lavando o piso, por exemplo), ventilar o local Individual Fornecer protetores respiratórios, aparelhos purificadores (máscara a filtro), máscaras protetoras e luvas Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. TEMA 5 – CONDIÇÕES AMBIENTAIS A NR 16 é uma norma regulamentadora que trata de atividades e operações perigosas. O art. 16.3 direcionaao empregador a responsabilidade de caracterizar ou descaracterizar uma atividade quanto ao grau de periculosidade. Porém, tal indicação deve sempre estar embasada em laudos técnicos, realizados por médicos e/ou engenheiros de segurança do trabalho. Uma vez que uma atividade ou operação é considerada perigosa, a NR 16 define ser justo um adicional de 30% sobre o salário do profissional. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/23 No quadro a seguir, alguns exemplos de atividades consideradas perigosas pela NR 16. Quadro 9 – Exemplos de atividades perigosas Atividade com Onde Explosivo Em todas as atividades relacionadas ao produto (fabricação, transporte, armazenamento, detonação) Inflamável Na produção, armazenamento, transporte, postos de distribuição) Radiação ionizante Produção, transporte, manuseio de materiais radioativos Exposição a roubo ou outra espécie de violência física Vigilância patrimonial, de eventos, de transporte coletivo, ambiental e florestal, transporte de valores, escolta ramada Energia elétrica Conforme a NR 10 (desde a geração, transmissão, distribuição e uso coletivo) Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. Observações importantes: De acordo com o Anexo 5 da NR 16, apesar do risco, o deslocamento com motocicletas, independente de circunstância e local, não é considerado como atividade perigosa, não tendo, portanto, direito ao adicional de periculosidade. De acordo com o art. 193 da Consolidação das leis do trabalho – CLT, caso o trabalhador esteja exposto à insalubridade NR 15 e à periculosidade NR 16, ele deverá optar por uma das situações (não podendo acumular as duas). Nesse caso, é interessante notar que a insalubridade vai de 10 a 40% sobre o salário-mínimo, enquanto a periculosidade é de 40% sobre o salário base do profissional. De acordo com Iida (2000, p. 146-170), as condições ambientais pertinentes ao planejamento das instalações produtivas e à colaboração ergonômica ocorrem em três níveis. 1. Projeto do macroespaço: no layout, são estabelecidas as dimensões (metragens) de cada departamento e também das áreas de apoio (estoques, movimentação, apoio de pessoal, utilidades, manutenção etc.). Nesse nível, são definidos inputs, transformação e outputs da matéria-prima em produtos, bem como a posição de operadores, máquinas e equipamentos, além de estudos do ambiente geral de trabalho, observando iluminação, temperaturas e ruídos, bem como a organização do trabalho em horários, turnos, equipe, sistemas de transporte, entre outros aspectos. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/23 Crédito: Tartila/Shutterstock. 2. Projeto do microespaço: o foco está na ergonomia da Unidade de Estação de Trabalho (UET), incluindo o operador no seu ambiente de trabalho e compreendendo as máquina e equipamento que serão utilizados, bem como os aspectos ergonômicos envolvidos. Crédito: vectortatu/Shutterstock. 3. Projeto detalhado: são estabelecidos os projetos e a seleção dos instrumentos de informação e de controle da produção. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/23 Crédito: Macrovector/Shutterstock. FINALIZANDO Nesta aula, trabalhamos a periculosidade e a insalubridade no trabalho. Abordamos de forma simples e objetiva as condições que a maioria dos trabalhadores enfrentam, como frio extremo, calor excessivo, riscos biológicos que envolvem determinados setores, além de riscos químicos. Em locais ermos, onde o trabalhador está exposto às condições climáticas, esses riscos se agravam, pois poeira, ruído, defensivos agrícolas, vibrações, umidade, entre outros fatores, causam inúmeras consequências, e até produzem doenças ocupacionais que o ser humano não está preparado para enfrentar. Como consequência dessas condições que afetam o local de trabalho e os trabalhadores, foram regulamentadas as NRs 15 e 16, que descrevem os níveis mínimos de aceitação. Se há exposição ao risco, as normas estabelecem direitos financeiros agregados aos salários dos trabalhadores. Até o nosso próximo encontro, e bons estudos! REFERÊNCIAS BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2013. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blüncher, 2000. PINTO, J. A. R. Tratado de direito material do trabalho. São Paulo. LTr, 2007. 20/03/2023, 20:31 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/23 SEGUIER, J. Dicionário prático ilustrado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1925. VIEIRA, M. C. Perícias de insalubridade e periculosidade. Jus Brasil, abr. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/27645/pericias-de-insalubridade-e-periculosidade>. Acesso em: 12 out. 2021.
Compartilhar