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Aula 6 Condições ambientais da empresa

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22/03/2023, 20:07 UNINTER
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SEGURANÇA DO TRABALHO E
ERGONOMIA
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Carlos Costa
Prof. Emerson Seixas
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CONVERSA INICIAL
A ideia central deste tema é conhecer mais sobre as condições ambientais da empresa, ou local
de trabalho e como o estudo da ergonomia favorece na segurança do trabalhador.
Com o trabalhador conhecendo seu posto de trabalho, os procedimentos para execução das
tarefas, além das ferramentas, máquinas e equipamentos que estão relacionados ao serviço a ser
executado, conhecer as rotas de fuga e ponto de encontro em caso de situações adversas facilitará
muito o desempenho da atividade e da segurança de cada indivíduo.
Por meio de relação trabalhista previdenciária ou tributária, o governo estabelece diretrizes
através do eSocial. O empregador preenche planilhas informando os dados de cada trabalhador para
que em alguma eventualidade ou até mesmo para fins de aposentadoria, este consiga receber seu
benefício assegurado.
Ainda nesta aula, veremos as funções do ergonomista, o quanto ele é uma figura importante na
empresa e seu real apoio ao trabalhador. Também a biomecânica e como é analisada pelo
ergonomista. E por fim, como será possível aplicar ferramentas da qualidade para estabelecer metas
para redução de acidentes do trabalho ou localizar a causa de um fato ocorrido e realizar um plano
de ação para que não ocorra mais.
Dessa forma, convido vocês a estudar esse tema e nos acompanhar nesta aula.
TEMA 1 – CONDIÇÕES AMBIENTAIS
É direito de todo cidadão um ambiente seguro e saudável, independentemente de sua condição
social.
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Esse mesmo direito também é considerado primordial e, no caso de ambientes relacionados ao
trabalho, de obrigação do empregador oferecer ao seu subordinado trabalhador tais condições.
Existem parâmetros indicados a cada ambiente laboral assim como os devidos recursos para a
minimização dos efeitos negativos quanto ao rendimento do trabalhador exposto diante de tal
situação, uma vez que toda condição adversa prejudica o rendimento momentâneo da
produtividade, bem como a saúde a médio e/ou longo prazo do indivíduo exposto.
É óbvio que toda situação laboral exige concentração do executor. Porém, especialmente em
situações que envolvem a necessidade de execução do intelecto, o ambiente deve estar de acordo
com os parâmetros abaixo sugeridos, indicados pela NR 17:
Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no
INMETRO;
Índice de temperatura efetiva entre 20 °C (vinte) e 23 °C (vinte e três graus centígrados);
Velocidade do ar não superior a 0,75 m/s;
Umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento;
A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar
ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
Os requisitos acima são de extrema importância e devem também ser obedecidos no ambiente
industrial, especialmente em situações como as citadas abaixo:
Salas de controle;
Laboratórios;
Salas de reuniões;
Salas de desenvolvimento ou análise de projetos.
Além disso,
Obs. 1 – Apesar de também tratados alguns pontos sobre o conforto no ambiente de trabalho
pelo PPRA e pelo LTCAT, de modo algum esses documentos devem substituir a necessidade de
levantamentos específicos e relatados pelo Laudo que documenta as condições ergonômicas
do trabalhador. Por vezes, a falta deste, que sempre é solicitado pela legislação, leva a empresa
a dispender altos valores com indenizações trabalhistas.
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Obs. 2 – Além das situações anteriormente citadas, é de extrema relevância observar a
concordância da vestimenta do trabalhador com a atividade a ser executada. Sempre que
possível evitar uniformes pesados além do necessário com tecidos que permitam a devida
ventilação do corpo, minimizando o suor. Do mesmo modo, a vestimenta deve proporcionar
condições especiais de segurança e mobilidade.
1.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Toda atividade laboral deve ser devidamente dimensionada de modo a proporcionar ao
trabalhador condições seguras, saudáveis e produtiva. Desse modo, é imprescindível assegurar a ele
saída do posto de trabalho, mediante comunicação, a qualquer momento da jornada, com o objetivo
de satisfazer suas necessidades fisiológicas.
Todo trabalhador antecedendo sua atividade deve passar por um determinado perído de
treinamento, envolvendo alguns conhecimentos considerados básicos para o desempenho da função.
Tais conhecimentos envolvem:
Conhecimento posto de trabalho;
Conhecimento sobre a manipulação de ferramentas e materiais envolvidos no processo;
Conhecimento das normas de organização do trabalho;
Conhecimento das normas de segurança necessárias à atividade;
Rota de fuga e ponto de encontro;
Conhecimento de seus parceiros imediatos.
De acordo com o produto resultante da atividade, as empresas adotam denominações diferentes
quando se referem ao processo de fabricação do mesmo.
Figura 1 – Organização do trabalho
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Créditos: Drazen Zigic/Shutterstock.
A forma de descrição das atividades que resultam no produto pode, por exemplo, encontrar a
seguinte denominação:
Folha de processos;
Ficha de instrução de tarefa;
Trabalho padrão.
Além da descrição técnica e dimensional, muitas empresas apresentam o desenho da peça e até
mesmo sua posição quando montada a outra, situação comum no meio industrial, pois normalmente
as peças fazem parte de um conjunto.
A NR 17 conclui, portanto, que para a organização do trabalho, deve-se considerar:
Complexidade da atividade;
As normas de produção;
O modo operatório;
O ritmo de trabalho;
As etapas da tarefa;
Determinação do tempo.
1.2 ANÁLISE E GERENCIAMENTO EM ERGONOMIA
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São indisponíveis para a aplicação da ergonomia o conhecimento da fisiologia, a biomecânica e
a antropometria.
A AET – Análise ergonômica do trabalho é de grande importância para o bem-estar físico e
psicológico do trabalhador. Diante de tão grande responsabilidade, essa atividade pode ser realizada
por diversos profissionais, destacando: Fisioterapeutas, médicos do trabalho, engenheiros de
segurança, designers, educadores físicos.
Salienta-se ainda a importância do grau de especialista para o profissional acima para então ser
considerado ergonomista.
Considerando a responsabilidade acima, bem como os profissionais envolvidos, a AET
normalmente é dividida metodologicamente em cinco grandes etapas, a saber (Güérin et al., 2001):
Análise da demanda;
Análise da tarefa;
Análise da atividade;
Diagnóstico
Recomendações.
Os pontos acima serão detalhados na sequência. É importante salientar as grandes relevâncias
da AET como: a identificação, a quantificação e o diagnóstico dos riscos ergonômicos.
TEMA 2 – ESOCIAL
A intenção primordial do eSocial é permitir que todos os dados mais importantes sobre o
empregador e sobre o empregado estejam disponibilizados por meio dessa plataforma digital.
2.1 A QUEM SE DESTINA O ESOCIAL
Independentemente da área de atuação e número de funcionários, todo aquele que contratar
prestador de serviço pessoa física e possua alguma relação trabalhista previdenciária ou tributária
deverá obecer as diretrizes estabelecidas pelo sistema eSocial.
2.2 DEFINIÇÃO
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eSocial é o Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e
Trabalhista.
2.3 COMPONENTES ORGANIZACIONAIS ESTRUTURAIS DO ESOCIAL
Governo Federal;
Secretaria da Receita Federal do Brasil;
Caixa econômica Federal;
InstitutoNacional do Seguro Social e Ministério do Trabalho.
2.4 OBJETIVOS DO ESOCIAL
Simplificação do sistema, permitindo que a empresa envie informações apenas uma vez,
evitando redundâncias;
Dar maior efetividade à fruição dos direitos trabalhistas e previdenciários fundamentais o
trabalhador;
Melhorar a qualidade das informações sobre as relações de trabalho previdenciárias e fiscais;
Proporcionar tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte.
2.5 ALGUMAS DAS OBRIGAÇÕES SUPRIMIDAS ISOLADAMENTE E QUE FAZEM
PARTE DO ESOCIAL
RAIS – Relação Anual de Informações Sociais;
DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte;
GRF – Guia de Recolhimento do FGTS;
CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados;
CAT – Comunicação de Acidentes de Trabalho;
PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário;
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social.
Obs. – Todas as informações relacionadas ao eSocial devem ser cadastradas em sistemas pelo
RH da empresa, devendo esses dados serem enviados por meio digital – online à matriz do sistema
do Governo Federal. É de responsabilidade do empregador a atualização dos dados, incorrendo na
possibilidade de multas caso não ocorra.
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Grande parte do sistema eSocial é composto de tabelas que, como tratado, é de
responsabilidade de preenchimento pelo RH do empregador.
Dois são os eventos principais que compoem o eSocial (tabelas):
Eventos periódicos;
Eventos não periódicos.
Informações imprescindíveis relacionadas ao período das ocorrências para o cadastro do eSocial:
Admissão; aviso-prévio e demissão;
Afastamento temporário;
Alteração de salário;
Alteração da jornada de trabalho;
Atestado de saúde;
Condições ambientais;
Monitoramento de saúde do trabalhador.
Para a efetivação do eSocial por parte da empresa, cinco fases são necessárias e devem ser
enviadas por internet segundo a ordem abaixo:
Cadastro do empregador;
Dados dos trabalhadores e seu vículo com a empresa;
Folha de pagamento;
Cruzamento de dados – Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social
(GFIP);
Dados sobre a segurança e saúde do trabalhador.
Conforme tratado na última observação, é de responsabilidade do empregador a informação
verídica ao eSocial, podendo o mesmo ser penalizado em caso de inconsistências.
Veja, a seguir, algumas multas às quais o empregador estará sujeito:
Deixar de computar parcela ou não efetuar depósito do FGTS;
Não respeitar a carga horária de trabalho;
Não pagar o 13° salário de acordo com a média anual e no prazo;
Não pagar as férias de acordo com médias, pagar com atraso;
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Não pagar as verbas rescisórias no prazo de 10 dias;
Não contratar PCD ou não obedecer às cotas de acordo com a legislação.
Obs. – Os valores das multas acima tratadas devem ser consultadas junto à contabilidade da
empresa.
O Quadro 1 apresenta algumas situações referentes à implementação do sitema eSocial, do
ponto de vista do empregador e do ponto de vista do trabalhador.
Quadro 1 – Responsabilidades previstas para o empregador e para o empregado
Empregador Empregado
Resgistro imediato de novas alterações, mantendo o sistema
atualizado;
Integração de processos;
Disponibilização imediata de informações aos órgãos
envolvidos.
Transparência dom relação às informações de seu contrato
de trabalho;
Informações sobre pagamentos;
Informações sobre condições de trabalho.
De acordo com o eSocial, os riscos no ambiente de trabalho podem ser divididos em 5 classes,
sendo:
Biomecânico;
Mobiliário;
Ambiental;
Organização do trabalho;
Cognitivo / pscossocial.
Na sequência, o Quadro 2 apresenta alguns exemplos de riscos vinculados de acordo com o
eSocial:
Quadro 2 – Riscos de acordo com o ambiente preestabelecido pelo eSocial
Riscos Exemplos
Biomecânicos Postura incômoda; postura sentado por longo período; esforço intenso; movimentos repetitivos
Mobiliário Posto de trabalho improvisado; mobiliários sem meios de regulagem; assento inadequado
Ambiental Ruído; temperatura; umidade do ar; iluminação
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Organização do trabalho Trabalho realizado sem pausa pré-definida; ritmos intensos de trabalho; monotonia
Cognitivo Situações de estresse; sobrecarga de trabalho mental; assédio; falta de autonomia
TEMA 3 – O ERGONOMISTA E SUAS FUNÇÕES
Com o alto grau de importância à ergonomia, o “ergonomista” é um profissional multidisciplinar
e interdisciplinar que deve possuir conhecimentos de ergonomia e da fisiologia do corpo humano.
De acordo com a ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia, para ser considerado
ergonomista com habilitação para o exercício da profissão, é necessário o curso de pós-graduação
lato sensu de no mínimo 360 horas em uma universidade credenciada pelo Ministério da Educação.
Quanto à atividade profissional, o ideal é que o ergonomista faça parte do conjunto de
profissionais, desde o projeto de uma fábrica, de um posto de trabalho ou da reformulação dele,
visando proporcionar ao trabalhador condições ergonômicas reais às suas atividades e
consequentemente rendimento funcional.
Nessa linha, o ergonomista contribui grandemente para a produtividade, por meio da avaliação
de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com
as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.
Quando tratado sobre análise e gerenciamento em ergonomia, é de fundamental importância
salientar que:
Laudo ergonômico considera um momento estático;
Análise ergonômica considera ação, movimento (ou seja, a AET, visa ao levantamento do
ambiente de trabalho, por meio do levantamento de problemas e o que fazer para mitigá-los.
3.1 ANÁLISE DA DEMANDA
Normalmente, é comum relacionar a demanda de determinada tarefa com a dedicação do
trabalhador, ou seja, para a realização de qualquer atividade são necessários dispêndios de esforços
físico e mental dos envolvidos. Também é comum relacionar, como tratado em etapas anteriores, a
atividade laboral ao desgaste do trabalhador, assim como a adequação do ambiente laboral.
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Para esse tópico de estudo, demanda significa: ação ou efeito de demandar, de buscar, de
procurar soluções para determinado assunto.
Tal definição é de extrema relevância, visto que quando bem realizada, aumenta em muito a
possibilidade de sucesso da implementação do sistema.
Diante do exposto, normalmente a primeira etapa a ser analisada pelo ergonomista trata-se da
demanda.
Nesta etapa, o ergonomista deve analisar por meio da identificação da demanda, do espaço
laboral. É interessante ressaltar que tal demanda deve resultar de diálogo com os envolvidos direto e
indiretamente na tarefa (operador de máquina, supervisor, CIPA) e observações diretas realizadas no
posto de trabalho.
Também é interessante ressaltar pontos de vista diferentes quando tratado o assunto demanda,
conforme mostra o quadro abaixo:
Quadro 3 – Departamento e interesses quando tratado a demanda
Departamento tratado Interesse principal
Engenharia Métodos de produção (processos e manufaturas eficientes)
Médico Otimização da qualidade de vida do trabalhador
Infelizmente, ainda nos dias atuais, grande é o número de afastamento devido ao DORT –
Distúrbios osteomusculares relacionado ao trabalho. É óbvio que tais afastamentos resultam em
custos para a empresa (devido à perda de horas trabalhadas) bem como para o poder público (que é
o responsável por encaminhar profissionais para a fiscalização, chegando ao caso extremo de multas
e interdições).
Obs. – Conclui-se, portanto que normalmente a “demanda” está vinculada à saúde,
produtividade e/ou questões legais (de acordo com a legislação).
Obs. 2 – É de fundamental importância definir os objetivos da análise dademanda, assim como
o alcance desejado.
3.2 ANÁLISE DA TAREFA
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A determinação das “condicionantes do trabalho”, ou seja, a análise e o entendimento de como o
trabalho é pensado (pelos administradores e projetistas da área) e deverá ser realizado (pelos
operadores da linha) está diretamente relacionado ao sucesso ou não da produtividade. Obs. –
Periodicamente a análise da tarefa deve ser refeita, tendo em vista a otimização.
Nesta etapa do trabalho, o ergonomista deverá levantar a realidade do ambiente. Para tanto,
torna-se necessária a visita in loco, estando no Quadro 4 abaixo algumas observações a serem
realizadas.
Quadro 4 – Levantamento dos envolvidos e verificações in loco
Envolvimento Verificações
Meios técnicos e tecnológicos Máquinas e equipamentos
Operacionais Folha de processos
Efetivo Mão de obra (trabalhador local)
Saúde e segurança Ambientação, ergonomia
SESMET Iluminamento, ruído
Na sequência, a Quadro 5 apresentam os principais aspectos relacionados à “análise da tarefa”
de acordo com Güerin et al. (2001):
Quadro 5 – Aspectos relacionados à “análise da tarefa” e considerações
Aspectos Considerações
Dimensão econômica e
comercial
Empresas consolidadas e bem estruturadas normalmente tendem a oferecer melhor ambiente
laboral
Dimensão social e
demográfica
Alta rotatividade de profissionais normalmente está relacionada às condições e ambiente de
trabalho (sugerindo melhorias)
Leis e regulamentações Identificar a NR de maior abrangência sobre a empresa de acordo com o CNAE. Porém todas
as outras necessárias devem ser devidamente aplicadas
Ambiente geográfico Ainda que produtos iguais sejam produzidos em regiões diferentes deve-se reconhecer as
particularidades regionais
Dimensão técnica Identificar e reconhecer que o linguajar utilizado na fábrica está relacionado ao setor ao qual
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pertence
Produção e sua
organização
Identificar e aplicar corretamente os sistemas da empresa seja no qualitativo e no quantitativo.
Observar também que sistema é aplicado: produção puxada, empurrada, Just in time.
Condições ambientais Iluminamento, ruído, temperatura, umidade
Fonte: Adaptado de Güerin et al., 2001.
Além do conhecimento acima, o ergonomista deverá atuar (ainda que temporariamente,
principalmente no caso de prestadores de serviço terceirizados) diretamente com o trabalhador e sua
função desempenhada, havendo a necessidade de conhecer o passo a passo da atividade produtiva,
seja num setor industrial ou administrativo.
Deste modo, o ergonomista estará habilitado a propor projetos de maquinários, modificações e
adaptações dos postos de trabalho, implementando soluções ou adaptações ergonômicas, de acordo
com a necessidade apresentada.
3.3 ANÁLISE DA ATIVIDADE
Segundo Pegatin (2020), a “análise da atividade” é o centro de uma AET. Por meio da análise da
atividade, torna-se possível identificar as necessidades do trabalhador, uma vez que são
confrontados os dados levantados com a realidade de campo.
Para Francisco (2005), a análise da atividade é definida como um instrumento utilizado para
conhecer as habilidades específicas necessárias para a realização de cada tarefa.
O cruzamento de informações e análises destas de forma qualitativamente e quantitativamente
fundamentam os resultados finais, pois nem sempre é possível o levantamento de dados em toda a
empresa.
No Quadro 6, também de acordo com Pegatin (2020), são citadas três etapas fundamentais para
credibilidade do diagnóstico ergonômico em espaços laborais.
Quadro 6 – Credibilidade do diagnóstico ergonômico em espaços laborais
Ferramentas e resultados Objetivos
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Instrumentos de coleta de
dados
Coletar dados (teóricos e imagens) do trabalhador
Instrumentos qualitativos e
quantitativos
Analisar qualitativamente e quantitativamente os esforços (movimentos) realizados pelo
trabalhador
Relatório EAT Estabelecer por meio de relatório técnico a padronização de atitudes do trabalhador de
modo a minimizar esforços e deslocamentos desnecessários
Fonte: Adaptado de Pegatin, 2020.
Por meio do estudo dos dados apresentados no quadro anterior, é possível identificar os
“determinantes”, ou seja, o grau de variabilidade da tarefa.
TEMA 4 – RULA, REBA E OWAS
A biomecânica é uma ciência multidisciplinar que estuda os movimentos a partir da anatomia,
fisiologia e mecânica. O termo vem do original francês biomecanique.
A biomecânica analisa os fenômenos mecânicos e cinemáticos. Tem como objetivo principal o
estudo das ações físicas realizadas pelo trabalhador, a partir das origens até seus efeitos. Para tanto,
são estudadas as propriedades dos ossos, a circulação do sangue e o funcionamento dos músculos.
Três são as ferramentas principais utilizadas no estudo da biomecânica, conforme apresenta o
Quadro 7.
Quadro 7 – Ferramentas e características biomecânicas
Ferramenta Descrição Autores
Rula /
Reba
Avaliam o corpo biomecânico e postural e que foi criada para detectar
posturas de trabalho ou fatores de risco que mereçam uma atenção
especial.
Através do método RULA, são identificados distúrbios dos membros
superiores relativos ao trabalho.
Este método tem como grande vantagem permitir fazer uma avaliação
inicial rápida de um grande número de trabalhadores
McAtamney e Corlett (1993) /
Hignett e McAtmney (2000)
Owas Identifica as posturas mais frequentes em relação ao tempo de exposição Karku, Kansi e Kuorinka (1977)
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Fonte: Adaptado de Pegatin, 2020.
Para a validação das ferramentas Rula, Reba e Owas, existem métodos de aplicações.
Normalmente protocolos em forma de questionários, cujas respostas devem obedecer a critérios
preestabelecidos.
De acordo com as análises já tratadas, normalmente são obtidos valores numéricos. O Quadro 8
apresenta conclusões sobre o nível dos resultados de acordo com a posição do trabalhador durante a
atividade.
Quadro 8 – Indicações ergonômicas em função do nível de pontuação obtido durante as análises
Nível de ação Pontuação Indicação
Nível 1 Pontuação de 1 a 2 Postura aceitável para pequenos períodos de trabalho
Nível 2 Pontuação de 3 a 4 Investigar; é possível introduzir adequações no ambiente laboral
Nível 3 Pontuação de 5 a 6 Investigar; realizar adequações rapidamente
Nível 4 Pontuação acima de 7 Mudanças imediatas
4.1 EQUAÇÃO DE LEVANTAMENTO – NIOSH
O Quadro 9 apresenta valores para o levantamento e carregamento de cargas recomendados de
acordo com a ABNT (2017).
Quadro 9 – Limite de peso recomendado de acordo com o gênero e idade
Idade (anos) Homens (Kg) Mulheres (Kg)
18 a 45 25 20
˂ 18 e ˃ 45 20 15
Os valores tabulados são recomendados considerando atividades simples, realizadas no dia a dia
de trabalho. Conforme Pegatin (2020), em tais realizações deve-se considerar:
O peso do objeto;
Distância horizontal entre o objeto e o corpo do trabalhador;
Distância vertical entre as mãos e o solo no início do levantamento;
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Angulação (simetria) do objeto em relação ao plano base;
Frequência de levantamentos (por minutos em relação à jornada de trabalho)
Qualidade da pega do objeto.
4.2 GESTÃO EM ERGONOMIA
É visível em todas as organizações que o sucesso de qualquer empreendimento está diretamente
relacionado ao envolvimento e valorização a este dado pela sua direção.
Desse modo, o empregador deve implementar um sistema de gestão em ergonomia, de modo a
detectar precocemente casos de doenças relacionadas ao trabalho comprovadas ou objeto de
suspeita, voltadas ao sistema de ergonomia ou a falta deste.
Uma das formas de se verificar tal situação é por meio de observação direta de demanda
espontânea do trabalhador que procura pelodepartamento médico.
Além do acima, cita-se: procedimentos de vigilância ativa (auditoria não programada), por meio
de exames médicos dirigidos que incluam (além dos exames obrigatórios por norma) coleta de dados
sobre sintomas referentes aos aparelhos, osteomuscular, vocal, visual e auditivo, analisados e
apresentados com a utilização de ferramentas estatísticas e epidemiológicas.
Uma vez implementado o sistema de gerenciamento ou gestão em ergonomia, é importante o
estabelecimento de métodos de disseminação dos resultados ao grupo de trabalhadores.
Segundo Pegatin (2020), muitas são as vantagens de um sistema de gestão bem implementado,
estando os mesmos citados na Quadro 10.
Quadro 10 – Sistemática e objetivos
Sistemática Objetivo
Estruturação organizacional Atividades futuras de forma consistente e controlada
Tomada de decisão Definição de prioridades
Investimentos Reconhecimento dos custos e direcionamento do capital necessário
Fonte: Adaptado de Pegatin, 2020.
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Também de acordo com Pegatin (2020), o GE – Gerenciamento em ergonomia deve ser ágil e
dinâmico de modo a permitir que todas as ações propostas pelo SST estejam contempladas no
escopo de ação, partindo do diagnóstico e passando pelas intervenções e pela auditoria dos
processos, conforme Figura 2.
Figura 2 – Ações do gerenciamento ergonômico
Fonte: Adaptado de Pegatin, 2020.
Assim como a gestão do SESMET, a gestão GE – Gestão em ergonomia deve ter atitude
prevencionista.
A formação de Coergos – comitês de ergonomia facilita o desenvolvimento desse assunto no dia
a dia.
São funções básicas do “Coergos”, em se tratando das condições ergonômicas:
Identificar;
Priorizar;
Eliminar.
A formação do “Coergos” deve ser feita de acordo com o porte da organização. Não é
recomendado grupo maior que oito componentes, sendo que cada um deve ter responsabilidades
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nominalmente. Sempre que possível, o grupo deve ser composto por ergonomista, um profissional
do SST, um supervisor da área e profissional operador da área.
Aos profissionais acima, somam-se alguns outros considerados anexos. São anexos: os
profissionais da manutenção, profissionais da fabricação de peças básicas e o departamento de
compras.
São conhecimentos elementares aos componentes do “Coergos”:
Conhecimentos de ergonomia;
Técnicas de coleta de dados;
Instrumental qualitativo e quantitativo de riscos;
Conhecimento básico de projetos e melhoria de linha.
Obs. – O sucesso dessas atividades são frutos da experiência de cada componente, somados.
TEMA 5 – PLANOS DE AÇÃO
Segundo Seixas (2020), “a Excelência Operacional é o resultado de dois fatores essenciais para a
empresa, ou seja, Solução Técnica e Solução Cultural (Equipe / Organização)”, além de possuir ciclos
que devem ser seguidos (Figura 3).
Figura 3 – Ciclos da excelência profissional
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Fonte: Adaptado de Seixas, 2016.
Conforme descrito por Shewhart (1980), “introduziu outro importante conceito, tendo como
base a execução cíclica e ordenada de melhoria contínua de processos e produtos. Conhecido como
ciclo de Shewhart, círculo/ciclo de controle ou PDSA (do inglês: plan, do, study, act), ou seja, planejar,
fazer, estudar e agir”. Seixas (2020) cita que “da mesma forma também é conhecida como
círculo/ciclo/roda de Deming, na outra versão do ciclo, denominada de PDCA, (do inglês: plan, do,
check, act / plan, do, check, adjust), ou seja, planejar, fazer ou executar, checar ou verificar, e agir ou
ajustar”.
Sendo assim, “este ciclo é composto de quatro etapas de análise de um problema”. (Seixas,
2020):
1. “P”: ou seja, planejar, fase em que se planeja, se treinam os profissionais e se definem as
variáveis do problema a serem acompanhadas;
2. “D”: ou seja, executar, fase em que medidas são coletadas;
3. “C”: ou seja, checar, fase da verificação e análise dos dados coletados, dos problemas
identificados e de suas causas;
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4. “A”: ou seja, ajustar, fase de agir sobre as causas, corrigi-las ou eliminá-las, para em seguida
reiniciar o ciclo com uma nova etapa de planejamento.
Figura 4 – PDCA
Créditos: Maxx-Studio/Shutterstock.
5.1 PLANO DE AÇÃO (5W2H)
O propósito do Plano de ação 5W2H é atingir um resultado através do planejamento de todas as
ações necessárias para resolução de problemas que, em muitos casos, são complexos.
Como vimos, nas duas ferramentas apresentadas no início deste tema, o principal objetivo é
identificar e relacionar as atividades, e através do planejamento desenvolver um plano que favoreça a
solução de determinados problemas.
Figura 5 – 5W2H
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Créditos: Ape Man/Shutterstock.
O nome 5W2H dessa ferramenta vem das primeiras letras das palavras em inglês, que indicam
questionamentos, que são:
What: o que será feito (etapas).
Why: por que será feito (justificativa).
Where: onde será feito (local).
When: quando será feito (tempo).
Who: por quem será feito (responsabilidade).
How: como será feito (método).
How much: quanto custará fazer (custo).
  Para aplicar o 5W2H, faz-se necessário montar uma planilha, e nela inserir os dados
respondendo às seguintes perguntas propostas:
5W                                                     2W
What
O quê?
Who
Quem?
Where
Onde?
When
Quando?
Why
Por quê?
How
Como?
How much?
Quanto custa?
Ação
problema
desafio.
Responsável Local Prazo, cronograma Justificativa
Explicação
motivo
Procedimento etapas Custos
             
22/03/2023, 20:07 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/23
             
             
             
             
             
             
             
Após realizar o preenchimento da planilha 5W2H, que pode ser feita em meio físico (papel) ou
por meio virtual como um editor de texto ou em uma planilha eletrônica, o observador irá pensar em
quais atividades serão necessárias para realização do Plano de Ação a fim de solucionar os problemas
com melhor tempo e custo.
Formalizar os fatos, por meio dessa ferramenta, e colocar em prática a resolução das prioridades,
trará excelentes ganhos a empresa e aos trabalhadores.
FINALIZANDO
Nesta aula, procurou-se demonstrar a importância do estudo antroponométrico do trabalhador,
de modo a obter dimensões cientificamente comprovadas e consideradas adequadas ao projeto de
máquinas, equipamentos e instalações ambientalmente adequadas.
São funções dessas instalações menores solicitações de esfoços e consequentemente de
menores custos físico e mental do trabalhador, contribuindo, deste modo, para a maior
produtividade.
Nesta etapa, verificamos ser o “ergonomista” um profissional (multidisciplinar e interdisciplinar)
fundamental a todas as organizações trabalhistas. O Ergonomista atua diretamente com o
trabalhador e sua função desempenhada, havendo a necessidade de conhecer o passo a passo da
atividade produtiva, seja num setor administrativo ou operacional de uma empresa. Vimos que a AET
– Análise ergonômica do trabalho bem como a gestão desta ferramenta é fundamental para o bem-
estar do trabalhador e a consequente produtividade.
22/03/2023, 20:07 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/23
Consideramos ainda ser imprescindível o “caminhar junto” das gestões de riscos e ergonomia. E
por fim, a aplicação do 5W2H a fim de estabelecer metas plausíveis na redução de acidentes do
trabalho.
REFERÊNCIAS
FRANCISCO, B. R. Terapia Ocupacional. 4. ed. São Paulo: Papirus, 2001.
GÜÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São
Paulo: Edgard Blucher, 2001.
PEGATIN, T. O. Segurança no Trabalho e Ergonomia. Curitiba: Ed. InterSaberes, 2020.
SEIXAS, E. S. Administraçãoda Produção e Serviços. Curitiba: Ed. InterSaberes, 2020.
SHEWHART, W. A. Economic Control of Quality of Manufactured Product. 50th Anniversary
Commemorative Issue American Society for Quality, 1980.

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