Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tecnologia dos Materiais Aula 04 Prof. Marcos Baroncini Proença CONVERSA INICIAL Estamos começando mais uma aula de Tecnologia dos Materiais. Seja bem-vindo! Na Aula 4, abordaremos os cerâmicos, mais especificamente agrupados da seguinte maneira: argilosos, vidros, refratários, abrasivos e cimentos. Buscaremos em cada grupo explanar sobre suas características, propriedades e aplicações. Assista à videoaula a seguir com o professor Marcos Proença, disponível no material on-line. O termo cerâmica vem do grego e significa terra cozida ou ainda argila queimada. Ele é aplicado a materiais inorgânicos não moleculares e não metálicos. Devido a sua estabilidade térmica e alto ponto de fusão, é de grande uso em revestimentos de fornos. Também é muito usado na indústria automotiva, eletroeletrônica, na construção civil e até no nicho aeroespacial. Fig. 1. Disponível em: <http://www.ceramtec.com.br/produtos/>. Na sequência, confira a videoaula com a contextualização pelo professor Marcos Proença, disponível no material on-line. Tema 1: Introdução aos Cerâmicos Cerâmico tem seu nome originário do grego " κέραμος“ (keramikós), é um material de origem natural ou sintética. As naturais mais utilizadas industrialmente são: argila, caulim, quartzo, feldspato, filito, talco, calcita, dolomita, magnesita, cromita, bauxita, grafita e zirconita. As sintéticas incluem, entre outras, alumina (óxido de alumínio) sob diferentes formas (calcinada e eletrofundida); carbeto de silício e outros. O artigo a seguir traz um panorama do setor de revestimentos cerâmicos no país. Confira! http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_p t/Galerias/Arquivos/conhecimento/setorial/Informe_26.pdf Na videoaula a seguir, o professor Marcos Proença explica mais sobre o tema 1. Disponível no material on-line. Ligação Química de Formação Os materiais cerâmicos são materiais formados por ligações iônicas e covalentes, sendo, portanto, de estrutura de forte energia de rede, resultando em estruturas compactas, com baixo teor de vazios, frágil, dura e de alto ponto de fusão. Como todos os elétrons envolvidos nas ligações são deslocados ou compartilhados, não possuem elétrons livres, o que os torna isolantes térmicos e elétricos. Fig.2. Ligação Iônica e Covalente. Marcos B. Proença. Estruturas Cristalinas A estrutura dos cerâmicos é bastante complexa, visto serem formados por uma composição de Ligações Iônicas e Ligações Covalentes. Veja o aprofundamento desse tema no anexo 1b, no material on- line. Tema 2: Família dos Argilosos Características – são constituídos de três componentes básicos: argila, feldspato e sílica. A argila é responsável por suas propriedades plásticas; a sílica, pela rigidez da estrutura após moldagem e queima; e o feldspato é o responsável pela redução da temperatura de fundição da liga. Propriedades – além das características dos cerâmicos, que são excelente resistência à compressão e estabilidade dimensional, não condução térmica e acústica, graças aos argilominerais, na presença de água, desenvolvem propriedades como: plasticidade, resistência mecânica a úmido, retração linear na Fig.3. Família dos Argilosos secagem, compactação e viscosidade de suspensões aquosas que explicam sua grande aplicação. Para saber mais sobre esse tema, leia o artigo a seguir “Influência de defeitos e diferentes processos de fabricação nas propriedades mecânicas finais de cerâmicas”. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366- 69132008000400008 Aplicações – a principal aplicação é como cerâmicos de revestimento, estruturais, louças brancas sanitárias e de uso doméstico, cutelaria, manilhas, tubulações sendo um dos principais responsáveis pelo mercado cerâmico no país. Confira no material on-line o Anexo 2. Acompanhe a videoaula, disponível no material on-line, em que o professor Marcos Proença explica mais sobre o tema 2. Tema 3: Vidros Características – o vidro é um produto fisicamente homogêneo, obtido pelo resfriamento de uma massa inorgânica fundida, que enrijece através de um aumento contínuo de viscosidade, passando do estado líquido para o viscoso e para o frágil. Segundo a ASTM, os vidros industriais são definidos como produtos inorgânicos fundidos que se resfriaram sem se cristalizar. Para ver mais dados, consulte o anexo 3 no material on-line. Propriedades – são geralmente transparentes (apesar de haver alguns opacos), inertes a ácidos e bases; são impermeáveis aos gases e aos líquidos e parcialmente permeáveis às radiações do espectro solar (ultravioleta e infravermelho). Vidro boro-silicato: termo resistente, ou seja, resistente ao fogo. Vidro sódio-cálcico: maior resistência mecânica. Vidro do tipo cristal: é menos resistente, porém tem mais brilho. Aplicações – os vidros planos e de embalagem representam quase 90% de toda a produção nacional, em função do aumento da demanda nas indústrias automotivas e da construção civil. O restante é contemplado pelos vidros domésticos (louças, copos etc.) e vidros técnicos (bulbos de lâmpadas, telhas, termômetros, tubos de imagem, vidraria de laboratório). Conheça a seguir e conheça as propriedades físicas e mecânicas do vidro. Fig.4. Família dos Vidros. http://www.setorvidreiro.com.br/o-que- procura/194/propriedades+fisicas+e+mecanicas+do+vidro O professor Marcos Proença fala mais sobre o tema 3 na videoaula a seguir. Confira no material on-line. Tema 4: Refratários Características – cerâmicos refratários nasceram com a metalurgia, sendo caracterizados pela estabilidade química e dimensional a elevadas temperaturas, constituindo revestimento de fornos e reatores para a produção de todos os tipos de metais, aços, vidros, químicos, petroquímicos e cerâmicos. Hoje são usados também na construção civil para revestimento de churrasqueiras. Veja mais dados desse tema no anexo 4, disponível no material on-line. Propriedades – apresentam resistência em elevadas temperaturas à abrasão, à erosão, ao ataque químico por sólidos, líquidos ou gases e a variações bruscas de temperatura, alta refratariedade, capacidade de suportar altas temperaturas sem deformar (acima de 1100ºC), estabilidade mecânica, baixa condutividade térmica e baixa permeabilidade. Para saber mais sobre esse tema, leia o artigo a seguir “Comportamento de curva-R de refratários de MgO-C”. Fig.5. Família dos Refratários. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366- 69132000000100008 Aplicações – são usados como revestimento de alto-forno a coque e carvão vegetal, de regenerador/duto de ar quente, na coqueria, no carro torpedo, na panela de gusa, no forno elétrico a arco, na panela de aço, na calcinação, na carbonização, na sinterização, no forno de reaquecimento, no conversor e outros. Fique atento à videoaula a seguir com mais informações do tema 4, disponível no material on-line. Tema 5: Abrasivos Características – cerâmicas abrasivas são cerâmicas usadas para desgastar outro material através do atrito, devido a sua alta dureza, friabilidade (capacidade de se partir criando novas arestas abrasivas) e tenacidade. Temos como exemplo de grãos abrasivos o óxido de alumínio marrom, óxido de alumínio branco, carbeto de silício preto, carbeto de silício verde, abrasivos zirconados, diamantes naturais e artificiais e abrasivos especiais.Propriedades – apresentam grande dureza, com grãos tenazes. A resistência química dos grãos abrasivos deve ser elevada, além de apresentarem friabilidade. Abrasivos silicosos: constituídos de carboneto de silício, feitos em fornos elétricos, com 9,6 Mohs de dureza. Abrasivos aluminosos: obtidos pela fusão da bauxita em fornos elétricos, com dureza de 9,4 Mohs. Aplicações Rebolos de óxido de alumínio: materiais de alta resistência à tração – aço carbono, aço liga, aço rápido, ferro maleável recozido, ferro batido, bronzes, tenazes. Rebolos de carboneto de silício: materiais de baixa resistência à tração – ferro fundido cinzento, ferro fundido em coquilhas, latão, bronze macio, alumínio, cobre, carbonetos cimentados, mármores, pedras, borracha e couro. Fig.6. Família dos Abrasivos. Disponível em: <www.distacepis.com.br>. No vídeo, disponível no material on-line, o professor Marcos Proença fala mais sobre os abrasivos. Não perca! Tema 6: Cimentos Características – o cimento é um pó fino, com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água, podendo ser usado como argamassa, ligando ou protegendo peças de alvenaria, ou como concreto, responsável pelas estruturas de obras civis. As principais matérias-primas do cimento são calcário, argila e gesso. Propriedades – deve ser aglomerante, aglutinante, ligante, ter elevada durabilidade e resistência a cargas e ao fogo, além da trabalhabilidade e moldabilidade, responsáveis em dar forma a diversas obras arquitetônica em todo o mundo. Cimento CP-II (NBR 11.578) ou Cimento Portland Composto: tem a adição de outros materiais na sua mistura que conferem um menor calor de hidratação. Cimento CP-III (NBR 5.735) ou Cimento Portland de Alto- forno: tem em sua composição de 35% a 70% de escória de alto- forno. Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de hidratação, assim como alta resistência à Fig.7. Família dos Cimentos. expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser resistente a sulfatos. É menos poroso e mais durável. Cimento CP-IV (NBR 5.736) ou Cimento Portland Pozolânico: tem em sua composição de 15% a 50% de material pozolânico. Por isso, proporciona estabilidade no uso com agregados reativos e em ambientes de ataque ácido, em especial de ataque por sulfatos. Possui baixo calor de hidratação, é pouco poroso, sendo resistente à ação da água do mar e de esgotos. Cimento CP-V ARI (NBR 5.733) ou Cimento Portland de Alta Resistência Inicial: em função do seu processo de fabricação, tem alta reatividade nas primeiras horas de aplicação, fazendo com que atinja resistências elevadas em um curto intervalo de tempo. Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC)/ (NBR 13.116): tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica. Como sugestão de leitura, leia o artigo a seguir: “Utilização do Resíduo da Indústria Cerâmica para Produção de Concretos”. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370- 44672007000400009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Aplicações – os cimentos CP I e CP II se destinam a aplicações gerais. Os Cimentos Portland de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV) são recomendáveis em obras de concreto-massa, como barragens e peças de grandes dimensões, fundações de máquinas e pilares; obras em contato com ambientes agressivos por sulfatos e terrenos salinos; tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos, esgotos ou efluentes industriais. O ARI (CP V) é o mais adequado para aplicações nas quais o requisito de elevada resistência às primeiras idades é fundamental, como na indústria de pré-moldados, em que se necessita de uma desenformagem rápida. Saiba mais sobre assunto do tema 6, assistindo à videoaula disponível no material on-line. NA PRÁTICA Veja a seguir algumas aplicações práticas do que foi visto nesta aula de hoje. 1) Determine o módulo de elasticidade do concreto REF01, conforme a figura a seguir. 2) Determine o Módulo de Elasticidade do concreto REF02. 3) Tomando como base a expressão da porcentagem do caráter iônico e sabendo que, quanto maior ela for, maior serão as características da ligação iônica no cerâmico, determine o caráter iônico do refratário de sílica, sabendo que tem em sua composição de 95 a 99% de SiO2 e que a eletronegatividade do Si é 1,8 e a do O é 3,5. 51,5% O resultado mostra um caráter iônico acima de 50%, conferindo maior dureza e resistência à abrasão, por exemplo, pois a ligação iônica é a mais forte em termos de energia de ligação. 4) Tomando como base a expressão da porcentagem do caráter iônico e sabendo que, quanto maior ela for, maior serão as características da ligação iônica no cerâmico, determine o caráter iônico do refratário de carboneto de silício, sabendo que tem em sua composição de 91 % de SiC e que a eletronegatividade do Si é 1,8 e a do C é 2,5. 38,7% O resultado mostra um caráter iônico abaixo de 50%, conferindo menor dureza e resistência à abrasão, por exemplo, pois a ligação covalente não é tão forte quanto à iônica em termos de energia de ligação. FINALIZANDO Chegamos ao final desta rota! Após esta aula, você adquiriu conhecimentos sobre os cerâmicos, mais especificamente aqueles classificados dos grupos dos argilosos, dos vidros, dos refratários, dos abrasivos e dos elétricos, vendo suas características, propriedades e aplicações para uso profissional. Confira o vídeo de síntese disponível no material on-line. REFERÊNCIAS SHACKELFORD, J. F. Ciência dos Materiais. 6. ed. Pearson Education do Brasil, São Paulo, 2014. SOUZA, H. Resistência dos Materiais Avançado. Disponível em: <http://blogdaengenhariacotidiana.blogspot.com.br/2016/05/resist encia-dos-materiais-avancado.html>. Acesso em: 19 jul. 2016.
Compartilhar