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Apostila_avaliacao_psicopedagogica

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Prévia do material em texto

1 
 
 
( Material sistematizado para uso psicopedagógico)
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
O desejo de compartilhar nossos percursos sobre a avaliação do 
desenvolvimento cognitivo, psicológico, neuromotor, nasceu a partir das dificuldades 
apresentadas pelos profissionais da área de Psicopedagogia, que, frequentemente, 
demonstram certa insegurança sobre como proceder nos momentos de avaliação. 
 
A avaliação tem por objetivo investigar as causas das dificuldades de 
aprendizagem, sendo fundamental para o planejamento e intervenção 
psicopedagógica. Por isso, compreendemos que os profissionais precisam se 
capacitar constantemente, de maneira a saber reconhecer as patologias e relacioná-
las com a queixa apresentada pelo aprendente, a fim de levantar hipóteses e averiguar 
se procedem (ou não). 
 
Nesse sentido, é nosso objetivo oferecer aos profissionais as competências para 
avaliar e intervir na habilitação ou reabilitação do aprendente, assim como aplicar e 
tabular testes psicopedagógicos e neuropsicopedagógicos. 
 
Para tanto, abordaremos as bases teóricas de algumas dificuldades da 
aprendizagem, introdução aos modelos de provas e testes psicopedagógicos e 
neuropsicopedagógicos, além de modelos de testes. 
 
Desejamos que a leitura, o estudo e a reflexão 
os profissionais a lançarem
compreendendo 
 
 
 
 
Bom trabalho! 
Daniela e Juliana 
 
 
 Este material não é de nossa autoria , é uma copilação baseada e sistematizado 
para uso psicopedagógico , portanto referenciamos os autores e criadores .
3 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 2 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA ........................................................................... 6 
MATRIZ DIAGNÓSTICA ................................................................................................................................. 7 
ROTEIRO DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA ................................................................. 10 
A QUEIXA PSICOPEDAGÓGICA .................................................................................................................. 11 
MODELO DE ENTREVISTA COM O SUJEITO ............................................................................................... 12 
MODELO DE ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA .......................................................................................... 13 
O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A APRENDIZAGEM ............................................................................ 20 
AVALIAÇÃO COGNITIVA............................................................................................................................. 23 
1. Consignas e Intervenções .................................................................................................................. 23 
MODELO AVALIAÇÃO DO ESTILO DE APRENDIZAGEM ............................................................................. 25 
Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - EOCA .................................................................... 25 
PRINCIPAIS OBSTÁCULOS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ........................................................ 27 
MODELO DE CHECKLIST DE PROVAS OPERATÓRIAS DE PIAGET .............................................................. 30 
PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO................................................................................................. 32 
APLICAÇÃO DAS PROVAS PIAGETIANAS ................................................................................................... 34 
O DESENHO INFANTIL NA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .................................................................... 36 
FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO PIAGET .................................................................................... 36 
FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO LOWENFELD ........................................................................... 37 
PROVAS PROJETIVAS ................................................................................................................................. 40 
➔ O Teste da Família ..................................................................................................................... 41 
➔ Teste do Par Educativo .............................................................................................................. 42 
➔ Teste Livre .................................................................................................................................. 42 
TÉCNICAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS ............................................................................................ 42 
Baseadas na teoria de Jorge Visca e Alícia Fernandez ........................................................................... 42 
ANÁLISE DAS PROVAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS ........................................................................ 43 
2. Domínio: Familiar .............................................................................................................................. 45 
3. Domínio: Consigo mesmo .................................................................................................................. 48 
Advertências Necessárias .......................................................................................................................... 50 
A LINGUAGEM ORAL .................................................................................................................................. 50 
Desenvolvimento da linguagem X Desenvolvimento biológico ........................................................... 52 
Postura do profissional ...................................................................................................................... 52 
O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA ........................................................................... 53 
História da escrita .................................................................................................................................. 53 
Psicogênese da linguagem ..................................................................................................................... 55 
NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA ........................................................................................................... 58 
4 
 
1. Nível Pré-Silábico ............................................................................................................................... 58 
Grafismos primitivos, escritas unigráficas ou sem controle de qualidade ......................................... 58 
Escritas fixas ........................................................................................................................................... 59 
Escritas Diferenciadas............................................................................................................................. 59 
2. NÍVEL SILÁBICO .................................................................................................................................. 60 
Escritas silábicas iniciais ......................................................................................................................... 61 
3. SILÁBICA - ALFABÉTICA ...................................................................................................................... 62 
4. ALFABÉTICA ........................................................................................................................................ 62 
PROVA DE LEITURA COM IMAGEM ......................................................................................................... 64 
PROVA DE LEITURASEM IMAGEM .......................................................................................................... 65 
PROVA DE LEITURA DE ORAÇÕES ............................................................................................................ 66 
OBSERVAÇÃO DE LEITURA ....................................................................................................................... 67 
PROVA DE LEITURA COMPREENSIVA, ESCRITA E VERBALIZAÇÃO ....................................................... 69 
COMPREENSÃO DE TEXTO ....................................................................................................................... 69 
LEITURA ..................................................................................................................................................... 69 
HABILIDADES DA ESCRITA ........................................................................................................................ 70 
VERBALIZAÇÃO ......................................................................................................................................... 70 
EXAME DA LINGUAGEM ORAL ................................................................................................................. 71 
TESTE DE AUDIBILIZAÇÃO ........................................................................................................................ 72 
ACUIDADE VISUAL (EXAME OCULAR) ..................................................................................................... 79 
Escala de Snellen: “E” mágico* ........................................................................................................... 79 
MEMÓRIA AUDITIVA ................................................................................................................................ 83 
DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA PALAVRAS IGUAL DIFERENTE .................................................................. 84 
O DESENVOLVIMENTO MOTOR ................................................................................................................ 85 
ORIENTAÇÃO TEMPORAL ......................................................................................................................... 95 
TESTE PARA DETECTAR DEFICIT DE ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO ....................................................... 96 
INFORMAÇÃO SOCIAL .............................................................................................................................. 98 
MODELO DE PROVA DE DISGRAFIA ......................................................................................................... 99 
MODELO DE DISORTOGRAFIA ............................................................................................................... 100 
MODELO 1 DE PROVA DE DISCALCULIA ................................................................................................ 101 
MODELO 2 DE PROVA DISCALCULIA ..................................................................................................... 102 
PROVAS OPERATÓRIAS DAS HABILIDADES MATEMÁTICAS ............................................................... 103 
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DO DESEMPENHO LÓGICO MATEMÁTICO ................................................. 105 
LEVANTAMENTO DE INDICATIVOS DE TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 
- TDAH ...................................................................................................................................................... 111 
ESCALA DE TRAÇOS AUTÍSTICOS ........................................................................................................... 115 
ENTREVISTA PARA DETECTAR AUTISMO E SINDROME DE ASPEGER BASEADO NO (M-CHAT/ES) 122 
5 
 
TESTE PARA ALTAS HABILIDADES JEAN-CHARLES TERRASSIER ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA CRIANÇAS 
SUPERDOTADAS (ANPEIP) ....................................................................................................................... 124 
AVALIAÇÕES PARA CRIANÇAS DE 6-7 ANOS DE IDADE .......................................................................... 126 
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PROFISSIONAL PARA REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO 
PSICOPEDAGÓGICO ................................................................................................................................. 127 
MODELO DE RELATÓRIO ........................................................................................................................ 128 
EXEMPLO HIPOTÉTICO 1 RELATÓRIO PSICOPEDAGÓGICO ............................................................... 129 
EXEMPLO HIPOTÉTICO 2 RELATÓRIO PARA A ESCOLA ...................................................................... 130 
EXEMPLO HIPOTÉTICO PARA DEVOLUTIVA ......................................................................................... 131 
MODELO DE AVALIAÇÃO ESCOLAR ....................................................................................................... 135 
ATESTADO ................................................................................................................................................ 136 
FICHA DE FREQUÊNCIA ............................................................................................................................ 137 
FICHA CONTROLE PAGAMENTO MENSAL ............................................................................................... 138 
NOSSAS REDES SOCIAIS ........................................................................................................................... 139 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 140 
 
 
6 
 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA1 
 
A Psicopedagogia trata da aprendizagem humana, a fim de entender seus 
processos, suas variações evolutivas, e os inúmeros fatores que a condicionam. Busca 
ainda compreender como as alterações nos processos aprendizagem ocorrem, como 
reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Assim, o trabalho do psicopedagogo possui 
tanto o caráter preventivo, quanto o clínico. 
 
O eixo da abordagem psicopedagógica é, sem dúvida, o processo de 
diagnóstico, o qual permite, diante da “queixa motivo” de dificuldades de 
aprendizagem, fazer uma leitura dinâmica e global, envolvendo o aprendente, a 
família, o processo de escolarização, como resultado de interrelações complexas. 
 
Para tanto, é necessário escolher as referências teóricas que respaldam os 
instrumentos usados na avaliação, bem como os resultados obtidos na mesma. Em 
razão da complexidade de seu objeto de estudo, os conhecimentos específicos de 
diversas teorias são importantes à Psicopedagogia, como por exemplo: 
 
− A Psicanálise, que trata do mundo inconsciente, das representações profundas, 
operantes através da dinâmica psíquica, expressas por sintomas e símbolos, 
permitindo-nos levar em conta a face desejada do homem. 
 
− A Psicologia Social, que se encarrega da constituição dos sujeitos, que responde a 
reações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e econômicas 
específicas e que, portanto, contextuam toda a aprendizagem. 
 
 − A Epistemologia e a Psicologia Genética, que contribui com a descrição e análise 
do processo construtivo do sujeito em interações com outros sujeitos e objetivos. 
 
− A Linguística, que traz a compreensão da linguagem como um dos meios que o 
caracterizam tipicamente humano e culturais: a língua enquanto código disponível a 
todos os membros da sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e 
histórico de acesso a toda estrutura simbólica. 
 
− A Pedagogia, que estuda as diversas abordagens do processo ensino-
aprendizagem, analisando-o da perspectiva de quem ensina. 
 
 − Os fundamentosna Neuropsicologia, que possibilitam a compreensão dos 
mecanismos cerebrais implícitos ao aprimoramento das atividades mentais, 
indicando a que correspondem, da perspectiva orgânica, todas as evoluções 
ocorridas. 
 
Essa diversidade de campos teóricos permite inúmeras possibilidades de 
atuação e “caminhos” a serem trilhados para embasar a ação psicopedagógica. 
 
1 Texto baseado nos textos de Salete Anderle, mestre em psicopedagogia clínica e institucional, docente universitária, 
saletepsicopedagoga@gmail.com
Textos sistematizados por Psicopedagoga Salete Anderle , publicado em :
https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/book/257367Roteiro_da_Acao_Psicopedagogica_O_que_fazertopic=tcc%2
8trabalhodeconclusaodecurso%29#.XDon7lxKjIU
7 
 
MATRIZ DIAGNÓSTICA 
 
Vamos agora refletir sobre o que é a avaliação do aprendizado, isto é, o 
diagnóstico psicopedagógico. 
 
O termo diagnóstico tem origem em duas palavras gregas: diá, que significa 
“por meio de, durante”, e gnosis, “referente ao conhecimento de”. Dessa forma, 
entende-se que diagnóstico é o conhecimento ou determinação de uma característica 
pela observação das suas manifestações. Já o termo psicopedagógico remete ao 
conhecimento que articula a Psicologia e Pedagogia. 
 
O objeto de estudo da Psicopedagogia, a saber, os processos de aprendizagem, 
deve ser compreendido a partir de duas perspectivas: preventiva e terapêutica. A 
perspectiva preventiva contempla o ser humano em desenvolvimento na qualidade 
de educável, ou seja, o sujeito a ser educado, bem como seus processos de 
desenvolvimento e alterações nestes processos, enfatizando as competências do 
aprender num sentido global. A perspectiva terapêutica contempla a identificação e 
o estudo de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de 
aprendizagem. 
 
O diagnóstico na perspectiva da Psicopedagogia possui especificidades, que o 
diferencia dos demais psicodiagnósticos, em razão das particularidades do seu objeto 
de estudo, que é a matriz do pensamento e processos diagnósticos. 
 
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, por meio do qual se apura, 
identifica, levanta hipóteses, ainda que provisórias, sobre que leva o aprendente a 
apresentar dificuldades ou a não aprender, isto é, quais os obstáculos que impedem 
o seu desenvolvimento dentro do esperado. 
 
A proposta do diagnóstico psicopedagógico está apoiada em pressupostos 
científicos que descrevem a compreensão de um fenômeno, no qual a situação real é 
caracterizada/compreendida a partir da utilização de teorias científicas, noções e 
conceitos. 
 
Nesse contexto, encontra-se Epistemologia Convergente 2 que, apoiada nas 
teorias interacionistas, estruturalistas e construtivistas, estrutura a teoria e a prática 
sobre o diagnóstico e intervenção psicopedagógicos, etapas fundamentais na busca 
pela superação das dificuldades na aprendizagem, compreendendo que todo o 
processo diagnóstico deve ser estruturado de forma a possibilitar a observação da 
interação entre o cognitivo e o afetivo do aprendente. 
 
A Epistemologia Convergente entende que a aprendizagem possui duas 
dimensões distintas: normal e patológica. Para identifica-las, é necessário recorrer 
 
2 A Espistemologia Convergente foi formulada por Jorge Visca (1935-2000), psicólogo social argentino e divulgador da 
Psicopedagogia no Brasil, na qual concebe a atividade clínica voltada para a integração de três frentes de estudo da Psicologia: 
Psicogenética (Piaget), Psicanálise (Freud) e Psicologia Social (Rivière). 
8 
 
aos conhecimentos teóricos e práticos sobre a matriz do pensamento diagnóstico, ou 
seja, recorrer ao instrumento conceitual que fundamenta a ação, de maneira a 
apresentar os estados do objeto (dimensão normal e/ou patológica da 
aprendizagem), mantendo sua unicidade. 
 
A matriz do pensamento diagnóstico está organizada como a maior parte dos 
esquemas diagnósticos: o diagnóstico, propriamente dito, prognóstico e indicações. 
Baseia-se nos princípios interacionistas, construtivistas e estruturalistas e prevê3: 
 
▪ Análise do contexto e leitura do sintoma. 
▪ Explicação das causas que coexistem temporalmente com o sintoma. 
▪ Explicação da origem do sintoma e das causas “a-históricas”. 
▪ Análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros 
considerados aceitáveis. 
▪ Levantamento das hipóteses sobre a configuração futura do fenômeno 
atual. 
▪ Indicações e encaminhamentos. 
 
 
- Diagnóstico remete à caracterização do sujeito e do meio no qual se manifesta o 
sintoma no momento do diagnóstico. Baseia-se no pressuposto que o sintoma é 
resultado da interação do subsistema, a personalidade como o sistema social, e seus 
mediadores. É constituído por a) análise do contexto em que se desenvolve o processo 
de aprendizagem; b) leitura de sintomas que emergem na interação social voltada 
para o aprendente; c) explicação de causas que coexistem temporalmente com o 
sistema; d) Explicação da origem desta causa; e) Análise do distanciamento do 
fenômeno em relação aos parâmetros considerados aceitáveis. Podem ser 
observados aspectos tais como: as características da instituição educacional 
(aprendizagem sistemática), comunidade (aprendizagem assistemática), como as 
condutas exigidas que ajudam na manifestação ou não das dificuldades em um outro 
campo. Dentro da caracterização interessa: sexo, idade, meio cultural e etc., que 
permitem a compreensão se a conduta é ou não sintomática. O diagnóstico começa 
com a consulta inicial e termina com a devolutiva. 
 
- Prognóstico consiste no levantamento de hipóteses sobre a configuração futura do 
fenômeno atual, pode ser formulado das seguintes formas: a) sem agentes corretores 
que intervenham em sua modificação; b) com agentes corretores ideais que 
coadjuvem positivamente; c) com agentes corretores possíveis de acordo com a 
realidade do sujeito e seu meio. 
 
- Indicações, referem-se à análise das causas internas do aprendente simultâneas aos 
sintomas e suas interações. Essa análise é de extrema importância para a orientação, 
recomendações e, claro, para as indicações. 
 
 
 
3 (BARBOSA, 2001, p. 135) 
9 
 
 
Há três causas internas que podem desencadear o aparecimento de sintomas: 
 
1. A afetividade. 
 
2. As funcionais. 
 
3. O estágio de pensamento (cognitivo). 
 
 
Identificar o sintoma, compreender o contexto, levantar as referências 
históricas e discriminar aspectos, particularidades e relação que constitui o todo, 
caracteriza o que pode ser chamado de processo. O processo diz respeito a uma 
sequência de atuação e visa a transformação de um estado inicial, assim sendo não se 
trata de uma ação pontual. 
 
Portanto, o diagnóstico vai além de uma mera coleta de informações, mas 
é o processo, uma etapa de transição, que permitirá ao profissional estruturar, à 
medida que se aproxima do seu objeto de estudo, os encaminhamentos e intervenções 
posteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
ROTEIRO DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA 
 
Cronograma das atividades 
 
Alguns caminhos 
 
▪ EFES – Entrevista Familiar 
Exploratória Situacional 
 
▪ Entrevista de Anamnese 
 
▪ Sessões lúdicas centradas na 
aprendizagem 
 
▪ Complementação com provas e testes 
 
▪ Síntese diagnóstica – Prognóstico 
 
▪ Entrevista de devolução e 
encaminhamento 
 
(Maria Lúcia Weiss) 
 
 
Anamnese (história de caso) 
▪ Testagem de provas pedagógicas 
 
▪ Laudo (síntese das conclusões e 
prognóstico) 
 
▪ Devolução (verbalização do 
laudo) ao paciente e/ou aos pais 
 
(Transtornoda clínica psicológica*) 
*Segue o modelo médico 
 
▪ EOCA – Entrevista Operativa Centrada 
na Aprendizagem: levantamento do 1º 
sistema de hipóteses, definições das 
linhas de investigação, escolha de 
instrumentos 
 
▪ Testes: levantamento do 2º sistema de 
hipótese e investigação 
 
▪ Anamnese: verificação e decantação 
do 2º sistema de hipóteses, 
formulação do 3º sistema de hipóteses 
 
▪ Elaboração do informe 
psicopedagógico 
 
(Jorge Visca) 
 
 
▪ Entrevista com a Família: 
Contatos anteriores a consulta 
Escuta do motivo da consulta 
História vital ou anamnese 
 
▪ Entrevista com o sujeito: 
Escuta do motivo da consulta 
Instrumentos escolhidos pelo 
psicopedagogo com base nas 
necessidades 
Devolutiva ao sujeito 
 
▪ Contato com a escola (Prévio ao 
finalizar) 
 
▪ Contato com outros técnicos 
 
▪ Devolutiva e encaminhamento 
 
(Edith Rubstein) 
 
 
11 
 
A QUEIXA PSICOPEDAGÓGICA 
 
O termo “queixa” pode ter vários sentidos, dependendo do momento vivido pelo 
sujeito. No dicionário4, é possível encontrar os seguintes significados “ato ou efeito 
de queixar-se”, “expressão de dor ou sofrimento, lamento”, “expressão de 
ressentimento ou desagrado”, “quaisquer sintomas relatados pelo doente”. 
 
Na perspectiva psicopedagógica, a queixa é a primeira etapa para o diagnóstico, 
por meio da qual compreende-se o que esteja dificultando os processos de 
aprendizagem do aprendente, estabelecendo as hipóteses sobre aspectos 
importantes para o diagnóstico de aprendizagem. Dessa forma, deve-se observar: 
 
▪ COM OS PAIS (representantes da família) 
 
– Significação do sintoma na família ou, com maior precisão, articulação funcional do 
problema de aprendizagem. 
 
– Significado do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus 
membros ao assumir a presença do problema; relaciona-se os valores da família com 
o respeito ao não aprender. 
 
– Fantasias de enfermidade, cura e expectativas acerca de sua intervenção no 
processo diagnóstico e de tratamento; sentindo o que a família espera a respeito de 
seu trabalho, modalidade de comunicação do casal e função do terceiro, observar a 
relação dos pais entre si, os valores da família, a comunicação entre os pais e você. 
 
▪ COM A ESCOLA (professor ou orientador) 
 
 – Significação do sintoma na escola. 
 
– Significação do sintoma para o professor; reações dos membros da escola ao 
assumirem o problema. 
 
– Significado do sintoma, no sentido do que a escola espera a respeito de sua 
intervenção (confirmação do não aprender, como: tirar da responsabilidade da escola 
o fracasso, uma possibilidade de auxílio para o sucesso, uma ameaça externa). 
 
– Observar os valores da escola, a comunicação entre seus profissionais e entre 
profissionais e aluno. 
 
▪ COM O SUJEITO (aprendente) 
– Visão do sintoma para o sujeito. 
 
– Significação do problema para o sujeito. 
 
– Sentido do que o sujeito espera de sua intervenção. 
– Observar as modalidades de comunicação do sujeito, que pode ser obtida na 
entrevista realizada com o sujeito no primeiro encontro, antes da EOCA. 
 
 
4 Disponível em <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/queixa> 
12 
 
MODELO DE ENTREVISTA COM O SUJEITO 
 
Nome: ________________________________________________________________________________________ 
Data de nascimento: __________________________________ Idade: _______________________ 
Escola Atual: ________________________________________________________________________________ 
Série: __________________________________ Período: ____________________ 
Nome do Professor: _________________________________________________________________________ 
O que disseram que você vinha fazer aqui? 
 
 
 
Por que você acha que veio aqui? 
 
 
 
 
Você acha que tem alguma dificuldade? Em que? 
 
 
 
 
Gostaria de fazer um trabalho comigo para verificarmos onde posso lhe ajudar? 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
MODELO DE ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA 
 
É o levantamento de dados sobre todo histórico gestacional, familiar, social e 
escolar do avaliado. 
 
DADOS DO ALUNO 
Nome: 
 
Data de nascimento: Idade: 
 
Sexo: ( ) F ( ) M 
Naturalidade: Nacionalidade: 
 
Nome da mãe: 
 
Nome do pai: 
 
Estado civil dos pais: casados ( ) divorciados ( ) outros ( ) 
Como a criança reagiu ao divórcio? 
 
 
Descreva os pais: 
 
 
Possui irmãos: sim ( ) não ( ) Quantos irmãos: 
Descreva os irmãos: 
 
 
Há alguma queixa familiar? 
 
 
 
Religião da família: 
14 
 
 
DADOS DA ESCOLA 
Escola: 
Nível: fundamental ( ) médio ( ) superior ( 
) 
Série: 
Histórico da escola (missão, visão, valores e proposta pedagógica): 
 
 
Formação técnica dos professores: 
 
 
Sistema de avaliação: 
 
 
Número de alunos por turma: 
 
Quem encaminhou o aluno? 
 
 
 
Qual a queixa? 
 
 
 
Disciplina/s em que a criança apresenta dificuldade/s: 
 
 
 
Metodologia de ensino do/s professor/es dessa/s disciplina/s. 
Como é feita a avaliação do aluno? 
 
 
 
Como é o relacionamento do professor/aluno? 
Como a criança se sente na presença do professor? 
 
 
 
 
A criança é reprimida ou tem liberdade para expressar suas ideias e opiniões? 
Explique. 
 
 
 
15 
 
 
 
HISTÓRICO DE VIDA DO ALUNO 
A gravidez foi desejada? Sim ( ) Não ( ) 
Como foi a gestação e o parto? 
 
Amamentação? 
(assimilação/acomodação, afetividade) 
Peito ( ) 
Mamadeira ( ) 
Tem hora para comer? Sim ( ) Não ( ) 
Com que idade deixou as fraldas? 
Como lidou com essa mudança? 
 
 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO PSICOMOTORA DA CRIANÇA 
Engatinhou? Sim ( ) Não ( ) 
Com que idade começou a andar? 
Como aprendeu a andar? ( ) Se sentia seguro OU ( ) Inseguro 
Como foi a evolução dos movimentos (segurar colher, rabiscos, segurar 
brinquedos)? 
 
 
É estabanado? Sim ( ) Não ( ) 
É agitado? Sim ( ) Não ( ) 
Brinca com segurança? Sim ( ) Não ( ) 
Tem medo de brincar no parque? Sim ( ) Não ( ) 
Com qual idade começou a falar? Sim ( ) Não ( ) 
Falavam para ele/ela repetir? Sim ( ) Não ( ) 
Ele trocava as letras? Sim ( ) Não ( ) 
Quais letras? Sim ( ) Não ( ) 
Era corrigido? Sim ( ) Não ( ) 
Atualmente, ainda troca letras? Sim ( ) Não ( ) 
Consegue contar uma história com começo, meio e fim? Sim ( ) Não ( ) 
Dorme quantas horas por dia? 
Dorme tranquilo? Sim ( ) Não ( ) 
Tem sono é agitado? Sim ( ) Não ( ) 
Tem pesadelos? Sim ( ) Não ( ) 
Dorme sozinho? Sim ( ) Não ( ) 
Tem medo de dormir sozinho? Sim ( ) Não ( ) 
16 
 
Que horas acorda? 
Que horas vai dormir? 
HISTÓRIA CLÍNICA DA CRIANÇA 
Tem problema respiratório (bronquite, asma)? Sim ( ) Não ( ) 
Alergias? Se sim, quais? 
 
Sim ( ) Não ( ) 
Internações? Sim ( ) Não ( ) 
Cirurgias? Sim ( ) Não ( ) 
Tem problemas de visão? Sim( ) Não ( ) 
Tem problemas de audição? Sim ( ) Não ( ) 
Outros tratamentos: 
 
 
 
 
 
ASPECTOS DE RELACIONAMENTO 
A criança gosta de chamar a atenção para si? Sim ( ) Não ( ) 
Tem dificuldade de dividir brinquedos? Sim ( ) Não ( ) 
Apresenta mudança de comportamento variando o humor 
sem motivo aparente? 
Sim ( ) Não ( ) 
Aceita ser disciplinado? Sim ( ) Não ( ) 
Respeita as regras impostas? Sim ( ) Não ( ) 
 
 
ASPECTO DE RACIOCÍNIO 
A criança reconhece quando erra? Sim ( ) Não ( ) 
Tenta justificar os erros? Sim ( ) Não ( ) 
Presta atenção quando é solicitada? Sim ( ) Não ( ) 
Compreende o que é solicitado? Sim ( ) Não ( ) 
Acompanha o curricular escolar proposto? Sim ( ) Não ( ) 
 
17 
 
 
 
ASPECTO DA LINGUAGEM ORAL 
Presta atenção a detalhes quando faz a leitura? Sim ( ) Não ( ) 
Expressa seu pensamento com sequência lógica? Sim ( ) Não ( ) 
Apresenta inibição ao falar? Sim ( ) Não ( ) 
Troca letras ou fonemas ao falar? Sim ( ) Não ( ) 
Expressa suas ideias com segurança? Sim ( ) Não ( ) 
 
 
ASPECTO DA LINGUAGEM ESCRITA 
Apresenta letra legível? Sim ( ) Não ( ) 
Orientação espacial? Sim ( ) Não ( ) 
Omite letras? Sim ( ) Não ( ) 
Repete letras? Sim ( ) Não ( ) 
Obedece ao sentido lógico? Sim ( ) Não ( ) 
Apresenta noção de realidade/fantasia? Sim ( ) Não ( ) 
 
 
DADOS DA FAMÍLIA 
Os pais brigam na frente da criança? Sim ( ) Não ( ) 
Corrigem a criança na frente dos outros? Sim ( ) Não ( ) 
Como é o critério de disciplina na família? 
 
 
A família é harmônica? Sim ( ) Não ( ) 
Os pais costumam brincar com os filhos? Sim ( ) Não ( ) 
A criança demostra alegria em casa? Sim ( ) Não ( ) 
A criança apresenta ciúme ou inveja? Sim ( ) Não ( ) 
A criança apresenta isolamento ao contato social? Sim ( ) Não ( ) 
 
18 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA CRIANÇA 
Qual a percepção que a criança tem de si? 
 
 
 
 
 
 
A criança consegue descrever a família? Sim ( ) Não ( ) 
Qual é a percepção que ela tem da sua família? 
 
 
 
 
 
Qual é a percepção que ela tem da escola? 
 
 
 
 
 
Como a criança se imagina no futuro? 
 
 
 
 
 
A criança tem brinquedos pedagógicos? Sim ( ) Não ( ) 
Tem acesso a livros? Sim ( ) Não ( ) 
Tem acesso a brinquedos eletrônicos? Sim ( ) Não ( ) 
Como é a alimentação? 
 
19 
 
 
 
 
SITUAÇÕES VIVIDAS PELA CRIANÇA 
Nascimento de irmãos? Sim ( ) Não ( ) 
Mudança de escola? Sim ( ) Não ( ) 
Mudança de cidade/país? Sim ( ) Não ( ) 
Desemprego? Sim ( ) Não ( ) 
Separação? Sim ( ) Não ( ) 
Apresenta noção de realidade/fantasia? Sim ( ) Não ( ) 
Morte? Se sim, de quem? Como a criança se comportou? 
 
 
 
Sim ( ) Não ( ) 
Há alguém que “protege” a criança quando é disciplinada? Sim ( ) Não ( ) 
A criança relaciona-se bem com o pai? Sim ( ) Não ( ) 
A criança relaciona-se bem com a mãe? Sim ( ) Não ( ) 
Quem a ajuda nas tarefas escolares? Sim ( ) Não ( ) 
Qual o programa de TV preferido da criança? Sim ( ) Não ( ) 
Orientações aos pais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
.........................................................., ........... de ............................ de ............ 
 
(carimbo e assinatura do/a profissional) 
20 
 
 
 
 
O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A APRENDIZAGEM 
 
Para iniciar a avaliação da dificuldade de aprendizagem, é necessário 
compreender o que é desenvolvimento infantil, que consiste na sequência de 
mudanças físicas, de linguagem, pensamento e emocionais que ocorrem em uma 
criança desde o nascimento até o início da idade adulta. 
 
O desenvolvimento infantil abrange todo o escopo de habilidades que uma 
criança domina ao longo de sua vida, incluindo o desenvolvimento em: 
 
▪ Cognição: capacidade de aprender e resolver problemas. 
▪ Interação social e Regulação emocional: interagindo com os outros e 
dominando o autocontrole. 
▪ Fala e Linguagem: compreensão e uso de linguagem, leitura e comunicação 
▪ Habilidades Físicas: habilidades motoras finas (dedo) e habilidades motoras 
grossas (corpo inteiro). 
▪ Consciência sensorial: o registro de informações sensoriais para uso. 
 
 
Essa fase do desenvolvimento humano é fortemente influenciada por fatores 
genéticos (genes transmitidos pelos pais) e eventos durante a vida pré-
natal. Também é influenciada por fatos ambientais e pela capacidade de 
aprendizagem da criança. 
 
Nesse sentido, observar e avaliar o desenvolvimento infantil é uma ferramenta 
importante para garantir que as crianças atendam aos seus marcos de 
desenvolvimento. Portanto, além dos instrumentos de avaliação, é preciso saber para 
que serve cada instrumento, o que será observado em cada um e os parâmetros para 
realizar análise e comparação. 
 
Para Piaget (1896-1980), a educação deve ser um facilitador do 
desenvolvimento em todos os estágios: 
 
– Sensório-motor (de 0 a 2 anos): nesse estágio a inteligência é prática, construída pela 
ação a partir dos reflexos do bebê. 
 
– Pré-operatório (de 2 a 7 anos): esse é conhecido como o estágio da inteligência 
simbólica. A criança é egocêntrica. 
 
21 
 
– Operatório–concreto (de 7 a 11 anos): nesse período surge o desenvolvimento das 
noções de tempo, espaço, velocidade, ordem etc. A criança é capaz de relacionar 
diferentes aspectos. 
 
– Operatório-formal (a partir dos 12 anos): nesse período a criança não apenas 
observa a realidade, mas é capaz de buscar soluções de hipóteses. 
 
Piaget não propôs um método de ensino, entretanto desenvolveu a teoria do 
conhecimento. Os objetivos pedagógicos devem ser centrados nas atividades dos 
alunos e os conteúdos servem como instrumentos de desenvolvimento. O mediador 
deve levar o aluno ao descobrimento, aí dará início a aprendizagem, pois esse é um 
processo interno e depende do nível de desenvolvimento da criança, assim, essa 
aprende conforme a maturidade biológica e psicológica que adquirirá no dia a dia. 
 
O que avaliar em cada fase? 
 
Sensório-motor: 0-2 anos 
▪ O desenvolvimento da inteligência é avaliado pelos sentidos, sensações e 
sentimentos. 
▪ Quais são os sentidos? Visão, audição, olfato, paladar, tato e sistema 
vestibular. 
 
Essa fase é dividida em seis níveis: 
 
O que avaliar nesses níveis? 
Nível 1: 0-1 mês 
– Reflexos: perdem com 1 mês 
– Sucção: perdem com 3 meses 
– Marcha: perdem com 4 meses 
– Natação: perdem com 4 meses 
Nível 2: 1-4 meses 
As crianças exploram o mundo pela boca e o choro é o meio de comunicação. 
Nível 3: 4-8 meses 
As crianças imitam os adultos; chamam atenção para si, apresenta sobre o que é 
um objeto e pessoas. 
Nível 4: 8-12 meses 
Sabem selecionar seus brinquedos favoritos e solicita-os; seguem suas metas. 
Nível 5: 12-18 meses 
Desejam novas experiências; são muito curiosas. 
22 
 
Nível 6: 18-24 meses 
A imitação dos adultos fica mais rica em detalhes. As crianças começam a 
solucionar problemas, é o início do pensamento simbólico. 
 
 
 
 
O que é pensamento simbólico? É a capacidade de: 
▪ Imitação 
▪ Brincar de faz de conta 
▪ DesenharPré-operatório: 2-7 anos 
O raciocínio é ao “pé da letra”. A criança fixa-se no visual mais notável das 
substâncias e desconsidera as outras dimensões. Até os 5 anos a criança não entende 
que a quantidade ou medida de uma substância permanece a mesma quando há 
(re)arranjo ou mudança de forma na conservação de líquido, massa ou área. 
 
Operatório-concreto: 7-11 anos 
As operações consistem em transformações reversíveis e tal reversibilidade 
pode constituir imersões. A criança de 7 a 11 anos compreende que cada fase de 
reversibilidade, sem, contudo, coordena-las. As operações são uma fase de transição 
entre as ações e as estruturas lógicas mais gerais. 
 
Operatório-formal: 12 anos em diante 
Ocorre de 11 a 12 anos até 14 a 15 anos e apresenta como característica 
essencial a distinção entre o real e o possível, capaz de prever todas as relações que 
poderiam ser válidas e logo procura determinar, por meio da experimentação e 
análise, qual dessas relações possíveis tem validade real. 
 
 
23 
 
AVALIAÇÃO COGNITIVA 
 
Antes de abordar sobre a Avaliação Cognitiva é necessário saber o que é 
cognição primeiramente. 
 
Cognição é a habilidade de sentir, pensar, recordar etc. Está relacionada à 
inteligência e às funções mentais como memória, atenção, noção de tempo, espaço, 
cálculo, escrita, leitura, praxia motoras e ideatórias, linguagem, raciocínio abstrato, 
percepção, visuo-construção e funções executivas. 
 
O conceito mais usado ao definir inteligência é a habilidade para lidar com a 
complexidade e usar a informação obtida pelos procedimentos de transformação 
simultâneos e sucessivos. 
 
Portanto, a avaliação cognitiva serve para detectar dificuldades de aprendizagem 
e os níveis do desenvolvimento intelectual, percepção visual, auditiva, raciocínio 
lógico e matemático, capacidade de interpretação e compreensão, capacidade de 
autonomia, planejamento e execução de tarefas, organização, tomada de decisão, 
memórias (sensoriais, de trabalho, curto prazo, longo prazo), leitura, escrita, 
vocabulário etc. 
 
1. Consignas e Intervenções 
 
As consignas e intervenções possibilitam observar: 
▪ A possibilidade de mudança de conduta; 
▪ A desorganização ou reorganização do sujeito; 
▪ As justificativas verbais ou pré-verbais; 
▪ A aceitação ou a recusa do outro (assimilação, acomodação, introjeção, 
projeção). 
 
1.1 Tipos de consignas e intervenções: 
 
▪ De abertura: “Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que 
lhe ensinaram e o que você aprendeu. Esse material é para que você 
utilize como desejar, pode escolher e usar o que quiser”. 
 
Para mudança de atividade: 
 
▪ Consigna aberta: “Gostaria que você me mostrasse o que quisesse com 
esses materiais”. 
 
▪ Consigna fechada: “Gostaria que você me mostrasse outra coisa que não 
seja (...)” ou “Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já me 
mostrou”. 
 
24 
 
▪ Consigna direta: “Gostaria que me mostrasse algo de... (matemática, 
escrita, leitura)”. 
 
▪ Consigna múltipla: “Você pode ler, escrever, pintar, recortar desenhar, 
etc.?” 
 
▪ Consignas para pesquisa: “Para que serve isto, o que você fez, que 
horas são, que cor você está utilizando?”. 
 
 
As respostas geralmente após a consigna de abertura são: 
 
a) Sujeito começa a fazer algo (desenha, pinta, recorta, etc.) 
 
b) Pede que lhe indique o que precisa fazer, ao que se responde: “O que você 
quiser”. 
 
c) Fica totalmente paralisado sem poder reagir. Mesmo diante do modelo 
múltiplo não realiza nada. Qualquer uma das respostas já são dados 
significativos para a avaliação. 
Quando o entrevistado apresenta alguma produção, é aconselhável que se 
incida sobre ela, perguntando, argumentando, investigando, apresentando um 
problema, pedindo que relate o que leu, escreveu ou desenhou. 
Observa-se o grau de mobilidade e de modificabilidade5 do entrevistado. 
 
 
A partir dessas perguntas, é possível ter os indicativos do estilo de aprendizagem 
do avaliado. É recomendado fazer outras avaliações, tais como a avaliação pelo 
modelo EOCA, o modelo Quadrante de Hermann, modelo de Kolb, modelo de Gardner, 
modelo Programação Neurolinguística ou modelo Felder e Silveman. 
 
 
5 Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE) consiste na capacidade que o organismo humano possui de 
mudar a estrutura do seu funcionamento, considerando a inteligência como um processo dinâmico de 
autorregulação apto para dar respostas aos estímulos ambientais. 
25 
 
MODELO AVALIAÇÃO DO ESTILO DE APRENDIZAGEM 
 
Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - EOCA 
Elaborada por Jorge Visca, a EOCA serve como ponto de partida para investigar 
o modelo de aprendizagem do sujeito, os vínculos que possui com os objetos, os 
conteúdos da aprendizagem, bem como suas dificuldades. É a oportunidade para 
observar condutas evitativas e como enfrenta desafios. 
 
Se necessário, podem ser feitas mais de uma entrevista de EOCA. 
 
 
Material: 
Crianças menores: massa de modelar, cubos, jogos de encaixe, livros. 
 
Crianças maiores: folhas lisas, folhas pautadas, lápis, borracha, régua, compasso, lápis 
de cor, canetinha, cola, livro, revista, jogos. 
 
Adolescentes e adultos: conversação e atividades como jogos, teste da árvore, casa, 
família. 
 
 
Psicopedagogo: 
Ponha o material sobre a mesa e peça ao aprendiz para iniciar a EOCA. 
 
 
Fatores de observação durante a EOCA 
 
 Por meio da observação do tema, da dinâmica e do produto, pode se observar 
o sintoma e as causas históricas coexistentes (ansiedade, defesa, funções, nível de 
pensamento utilizado, grau de exigência, aquisições automáticas, aspectos da 
lateralidade, organização, ritmo de trabalho, interesses, etc). 
 
Estes três níveis de observação são indicadores do primeiro sistema de 
hipóteses: 
 
▪ Temática: Consiste em tudo que o sujeito diz, o que terá, como toda conduta 
humana, um aspecto manifesto e outro latente. 
 
▪ Dinâmica: Consiste em tudo que o sujeito faz e não é estritamente verbal: 
gestos, tom de voz, postura corporal, a forma de sentar ou de pegar o lápis etc. 
podem ser mais reveladoras que os comentários e até mesmo que o produto. 
 
▪ Produto: É o que o sujeito deixa gravado no papel, na dobradura, na colagem 
etc, incluindo a sequência em que foram feitos. 
 
26 
 
 
Dimensão cognitiva 
Alguns indicadores: 
▪ Leitura dos objetos e situação. 
▪ Utilização adequada dos objetos. 
▪ Estratégias utilizadas na produção de tarefas. 
▪ Organização/Planejamento da atividade (antecipação). 
▪ Nível de pensamento utilizado. 
 
 
Dimensão afetiva 
Alguns indicadores: 
▪ Alterações no campo geográfico e o de consciência (distração, inadequação da 
postura, fugas etc.) 
▪ Aparecimento de condutas defensivas (medos, resistência às tarefas, às 
mudanças, às ordens etc.) 
▪ Ordem e escolha dos materiais. 
▪ Aparecimento de condutas reativas (choro, ansiedade etc.) 
 
 
Postura do Examinador 
▪ Deve ser apenas um observador da conduta do avaliado, participando com 
intervenções somente quando achar necessário. 
 
▪ Lançar mão de vários tipos de consignas para maior riqueza das observações. 
 
▪ Colocar limites quando achar necessário. 
 
▪ Quando o avaliado apresenta dificuldades para entrar na tarefa, deverá utilizar 
consigna múltipla para facilitar a decisão do avaliado. 
 
▪ Caso o avaliado permaneça sem iniciativa, deve-se lembrar também que esta 
também é uma postura a ser analisada, é uma forma de agir frente a situações 
novas, deve ser avaliada em seus vários fatores. 
 
 
Formas de Registro 
▪ Papel pautado dividido em duas colunas, sendo a da esquerda maior, pois 
servirá para as anotaçõesdo que ocorrerá na entrevista e a coluna da direita 
para anotações das hipóteses levantadas. 
 
▪ Deve-se anotar tudo que ocorrer, postura, ações, palavras, frases etc. 
 
 
27 
 
Levantamento das Hipóteses 
As hipóteses serão levantadas de acordo com as observações feitas durante a 
entrevista. Levando-se em conta as três linhas de investigação que serão realizadas: 
cognitiva, afetiva e orgânico-funcionais. 
 
Quando as hipóteses levarem a uma área específica (por exemplo: psicologia, 
fonoaudiologia, neurologia etc.), deve-se pedir a avaliação de um profissional 
competente. 
 
 
Observações gerais 
▪ Cada nível de estrutura cognitiva corresponde a uma leitura da realidade e um 
nível de evolução afetiva para estabelecer um vínculo com o objeto. 
 
▪ Cognitivo: Operações lógicas que regulam os intercâmbios com o meio externo, 
com a lógica correspondente ao estágio cognitivo a que percebe o sujeito. 
 
▪ Diante de determinada situação, o sujeito passará pelos momentos de 
indiscriminação objetiva parcial e total, em movimentos de ir e vir. Ao atingir 
o patamar, pode passar para outro no mesmo movimento. 
 
PRINCIPAIS OBSTÁCULOS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
Obstáculos Funcionais 
▪ Assimilação 
▪ Lentidão 
▪ Domínio especial 
▪ Motor 
▪ Elaboração mental 
 
Obstáculos Emocionais (Epistemofílicos) 
▪ Estado confusional 
▪ Perseveração 
▪ Exigência 
▪ Conduta evitativa 
▪ Mecanismos defensivos 
 
Obstáculos Cognitivos (Epistêmicos) 
▪ Desempenho 
▪ Antecipação 
▪ Assimilação, acomodação 
▪ Insensibilidade – não percebe determinados conflitos 
▪ Não possui mecanismo de integração 
▪ Nível cognitivo 
28 
 
CHECK LIST 
1. Você sabe por que está aqui? 
Ansiedade Sim ( ) Não ( ) 
Expectativa Sim ( ) Não ( ) 
 
 
2. Identifique o material que está sobre a mesa (dar nome aos objetos) 
Observador Sim ( ) Não ( ) 
Nomeia tudo Sim ( ) Não ( ) 
Apresenta dificuldade em lembrar-se dos nomes dos 
objetos 
Sim ( ) Não ( ) 
Possui fala infantilizada Sim ( ) Não ( ) 
 
3. Gostaria de saber o que você sabe fazer com o material que está sobre a mesa 
Como é sua postura (ao sentar)? 
 
 
Qual material evita? 
 
 
Qual sua preferência? 
 
 
Terminou o que começou? Sim ( ) Não ( ) 
Mexe em tudo e nada realiza? Sim ( ) Não ( ) 
Evita tocar os objetos? Sim ( ) Não ( ) 
É ansioso/a? Sim ( ) Não ( ) 
4. Converse com o aprendiz sobre o que ele produziu. Peça que continue 
mostrando o que mais já aprendeu. 
O aprendiz continuou a mesma atividade? Sim ( ) Não ( ) 
Ficou falando coisas que nada se relacionava com a 
atividade? 
Sim ( ) Não ( ) 
Se nega a ler ou escrever? Sim ( ) Não ( ) 
O aprendiz ficou paralisado? Sim ( ) Não ( ) 
 
5. Observar a modalidade da aprendizagem 
O aprendiz é tímido, não explora os objetos, fica na mesma 
atividade sempre? 
Sim ( ) 
Não-hipoassimilativo ( 
) 
O aprendiz apresenta dificuldade em estabelecer vínculos 
emocionais e cognitivos, fica na mesma atividade? 
Sim ( ) 
29 
 
Não-hipoassimilativo ( 
) 
O aprendiz tem dificuldade em criar ou prefere copiar? 
Sim ( ) 
Não-hipoassimilativo ( 
) 
6. O aprendiz: 
Articula o pensar como fazer? Sim ( ) Não ( ) 
Dificuldades com planejamento e organização? Sim ( ) Não ( ) 
Planeja bem? Sim ( ) Não ( ) 
Medo/resistência em utilizar os materiais? Sim ( ) Não ( ) 
Prefere conversar a produzir algo? Sim ( ) Não ( ) 
Descontentamento com suas produções? Sim ( ) Não ( ) 
Perfeccionismo (auto exigência)? Sim ( ) Não ( ) 
Problema na visão/fala? Sim ( ) Não ( ) 
Necessidade em agradar? Sim ( ) Não ( ) 
Dificuldade com a coordenação motora? Sim ( ) Não ( ) 
Suspeita de dislexia? Sim ( ) Não ( ) 
Suspeita de TDAH? Sim ( ) Não ( ) 
Outras hipóteses: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
.........................................................., ........... de ............................ de ............ 
 
(carimbo e assinatura do/a profissional) 
Nome do/a Profissional 
 
 
30 
 
MODELO DE CHECKLIST DE PROVAS OPERATÓRIAS DE PIAGET 
 
Diagnóstico Operatório 
Após intensas pesquisas, Jean Piaget e colaboradores, elaboraram as provas do 
diagnóstico operatório que determinam o grau de aquisição de algumas noções 
chaves do desenvolvimento cognitivo, tais como: noção de tempo, espaço, 
conservação, causalidade, número etc. 
 
Por meio das provas operatórias é possível detectar o nível da estrutura 
cognitiva com a qual o sujeito opera diante da situação apresentada, ou seja, o nível 
de pensamento alcançado pelo sujeito. 
 
As idades cronológicas apresentadas para os diversos níveis de 
desenvolvimento estão relacionadas às condições socioculturais. 
 
Momento do Diagnóstico 
 
1. Vínculo. 
 
2. Clarear o que se vai fazer. 
 
3. Apresentação do material da prova. 
(Quando o sujeito manuseia deve-se ouvir o que ele diz) 
 
4. A ordem ou consigna. 
 
5. A pergunta propriamente dita não precisa ser translúcida que dirija ou direcione a 
resposta. 
 
6. Resposta. 
 
7. Primeira transformação do objeto, introdução de uma variável nula, ou seja, não 
transforma o aspecto considerado. 
 
8. Pedido de argumentação. 
 
9. Resposta argumentada por: 
▪ Identidade: Quando o sujeito percebe que não se acrescenta nada ao material 
utilizado. 
 
▪ Identidade subjetiva: Quando o sujeito identifica que a quantidade de material 
dada possui a mesma quantidade. 
 
▪ Reversibilidade: Quando o sujeito argumenta “se você voltar a forma antiga”. 
 
31 
 
▪ Compensação: Quando o sujeito argumenta compensando as diferenças das 
formas apresentadas: “é mais comprida; mais larga etc”. Pode ser conservadora 
ou não. 
10. Contra argumentação: Pode-se contradizer o pensamento exprimido pelo sujeito 
(tentar levar em consideração o ponto de vista do sujeito e pesquisar se a resposta 
tem um esquema ou é por mero acaso). 
 
11. Justificação: Resposta do sujeito, pode ser conservadora ou não. 
 
12. Segunda transformação 
 
13. Sequência dos passos anteriores 
 
Observações: Quando o sujeito, na argumentação ou justificativa, responde “não sei”, 
pode ter dificuldades no aspecto operativo, possui a imagem, mas não opera 
mentalmente, ou pode estar no nível intermediário entre um período e outro. 
 
 
Provas Horizontais 
 
1. Seriação 
 
2. Números pequenos 
 
3. Dicotomia 
▪ Quantidade e inclusão de classes 
▪ Interseção de classes 
▪ Transvasamento de líquidos 
▪ Massa 
▪ Peso 
▪ Comprimento 
▪ Espaço unidimensional 
▪ Superfície 
▪ Espaço bi e tridimensional 
▪ Substâncias homogêneas 
 
4. Provas complementares e suplementares: são provas para avaliar os patamares 
intermediários mais sutis, para se saber se o sujeito está longe ou perto do nível. 
▪ Peso (complementar heterogêneo) 
▪ Ilhas 
▪ Combinações e permutações 
 
 
32 
 
PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO 
 
Atualmente, as provas do diagnóstico operatório foram selecionadas por 
pesquisas baseadas nos trabalhos de Bärbel Inhelder6 e são assim relacionadas: 
 
1. Provas de Classificação: Avaliam o domínio do sujeito a respeito da classificação. 
São elas: conservação do número, matéria e líquido. 
 
2. Provas de Seriação: Consta de 10m palitos graduados para serem organizados 
segundo seu tamanho. 
 
3. Mudança de critério ou Dicotomia: Consta de fichas comos atributos de cor, 
forma e tamanho, que devem ser destacados pelo sujeito, conforme ordem dada. 
 
4. Qualificação da inclusão de classes: Esta prova pode ser realizada com flores, 
como o original, ou com animais ou frutas, pois permite avaliação da qualificação 
inclusiva a respeito das classes com os elementos das subclasses. 
 
 5. Interseção de classes: Nesta prova se investiga o grau de operatividade a respeito 
das operações lógicas no trato com as classes. 
 
6. Conservação: A conservação diz respeito a igualdade e possibilita a percepção de 
que mesmo diante de transformações o objeto conserva sua identidade, integridade 
ou qualidade em questão. Estas questões são importantes para os processos 
reguladores das atividades do sujeito em sua adaptação frente a realidade. O que se 
observa nestas provas é o êxito ou não na variável quantitativa em conteúdos 
distintos. 
 
6.1. Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos: Prova das 
fichas ou dos números, possibilita a verificação da conservação da equivalência 
numérica com quantidades discretas, apesar das transformações que foram 
expostas. Parte-se da correspondência termo a termo. 
 
6.2. Conservação da quantidade de líquido: Prova do transvasamento de 
líquido, investiga-se o grau de conservação com um material físico continuo em 
diversas variáveis. 
 
6.3. Composição da quantidade de líquido. Nesta prova o sujeito deve 
encontrar a solução num processo de síntese, diferente do anterior que era por 
meio da análise do material. 
 
6.4. Conservação da quantidade de matéria: Prova da massa que utiliza um 
novo material (massa de modelar), mas está correlacionada a anterior. 
 
6 Bärbel Elisabeth Inhelder (1913-1997) foi uma psicóloga suíça mais conhecida por seu trabalho Jean Piaget e suas contribuições 
para o desenvolvimento infantil. 
 
33 
 
6.5. Conservação de peso: Esta prova tem êxito no segundo nível das 
operações concretas e indaga sobre o grau de aquisição da invariância de peso. 
 
6.6. Conservação de volume: Esta conservação é alcançada por volta dos 11 a 
13 anos dentro do período das operações concretas. 
 
6.7. Conservação de comprimento: Esta prova é somente administrada 
somente quando o sujeito atingiu a conservação das equivalências numéricas, 
pois ela estuda a capacidade dos mesmos a respeito da transposição ou 
reconstrução deste conhecimento ao nível da conservação de um contínuo 
unidimensional – o comprimento e a largura. 
 
7. Provas do pensamento formal ou Hipotético dedutivo: São as provas de 
combinatórias entre os elementos, que possibilitam perceber se o sujeito alcançou o 
nível de pensamento formal, apesar do material ser concreto, a formulação do 
pensamento exige um sistema de lógica proporcional. 
 
 
 
34 
 
APLICAÇÃO DAS PROVAS PIAGETIANAS 
As provas consistem em situações experimentais elaboradas, contudo a técnica 
utilizada nessas provas é igual a todas basicamente. Consta em se interrogar o 
avaliado frente aos fenômenos observáveis e/ou manipuláveis a partir dos quais se 
leva o sujeito a raciocinar. Variam somente segundo a natureza lógica dos problemas 
ou de fenômenos físicos. 
 
 
Quadro de seleção de provas conforme a idade 
Até 6 anos 
▪ Provas de conservação: de pequenos conjuntos 
discretos de elementos da quantidade de líquido. 
▪ Provas de classificação: de mudanças de critério ou 
dicotomia. 
▪ Provas de seriação. 
 
6 a 7 anos 
▪ Provas de conservação: de pequenos conjuntos 
discretos de elementos da quantidade de líquido, da 
quantidade de matéria, da composição da 
quantidade de líquido. 
▪ Provas de classificação: de mudanças de critério ou 
dicotomia, interseção de classes ou qualificação da 
inclusão de classes. 
▪ Provas de seriação. 
 
8 a 9 anos 
▪ Provas de conservação: da largura, de peso, do 
volume. 
▪ Provas de classificação: interseção de classes ou 
qualificação da inclusão de classes. 
▪ Provas de seriação. 
 
10 a 12 anos 
▪ Provas de conservação: da quantidade de matéria, da 
largura, da composição da quantidade de líquido, de 
peso. 
▪ Provas de classificação: interseção de classes ou 
qualificação da inclusão de classes. 
 
12 anos em diante 
▪ No caso de se obter êxito na prova de conservação de 
volume, administra-se as provas para o pensamento 
formal. 
 
 
Nome: ________________________________________________________________ 
Data: __________________________________________________________________ 
Idade cronológica: ___________________________________________________ 
 
35 
 
Quadro de resultados esperados das provas conforme a idade 
 
Prova 
Não 
conservação 
Conduta 
intermediária 
Conservação 
Conservação de quantidades 4-5 anos 5-7 anos A partir de 7 anos 
Classificação 4-5 anos 5-6 anos A partir de 6 anos 
Seriação 3-4 anos 6 anos 
(Tateamento) 
7-8 anos 
Inclusão de classes 5-6 anos 6-7 anos 7-8 anos 
Transvasamento de líquidos 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos 
Composição quantidade de líquidos 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos 
Conservação quantidade matéria 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos 
Conservação de superfície 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos 
Conservação de peso 6-7 anos 7-8 anos 8-9 anos 
Conservação de comprimento 6-7 anos 7-8 anos A partir de 8 anos 
Interseção de classe 4-5 anos 6 anos 7-8 anos 
Conservação de volume 7-8 anos 9-10 anos 11-12 anos 
Composição de pesos 7-8 anos 9 anos 10-12 anos 
Combinação de fichas 11 anos 12 anos 13 anos em diante 
Permutação de fichas 11 anos 12 anos 13 anos em diante 
 
 
 
 
 
Fases de desenvolvimento segundo Piaget 
 
Nível Observações 
Pré-operatório 
Intuitivo global 
Intuitivo articulado 
Operatório 
 
Operatório-concreto Concreto hipotético 
 
Operatório-formal Dedutivo ou formal 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
O DESENHO INFANTIL NA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Os estudos sobre o desenho infantil vêm ganhando destaque por diferentes 
pesquisadores, que analisaram o desenvolvimento das crianças e identificaram 
inúmeras concepções pedagógicas, de forma a compreender o que ocorre quando elas 
desenham. 
 
O desenho como primeiro meio pelo qual a criança se expressa 
significativamente, visto que, primeiramente por meio das garatujas ou rabiscos, isto 
é, seus primeiros registros, ela manifesta sua particularidade e seu próprio padrão de 
expressão. 
 
As crianças aperfeiçoam sua capacidade de criar, entrando em contato com o 
seu mundo imaginário e representando sua realidade. Dessa forma, o desenho infantil 
pode revelar o grau de maturidade, do equilíbrio emocional e afetivo, bem como do 
desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Por meio do desenho, a criança 
(re)cria suas próprias formas expressivas, integrando percepção, imaginação, 
sensibilidade e reflexão, noções que podem ser exploradas para avaliação 
psicopedagógica. 
 
Dessa forma, considerar os desenhos infantis como material de análise é 
pertinente, pois assim como a escrita, a evolução do desenho se configura por etapas. 
Assim, é fundamental que o profissional compreenda as características da trajetória 
construída segundo o desenvolvimento simbólico das crianças. 
 
FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO PIAGET 
 
Segundo Piaget, a criança desenha, elaborando conceitualmente objetos e 
eventos, isto é, ela desenha “mais o que sabe do que realmente consegue ver”. Daí a 
relevância de se compreender o processo de construção do desenho junto ao 
enunciado verbal que nos é dado pelo sujeito. 
 
1ª Fase) GARATUJA 
▪ Período Sensório-motor (0 a 2 anos de idade). 
▪ A figura é inexistente, a criança utiliza a imaginação, por imaturidade da 
coordenação motora, o desenho é desordenado. 
 
2ª Fase)PRÉ-ESQUEMATISMO 
▪ Período pré-operatório (2 a 7 anos de idade). 
▪ A criança consegue fazer relação entre desenho, o pensamento e a realidade, 
porém, os desenhos ainda são dispersos. 
▪ As cores não possuem relação com a realidade, mas com os sentimentos. 
▪ A figura humana está relacionada com a maturação da percepção e 
desenvolvimento cognitivo. 
 
37 
 
3ª Fase) ESQUEMATISMO 
▪ Período operatório-concreto (7 a 12 anos de idade). 
▪ A criança começa a expressar suas experiências, a percepção começa a 
amadurecer. 
▪ Utiliza a linha como base e começa a perceber o espaço, o conceito de figura 
humana, mas ainda apresenta exageros, omissões e as cores são relacionadas 
ao estado de emoção. 
 
4ª Fase) REALISMO 
▪ Corresponde também ao período operatório-concreto (7 a 12 anos de idade). 
▪ É a fase da transição das operações concretas para as formais. 
▪ Nesta fase, a criança apresenta noção de espaço, abandona as linhas como base, 
a figura humana apresenta roupas e formas. 
 
5ª Fase) PSEUDONATURALISMO 
▪ Período operatório-formal (+ de 12 anos de idade). 
▪ Nesta fase, o adolescente não utiliza o abstrato e desenho espontâneo. 
▪ O desenho segue a personalidade, utilizam formas da sua personalidade. 
▪ O visual está relacionado com a realidade e suas emoções. 
▪ O desenho assume a comunicação sem palavras, expressa sentimentos, 
inteligência, nível da maturação neurológica. 
 
FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO LOWENFELD 
 
Apesar da criança já possuir a inteligência representativa, não é capaz de fazer 
de conta no plano gráfico. Esta defasagem ocorre por conta da construção do símbolo 
no bidimensional ser mais complexa do que a partir do próprio corpo. Assim, a 
mesma criança que é capaz de fazer de conta que alimenta sua boneca por meio de 
jogo simbólico, usando símbolos, não sabe ainda desenhar símbolos que tomam uma 
coisa por outra. Quando desenha sua ação sobre o plano gráfico é, portanto, pré-
simbólica. 
 
Viktor Lowenfeld7 (1970) estudou o desenho infantil, em especial a fase pré-
simbólica, relacionando-o nas seguintes fases: 
 
1ª Fase) RABISCAÇÃO DESORDENADA OU GARATUJA 
▪ 2 a 4 anos de idade. 
▪ A criança desenha sem intenção alguma de escrever ou desenhar, apenas pelo 
prazer de rabiscar. 
▪ Dentro desse mesmo estágio há ainda a Rabiscação Longitudinal e a 
Rabiscação. 
 
7 Viktor Lowenfeld (1903-1960) foi professor de educação artística na Pennsylvania State University . Suas ideias influenciaram 
muitos educadores de arte nos Estados Unidos do pós-guerra. Ele defendia que as "maneiras pelas quais crianças em diferentes 
estágios de desenvolvimento artístico devem ser estimuladas por meios e temas apropriados, e (...) o currículo (...) guiado 
principalmente por considerações desenvolvimentistas". 
 
38 
 
 
Rabiscação Longitudinal: A criança aprecia seus traçados e observa suas produções 
(movimento intencional). Ela não abandona as garatujas, mas já aparecem bolinhas, 
cruzes, quadrados etc. (símbolos praticamente isolados). 
 
Rabiscação: A criança nomeia seus desenhos e traça o que imagina e o que viveu, por 
meio do simbolismo. A figura humana já é perceptível, ela fecha os seus traços para 
formar braços, pernas, cabeça, de forma que esses são para abraçar, caminhar e 
pensar. Elas conseguem reconhecem para que servem os desenhos. A fabulação se 
inicia, evidenciando a criatividade e invenção da criança. 
 
2ª Fase) FIGURAÇÃO PRÉ-ESQUEMÁTICA 
▪ 4 a 7 anos de idade. 
▪ A criança começa a utilizar representações simbólicas. 
▪ Utilizam variedade de traços (linhas, círculos, formas ovais) que podem ser 
caracterizados como membros de suas figuras, por exemplo: braços, pernas, 
olhos, cabeça. 
 
3ª Fase) FIGURAÇÃO ESQUEMÁTICA 
▪ 7 a 9 anos de idade. 
▪ A criança começa a utilizar representações simbólicas e faz relações de 
referências socioculturais, para desenharem casas, pessoas, animais etc. 
▪ Utilizam variedade de traços (linhas, círculos, formas ovais) que podem ser 
caracterizados como membros de suas figuras, por exemplo: braços, pernas, 
olhos, cabeça. 
 
4ª Fase) FIGURAÇÃO REALISMO 
▪ 9 a 12 anos de idade. 
▪ A criança começa a apresentar conceitos de formas, se encontra mais 
detalhista, desenhando tudo o que vê. 
▪ Há distinção no tamanho dos objetos, compreendendo que o que está na frente 
é maior e esconde o que está atrás. 
 
5ª Fase) PSEUDOREALISMO 
▪ 12 anos de idade em diante. 
▪ O adolescente se preocupa com a perfeição e a profundidade do desenho, o que 
torna esse mais elaborado. 
 
Diante de tudo que foi exposto, o que se deve avaliar no desenho? 
✓ O estado emocional da criança pelas cores e estilística do desenho. 
✓ O nível intelectual em que se encontra. 
✓ A maturidade da percepção visual. 
✓ O nível de socialização da criança e quais patologias estão relacionadas. 
✓ A coordenação motora e patologias relacionadas, dentre outros. 
 
 
39 
 
CHECK-LIST DA AVALIAÇÃO DO DESENHO LIVRE 
 
Serve para investigar a maturidade psicomotora e o nível de aprendizagem do 
aluno bem como a as emoções: como se sente, como se vê dentro do cenário, contexto 
etc. 
 
CHECK LIST 
Tamanho de desenho ( ) Pequeno ( ) Grande 
Tamanho das personagens ( ) Pequeno ( ) Grande 
Quem aparece maior? 
 
Quem não aparece no desenho? Exemplo: pai, mãe, irmão etc. 
 
Distanciamento das personagens: 
( ) Separados por alguma barreira 
( ) Presos em quadrados 
As personagens: 
( ) Possuem pés e mãos 
( ) Não possuem pés e mãos 
Faltam olhos, orelha e/ou boca ( ) Sim ( ) Não 
O desenho condiz com o que foi pedido? ( ) Sim ( ) Não 
(Se a resposta for não, pode indicar conduta evitativa relacionada à situação solicitada) 
O sujeito a ser solicitado: 
Se recusa a desenhar ( ) Sim ( ) Não 
Se recusa a escrever ( ) Sim ( ) Não 
Usa borracha ( ) Sim ( ) Não 
Posição do desenho na folha 
( ) Superior - Exigente ( ) Inferior - Impulsivo 
( ) Direita – Progressivo ( ) Esquerda - Regressivo 
( ) Superior Direita / Exigente - Progressivo 
( ) Superior Esquerda / Exigente - Regressivo 
( ) Inferior Direita Impulsivo - Progressivo 
( ) Inferior Esquerda Impulsivo - Regressivo 
Fonte: Visca, 2008, p.23 
Se a pessoa for alfabetizada peça para escrever os nomes no desenho ou falar algo. Se ela se negar, não deve forçar, pois 
pode estar relacionado a algum conflito que não deseja relembrar. 
Posição do desenho na folha 
(O título revela o vínculo estabelecido com a aprendizagem, se condiz com o desenho) 
O sujeito apresenta criatividade ao escolher o título? ( ) Sim ( ) Não 
O título foi pouco elaborado? ( ) Sim ( ) Não 
Relato do desenho 
Boa expressão oral? ( ) Sim ( ) Não 
Existe negação e repressões? ( ) Sim ( ) Não 
Conclusões: 
 
 
 
 
40 
 
PROVAS PROJETIVAS 
 
As provas projetivas são utilizadas no contexto psicopedagógico como um meio 
de analisar e depurar o sistema de hipóteses. Elas devem ser aplicadas quando há 
suspeita de implicações emocionais ou vínculos negativos com a aprendizagem. 
 
Ao ser submetido à prova projetiva, o sujeito projeta para fora de si o que se 
recusa a reconhecer em si mesmo ou o ser em si. Segundo Piaget “por meio do jogo 
simbólico, a criança no período pré-operatório assimila o real ao eu e consegue com este 
artifício suportar suas vivências pessoais e familiares, seus conflitos e problemas”. 
 
Por meio das provas projetivas pretende-se que haja a manifestação do 
inconsciente, sem medos e/ou repressões. Aparecem aqui, através de estímulo, 
manifestações inconscientes com marcas deixadaspelas vivências dos sujeitos. 
 
Nesse sentido, ao aplicar as provas projetivas, o profissional deve ter a clareza 
de que elas expressam uma realidade subjetiva relacionada com a vivência particular 
do sujeito. Não se trata da realidade como ela é, mas a realidade que o sujeito 
vê. Assim, as provas projetivas devem ser adaptadas ao tipo de investigação que se 
pretende realizar e a especificidade do sujeito. 
 
As provas projetivas psicopedagógicas foram organizadas por Jorge Visca e 
consistem em recursos para a compreensão de variáveis emocionais, que 
condicionam a aprendizagem positiva ou negativamente. 
 
O objetivo da prova projetiva psicopedagógica é verificar as significações do 
ato de aprender e as relações vinculares que se formam com o conhecimento e as 
figuras ensinantes. 
 
A criança brinca para reviver momentos felizes e prazerosos ou para elaborar 
seus traumas e desprazeres, o desenho é um dos instrumentos que o profissional 
poderá utilizar para avaliação da subjetividade, ou seja, no desenho e na brincadeira 
a criança revela dados importantes do seu dia a dia, dos seus impulsos inconscientes 
e da sua personalidade. A prova projetiva serve para detectar bloqueios emocionais, 
dificuldades de aprendizagem causadas por influência psicológica. 
 
Dessa forma, é necessário fazer a análise do desenho minuciosamente, 
considerando os traços, a idade da criança, o tamanho do desenho, o lado, o ano que 
está cursando. Lembrando que existem testes da árvore, da casa, dos animais, etc. 
 
Segundo Freud, os mecanismos de defesa são proteções inconscientes do ego 
para bloquear tudo que possa gerar sofrimentos, angústias, solidão, esses 
mecanismos são encontrados em todos os seres humanos. Para Freud, esses 
mecanismos são saudáveis, porém, em excesso, podem demonstrar um problema 
psicológico. Os mecanismos de defesa são vários, mas citaremos três deles: 
 
41 
 
– Sublimação: É um deslocamento ou alteração dos impulsos do ID desviando para 
comportamentos aceitáveis socialmente. A criança sádica sublima seus impulsos para 
a sala de aula, um exemplo é gostar de pesquisar estrutura fisiológica de um animal. 
 
– Recalque: É o ato de expulsar da consciência tudo que é inaceitável, ele é 
automático. O recalque volta a aparecer em atos falhos, sonhos e lapsos de linguagem. 
Na educação, a criança pode bloquear a construção do conhecimento por não se 
relacionar bem com o professor, pela transferência também não gostará da matéria 
que aquele ensina. 
 
– Transferência: É o ato de transferir sentimentos como o amor ou ódio para outra 
pessoa no relacionamento. A transferência na aprendizagem é muito importante, por 
meio dela o aluno gostará do professor ou irá odiá-lo, isso dependerá do seu 
relacionamento familiar, visto que essa é a fase na qual a criança transfere seus 
sentimentos para o professor e para a matéria que este ensina; se houver amor 
familiar, o aluno transferirá esse amor para o professor e para a matéria. Segundo 
Freud, a pessoa aprende a amar algo por amor a alguém. 
 
Na Prova Projetiva, o profissional deverá avaliar no desenho como o avaliado 
se sente na família, na escola e com os colegas e como ele se relaciona com o professor, 
além do nível de desenvolvimento emocional e cognitivo. Esses dados são muito 
importantes na construção da aprendizagem. A forma como a criança faz a 
transferência do amor de mãe para o professor, ou a indiferença, se essa criança não 
recebeu amor de mãe, todas essas informações subjetivas, ou seja, emocionais, podem 
ser indicadores de uma dificuldade de aprendizagem ou de socialização. 
 
 Apresentamos a seguir os três temas que mais utilizamos com os alunos: 
família, contexto escolar e algo que eles gostem (preferência). 
 
 
➔ O Teste da Família 
Tem o objetivo de avaliar como se dá o relacionamento global da família, bem 
como em suas diferentes partes. É necessário deixar claro que antes de se 
realizar esse teste é preciso investigar qual a visão que o aluno tem de família 
e como se encontra sua família, visto que, nos dias atuais, há grande variação 
na estrutura familiar, que outrora era formada basicamente por pai, mãe e 
filhos. Atualmente, sabe-se que as famílias podem ser formadas por avós, mãe 
e filhos; ou por mãe e filhos; por filhos de pais separados que casaram com um 
novo cônjuge e assim por diante. Todas essas relações devem ser conhecidas e 
esclarecidas para evitar distorções na análise do teste. 
O procedimento do teste é o seguinte: É solicitado ao aluno que desenhe uma 
família qualquer, que não a sua própria família, dessa forma liberamos o aluno 
tanto no nível inconsciente quanto no nível crítico para falar de sua família que 
pode ser representada como é na realidade ou como o ele mesmo a idealiza. 
Posteriormente pedimos que dê nomes a cada um dos indivíduos 
representados no desenho e que conte uma história sobre essa família. 
 
42 
 
 
➔ Teste do Par Educativo 
Tem o objetivo de obter informações a respeito do vínculo estabelecido em 
relação à aprendizagem, como foi internalizado por ele o processo de aprender 
e como percebe aquele que ensina e o que aprende. Os dados obtidos darão 
condições para elaboração de hipóteses a respeito da visão do aluno de si, dos 
professores, de seus companheiros de classe e até mesmo da instituição 
educativa. Quanto ao aspecto estritamente pedagógico, podemos avaliar o 
nível de redação, ortografia, criatividade literária etc. Esse teste consiste em 
instruir o aluno para que desenhe duas pessoas: “uma que ensina e outra que 
aprende”. Também solicitamos ao aluno que conte ou escreva uma história 
relacionada ao desenho. 
 
 
➔ Teste Livre 
Pode ser sobre algo que o aluno goste. Tem como objetivo observar o que faz 
sentido emocional e concreto no dia a dia do aluno. A partir desse teste livre, é 
possível conhecer um pouco mais as áreas de interesse dela no contexto sócio 
afetivo. 
 
É válido salientar que, durante o processo, é necessário que o profissional faça 
as intervenções, questionando o aluno do que ele quer dizer com o desenho, mesmo 
que as interpretações posteriores sejam realizadas. É imprescindível que o profissional 
analise a partir do significado que o aluno fornecer, não apenas ao seu olhar clínico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS 
Baseadas na teoria de Jorge Visca e Alícia Fernandez 
 
Fonte; Visca.Jorge- Técnicas Projetivas Psicopedagogicas-1994- Buenos Aires, Argentina 
43 
 
As técnicas projetivas psicopedagógicas têm o objetivo de investigar a rede de 
vínculos que o sujeito possui em três domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo. 
Em cada um destes domínios, guardando as diferenças individuais, é possível 
reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que 
constituem o vínculo da aprendizagem. 
 
Apresentamos a seguir um quadro com os diversos domínios, suas 
correspondentes técnicas projetivas e os objetivos de cada uma: 
 
Domínio Prova Investigação Idade 
Escolar 
Par educativo Vínculo com aprendizagem 
6 a 7 
anos 
Eu e meus companheiros Vínculo com os componentes da classe 
7 a 8 
anos 
Plano da Sala de Aula 
A representação do campo geográfico da sala 
de aula e a desejada 
 
8 a 9 
anos 
 
Familiar 
Planta da Casa 
A planta da casa onde habita, sua 
representação real e desejada 
 
8 a 9 
anos 
Os quatro momentos do dia Os vínculos ao longo do dia 
6 a 7 
anos 
Família educativa 
O vínculo da aprendizagem com o grupo 
familiar e cada um dos integrantes da mesma 
 
6 a 7 
anos 
 
Consigo 
mesmo 
O desenho em episódios A delimitação da permanência da identidade 
psíquica em função dos afetos 
 
6 a 7 
anos 
O dia do meu aniversário 
A representação que

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