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1 ( Material sistematizado para uso psicopedagógico) 2 INTRODUÇÃO O desejo de compartilhar nossos percursos sobre a avaliação do desenvolvimento cognitivo, psicológico, neuromotor, nasceu a partir das dificuldades apresentadas pelos profissionais da área de Psicopedagogia, que, frequentemente, demonstram certa insegurança sobre como proceder nos momentos de avaliação. A avaliação tem por objetivo investigar as causas das dificuldades de aprendizagem, sendo fundamental para o planejamento e intervenção psicopedagógica. Por isso, compreendemos que os profissionais precisam se capacitar constantemente, de maneira a saber reconhecer as patologias e relacioná- las com a queixa apresentada pelo aprendente, a fim de levantar hipóteses e averiguar se procedem (ou não). Nesse sentido, é nosso objetivo oferecer aos profissionais as competências para avaliar e intervir na habilitação ou reabilitação do aprendente, assim como aplicar e tabular testes psicopedagógicos e neuropsicopedagógicos. Para tanto, abordaremos as bases teóricas de algumas dificuldades da aprendizagem, introdução aos modelos de provas e testes psicopedagógicos e neuropsicopedagógicos, além de modelos de testes. Desejamos que a leitura, o estudo e a reflexão os profissionais a lançarem compreendendo Bom trabalho! Daniela e Juliana Este material não é de nossa autoria , é uma copilação baseada e sistematizado para uso psicopedagógico , portanto referenciamos os autores e criadores . 3 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 2 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA ........................................................................... 6 MATRIZ DIAGNÓSTICA ................................................................................................................................. 7 ROTEIRO DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA ................................................................. 10 A QUEIXA PSICOPEDAGÓGICA .................................................................................................................. 11 MODELO DE ENTREVISTA COM O SUJEITO ............................................................................................... 12 MODELO DE ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA .......................................................................................... 13 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A APRENDIZAGEM ............................................................................ 20 AVALIAÇÃO COGNITIVA............................................................................................................................. 23 1. Consignas e Intervenções .................................................................................................................. 23 MODELO AVALIAÇÃO DO ESTILO DE APRENDIZAGEM ............................................................................. 25 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - EOCA .................................................................... 25 PRINCIPAIS OBSTÁCULOS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ........................................................ 27 MODELO DE CHECKLIST DE PROVAS OPERATÓRIAS DE PIAGET .............................................................. 30 PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO................................................................................................. 32 APLICAÇÃO DAS PROVAS PIAGETIANAS ................................................................................................... 34 O DESENHO INFANTIL NA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .................................................................... 36 FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO PIAGET .................................................................................... 36 FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO LOWENFELD ........................................................................... 37 PROVAS PROJETIVAS ................................................................................................................................. 40 ➔ O Teste da Família ..................................................................................................................... 41 ➔ Teste do Par Educativo .............................................................................................................. 42 ➔ Teste Livre .................................................................................................................................. 42 TÉCNICAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS ............................................................................................ 42 Baseadas na teoria de Jorge Visca e Alícia Fernandez ........................................................................... 42 ANÁLISE DAS PROVAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS ........................................................................ 43 2. Domínio: Familiar .............................................................................................................................. 45 3. Domínio: Consigo mesmo .................................................................................................................. 48 Advertências Necessárias .......................................................................................................................... 50 A LINGUAGEM ORAL .................................................................................................................................. 50 Desenvolvimento da linguagem X Desenvolvimento biológico ........................................................... 52 Postura do profissional ...................................................................................................................... 52 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA ........................................................................... 53 História da escrita .................................................................................................................................. 53 Psicogênese da linguagem ..................................................................................................................... 55 NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA ........................................................................................................... 58 4 1. Nível Pré-Silábico ............................................................................................................................... 58 Grafismos primitivos, escritas unigráficas ou sem controle de qualidade ......................................... 58 Escritas fixas ........................................................................................................................................... 59 Escritas Diferenciadas............................................................................................................................. 59 2. NÍVEL SILÁBICO .................................................................................................................................. 60 Escritas silábicas iniciais ......................................................................................................................... 61 3. SILÁBICA - ALFABÉTICA ...................................................................................................................... 62 4. ALFABÉTICA ........................................................................................................................................ 62 PROVA DE LEITURA COM IMAGEM ......................................................................................................... 64 PROVA DE LEITURASEM IMAGEM .......................................................................................................... 65 PROVA DE LEITURA DE ORAÇÕES ............................................................................................................ 66 OBSERVAÇÃO DE LEITURA ....................................................................................................................... 67 PROVA DE LEITURA COMPREENSIVA, ESCRITA E VERBALIZAÇÃO ....................................................... 69 COMPREENSÃO DE TEXTO ....................................................................................................................... 69 LEITURA ..................................................................................................................................................... 69 HABILIDADES DA ESCRITA ........................................................................................................................ 70 VERBALIZAÇÃO ......................................................................................................................................... 70 EXAME DA LINGUAGEM ORAL ................................................................................................................. 71 TESTE DE AUDIBILIZAÇÃO ........................................................................................................................ 72 ACUIDADE VISUAL (EXAME OCULAR) ..................................................................................................... 79 Escala de Snellen: “E” mágico* ........................................................................................................... 79 MEMÓRIA AUDITIVA ................................................................................................................................ 83 DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA PALAVRAS IGUAL DIFERENTE .................................................................. 84 O DESENVOLVIMENTO MOTOR ................................................................................................................ 85 ORIENTAÇÃO TEMPORAL ......................................................................................................................... 95 TESTE PARA DETECTAR DEFICIT DE ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO ....................................................... 96 INFORMAÇÃO SOCIAL .............................................................................................................................. 98 MODELO DE PROVA DE DISGRAFIA ......................................................................................................... 99 MODELO DE DISORTOGRAFIA ............................................................................................................... 100 MODELO 1 DE PROVA DE DISCALCULIA ................................................................................................ 101 MODELO 2 DE PROVA DISCALCULIA ..................................................................................................... 102 PROVAS OPERATÓRIAS DAS HABILIDADES MATEMÁTICAS ............................................................... 103 ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DO DESEMPENHO LÓGICO MATEMÁTICO ................................................. 105 LEVANTAMENTO DE INDICATIVOS DE TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE - TDAH ...................................................................................................................................................... 111 ESCALA DE TRAÇOS AUTÍSTICOS ........................................................................................................... 115 ENTREVISTA PARA DETECTAR AUTISMO E SINDROME DE ASPEGER BASEADO NO (M-CHAT/ES) 122 5 TESTE PARA ALTAS HABILIDADES JEAN-CHARLES TERRASSIER ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA CRIANÇAS SUPERDOTADAS (ANPEIP) ....................................................................................................................... 124 AVALIAÇÕES PARA CRIANÇAS DE 6-7 ANOS DE IDADE .......................................................................... 126 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PROFISSIONAL PARA REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO ................................................................................................................................. 127 MODELO DE RELATÓRIO ........................................................................................................................ 128 EXEMPLO HIPOTÉTICO 1 RELATÓRIO PSICOPEDAGÓGICO ............................................................... 129 EXEMPLO HIPOTÉTICO 2 RELATÓRIO PARA A ESCOLA ...................................................................... 130 EXEMPLO HIPOTÉTICO PARA DEVOLUTIVA ......................................................................................... 131 MODELO DE AVALIAÇÃO ESCOLAR ....................................................................................................... 135 ATESTADO ................................................................................................................................................ 136 FICHA DE FREQUÊNCIA ............................................................................................................................ 137 FICHA CONTROLE PAGAMENTO MENSAL ............................................................................................... 138 NOSSAS REDES SOCIAIS ........................................................................................................................... 139 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 140 6 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA1 A Psicopedagogia trata da aprendizagem humana, a fim de entender seus processos, suas variações evolutivas, e os inúmeros fatores que a condicionam. Busca ainda compreender como as alterações nos processos aprendizagem ocorrem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Assim, o trabalho do psicopedagogo possui tanto o caráter preventivo, quanto o clínico. O eixo da abordagem psicopedagógica é, sem dúvida, o processo de diagnóstico, o qual permite, diante da “queixa motivo” de dificuldades de aprendizagem, fazer uma leitura dinâmica e global, envolvendo o aprendente, a família, o processo de escolarização, como resultado de interrelações complexas. Para tanto, é necessário escolher as referências teóricas que respaldam os instrumentos usados na avaliação, bem como os resultados obtidos na mesma. Em razão da complexidade de seu objeto de estudo, os conhecimentos específicos de diversas teorias são importantes à Psicopedagogia, como por exemplo: − A Psicanálise, que trata do mundo inconsciente, das representações profundas, operantes através da dinâmica psíquica, expressas por sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta a face desejada do homem. − A Psicologia Social, que se encarrega da constituição dos sujeitos, que responde a reações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e econômicas específicas e que, portanto, contextuam toda a aprendizagem. − A Epistemologia e a Psicologia Genética, que contribui com a descrição e análise do processo construtivo do sujeito em interações com outros sujeitos e objetivos. − A Linguística, que traz a compreensão da linguagem como um dos meios que o caracterizam tipicamente humano e culturais: a língua enquanto código disponível a todos os membros da sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e histórico de acesso a toda estrutura simbólica. − A Pedagogia, que estuda as diversas abordagens do processo ensino- aprendizagem, analisando-o da perspectiva de quem ensina. − Os fundamentosna Neuropsicologia, que possibilitam a compreensão dos mecanismos cerebrais implícitos ao aprimoramento das atividades mentais, indicando a que correspondem, da perspectiva orgânica, todas as evoluções ocorridas. Essa diversidade de campos teóricos permite inúmeras possibilidades de atuação e “caminhos” a serem trilhados para embasar a ação psicopedagógica. 1 Texto baseado nos textos de Salete Anderle, mestre em psicopedagogia clínica e institucional, docente universitária, saletepsicopedagoga@gmail.com Textos sistematizados por Psicopedagoga Salete Anderle , publicado em : https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/book/257367Roteiro_da_Acao_Psicopedagogica_O_que_fazertopic=tcc%2 8trabalhodeconclusaodecurso%29#.XDon7lxKjIU 7 MATRIZ DIAGNÓSTICA Vamos agora refletir sobre o que é a avaliação do aprendizado, isto é, o diagnóstico psicopedagógico. O termo diagnóstico tem origem em duas palavras gregas: diá, que significa “por meio de, durante”, e gnosis, “referente ao conhecimento de”. Dessa forma, entende-se que diagnóstico é o conhecimento ou determinação de uma característica pela observação das suas manifestações. Já o termo psicopedagógico remete ao conhecimento que articula a Psicologia e Pedagogia. O objeto de estudo da Psicopedagogia, a saber, os processos de aprendizagem, deve ser compreendido a partir de duas perspectivas: preventiva e terapêutica. A perspectiva preventiva contempla o ser humano em desenvolvimento na qualidade de educável, ou seja, o sujeito a ser educado, bem como seus processos de desenvolvimento e alterações nestes processos, enfatizando as competências do aprender num sentido global. A perspectiva terapêutica contempla a identificação e o estudo de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem. O diagnóstico na perspectiva da Psicopedagogia possui especificidades, que o diferencia dos demais psicodiagnósticos, em razão das particularidades do seu objeto de estudo, que é a matriz do pensamento e processos diagnósticos. O diagnóstico psicopedagógico é um processo, por meio do qual se apura, identifica, levanta hipóteses, ainda que provisórias, sobre que leva o aprendente a apresentar dificuldades ou a não aprender, isto é, quais os obstáculos que impedem o seu desenvolvimento dentro do esperado. A proposta do diagnóstico psicopedagógico está apoiada em pressupostos científicos que descrevem a compreensão de um fenômeno, no qual a situação real é caracterizada/compreendida a partir da utilização de teorias científicas, noções e conceitos. Nesse contexto, encontra-se Epistemologia Convergente 2 que, apoiada nas teorias interacionistas, estruturalistas e construtivistas, estrutura a teoria e a prática sobre o diagnóstico e intervenção psicopedagógicos, etapas fundamentais na busca pela superação das dificuldades na aprendizagem, compreendendo que todo o processo diagnóstico deve ser estruturado de forma a possibilitar a observação da interação entre o cognitivo e o afetivo do aprendente. A Epistemologia Convergente entende que a aprendizagem possui duas dimensões distintas: normal e patológica. Para identifica-las, é necessário recorrer 2 A Espistemologia Convergente foi formulada por Jorge Visca (1935-2000), psicólogo social argentino e divulgador da Psicopedagogia no Brasil, na qual concebe a atividade clínica voltada para a integração de três frentes de estudo da Psicologia: Psicogenética (Piaget), Psicanálise (Freud) e Psicologia Social (Rivière). 8 aos conhecimentos teóricos e práticos sobre a matriz do pensamento diagnóstico, ou seja, recorrer ao instrumento conceitual que fundamenta a ação, de maneira a apresentar os estados do objeto (dimensão normal e/ou patológica da aprendizagem), mantendo sua unicidade. A matriz do pensamento diagnóstico está organizada como a maior parte dos esquemas diagnósticos: o diagnóstico, propriamente dito, prognóstico e indicações. Baseia-se nos princípios interacionistas, construtivistas e estruturalistas e prevê3: ▪ Análise do contexto e leitura do sintoma. ▪ Explicação das causas que coexistem temporalmente com o sintoma. ▪ Explicação da origem do sintoma e das causas “a-históricas”. ▪ Análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros considerados aceitáveis. ▪ Levantamento das hipóteses sobre a configuração futura do fenômeno atual. ▪ Indicações e encaminhamentos. - Diagnóstico remete à caracterização do sujeito e do meio no qual se manifesta o sintoma no momento do diagnóstico. Baseia-se no pressuposto que o sintoma é resultado da interação do subsistema, a personalidade como o sistema social, e seus mediadores. É constituído por a) análise do contexto em que se desenvolve o processo de aprendizagem; b) leitura de sintomas que emergem na interação social voltada para o aprendente; c) explicação de causas que coexistem temporalmente com o sistema; d) Explicação da origem desta causa; e) Análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros considerados aceitáveis. Podem ser observados aspectos tais como: as características da instituição educacional (aprendizagem sistemática), comunidade (aprendizagem assistemática), como as condutas exigidas que ajudam na manifestação ou não das dificuldades em um outro campo. Dentro da caracterização interessa: sexo, idade, meio cultural e etc., que permitem a compreensão se a conduta é ou não sintomática. O diagnóstico começa com a consulta inicial e termina com a devolutiva. - Prognóstico consiste no levantamento de hipóteses sobre a configuração futura do fenômeno atual, pode ser formulado das seguintes formas: a) sem agentes corretores que intervenham em sua modificação; b) com agentes corretores ideais que coadjuvem positivamente; c) com agentes corretores possíveis de acordo com a realidade do sujeito e seu meio. - Indicações, referem-se à análise das causas internas do aprendente simultâneas aos sintomas e suas interações. Essa análise é de extrema importância para a orientação, recomendações e, claro, para as indicações. 3 (BARBOSA, 2001, p. 135) 9 Há três causas internas que podem desencadear o aparecimento de sintomas: 1. A afetividade. 2. As funcionais. 3. O estágio de pensamento (cognitivo). Identificar o sintoma, compreender o contexto, levantar as referências históricas e discriminar aspectos, particularidades e relação que constitui o todo, caracteriza o que pode ser chamado de processo. O processo diz respeito a uma sequência de atuação e visa a transformação de um estado inicial, assim sendo não se trata de uma ação pontual. Portanto, o diagnóstico vai além de uma mera coleta de informações, mas é o processo, uma etapa de transição, que permitirá ao profissional estruturar, à medida que se aproxima do seu objeto de estudo, os encaminhamentos e intervenções posteriores. 10 ROTEIRO DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA Cronograma das atividades Alguns caminhos ▪ EFES – Entrevista Familiar Exploratória Situacional ▪ Entrevista de Anamnese ▪ Sessões lúdicas centradas na aprendizagem ▪ Complementação com provas e testes ▪ Síntese diagnóstica – Prognóstico ▪ Entrevista de devolução e encaminhamento (Maria Lúcia Weiss) Anamnese (história de caso) ▪ Testagem de provas pedagógicas ▪ Laudo (síntese das conclusões e prognóstico) ▪ Devolução (verbalização do laudo) ao paciente e/ou aos pais (Transtornoda clínica psicológica*) *Segue o modelo médico ▪ EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem: levantamento do 1º sistema de hipóteses, definições das linhas de investigação, escolha de instrumentos ▪ Testes: levantamento do 2º sistema de hipótese e investigação ▪ Anamnese: verificação e decantação do 2º sistema de hipóteses, formulação do 3º sistema de hipóteses ▪ Elaboração do informe psicopedagógico (Jorge Visca) ▪ Entrevista com a Família: Contatos anteriores a consulta Escuta do motivo da consulta História vital ou anamnese ▪ Entrevista com o sujeito: Escuta do motivo da consulta Instrumentos escolhidos pelo psicopedagogo com base nas necessidades Devolutiva ao sujeito ▪ Contato com a escola (Prévio ao finalizar) ▪ Contato com outros técnicos ▪ Devolutiva e encaminhamento (Edith Rubstein) 11 A QUEIXA PSICOPEDAGÓGICA O termo “queixa” pode ter vários sentidos, dependendo do momento vivido pelo sujeito. No dicionário4, é possível encontrar os seguintes significados “ato ou efeito de queixar-se”, “expressão de dor ou sofrimento, lamento”, “expressão de ressentimento ou desagrado”, “quaisquer sintomas relatados pelo doente”. Na perspectiva psicopedagógica, a queixa é a primeira etapa para o diagnóstico, por meio da qual compreende-se o que esteja dificultando os processos de aprendizagem do aprendente, estabelecendo as hipóteses sobre aspectos importantes para o diagnóstico de aprendizagem. Dessa forma, deve-se observar: ▪ COM OS PAIS (representantes da família) – Significação do sintoma na família ou, com maior precisão, articulação funcional do problema de aprendizagem. – Significado do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao assumir a presença do problema; relaciona-se os valores da família com o respeito ao não aprender. – Fantasias de enfermidade, cura e expectativas acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento; sentindo o que a família espera a respeito de seu trabalho, modalidade de comunicação do casal e função do terceiro, observar a relação dos pais entre si, os valores da família, a comunicação entre os pais e você. ▪ COM A ESCOLA (professor ou orientador) – Significação do sintoma na escola. – Significação do sintoma para o professor; reações dos membros da escola ao assumirem o problema. – Significado do sintoma, no sentido do que a escola espera a respeito de sua intervenção (confirmação do não aprender, como: tirar da responsabilidade da escola o fracasso, uma possibilidade de auxílio para o sucesso, uma ameaça externa). – Observar os valores da escola, a comunicação entre seus profissionais e entre profissionais e aluno. ▪ COM O SUJEITO (aprendente) – Visão do sintoma para o sujeito. – Significação do problema para o sujeito. – Sentido do que o sujeito espera de sua intervenção. – Observar as modalidades de comunicação do sujeito, que pode ser obtida na entrevista realizada com o sujeito no primeiro encontro, antes da EOCA. 4 Disponível em <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/queixa> 12 MODELO DE ENTREVISTA COM O SUJEITO Nome: ________________________________________________________________________________________ Data de nascimento: __________________________________ Idade: _______________________ Escola Atual: ________________________________________________________________________________ Série: __________________________________ Período: ____________________ Nome do Professor: _________________________________________________________________________ O que disseram que você vinha fazer aqui? Por que você acha que veio aqui? Você acha que tem alguma dificuldade? Em que? Gostaria de fazer um trabalho comigo para verificarmos onde posso lhe ajudar? 13 MODELO DE ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA É o levantamento de dados sobre todo histórico gestacional, familiar, social e escolar do avaliado. DADOS DO ALUNO Nome: Data de nascimento: Idade: Sexo: ( ) F ( ) M Naturalidade: Nacionalidade: Nome da mãe: Nome do pai: Estado civil dos pais: casados ( ) divorciados ( ) outros ( ) Como a criança reagiu ao divórcio? Descreva os pais: Possui irmãos: sim ( ) não ( ) Quantos irmãos: Descreva os irmãos: Há alguma queixa familiar? Religião da família: 14 DADOS DA ESCOLA Escola: Nível: fundamental ( ) médio ( ) superior ( ) Série: Histórico da escola (missão, visão, valores e proposta pedagógica): Formação técnica dos professores: Sistema de avaliação: Número de alunos por turma: Quem encaminhou o aluno? Qual a queixa? Disciplina/s em que a criança apresenta dificuldade/s: Metodologia de ensino do/s professor/es dessa/s disciplina/s. Como é feita a avaliação do aluno? Como é o relacionamento do professor/aluno? Como a criança se sente na presença do professor? A criança é reprimida ou tem liberdade para expressar suas ideias e opiniões? Explique. 15 HISTÓRICO DE VIDA DO ALUNO A gravidez foi desejada? Sim ( ) Não ( ) Como foi a gestação e o parto? Amamentação? (assimilação/acomodação, afetividade) Peito ( ) Mamadeira ( ) Tem hora para comer? Sim ( ) Não ( ) Com que idade deixou as fraldas? Como lidou com essa mudança? EVOLUÇÃO PSICOMOTORA DA CRIANÇA Engatinhou? Sim ( ) Não ( ) Com que idade começou a andar? Como aprendeu a andar? ( ) Se sentia seguro OU ( ) Inseguro Como foi a evolução dos movimentos (segurar colher, rabiscos, segurar brinquedos)? É estabanado? Sim ( ) Não ( ) É agitado? Sim ( ) Não ( ) Brinca com segurança? Sim ( ) Não ( ) Tem medo de brincar no parque? Sim ( ) Não ( ) Com qual idade começou a falar? Sim ( ) Não ( ) Falavam para ele/ela repetir? Sim ( ) Não ( ) Ele trocava as letras? Sim ( ) Não ( ) Quais letras? Sim ( ) Não ( ) Era corrigido? Sim ( ) Não ( ) Atualmente, ainda troca letras? Sim ( ) Não ( ) Consegue contar uma história com começo, meio e fim? Sim ( ) Não ( ) Dorme quantas horas por dia? Dorme tranquilo? Sim ( ) Não ( ) Tem sono é agitado? Sim ( ) Não ( ) Tem pesadelos? Sim ( ) Não ( ) Dorme sozinho? Sim ( ) Não ( ) Tem medo de dormir sozinho? Sim ( ) Não ( ) 16 Que horas acorda? Que horas vai dormir? HISTÓRIA CLÍNICA DA CRIANÇA Tem problema respiratório (bronquite, asma)? Sim ( ) Não ( ) Alergias? Se sim, quais? Sim ( ) Não ( ) Internações? Sim ( ) Não ( ) Cirurgias? Sim ( ) Não ( ) Tem problemas de visão? Sim( ) Não ( ) Tem problemas de audição? Sim ( ) Não ( ) Outros tratamentos: ASPECTOS DE RELACIONAMENTO A criança gosta de chamar a atenção para si? Sim ( ) Não ( ) Tem dificuldade de dividir brinquedos? Sim ( ) Não ( ) Apresenta mudança de comportamento variando o humor sem motivo aparente? Sim ( ) Não ( ) Aceita ser disciplinado? Sim ( ) Não ( ) Respeita as regras impostas? Sim ( ) Não ( ) ASPECTO DE RACIOCÍNIO A criança reconhece quando erra? Sim ( ) Não ( ) Tenta justificar os erros? Sim ( ) Não ( ) Presta atenção quando é solicitada? Sim ( ) Não ( ) Compreende o que é solicitado? Sim ( ) Não ( ) Acompanha o curricular escolar proposto? Sim ( ) Não ( ) 17 ASPECTO DA LINGUAGEM ORAL Presta atenção a detalhes quando faz a leitura? Sim ( ) Não ( ) Expressa seu pensamento com sequência lógica? Sim ( ) Não ( ) Apresenta inibição ao falar? Sim ( ) Não ( ) Troca letras ou fonemas ao falar? Sim ( ) Não ( ) Expressa suas ideias com segurança? Sim ( ) Não ( ) ASPECTO DA LINGUAGEM ESCRITA Apresenta letra legível? Sim ( ) Não ( ) Orientação espacial? Sim ( ) Não ( ) Omite letras? Sim ( ) Não ( ) Repete letras? Sim ( ) Não ( ) Obedece ao sentido lógico? Sim ( ) Não ( ) Apresenta noção de realidade/fantasia? Sim ( ) Não ( ) DADOS DA FAMÍLIA Os pais brigam na frente da criança? Sim ( ) Não ( ) Corrigem a criança na frente dos outros? Sim ( ) Não ( ) Como é o critério de disciplina na família? A família é harmônica? Sim ( ) Não ( ) Os pais costumam brincar com os filhos? Sim ( ) Não ( ) A criança demostra alegria em casa? Sim ( ) Não ( ) A criança apresenta ciúme ou inveja? Sim ( ) Não ( ) A criança apresenta isolamento ao contato social? Sim ( ) Não ( ) 18 AVALIAÇÃO DA CRIANÇA Qual a percepção que a criança tem de si? A criança consegue descrever a família? Sim ( ) Não ( ) Qual é a percepção que ela tem da sua família? Qual é a percepção que ela tem da escola? Como a criança se imagina no futuro? A criança tem brinquedos pedagógicos? Sim ( ) Não ( ) Tem acesso a livros? Sim ( ) Não ( ) Tem acesso a brinquedos eletrônicos? Sim ( ) Não ( ) Como é a alimentação? 19 SITUAÇÕES VIVIDAS PELA CRIANÇA Nascimento de irmãos? Sim ( ) Não ( ) Mudança de escola? Sim ( ) Não ( ) Mudança de cidade/país? Sim ( ) Não ( ) Desemprego? Sim ( ) Não ( ) Separação? Sim ( ) Não ( ) Apresenta noção de realidade/fantasia? Sim ( ) Não ( ) Morte? Se sim, de quem? Como a criança se comportou? Sim ( ) Não ( ) Há alguém que “protege” a criança quando é disciplinada? Sim ( ) Não ( ) A criança relaciona-se bem com o pai? Sim ( ) Não ( ) A criança relaciona-se bem com a mãe? Sim ( ) Não ( ) Quem a ajuda nas tarefas escolares? Sim ( ) Não ( ) Qual o programa de TV preferido da criança? Sim ( ) Não ( ) Orientações aos pais: .........................................................., ........... de ............................ de ............ (carimbo e assinatura do/a profissional) 20 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A APRENDIZAGEM Para iniciar a avaliação da dificuldade de aprendizagem, é necessário compreender o que é desenvolvimento infantil, que consiste na sequência de mudanças físicas, de linguagem, pensamento e emocionais que ocorrem em uma criança desde o nascimento até o início da idade adulta. O desenvolvimento infantil abrange todo o escopo de habilidades que uma criança domina ao longo de sua vida, incluindo o desenvolvimento em: ▪ Cognição: capacidade de aprender e resolver problemas. ▪ Interação social e Regulação emocional: interagindo com os outros e dominando o autocontrole. ▪ Fala e Linguagem: compreensão e uso de linguagem, leitura e comunicação ▪ Habilidades Físicas: habilidades motoras finas (dedo) e habilidades motoras grossas (corpo inteiro). ▪ Consciência sensorial: o registro de informações sensoriais para uso. Essa fase do desenvolvimento humano é fortemente influenciada por fatores genéticos (genes transmitidos pelos pais) e eventos durante a vida pré- natal. Também é influenciada por fatos ambientais e pela capacidade de aprendizagem da criança. Nesse sentido, observar e avaliar o desenvolvimento infantil é uma ferramenta importante para garantir que as crianças atendam aos seus marcos de desenvolvimento. Portanto, além dos instrumentos de avaliação, é preciso saber para que serve cada instrumento, o que será observado em cada um e os parâmetros para realizar análise e comparação. Para Piaget (1896-1980), a educação deve ser um facilitador do desenvolvimento em todos os estágios: – Sensório-motor (de 0 a 2 anos): nesse estágio a inteligência é prática, construída pela ação a partir dos reflexos do bebê. – Pré-operatório (de 2 a 7 anos): esse é conhecido como o estágio da inteligência simbólica. A criança é egocêntrica. 21 – Operatório–concreto (de 7 a 11 anos): nesse período surge o desenvolvimento das noções de tempo, espaço, velocidade, ordem etc. A criança é capaz de relacionar diferentes aspectos. – Operatório-formal (a partir dos 12 anos): nesse período a criança não apenas observa a realidade, mas é capaz de buscar soluções de hipóteses. Piaget não propôs um método de ensino, entretanto desenvolveu a teoria do conhecimento. Os objetivos pedagógicos devem ser centrados nas atividades dos alunos e os conteúdos servem como instrumentos de desenvolvimento. O mediador deve levar o aluno ao descobrimento, aí dará início a aprendizagem, pois esse é um processo interno e depende do nível de desenvolvimento da criança, assim, essa aprende conforme a maturidade biológica e psicológica que adquirirá no dia a dia. O que avaliar em cada fase? Sensório-motor: 0-2 anos ▪ O desenvolvimento da inteligência é avaliado pelos sentidos, sensações e sentimentos. ▪ Quais são os sentidos? Visão, audição, olfato, paladar, tato e sistema vestibular. Essa fase é dividida em seis níveis: O que avaliar nesses níveis? Nível 1: 0-1 mês – Reflexos: perdem com 1 mês – Sucção: perdem com 3 meses – Marcha: perdem com 4 meses – Natação: perdem com 4 meses Nível 2: 1-4 meses As crianças exploram o mundo pela boca e o choro é o meio de comunicação. Nível 3: 4-8 meses As crianças imitam os adultos; chamam atenção para si, apresenta sobre o que é um objeto e pessoas. Nível 4: 8-12 meses Sabem selecionar seus brinquedos favoritos e solicita-os; seguem suas metas. Nível 5: 12-18 meses Desejam novas experiências; são muito curiosas. 22 Nível 6: 18-24 meses A imitação dos adultos fica mais rica em detalhes. As crianças começam a solucionar problemas, é o início do pensamento simbólico. O que é pensamento simbólico? É a capacidade de: ▪ Imitação ▪ Brincar de faz de conta ▪ DesenharPré-operatório: 2-7 anos O raciocínio é ao “pé da letra”. A criança fixa-se no visual mais notável das substâncias e desconsidera as outras dimensões. Até os 5 anos a criança não entende que a quantidade ou medida de uma substância permanece a mesma quando há (re)arranjo ou mudança de forma na conservação de líquido, massa ou área. Operatório-concreto: 7-11 anos As operações consistem em transformações reversíveis e tal reversibilidade pode constituir imersões. A criança de 7 a 11 anos compreende que cada fase de reversibilidade, sem, contudo, coordena-las. As operações são uma fase de transição entre as ações e as estruturas lógicas mais gerais. Operatório-formal: 12 anos em diante Ocorre de 11 a 12 anos até 14 a 15 anos e apresenta como característica essencial a distinção entre o real e o possível, capaz de prever todas as relações que poderiam ser válidas e logo procura determinar, por meio da experimentação e análise, qual dessas relações possíveis tem validade real. 23 AVALIAÇÃO COGNITIVA Antes de abordar sobre a Avaliação Cognitiva é necessário saber o que é cognição primeiramente. Cognição é a habilidade de sentir, pensar, recordar etc. Está relacionada à inteligência e às funções mentais como memória, atenção, noção de tempo, espaço, cálculo, escrita, leitura, praxia motoras e ideatórias, linguagem, raciocínio abstrato, percepção, visuo-construção e funções executivas. O conceito mais usado ao definir inteligência é a habilidade para lidar com a complexidade e usar a informação obtida pelos procedimentos de transformação simultâneos e sucessivos. Portanto, a avaliação cognitiva serve para detectar dificuldades de aprendizagem e os níveis do desenvolvimento intelectual, percepção visual, auditiva, raciocínio lógico e matemático, capacidade de interpretação e compreensão, capacidade de autonomia, planejamento e execução de tarefas, organização, tomada de decisão, memórias (sensoriais, de trabalho, curto prazo, longo prazo), leitura, escrita, vocabulário etc. 1. Consignas e Intervenções As consignas e intervenções possibilitam observar: ▪ A possibilidade de mudança de conduta; ▪ A desorganização ou reorganização do sujeito; ▪ As justificativas verbais ou pré-verbais; ▪ A aceitação ou a recusa do outro (assimilação, acomodação, introjeção, projeção). 1.1 Tipos de consignas e intervenções: ▪ De abertura: “Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu. Esse material é para que você utilize como desejar, pode escolher e usar o que quiser”. Para mudança de atividade: ▪ Consigna aberta: “Gostaria que você me mostrasse o que quisesse com esses materiais”. ▪ Consigna fechada: “Gostaria que você me mostrasse outra coisa que não seja (...)” ou “Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já me mostrou”. 24 ▪ Consigna direta: “Gostaria que me mostrasse algo de... (matemática, escrita, leitura)”. ▪ Consigna múltipla: “Você pode ler, escrever, pintar, recortar desenhar, etc.?” ▪ Consignas para pesquisa: “Para que serve isto, o que você fez, que horas são, que cor você está utilizando?”. As respostas geralmente após a consigna de abertura são: a) Sujeito começa a fazer algo (desenha, pinta, recorta, etc.) b) Pede que lhe indique o que precisa fazer, ao que se responde: “O que você quiser”. c) Fica totalmente paralisado sem poder reagir. Mesmo diante do modelo múltiplo não realiza nada. Qualquer uma das respostas já são dados significativos para a avaliação. Quando o entrevistado apresenta alguma produção, é aconselhável que se incida sobre ela, perguntando, argumentando, investigando, apresentando um problema, pedindo que relate o que leu, escreveu ou desenhou. Observa-se o grau de mobilidade e de modificabilidade5 do entrevistado. A partir dessas perguntas, é possível ter os indicativos do estilo de aprendizagem do avaliado. É recomendado fazer outras avaliações, tais como a avaliação pelo modelo EOCA, o modelo Quadrante de Hermann, modelo de Kolb, modelo de Gardner, modelo Programação Neurolinguística ou modelo Felder e Silveman. 5 Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE) consiste na capacidade que o organismo humano possui de mudar a estrutura do seu funcionamento, considerando a inteligência como um processo dinâmico de autorregulação apto para dar respostas aos estímulos ambientais. 25 MODELO AVALIAÇÃO DO ESTILO DE APRENDIZAGEM Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - EOCA Elaborada por Jorge Visca, a EOCA serve como ponto de partida para investigar o modelo de aprendizagem do sujeito, os vínculos que possui com os objetos, os conteúdos da aprendizagem, bem como suas dificuldades. É a oportunidade para observar condutas evitativas e como enfrenta desafios. Se necessário, podem ser feitas mais de uma entrevista de EOCA. Material: Crianças menores: massa de modelar, cubos, jogos de encaixe, livros. Crianças maiores: folhas lisas, folhas pautadas, lápis, borracha, régua, compasso, lápis de cor, canetinha, cola, livro, revista, jogos. Adolescentes e adultos: conversação e atividades como jogos, teste da árvore, casa, família. Psicopedagogo: Ponha o material sobre a mesa e peça ao aprendiz para iniciar a EOCA. Fatores de observação durante a EOCA Por meio da observação do tema, da dinâmica e do produto, pode se observar o sintoma e as causas históricas coexistentes (ansiedade, defesa, funções, nível de pensamento utilizado, grau de exigência, aquisições automáticas, aspectos da lateralidade, organização, ritmo de trabalho, interesses, etc). Estes três níveis de observação são indicadores do primeiro sistema de hipóteses: ▪ Temática: Consiste em tudo que o sujeito diz, o que terá, como toda conduta humana, um aspecto manifesto e outro latente. ▪ Dinâmica: Consiste em tudo que o sujeito faz e não é estritamente verbal: gestos, tom de voz, postura corporal, a forma de sentar ou de pegar o lápis etc. podem ser mais reveladoras que os comentários e até mesmo que o produto. ▪ Produto: É o que o sujeito deixa gravado no papel, na dobradura, na colagem etc, incluindo a sequência em que foram feitos. 26 Dimensão cognitiva Alguns indicadores: ▪ Leitura dos objetos e situação. ▪ Utilização adequada dos objetos. ▪ Estratégias utilizadas na produção de tarefas. ▪ Organização/Planejamento da atividade (antecipação). ▪ Nível de pensamento utilizado. Dimensão afetiva Alguns indicadores: ▪ Alterações no campo geográfico e o de consciência (distração, inadequação da postura, fugas etc.) ▪ Aparecimento de condutas defensivas (medos, resistência às tarefas, às mudanças, às ordens etc.) ▪ Ordem e escolha dos materiais. ▪ Aparecimento de condutas reativas (choro, ansiedade etc.) Postura do Examinador ▪ Deve ser apenas um observador da conduta do avaliado, participando com intervenções somente quando achar necessário. ▪ Lançar mão de vários tipos de consignas para maior riqueza das observações. ▪ Colocar limites quando achar necessário. ▪ Quando o avaliado apresenta dificuldades para entrar na tarefa, deverá utilizar consigna múltipla para facilitar a decisão do avaliado. ▪ Caso o avaliado permaneça sem iniciativa, deve-se lembrar também que esta também é uma postura a ser analisada, é uma forma de agir frente a situações novas, deve ser avaliada em seus vários fatores. Formas de Registro ▪ Papel pautado dividido em duas colunas, sendo a da esquerda maior, pois servirá para as anotaçõesdo que ocorrerá na entrevista e a coluna da direita para anotações das hipóteses levantadas. ▪ Deve-se anotar tudo que ocorrer, postura, ações, palavras, frases etc. 27 Levantamento das Hipóteses As hipóteses serão levantadas de acordo com as observações feitas durante a entrevista. Levando-se em conta as três linhas de investigação que serão realizadas: cognitiva, afetiva e orgânico-funcionais. Quando as hipóteses levarem a uma área específica (por exemplo: psicologia, fonoaudiologia, neurologia etc.), deve-se pedir a avaliação de um profissional competente. Observações gerais ▪ Cada nível de estrutura cognitiva corresponde a uma leitura da realidade e um nível de evolução afetiva para estabelecer um vínculo com o objeto. ▪ Cognitivo: Operações lógicas que regulam os intercâmbios com o meio externo, com a lógica correspondente ao estágio cognitivo a que percebe o sujeito. ▪ Diante de determinada situação, o sujeito passará pelos momentos de indiscriminação objetiva parcial e total, em movimentos de ir e vir. Ao atingir o patamar, pode passar para outro no mesmo movimento. PRINCIPAIS OBSTÁCULOS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Obstáculos Funcionais ▪ Assimilação ▪ Lentidão ▪ Domínio especial ▪ Motor ▪ Elaboração mental Obstáculos Emocionais (Epistemofílicos) ▪ Estado confusional ▪ Perseveração ▪ Exigência ▪ Conduta evitativa ▪ Mecanismos defensivos Obstáculos Cognitivos (Epistêmicos) ▪ Desempenho ▪ Antecipação ▪ Assimilação, acomodação ▪ Insensibilidade – não percebe determinados conflitos ▪ Não possui mecanismo de integração ▪ Nível cognitivo 28 CHECK LIST 1. Você sabe por que está aqui? Ansiedade Sim ( ) Não ( ) Expectativa Sim ( ) Não ( ) 2. Identifique o material que está sobre a mesa (dar nome aos objetos) Observador Sim ( ) Não ( ) Nomeia tudo Sim ( ) Não ( ) Apresenta dificuldade em lembrar-se dos nomes dos objetos Sim ( ) Não ( ) Possui fala infantilizada Sim ( ) Não ( ) 3. Gostaria de saber o que você sabe fazer com o material que está sobre a mesa Como é sua postura (ao sentar)? Qual material evita? Qual sua preferência? Terminou o que começou? Sim ( ) Não ( ) Mexe em tudo e nada realiza? Sim ( ) Não ( ) Evita tocar os objetos? Sim ( ) Não ( ) É ansioso/a? Sim ( ) Não ( ) 4. Converse com o aprendiz sobre o que ele produziu. Peça que continue mostrando o que mais já aprendeu. O aprendiz continuou a mesma atividade? Sim ( ) Não ( ) Ficou falando coisas que nada se relacionava com a atividade? Sim ( ) Não ( ) Se nega a ler ou escrever? Sim ( ) Não ( ) O aprendiz ficou paralisado? Sim ( ) Não ( ) 5. Observar a modalidade da aprendizagem O aprendiz é tímido, não explora os objetos, fica na mesma atividade sempre? Sim ( ) Não-hipoassimilativo ( ) O aprendiz apresenta dificuldade em estabelecer vínculos emocionais e cognitivos, fica na mesma atividade? Sim ( ) 29 Não-hipoassimilativo ( ) O aprendiz tem dificuldade em criar ou prefere copiar? Sim ( ) Não-hipoassimilativo ( ) 6. O aprendiz: Articula o pensar como fazer? Sim ( ) Não ( ) Dificuldades com planejamento e organização? Sim ( ) Não ( ) Planeja bem? Sim ( ) Não ( ) Medo/resistência em utilizar os materiais? Sim ( ) Não ( ) Prefere conversar a produzir algo? Sim ( ) Não ( ) Descontentamento com suas produções? Sim ( ) Não ( ) Perfeccionismo (auto exigência)? Sim ( ) Não ( ) Problema na visão/fala? Sim ( ) Não ( ) Necessidade em agradar? Sim ( ) Não ( ) Dificuldade com a coordenação motora? Sim ( ) Não ( ) Suspeita de dislexia? Sim ( ) Não ( ) Suspeita de TDAH? Sim ( ) Não ( ) Outras hipóteses: .........................................................., ........... de ............................ de ............ (carimbo e assinatura do/a profissional) Nome do/a Profissional 30 MODELO DE CHECKLIST DE PROVAS OPERATÓRIAS DE PIAGET Diagnóstico Operatório Após intensas pesquisas, Jean Piaget e colaboradores, elaboraram as provas do diagnóstico operatório que determinam o grau de aquisição de algumas noções chaves do desenvolvimento cognitivo, tais como: noção de tempo, espaço, conservação, causalidade, número etc. Por meio das provas operatórias é possível detectar o nível da estrutura cognitiva com a qual o sujeito opera diante da situação apresentada, ou seja, o nível de pensamento alcançado pelo sujeito. As idades cronológicas apresentadas para os diversos níveis de desenvolvimento estão relacionadas às condições socioculturais. Momento do Diagnóstico 1. Vínculo. 2. Clarear o que se vai fazer. 3. Apresentação do material da prova. (Quando o sujeito manuseia deve-se ouvir o que ele diz) 4. A ordem ou consigna. 5. A pergunta propriamente dita não precisa ser translúcida que dirija ou direcione a resposta. 6. Resposta. 7. Primeira transformação do objeto, introdução de uma variável nula, ou seja, não transforma o aspecto considerado. 8. Pedido de argumentação. 9. Resposta argumentada por: ▪ Identidade: Quando o sujeito percebe que não se acrescenta nada ao material utilizado. ▪ Identidade subjetiva: Quando o sujeito identifica que a quantidade de material dada possui a mesma quantidade. ▪ Reversibilidade: Quando o sujeito argumenta “se você voltar a forma antiga”. 31 ▪ Compensação: Quando o sujeito argumenta compensando as diferenças das formas apresentadas: “é mais comprida; mais larga etc”. Pode ser conservadora ou não. 10. Contra argumentação: Pode-se contradizer o pensamento exprimido pelo sujeito (tentar levar em consideração o ponto de vista do sujeito e pesquisar se a resposta tem um esquema ou é por mero acaso). 11. Justificação: Resposta do sujeito, pode ser conservadora ou não. 12. Segunda transformação 13. Sequência dos passos anteriores Observações: Quando o sujeito, na argumentação ou justificativa, responde “não sei”, pode ter dificuldades no aspecto operativo, possui a imagem, mas não opera mentalmente, ou pode estar no nível intermediário entre um período e outro. Provas Horizontais 1. Seriação 2. Números pequenos 3. Dicotomia ▪ Quantidade e inclusão de classes ▪ Interseção de classes ▪ Transvasamento de líquidos ▪ Massa ▪ Peso ▪ Comprimento ▪ Espaço unidimensional ▪ Superfície ▪ Espaço bi e tridimensional ▪ Substâncias homogêneas 4. Provas complementares e suplementares: são provas para avaliar os patamares intermediários mais sutis, para se saber se o sujeito está longe ou perto do nível. ▪ Peso (complementar heterogêneo) ▪ Ilhas ▪ Combinações e permutações 32 PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO Atualmente, as provas do diagnóstico operatório foram selecionadas por pesquisas baseadas nos trabalhos de Bärbel Inhelder6 e são assim relacionadas: 1. Provas de Classificação: Avaliam o domínio do sujeito a respeito da classificação. São elas: conservação do número, matéria e líquido. 2. Provas de Seriação: Consta de 10m palitos graduados para serem organizados segundo seu tamanho. 3. Mudança de critério ou Dicotomia: Consta de fichas comos atributos de cor, forma e tamanho, que devem ser destacados pelo sujeito, conforme ordem dada. 4. Qualificação da inclusão de classes: Esta prova pode ser realizada com flores, como o original, ou com animais ou frutas, pois permite avaliação da qualificação inclusiva a respeito das classes com os elementos das subclasses. 5. Interseção de classes: Nesta prova se investiga o grau de operatividade a respeito das operações lógicas no trato com as classes. 6. Conservação: A conservação diz respeito a igualdade e possibilita a percepção de que mesmo diante de transformações o objeto conserva sua identidade, integridade ou qualidade em questão. Estas questões são importantes para os processos reguladores das atividades do sujeito em sua adaptação frente a realidade. O que se observa nestas provas é o êxito ou não na variável quantitativa em conteúdos distintos. 6.1. Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos: Prova das fichas ou dos números, possibilita a verificação da conservação da equivalência numérica com quantidades discretas, apesar das transformações que foram expostas. Parte-se da correspondência termo a termo. 6.2. Conservação da quantidade de líquido: Prova do transvasamento de líquido, investiga-se o grau de conservação com um material físico continuo em diversas variáveis. 6.3. Composição da quantidade de líquido. Nesta prova o sujeito deve encontrar a solução num processo de síntese, diferente do anterior que era por meio da análise do material. 6.4. Conservação da quantidade de matéria: Prova da massa que utiliza um novo material (massa de modelar), mas está correlacionada a anterior. 6 Bärbel Elisabeth Inhelder (1913-1997) foi uma psicóloga suíça mais conhecida por seu trabalho Jean Piaget e suas contribuições para o desenvolvimento infantil. 33 6.5. Conservação de peso: Esta prova tem êxito no segundo nível das operações concretas e indaga sobre o grau de aquisição da invariância de peso. 6.6. Conservação de volume: Esta conservação é alcançada por volta dos 11 a 13 anos dentro do período das operações concretas. 6.7. Conservação de comprimento: Esta prova é somente administrada somente quando o sujeito atingiu a conservação das equivalências numéricas, pois ela estuda a capacidade dos mesmos a respeito da transposição ou reconstrução deste conhecimento ao nível da conservação de um contínuo unidimensional – o comprimento e a largura. 7. Provas do pensamento formal ou Hipotético dedutivo: São as provas de combinatórias entre os elementos, que possibilitam perceber se o sujeito alcançou o nível de pensamento formal, apesar do material ser concreto, a formulação do pensamento exige um sistema de lógica proporcional. 34 APLICAÇÃO DAS PROVAS PIAGETIANAS As provas consistem em situações experimentais elaboradas, contudo a técnica utilizada nessas provas é igual a todas basicamente. Consta em se interrogar o avaliado frente aos fenômenos observáveis e/ou manipuláveis a partir dos quais se leva o sujeito a raciocinar. Variam somente segundo a natureza lógica dos problemas ou de fenômenos físicos. Quadro de seleção de provas conforme a idade Até 6 anos ▪ Provas de conservação: de pequenos conjuntos discretos de elementos da quantidade de líquido. ▪ Provas de classificação: de mudanças de critério ou dicotomia. ▪ Provas de seriação. 6 a 7 anos ▪ Provas de conservação: de pequenos conjuntos discretos de elementos da quantidade de líquido, da quantidade de matéria, da composição da quantidade de líquido. ▪ Provas de classificação: de mudanças de critério ou dicotomia, interseção de classes ou qualificação da inclusão de classes. ▪ Provas de seriação. 8 a 9 anos ▪ Provas de conservação: da largura, de peso, do volume. ▪ Provas de classificação: interseção de classes ou qualificação da inclusão de classes. ▪ Provas de seriação. 10 a 12 anos ▪ Provas de conservação: da quantidade de matéria, da largura, da composição da quantidade de líquido, de peso. ▪ Provas de classificação: interseção de classes ou qualificação da inclusão de classes. 12 anos em diante ▪ No caso de se obter êxito na prova de conservação de volume, administra-se as provas para o pensamento formal. Nome: ________________________________________________________________ Data: __________________________________________________________________ Idade cronológica: ___________________________________________________ 35 Quadro de resultados esperados das provas conforme a idade Prova Não conservação Conduta intermediária Conservação Conservação de quantidades 4-5 anos 5-7 anos A partir de 7 anos Classificação 4-5 anos 5-6 anos A partir de 6 anos Seriação 3-4 anos 6 anos (Tateamento) 7-8 anos Inclusão de classes 5-6 anos 6-7 anos 7-8 anos Transvasamento de líquidos 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos Composição quantidade de líquidos 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos Conservação quantidade matéria 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos Conservação de superfície 5-6 anos 6-7 anos A partir de 7 anos Conservação de peso 6-7 anos 7-8 anos 8-9 anos Conservação de comprimento 6-7 anos 7-8 anos A partir de 8 anos Interseção de classe 4-5 anos 6 anos 7-8 anos Conservação de volume 7-8 anos 9-10 anos 11-12 anos Composição de pesos 7-8 anos 9 anos 10-12 anos Combinação de fichas 11 anos 12 anos 13 anos em diante Permutação de fichas 11 anos 12 anos 13 anos em diante Fases de desenvolvimento segundo Piaget Nível Observações Pré-operatório Intuitivo global Intuitivo articulado Operatório Operatório-concreto Concreto hipotético Operatório-formal Dedutivo ou formal 36 O DESENHO INFANTIL NA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Os estudos sobre o desenho infantil vêm ganhando destaque por diferentes pesquisadores, que analisaram o desenvolvimento das crianças e identificaram inúmeras concepções pedagógicas, de forma a compreender o que ocorre quando elas desenham. O desenho como primeiro meio pelo qual a criança se expressa significativamente, visto que, primeiramente por meio das garatujas ou rabiscos, isto é, seus primeiros registros, ela manifesta sua particularidade e seu próprio padrão de expressão. As crianças aperfeiçoam sua capacidade de criar, entrando em contato com o seu mundo imaginário e representando sua realidade. Dessa forma, o desenho infantil pode revelar o grau de maturidade, do equilíbrio emocional e afetivo, bem como do desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Por meio do desenho, a criança (re)cria suas próprias formas expressivas, integrando percepção, imaginação, sensibilidade e reflexão, noções que podem ser exploradas para avaliação psicopedagógica. Dessa forma, considerar os desenhos infantis como material de análise é pertinente, pois assim como a escrita, a evolução do desenho se configura por etapas. Assim, é fundamental que o profissional compreenda as características da trajetória construída segundo o desenvolvimento simbólico das crianças. FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO PIAGET Segundo Piaget, a criança desenha, elaborando conceitualmente objetos e eventos, isto é, ela desenha “mais o que sabe do que realmente consegue ver”. Daí a relevância de se compreender o processo de construção do desenho junto ao enunciado verbal que nos é dado pelo sujeito. 1ª Fase) GARATUJA ▪ Período Sensório-motor (0 a 2 anos de idade). ▪ A figura é inexistente, a criança utiliza a imaginação, por imaturidade da coordenação motora, o desenho é desordenado. 2ª Fase)PRÉ-ESQUEMATISMO ▪ Período pré-operatório (2 a 7 anos de idade). ▪ A criança consegue fazer relação entre desenho, o pensamento e a realidade, porém, os desenhos ainda são dispersos. ▪ As cores não possuem relação com a realidade, mas com os sentimentos. ▪ A figura humana está relacionada com a maturação da percepção e desenvolvimento cognitivo. 37 3ª Fase) ESQUEMATISMO ▪ Período operatório-concreto (7 a 12 anos de idade). ▪ A criança começa a expressar suas experiências, a percepção começa a amadurecer. ▪ Utiliza a linha como base e começa a perceber o espaço, o conceito de figura humana, mas ainda apresenta exageros, omissões e as cores são relacionadas ao estado de emoção. 4ª Fase) REALISMO ▪ Corresponde também ao período operatório-concreto (7 a 12 anos de idade). ▪ É a fase da transição das operações concretas para as formais. ▪ Nesta fase, a criança apresenta noção de espaço, abandona as linhas como base, a figura humana apresenta roupas e formas. 5ª Fase) PSEUDONATURALISMO ▪ Período operatório-formal (+ de 12 anos de idade). ▪ Nesta fase, o adolescente não utiliza o abstrato e desenho espontâneo. ▪ O desenho segue a personalidade, utilizam formas da sua personalidade. ▪ O visual está relacionado com a realidade e suas emoções. ▪ O desenho assume a comunicação sem palavras, expressa sentimentos, inteligência, nível da maturação neurológica. FASES DO DESENHO INFANTIL SEGUNDO LOWENFELD Apesar da criança já possuir a inteligência representativa, não é capaz de fazer de conta no plano gráfico. Esta defasagem ocorre por conta da construção do símbolo no bidimensional ser mais complexa do que a partir do próprio corpo. Assim, a mesma criança que é capaz de fazer de conta que alimenta sua boneca por meio de jogo simbólico, usando símbolos, não sabe ainda desenhar símbolos que tomam uma coisa por outra. Quando desenha sua ação sobre o plano gráfico é, portanto, pré- simbólica. Viktor Lowenfeld7 (1970) estudou o desenho infantil, em especial a fase pré- simbólica, relacionando-o nas seguintes fases: 1ª Fase) RABISCAÇÃO DESORDENADA OU GARATUJA ▪ 2 a 4 anos de idade. ▪ A criança desenha sem intenção alguma de escrever ou desenhar, apenas pelo prazer de rabiscar. ▪ Dentro desse mesmo estágio há ainda a Rabiscação Longitudinal e a Rabiscação. 7 Viktor Lowenfeld (1903-1960) foi professor de educação artística na Pennsylvania State University . Suas ideias influenciaram muitos educadores de arte nos Estados Unidos do pós-guerra. Ele defendia que as "maneiras pelas quais crianças em diferentes estágios de desenvolvimento artístico devem ser estimuladas por meios e temas apropriados, e (...) o currículo (...) guiado principalmente por considerações desenvolvimentistas". 38 Rabiscação Longitudinal: A criança aprecia seus traçados e observa suas produções (movimento intencional). Ela não abandona as garatujas, mas já aparecem bolinhas, cruzes, quadrados etc. (símbolos praticamente isolados). Rabiscação: A criança nomeia seus desenhos e traça o que imagina e o que viveu, por meio do simbolismo. A figura humana já é perceptível, ela fecha os seus traços para formar braços, pernas, cabeça, de forma que esses são para abraçar, caminhar e pensar. Elas conseguem reconhecem para que servem os desenhos. A fabulação se inicia, evidenciando a criatividade e invenção da criança. 2ª Fase) FIGURAÇÃO PRÉ-ESQUEMÁTICA ▪ 4 a 7 anos de idade. ▪ A criança começa a utilizar representações simbólicas. ▪ Utilizam variedade de traços (linhas, círculos, formas ovais) que podem ser caracterizados como membros de suas figuras, por exemplo: braços, pernas, olhos, cabeça. 3ª Fase) FIGURAÇÃO ESQUEMÁTICA ▪ 7 a 9 anos de idade. ▪ A criança começa a utilizar representações simbólicas e faz relações de referências socioculturais, para desenharem casas, pessoas, animais etc. ▪ Utilizam variedade de traços (linhas, círculos, formas ovais) que podem ser caracterizados como membros de suas figuras, por exemplo: braços, pernas, olhos, cabeça. 4ª Fase) FIGURAÇÃO REALISMO ▪ 9 a 12 anos de idade. ▪ A criança começa a apresentar conceitos de formas, se encontra mais detalhista, desenhando tudo o que vê. ▪ Há distinção no tamanho dos objetos, compreendendo que o que está na frente é maior e esconde o que está atrás. 5ª Fase) PSEUDOREALISMO ▪ 12 anos de idade em diante. ▪ O adolescente se preocupa com a perfeição e a profundidade do desenho, o que torna esse mais elaborado. Diante de tudo que foi exposto, o que se deve avaliar no desenho? ✓ O estado emocional da criança pelas cores e estilística do desenho. ✓ O nível intelectual em que se encontra. ✓ A maturidade da percepção visual. ✓ O nível de socialização da criança e quais patologias estão relacionadas. ✓ A coordenação motora e patologias relacionadas, dentre outros. 39 CHECK-LIST DA AVALIAÇÃO DO DESENHO LIVRE Serve para investigar a maturidade psicomotora e o nível de aprendizagem do aluno bem como a as emoções: como se sente, como se vê dentro do cenário, contexto etc. CHECK LIST Tamanho de desenho ( ) Pequeno ( ) Grande Tamanho das personagens ( ) Pequeno ( ) Grande Quem aparece maior? Quem não aparece no desenho? Exemplo: pai, mãe, irmão etc. Distanciamento das personagens: ( ) Separados por alguma barreira ( ) Presos em quadrados As personagens: ( ) Possuem pés e mãos ( ) Não possuem pés e mãos Faltam olhos, orelha e/ou boca ( ) Sim ( ) Não O desenho condiz com o que foi pedido? ( ) Sim ( ) Não (Se a resposta for não, pode indicar conduta evitativa relacionada à situação solicitada) O sujeito a ser solicitado: Se recusa a desenhar ( ) Sim ( ) Não Se recusa a escrever ( ) Sim ( ) Não Usa borracha ( ) Sim ( ) Não Posição do desenho na folha ( ) Superior - Exigente ( ) Inferior - Impulsivo ( ) Direita – Progressivo ( ) Esquerda - Regressivo ( ) Superior Direita / Exigente - Progressivo ( ) Superior Esquerda / Exigente - Regressivo ( ) Inferior Direita Impulsivo - Progressivo ( ) Inferior Esquerda Impulsivo - Regressivo Fonte: Visca, 2008, p.23 Se a pessoa for alfabetizada peça para escrever os nomes no desenho ou falar algo. Se ela se negar, não deve forçar, pois pode estar relacionado a algum conflito que não deseja relembrar. Posição do desenho na folha (O título revela o vínculo estabelecido com a aprendizagem, se condiz com o desenho) O sujeito apresenta criatividade ao escolher o título? ( ) Sim ( ) Não O título foi pouco elaborado? ( ) Sim ( ) Não Relato do desenho Boa expressão oral? ( ) Sim ( ) Não Existe negação e repressões? ( ) Sim ( ) Não Conclusões: 40 PROVAS PROJETIVAS As provas projetivas são utilizadas no contexto psicopedagógico como um meio de analisar e depurar o sistema de hipóteses. Elas devem ser aplicadas quando há suspeita de implicações emocionais ou vínculos negativos com a aprendizagem. Ao ser submetido à prova projetiva, o sujeito projeta para fora de si o que se recusa a reconhecer em si mesmo ou o ser em si. Segundo Piaget “por meio do jogo simbólico, a criança no período pré-operatório assimila o real ao eu e consegue com este artifício suportar suas vivências pessoais e familiares, seus conflitos e problemas”. Por meio das provas projetivas pretende-se que haja a manifestação do inconsciente, sem medos e/ou repressões. Aparecem aqui, através de estímulo, manifestações inconscientes com marcas deixadaspelas vivências dos sujeitos. Nesse sentido, ao aplicar as provas projetivas, o profissional deve ter a clareza de que elas expressam uma realidade subjetiva relacionada com a vivência particular do sujeito. Não se trata da realidade como ela é, mas a realidade que o sujeito vê. Assim, as provas projetivas devem ser adaptadas ao tipo de investigação que se pretende realizar e a especificidade do sujeito. As provas projetivas psicopedagógicas foram organizadas por Jorge Visca e consistem em recursos para a compreensão de variáveis emocionais, que condicionam a aprendizagem positiva ou negativamente. O objetivo da prova projetiva psicopedagógica é verificar as significações do ato de aprender e as relações vinculares que se formam com o conhecimento e as figuras ensinantes. A criança brinca para reviver momentos felizes e prazerosos ou para elaborar seus traumas e desprazeres, o desenho é um dos instrumentos que o profissional poderá utilizar para avaliação da subjetividade, ou seja, no desenho e na brincadeira a criança revela dados importantes do seu dia a dia, dos seus impulsos inconscientes e da sua personalidade. A prova projetiva serve para detectar bloqueios emocionais, dificuldades de aprendizagem causadas por influência psicológica. Dessa forma, é necessário fazer a análise do desenho minuciosamente, considerando os traços, a idade da criança, o tamanho do desenho, o lado, o ano que está cursando. Lembrando que existem testes da árvore, da casa, dos animais, etc. Segundo Freud, os mecanismos de defesa são proteções inconscientes do ego para bloquear tudo que possa gerar sofrimentos, angústias, solidão, esses mecanismos são encontrados em todos os seres humanos. Para Freud, esses mecanismos são saudáveis, porém, em excesso, podem demonstrar um problema psicológico. Os mecanismos de defesa são vários, mas citaremos três deles: 41 – Sublimação: É um deslocamento ou alteração dos impulsos do ID desviando para comportamentos aceitáveis socialmente. A criança sádica sublima seus impulsos para a sala de aula, um exemplo é gostar de pesquisar estrutura fisiológica de um animal. – Recalque: É o ato de expulsar da consciência tudo que é inaceitável, ele é automático. O recalque volta a aparecer em atos falhos, sonhos e lapsos de linguagem. Na educação, a criança pode bloquear a construção do conhecimento por não se relacionar bem com o professor, pela transferência também não gostará da matéria que aquele ensina. – Transferência: É o ato de transferir sentimentos como o amor ou ódio para outra pessoa no relacionamento. A transferência na aprendizagem é muito importante, por meio dela o aluno gostará do professor ou irá odiá-lo, isso dependerá do seu relacionamento familiar, visto que essa é a fase na qual a criança transfere seus sentimentos para o professor e para a matéria que este ensina; se houver amor familiar, o aluno transferirá esse amor para o professor e para a matéria. Segundo Freud, a pessoa aprende a amar algo por amor a alguém. Na Prova Projetiva, o profissional deverá avaliar no desenho como o avaliado se sente na família, na escola e com os colegas e como ele se relaciona com o professor, além do nível de desenvolvimento emocional e cognitivo. Esses dados são muito importantes na construção da aprendizagem. A forma como a criança faz a transferência do amor de mãe para o professor, ou a indiferença, se essa criança não recebeu amor de mãe, todas essas informações subjetivas, ou seja, emocionais, podem ser indicadores de uma dificuldade de aprendizagem ou de socialização. Apresentamos a seguir os três temas que mais utilizamos com os alunos: família, contexto escolar e algo que eles gostem (preferência). ➔ O Teste da Família Tem o objetivo de avaliar como se dá o relacionamento global da família, bem como em suas diferentes partes. É necessário deixar claro que antes de se realizar esse teste é preciso investigar qual a visão que o aluno tem de família e como se encontra sua família, visto que, nos dias atuais, há grande variação na estrutura familiar, que outrora era formada basicamente por pai, mãe e filhos. Atualmente, sabe-se que as famílias podem ser formadas por avós, mãe e filhos; ou por mãe e filhos; por filhos de pais separados que casaram com um novo cônjuge e assim por diante. Todas essas relações devem ser conhecidas e esclarecidas para evitar distorções na análise do teste. O procedimento do teste é o seguinte: É solicitado ao aluno que desenhe uma família qualquer, que não a sua própria família, dessa forma liberamos o aluno tanto no nível inconsciente quanto no nível crítico para falar de sua família que pode ser representada como é na realidade ou como o ele mesmo a idealiza. Posteriormente pedimos que dê nomes a cada um dos indivíduos representados no desenho e que conte uma história sobre essa família. 42 ➔ Teste do Par Educativo Tem o objetivo de obter informações a respeito do vínculo estabelecido em relação à aprendizagem, como foi internalizado por ele o processo de aprender e como percebe aquele que ensina e o que aprende. Os dados obtidos darão condições para elaboração de hipóteses a respeito da visão do aluno de si, dos professores, de seus companheiros de classe e até mesmo da instituição educativa. Quanto ao aspecto estritamente pedagógico, podemos avaliar o nível de redação, ortografia, criatividade literária etc. Esse teste consiste em instruir o aluno para que desenhe duas pessoas: “uma que ensina e outra que aprende”. Também solicitamos ao aluno que conte ou escreva uma história relacionada ao desenho. ➔ Teste Livre Pode ser sobre algo que o aluno goste. Tem como objetivo observar o que faz sentido emocional e concreto no dia a dia do aluno. A partir desse teste livre, é possível conhecer um pouco mais as áreas de interesse dela no contexto sócio afetivo. É válido salientar que, durante o processo, é necessário que o profissional faça as intervenções, questionando o aluno do que ele quer dizer com o desenho, mesmo que as interpretações posteriores sejam realizadas. É imprescindível que o profissional analise a partir do significado que o aluno fornecer, não apenas ao seu olhar clínico. TÉCNICAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS Baseadas na teoria de Jorge Visca e Alícia Fernandez Fonte; Visca.Jorge- Técnicas Projetivas Psicopedagogicas-1994- Buenos Aires, Argentina 43 As técnicas projetivas psicopedagógicas têm o objetivo de investigar a rede de vínculos que o sujeito possui em três domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo. Em cada um destes domínios, guardando as diferenças individuais, é possível reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem o vínculo da aprendizagem. Apresentamos a seguir um quadro com os diversos domínios, suas correspondentes técnicas projetivas e os objetivos de cada uma: Domínio Prova Investigação Idade Escolar Par educativo Vínculo com aprendizagem 6 a 7 anos Eu e meus companheiros Vínculo com os componentes da classe 7 a 8 anos Plano da Sala de Aula A representação do campo geográfico da sala de aula e a desejada 8 a 9 anos Familiar Planta da Casa A planta da casa onde habita, sua representação real e desejada 8 a 9 anos Os quatro momentos do dia Os vínculos ao longo do dia 6 a 7 anos Família educativa O vínculo da aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos integrantes da mesma 6 a 7 anos Consigo mesmo O desenho em episódios A delimitação da permanência da identidade psíquica em função dos afetos 6 a 7 anos O dia do meu aniversário A representação que
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