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Universidade de Brasília - FT - EFL Estruturas de Madeira – EFL 0020 Prof. Cláudio Del Menezzi Ana Maria Rodrigues dos Santos - 19/0097485 Relatório Prático 1: Valores de Cálculo Brasília, 2023 1. Introdução A madeira está sujeita a diferentes tipos de forças, incluindo compressão, tração, cisalhamento e flexão. Sua resistência varia de acordo com a direção da força em relação às fibras da madeira e também depende do tipo de força aplicada. A madeira pode ser submetida a compressão em três orientações distintas: paralela, perpendicular e inclinada em relação às fibras. Quando uma peça de madeira é submetida a compressão paralela às fibras, as forças atuam ao longo do comprimento das células da madeira. As células, ao reagirem em conjunto, conferem uma elevada resistência da madeira à compressão. Por outro lado, quando a compressão ocorre de forma perpendicular ou normal às fibras, a madeira apresenta resistência menor em comparação à compressão paralela. Isso ocorre porque a força é aplicada na direção que é perpendicular ao comprimento das células, e nessa direção, a madeira possui uma resistência mais baixa. Na madeira, a tração pode se manifestar de duas maneiras distintas, dependendo se a força é aplicada paralelamente ou perpendicularmente às fibras. Essas duas formas apresentam características diferentes. A ruptura causada pela tração paralela pode surgir devido ao deslizamento entre as células ou à quebra das paredes celulares. Em ambos os cenários, a ruptura ocorre com uma deformação mínima, conferindo-lhe uma natureza frágil, mas com uma notável resistência. Por outro lado, a resistência à ruptura devido à tração perpendicular às fibras revela uma deformação menor. A força atua na direção que tende a separar as fibras, comprometendo a integridade estrutural e resultando em uma deformação mínima. O cisalhamento na madeira pode assumir três formas distintas. A primeira envolve uma força perpendicular às fibras, mas essa não é considerada crítica, pois a madeira enfrenta problemas de esmagamento antes de se romper devido ao cisalhamento nessa direção. As outras duas formas ocorrem quando a força atua ao longo das fibras da madeira. O cisalhamento horizontal ocorre quando as células da madeira deslizam entre si, porém, geralmente não é a principal preocupação, já que outras falhas ocorrem antes disso. A segunda forma é onde a força é aplicada perpendicularmente aos anéis de crescimento da madeira, resultando em um movimento de rolamento entre as células. Com isso, objetivou-se nesta aula prática determinar os valores de cálculo de madeira de Ipê sp. e relacioná-los com a densidade. 2. Materiais e Métodos Inicialmente, procedeu-se à medição das dimensões de oito corpos de prova feitos de madeira de Ipê, utilizando instrumentos de precisão, como régua e paquímetro, conforme ilustrado na Figura 1. Além disso, realizou-se a pesagem desses corpos de prova, obtendo, assim, seus pesos iniciais, conforme ilustrado na Figura 2. Figura 1- Medição de corpo de prova com paquímetro Figura 2 - pesagem do corpo de prova Os oito corpos de prova foram submetidos a ensaios, no Equipamento e Sistemas de Ensaio (EMIC) que aplica uma carga de 30 KN. Quando conectado à máquina, com o uso do programa Tesc, é possível observar uma representação gráfica da carga de ruptura ao longo do tempo, formando uma curva que reflete a força, em kgf, em relação ao tempo, expresso em minutos. O ponto culminante desta curva indica o valor da ruptura em kgf. Além disso, no processo de obtenção do peso da madeira seca, os corpos de prova passaram por um período de secagem em uma estufa a uma temperatura de 103ºC, mantidos nessa condição por cerca de três dias. Esse procedimento foi realizado como etapa preliminar para calcular a resistência corrigida, a resistência sob condições de umidade a 12% e a resistência à compressão paralela. Após a retirada dos corpos de prova da estufa, eles foram encaminhados para o dessecador, conforme ilustrado na Figura 3, e em seguida, submetidos a pesagens precisas. Figura 3 – dessecador Para calcular a área de cada corpo de prova foi utilizada a seguinte fórmula: 𝑓𝑐, 0 = 𝑃𝑟𝑢𝑝 𝐴 Equação 1 Onde: fc,0 – resistência a compressão paralela Prup – carga de ruptura kgf A – área cm2 A densidade foi obtida a partir da relação entre o volume em cm3 e o peso inicial do material em questão (Equação 2). Equação 2 Onde: D – Densidade g/cm3 M – Massa inicial g V – Volume cm3 Já o teor de umidade, foi obtido através da seguinte equação: Equação 3 Onde: U (%) – teor de umidade Mi (g) – massa inicial Ms (g) – massa seca Com o propósito de viabilizar a utilização da madeira em aplicações estruturais e para a classificação de diferentes tipos de madeira, as normas brasileiras estipulam que um teor de umidade de 12% seja considerado como o padrão de referência para a execução de testes e o cálculo de valores de resistência. Portanto, se as resistências obtidas estiverem dentro da faixa de 10% a 20%, é necessário realizar um ajuste desses valores para 12%, utilizando a equação especificada abaixo: Equação 4 Onde: f12 – resistência a umidade padrão – 12% fU% - resistência ao teor de umidade encontrado U% - teor de umidade Posteriormente, foi calculado fk para os valores de umidade corrigidos, seguindo a equação abaixo: Equação 5 Existem três abordagens para caracterizar a madeira: caracterização completa, simplificada e mínima. Na caracterização completa, não é necessário conhecer previamente a espécie da madeira, abrangendo, portanto, todas as propriedades relevantes. Por outro lado, na caracterização simplificada, que é o enfoque adotado neste estudo em particular, não se dispõe de informações sobre a origem da espécie da madeira em questão. Por último, na classificação mínima, a identificação do grupo ao qual a espécie pertence também não é estabelecida. Adotou-se uma abordagem simplificada para analisar a resistência e determinar valores de referência e cálculo, seguindo as diretrizes da norma NBR 7190. Conforme estipulado por essa norma, o valor de referência para a resistência à compressão perpendicular às fibras é de 0,77, enquanto o valor de referência para a resistência à compressão paralela à compressão perpendicular é de 0,25. Adicionalmente, para espécies de madeira dicotiledôneas, o valor de referência para o cisalhamento na direção paralela à compressão paralela é de 0,12. Então, com o objetivo de determinar os valores de cálculo de resistência, foi utilizado os valores característicos da resistência, coeficiente de modificação o coeficiente de minoração, que pode ser expresso na seguinte equação: Equação 6 Onde: fwd – valor de cálculo kmod – coeficiente de modificação ɤw – coeficiente de minoração 3. Resultados e Discussão Ao efetuarmos uma comparação entre a densidade média dos corpos de prova da espécie Ipê sp. deste estudo e a espécie Dipteryx odorata (cumaru), mencionada na pesquisa de Paula et al. em 2016, torna-se evidente que o Ipê apresenta uma densidade menor em relação ao Cumaru. Especificamente, as densidades registradas foram de 0,99 g/cm³ para o Ipê e 1,08 g/cm³ para o Cumaru. O que torna o cumaru uma madeira de alta densidade, de acordo com Melo (1990). Nas tabelas 1, 2 e 3 abaixo, é possível observar os valores de cálculos realizados para o presente estudo, sendo o valor de cálculo de resistência de compressão paralela de 244,88 kgf/cm2 e para compressão perpendicular de 108,66 kgf/cm2. Tabela 1 - valores de cálculo Tabela 2 - valores de cálculo Tabela 3 - valores de cálculo 4. Conclusão Ao analisar os dados e cálculos do ensaio de compressão na Tabela 1, fica evidenteque o corpo de prova 3, submetido ao ensaio de compressão paralela, suportou a maior carga, alcançando impressionantes 29122,90 kgf/cm², além de apresentar 1213,70 de resistência kgf/cm². Enquanto que o corpo de prova 3 submetido ao ensaio de compressão perpendicular revelou-se menos resistente à carga aplicada, com 9826,6 kgf/cm² e resistência de 354,71 kgf/cm². Comparando os valores de cálculos estimados para a espécie de Ipê com valores de espécie já estudadas, no caso do presente estudo utilizou-se o Cumaru como exemplo, foi possível inferir que o cumaru apresenta uma maior densidade em relação ao Ipê, atribuindo uma característica de madeira de alta densidade. Porém, ao comparar com a madeira de Angico (Anadenanthera macrocarpa), pode-se inferir que o Ipê possui densidade maior, já que o angico apresenta densidade de 0,84 g/cm3. 5. Referências bibliográficas • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-7190:1997, Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Projeto de Estruturas de Madeira. NBR7190:1997. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. 107p. • Szücs, C. et. al. Estruturas de Madeira. Versão 3. Florianópolis, março de 2015. • DEL MENEZZI et al. Estimativa das propriedades de flexão estática de seis espécies de madeiras amazônicas por meio da técnica não destrutiva de ondas de tensão. Acta Amazônica. Vol.40(2). 2010. • PAULA, M. UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS PARA CARACTERIZAÇÃO SIMPLIFICADA DA MADEIRA DE CUMARU (Dipteryx odorata Willd). Volume 15. Brasília, 2016.
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