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proleges.com.br pág. 1 de 19 Atualizado em 12/03/2024 2ª Edição proleges.com.br pág. 2 de 19 SUMÁRIO DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS ................................................................ 3 MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO: LEI 13.300/2016 ............................................................ 3 INFORMATIVOS .................................................................................................................................... 18 Proposta da Assinatura Anual Pro Leges https://bit.ly/3NKvEgP Lista de materiais publicados https://bit.ly/42PEZwM Legenda dos grifos: AMARELO – DESTAQUE VERDE – EXCEÇÃO, VEDADO ou ALGUMA ESPECIFICIDADE AZUL – GÊNERO, PALAVRA-CHAVE ou EXPRESSÃO LARANJA – SUJEITOS, PESSOAS OU ENTES CINZA – MEUS COMENTÁRIOS DENTRO DO ARTIGO DISPOSITIVO LEGAL MUITO COBRADO EM PROVAS https://bit.ly/3NKvEgP https://bit.ly/42PEZwM proleges.com.br pág. 3 de 19 AUTOR: MARCO TORRANO INSTAGRAM: @MARCOAVTORRANO/@PROLEGES E-MAIL: PROLEGESMARCOTORRANO@GMAIL.COM DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO: LEI 13.300/2016 CF/88 Art. 5º. (...) LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; O que se entende por mandado de injunção? Definição Mandado de injunção é... - uma ação (instrumento processual) - de cunho constitucional (remédio constitucional) - que pode ser proposta por qualquer interessado - com o objetivo de tornar viável o exercício de - direitos e liberdades constitucionais ou - de prerrogativas relacionadas com nacionalidade, soberania ou cidadania - e que não estão sendo possíveis de ser exercidos - em virtude da falta, total ou parcial, de norma regulamentando estes direitos. “O mandado de injunção (MI) é instrumento processual instituído especialmente para fiscalizar e corrigir, concretamente, as omissões do Poder Público em editar as normas necessárias para tornar efetivos direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (art. 5º, LXXI, da Constituição)” (BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional. Tomo II - Direito Constitucional Positivo. 5ª ed., Salvador: Juspodivm, 2016, p. 230). Objetivo/finalidade “Tornar as normas constitucionais autoaplicáveis, aptas a garantir o gozo de qualquer direito privado, coletivo, difuso, individual homogêneo, político, econômico, social etc.” (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. Saraiva, 2023, p. 446). Natureza jurídica “O mandado de injunção tem a natureza de uma ação civil, de caráter essencialmente mandamental e procedimento específico, destinado a combater a síndrome de inefetividade das constituições. Caráter essencialmente mandamental da ação injuncional: STF, Pleno, MI 284/DF, Rel. Min. Celso de Mello, decisão por maioria de 22-11-1991.” (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. Saraiva, 2023, p. 447). Dois requisitos a) norma constitucional de eficácia limitada, prescrevendo direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; https://www.instagram.com/marcoavtorrano/ https://www.instagram.com/proleges/ mailto:prolegesmarcotorrano@gmail.com?subject=Dúvida/Sugestão/Crítica proleges.com.br pág. 4 de 19 b) falta de norma regulamentadora (omissão), tornando inviável o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Legitimidade ativa Qualquer pessoa (física ou jurídica). Já os legitimados do MIC (mandado de injunção coletivo), conferir o art. 12. Legitimidade passiva Apenas a pessoa estatal é o sujeito passivo. Competência originária Competência Quando a atribuição para elaborar a norma for do(a)(s)... STF (art. 102, I, "q") • Presidente da República • Congresso Nacional • Câmara dos Deputados • Senado Federal • Mesas da Câmara ou do Senado • Tribunal de Contas da União • Tribunais Superiores • Supremo Tribunal Federal. STJ (art. 105, I, "h") órgão, entidade ou autoridade federal, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal. Juízes e Tribunais da Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho órgão, entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua competência. Juízes Federais e TRFs órgão, entidade ou autoridade federal, se não for assunto das demais "Justiças" e desde que não seja autoridade sujeita à competência do STJ. Ex: compete à Justiça Federal julgar MI em que se alega omissão do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) na edição de norma de trânsito que seria de sua atribuição (STJ MI 193/DF). Juízes estaduais e TJs órgão, entidade ou autoridade estadual, na forma como disciplinada pelas Constituições estaduais. As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria Constituição Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma regulamentadora. Competências recursais envolvendo MI expressamente previstas na CF/88 • Compete ao STF julgar, em recurso ordinário, o mandado de injunção decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art. 102, II, "a", da CF/88). • Compete ao TSE julgar o recurso interposto pelo autor contra a decisão do TRE que denegar mandado de injunção (art. 121, § 4º, V). Referência bibliográfica: https://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-lei.html Acórdão proferido em sede de mandado de injunção por parte de TJ não é recorrível por ROC, mas sim por RE ou REsp Tendo o processo de Mandado de Injunção impetrado pelos ora recorrentes sido extinto sem julgamento do mérito perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, os mesmos interpuseram o presente Recurso Ordinário Constitucional. Entretanto, o acórdão proferido em sede de Mandado de Injunção por parte de Tribunal Estadual não é recorrível por meio de Recurso Ordinário, mas de Recursos Extraordinário ou Especial. Assim, estando ausente o requisito processual do cabimento do recurso, não há como conhecer deste. STJ. 5ª Turma. RMS n. 16.751/SP, rel. min. Jorge Scartezzini, DJ de 26/4/2004. https://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-lei.html proleges.com.br pág. 5 de 19 Lei 13.300/2016 Art. 1º Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federa l. Muito cobrado! Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção (OBJETO) sempre que a FALTA TOTAL ou PARCIAL de norma regulamentadora (de eficácia limitada) torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente. Dois requisitos para MI 1. Norma constitucional de eficácia limitada, prescrevendo direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 2. Falta de norma regulamentadora (omissão), tornando inviável o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. (Promotor MPEBA 2023 Cespe incorreta, porque não é ineficácia, e sim por sua inexistência/falta) A ação de mandadode injunção é cabível tanto no caso de falta de norma regulamentadora de direito previsto na Constituição quanto no caso de ineficácia da norma regulamentadora, por obstáculos administrativos estatais. “Dessa forma, tal como a ADO — ação direta de inconstitucionalidade por omissão (já estudada no item 6.7.4), o mandado de injunção surge para ‘curar’ uma ‘doença’ denominada síndrome de inefetividade das normas constitucionais, vale dizer, normas constitucionais que, de imediato, no momento em que a Constituição entra em vigor (ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5.º, § 3.º), não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, necessitando de ato normativo integrativo e infraconstitucional. Trata-se, portanto, de normas constitucionais de eficácia limitada, aplicabilidade mediata e reduzida, dividindo-se em dois grupos: a) normas de eficácia limitada, declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: normalmente criam órgãos (arts. 91, 125, § 3.º, 131...); b) normas declaratórias de princípios programáticos: veiculam programas a serem implementados pelo Estado (ex.: arts. 196, 215, 218, caput...)” (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado..., 2021). Questões (Notário TJAL 2019 Vunesp) Quando a falta de norma regulamentadora tonar inviável o exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, conceder-se-á mandado de injunção. (correta) (Juiz TJMT 2018 Vunesp) Pode ser utilizado como instrumento processual para defesa do direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. (correta) (Procurador Prefeitura de Poá/SP 2019 Vunesp) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República e do Congresso Nacional. (correta) (Advogado INB 2018 Fundep) Cabe ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar mandado de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, com exceção dos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal. (correta) #Procurador-PGEPR-PUCPR-2015 (correta): Poderá ser impetrado Mandado de Injunção para sanar omissão de norma constitucional de eficácia limitada. #Técnico-CRFES-2019-Quadrix (incorreta): Os direitos sociais são autoaplicáveis, embora admitam mandado de injunção quando constarem de norma de eficácia contida. #Auditor-SEFAZ-RS-2019-Cespe (incorreta): Mandado de injunção destina-se a regulamentar normas constitucionais de eficácia contida e de eficácia limitada. proleges.com.br pág. 6 de 19 Art. 3º São LEGITIMADOS para o mandado de injunção, (i) como IMPETRANTES, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, (ii) como IMPETRADO, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora (JAMAIS O POLO PASSIVO SERÁ OCUPADO POR PARTICULAR!). Legitimidade passiva (apenas a pessoa estatal) Jamais o polo passivo será ocupado por particular. “Apenas a pessoa estatal é o sujeito passivo, impetrado ou demandado na ação injuncional, jamais o particular, que não tem qualquer dever de regulamentar o Texto Maior, tarefa afeta ao Poder Público e, em especial, ao Poder Legislativo” (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. Saraiva, 2023, p. 450). Questões (Nutricionista CRN2R Quadrix 2020) Tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas ostentam legitimidade ativa para impetração de mandado de injunção. (correta) (Agente CRT04 Quadrix 2021) Sempre que a ausência de regulamentação impedir exercício de direito, o mandado de injunção poderá ser impetrado contra entes públicos e contra entes privados. (incorreta, porque jamais o polo passivo será ocupado por particular) Art. 4º A PETIÇÃO INICIAL deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado. § 1º Quando não for transmitida por meio eletrônico, a petição inicial e os documentos que a instruem serão acompanhados de tantas vias quantos forem os impetrados. § 2º Quando o documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou estabelecimento público, em poder de autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por certidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido do impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 dias, devendo, nesse caso, ser juntada cópia à segunda via da petição. § 3º Se a recusa em fornecer o documento for do impetrado, a ordem será feita no próprio instrumento da notificação. Art. 5º Recebida a petição inicial, será ordenada: I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 dias, preste informações; II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito. Art. 6º A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for (i) manifestamente incabível ou (ii) manifestamente improcedente. Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá AGRAVO, em 5 dias, para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração. Art. 7º Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público, que opinará em 10 dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão. proleges.com.br pág. 7 de 19 No fluxograma acima, Rodrigo Vaslin esquematiza o procedimento da Lei do Mandado de Injunção (arts. 4º a 7º). Imagem da obra: VASLIN, Rodrigo. Manual de processo coletivo. Juspodivm, 2024, p. 740. Teoria concretista individual intermediária Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar PRAZO RAZOÁVEL para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II - estabelecer as CONDIÇÕES em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput (= prazo razoável) quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Questões (Promotor MPERJ 2022 correta) No que se refere aos efeitos da decisão que concede o mandado de injunção, pode-se corretamente afirmar que a legislação vigente acolheu a teoria concretista individual intermediária. (Defensor DPEAM 2021 FCC correta) A garantia constitucional do mandado de injunção foi regulamentada por lei infraconstitucional, que estabelece expressamente que, uma vez reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora e estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. (Agente CRT 2021 Quadrix correta) A teoria concretista individual intermediária admite a fixação de um prazo para saneamento da omissão legislativa, findo o qual o exercício do direito é viabilizado judicialmente. proleges.com.br pág. 8 de 19 (ProcuradorDAEM 2019 Vunesp correta) Se comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma, poderá a decisão imediatamente estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos reclamados. Efeitos da decisão (REGRA) Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes (inter partes) e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. (Promotor MPESC 2023 Cespe incorreta, porque, como regra, é inter partes) A decisão final em qualquer espécie de mandado de injunção, quando proferida pelo STF com quórum de maioria absoluta, terá eficácia contra todos até a publicação de norma regulamentadora considerada ausente. (Procurador Câmara de São Joaquim da Barra SP 2018 Vunesp correta): Em regra, o efeito do mandado de injunção será inter partes, mas, dependendo do caso, poderá ser atribuída eficácia ultra partes ou erga omnes à respectiva decisão judicial. Efeitos da decisão (EXCEÇÃO) § 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. Questões (Procurador Câmara de Mauá/SP 2019 Vunesp) Poderá, excepcionalmente, ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão proferida na ação de mandado de injunção, quando inerente ou indispensável ao exercício do direito. (correta) (Analista Câmara de Boituva/SP 2020 Vunesp) Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. (correta) § 2º Transitada em julgado a decisão, seus EFEITOS poderão ser ESTENDIDOS aos casos análogos por decisão monocrática do relator. § 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios. Teoria concretista vs. teoria não concretista (EFICÁCIA OBJETIVA DA DECISÃO) 1. Teoria concretista Para esta corrente, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção e reconhecer que existe a omissão do Poder Público, deverá editar a norma que está faltando ou determinar que seja aplicada, ao caso concreto, uma já existente para outras situações análogas. É assim chamada porque o Poder Judiciário irá "concretizar" uma norma que será utilizada a fim de viabilizar o direito, liberdade ou prerrogativa que estava inviabilizada pela falta de regulamentação. I - Quanto à necessidade ou não de concessão de prazo para o impetrado, a posição concretista pode ser dividida em: a) corrente concretista direta: O Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão. b) corrente concretista intermediária: Ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando. Caso esta determinação não seja cumprida no prazo estipulado, aí sim o Poder Judiciário poderá viabilizar o direito, liberdade ou prerrogativa. proleges.com.br pág. 9 de 19 II - Quanto às pessoas atingidas pela decisão, a corrente concretista pode ser dividida em: a) corrente concretista individual: a solução "criada" pelo Poder Judiciário para sanar a omissão estatal valerá apenas para o autor do MI. Ex: na corrente concretista intermediária individual, quando expirar o prazo, caso o impetrado não edite a norma faltante, a decisão judicial garantirá o direito, liberdade ou prerrogativa apenas ao impetrante. b) corrente concretista geral: a decisão que o Poder Judiciário der no mandado de injunção terá efeitos erga omnes e valerá para todas as demais pessoas que estiverem na mesma situação. Em outras palavras, o Judiciário irá "criar" uma saída que viabilize o direito, liberdade ou prerrogativa e esta solução valerá para todos. Ex: na corrente concretista intermediária geral, quando expirar o prazo assinalado pelo órgão judiciário, se não houver o suprimento da mora, a decisão judicial irá garantir o direito, liberdade ou prerrogativa com eficácia ultra partes ou erga omnes. 2. Teoria não concretista Segundo esta posição, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção, deverá apenas comunicar o Poder, órgão, entidade ou autoridade que está sendo omisso. Para os defensores desta posição, o Poder Judiciário, por conta do princípio da separação dos Poderes, não pode criar a norma que está faltando nem determinar a aplicação, por analogia, de outra que já exista e que regulamente situações parecidas. É uma posição considerada mais conservadora e foi adotada pelo STF (MI 107/DF) até por volta do ano de 2007. Qual foi a posição adotada pelo Direito brasileiro? 1. STF (teoria concretista direta geral) A Corte inicialmente consagrou a corrente não-concretista. No entanto, em 2007 houve um overruling (superação do entendimento jurisprudencial anterior) e o STF adotou a corrente concretista direta geral (STF. Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2007). 2. Lei 13.300/2016 (teoria concretista individual intermediária) SIM. Aumentando a polêmica em torno do assunto, a Lei nº 13.300/2016 determina, como regra, a aplicação da corrente concretista individual intermediária. Acompanhe: Primeira providência é fixar prazo para sanar a omissão: Se o juiz ou Tribunal reconhecer o estado de mora legislativa, será deferida a injunção (= ordem, imposição) para que o impetrado edite a norma regulamentadora dentro de um prazo razoável estipulado pelo julgador. Segunda etapa, caso o impetrado não supra a omissão: Se esgotar o prazo fixado e o impetrado não suprir a mora legislativa, o juiz ou Tribunal deverá: • estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados; ou • se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê- los. Exceção em que a primeira providência poderá ser dispensada: O juiz ou Tribunal não precisará adotar a primeira providência (fixar prazo) e já poderá passar direto para a segunda etapa, estabelecendo as condições, caso fique comprovado que já houve outro(s) mandado(s) de injunção contra o impetrado e que ele deixou de suprir a omissão no prazo que foi assinalado nas ações anteriores. proleges.com.br pág. 10 de 19 Em outras palavras, se já foram concedidos outros mandados de injunção tratando sobre o mesmo tema e o impetrado não editou a norma no prazo fixado, não há razão lógica para estipular novo prazo, devendo o juiz ou Tribunal, desde logo, estabelecer as condições para o exercício do direito ou para que o interessado possa promover a ação própria. Em suma... Desse modo, em regra, a Lei nº 13.300/2016 determina a adoção da corrente concretista intermediária (art. 8º, I). Caso o prazo para a edição da norma já tenha sido dado em outros mandados de injunção anteriormente propostos por outros autores, o Poder Judiciário poderá veicular uma decisão concretista direta (art. 8º, parágrafo único). Referência bibliográfica: https://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-lei.html Questões (Agente CRT04 2021 Quadrix) Segundo a teoria concretista geral das decisões em sede de mandado de injunção, uma vez reconhecida a mora legislativa, o direito deverá ser concretizado judicialmente para viabilização de seu exercício por todos, indistintamente. (correta) (Agente CRT04 2021 Quadrix) A teoria concretista individual intermediária admite a fixação de um prazo para saneamentoda omissão legislativa, findo o qual o exercício do direito é viabilizado judicialmente. (correta) (Fiscal CRODF 2020 Quadrix) Em relação ao mandado de injunção, a teoria concretista geral dispõe que a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ostentará eficácia contra todos. (correta) (Procurador PGERS 2015 Fundatec) No que se refere ao mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que a jurisprudência do STF: Inicialmente adotou a corrente não concretista, equiparando sua finalidade à da ação de inconstitucionalidade por omissão, transitando em 2007 para a corrente concretista com efeitos gerais. (Fiscal CRODF 2020 Quadrix) Em relação ao mandado de injunção, a teoria concretista individual intermediária dispõe que a decisão tomada diante de omissão legislativa implementa diretamente o direito reivindicado pelo autor da ação. (incorreta) (Administrador DPEPR 2017) O Mandado de Injunção se destina a provocar o Poder Judiciário e dele exigir a declaração da falta de norma regulamentadora, sendo certo que o Supremo Tribunal Federal atualmente se limita a utilização da teria não concretista o que apenas constata a mora do poder, órgão ou autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se formalmente sua inércia. (incorreta) (Promotor MPEAC 2014 Cespe) No âmbito do mandado de injunção, a atual jurisprudência do STF adota a posição não concretista em defesa apenas do reconhecimento formal da inércia do poder público para materializar a norma constitucional e viabilizar o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. (incorreta) (Delegado PCPI 2014 NUCEPE) Em matéria de mandado de injunção, o pacífico entendimento contempora- neamente adotado pelo Supremo Tribunal Federal, em oposição à sua antiga posição, é o chamado não concretista. (incorreta) (Advogado IBRAMDF 2009 Cespe) O STF adota a posição de que o mandado de injunção não tem função concretista, porque não cabe ao Poder Judiciário conferir disciplina legal ao caso concreto sob pena de violação ao princípio da separação dos poderes. (incorreta) proleges.com.br pág. 11 de 19 Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser REVISTA (É A CHAMADA “AÇÃO DE REVISÃO” – não confundir com ação rescisória, porque o objetivo da ação de revisão não é de desconstituir a coisa julgada, mas de rediscutir a aplicabilidade da decisão), a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito. Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei. Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá EFEITOS EX NUNC (#PCRN-Delegado- 2021-FGV) em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. Questões (Defensor DPEMS 2022 FGV correta) O tribunal competente julgou procedente o pedido formulado pela Defensoria Pública do Estado Beta em sede de mandado de injunção coletivo. Logo após o trânsito em julgado do acórdão, sobreveio a Lei nº 123, que supriu o estado de mora legislativa e regulamentou a norma constitucional. À luz dessa narrativa, a Lei nº 123: produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados pelo acórdão, salvo se lhes for mais favorável. #Juiz-Leigo-TJRJ-2018-Vunesp (incorreta): Via de regra, a norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex tunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado. #Advogado-Câmara-de-Perdizes-MG-2019-IBGP (incorreta): A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex tunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito. proleges.com.br pág. 12 de 19 Mandado de injunção coletivo (MIC) Art. 12. O MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO pode ser promovido: I - pelo MINISTÉRIO PÚBLICO (≠MSC: o art. 21 da Lei 12.016/2009 não prevê o Ministério Público, mas a jurisprudência admite a sua legitimidade), quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis; #MPEAP-Promotor-2021-Cespe (correta): O Ministério Público tem legitimidade para impetrar mandado de injunção coletivo quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis. II - por PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; #Juiz-Leigo-TJRJ-2018-Vunesp (incorreta): O mandato de injunção coletivo pode ser promovido por qualquer partido político, independentemente de representação no congresso nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária. Ver comentários do art. 21 da LMS III - por ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE ou ASSOCIAÇÃO legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, DISPENSADA, para tanto, AUTORIZAÇÃO ESPECIAL; IV - pela DEFENSORIA PÚBLICA (≠MSC: o art. 21 da Lei 12.016/2009 não prevê a Defensoria Pública), quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. (Defensor DPERS 2022 Cespe correta) A legitimação constitucional conferida à Defensoria Pública para a propositura do mandado de injunção coletivo está ligada a sua finalidade essencial na tutela de interesse difusos, coletivos e individuais homogêneos que tenham repercussão em interesses tutelados, especialmente relevantes para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5.º da Constituição Federal. Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, INDISTINTAMENTE, a uma coletividade INDETERMINADA de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria. Legitimados (MSC vs. MIC vs. HC coletivo) MSC MIC e HC coletivo Partido político com representação no CN. Partido político com representação no CN. Organização sindical. Organização sindical. Entidade de classe. Entidade de classe. Associação. Associação. [1] Ministério Público. [2] Defensoria Pública. [1] Jurisprudência admite legitimidade do Ministério Público para MSC. [2] Jurisprudência não admite legitimidade da Defensoria Pública para MSC. (Defensor DPEES 2023 FCC correta) Dentre os instrumentos de tutela coletiva em que a legislação específica contempla expressamente a legitimidade ativa da Defensoria Pública, encontram-se: mandado de injunção coletivo e ação civil pública. proleges.com.br pág. 13 de 19 Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará COISA JULGADA LIMITADAMENTE às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º. O que diz o art. 9º, §§ 1º e 2º? Art. 9º. (...) § 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso forinerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. § 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator. Efeitos da decisão (EFICÁCIA SUBJETIVA DA DECISÃO) 1. Em regra (inter partes)... A sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante (art. 13, caput, da Lei 13.300/2016). #DPEPE-Defensor-2018-Cespe (adaptada/correta): em regra, MIC não faz coisa julgada com efeito erga omnes. #MPEPR-Promotor-2016 (correta): A Lei n. 13.300/2016 estabeleceu que a decisão em mandado de injunção terá, em regra, eficácia subjetiva limitada às partes. No entanto, poderá lhe ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. 2. Excepcionalmente (erga omnes ou ultra partes)... A eficácia ultra partes ou erga omnes e efeitos estendidos (art. 9º, §§ 1º e 2º, da Lei 13.300/2016). #Procurador-Câmara-de-Mauá-SP-2019-Vunesp (correta): Poderá, excepcionalmente, ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão proferida na ação de mandado de injunção, quando inerente ou indispensável ao exercício do direito. #Juiz-Leigo-TJRJ-2018-Vunesp (incorreta): A decisão prolatada, em regra, terá eficácia ultra partes e erga omnes, haja vista a necessidade de suprir a ausência legislativa. Teoria concretista vs. teoria não concretista (EFICÁCIA OBJETIVA DA DECISÃO) 1. Teoria concretista Para esta corrente, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção e reconhecer que existe a omissão do Poder Público, deverá editar a norma que está faltando ou determinar que seja aplicada, ao caso concreto, uma já existente para outras situações análogas. É assim chamada porque o Poder Judiciário irá "concretizar" uma norma que será utilizada a fim de viabilizar o direito, liberdade ou prerrogativa que estava inviabilizada pela falta de regulamentação. I - Quanto à necessidade ou não de concessão de prazo para o impetrado, a posição concretista pode ser dividida em: a) corrente concretista direta: O Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão. b) corrente concretista intermediária: Ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando. Caso esta determinação não seja cumprida no prazo estipulado, aí sim o Poder Judiciário poderá viabilizar o direito, liberdade ou prerrogativa. proleges.com.br pág. 14 de 19 II - Quanto às pessoas atingidas pela decisão, a corrente concretista pode ser dividida em: a) corrente concretista individual: a solução "criada" pelo Poder Judiciário para sanar a omissão estatal valerá apenas para o autor do MI. Ex: na corrente concretista intermediária individual, quando expirar o prazo, caso o impetrado não edite a norma faltante, a decisão judicial garantirá o direito, liberdade ou prerrogativa apenas ao impetrante. b) corrente concretista geral: a decisão que o Poder Judiciário der no mandado de injunção terá efeitos erga omnes e valerá para todas as demais pessoas que estiverem na mesma situação. Em outras palavras, o Judiciário irá "criar" uma saída que viabilize o direito, liberdade ou prerrogativa e esta solução valerá para todos. Ex: na corrente concretista intermediária geral, quando expirar o prazo assinalado pelo órgão judiciário, se não houver o suprimento da mora, a decisão judicial irá garantir o direito, liberdade ou prerrogativa com eficácia ultra partes ou erga omnes. 2. Teoria não concretista Segundo esta posição, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção, deverá apenas comunicar o Poder, órgão, entidade ou autoridade que está sendo omisso. Para os defensores desta posição, o Poder Judiciário, por conta do princípio da separação dos Poderes, não pode criar a norma que está faltando nem determinar a aplicação, por analogia, de outra que já exista e que regulamente situações parecidas. É uma posição considerada mais conservadora e foi adotada pelo STF (MI 107/DF) até por volta do ano de 2007. Qual foi a posição adotada pelo Direito brasileiro? 1. STF (teoria concretista direta geral) A Corte inicialmente consagrou a corrente não-concretista. No entanto, em 2007 houve um overruling (superação do entendimento jurisprudencial anterior) e o STF adotou a corrente concretista direta geral (STF. Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2007). 2. Lei 13.300/2016 (teoria concretista individual intermediária) SIM. Aumentando a polêmica em torno do assunto, a Lei nº 13.300/2016 determina, como regra, a aplicação da corrente concretista individual intermediária. Acompanhe: Primeira providência é fixar prazo para sanar a omissão: Se o juiz ou Tribunal reconhecer o estado de mora legislativa, será deferida a injunção (= ordem, imposição) para que o impetrado edite a norma regulamentadora dentro de um prazo razoável estipulado pelo julgador. Segunda etapa, caso o impetrado não supra a omissão: Se esgotar o prazo fixado e o impetrado não suprir a mora legislativa, o juiz ou Tribunal deverá: • estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados; ou • se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê- los. Exceção em que a primeira providência poderá ser dispensada: O juiz ou Tribunal não precisará adotar a primeira providência (fixar prazo) e já poderá passar direto para a segunda etapa, estabelecendo as condições, caso fique comprovado que já houve outro(s) proleges.com.br pág. 15 de 19 mandado(s) de injunção contra o impetrado e que ele deixou de suprir a omissão no prazo que foi assinalado nas ações anteriores. Em outras palavras, se já foram concedidos outros mandados de injunção tratando sobre o mesmo tema e o impetrado não editou a norma no prazo fixado, não há razão lógica para estipular novo prazo, devendo o juiz ou Tribunal, desde logo, estabelecer as condições para o exercício do direito ou para que o interessado possa promover a ação própria. Em suma... Desse modo, em regra, a Lei nº 13.300/2016 determina a adoção da corrente concretista intermediária (art. 8º, I). Caso o prazo para a edição da norma já tenha sido dado em outros mandados de injunção anteriormente propostos por outros autores, o Poder Judiciário poderá veicular uma decisão concretista direta (art. 8º, parágrafo único). Referência bibliográfica: https://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-lei.html Questões (Agente CRT04 2021 Quadrix) Segundo a teoria concretista geral das decisões em sede de mandado de injunção, uma vez reconhecida a mora legislativa, o direito deverá ser concretizado judicialmente para viabilização de seu exercício por todos, indistintamente. (correta) (Agente CRT04 2021 Quadrix) A teoria concretista individual intermediária admite a fixação de um prazo para saneamento da omissão legislativa, findo o qual o exercício do direito é viabilizado judicialmente. (correta) (Fiscal CRODF 2020 Quadrix) Em relação ao mandado de injunção, a teoria concretista geral dispõe que a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ostentará eficácia contra todos. (correta) (Procurador PGERS 2015 Fundatec) No que se refere ao mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXXI,da Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que a jurisprudência do STF: Inicialmente adotou a corrente não concretista, equiparando sua finalidade à da ação de inconstitucionalidade por omissão, transitando em 2007 para a corrente concretista com efeitos gerais. (correta) (Fiscal CRODF 2020 Quadrix) Em relação ao mandado de injunção, a teoria concretista individual intermediária dispõe que a decisão tomada diante de omissão legislativa implementa diretamente o direito reivindicado pelo autor da ação. (incorreta) (Administrador DPEPR 2017) O Mandado de Injunção se destina a provocar o Poder Judiciário e dele exigir a declaração da falta de norma regulamentadora, sendo certo que o Supremo Tribunal Federal atualmente se limita a utilização da teria não concretista o que apenas constata a mora do poder, órgão ou autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se formalmente sua inércia. (incorreta) (Promotor MPEAC 2014 Cespe) No âmbito do mandado de injunção, a atual jurisprudência do STF adota a posição não concretista em defesa apenas do reconhecimento formal da inércia do poder público para materializar a norma constitucional e viabilizar o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. (incorreta) (Delegado PCPI 2014 NUCEPE) Em matéria de mandado de injunção, o pacífico entendimento contempora- neamente adotado pelo Supremo Tribunal Federal, em oposição à sua antiga posição, é o chamado não concretista. (incorreta) (Advogado IBRAMDF 2009 Cespe) O STF adota a posição de que o mandado de injunção não tem função concretista, porque não cabe ao Poder Judiciário conferir disciplina legal ao caso concreto sob pena de violação ao princípio da separação dos poderes. (incorreta) proleges.com.br pág. 16 de 19 Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz LITISPENDÊNCIA em relação aos individuais, MAS os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a DESISTÊNCIA da demanda individual no prazo de 30 dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. (Delegado PCAM 2022 FGV correta) À luz da sistemática vigente, é correto afirmar que o mandado de injunção coletivo não gera litispendência em relação ao individual, impetrado por João, mas este último não se beneficiará dos efeitos da coisa julgada caso não desista da impetração no prazo legal. (Promotor MPEMG 2019 Fundep correta): O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a suspensão da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da notificação do órgão impetrado. (Juiz Leigo TJRJ 2018 Vunesp correta): O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. Não se admite litispendência entre ações coletivas e ações individuais, mas... MSC (art. 22, § 1º) MIC (art. 13, parágrafo único) CDC (art. 104) § 1o O mandado de segurança coletivo NÃO INDUZ LITISPENDÊNCIA para as ações individuais, MAS os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a DESISTÊNCIA de seu mandado de segurança no prazo de 30 dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, MAS os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a DESISTÊNCIA da demanda individual no prazo de 30 dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, NÃO INDUZEM LITISPENDÊNCIA para as ações individuais, MAS os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua SUSPENSÃO no prazo de 30 dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva. (Defensor DPEMS 2022 FGV correta) Maria, servidora pública, ajuizou ação individual em face do Estado Beta, almejando o recebimento das vantagens pecuniárias X, Y e Z, que entendia devidas. Ocorre que, em momento anterior, conforme era do conhecimento de Maria, declinado expressamente em sua petição inicial, fora proferida sentença em ação coletiva, na qual se reconhecera serem devidas as vantagens X e Y em favor dos servidores públicos em geral. Essa sentença foi mantida em grau de apelação, sendo manejado o recurso especial, ainda em tramitação. À luz da narrativa apresentada, é correto afirmar que: Maria não será beneficiada pelos efeitos da coisa julgada da sentença coletiva. (Defensor DPEMS 2022 FGV correta) A Defensoria Pública ingressou com ação coletiva, com base na norma consumerista, em face de uma concessionária de serviço público, em decorrência da proliferação de insetos após a realização de grande obra para oferecer serviços a uma usina de cana-de-açúcar, levando a indiscutível impacto ambiental. Posteriormente, Ana e mais cinco pessoas moradoras da localidade, em litisconsórcio, ingressaram com ação individual com pedido coincidente com aquele descrito na ação coletiva. Partindo desse caso, é correto afirmar que: Ana e seus litisconsortes, sentindo-se lesados, podem ajuizar ação em nome próprio, ainda que se trate de situação possível de ser objeto de tutela coletiva, pois tal fato não afasta o direito individual. (Promotor MPEMG 2021 Fundep correta): O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. (Advogado Prefeitura de Registro SP 2016 Vunesp correta): Se a ação for julgada procedente, com eficácia ultra partes, ela pode não beneficiar autores que propuseram ações individuais e não requereram a suspensão de suas ações individuais, mesmo tendo ciência da existência da ação civil pública. (Defensor DPEMG 2023 Fundep incorreta, porque não induz) O mandado de injunção coletivo induz litispendência em relação aos individuais, gerando o sobrestamento daqueles e, deste modo, os efeitos da coisa julgada beneficiarão o impetrante. Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as normas do mandado de segurança (Microssistema Processual Coletivo), disciplinado pela Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009 , e do Código de Processo Civil (Era da Recodificação), instituído pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 , e pela Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046. proleges.com.br pág. 17 de 19 Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. MIC vs. ADO Mandado de Injunção Coletivo (MIC) ADI por Omissão (ADO) Competência: órgãos judiciais. Somente STF. Controle concreto/difuso. Controle abstrato. Natureza do processo: subjetiva (defesa do impetrante). Objetiva (defesa do ordenamento jurídico). Legitimados específicos: art. 12 da Lei 13.300/2016. Legitimados: são os mesmos da ADI e ADC (art. 12-A da Lei 9.868/99). Cabível apenas falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Cabível quando faltar qualquer norma regulamentadora relacionada a qualquer norma constitucional de eficácia limitada. Efeitosda coisa julgada: limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante. Obs. Poderá, excepcionalmente, ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão proferida na ação de mandado de injunção, quando inerente ou indispensável ao exercício do direito. Efeito erga omnes. MIC e ADO: ambos os instrumentos processuais servem ao combate da chamada “síndrome da inefetividade das normas constitucionais”. Material disponível na pasta de Direitos Difusos e Coletivos Proleges.com.br Clique aqui para voltar ao SUMÁRIO proleges.com.br pág. 18 de 19 INFORMATIVOS • STF determinou, em julgamento de mandado de injunção, que o governo federal implemente, a partir de 2022, o programa de renda básica de cidadania, previsto na Lei nº 10.835/2004. A Lei nº 10.835/2004 instituiu um programa denominado “renda básica de cidadania”. Segundo esse programa, todas as pessoas residentes no Brasil, não importando a sua condição socioeconômica, deverão receber um benefício cujo valor deve ser fixado pelo Poder Executivo. O pagamento do benefício deverá ser de igual valor para todos, e suficiente para atender às despesas mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde. Como esse programa ainda não havia sido implementado, em 2020 o Defensor Público-Geral Federal ajuizou mandado de injunção contra o Presidente da República. O STF decidiu que, como está presente estado de mora inconstitucional, deve ser fixado o valor da renda básica de cidadania para o estrato da população brasileira em condição de vulnerabilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado, pelo Presidente da República, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julgamento de mérito (2022). STF. Plenário. MI 7300/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021 (Info 1014). Por meio da Lei 14.284/2021 foi criado o Programa Auxílio Brasil, substituiu o Bolsa Família. O art. 1º, parágrafo único, da Lei afirma: Parágrafo único. O Programa Auxílio Brasil constitui uma etapa do processo gradual e progressivo de implementação da universalização da renda básica de cidadania a que se referem o caput e o § 1º do art. 1º da Lei nº 10.835, de 8 de janeiro de 2004. • É cabível mandado de Injunção para que se apliquem, aos militares estaduais, as normas que regulamentam o adicional noturno dos servidores públicos civis, desde que o direito a tal parcela esteja previsto na CE ou na LODF. A Constituição Federal não prevê adicional noturno aos Militares Estaduais ou Distritais. Mandado de Injunção será cabível para que se apliquem, aos militares estaduais, as normas que regulamentam o adicional noturno dos servidores públicos civis, desde que o direito a tal parcela remuneratória esteja expressamente previsto na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica do Distrito Federal. STF. Plenário. RE 970823, Rel. Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral - Tema 1038). (Procurador PGEPA 2023 Cespe correta) Será cabível mandado de injunção para que se apliquem aos militares estaduais as normas que regulamentam o adicional noturno dos servidores públicos civis, desde que o direito a tal parcela remuneratória esteja expressamente previsto na Constituição estadual ou, no caso do Distrito Federal, na Lei Orgânica do Distrito Federal. • Não cabe mandado de injunção para regulamentar direito à progressão na carreira militar. Nos termos do art. 5º, LXXI, da CF, o mandado de injunção somente é cabível quando houver mora do Poder Estatal em editar norma jurídica para garantir direitos assegurados constitucionalmente. Embora o art. 142, § 3º, X, da CF, preveja que a lei disporá sobre "direitos" e "prerrogativas" dos militares, não assegura especificamente o pretendido direito à promoção na carreira, que é de natureza essencialmente legal, tal como ressaltado no art. 50, IV, m, da Lei 6.880/80 (Estatuto dos Militares). Assim, não havendo omissão na edição de norma regulamentadora para garantir direitos assegurados constitucionalmente, é imprópria a via do mandado de injunção. STJ. Corte Especial. AgInt no MI 345/DF, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 12/05/2020. • Mandado de injunção é via imprópria para pleitear a regulamentação do direito militar de ascensão funcional do quadro especial do Exército Brasileiro. Determinado militar impetrou mandado de injunção contra o Comandante do Exército afirmando que ele estaria sendo omisso ao não regulamentar o direito de promoção do quadro especial do Exército Brasileiro. Não cabe mandado de injunção neste caso. Para o cabimento do mandado de injunção, é imprescindível a existência de direito previsto na Constituição que não esteja sendo exercido por ausência de norma regulamentadora. O mandado de injunção não é remédio destinado a fazer suprir lacuna ou ausência de regulamentação de direito previsto em norma infraconstitucional e, muito menos, de legislação que se refere a eventuais prerrogativas a serem estabelecidas discricionariamente pela União. Constata-se que não cabe ao Comandante do Exército, por ato infralegal, nem por iniciativa própria, proleges.com.br pág. 19 de 19 inovar no ordenamento jurídico quanto à promoção de militares das Forças Armadas, sob pena de violação ao art. 61, § 1º, II, “f”, da Constituição Federal. A Carta Magna exige lei ordinária ou complementar, de iniciativa do Presidente da República, para tratar de promoções, entre outros direitos, aos militares das Forças Armadas. Além disso, o direito à promoção hierárquica no âmbito do Quadro Especial do Exército não está assegurado na Constituição Federal. STJ. Corte Especial. MI 324-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/02/2020 (Info 679). Mais julgados: Pesquisa pronta (BDOD): clique AQUI. https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?palavra-chave=%22mandado+de+injun%C3%A7%C3%A3o%22&criterio-pesquisa=e&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado
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