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News
— MARÇO 2024 — 
JULGADOS EM DESTAQUE
DIREITO CONSTITUCIONAL
Municípios devem exigir que os pais ou responsáveis comprovem que as crianças receberam 
vacina contra a Covid-19 para que possam se matricular na rede pública de ensino
O Ministério da Saúde, no final de dezembro de 2023, inseriu a vacina pediátrica contra Covid-19 
no Calendário Nacional de Vacinação. Isso significa, na prática, que a vacina contra a Covid-19 se 
tornou obrigatória para as crianças.
Diversos Municípios de Santa Catarina se posicionaram contra a obrigatoriedade e editaram 
decretos dizendo que não seria necessário que os pais apresentassem comprovante de vacinação 
para que as crianças se matriculassem nas escolas da rede municipal de ensino.
O STF, em ADPF ajuizada por um partido político, concedeu medida cautelar para suspender os 
efeitos desses decretos.
A decisão de vacinar, ou não, as crianças, não é individual ou de cada unidade familiar. Essa é uma 
obrigatoriedade que está relacionada ao dever geral de proteção que cabe a todos, especialmente 
ao Estado. 
O direito assegurado a todos os brasileiros de conviver em um ambiente sanitariamente seguro 
sobrepõe-se a eventuais pretensões individuais de não se vacinar.
Quando se trata de criança e adolescente, o art. 14, § 1º, do ECA reforça a necessidade de proteção 
sanitária.
A vacinação obrigatória de crianças já foi decidida pelo STF, quando do julgamento do Tema 1.103 
da repercussão geral (Info 1003).
STF. Plenário. ADPF 1.123 MC-Ref/SC, Rel. Min. Cristiano Zanin, julgado em 11/03/2024 (Info 1127).
JULGADOS EM DESTAQUE 2
É constitucional e não ofende o art. 132 da CF/88 a instituição de procuradorias em 
universidades estaduais
São inconstitucionais — por ofensa ao princípio da unicidade orgânica da advocacia pública 
estadual (art. 132, caput, CF/88) — normas locais que preveem cargos e carreiras de advogado ou 
de procurador para viabilizar a criação ou a manutenção de órgãos de assessoramento jurídico no 
âmbito de autarquias e fundações estaduais. 
Esse entendimento não se aplica, dentre outros casos, na hipótese de instituição de procuradorias 
em universidades estaduais e de manutenção dos órgãos de consultoria jurídica já existentes na 
data da promulgação da Constituição Federal de 1988 (art. 69 do ADCT).
STF. Plenário. ADI 7.218/PB, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/03/2024 (Info 1127).
DIREITO ADMINISTRATIVO
Administração Pública não pode sobrestar o processo de promoção do militar, sob o 
argumento de que a promoção não seria possível porque ultrapassaria os limites com 
pagamento de pessoal do Poder Executivo, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal
Cabe à Administração verificar o preenchimento dos requisitos para promoção por ato de bravura 
de oficial dos quadros da carreira militar, sendo indevida a suspensão do processo administrativo 
motivada na situação econômica do Estado. 
O STJ definiu, no julgamento do Tema 1.075, que a progressão funcional de servidor público está 
compreendida na exceção prevista no art. 22, parágrafo único, I, da Lei Complementar 101/2000 
(Lei da Responsabilidade Fiscal), considerando o art. 37, X, da Constituição Federal.
STJ. 2ª Turma. RMS 69.581-GO, Rel. Min. Afrânio Vilela, julgado em 20/2/2024 (Info 801).
Se o arrematante, que adquiriu o domínio útil mediante hasta pública, pagou o laudêmio por 
força do edital e da carta de arrematação, ele tem legitimidade ativa para pedir a repetição 
do indébito caso entenda que o valor pago foi excessivo
Nos casos de arrematação de imóvel em hasta pública a obrigação pelo recolhimento do laudêmio é 
de responsabilidade do arrematante, quando previsto no Edital do leilão e na Carta de Arrematação. 
Nessa hipótese, o arrematante possui, também, legitimidade ativa para pleitear a sua repetição 
do indébito. 
STJ. 2ª Turma. EDcl no REsp 1.781.946-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/2/2024 (Info 802).
JULGADOS EM DESTAQUE 3
Agente público respondia por improbidade administrativa com base no inc. I do art. 11 
porque fez promoção pessoal em publicidade institucional; esse inciso I foi revogado pela 
Lei 14.230/2021, mas a conduta continua sendo improbidade com fundamento no novo inciso XII
Caso adaptado: ex-prefeito era réu em ação de improbidade porque, durante seu mandato, fez 
promoção pessoal em publicidade institucional da prefeitura. O réu respondia por improbidade 
com base no inciso I do art. 11. A Lei 14.230/2021 revogou o inciso I. O STJ entendeu que não 
houve abolitio, mas sim continuidade típico-normativa porque a conduta continuou a ser punida, 
agora pelo novo inciso XII do art. 11.
Não obstante a abolição da hipótese de responsabilização por violação genérica aos princípios 
administrativos no art. 11 da Lei de Improbidade Administrativa, a nova previsão específica em 
seus incisos, de violação aos princípios da moralidade e da impessoalidade, evidencia verdadeira 
continuidade típico-normativa da conduta.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1.206.630-SP, Rel. Min. Paulo Sérgio Domingues, julgado em 
27/2/2024 (Info 802).
A alteração da forma de cálculo do auxílio-invalidez devido aos servidores militares não viola 
os princípios da legalidade e da irredutibilidade de vencimentos, desde que o valor global da 
remuneração não sofra redução
A Portaria n. 931/2005 do Ministério da Defesa, que alterou a fórmula de cálculo do auxílio-
invalidez para os servidores militares, está em harmonia com os princípios da legalidade e da 
irredutibilidade de vencimento. 
STF. Plenário. RE 642890/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 7/10/2022 (Repercussão Geral – 
Tema 465) (Info 1071).
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.125.429-RS, Rel. Min. Afrânio Vilela, julgado em 5/3/2024 (Info 803).
É inconstitucional lei estadual que prorroga as permissões para empresas operarem serviço 
de transporte alternativo intermunicipal de passageiros
É inconstitucional lei estadual que, em caso de não realização de nova licitação, prorroga 
automaticamente contratos de permissão de transporte rodoviário alternativo intermunicipal de 
passageiros e restaura a vigência de permissões vencidas.
Essa lei viola o art. 175, caput, da CF/88:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
STF. Plenário. ADI 7.241/PI, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/02/2024 (Info 1125).
JULGADOS EM DESTAQUE 4
Lei estadual prevê que um percentual das vagas da Polícia Militar será destinada às 
mulheres; esse dispositivo deve ser interpretado como sendo um percentual mínimo, podendo 
as mulheres concorrerem a todas as vagas
No Amazonas, a lei prevê que, para o ingresso na Polícia Militar do Estado, “serão destinadas, no 
mínimo, 10% (dez por cento) das vagas previstas em concurso para os quadros de combatentes às 
candidatas do sexo feminino.” (art. 2º, § 2º, da Lei 3.498/2010).
O STF conferiu interpretação conforme a Constituição ao dispositivo, a fim de se afastar qualquer 
exegese que admita restrição à participação de candidatas do sexo feminino nos concursos 
públicos para combatentes da corporação militar, sendo-lhes assegurado o direito de concorrer à 
totalidade das vagas oferecidas nos certames, para além da reserva de 10% de vagas exclusivas, 
estabelecida pelo dispositivo que deve ser reconhecido como política de ação afirmativa.
A reserva de vagas para candidatas do sexo feminino para ingresso na carreira da Polícia Militar, 
disposta em norma estadual, não pode ser compreendida como autorização legal que as impeça 
de concorrer à totalidade das vagas disponíveis em concursos públicos, isto é, com restrição e 
limitação a determinado percentual fixado nos editais.
STF. Plenário. ADI 7.492/AM. Rel. Min. Cristiano Zanin, julgado em 10/02/2024 (Info 1123).
É inconstitucional norma de Constituição estadual que estabelece limite etário para 
aposentadoria compulsória diferente do que é fixado pela Constituição Federal
A Emenda Constitucional88/2015:
• aumentou imediatamente para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os cargos 
de Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU; e
• autorizou que fosse editada Lei Complementar aumentando para 75 anos a idade da 
aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos.
Ocorre que, antes mesmo de ser editada a EC 88/2015, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro 
alterou a Constituição Estadual para ampliar para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória 
dos membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública no Estado.
O STF julgou inconstitucional essa alteração promovida na Constituição Estadual.
O poder constituinte estadual não pode definir limite de idade para aposentadoria compulsória 
em contrariedade ao que está previsto na Constituição Federal.
A ALE/RJ invadiu prerrogativa conferida à União para estabelecer normas gerais, de reprodução 
obrigatória, sobre previdência social (art. 24, XII, §§ 1º a 4º, da CF/88). Logo, extrapolou os limites 
do exercício do poder constituinte decorrente reformador.
STF. Plenário. ADI 5.298/RJ e ADI 5.304/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/02/2024 (Info 1123).
JULGADOS EM DESTAQUE 5
É constitucional a lei federal que obriga a inclusão gratuita de canais de programação local 
por prestadores de serviços de TV por assinatura
O § 15 do art. 32 da Lei nº 12.485/2011, inserido pela Lei nº 14.173/2021 (fruto de uma emenda 
parlamentar em uma medida provisória), ampliou o número de canais de televisão aberta 
oferecidos de forma gratuita à população pelas operadoras de TV por assinatura.
O STF decidiu que esse dispositivo é constitucional, tanto do ponto de vista formal como material.
É constitucional norma legal que amplia as obrigações de carregamento compulsório, a cargo 
das distribuidoras de sinal de TV por assinatura, em relação ao conteúdo de geradoras locais 
de radiodifusão, a fim de incluir canais gratuitos em todos os pacotes e sem quaisquer ônus ou 
custos adicionais aos assinantes.
“Carregamento compulsório” significa que essas operadoras de TV por assinatura são 
obrigadas por lei a oferecer certos canais, geralmente com o objetivo de garantir que 
conteúdos considerados de interesse público, como canais de notícias locais, educacionais ou 
governamentais, sejam acessíveis a todos os assinantes.
STF. Plenário. ADI 6.921/DF e ADI 6.931/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 07/02/2024 
(Info 1123).
Não há um dever constitucional de a União pagar verba para custeio de escolas para 
dependentes de diplomatas
O STF negou pedido da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) para que a União 
assegurasse o pagamento de verba para custeio de escolas para dependentes de diplomatas.
O pedido não encontra amparo na Constituição Federal, pois não há obrigação estatal de instituir 
verba para custear o acesso particular à educação para os dependentes dos servidores em questão. 
A legislação infraconstitucional que rege a carreira já contempla o pagamento de auxílio 
familiar, com a finalidade de indenizar as despesas com manutenção, educação e assistência aos 
dependentes do servidor, quando em exercício no exterior.
A garantia constitucional de acesso à educação, em especial, à educação básica, é extensível a 
todos os cidadãos, contudo “não há direito fundamental ao custeio de escolas internacionais para 
uma determinada classe de servidores”.
Não configura omissão inconstitucional do Poder Público a ausência de norma específica 
que garanta assistência indireta e pecuniária aos servidores da carreira diplomática, a fim de 
assegurar amplo acesso à educação de seus dependentes em idade escolar.
STF. Plenário. ADPF 1.073/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/02/2024 (Info 1125).
JULGADOS EM DESTAQUE 6
As empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), quando forem 
demitir seus empregados concursados, não precisam instaurar processo administrativo, mas 
são obrigadas a indicar as razões que motivaram a demissão
As empresas públicas e as sociedades de economia mista, sejam elas prestadoras de serviço 
público ou exploradoras de atividade econômica, ainda que em regime concorrencial, têm o dever 
jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados concursados, não se exigindo 
processo administrativo. Tal motivação deve consistir em fundamento razoável, não se exigindo, 
porém, que se enquadre nas hipóteses de justa causa da legislação trabalhista.
STF. Plenário. RE 688.267/CE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, redator do acórdão Min. Luís Roberto 
Barroso, julgado em 28/02/2024 (Repercussão Geral – Tema 1.022) (Info 1126).
É constitucional a autorização ao Poder Executivo, por lei federal, para instituir produtos 
lotéricos cujo percentual da arrecadação será destinado ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) e 
à Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur)
A atividade de loteria possui natureza jurídica de serviço público, através do qual se organiza 
um sistema com o pagamento de um prêmio. Com a sua delegação, que deve ser precedida 
de processo licitatório, haverá tutela normativa própria e o delegatário será devidamente 
remunerado pela atividade, mediante critérios de política tarifária.
Não há no texto constitucional qualquer exigência no sentido de a remuneração ficar limitada 
pela destinação de parcela da arrecadação a uma determinada finalidade, órgão, entidade, fundo 
ou qualquer despesa, mesmo que socialmente relevantes (art. 175 da CF/88).
A lei impugnada dispõe que os percentuais dos produtos da arrecadação para as respectivas 
destinações serão estabelecidos após a dedução dos pagamentos dos prêmios, da contribuição 
para a seguridade social e do imposto de renda (art. 2º, § 1º, da Lei nº 14.455/2022). Ademais, ela 
apenas autoriza o Poder Executivo a criar os produtos lotéricos denominados “Loteria da Saúde” e 
“Loteria do Turismo”, de modo que inexiste dados objetivos que denotem a alegada desproporção 
ou desvio de finalidade.
Assim, todas as despesas e receitas relacionadas à delegação comporão a equação econômico-
financeira, ao passo que eventuais desproporções serão apreciadas sob a perspectiva contratual, 
consoante as regras de política tarifária.
STF. Plenário. ADI 7.451/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 11/03/2024 (Info 1127).
DOD CAST
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JULGADOS EM DESTAQUE 7
É incompatível com a Constituição Federal de 1988 a concessão de reajuste remuneratório a 
servidores do Poder Legislativo — e sua consequente extensão a servidores dos Tribunais de 
Contas — com base em ato exclusivo exarado pela presidência do órgão
É incompatível com a Constituição Federal de 1988 a concessão de reajuste remuneratório a 
servidores do Poder Legislativo — e sua consequente extensão a servidores dos Tribunais de Contas 
do estado e dos municípios — com base em ato exclusivo exarado pela presidência do órgão.
Antes da EC 19/98, esse reajuste poderia ser concedido mediante resolução previamente 
deliberada e autorizada pela respectiva Mesa Diretora.
Após a EC 19/98, esse reajuste, para ser concedido, precisa de lei formal específica. 
STF. Plenário. ADPF 362/BA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/03/2024 (Info 1127).
DIREITO AMBIENTAL
É indispensável a autorização federal para a utilização de água mineral obtida diretamente 
do solo como insumo em processo industrial, mesmo que não destinada ao envase e 
consumo humano
Caso adaptado: uma indústria fabricante de café decidiu utilizar a água mineral obtida 
diretamente de um manancial a fim de empregá-la em seu processo industrial de fabricação de 
café solúvel. A indústria obteve um título de concessão outorgado por uma autarquia estadual, 
que cuida de questões hídricas no Estado. A empresa passou, então, a utilizar a água mineralobtida diretamente do solo como insumo em seu processo industrial.
A indústria argumentou que, como a água não se destinava ao envase nem ao consumo humano, 
ela não estaria sujeita à autorização federal imposta pelo Código de Águas Minerais (Decreto-Lei 
nº 7.841/45) e pelo Código de Minas (Decreto-Lei nº 227/67).
O STJ não concordou com esse argumento.
O Código de Minas e o Código de Águas Minerais em momento algum estabelecem essa 
restrição. A fiscalização e análise da água pelo DNPM, hoje realizada pela ANM, não tem como 
objetivo somente a verificação de suas propriedades para fins de saúde da população que pode 
vir a consumi-la. É uma atividade que visa ao resguardo dos interesses da União no bem natural 
(art. 20, IX, da CF/88), respeitando imperativos de predominância do interesse público sobre o 
particular e de desenvolvimento no interesse nacional.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.490.603-PR, Rel. Min. Paulo Sérgio Domingues, julgado em 20/2/2024 (Info 801).
JULGADOS EM DESTAQUE 8
DIREITO ELEITORAL
É inconstitucional a restrição de acesso de partidos e candidatos à segunda etapa de 
distribuição das sobras eleitorais, vagas não preenchidas nas eleições proporcionais; logo, 
todos os partidos poderão participar da última fase de distribuição dessas vagas, antes 
reservada aos que atingissem cláusula de desempenho
Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional, é válida a regra que, na 3ª fase de distribuição 
de vagas (2ª etapa de distribuição de sobras), restringe a participação aos partidos políticos que 
tenham obtido número de votos equivalente a 80% do quociente eleitoral? NÃO.
O STF já entendeu que regras que exigem dos partidos um número mínimo de votos para eleger 
representantes – as chamadas cláusulas de desempenho – são, em princípio, compatíveis com a 
Constituição, porque buscam desestimular o surgimento de grande número de partidos políticos 
sem base de representação na sociedade. 
Apesar disso, a regra que diz que o partido precisa alcançar pelo menos 80% do quociente eleitoral 
para concorrer às vagas na 2ª etapa de distribuição das sobras beneficia os grandes partidos, 
que têm mais facilidade para alcançar a votação mínima exigida, dificultando em excesso a 
participação de partidos pequenos. Além disso, como não se exige que os candidatos recebam um 
número mínimo de votos, parlamentares podem ser eleitos com pouquíssimos votos, apenas por 
integrarem partidos grandes. Ao mesmo tempo, candidatos com muitos votos podem ficar de fora 
por pertencerem a partidos que não alcançaram 80% do quociente eleitoral. Por descaracterizar 
o sistema proporcional previsto na Constituição, essa regra é inválida e todos os partidos que 
participaram da eleição devem concorrer na 2ª etapa de distribuição das sobras. 
Desse modo, a fim de viabilizar a ocupação dos lugarem por candidatos de partidos pequenos 
com expressiva votação, a 3ª etapa de distribuições das vagas das eleições proporcionais (sobras 
eleitorais, quando não mais existam partidos que tenham atingido votação mínima de 80% do 
quociente eleitoral e que tenham, simultaneamente, candidatos com votação nominal igual 
ou superior a 20% desse quociente), contará com a participação de todos os partidos políticos, 
independentemente de terem obtido número de votos equivalente à determinada porcentagem 
pré-definida do quociente eleitoral.
É inconstitucional — por ofensa ao caráter proporcional das eleições parlamentares — a regra 
do Código Eleitoral que prevê que, caso nenhum partido alcance o quociente eleitoral, as vagas 
devem ser preenchidas pelos candidatos mais votados. 
STF. Plenário. ADI 7.228/DF, ADI 7.263/DF e ADI 7.325/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redatora 
do acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/02/2024 (Info 1126).
JULGADOS EM DESTAQUE 9
DIREITO CIVIL
É possível a inclusão do sobrenome do padrinho para constituição de prenome composto, 
com amparo na regra do art. 56 da Lei 6.015/73 (redação original), independentemente de 
motivação
Caso hipotético: durante muito novo, Lucas Souza Garcia teve intensa convivência com Francisco 
Bianchi, seu padrinho, a quem considera como segundo pai.
Lucas decidiu fazer uma homenagem ao padrinho e, quando completou 18 anos, com a 
concordância de Francisco, tentou alterar acrescentar a expressão Bianchi ao seu prenome. Seu 
nome completo ficaria Lucas Bianchi Souza Garcia.
O fundamento para esse pedido foi o art. 56 da Lei nº 6.015/73.
O STJ concordou com o pleito.
Essa pretensão não é proibida pela lei considerando que o art. 56 da LRP, seja antes ou depois 
da Lei nº 14.382/2022, não exige a apresentação de justo motivo para a alteração do prenome. 
Ora, se a lei permite a modificação de um prenome por um outro (ex: Lucas poderia passar a se 
chamar Pedro), não há motivo plausível para se proibir a inclusão de determinada partícula para 
tornar esse pronome duplo ou composto, como ocorre no caso concreto (Lucas Bianchi).
Dessa maneira, sem desprezar o princípio da imutabilidade do nome, deve-se admitir o pleito de 
alteração do prenome, relegando essa matéria ao âmbito da autonomia privada, pois ausente 
qualquer risco à segurança jurídica e a terceiros, já que foram juntadas inúmeras certidões 
negativas em relação ao nome do autor, bem como há declaração expressa do padrinho no 
sentido de não se opor ao fato de que o afilhado faça a inclusão postulada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.951.170-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/2/2024 (Info 801).
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JULGADOS EM DESTAQUE 10
A prisão civil do devedor de alimentos pode ser afastada quando particularidades do caso 
concreto permitem aferir a ausência de urgência no recebimento dos alimentos executados
Caso adaptado: João, pai de Ana, deixou de pagar as prestações alimentícias que ele havia 
acordado. Diante disso, Ana, em 2015, ingressou com execução de alimentos contra o pai, 
processo que ficou tramitando lentamente. Anos depois, em 2023, um novo juiz assumiu a vara 
e, dando agilidade aos processos parados, decretou a prisão civil de João como forma coercitiva 
de pagamento do débito. O executado impetrou habeas corpus alegando que sua filha Ana, por 
ser maior de idade, advogada, tem plenas condições de se manter pelo próprio esforço, motivo 
pelo qual não há urgência no recebimento da verba alimentar, não se justificando a utilização da 
medida extrema da prisão civil para forçar o adimplemento da obrigação. O STJ concordou com os 
argumentos do executado.
Em regra, a maioridade civil e a capacidade de promoção ao próprio sustento, por si só, não são 
motivos suficientes para desconstituir a obrigação alimentar. Para que a obrigação alimentar 
chegue ao fim é necessária prova pré-constituída da ausência de necessidade dos alimentos. 
Nesse sentido: Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a 
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.
Contudo, o caso concreto acima narrado possui particularidades que permitem aferir a ausência 
de urgência no recebimento dos alimentos executados pelo rito da prisão civil: 
(i) a credora é maior de idade (26 anos), advogada, sendo associada a um escritório de advocacia 
onde atua em diversas causas; (ii) diante disso, não existe um risco iminente à sobrevivência da 
credora, podendo ela, por conta própria, continuar promovendo seu sustento.
Desse modo, a medida coativa extrema (prisão civil) se revela desnecessária e ineficaz.
STJ. 3ª Turma. HC 875.013/RN, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 20/2/2024 (Info 802).
Para que ocorra a verificação ficta da condição prevista no art. 120 do CC/1916 exige-se 
apenas quea parte tenha praticado intencionalmente fatos que fizeram com que a condição 
não fosse implementada
Ainda que se entenda que a verificação ficta da condição exige prova do dolo, por se tratar 
de fatos ocorridos na vigência do Código Civil de 1916, não está tal elemento associado a um 
específico resultado, mas somente à prática intencional dos fatos que deram ensejo à não 
implementação da condição. 
STJ. 3ª Turma. REsp 2.117.094-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/3/2024 (Info 803).
DOD PÉDIA
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Clique aqui e colabore incluindo novas definições 
ou melhorando os comentários que já existem
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JULGADOS EM DESTAQUE 11
DIREITO DO CONSUMIDOR
Planos de saúde são obrigados a custear psicopedagogia, equoterapia e musicoterapia para 
crianças com autismo, se tais tratamentos tiverem sido prescritos pelo médico assistente
A psicopedagogia, a equoterapia e a musicoterapia são de cobertura obrigatória pelas operadoras 
de planos de saúde para os beneficiários com transtornos globais do desenvolvimento, dentre 
eles o transtorno do espectro autista.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.064.964/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/2/2024 (Info 802).
Se o consumidor é injustificadamente cobrado em excesso, terá direito à devolução em dobro 
mesmo que não prove a má-fé do fornecedor
A repetição em dobro, prevista no parágrafo único do art. 42 do CDC, é cabível quando a 
cobrança indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva, ou seja, deve ocorrer 
independentemente da natureza do elemento volitivo. 
STJ. Corte Especial. EAREsp 1.501.756-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/2/2024 (Info 803).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Se houver mais de um vencedor na demanda, a parte sucumbente pagará apenas um valor de 
honorários advocatícios que será dividido entre os vencedores
Quando houver pluralidade de vencedores representados por escritórios de advocacia distintos, 
os honorários de sucumbência deverão ser partilhados entre eles, na proporção das respectivas 
pretensões. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.842.035-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/2/2024 (Info 802).
Não é possível a aplicação do limite de crédito de 150 salários-mínimos, previsto no art. 83, I, 
da Lei 11.101/2005, à hipótese de concurso singular de credores contra devedor solvente
O limite de 150 salários-mínimos, previsto no art. 83, I, da Lei 11.101/2005 para pagamento 
preferencial de crédito trabalhista em concurso universal de credores, não se aplica por analogia 
ao concurso singular, em razão da diversidade dos propósitos de cada um dos procedimentos e 
de suas particularidades.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.839.608-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 20/2/2024 (Info 802).
JULGADOS EM DESTAQUE 12
É nula a modificação ou alternância do meio de intimação eletrônica (Portal ou Diário 
eletrônico) pelos Tribunais, durante a tramitação processual, sem aviso prévio, causando 
prejuízo às partes
Caso hipotético: Regina ajuizou ação contra Madalena. Durante a tramitação do processo, todas 
as intimações ocorreram por meio do Portal Eletrônico. Ao final, o pedido foi julgado procedente. 
Inconformada, Madalena interpôs apelação. Na peça recursal, o advogado de Madalena requereu 
que o julgamento ocorresse, no Tribunal de Justiça, de forma presencial (e não virtual), para que 
pudesse realizar sustentação oral. Esse pedido do advogado foi acolhido pelo Desembargador 
Relator, que determinou a inclusão do feito em pauta de julgamento presencial. O advogado de 
Madalena tomou conhecimento dessa decisão do Relator por meio de intimação realizada pelo 
Portal Eletrônico (assim como havia ocorrido durante todo o processo). Em seguida, o advogado 
ficou acompanhando o Portal Eletrônico e aguardando a intimação da pauta com a data do 
julgamento. No entanto, para surpresa do advogado de Madalena, três meses depois, a intimação 
que ele recebeu no Portal Eletrônico foi a de que o julgamento da apelação havia ocorrido na 
semana anterior e que o Tribunal de Justiça havia desprovido o recurso, confirmando a sentença.
O STJ reconheceu a nulidade do julgamento da apelação.
Se as intimações do feito vinham sendo intimada por meio do Portal eletrônico, não é possível 
que o Poder Judiciário, de inopino e sem prévio aviso aos interessados, altere o meio utilizado e 
faça a publicação exclusivamente no Diário de Justiça eletrônico, surpreendendo a parte e seu 
representante e causando-lhe prejuízo, já que não pode comparecer ao julgamento e proferir 
sustentação oral.
STJ. 4ª Turma. REsp 2.018.319-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/2/2024 (Info 801).
https://www.editorajuspodivm.com.br/vade-mecum-de-jurisprudencia-dizer-o-direito-20232
https://www.editorajuspodivm.com.br/sumulas-do-stf-e-do-stj-anotadas-e-organizadas-por-assuntos-20232
JULGADOS EM DESTAQUE 13
O MP possui legitimidade para propor ACP que trate de contrato de honorários advocatícios 
abusivos quando houver litigantes hipossuficientes e repercussão social que transcenda a 
esfera dos interesses particulares, como nos de beneficiários da Previdência Social
Caso adaptado: dois advogados convencem inúmeros trabalhadores rurais idosos a propor 
ações previdenciárias. O aspecto impugnado diz respeito à cláusula de honorários advocatícios 
contratuais. De acordo com o contrato assinado, em caso de êxito nas demandas, os advogados 
teriam direito de ficar com todo o benefício previdenciário retroativo do autor ou com o valor 
correspondente a prestações vincendas durante três anos (caso não houvesse atrasados).
Diante desse cenário, o Ministério Público ajuizou ação civil pública contra os advogados 
questionando a validade dessa cláusula de honorários.
O STJ afirmou que o Ministério Público possui legitimidade.
Quando se cuida de situação recorrente e continuada, de clientes em situação de hipossuficiência 
que são induzidos, em razão de sua condição de vulnerabilidade, a anuir com cobrança abusiva 
de honorários advocatícios contratuais, desenha-se uma situação que ultrapassa os limites da 
esfera individual.
A modalidade de advocacia predatória que obsta o propósito da Previdência Social de mantença de 
seus segurados, ao atuar com desídia para aumentar a sua remuneração e ao cobrar honorários 
que prejudicam a subsistência dos beneficiários, desvirtua a lógica do direito previdenciário.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.079.440-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/2/2024 (Info 801).
Para julgamento do IRDR exige-se, em regra, o julgamento conjunto de uma causa-piloto
Na sistemática da causa-piloto há a seleção de uma lide concreta (um processo judicial, com 
partes determinadas) para que sirva de referência na delimitação da controvérsia que está se 
repetindo. Esse processo específico será utilizado como “piloto” para que o Tribunal fixe uma tese 
genérica que, posteriormente, vai ser aplicada a todos os casos com controvérsias idênticas.
Na sistemática do procedimento-modelo (ou causa-modelo) fixa-se uma tese abstrata sem uma 
causa-piloto que lhe subsidie.
O CPC estabeleceu, como regra, a sistemática da causa-piloto para o julgamento do IRDR. Isso 
significa que o incidente deve ser instaurado em um processo já em curso no Tribunal.
O Tribunal de origem não é livre para julgar o IRDR apenas com base em uma causa-modelo.
Somente se admite a sistemática da causa-modelo em duas hipóteses:
a) quando houver desistência das partes que tiveram seus processos selecionados como 
representativos da controvérsia multitudinária, nos termos do art. 976, § 1º, do CPC.
b) quando se tratar de pedido de revisão da tese jurídica fixada no IRDR (art. 986 do CPC).
STJ. 2ª Turma. REsp 2.023.892-AP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 5/3/2024 (Info 803).
JULGADOS EM DESTAQUE 14
Compete ao Juízo Estadual o processamento e julgamento do cumprimento de sentença 
promovido pelo INSS relativo ao ressarcimentode honorários periciais antecipados no bojo 
de ação acidentária
Situação hipotética: João ajuizou ação contra o INSS pedindo a concessão de aposentadoria por 
incapacidade permanente em decorrência de acidente de trabalho (ação acidentária). A ação foi 
proposta na Justiça comum estadual (1ª Vara Cível da Justiça Estadual). Foi concedida gratuidade 
da justiça em favor do autor. João pediu a realização de perícia médica. O médico perito cobrou 
R$ 1.500,00 de honorários periciais, o que foi homologado pelo juízo. O INSS adiantou o valor 
dessa despesa. A perícia constatou que a limitação apresentada “em hipótese alguma pode ser 
considerada como acidente de trabalho”, “sendo consequência direta e exclusiva de acidente de 
trânsito anterior, sem relação com o trabalho”. Embasado nessas conclusões médicas, o Juízo 
estadual (1ª Vara Cível da Justiça Estadual) julgou improcedente o pedido autoral. 
Diante desse cenário, o INSS requereu, na 2ª Vara da Fazenda Pública da Justiça Estadual, o 
início de cumprimento de sentença. O objetivo do INSS era o de ser ressarcido pelo valor dos 
honorários periciais que ele havia adiantado (R$ 1.500,00). De quem o INSS cobrou o valor? Do 
Estado-membro. Como João, o autor sucumbente, foi beneficiário da assistência judiciária gratuita 
e a demanda tramitou perante o foro da Justiça Estadual, o INSS indicou como executado o Estado 
do Mato Grosso do Sul. A autarquia previdenciária cobrou do Estado-membro com base no que o 
STJ decidiu no Tema 1.044.
De quem será a competência para julgar esse cumprimento de sentença?
Da Justiça Estadual. Compete ao Juízo Estadual o processamento e julgamento do cumprimento 
de sentença promovido pelo INSS relativo ao ressarcimento de honorários periciais antecipados 
no bojo de ação acidentária.
STJ. 1ª Seção. CC 191.185-MS, Rel. Min. Afrânio Vilela, julgado em 28/2/2024 (Info 802).
Cabe recurso especial contra acórdão proferido pelo tribunal de origem que fixa tese jurídica 
em abstrato do IRDR se o recorrente estiver discutindo a admissão e o julgamento do IRDR
Suponhamos que o Tribunal de origem fixou tese jurídica em abstrato em julgamento do IRDR, 
mas não apreciou nenhum caso concreto. Cabe recurso especial contra esse acórdão?
Em regra, não. Isso porque não houve causa decidida.
Exceção: se o recurso estiver discutindo as normas processuais de admissão e julgamento do IRDR. 
Cabe recurso especial contra acórdão proferido pelo Tribunal de origem que fixa tese jurídica 
em abstrato em julgamento do IRDR para tratar de debate acerca da aplicação, em concreto, das 
regras processuais previstas para a admissão e o julgamento do IRDR. 
STJ. 2ª Turma. REsp 2.023.892-AP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 5/3/2024 (Info 803).
JULGADOS EM DESTAQUE 15
A cessão de crédito, desde logo noticiada em transação firmada entre credor e devedor, 
afasta a legitimidade do cedente para executar diferenças decorrentes da mora no 
cumprimento do pacto celebrado
Caso adaptado: a construtora Alfa tinha um crédito de R$ 50 milhões para receber do Estado-
membro. Este crédito estava sendo discutido em um processo envolvendo Alfa e o Estado-
membro. A Alfa e o Estado-membro fizeram um acordo para encerrar o processo. Além disso, a 
Alfa, com a autorização do Estado-membro, cedeu o crédito para a empresa Beta. Ficou ajustado 
que os R$ 50 milhões seriam pagos através de compensação, a ser realizada pelo Estado-membro, 
de débitos de ICMS da Beta (cessionária), em quotas mensais, iguais e sucessivas no valor 
máximo de R$ 5 milhões. Ficou combinado, ainda, que haveria a incidência de juros e correção 
monetária, a partir da data da compensação da primeira parcela. O acordo foi homologado 
judicialmente. O Estado-membro passou a dar cumprimento ao acordo, compensando a primeira 
parcela em 05/04/2002.
Acontece, no entanto, que as compensações foram unilateralmente interrompidas/suspensas 
pelo Estado pelo período de 03/07/2002 a 02/09/2004, ou seja, por mais de 2 anos. 
Após esse período, o Estado retomou as compensações, cumprindo o acordo até o final.
Em razão disso, em 08/05/2007, a Construtora Alfa ingressou com cumprimento de sentença, 
objetivando receber os juros e a correção monetária incidentes sobre o período em que o Estado 
permaneceu com o acordo suspenso.
A Alfa não tem legitimidade. A legitimidade, neste caso, é da cessionária (Beta), com fundamento 
no art. 567, II, do CPC/1973 (art. 778, § 1º, III, do CPC/2015).
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1.267.649-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 27/2/2024 (Info 802).
Nas ações coletivas em que a associação representa seus associados por legitimação 
ordinária o entendimento que deve ser aplicado é o firmado no Tema 499 do STF
Nas ações coletivas em que a associação representa seus associados por legitimação ordinária, 
nos termos do art. 5º, XXI, da CF/88, o entendimento que deve ser aplicado é o firmado no Tema 
n. 499 do STF.
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada 
por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, 
residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até 
a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo 
de conhecimento (STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2017) 
(Repercussão Geral – Tema 499) (Info 864).
STJ. Corte Especial. EREsp 1.367.220-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 6/3/2024 (Info 803).
JULGADOS EM DESTAQUE 16
É inconstitucional lei estadual que preveja que todas as dívidas provenientes de Juizados 
Especiais da Fazenda Pública e que tenham natureza alimentícia estão dispensadas do 
regime de precatórios, independentemente do valor do débito
Compete a cada ente federativo, segundo sua capacidade econômica, fixar o valor-teto 
das obrigações de pequeno valor decorrentes de sentenças judiciais para pagamento 
independentemente de precatórios, desde que o valor mínimo corresponda ao montante do 
maior benefício do Regime Geral de Previdência Social (art. 100, §§ 3º e 4º; e ADCT, art. 87, CF/88). 
Contudo, lhes é vedado ampliar a dispensa de precatórios para hipóteses não previstas no texto 
constitucional, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia, uma vez consideradas as situações 
não abarcadas pelo privilégio (art. 5º, caput, CF/88).
STF. Plenário. ADI 5.706/RN, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/02/2024 (Info 1125).
DIREITO PENAL
A apreensão e perícia da substância entorpecente é imprescindível para a comprovação 
da materialidade do crime de tráfico de drogas
Caso hipotético: A polícia investigava há alguns meses João, Pedro e Tiago, suspeitos de 
praticarem tráfico de drogas na região. Havia, inclusive, o depoimento de pessoas que afirmaram 
que adquiram drogas com o grupo. Com base nesses elementos informativos, a polícia requereu 
a interceptação telefônica dos suspeitos, o que foi deferido. Foram então captadas conversas 
que indicavam a existência de negociações de drogas entre os membros do grupo, com detalhes 
sobre venda, compra e oferta de substâncias ilícitas a terceiros. O juiz também autorizou 
a realização de busca e apreensão nas residências dos suspeitos. Apesar disso, não foram 
encontradas drogas no local. Com base nos depoimentos dos compradores e nas conversas 
telefônicas, o Ministério Público estadual denunciou João, Pedro e Tiago por tráfico de drogas 
(art. 33 da Lei nº 11.343/2006). Em resposta à acusação, dentre outros argumentos, os réus 
alegaram não haver provas da materialidade dos crimes, pois não foram apreendidas quaisquer 
substâncias entorpecentes com os acusados e, por consequência, não havia laudo de constatação 
nem exame químico-toxicológico nos autos.
O STJ concordou com os argumentos dos acusados. 
A apreensão e perícia de drogas se revelam imprescindíveis para a condenação do acusado pela 
prática do crime de tráfico de drogas. Na ausência de apreensão de substânciasentorpecentes, os 
demais elementos de prova, por si sós, ainda que em conjunto, não se prestam à comprovação da 
materialidade delitiva. 
STJ. 3ª Seção. HC 686.312/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, relator para acórdão Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 12/4/2023.
STJ. 5ª Turma. REsp 2.107.251-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 20/2/2024 
(Info 801).
JULGADOS EM DESTAQUE 17
A reiteração da conduta delitiva obsta a aplicação do princípio da insignificância ao crime 
de descaminho?
A reiteração da conduta delitiva obsta a aplicação do princípio da insignificância ao crime de 
descaminho - independentemente do valor do tributo não recolhido -, ressalvada a possibilidade 
de, no caso concreto, se concluir que a medida é socialmente recomendável. 
A contumácia pode ser aferida a partir de procedimentos penais e fiscais pendentes de 
definitividade, sendo inaplicável o prazo previsto no art. 64, I, do CP, incumbindo ao julgador 
avaliar o lapso temporal transcorrido desde o último evento delituoso à luz dos princípios da 
proporcionalidade e razoabilidade. 
STJ. 3ª Seção. REsps 2.083.701-SP, 2.091.651-SP e 2.091.652-MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 28/2/2024 (Recurso Repetitivo – Tema 1218) (Info 802).
O inadimplemento da pena de multa impede a extinção da punibilidade mesmo que já tenha 
sido cumprida a pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direitos?
Regra: se o indivíduo for condenado a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da 
pena de multa impede a extinção da punibilidade. Em outras palavras, somente haverá a extinção 
da punibilidade se, além do cumprimento da pena privativa de liberdade (ou restritiva de direitos), 
houver o pagamento da multa.
Exceção: se o condenado alegar que não tem como pagar a multa a punibilidade será extinta, 
salvo se o Estado conseguir demonstrar que ele tem condições financeiras.
O inadimplemento da pena de multa, mesmo após o cumprimento da pena de prisão ou da pena 
restritiva de direitos, não impede a extinção da punibilidade, desde que o condenado alegue 
hipossuficiência, salvo se o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, entenda de 
forma diferente, indicando especificamente a capacidade de pagamento da penalidade pecuniária. 
STJ. 3ª Seção. REsp 2.090.454-SP e REsp 2.024.901-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
28/02/2024 (Recurso Repetitivo – Tema 931) (Info 803).
Para aplicar-se a Lei Maria da Penha, não se exige demonstração de hipossuficiência ou 
de vulnerabilidade da mulher agredida
A orientação mais condizente com o espírito da Lei nº 11.340/2006 é no sentido de que 
a vulnerabilidade e a hipossuficiência da mulher são presumidas, sendo desnecessária a 
demonstração da motivação de gênero para que incida o sistema protetivo da Lei Maria da Penha 
e a competência da vara especializada. 
É desnecessária, portanto, a demonstração específica da subjugação feminina para que seja 
aplicado o sistema protetivo da Lei Maria da Penha, pois a organização social brasileira ainda 
é fundada em um sistema hierárquico de poder baseado no gênero, situação que o referido 
diploma legal busca coibir.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.080.317-GO, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 4/3/2024 (Info 803).
JULGADOS EM DESTAQUE 18
A constituição de família não exclui, per se, a punibilidade do crime de estupro de vulnerável
Caso adaptado: Carolina, então com 13 anos de idade, iniciou um “namoro” com Rogério, 20 anos 
de idade, relacionamento que ocorria às escondidas. A família de Carolina, quando descobriu 
o relacionamento, acionou o Conselho Tutelar, que tentou afastar Rogério da menina, mas eles 
continuaram se encontrando escondido. Em seguida, Carolina, ainda com 13 anos, apareceu 
grávida de Rogério. Os fatos foram levados ao conhecimento do Ministério Público, que ofereceu 
denúncia contra Rogério, por estupro de vulnerável.
O STJ manteve a condenação de Rogério.
A defesa pedia a absolvição baseada no fato de que houve o nascimento de uma filha. O STJ 
rejeitou esse argumento. O nascimento de uma filha, neste caso, é uma circunstância que torna 
ainda mais gravosa a conduta do agente, considerando que precocemente impõe a maternidade 
à vítima, cuja idade implica riscos à sua saúde física e mental, bem como subtrai-lhe a vivência da 
adolescência como tal e lhe obriga a tarefas e responsabilidades de uma pessoa adulta, sem ter 
ainda, para tanto, o necessário amadurecimento de sua constituição física e psíquica.
Ademais, a gravidez da vítima, por força de lei, aumenta a reprovabilidade da ação, atraindo até 
mesmo uma causa de aumento de pena (art. 234-A, III, do CP).
Vale ressaltar que existem julgados do STJ no sentido de que, em situações muito excepcionais 
o crime de estupro de vulnerável não deve ensejar a punição de seu autor – por razões 
humanitárias e de ponderação dos interesses e dos bens em conflito. Nesse sentido: REsp 
1.977.165/MS (Info 777). Contudo, esse não é o caso dos autos porque há registro de que o 
relacionamento não subsiste e que não houve concordância dos pais.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 849.912/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/2/2024 (Info 803).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
A mera inobservância do procedimento de cadeia de custódia previsto CPP não acarreta, 
automaticamente, a imprestabilidade das provas colhidas; a consequência processual 
dependerá da análise do caso concreto
A quebra da cadeia de custódia, em razão da falta de numeração individualizada do material 
objeto da perícia definitiva, que resulte na impossibilidade de se distinguir, com segurança, se 
a reconhecida inconsistência de parte da perícia, relativa a natureza entorpecente do material 
apreendido, referia-se às substâncias apreendidas por ocasião da busca pessoal ou das provas 
declaradas ilícitas por desrespeito à inviolabilidade domiciliar, acarreta a absolvição do acusado 
por falta de materialidade delitiva.
STJ. 6ª Turma. REsp 2.024.992-SP, Rel. Min. Teodoro Silva Santos, julgado em 5/3/2024 (Info 803).
JULGADOS EM DESTAQUE 19
É dever do Judiciário indagar à pessoa autodeclarada parte da população transexual acerca 
da preferência pela custódia em unidade feminina, masculina ou específica, se houver, e, na 
unidade escolhida, preferência pela detenção no convívio geral ou em alas ou celas específicas
A determinação do local do cumprimento da pena da pessoa transgênero não é um exercício de livre 
discricionariedade da julgadora ou do julgador, mas sim uma análise substancial das circunstâncias 
que tem por objeto resguardar a liberdade sexual e de gênero, a integridade física e a vida das 
pessoas transgênero presas, haja vista que o art. 7° da Resolução CNJ n. 348/2020 determina que a 
referida decisão “será proferida após questionamento da preferência da pessoa presa”. 
Assim, o órgão estatal judicial responsável pelo acompanhamento da execução da pena não deve 
ter por objeto resguardar supostos constrangimentos das agentes carcerárias, pois, para isso, 
o Estado tem outros órgãos e outros instrumentos, que, inclusive, utilizam a força e a violência; 
e, por isso, é objetivo do Judiciário resguardar a vida e a integridade físicas das pessoas presas, 
respeitando a diversidade de gênero e a liberdade sexual.
O STF, em 2019, em razão da diversidade de gênero e da igualdade material, havia concedido 
medida cautelar na ADPF 527, para que pessoas presas transexuais e travestis com identidade de 
gênero feminino pudessem escolher cumprir a pena em estabelecimentos prisionais femininos 
ou masculinos. Assim também determina o art. 8° da Resolução CNJ n. 348/2020.
STJ. 6ª Turma. HC 861.817-SC, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), 
julgado em 6/2/2024 (Info 801).
Se o preso fez um curso à distância, ele somente terá direito à remição se a instituição de 
ensino que ministrou o recurso for credenciada junto ao SISTEC do Ministério da Educação
Para fins de remição de pena, a instituição deensino que ministra o curso à distância deve estar 
credenciada junto ao Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica 
(SISTEC) do Ministério da Educação. 
A remição de pena em virtude de estudo realizado pelo apenado na modalidade capacitação 
profissional à distância deve atender os seguintes requisitos:
1) demonstração de que a instituição de ensino que ministra o curso à distância é autorizada ou 
conveniada com o poder público para esse fim; 
b) demonstração da integração do curso à distância realizado ao projeto político-pedagógico 
(PPP) da unidade ou do sistema prisional; 
c) indicação da carga horária a ser ministrada e do conteúdo programático; 
d) registro de participação da pessoa privada de liberdade nas atividades realizadas.
STJ. 5ª Turma. REsp 2.105.666-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/2/2024 
(Info 802).
JULGADOS EM DESTAQUE 20
O inadimplemento da pena de multa impede a extinção da punibilidade mesmo que já tenha 
sido cumprida a pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direitos?
Regra: se o indivíduo for condenado a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da 
pena de multa impede a extinção da punibilidade. Em outras palavras, somente haverá a extinção 
da punibilidade se, além do cumprimento da pena privativa de liberdade (ou restritiva de direitos), 
houver o pagamento da multa.
Exceção: se o condenado alegar que não tem como pagar a multa a punibilidade será extinta, 
salvo se o Estado conseguir demonstrar que ele tem condições financeiras.
O inadimplemento da pena de multa, mesmo após o cumprimento da pena de prisão ou da pena 
restritiva de direitos, não impede a extinção da punibilidade, desde que o condenado alegue 
hipossuficiência, salvo se o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, entenda de 
forma diferente, indicando especificamente a capacidade de pagamento da penalidade pecuniária. 
STJ. 3ª Seção. REsp 2.090.454-SP e REsp 2.024.901-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
28/02/2024 (Recurso Repetitivo – Tema 931) (Info 803).
São nulas as provas obtidas a partir de dados preservados em contas da internet (com o 
congelamento e a consequente perda da disponibilidade), mediante requerimento do Ministério 
Público, sem a prévia autorização judicial de quebra de sigilo e fora das hipóteses legais
O “Marco Civil da Internet” (Lei nº 12.965/2014) exige, em regra, autorização judicial para 
disponibilizar dados pessoais, comunicações privadas ou informações relativas a registro de 
conexão e acesso, tendo em vista o direito à preservação da intimidade, da vida privada, da 
honra, da imagem e dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais.
Vale ressaltar, contudo, que o Ministério Público pode requerer, de forma cautelar, que os registros 
de conexão e de acesso a aplicações de internet sejam guardados antes da autorização judicial, 
por determinado período, desde que limitados ao conjunto de informações referentes à data e 
à hora de uso de uma específica aplicação e a partir de um determinado endereço IP. Isso está 
previsto no art. 13, § 2º da Lei nº 12.965/2014.
No caso concreto, o Ministério Público, sem autorização judicial, expediu ofícios a provedores de 
internet para determinar a preservação dos dados e IMEIs, informações cadastrais, histórico de 
localização e pesquisas, conteúdo de e-mails e iMessages/hangouts, fotos e nomes de contatos 
de pessoas investigadas. 
Para o STF, as provas obtidas a partir desse requerimento foram nulas. Isso porque o Parquet 
pediu o congelamento de outros dados além dos registros de conexão que são autorizados pelo 
§ 2º do art. 13 do Marco Civil da Internet.
A subtração do controle do cidadão sobre suas informações sem a devida observância das regras 
de organização e procedimento, além de afrontar a legislação pertinente e alguns dos direitos e 
garantias fundamentais, ofende o direito à autodeterminação informativa do indivíduo.
STF. 2ª Turma. HC 222.141 AgR/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 06/02/2024 (Info 1123).
JULGADOS EM DESTAQUE 21
Se o indivíduo, ao avistar uma ronda policial, correu para dentro de sua casa, isso pode ser 
considerado como atitude suspeita, autorizando o ingresso na casa mesmo sem autorização 
ou ordem judicial?
Caso adaptado: Policiais militares realizavam patrulhamento de rotina nas ruas de um bairro 
quando avistaram Pedro em frente a uma casa. Ao notar a aproximação da viatura, Pedro correu 
para dentro da casa, o que gerou suspeita nos policiais. Os policiais entraram na residência de 
Pedro e ali encontraram droga. 
A defesa impetrou habeas corpus alegando houve violação à inviolabilidade de domicílio.
O Tribunal de Justiça negou a liminar.
A defesa impetrou novo habeas corpus perante o STJ, que foi indeferido liminar e monocraticamente 
pelo Ministro Relator. O Ministro do STJ argumentou que, em regra, não cabe novo habeas corpus 
contra a decisão que negou a liminar em outro habeas corpus. 
Inconformado, o flagranteado impetrou novo habeas corpus, agora perante o STF.
O STF não conheceu do habeas corpus. Vale ressaltar, no entanto, que tanto no voto vencido 
como no voto vencedor foram tecidos alguns comentários sobre o mérito do caso concreto.
No voto do Ministro Alexandre de Moraes, redator para o acórdão, constou o seguinte:
Não há ilegalidade na ação de policiais militares que — amparada em fundadas razões sobre 
a existência de flagrante do crime de tráfico de drogas na modalidade “ter em depósito” — 
ingressam, sem mandado judicial, no domicílio daquele que corre, em atitude suspeita, para o 
interior de sua residência ao notar a aproximação da viatura policial.
STF. Plenário. HC 169.788/SP, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 04/03/2024 (Info 1126).
DIREITO TRIBUTÁRIO
É constitucional lei que excluiu da isenção do II e do IPI nas operações com petróleo e 
derivados por empresas da Zona Franca de Manaus
É constitucional a exclusão do regime de isenção fiscal da Zona Franca de Manaus das exportações 
ou reexportações, importações e operações com petróleo, lubrificantes e combustíveis líquidos e 
gasosos derivados de petróleo.
Tese fixada: É constitucional o dispositivo de lei federal que tão somente explicita a extensão dos 
benefícios fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus pelo Decreto-Lei nº 288/1967, em sua 
redação original.
STF. Plenário. ADI 7.239/DF, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, julgado em 11/03/2024 (Info 1127).
JULGADOS EM DESTAQUE 22
O montante, antes utilizado para as deduções de IRPJ e CSLL e, posteriormente, objeto de 
repetição de indébito, compõe as bases de cálculo desses tributos, por constituir acréscimo 
patrimonial
Caso hipotético: a indústria de alimentos Alfa Ltda pagou diversos tributos federais. 
Posteriormente, constatou que parte desses tributos foram pagos indevidamente. 
Diante disso, a Alfa ajuizou ação de repetição de indébito pedindo a restituição desses valores.
Anos depois, o pedido de restituição foi julgado procedente determinando que a Alfa teria direito 
a R$ 600 mil. A sentença transitou em julgado.
Entretanto, ao receber essa restituição, a empresa se deparou com uma nova questão: a Receita 
Federal afirmou que esses valores deveriam ser considerados como receita e exigiu que a Alfa 
pagasse IRPJ e CSLL.
A Receita Federal argumentou o seguinte: quando a empresa pagou IRPJ e CSLL anos atrás, ela, 
baseada no regime do lucro real, deduziu esses R$ 600 mil da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. 
Agora, esses R$ 600 mil, que no passado eram despesas, voltaram para os cofres da empresa 
como receita, de forma que ela terá que pagar IRPJ e CSLL.
Foi invocado o art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo SRF n. 25/2003: “Os valores restituídos a 
título de tributo pago indevidamente serão tributados pelo Imposto sobre a Renda das Pessoas 
Jurídicas (IRPJ) e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL),se, em períodos anteriores, 
tiverem sido computados como despesas dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL”.
O STJ concordou com o Fisco. Ao recompor o patrimônio da pessoa jurídica, o montante, antes 
utilizado para as deduções de IRPJ e CSLL e, posteriormente, objeto de repetição de indébito, 
compõe as bases de cálculo desses tributos por constituir acréscimo patrimonial.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.516.593-PE, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 6/2/2024 (Info 803).
É inconstitucional decisão normativa do TCU que altera os coeficientes usados no cálculo das 
cotas do FPM em desacordo com a LC 165/2019
É inconstitucional decisão normativa do Tribunal de Contas da União (TCU) que promove alteração 
dos coeficientes a serem utilizados no cálculo das cotas do Fundo de Participação dos Municípios 
(FPM) em desacordo com a regra prevista na Lei Complementar nº 165/2019.
Essa decisão afronta os princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança legítima.
STF. Plenário. ADPF 1.043/DF, Rel. Min. Cristiano Zanin, julgado em 15/03/2024 (Info 1127).
JULGADOS EM DESTAQUE 23
É inconstitucional lei estadual que preveja que as empresas que realizam operações de saída 
de produtos de origem vegetal, mineral ou animal, devem pagar contribuição sobre o valor 
da operação, conforme destacado no documento fiscal
É inconstitucional lei estadual que determina o recolhimento, ao Fundo Estadual do Transporte (FET), 
de percentual incidente sobre o valor destacado no documento fiscal relativo a operações de saídas 
interestaduais ou com destino à exportação de produtos de origem vegetal, animal ou mineral.
Essa cobrança apresenta características de imposto, pois incide compulsoriamente sobre os 
contribuintes e não se vincula a qualquer atividade estatal. O tributo em questão possui fato 
gerador (operações de saída de produtos de origem vegetal, mineral ou animal) e base de cálculo 
(valor destacado no documento fiscal) idênticos aos do ICMS. De acordo com o art. 155, § 2º, IV, 
da Constituição Federal, cabe a resolução do Senado Federal estabelecer as alíquotas aplicáveis às 
operações e prestações, interestaduais e de exportação. Assim, não podem os estados-membros 
criar adicionais sobre as alíquotas interestaduais do ICMS. 
Vale ressaltar, ainda, que a Constituição Federal veda a vinculação da receita de impostos a órgão, 
fundo ou despesa, salvo nas hipóteses expressamente nela previstas. 
STF. Plenário. ADI 6.365/TO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/02/2024 (Info 1123).
A inconstitucionalidade do caput do art. 31 da Lei 10.865/2004 não é extensível ao § 2º 
do mesmo artigo
No RE 599.316/SC (Tema 244), o STF declarou a inconstitucionalidade do caput do art. 31 
Lei nº 10.865/2004.
Muito embora se possa presumir, sob óptica topográfica, que a declaração de 
inconstitucionalidade do caput de um dispositivo gere reflexos em seus incisos e parágrafos, dada 
a relação de dependência que possuem, esse entendimento não se aplica no caso concreto. Isso, 
porque o caput do art. 31 da mencionada lei prevê uma data específica para a vedação do direito 
de creditamento da contribuição ao PIS e à COFINS concernente à depreciação ou amortização de 
bens e direitos do ativo imobilizado.
O § 2º, por sua vez, trata de situação diversa, na medida em que não fixa qualquer elemento 
limitador de data.
Nesse contexto, não existe a necessária aderência da hipótese prevista no § 2º com o 
entendimento que fundamentou a inconstitucionalidade do caput, cujo ponto central foi 
justamente a limitação temporal, considerada, na ocasião, arbitrária.
STF. 2ª Turma. RE 1.402.871 AgR/RS, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. André 
Mendonça, julgado em 06/02/2024 (Info 1123).
JULGADOS EM DESTAQUE 24
DIREITO FINANCEIRO
CE pode prever que as emendas individuais ao projeto de lei orçamentária, de execução 
obrigatória, serão aprovadas no limite de 2% da RCL do exercício anterior, mas deverá 
determinar que metade desse percentual é destinado a ações e serviços públicos de saúde
O § 9º do art. 166 da CF/88 prevê que: 
Art. 166 (...) § 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 
2% (dois por cento) da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto, 
observado que a metade desse percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.
O art. 164, § 15, da Constituição do Estado de Mato Grosso, com redação dada pela EC 111/2023, 
previu o seguinte:
Art. 164 (...) § 15. As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária, de execução obrigatória, 
serão aprovadas no limite de 2,00% (dois por cento) da receita corrente líquida do exercício 
anterior. (Redação dada pela emenda constitucional nº 111/2023) 
Perceba que o art. 164, § 15 da CE/MT reproduziu parte das regras previstas na Constituição 
Federal, fixando, inclusive, o mesmo percentual para as emendas parlamentares (2% da RCL). 
O constituinte estadual deixou, contudo, de indicar a destinação de metade do percentual 
previsto para ações e serviços públicos de saúde. Essa destinação de metade dos recursos para a 
saúde é uma vinculação constitucional obrigatória fixada pela Constituição Federal, não podendo 
ser deixada de lado, sob pena de deturpação do modelo federal. 
Diante disso, o STF, em medida cautelar, conferiu, ao art. 164, § 15, da CE/MT, interpretação 
conforme a Constituição Federal para assentar que as emendas individuais ao projeto de lei 
orçamentária, de execução obrigatória, serão aprovadas no limite de 2% (dois por cento) da 
receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto pelo Poder 
Executivo, observado que a metade desse percentual será destinada a ações e serviços públicos 
de saúde.
STF. Plenário. ADI 7.493 MC-Ref/MT, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/02/2024 (Info 1124).
JULGADOS EM DESTAQUE 25
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
O espólio faz jus ao recebimento dos valores revertidos pela entidade fechada de previdência 
complementar, após a morte da beneficiária, por força dos superávits apurados nos exercícios 
anteriores a sua morte
A reserva especial é constituída pelo que excede ao necessário para a garantia dos benefícios 
contratados. Como excede o necessário ao pagamento dos benefícios, considera-se que fica 
descaracterizada a sua natureza previdenciária.
Esse valor excedente deve ser devolvido aos que efetivamente contribuíram para o plano e na 
proporção do quanto contribuíram para a sua formação, em respeito ao seu direito acumulado.
O direito à reversão dos valores correspondentes à reserva especial se incorpora, gradualmente, 
ao patrimônio jurídico de quem contribuiu para o resultado superavitário, à medida em que há o 
decurso do tempo e se concretizam as demais exigências para a sua aquisição plena. 
Se a assistida – agora falecida – contribuiu para o superávit apurado e para a formação da 
reserva especial correspondente, faz jus, em respeito ao seu direito acumulado, à devolução, 
agora para o seu espólio, da fração que lhe correspondia dos valores efetivamente revertidos 
aos participantes/assistidos e ao patrocinador, após a revisão obrigatória do plano de benefícios 
aprovada pela Previc.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.013.177-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/3/2024 (Info 803).
26DIZER O DIREITO NEWS
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Direção criativa: Carla Piaggio|Projeto gráfico e diagramação: Keille Lorainne Dourado Silva
O boletim Dizer o Direito News é uma publicação mensal do Buscador Dizer o Direito, 
a única ferramenta de pesquisa da jurisprudência do STF/STJ com julgados comentados, 
coordenada por Márcio André Lopes Cavalcante.
SOBRE O IDEALIZADOR
Márcio André Lopes Cavalcante é o idealizador e editor 
do Buscador Dizer o Direito.
Atua como Juiz Federal (TRF da 1ª Região).
Antes disso, foi Defensor Público, Promotor de Justiça 
e Procurador do Estado.
Possui grande experiência em concursospúblicos, tendo 
sido aprovado em inúmeros outros certames, como Técnico 
e Analista Judiciário, Procurador do Município, Procurador 
de Contas e Juiz de Direito.
É autor de 8 livros e dedica-se intensamente ao estudo e análise 
da jurisprudência por acreditar que se trata, atualimente, de 
uma das fontes do Direito, sendo, aliás, a mais dinâmica delas.
Atua como "professor virtual" de milhares de alunos das mais 
diversas partes do país por meio do site "Dizer o Direito" 
(www.dizerodireito.com.br) do qual é fundador.
E lançou o Buscador "Dizer o Direito" para expandir ainda 
mais a sua distribuição de conhecimento.
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