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Sumário 
ORIENTAÇÕES GERAIS ............................................................................................................ 2 
CONSTITUCIONAL .................................................................................................................... 4 
DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................................... 4 
MANDADO DE SEGURANÇA .............................................................................................. 6 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS .......................................................................................... 6 
PODER JUDICIÁRIO .............................................................................................................. 8 
PODER LEGISLATIVO ............................................................................................................ 9 
MINISTÉRIO PÚBLICO ......................................................................................................... 10 
DEFENSORIA PÚBLICA ........................................................................................................ 11 
ADVOCACIA PÚBLICA ...................................................................................................... 13 
ADMINISTRATIVO ................................................................................................................... 14 
SERVIDORES PÚBLICOS ...................................................................................................... 14 
CONCURSOS PÚBLICOS .................................................................................................... 16 
DIREITO DO CONSUMIDOR ................................................................................................... 17 
PLANO DE SAÚDE ............................................................................................................... 18 
RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................................. 18 
DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................... 20 
ANTERIORIDADE ................................................................................................................. 20 
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA ..................................................................................................... 20 
IMPOSTOS ESTADUAIS ....................................................................................................... 21 
IMPOSTOS MUNICIPAIS ..................................................................................................... 22 
DIREITO FINANCEIRO ............................................................................................................. 23 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ..................................................................................................... 25 
APOSENTADORIA ............................................................................................................... 25 
DIREITO ELEITORAL ................................................................................................................. 25 
DIREITO CIVIL .......................................................................................................................... 27 
DIREITO REAIS ..................................................................................................................... 28 
PROCESSO CIVIL .................................................................................................................... 28 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ....................................................................................... 29 
 
NULIDADES .......................................................................................................................... 31 
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA (IAC) .................................................... 31 
EXECUÇÃO FISCAL ............................................................................................................ 31 
DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 34 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .................................................................................... 34 
DOSIMETRIA DA PENA ....................................................................................................... 34 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ........................................................................ 35 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ......................................................................... 36 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO ................................................................................. 37 
LEI DE DROGAS 11.343/2006 ............................................................................................ 38 
LEI MARIA DA PENHA ........................................................................................................ 38 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................ 40 
INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................... 40 
COMPETÊNCIA ................................................................................................................... 41 
PROVAS ............................................................................................................................... 43 
PRISÃO E LIBERDADE .......................................................................................................... 46 
TRIBUNAL DO JÚRI .............................................................................................................. 47 
NULIDADES .......................................................................................................................... 47 
RECURSOS ........................................................................................................................... 48 
EXECUÇÃO PENAL ............................................................................................................. 49 
JUIZADOS ESPECIAIS.......................................................................................................... 50 
EMPRESARIAL .......................................................................................................................... 50 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................................. 50 
CONTRATOS EMPRESARIAIS .............................................................................................. 51 
PROCESSO COLETIVO ........................................................................................................... 51 
LEGITIMIDADE ..................................................................................................................... 51 
 
ORIENTAÇÕES GERAIS 
• O objetivo deste material é revisar a jurisprudência para primeira 
fase, com olhos na segunda fase. Por isso, os julgados foram trazidos 
 
para cá, organizados por matéria, grifados e foi incluído um resumo 
dos principais fundamentos. Ainda está em construção, por isso 
não estão neste arquivo todos os julgados que já saíram nos 
informativos de 2023. 
• Legenda: em negrito e tamanho 12 foi incluído o resumo do 
julgado. Em tamanho 10 o resumo dos fundamentos. 
• Legenda dos grifos: 
a) azul: repercussão geral 
b) rosa: IAC e repetitivos STJ 
c) amarelo- demais julgados, sem efeitos vinculantes- palavras 
chaves para correr o olho em uma revisão muito rápida. 
• Foram usadas caixas coloridas para destacar Súmulas e 
Jurisprudência em teses, conforme cores abaixo: 
• SÚMULAS 
• JURISPRUDENCIA EM TESES 
• Como encontrar o julgado/fundamento cobrado na questão do 
simulado? ao- Volume único. 11ª ed. Salvador: JusPodivm, 2019, p. 1637-1638). 
 
Na vigência do antigo Código de Processo Civil, os honorários da fase de 
cumprimento de sentença eram fixados no recebimento da inicial, sendo 
devidos desde o esgotamento do prazo para pagamento voluntário, 
inclusive na hipótese de parcelamento prevista no art. 745-A do 
CPC/1973.STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 920.284-SP, Rel. Min. 
Marco Buzzi, julgado em 14/2/2023 (Info 764). 
 
NULIDADES 
 
É relativa a nulidade advinda da não suspensão do feito em virtude da 
morte de coexecutado, sendo imprescindível a comprovação do 
prejuízo processual sofrido pela parte a quem a nulidade aproveitaria.STJ. 
3ª Turma. REsp 2.033.239-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
14/2/2023 (Info 764). Q46 
• O art. 313, I do CPC objetiva preservar interesse particular do espólio, assim como 
dos herdeiros do falecido. Por isso, deve ser alegada na primeira oportunidade 
por quem a aproveita. 
 
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA (IAC) 
 
A assunção de competência, em homenagem à segurança jurídica, 
deve ser admitida somente quando a questão de direito tiver sido objeto 
de debates, com a formação de um entendimento firme e sedimentado 
no âmbito das Turmas do STJ, evitando, com isso, a fixação de tese de 
observância obrigatória que não reflita uma decisão amadurecida do 
Tribunal ao longo do tempo, a partir do sopesamento dos mais variados 
argumentos em uma ou outra direção. Art. 947. É admissível a assunção 
de competência quando o julgamento de recurso, de remessa 
necessária ou de processo de competência originária envolver relevante 
questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em 
múltiplos processos. (...) § 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando 
ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente 
a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas 
do tribunal. STJ. 2ª Seção. QO no REsp 1882957-SP, Min. Nancy Andrighi, 
julgado em 8/2/2023 (Info 764). Q47, Q48. 
 
EXECUÇÃO FISCAL 
 
 
É constitucional o art. 40 da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal – 
LEF), tendo natureza processual o prazo de um ano de suspensão da 
execução fiscal. Após o decurso desse prazo, inicia-se automaticamente 
a contagem do prazo prescricional tributário de cinco anos. STF. Plenário. 
RE 636562/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/02/2023 
(Repercussão Geral – Tema 390) (Info 1083). Q19, Q26, Q27, Q28, Q29, 
Q30. 
• Necessidade de lei complementar para regular a prescrição de crédito em 
virtude da previsão constitucional do art. 146, III, “b”, da CF/88? 
• Exigência de lei complementar tem o propósito de dar tratamento uniforme 
ao instituto e, como consequência, a sujeitos passivos que se encontram em 
situações equivalentes. 
• Não há vício de inconstitucionalidade no art. 40 da LEF, pois o legislador se 
limitou a transpor o modelo estabelecido pelo art. 174 do CTN, adaptando-
o às particularidades da prescrição verificada no curso de uma execução 
fiscal. Há uma compatibilidade entre o CTN e a LEF. LEF apenas prevê um 
marco processual para a contagem do prazo, sem deixar de observar o 
prazo de 5 anos estabelecido pelo CTN. 
• Nas execuções fiscais, após a suspensão anual da execução, 
independentemente do arquivamento do feito, deve-se iniciar a contagem 
do prazo da prescrição intercorrente. 
• A previsão da LEF atende ao art. 22, I, da CF/88, porque compete à União 
legislar sobre direito processual. Atende, assim, a garantia de tratamento 
uniforme da matéria. 
• A prescrição no direito tributário é diferente da prescrição civil. Em matéria 
tributária, por força do art. 156, V, do CTN, a prescrição é hipótese de 
extinção do crédito tributário. 
• Prescrição ordinária tributária é disciplinada elo art. 174 do CTN que prevê o 
prazo de 5 anos, a partir da data de constituição definitiva do crédito 
tributário. Baliza, portanto, o exercício da pretensão de cobrança pelo 
credor, de modo a inviabilizar a propositura da ação após o exaurimento do 
prazo. 
• Prescrição intercorrente tributária: disciplinada pelo art. 40 da Lei de 
Execução Fiscal, segundo o qual, não sendo localizado o devedor ou 
encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, o juiz suspenderá a 
execução fiscal. Requer, portanto, o prévio ajuizamento da ação de 
execução fiscal. Assim, veda-se o prosseguimento dos atos para a 
cobrança. Atende aos princípios da segurança jurídica e do devido 
processo legal, além de servir uma política judiciária de não eternização dos 
litígios judiciais. Não é uma punição do credor que não promoveu o regular 
prosseguimento da execução fiscal, pois a inércia não é requisito para a 
 
caracterização da prescrição intercorrente. Não é privilégio do devedor que 
não honra com suas obrigações perante o Estado (é apenas um meio 
executivo ineficaz). 
 
É presumido , em regra, o rateio em partes iguais do numerário mantido 
em conta corrente conjunta solidária quando inexistente previsão legal 
ou contratual de responsabilidade solidária dos correntistas pelo 
pagamento de dívida imputada a um deles. B) Não será possível a 
penhora da integralidade do saldo existente em conta conjunta solidária 
no âmbito de execução movida por pessoa (física ou jurídica) distinta da 
instituição financeira mantenedora, sendo franqueada aos cotitulares e 
ao exequente a oportunidade de demonstrar os valores que integram o 
patrimônio de cada um, a fim de afastar a presunção relativa de rateio. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.610.844-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgado em 15/06/2022 (Tema IAC 12) (Info 741).O STJ decidiu que esse 
entendimento também se aplica para as execuções fiscais. Na conta 
corrente conjunta solidária presume-se a divisão do saldo em partes 
iguais, ficando eventual penhora limitada à metade do numerário do 
total encontrado, na hipótese de execução movida por pessoa distinta 
da instituição financeira mantenedora.STJ. Corte Especial. EREsp 1734930-
MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/9/2022 (Info Especial 10). Q25 e 
Q49 
• Atenção: A questão pode ser, portanto, assim resumida: 
1) Para fins de execução, em regra, considera-se que os valores existentes na 
conta corrente conjunta solidária são divididos, em partes iguais, entre os 
cotitulares. Assim, se são dois titulares da conta, presume-se que 50% pertencem 
a um e 50% pertencem ao outro. Se são quatro titulares, presume-se que cada 
um deles é proprietário de 25% do dinheiro ali depositado. 2) Essa presunção é 
relativa. A parte exequente pode comprovar que o executado (que é um dos 
cotitulares) tem um percentual maior e assim conseguir uma penhora em 
percentual superior à presunção. De igual modo, o cotitular que não é 
executado pode provar que ele é proprietário de um percentual superior ao da 
mera divisão das cotas. 3) Essa presunção também pode ser afastada se houver 
algum dispositivo de lei ou contrato dizendo que, naquele caso, os cotitulares 
são devedores solidários. 4) Se o exequente for o banco no qual os valores estão 
depositados, será possível a penhora da integralidade dos valores. Isso porque 
 
todos os cotitulares da conta são considerados devedores solidários em relação 
ao banco por força do contrato de conta-corrente. 
 
O teto mínimo para ajuizamento de execução fiscal independe do valor 
estabelecido como anuidade pelos Conselhos de fiscalização 
profissional.STJ. 2ª Turma. REsp 2.043.494-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 14/2/2023 (Info 764). Q50 
 
DIREITO PENAL 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
É inviável a aplicação do princípio da insignificância ao furto praticado 
quando, para além do valor da res furtiva exceder o limite de 10% do 
valor do salário-mínimo vigente à época dos fatos, o acusado é 
multirreincidente, ostentando diversas condenações anteriores por 
crimes contra o patrimônio.STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1992226/RS. Rel. 
Min. Jorge Mussi, julgado em 14/11/2022 (Info Especial10). Q51, Q52, Q53 
• REQUISITOS PARA CONFIGURAR A INSIGNIFICÂNCIA: mínima ofensividade da 
conduta do agente; inexistência de periculosidade social na ação; reduzido 
grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica 
provocada. 
• Causa de excludente de tipicidade material. 
• multirreincidência pela prática de outros crimes contra o patrimônio evidencia 
acentuada reprovabilidade do comportamento, incompatível com a adoção 
do princípio da insignificância. 
 
DOSIMETRIA DA PENA 
 
A utilização, por bacharel em direito, de seus conhecimentos acerca do 
exame da OAB para participar de esquema de fraude a essa seleção 
justifica a valoração negativa da culpabilidade do agente. 
 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2101521-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
julgado em 18/10/2022 (Info Especial 10). Q54 
• Maior desvalor da conduta; não utilizou conhecimento adquiridos na faculdade 
de direito para defender o estado democrático de direito; descaso com a 
advocacia e demais candidatos regularmente aprovados para o exercício da 
profissão. 
A ocultação de drogas na região pélvica, por si só, não constitui 
fundamento idôneo para negativar a culpabilidade.STJ. 6ª Turma. REsp 
1.923.803-AC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/9/2022 (Info Especial 
10). Q55 
• Modus operandi é uma das formas mais comuns utilizadas para o ingresso de 
entorpecentes em estabelecimento prisional. Portanto, não há uma grau maior 
de reprovabilidade da conduta. 
 
A confirmação pelo tribunal do júri da dissimulação e do uso de meio que 
dificultou a defesa da vítima deve ensejar uma única elevação em 
decorrência da qualificadora contida no art. 121, § 2º, IV, do Código 
Penal, ainda que quesitadas individualmente e não guardem relação de 
interdependência entre si.STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 
1.918.273/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/2/2023 (Info 764). Q56 
• Neste caso, os jurados responderam três quesitos diferentes, e responderam que 
o agente praticou o crime por motivo torpe, mediante dissimulação e por meio 
de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O juiz usou o motivo torpe para 
qualificar o crime e uso a dissimulação e a impossibilidade de defesa da vítima 
na segunda fase, como agravante autônoma, na forma do art. 61, II, “c” do CP. 
• Para o STJ, isso configurou ofensa à proibição de bis in idem devendo incidir 
apenas a qualificadora. 
 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
 
Mesmo antes das alterações introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, o 
Ministério Público já era parte LEGÍTIMA para propor a ação penal pública 
incondicionada destinada a verificar a prática de crimes sexuais contra 
 
crianças. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.012.086/RS, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 28/11/2022 (Info 764) Q57, Q58, Q59. 
• O estupro de vulnerável somente foi inserido em 2009, pela Lei n. 12.015. Antes 
do art. 217-A, as condutas de praticar conjunção carnal ou ato libidinoso com 
menor de 14 anos já eram considerados crimes (arts. 213, 214, 224 CP), mas a 
ação era pública condicionada à representação. 
• Com a edição do art. 217-A do CP não ocorreu abolitio criminis, mas sim 
continuidade normativa típica. 
• A Lei nº 12.015/2009 alterou o art. 225 do CP e passou a prever expressamente 
que, nos crimes contra a dignidade sexual, a ação seria pública incondicionada 
se a vítima fosse menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. 
• Mesmo antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, a jurisprudência 
do STJ já entendia que o MP era parte legítima para propor ação penal pública 
incondicionada se o crime sexual tivesse sido praticado contra crianças. Esse 
entendimento era baseado em uma leitura do CPP à luz da Constituição 
Federal, que prevê a proteção integral à infância como dever do Estado. 
• Não se pode condicionar à opção dos representantes legais da vítima, ou ao 
critério econômico, a persecução penal dos crimes definidos pela CF como 
hediondos, excluindo da proteção do Estado as crianças submetidas à prática 
de delitos dessa natureza. 
• É descabida a necessidade de iniciativa dos pais quando o bem jurídico 
protegido é indisponível, qual seja, a liberdade sexual de criança, que, 
conquanto não tenha violência real, não possui capacidade plena para 
determinação dos seus atos, dada a sua vulnerabilidade. 
 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 
 
O fato de a referida dívida ativa estar garantida por contrato de seguro 
no bojo de execução fiscal movida contra o contribuinte NÃO 
descaracteriza a materialidade dos crimes fiscais. STJ. 5ª Turma. AgRg no 
RHC 173.258/PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
14/2/2023 (Info 764). Q60. 
• A defesa garantiu a execução fiscal pediu a aplicabilidade do art. 83 da Lei n. 
9430/96: Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra 
a ordem tributária previstos nos arts. 1º e 2º da Lei n.°8.137, de 27 de dezembro 
de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-
A do Decreto-Lei n.° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será 
 
encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera 
administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. 
(Redação dada pela Lei nº 12.350/2010)(...)§ 4º Extingue-se a punibilidade dos 
crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica 
relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos 
de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de 
parcelamento. (Incluído pela Lei 12.382/2011) 
• Para o STJ, a garantia não é o mesmo que pagamento. 
• Além disso, neste caso concreto, a inicial acusatória mencionava prejuízo de 
grande vulto aos cofres públicos do Estado e, por consequência, à coletividade. 
 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO 
 
Tendo havido a indicação de que os delitos, autônomos, resultaram de 
ações distintas, não incide o concurso formal aos tipos penais dos artigos 
306 (embriaguez ao volante) e o art. 309 (direção de veículo automotor 
sem a devida habilitação) do Código de Trânsito Brasileiro. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 749440-SC, Rel. Min. Jesuíno Rissato 
(Desembargador convocado do TJDFT), julgado em 23/8/2022 (Info 
Especial 10). Q61 e Q62. 
• Os tipos penais do art. 306 e 309 do CTB possuem momentos consumativos 
distintos: o crime de embriaguez ao volante (art. 306 do CRB) é de perigo 
abstrato, de mera conduta; o crime de direção de veículo automotor sem a 
devida habilitação (art. 309 do CTB) é de perigo concreto. 
• É impossível aplicar o concurso formal de crimes no presente caso, pois há 
duas ações isoladas, com desígnios de vontades autônomas e com dois 
resultados distintos. 
• O momento em que o acusado passou a conduzir a motocicleta em via 
pública, com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência 
de álcool (art. 306 do CTB), não se confunde com aquele que é flagrado 
dirigindo referido automóvel, sem a devida habilitação ou permissão para 
dirigir (art. 309 do CTB), em zigue-zague entre as duas pistas de rolamento, 
quase atropelando pedestres que atravessavam a rua, gerando, assim, 
perigo de dano. 
• Assunto paralelo: O STJ possui entendimento no sentido de que “não se mostra 
socialmente recomendável” substituir a PPL por PRD de multa quando o preceito 
 
secundário do tipo penal já possuir previsão de multa cumulada com a pena 
privativa de liberdade. Neste caso, deve-se privilegiar a incidência de duas 
medidas restritivas de direitos. STJ. 5ª Turma. HC 470.920/SC, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, DJe 15/10/2018. 
LEI DE DROGAS 11.343/2006 
 
A elevada quantidade de drogas apreendidas, a multiplicidade de 
agentes envolvidos na trama criminosa - que perpassa pela contratação 
e pela proposta de pagamento -, a forma de transporte da substância 
entorpecente, a distância entre os estados da federação e a nítida 
divisão de tarefas entre os membros do grupo descaracterizama 
condição de pequeno traficante - ou traficante ocasional - impedindo o 
reconhecimento do benefício do tráfico privilegiado. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2115857-MS, Rel. Min. João Otávio de 
Noronha, Rel. Acd. Ministro Jorge Mussi, julgado em 25/10/2022 (Info 
Especial 10). STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1769697-MS, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 16/3/2021. Q63 e Q64. 
• A expressiva quantidade de droga apreendida, por si só, não tem o condão de 
descaracterizar a condição de mula do tráfico. 
• O fato de o indivíduo ser mula do tráfico não é causa determinante para aplicar 
o redutor de pena descrito no art. 33, §4º, da Lei n. 11.343/2006. 
• O julgador deverá analisar, de forma fundamentada, as atividades delitivas 
praticadas e o seu envolvimento com a organização criminosa, com base nas 
peculiaridades do caso concreto. 
• No caso do julgado foi apreendida grande quantidade de droga (uma 
tonelada de maconha). Percebeu-se, no caso concreto, a interestadualidade 
do tráfico, a preparação do veículo para condicionamento da droga em 
compartimentos ocultos, a existência de batedor visando garantir a eficácia da 
atividade criminosa e a comissão apurada de R$ 20.000,00, circunstâncias que, 
em conjunto, determinaram o afastamento da redução de pena. 
LEI MARIA DA PENHA 
 
O juízo do domicílio da vítima em situação de violência doméstica é 
competente para processar e julgar o pedido de medidas protetivas de 
urgência, independentemente de as supostas condutas criminosas que 
 
motivaram o pedido terem ocorrido enquanto o autor e a vítima 
encontravam-se em viagem fora do domicílio desta. STJ. 3ª Seção. CC 
190.666-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 8/2/2023 (Info 764) Q65, 
Q66, Q67, Q68. 
• Aplicabilidade da teoria do juízo imediato. 
• Inicialmente, esse princípio foi incorporado pelo art. 147 da L8069/90, no art. 147. 
Também está previsto no Estatuto da Pessoa Idosa (art. 80 da Lei 10.741/03). 
• Em casos de diplomas normativos que protegem determinado grupo de 
pessoas, deve-se reconhecer a competência do juízo que estiver mais próximo 
da pessoa protegida. A aplicação do princípio do juízo imediato na apreciação 
dos pedidos de medidas protetivas de urgência facilita o acesso da mulher 
vítima de violência doméstica a uma rápida prestação jurisdicional, que é o 
principal objetivo perseguido pelas normas processuais especiais que integram 
o microssistema de proteção de pessoas vulneráveis que já se delineia no 
ordenamento jurídico brasileiro. 
• O acesso rápido e efetivo à tutela jurisdicional assume especial relevo na 
situação de risco em que a mulher se encontra quando solicita medidas 
protetivas de urgência. É justamente o seu caráter de urgência que reclama a 
aplicação do princípio do juízo imediato, tendo em vista que o juízo do domicílio 
normalmente é o primeiro ao qual a mulher tem acesso e o que tem interação 
mais próxima com a vítima. 
• Em relação à Lei Maria da Penha, o art. 15 adotou expressamente o princípio do 
juízo imediato em relação aos processos de natureza cível, atribuindo 
competência concorrente para estas ações, por opção da vítima, também ao 
juizado de violência doméstica e familiar do domicílio ou residência da mulher. 
• Portanto, não há previsão específica de aplicação do princípio do juízo imediato 
aos pedidos de medidas protetivas de urgência de caráter penal . Mas o art. 13 
da L11340/06 determina a aplicação da legislação relativa à criança, ao 
adolescente e a o idoso às causas cíveis e criminais decorrentes da prática de 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
• Cuidado: A competência para julgar o crime, em tese, praticado contra a 
mulher é do local em que o delito foi praticado (art. 70 do CPP). Destarte, a 
competência do juízo do domicílio da vítima para conhecer e julgar o pedido 
de medidas protetivas de caráter urgente não altera ou modifica a 
competência do juízo natural para o processamento e julgamento de eventual 
ação penal. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
INQUÉRITO POLICIAL 
 
Embora o prazo de 30 (trinta) dias para o término do inquérito com 
indiciado solto (art. 10 do Código de Processo Penal) seja impróprio, sem 
consequências processuais imediatas se inobservado, isso não equivale 
a que a investigação se prolongue por tempo indeterminado, por anos a 
fio, devendo pautar-se pelo princípio da razoabilidade. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 690299-PR, Rel. Min. Olindo Menezes 
(Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), julgado em 9/8/2022 
(Info Especial 10). Q69 
• Possibilidade de realizar, por meio de HC, o controle acerca da razoabilidade 
da duração da investigação, resultando no trancamento do inquérito policial, 
no caso de verificar-se excessiva demora. 
• Aspectos que devem ser analisados para saber se ocorreu excesso de prazo: a) 
se há um excessivo número de acusados; b) se existe grande quantidade de 
testemunhas para ser ouvidas, com maior ou menor número de diligências, tais 
como cartas precatórias ou rogatórias; c) a complexidade da matéria 
envolvida, com necessidade de perícias e demais providências; e d) razões de 
força maior. 
• O inquérito é um procedimento temporário. Não é possível que a conclusão do 
IP seja prorrogada indefinidamente. Necessidade de preservação da duração 
razoável do processo. 
 
É LEGAL o compartilhamento com a Controladoria-Geral da União de 
informações coletadas em inquérito em que se apura suposta prática de 
crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa 
e passiva. STJ. Corte Especial. AgRg na Pet 15.270/DF, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 15/2/2023 (Info 764). Q70 
• Respaldo no art. 3º, VIII, da Lei n. 12.850/13: Art. 3º Em qualquer fase da 
persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os 
seguintes meios de obtenção da prova:(...)VIII - cooperação entre instituições e 
 
órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e 
informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
• Fundamento também em Tratados promulgados pelo Brasil e introduzidos no 
ordenamento pátrio com status de lei ordinária. 
• O art. 3º, VIII, da Lei nº 12.850/2013 prevê textualmente a possibilidade de 
cooperação entre órgãos federais na busca de provas e informações de 
interesse da investigação criminal. Essa previsão legal foi inserida na legislação 
penal especial em cumprimento a Tratados firmados pela República Federativa 
do Brasil. 
• A Convenção de Palermo (Convenção das Nações Unidas contra o Crime 
Organizado Transnacional), promulgada pelo Decreto nº 5.015/2004, constitui o 
principal instrumento global de combate ao crime organizado. O referido 
documento, aplicável aos delitos de crime organizado, lavagem de capitais e 
corrupção, prevê que cada Estado-parte garantirá que as autoridades 
responsáveis pela detecção, repressão e combate à lavagem de dinheiro 
tenham a capacidade de cooperar e trocar informações em âmbito nacional, 
criando, inclusive, canais de comunicação para facilitar a rápida e segura troca 
de informações relativas a todos os aspectos das infrações previstas na presente 
Convenção (arts. 7, item 1, e 27, item 1). 
• O compartilhamento de informações, encontra, ainda, suporte no art. 14, item 
1, da Convenção de Mérida (Convenção das Nações Unidas contra a 
corrupção, documento promulgado pelo Decreto nº 5.687/2006), Tratado em 
que cada Estado-parte se comprometeu a garantir que as autoridades de 
administração e as encarregadas de combater a lavagem de dinheiro sejam 
capazes de intercambiar informações no âmbito nacional, fortalecendo 
medidas para combater de forma mais eficaz a corrupção. 
• No mesmo sentido, destaca-se a Convenção Interamericana contra a 
Corrupção (Convenção de Caracas), promulgada pelo Decreto nº 4.410/2002, 
documento que, em seu artigo II, destaca o fortalecimento, por cada um dos 
Estados-partes, dos mecanismos necessários para prevenir, detectar, punir e 
erradicar a corrupção.COMPETÊNCIA 
 
O que importa para configurar a violação dos direitos indígenas e, por 
conseguinte, atrair a competência da Justiça Federal para o 
processamento do feito, é o impacto negativo da atuação dos acusados 
nas tradições, modo de viver e terras que os indígenas habitam e utilizam, 
 
sendo despiciendo discutir se ocorreu ou não a efetiva demarcação da 
terra como território indígena.STJ. 3ª Seção. AgRg no CC 175.037/AM, Rel. 
Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), julgado em 
26/10/2022 (Info Especial 10). Q71, Q72 e Q73. 
• Competência disciplinada pelo art. 109, XI, da CF: compete aos juízes federais 
processar e julgar: a disputa sobre direitos indígenas. 
• Abrange tanto ações cíveis quanto as criminais. 
• Competência que protege os direitos indígenas, isto é, há necessidade de 
envolver indígenas coletivamente considerados. 
• Em regra, a competência para julgar crime no qual o indígena figure como autor 
ou vítima é da Justiça Estadual. 
• Súmula 140-STJ: Compete à justiça comum estadual processar e julgar crime em 
que o indígena figure como autor ou vítima. 
• Exceção: a competência será da justiça federal quando o crime praticado 
estiver relacionado com questões ligadas à cultura e aos direitos dos indígenas 
sobre suas terras ou no caso de genocídio contra os indígenas, considerando 
que, neste caso, o delito é praticado com o objetivo de acabar com a própria 
existência de uma determinada etnia. 
• Art. 231 da CF: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, 
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que 
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer 
respeitar todos os seus bens. 
• É desnecessário discutir se ocorreu ou não a efetiva demarcação da terra como 
território indígena, pois o que importa para configurar a violação dos direitos 
indígenas e, por conseguinte, atrair a competência da Justiça Federal para o 
processamento do feito, é o impacto negativo da atuação dos acusados nas 
tradições, modo de viver e terras que os indígenas habitam e utilizam. 
A reunião dos feitos por força de conexão não ostenta natureza absoluta, 
sendo adequado excepcionar a sua incidência na hipótese em que a 
aplicação ensejaria um atraso na tramitação de ação em estágio 
avançado (instrução encerrada).STJ. 3ª Seção. CC 190.445-SP, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/9/2022 (Info Especial 10). 
Havendo sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência 
para julgamento do delito remanescente deve ser aferida isoladamente. 
STJ. 3ª Seção. CC 193.005-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 8/2/2023 
(Info 764). 
 
Súmula 235 STJ (também aplicável na esfera penal): A conexão não determina a 
reunião dos processos, se um deles já foi julgado. 
 
 
PROVAS 
 
O simples fato de o tráfico de drogas configurar crime permanente não 
autoriza, por si só, o ingresso em domicílio sem o necessário mandado 
judicial. Exige-se, para que se configure a legítima flagrância, a 
demonstração posterior da justa causa ou, em outros termos, de 
fundadas razões quanto à suspeita de ocorrência de crime no interior da 
residência. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2004877-MG, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, julgado em 16/8/2022 (Info Especial 10). Q74 
• Inviolabilidade do domicílio; art. 5º, XI, CF. 
• Tráfico de drogas= vários verbos do art. 33 são delitos permanentes. 
• TEMA 280 STF: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, 
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, 
devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da casa 
ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. 
• No caso analisado, a invasão decorreu de denúncia anônima. Não houve 
prévia investigação, monitoramento ou campanas no local. 
• Em recente julgamento no HC 598.051/SP, sobre caso similar, a 6ª Turma do STJ 
decidiu que o consentimento do morador para a entrada dos policiais no imóvel 
será válido apenas se documentado por escrito e, ainda, for registrado em 
gravação audiovisual (STJ. 6ª Turma. HC 598.051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti 
Cruz, julgado em 02/03/2021. Info 687). 
 
O fato de policiais, em diligência para intimar testemunha, considerarem 
suspeita a atitude do irmão desta, por si só, não justifica a dispensa de 
investigações prévias ou do mandado judicial para ingresso forçado no 
domicílio.STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 708400-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha 
Palheiro, julgado em 12/12/2022 (Info Especial 10). Q75 
 
A “autópsia psicológica” constitui prova atípica admissível no processo 
penal, cabendo ao magistrado controlar a sua utilização no caso 
concreto.STJ. 6ª Turma. HC 740.431-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 13/9/2022 (Info Especial 10). Q76 
• Autópsia psicológica: “pode ser definida como um tipo de avaliação 
psicológica realizada retrospectivamente através de uma investigação 
imparcial, que objetiva compreender os aspectos psicológicos de uma 
determinada morte. Busca-se compreender o que havia na mente do indivíduo. 
Ela visa reconstruir a vida psicológica de um indivíduo, analisando o seu estilo de 
vida, a personalidade, a saúde mental, os pensamentos, os sentimentos e os 
comportamentos precedentes a morte, a fim de alcançar um maior 
entendimento sobre as circunstâncias que contribuíram para o fato. Além disso, 
a autópsia psicológica pode auxiliar no esclarecimento do modo da morte, que 
pode ser natural, acidental, por suicídio ou homicídio (Clark & Horton-Deustch, 
1992; Gavin e Rogers, 2006; Isometsä, 2001; Jacobs e Klein-Benheim, 1995; 
Shneidman, 1992, 1994, 2004).” (MIRANDA, Tatiane Gouveia de. Autópsia 
psicológica: compreendendo casos de suicídio e o impacto da perda. 
Dissertação (mestrado), Universidade de Brasília. Brasília, 2014. Disponível em: 
https://repositorio.unb.br/bitstream /10482/16392/1/2014_ 
TatianeGouveiaMiranda.pdf) Ainda de acordo com a pesquisadora acima 
citada, a autópsia psicológica envolve basicamente dois procedimentos 
principais: 1) entrevistas com pessoas que conheciam e conviviam com o 
falecido, como cônjuge, parentes, amigos, empregados, profissionais que o 
acompanharam, entre outros; e 2) coleta e análise de documentos relevantes, 
como prontuários, registros clínicos, diários pessoais, nota de suicídio, se houver”. 
• Busca pela verdade no processo penal encontra limitação nas regras de 
admissão, de produção e de valoração do material probatório, o qual servirá 
de suporte ao convencimento do julgador. Afinal, os fins colimados pelo 
processo penal são tão importantes quanto os meios de que se utiliza (STJ. 3ª 
Seção. Reclamação 36.734/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti, DJe 22/2/2021). 
• O rol de provas nominadas do CPP não é exaustivo. 
• Ausência de taxatividade das provas nominadas no Código de Processo 
Penal. 
• Não existe um dispositivo específico que trate sobre as provas atípicas no 
CPP. É possível utilizar, por analogia - como autoriza o art. 3º do CPP -, o art. 
369 do Código de Processo Civil, que dispõe: Art. 369. As partes têm o direito 
de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente 
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a 
https://repositorio.unb.br/bitstream%20/10482/16392/1/2014_%20TatianeGouveiaMiranda.pdf
https://repositorio.unb.br/bitstream%20/10482/16392/1/2014_%20TatianeGouveiaMiranda.pdf
 
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir 
eficazmente na convicção do juiz. 
• Autópsia psicológica não é prova ilícita, mas deve ser analisada com cautela. 
 
Se a suposta prática de crime de peculato ocorreu por meio que deixou 
vestígios, consubstanciada em fraude na escrituração contábil da 
municipalidade, mostra-se indispensável a prova pericial, sob pena de 
ofensa ao art. 386, II, do Código de Processo Penal.STJ. 6ª Turma. REsp 
1.958.753-SP, Rel. Min. LauritaVaz, julgado em 14/9/2022 (Info Especial 
10).Q77 
• O juiz pode indeferir as provas que concluir serem desnecessárias para a solução 
da controvérsia, ou, ainda, aquelas que entender protelatórias, sem que isso 
caracteriza ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa, desde que 
o faça fundamentadamente. 
• Tendo a suposta prática dos peculatos ocorrido por meio que deixou vestígios, 
qual seja, fraude na escrituração contábil da municipalidade, mostrava-se 
indispensável a prova pericial, nos termos do art. 158 do CPP: quando a infração 
deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
No caso em que a audiência para oitiva da vítima e da testemunha é 
realizada por meio de videoconferência, a interpretação mais 
consentânea com o objetivo do disposto no art. 217 do CPP é a de que o 
réu também pode ser impedido de acompanhar os depoimentos. STJ. 5ª 
Turma. AREsp 1.961.441/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
2/8/2022 (Info Especial 10). Q78 
É possível a antecipação de provas para a oitiva de testemunhas 
policiais, dado que, pela natureza dessa atividade profissional, 
diariamente em contato com fatos delituosos semelhantes, o decurso do 
tempo traz efetivo risco de perecimento da prova testemunhal por 
esquecimento. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1.995.527-SE, Rel. Min. 
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 19/12/2022 (Info 764). 
• Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir 
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, 
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas 
 
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto 
no art. 312. 
Súmula 415 STJ O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo 
da pena cominada. 
Súmula 455 STJ A decisão que determina a produção antecipada de provas com base 
no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando 
unicamente o mero decurso do tempo. 
Jurisprudência em Teses (ed. 32) Tese 6: A citação por edital do acusado não constitui 
fundamento idôneo para a decretação da prisão preventiva, uma vez que a sua não 
localização não gera presunção de fuga. 
• A oitiva de testemunhas pode ser considerada urgente, para os fins do art. 366 
do CPP, desde que as circunstâncias do caso revelem a possibilidade concreta 
de perecimento. 
• É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no 
art. 366 do CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são policiais, uma vez que 
lidam constantemente no combate à criminalidade, o que expõe o agente de 
segurança pública a inúmeras situações conflituosas. Deste modo, as 
peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua memória, seja pela 
frequência com que ocorrem ou pela própria similitude dos fatos, se que isso 
configure violação à garantia da ampla defesa do acusado. 
• Não há ofensa ao direito da defesa, pois é realizada na presença do defensor 
nomeado. Se o réu comparecer ao processo será permitido que ele requeira a 
produção das provas que julgar necessárias para sua defesa e até mesmo 
requerer a repetição d aprova produzida antecipadamente, desde que 
apresente argumento idôneo para isso. 
 
PRISÃO E LIBERDADE 
 
A periculosidade do agente e a intimidação de testemunha justificam a 
decretação da prisão preventiva para garantia da ordem pública e 
conveniência da instrução criminal. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 735.745-
MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/9/2022 (Info 
Especial 10). 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art312.
 
• A prisão preventiva é compatível com o regime prisional semiaberto, desde que 
seja realizada a efetiva adequação ao regime intermediário. STJ. 5ª Turma. AgRg 
no HC 760.405-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/8/2022 (Info Especial 
10). 
• O tema é polêmica e há duas posições: 1) a prisão preventiva é compatível com 
o regime prisional semiaberto, desde que seja realizada a efetiva adequação 
ao regime intermediário, ou seja, permanecerá preso e seguirá as regras do 
regime prisional imposto na sentença (STJ e alguns julgados do STF, inclusive 
confirmando essa posição do STJ); 2) a fixação do regime de cumprimento 
semiaberto afasta a prisão preventiva, pois seria mais benéfico que o réu 
renunciasse ao direito de recorrer e iniciasse imediatamente o cumprimento da 
pena no regime estipulado, o que viola a proporcionalidade. A solução dada 
no item 1, representa, na verdade, a execução provisória da pena, o que é, 
atualmente, vedado pelo STF. 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
A sentença de pronúncia deve limitar-se a um juízo de dúvida a respeito 
da acusação, evitando considerações incisivas ou valorações sobre as 
teses em confronto nos autos.STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 673.891-SP, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Ministro João Otávio de Noronha, 
julgado em 23/8/2022 (Info Especial 10). 
• Juiz deve usar termos sóbrios e comedidos, a fim de evitar que fique 
demonstrado na decisão que ele acredita firmemente que o réu é culpado. O 
juízo de certeza cabe ao tribunal do júri. 
• O exagero é chamado de excesso de linguagem ou de eloquência acusatória. 
• Os jurados recebem cópia da sentença de pronúncia e o exagero do juiz pode 
influenciar a opinião do jurado. 
• O Tribunal, ao reconhecer que ocorreu o excesso, deve anular a decisão de 
pronúncia e os atos processuais que dela decorrem. Outra decisão deverá ser 
prolatada. Não é suficiente o envelopamento. 
NULIDADES 
Se o magistrado prolator da sentença estava designado pelo Programa 
CGJ-Apoia para atuar como cooperador na respectiva vara, não há 
abalo ao princípio da identidade física do juiz.STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 
 
523.501-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 14/11/2022 
(Info Especial 10). 
• O princípio da identidade física do juiz está previsto no art. 399, §2º do CPP. 
Razão de ser desta previsão: juiz que instruiu o processo é a pessoa mais indicada 
para decidir considerando que foi ele quem teve contato pessoal e direto com 
as provas (especialmente os testemunhos e interrogatório) e, com isso, pode 
formar sua convicção de maneira mais precisa. 
• Também não há ofensa ao princípio do juiz natural: não houve escolha de 
magistrados para julgamento deste ou daquele processo. Pelo contrário, a 
designação se deu de maneira ampla e indiscriminada para a atuação em 
período certo de tempo, de modo a conferir eficiência à prestação jurisdicional 
e efetividade ao princípio da duração razoável dos processos. 
Não há que se falar em atuação de rotina dos órgãos de polícia 
fazendária, apta a dispensar o mandado judicial de busca e apreensão 
domiciliar, quando o caso concreto evidencia a realização de 
verdadeira força-tarefa entre diferentes órgãos de polícia administrativa 
(Receita Federal, Ministério Público e Polícia Federal). 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 676091-PA, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 
julgado em 16/8/2022 (Info Especial 10). 
• As prerrogativas destinadas aos órgãos de persecução penal encontram limites 
óbvios no devido processo legal e no princípio acusatório, cuja finalidade, em 
essência, é a proteção do indivíduo diante do aparato estatal instituído para a 
proteção dos bens jurídicos mais relevantes. 
• É imprescindível o juízo de valor a ser emitido pelos magistrados acerca da 
idoneidade traduzida no conceito de adequação das medias cautelares 
constritivas admitidas no processo penal. Essa adequação pode ser: qualitativa 
(aptidão para alcançar os fins previstos na lei processual) e quantitativa 
(referente à necessidade de respeitar os limites para que seja alcançada a 
finalidade perseguida). 
RECURSOS 
 
É possível a aplicação da fungibilidade no uso do recurso de apelação 
em detrimento do recurso em sentido estrito, desde que demonstradas a 
ausência de má-fé e a tempestividade do instrumentoprocessual. 
 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2011577-GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, julgado em 27/9/2022 (Info Especial 10). 
• Princípio da fungibilidade (também chamado de teoria do recurso indiferente, 
teoria do tanto vale, princípio da permutabilidade dos recursos) é previsto 
expressamente no CPP, art. 579: Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não 
será prejudicada pela interposição de um recurso por outro. Parágrafo único. Se 
o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, 
mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. 
• A parte recorrente não será prejudicada se interpôs o recurso errado, desde que 
esteja de boa-fé, não tenha sido um erro grosseiro e o recurso incorreto tenha 
sido manejado no prazo do recurso certo. 
EXECUÇÃO PENAL 
 
Após as alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, é possível a 
execução em separado de cada uma das guias de execução, de modo 
que o cálculo para obtenção de benefícios que dizem respeito à 
execução penal deve considerar a primariedade em parte da pena, a 
reincidência comum em outra e a reincidência específica apenas nas 
guias que dizem respeito a crimes de mesma natureza. STJ. 6ª Turma. HC 
654.870-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/9/2022 (Info 
Especial 10). 
 
A remição pelo trabalho pressupõe o exercício de atividade laboral 
mediante subordinação e controle de horário, não se admitindo o 
autocontrole de carga horária.STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 709901-RJ, Rel. 
Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), 
julgado em 27/9/2022 (Info Especial 10). Q79 
• Caso concreto: não foi admitida a remição com base em autodeclaração na 
qual o apenado afirmou que é proprietário de imóvel rural e, portanto, 
explorador de atividade econômica. 
• Incompatibilidade com a fiscalização do cumprimento da pena, exigida pela 
Lei de Execuções Penais. 
 
 
DIVERGÊNCIA: Não é cabível a remição penal por aprovação no ENEM 
ao reeducando que já havia concluído o ensino médio antes de ingressar 
no sistema prisional.STJ. 6ª Turma. REsp 1.913.757-SP, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 7/2/2023 (Info 764). 
Cuidado: a 6ª turma do STJ, depois do julgado acima, entendeu de forma 
diferente: É cabível a remição da pena pela aprovação no Exame 
Nacional do Ensino Médio - ENEM, ainda que o apenado já tenha 
concluído o ensino médio antes do encarceramento, excluído o 
acréscimo de 1/3 (um terço) com fundamento no art. 126, § 5º, da Lei de 
Execução Penal. 
 
JUIZADOS ESPECIAIS 
 
O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não possui natureza 
investigativa, podendo ser lavrado por integrantes da polícia judiciária ou 
da polícia administrativa.STF. Plenário. ADI 6245/DF e ADI 6264/DF, Rel. 
Min. Roberto Barroso, julgados em 17/02/2023 (Info 1083). Q31 
• Adi ajuizada contra o inciso XII do art. 47 do Anexo I do Decreto nº 9.662/2019, 
acrescentado pelo Decreto 10.073/2019 que conferiu à PRF a prerrogativa de 
lavrar o termo circunstanciado de ocorrência argumentando que é 
competência privativa da polícia judiciária, por se tratar de ato de 
procedimento investigativo. 
• Para o STF o TCO não é um inquérito policial, mas um instrumento legal que 
constata a ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo (um BO mais 
detalhado), mas que não acarreta diligências para esclarecimento dos fatos ou 
da autoria delitiva. Por isso, não se trata de atividade investigativa. 
 
EMPRESARIAL 
 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
A remuneração do administrador judicial é crédito extraconcursal, não 
se submetendo aos efeitos do plano de recuperação judicial. 
A fixação e a forma de pagamento dos honorários do administrador cabe 
 
ao magistrado, não sendo possível sua negociação quer com o devedor, 
quer com os credores, diante da necessidade de garantir a 
imparcialidade do auxiliar do juízo. STJ. 3ª Turma. REsp 1905591-MT, Rel. 
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/2/2023 (Info 764). Q80. 
• O valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial são 
fixados pelo juiz, observados alguns critérios estabelecidos pelo art. 24 da Lei: 
capacidade de pagamento do devedor; grau de complexidade do trabalho; e 
os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades 
semelhantes. 
• O responsável pelo pagamento da remuneração do administrador judicial é o 
devedor ou a massa falida. 
• É um crédito extraconcursal, pois o fato gerador ´posterior ao pedido de 
recuperação judicial (art. 49). No caso de falência também é assim 
caracterizado. 
• Não é adequada a submissão dessa discussão ao plano de credores. Não é 
matéria disponível às partes, não pode ser submetida à composição. 
 
CONTRATOS EMPRESARIAIS 
 
O importador nacional responde pelos valores pagos pelo banco 
confirmador ao exportador estrangeiro, na hipótese de insolvência do 
banco emissor de carta de crédito internacional (letter of credit - L/C) 
emitida ao amparo de operação de importação. STJ. 4ª Turma. REsp 
1.324.978-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/2/2023 (Info 764). 
PROCESSO COLETIVO 
 
LEGITIMIDADE 
 
Em caso de dissolução, por decisão judicial, da associação autora de 
ação civil pública, é possível a substituição processual pelo Ministério 
Público.STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.582.243-SP, Rel. Min. Maria Isabel 
Gallotti, julgado em 14/2/2023 (Info 764). Vale ressaltar que, se a ação 
civil pública foi proposta na Justiça Estadual, pela associação 
 
posteriormente dissolvida, a legitimidade para substituir essa associação 
será do Ministério Público estadual, mesmo que o processo já esteja em 
fase de recurso no STJ. Ainda que o processo esteja em curso no Superior 
Tribunal de Justiça, o Ministério Público Federal não possui legitimidade 
para substituir associação extinta por decisão judicial em ação civil 
pública proposta perante a Justiça estadual.STJ. 4ª Turma. REsp 1678925-
MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/2/2023 (Info 764). 
• Artigo muito importante: Art. 5º (...) § 3º Em caso de desistência infundada ou 
abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro 
legitimado assumirá a titularidade ativa. 
• Não cabe ao intérprete estabelecer distinções quando a própria lei não 
distinguiu. Por isso, é irrelevante ao deferimento da substituição processual a 
circunstância da associação haver sido extinta por decisão judicial. 
• Na hipótese de extinção da associação por decisão judicial, o objetivo legítimo 
consiste em não deixar desprotegidas as pessoas que de fato tinham o interesse 
naquela tutela e até então eram substituídas pela associação. O fundamento 
para o deferimento da substituição processual não depende de se tratar de 
desistência infundada ou de abandono da ação, mas, sim, da necessidade de 
proteger os consumidores. 
• Embora o Ministério Público Federal atue nas causas de competência do STJ, 
conforme art. 37, I, e art. 66, da LC75/1993, essa legitimidade não se estende 
para as ações que tramitaram na Justiça Estadual por não se enquadrarem na 
competência da Justiça Federal (art. 109 da CF/88). 
	ORIENTAÇÕES GERAIS
	CONSTITUCIONAL
	DIREITOS FUNDAMENTAIS
	MANDADO DE SEGURANÇA
	COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
	PODER JUDICIÁRIO
	PODER LEGISLATIVO
	MINISTÉRIO PÚBLICO
	DEFENSORIA PÚBLICA
	ADVOCACIA PÚBLICA
	ADMINISTRATIVO
	SERVIDORES PÚBLICOS
	CONCURSOS PÚBLICOS
	DIREITO DO CONSUMIDOR
	PLANO DE SAÚDE
	RESPONSABILIDADE CIVIL
	DIREITO TRIBUTÁRIO
	ANTERIORIDADE
	IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
	IMPOSTOS ESTADUAIS
	IMPOSTOS MUNICIPAIS
	DIREITO FINANCEIRO
	DIREITO PREVIDENCIÁRIO
	APOSENTADORIA
	DIREITO ELEITORAL
	DIREITO CIVIL
	DIREITO REAIS
	BEM DE FAMÍLIA
	PROCESSO CIVIL
	HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
	NULIDADES
	INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA (IAC)
	EXECUÇÃO FISCAL
	DIREITO PENAL
	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
	DOSIMETRIA DA PENA
	CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
	CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
	CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
	LEI DE DROGAS 11.343/2006
	LEI MARIADA PENHA
	DIREITO PROCESSUAL PENAL
	INQUÉRITO POLICIAL
	COMPETÊNCIA
	PROVAS
	PRISÃO E LIBERDADE
	TRIBUNAL DO JÚRI
	NULIDADES
	RECURSOS
	EXECUÇÃO PENAL
	JUIZADOS ESPECIAIS
	EMPRESARIAL
	RECUPERAÇÃO JUDICIAL
	CONTRATOS EMPRESARIAIS
	PROCESSO COLETIVO
	LEGITIMIDADEfinal da ementa, depois do número do julgado e do 
número do informativo é citado o número da questão: EX. Q1, Q2. Você 
não encontrará, por exemplo, “a questão 1 está errada porque foi 
trocado x”. Você encontrará o julgado e os fundamentos para rever o 
posicionamento integral. 
• O ideal é que você leia os informativos no site dos tribunais superiores ou 
no site de sua preferência e somente depois utilize este material. Portanto, 
vale reforçar que a leitura deste material não dispensa o estudo regular 
dos informativos, pois aqui trazemos os principais julgados (e não 
necessariamente todos). Além disso, a transcrição dos fundamentos do 
julgado foi realizada tentando preservar ao máximo o que consta no 
julgado, mas também passaram pelo nosso critério pessoal. 
• Não há grandes aprofundamentos aqui (salvo se necessários pro nosso 
entendimento ou frases chaves pra colocar em prova escrita) 
• Há julgados sem os fundamentos que, por critério pessoal, foram 
entendidos como menos relevantes para carreira e /ou segunda fase 
e/ou porque a ementa bastava para a compreensão (na nossa visão). 
Porém, se você pensar diferente manda uma mensagem ou e-mail 
@cafeetoga ou cafeetoga@gmail.com para reavaliar. 
• Fonte deste material: Buscador do DOD/vídeo Prof. Ubirajara 
 
mailto:cafeetoga@gmail.com
 
 
CONSTITUCIONAL 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
É inconstitucional a lei estadual que preveja o arquivamento de 
materiais genéticos de nascituros e parturientes, em unidades de 
saúde, com o fim de realizar exames de DNA comparativo em caso 
de dúvida. STF. Plenário. ADI 5545/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 
13/4/2023 (Info 1090). Q88 e Q89 
• A lei impugnada, embora pretendesse proteger o direito à filiação biológica, 
violou o direito à privacidade de pessoas em estado de extrema vulnerabilidade. 
• O direito à privacidade ainda estaria violado, se houvesse consentimento, pois 
a lei impugnada é vaga em relação ao tratamento dos dados genéticos 
armazenados. Os dados genéticos são classificados como sensíveis (art. 5º, II, 
LGPD). A lei, portanto, constitui severo risco à integridade digital dos indivíduos. 
• A lei viola a autonomia da vontade da parturiente e se vale de instrumento 
coercitivo desproporcional para a tutela de interesse eminentemente privado 
do destinatário da norma. Ainda, compromete a autodeterminação informativa 
dos titulares desses dados, pois os impede de decidir sobre sua divulgação e 
utilização. 
• A ausência de previsão quanto à destinação dos dados, bem como aos 
mecanismos para sistematizar a coleta, a guarda eficaz e a sua posterior 
exclusão, permite a utilização do material coletado para quaisquer interesses, 
como a mercantilização e o perfilamento dos dados, o que pode ocasionar uma 
série de violações a direitos fundamentais, como, por exemplo, a discriminação 
genética de pessoas com doenças congênitas. 
• Além disso, há medidas mais efetivas e menos custosas e interventivas na esfera 
privada dos indivíduos para se evitar a troca de bebês nas unidades de saúde. 
Exemplos disso são o uso de pulseiras numeradas na mãe e no filho, o uso de 
grampo umbilical, a identificação da gestante no momento da admissão, em 
conjunto com a posterior identificação do recém-nascido no momento do 
nascimento, e a possibilidade da permanência do pai no momento do 
nascimento do filho. 
• Deve-se registrar, por fim, que eventual coleta de material genético se mostra 
mais eficaz e menos lesivo se for feito única e exclusivamente a partir do instante 
 
em que ocorrer a dúvida sobre possível troca. Neste momento, será possível fazer 
um exame de DNA para comprovar a filiação biológica. 
É compatível com o sistema normativo-constitucional vigente, norma 
estadual que veda a promoção ou a participação de policiais em 
manifestações de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades ou 
contra atos da Administração Pública em geral.STF. Plenário. ADPF 734/PE, 
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/4/2023 (Info 1090). Q90 e Q91 
• Ponto central: ofensa à liberdade de expressão e de manifestação. 
• Liberdade de expressão não é direito absoluto. 
• É possível restringir direitos fundamentais em três situações:1) a própria CF prevê 
a limitação; 2) a CF autoriza o legislador ordinário expedir ato legal 
regulamentando o exercício ou limitando o direito; 3) ponderação, observando 
a proporcionalidade, com outros valores que possuam igual proteção 
constitucional. 
• Necessidade de conciliar: 1) a liberdade de expressão dos policias civis versus 2) 
segurança e ordem públicas, a hierarquia e a disciplina que regem as 
organizações policiais. 
• Áreas de segurança pública estão sujeitas aos princípios da hierarquia e da 
disciplina, a fim de manter a segurança interna, ordem pública e paz social. 
• Possibilidade de reuniões pacíficas e sem armas. Ofensa ao art. 5º, XVI, da CF, 
arts. 13 e 15 da Convenção Americana de Direitos Humanos, já que os agentes 
são armados. 
• Tema de repercussão geral relacionado. O exercício do direito de greve, sob 
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os 
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.É 
obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos 
órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 
do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.STF. Plenário. ARE 
654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 5/4/2017 (Repercussão Geral – Tema 541) (Info 860). 
 
O art. 166 do Código Penal Militar (CPM) proíbe os militares de criticarem 
publicamente ato de seu superior, assunto atinente à disciplina militar ou 
a qualquer resolução do governo, sob pena de detenção. 
Esse tipo penal é compatível com a Constituição Federal. Isso porque as 
restrições por ele impostas são adequadas e proporcionais quando 
 
consideradas as peculiaridades das atribuições militares e a 
singularidade de suas carreiras. Os militares estão submetidos a regime 
disciplinar distinto do aplicado aos servidores públicos civis em geral. 
STF. Plenário. ADPF 475/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/4/2023 (Info 
1090). 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
Em mandado de segurança, é vedada a oportunização ao impetrante de 
emenda à inicial para a indicação da correta autoridade coatora, 
quando a referida modificação implique na alteração da competência 
jurisdicional. STJ. 2ª Turma. REsp 1.954.451-RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, 
julgado em 14/2/2023 (Info 764). Q32, Q33 e Q34. 
Súmula 628 do STJ A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança 
quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo 
hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do 
ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) 
ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. 
• Atenção: Apesar de a letra “c” da Súmula falar apenas em Constituição Federal, 
podemos encontrar inúmeros julgados do STJ afirmando que a teoria da 
encampação também não se aplica se isso implicar em mudança das regras 
de competência definidas na Constituição Estadual. 
 COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
 
É constitucional — haja vista a competência suplementar dos estados 
federados para dispor sobre proteção do consumidor (art. 24, V e § 2º, da 
CF/88) — lei estadual que torna obrigatória a assinatura física de idosos 
em contratos de operação de crédito firmados por meio eletrônico ou 
telefônico com instituições financeiras. (ADI 7027/PB- Info 1080- Q1). 
• Controvérsia: competência privativa da União para legislar sobre direito civil e 
política de crédito, bem como o desrespeito aos princípios da isonomia, da 
proporcionalidade e ofensa à liberdade dos idosos. 
• Segundo o STF a lei não violou competência privativa da União, pois não 
interfere no objeto do contrato pactuado. 
• Normas que tratam da relaçãode consumo entre as instituições financeiras e os 
clientes e que não tratam de aspectos essencialmente contratuais (fixação de 
 
taxas, elaboração de requisitos para concessão de crédito ou formulação de 
critérios para a contratação de serviços) podem ser editadas pelos estados 
membros, em caráter suplementar às normas gerais expedidas pela União (art. 
24, V, e §2º da CF/88). 
• A legislação resguarda o idoso ao exigir a assinatura física nas operações de 
crédito celebradas por via eletrônica ou telefônica, aumenta a proteção do 
consumidor em situação de vulnerabilidade, pois assegura que tais agentes 
tenham melhor conhecimento acerca da avença mediante o fornecimento de 
uma cópia do contrato no ato da sua assinatura. Portanto, atende aos arts. 230 
da CF, art. 3º, §2º, II, da L10741/2003. 
• A medida é necessária, pois possibilita aos idosos o conhecimento acerca do 
conteúdo total da proposta; é adequada, porque não gera gravame excessivo 
às instituições financeiras e assemelhadas; e atende à proporcionalidade em 
sentido estrito, porquanto protege classe mais vulnerável de consumidores. 
 
É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para 
legislar sobre direito penal e material bélico (art. 22, I e XXI, CF/88) — 
norma estadual que concede, de forma incondicionada, o porte de arma 
de fogo a agentes penitenciários. (STF. Plenário. ADI 5076/RO, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 13/03/2023. Info 1086. Q10 e Q11) 
• Matéria relacionada a direito penal (portar arma é um crime, ordenamento 
prevê hipóteses em que a pessoa é autorizada a portar a arma e, logo, a ilicitude 
é afastada. Dessa forma, autorizar que o agente porte a arma afasta uma 
infração penal). 
• Competência privativa da União para: legislar sobre direito penal; autorizar a 
fiscalização da produção e comércio de material bélico, o que lhe viabiliza 
definir os requisitos sobre o porte funcional de arma de fogo. 
• Ofensa ao Estatuto do Desarmamento, pois a lei federal prevê a possibilidade 
do porte de arma de fogo pelos agentes penitenciários em dedicação 
exclusiva, com formação funcional e subordinados a mecanismos de 
fiscalização e de controle interno. Contudo, essa autorização dependeria 
necessariamente de comprovação da capacidade técnica e de aptidão 
psicológica para o seu manuseio, atestadas nos termos dispostos no 
regulamento da lei. Portanto, o Estatuto não autorizou o porte de arma de fogo 
a agentes penitenciários de forma incondicionada. 
• Não há espaço legislativo para que o Estado atue em competência 
complementar ou suplementar. Agindo assim, inovou no ordenamento jurídico, 
elidindo as condições estabelecidas pela União a respeito do tema. A Atuação 
extrapola a repartição de competência constitucionalmente fixada. 
• A previsão contida na lei federal foi editada com o objetivo de atender aos 
interesses públicos prioritários e de fixar uma política criminal nacional uniforme 
à luz do pacto federativo, tratando de matérias de predominante interesse 
geral. 
 
 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
 
É inconstitucional norma de lei estadual que autorize a Secretaria de 
Estado de Fazenda a reter o valor correspondente às contribuições 
previdenciárias devidas pelo Poder Judiciário, seus membros e 
servidores.(STF. Plenário. ADI 4859/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 13/03/2023. Info 1086. Q12, Q13 e Q14. 
• Lei analisada previa que os membros e servidores do Poder Judiciário 
deveriam ficar vinculados obrigatoriamente ao regime próprio de 
previdência social do Estado (não ter um regime específico) e participar do 
financiamento do sistema previdenciário estadual, inclusive mediante o 
custeio do abono de permanência dos seus membros e servidores (inclusive 
com a retenção na fonte das contribuições para o fundo da previdência). 
• Ponto central da análise: ofensa a autonomia financeira do Poder Judiciário 
e ao princípio da separação de poderes. 
• Independência do Poder Judiciário é um elemento essencial do Estado 
Democrático de Direito. 
• Independência do Poder Judiciário possui duas vertentes: 1) autonomia 
institucional: prerrogativas necessárias para que o Poder Judiciário, como 
instituição, possa funcionar, sem qualquer relação de subordinação com os 
demais poderes; 2) autonomia funcional: independência do magistrado 
para o exercício de suas atribuições técnicas, constitucionais e legais, o que 
é garantido por meio da vitaliciedade, inamovibilidade e a irredutibilidade 
de vencimentos. Desdobra-se em: 2.1) autonomia administrativa: 
capacidade de autogestão, ou seja, expedir normas internas e praticar atos 
administrativos destinados à estruturação e organização da instituição e de 
seus agentes públicos, sem sofrer interferência de qualquer outro poder; 2.2) 
autonomia financeira e orçamentária: envolve a prerrogativa de elaborar a 
própria proposta orçamentária e o direito de receber os recursos 
correspondentes às dotações orçamentárias, em duodécimos, até o dia 20 
de cada mês. 
• Autonomia financeira e orçamentária confere ao Poder Judiciária o poder 
de influenciar a elaboração do orçamento e impedir o chefe do Poder 
Executivo de reduzir o montante destinado ao órgão caso tenham sido 
atendidos os limites impostos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. É essa 
espécie de autonomia que também confere o direito de exigir o repasse das 
dotações orçamentárias previstas em seu favor no prazo assinalado pela 
 
Constituição, independentemente das circunstâncias vivenciadas pelo ente 
político. 
• A lei analisada, ao permitir a retenção na fonte das contribuições para o 
fundo de previdência afrontou a independência do Poder Judiciário. 
• A autonomia financeira e orçamentária, portanto, impede essa retenção, 
pois a verba destinada ao Judiciário deve ser enviada integralmente. 
• Assim, compete ao Judiciário calcular o montante destinado à quitação das 
contribuições e recolhê-las para o fundo de previdência em relação aos 
seus membros e servidores. A retenção será feita diretamente pelo próprio 
Tribunal, antes de realizar o pagamento dos subsídios e remunerações. 
• Por outro lado, é constitucional norma de lei estadual que imponha ao Poder 
Judiciário (i) participar, juntamente com os demais poderes e órgãos 
autônomos, da cobertura de déficit e do custeio do regime próprio de 
previdência social( pois, em resumo, se o sistema previdenciário está 
deficitário é dever do Estado destinar-lhe recursos para assegurar que os 
benefícios sejam pagos) e (ii) realizar o pagamento do abono de 
permanência dos seus membros e servidores(é incumbência de cada ente 
arcar com o pagamento dessa parcela). STF. Plenário. ADI 4859/PI, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 13/03/2023 (Info 1086). 
• Atenção: mesmo raciocínio para o MP. Não vou transcrever o mesmo 
julgado aqui. 
 
PODER LEGISLATIVO 
 
É inconstitucional lei estadual que vincula a remuneração dos Deputados 
Estaduais à dos Deputados Federais. Essa vinculação é inconstitucional 
porque representa modalidade de reajustamento automático e, desse 
modo, viola o princípio da reserva legal (art. 27, § 2º, CF/88), o pacto 
federativo e a vedação à equiparação entre espécies remuneratórias 
(art. 37, XIII, CF/88). STF. Plenário. ADI 6545/DF, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
13/4/2023 (Info 1090). Q81, Q82, Q83. 
• O subsídio dos deputados federais e senadores é fixado pelo Congresso 
Nacional por meio de decreto legislativo (art. 49, VII, CF). Já o subsídio dos 
deputados estaduais é estabelecido pela Assembleia Legislativa, por meio de 
lei estadual. O valor deste subsídio é de no máximo 75% daquilo que é pago aos 
Deputados Federais e Senadores (art. 27, §2º, CF). 
 
• A norma estadual não pode fixar o subsídio do deputado estadual em 75% do 
que percebe o Deputado Federal, pois isso é uma vinculação automática com 
o subsídio dos deputados federais. Essa vinculação afronta o princípio federativo 
e a autonomiado Estado-membro. 
• A vinculação acarreta o esvaziamento da autonomia administrativa e financeira 
dos Estados-membros, pois destitui os entes da prerrogativa de estipular o valor 
da remuneração de seus agentes políticos, impondo a observância ao quantum 
definido pela União. Assim, viola a autonomia do Estado-membro, pois de forma 
indireta, quem estará fixando a remuneração dos Deputados Estaduais será o 
Congresso Nacional. 
• O art. 37, XIII preconiza que é vedada a vinculação ou equiparação de 
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do 
serviço público. 
• O art. 27, §2º da CF não autoriza a vinculação, pois prevê apenas o limite máximo 
da remuneração dos Deputados Estaduais. 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
A vinculação entre os subsídios dos membros do Ministério Público, ou de 
função essencial à Justiça, e a remuneração da magistratura é vedada 
pelo art. 37, XIII, da CF/88.(STF. Plenário. ADI 570/PE, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 13/03/2023. Info 1086. Q15 e Q16) 
• Atenção: o STF entendeu que é possível estabelecer gratificação por exercício 
de função essencial à Justiça, em favor de membro do Ministério Público com 
base no mesmo percentual e na mesma forma da gratificação dada ao 
magistrado, uma vez que o percentual incide sobre o vencimento base de cada 
qual e constitui apenas um parâmetro de cálculo. 
 
São constitucionais leis estaduais que dispõem sobre a criação de Grupos 
de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECOs) — órgãos de 
cooperação institucional dentro da estrutura do Ministério Público local 
— com a finalidade de concretizar instrumentos procedimentais efetivos 
para a realização de planejamento estratégico e garantir a eficiência e 
a eficácia dos procedimentos de investigação criminal realizados para o 
combate à criminalidade organizada, à impunidade e à corrupção. Q84, 
Q85, Q86, Q87. 
• A CF/88 ampliou o papel do Ministério Público, transformando-o em um 
verdadeiro defensor da sociedade e do regime democrático e permitiu que a 
 
legislação ordinária fixasse outras funções, desde que compatíveis com a 
finalidade constitucional. 
• Estruturação do Gaeco garante ampla autonomia funcional aos seus membros, 
bem como autonomia administrativa e financeira. 
• O MP não exerce um controle interno da polícia, apenas coordena as tarefas 
do grupo, restringindo-se às atividades realizadas pelos agentes policiais que 
integram o GAECO e em razão das atribuições desse grupo. 
• O duplo vínculo hierárquico dos servidores de corporações policiais integrantes 
do GAECO, enquanto durar a sua atuação, não configura 
inconstitucionalidade. Trata-se de hipótese semelhante à que ocorre nos 
institutos da cessão e da requisição de servidores públicos, em que a vinculação 
disciplinar permanece na “carreira-mãe”, de modo que se cria uma vinculação 
apenas funcional para o exercício das funções inerentes ao próprio GAECO. 
• Tema de Repercussão Geral relacionado: O Ministério Público dispõe de 
competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, 
investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e 
garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob 
investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses 
de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas 
profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 
8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem 
prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de 
Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente 
documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa 
instituição.STF. Plenário. RE 593727, Relator p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 14/05/2015 (Repercussão Geral – Tema 184). 
• Gaeco e juiz natural: o STJ tem jurisprudência no sentido de que a atuação 
do Gaeco não viola o princípio do juiz natural, desde que o promotor a quem 
distribuído livremente o feito solicite ou anua com a participação ou ingresso 
do Gaeco nas investigações (vide info 751). 
 
 
 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
É inconstitucional norma estadual que confere à Defensoria Pública o 
poder de requisição para instaurar inquérito policial. (STF. Plenário. ADI 
4346/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, redator do acórdão Min. Alexandre 
de Moraes, julgado em 13/03/2023. Info 1086. Q17). 
 
• O Poder de requisitar a instauração de inquérito policial está ligado à 
persecução penal e exige uma disciplina uniforme em todo o território nacional. 
• O legislador, no uso da atribuição conferida pelo art. 22, I, da CF/88, CPP já 
limitou essa atribuição à autoridade judiciária ou ao MP, conforme art. 5º do CPP. 
• A interpretação de que o Estado legislou com base no art. 24, XI e XIII, da CF/88 
(competência concorrente para legislar sobre procedimentos em matéria 
processual e assistência jurídica e Defensoria Pública) não supre a 
inconstitucionalidade, tendo em vista a colisão com o CPP. 
 
Ofende a autonomia administrativa das Defensorias Públicas decisão 
judicial que determine a lotação de defensor público em localidade 
desamparada, em desacordo com os critérios previamente definidos 
pela própria instituição, desde que observados os critérios do art. 98, 
caput e § 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT. 
(STF. Plenário. RE 887671/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão 
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 08/03/2023 (Repercussão Geral – 
Tema 847). Info 1086. Q18). 
• A defensoria é uma instituição essencial à função jurisdicional do Estado 
Democrático de Direito (art. 134, da CF). 
• O acesso à Justiça é um direito individual e social de primeira grandeza. 
• A Resolução 2656/14 da OEA: primeiro instrumento normativo aprovado pela 
OEA sobre o acesso à justiça como um direito autônomo. Neste documento, 
reconhece-se que a Defensoria Pública é a instituição eficaz para a garantia 
desse direito. Recomendou-se, portanto, que os Estados membros da OEA 
adotassem medidas que garantisse independência e autonomia dos Defensores 
Públicos. 
• O Brasil, visando cumprir as diretrizes, aprovou a EC 80/14 e inseriu o art. 98 no 
ADCT: Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será 
proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à 
respectiva população. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) § 1º 
No prazo de 8 (oito) anos*, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar 
com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais, observado o 
disposto no caput deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 
2014)§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, a lotação dos 
defensores públicos ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com 
maiores índices de exclusão social e adensamento populacional. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 80, de 2014) 
• Portanto, a partir a partir da EC 80/2014, foi assegurado à Defensoria Pública o 
poder de autogoverno na tomada de decisões, razão pela qual lhe cabe, por 
meio de seus órgãos de direção, decidir onde deve lotar os seus membros, com 
a devida observância aos critérios por ela mesma preestabelecidos, em 
 
atenção especial à efetiva demanda, à cobertura populacional e à 
hipossuficiência de seus assistidos. 
• Assim, qualquer medida normativa ou judicial que suprima essa autonomia da 
Defensoria Pública implicará ofensa constitucional. 
 
ADVOCACIA PÚBLICA 
 
É inconstitucional norma de Constituição estadual que, após o advento 
da Constituição Federal de 1988, cria órgão de assessoramento jurídico 
auxiliar (“Assessoria Jurídica estadual”) em caráter permanente e 
vinculado expressamente à Procuradoria-Geral do Estado, às quais 
compete o exercício de atividades de representação judicial, consultoria 
e assessoramento jurídico.O princípio da unicidade da representação 
judicial e da consultoriajurídica dos Estados e do Distrito Federal veda a 
criação de órgão de assessoria jurídica na Administração direta e indireta 
diverso da Procuradoria do Estado para exercer parte das atividades que 
são privativas dos procuradores, ainda que haja previsão de vinculação 
à Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 6500/RN, Rel. Min. 
Edson Fachin, julgado em 13/03/2023 (Info 1086). Q35 e Q36. 
• Ofensa à unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito 
Federal, previsto no art. 132 da CF/88: Procuradores dos Estados e DF serão 
os únicos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica 
das respectivas unidades federadas. No caso, os assessores atuavam como 
verdadeiros procuradores, não era simplesmente minutando, mas 
exercendo atividades privativas dos procuradores. 
• A PGE é responsável pela representação judicial e pela consultoria jurídica 
da administração direta (órgãos); autarquias e fundações (empresas 
públicas e sociedades de economia mista, não). 
 
Não cabe ao Poder Judiciário, sob o fundamento de isonomia, conceder 
retribuição por substituição a advogados públicos federais em hipóteses 
não previstas em lei. STF. Plenário. ADI 5519/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 17/02/2023 (Info 1083). 
• Não existe fundamento constitucional obrigando a administração pública a 
pagar retribuição por substituição aos advogados públicos federais. 
• A concessão ou não dos benefícios configura juízo de discricionariedade do 
legislador ordinário, o que impede o Poder Judiciário de substituí-lo. 
• Súmula relacionada: Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem 
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o 
fundamento de isonomia. 
 
 
 
 
ADMINISTRATIVO 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
 
Aos servidores públicos estaduais e municipais é aplicado, para todos os 
efeitos, o art. 98, § 2° e § 3°, da Lei nº 8.112/90. STF. Plenário. RE 
1.237.867/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/12/2022 
(Repercussão Geral – Tema 1.097) (Info 1080). (Q2) 
• Controvérsia: Aplicação do art. 98, §§2º e 3º da Lei 8.112/90 aos servidores 
públicos municipais e estaduais (no caso era um servidor responsável por pessoa 
com deficiência) 
• Art. 98 (...)§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor portador de 
deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, 
independentemente de compensação de horário.§ 3º As disposições constantes 
do § 2º são extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com 
deficiência. 
• A convivência e o acompanhamento familiar para o desenvolvimento e a 
inclusão das pessoas com deficiência são garantidos por normas constitucionais, 
internacionais e infraconstitucionais. 
• É razoável a adaptação no sentido da redução da jornada de trabalho dos 
servidores públicos sem redução de vencimentos. 
• Ausência de ônus excessivo à Administração Pública ; 
• Cumprimento de direitos e garantias das pessoas com deficiência; 
• Omissão do Poder Público não pode servir de justificativa para o não 
cumprimento de garantias previstas constitucionalmente, sobretudo quando 
envolvem o princípio da dignidade humana, o direito à saúde, o melhor interesse 
das crianças e as regras e diretrizes contidas na Convenção Internacional sobre 
os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD). 
 
O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição 
Federal incide sobre a remuneração relativa a todo período de 
férias.STF. Plenário. RE 1.400.787/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
15/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.241) (Info 1080). Q3 
• Controvérsia: Aplicação do 1/3 constitucional limitado a 30 dias. 
• O art. 7º, XVII, da CF/88 assegura ao trabalhador o gozo de férias anuais 
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal, sem 
limitar o tempo da sua duração; 
 
• Art. 7º (...)XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a 
mais do que o salário normal; 
• Esse direito também se estende ao servidor público por força do art. 39, § 3º, da 
CF/88. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no 
art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei 
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo 
o exigir. 
• Assim, se a legislação garante mais de 30 dias de férias anuais para o servidor , 
o acréscimo de 1/3 incide sobre a o valor pecuniário correspondente, sendo 
incabível a restrição a 30 dias. 
 
Em se tratando de cargos constitucionalmente acumuláveis, descabe 
aplicar a vedação de acumulação de aposentadorias e pensões contida 
na parte final do art. 11 da Emenda Constitucional 20/98, porquanto 
destinada apenas aos casos de que trata, ou seja, aos reingressos no 
serviço público por meio de concurso público antes da publicação da 
referida emenda e que envolvam cargos inacumuláveis. STF. Plenário. RE 
658.999/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/12/2022 (Repercussão 
Geral – Tema 627) (Info 1080). (Q4, Q5, Q6) 
• Controvérsia: aplicação do art. 11 da EC 20/98, parte final aos casos de 
cumulação permitida pela Constituição Federal. 
• Art. 11. Da EC 20/98 A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal, 
não se aplica aos membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que, 
até a publicação desta Emenda, tenham ingressado novamente no serviço 
público por concurso público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais 
formas previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a percepção de 
mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência a que se refere o art. 40 
da Constituição Federal, aplicando-se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de 
que trata o § 11 deste mesmo artigo. 
• Este dispositivo se destina unicamente à hipótese excepcional de reingressos 
no serviço público por meio de concurso público antes de sua publicação e 
que envolva cargos não acumuláveis. 
• É possível cumular mais de um cargo ou emprego público nos casos descritos 
pelo art. 37, XVI, da CF: dois cargos de professor; um cargo de professor com 
outro técnico ou científico; dois cargos ou empregos privativos de profissionais 
de saúde, com profissões regulamentadas; em qualquer das hipóteses 
mencionadas é necessária a compatibilidade de horários. 
• A cumulação permitida admite: o recebimento acima do teto, pois o limite é 
definido separadamente para cada um dos vínculos; a aposentadoria nos dois 
cargos; em caso de morte do servidor, a pensão por morte em relação aos dois 
vínculos. 
 
 
Não tem direito à indenização de férias-prêmio o servidor estadual cujo 
vínculo com a Administração Pública, decorrente da Lei Complementar 
mineira 100/2007, foi declarado nulo, por inobservância dos princípios 
constitucionais que regem o ingresso no serviço público.STF. Plenário. RE 
1.400.775/MG, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/12/2022 (Repercussão 
Geral – Tema 1.239) (Info 1080). 
• O art. 7º da LC 100/2007 do Estado de Minas Gerais transformou diversos 
servidores que mantinham vínculo precário com a Administração Pública em 
titulares e cargos efetivos, sem concurso público. O vínculo foi declarado nulo 
na ADI 4.876/MG. 
• O STF decidiu que esses servidores não possuem direito à indenização a título de 
férias –prêmio (é devido apenas a remuneração pelo trabalho desempenhado 
e o depósito do FGTS). 
 
O art. 132, V, da Lei nº 8.112/90 prevê que: 
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: (...) V - 
incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; 
A “incontinência pública” não se confunde com “conduta escandalosa, 
na repartição”. A incontinência pública é comportamento de natureza 
grave, tido como indecente, que ocorre de forma habitual, ostensiva e 
em público. A conduta escandalosa, por sua vez, pode ocorrer de forma 
pública ou às ocultas, reservadamente, sendo que, em momento 
posterior, chega ao conhecimento da Administração.A conduta escandalosa possui natureza autônoma, ostentando, via de 
consequência, requisitos próprios. Nesse contexto, a conduta praticada 
pelo ex-servidor - que “filmava, por meio de câmera escondida, alunas, 
servidoras e funcionárias terceirizadas”, caracteriza conduta 
escandalosa, prevista no art. 132, V, parte final, da Lei nº 8.112/90, o que 
atrai a pena de demissão do servidor público. STJ. 1ª Turma. REsp 2006738-
PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/2/2023 (Info 764). 
• Inquérito policial arquivado, em virtude de a polícia entender que não houve 
crime, não influencia o processo administrativo. As instâncias cível, penal e 
administrativa são independentes. 
 
CONCURSOS PÚBLICOS 
 
 
É inconstitucional dispositivo de Constituição estadual que permite 
transposição, absorção ou aproveitamento de empregado público no 
quadro estatutário da Administração Pública estadual sem prévia 
aprovação em concurso público, nos termos do art. 37, II, da Constituição 
Federal. STF. Plenário. RE 1232885/AP, Rel. Min. Nunes Marques, julgado 
em 13/4/2023 (Repercussão Geral – Tema 1.128) (Info 1090). Q97 e Q98. 
• O STF analisou dispositivo da Constituição Estadual do Amapá que permitia o 
aproveitamento de empregados, aprovados mediante concurso, no quadro de 
administração pública estadual, se ocorresse extinção, fusão, incorporação ou 
transferência de propriedade, para iniciativa privada ou para a União Federal, 
de sociedades de economia mista e empresas públicas. 
• MS impetrado por alguns funcionários. Concessão da segurança pelo Tribunal. 
Recurso Extraordinário questionando a constitucionalidade do dispositivo. 
Reconhecimento da repercussão geral. Pedido de desistência do MS. Rejeição. 
• Tese de repercussão geral relacionada: É lícito ao impetrante desistir da ação 
de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da 
autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada ou, 
ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessários, a qualquer 
momento antes do término do julgamento, mesmo após eventual sentença 
concessiva do ‘writ’ constitucional, não se aplicando, em tal hipótese, a norma 
inscrita no art. 267, § 4º, do CPC/1973.STF. Plenário. RE 669367, Relatora p/ 
Acórdão Min. Rosa Weber, julgado em 02/05/2013 (Repercussão Geral - Tema 
530) 
• Na hipótese, o reconhecimento da repercussão geral gera a objetivação do 
processo. Aplicação do art. 998 e parágrafo único do CPC. 
• A CF prevê, no art. 37, II, a necessidade de prévia aprovação em concurso 
público. Respeito à isonomia de acesso a cargos públicos e na concretização 
dos princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade. 
Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que 
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público 
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual 
anteriormente investido. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
PLANO DE SAÚDE 
 
É devida a cobertura do tratamento de psicoterapia, sem limite de 
sessões, admitindo-se que está previsto no rol da ANS, nos seguintes 
termos:a) para o tratamento de autismo, não há mais limitação de 
sessões no Rol;b) as psicoterapias pelo método ABA estão contempladas 
no Rol, na sessão de psicoterapia;c) em relatório de recomendação da 
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de 
Saúde - CONITEC, de novembro de 2021, elucida-se que é adequada a 
utilização do método da Análise do Comportamento Aplicada - ABA. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1900671/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 
12/12/2022 (Info 764). Q37 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Não se aplicam as Convenções de Varsóvia e Montreal às hipóteses de 
danos extrapatrimoniais decorrentes de contrato de transporte aéreo 
internacional. STF. Plenário. RE 1.394.401/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado 
em 15/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.240) (Info 1080) (Q7) 
• Conflito entre o CDC, que garante ao consumidor o princípio da reparação 
integral do dano (art. 14), e as convenções de Varsóvia e de montreal (art. 22), 
que determinam a indenização tarifada em caso de transporte internacional. 
• Segundo o STF, o art. 178 da CF determina que as convenções prevalecem sobre 
o CDC. 
• Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e 
terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar 
os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. 
• Critérios usados para resolver a antinomia: 1) a Convenção de Varsóvia é um 
tratado internacional comum e, por isso, está no mesmo nível hierárquico que o 
CDC; 2) os acordos internacionais são mais recentes que o CDC (Critério 
cronológico);as convenções são normas especiais em relação ao CDC, pois 
disciplinam modalidade especial de contrato, qual seja, o contrato de 
transporte aéreo internacional. 
• O art. 22 da Convenção de Montreal não mencionou claramente a espécie de 
danos aos quais se referia, mas é preciso considerar que ela representou uma 
mera atualização da Convenção de Varsóvia, firmada em 1929, quando nem 
sequer se cogitava de indenização por danos morais. 
 
• Assim, se a norma original cuidou apenas de danos materiais, parece razoável 
sustentar que a norma atualizadora também se ateve a essa mesma categoria 
de danos. 
• Além disso, os prejuízos de ordem extrapatrimonial, pela sua própria natureza, 
não admitem tabelamento prévio ou tarifação . 
• Convenção de Montreal admitiu a possibilidade de o passageiro elidir o limite 
indenizatório nela previsto para os casos de extravio de bagagem, realizando 
uma declaração especial que indique o valor dos bens transportados. 
• Da mesma forma, o nº 4 do art. 22 deixa claro que a indenização devida em 
caso de destruição, perda, avaria ou atraso da carga deve levar em 
consideração o peso total ou o volume da carga transportada. 
• Seja porque a Convenção de Montreal representou mera atualização da 
Convenção de Varsóvia, que não tratou de danos morais; seja porque a 
quantificação dos danos extrapatrimoniais segue sistemática própria avessa a 
qualquer tipo de tarifação ou tabelamento; seja, finalmente, porque a própria 
Convenção de Montreal admitiu o afastamento do limite indenizatório legal 
quando feita declaração especial do valor da bagagem transportada, é 
possível concluir que ela não incluiu os danos morais. 
 
A empresa de administração hoteleira não tem responsabilidade 
solidária pelo inadimplemento do contrato de promessa de compra e 
venda de unidades imobiliárias em construção, porquanto não integra a 
cadeia de fornecimento relativa à incorporação formada pelas 
sociedades empresárias inadimplentes.STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 
1914177-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Min. 
Maria Isabel Gallotti, julgado em 13/12/2022 (Info 764). Q38 
• A empresa de administração hoteleira, responsável pela futura administração 
de condomínio, não faz parte da cadeia de fornecimento de unidade 
imobiliária autônoma (apart-hotel) na planta, ainda que exista no contrato a 
previsão de que o consumidor se obriga a aderir por instrumento particular futuro 
pool hoteleiro previamente indicado. Logo, ela não possui responsabilidade 
solidária para integrar o polo passivo de eventual ação de rescisão/resolução 
decorrente do inadimplemento do contrato de promessa de compra e venda. 
Também não se trata de defeito relacionado à colocação de imóvel no pool. 
• Ademais, enquanto não concluída a construção da unidade imobiliária, sequer 
tem objeto o contrato de administração hoteleira. 
• Portanto, não há responsabilidade solidária de quem vai administrar um futuro 
pool hoteleiro, pois sua própria existência depende da conclusão com êxito da 
construção, o que é facilmente perceptível pelo consumidor. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
ANTERIORIDADE 
 
As modificações promovidas pelos Decretos nº 9.101/2017 e nº 
9.112/2017, ao minorarem os coeficientes de reduçãodas alíquotas da 
contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a 
importação e comercialização de combustíveis, ainda que nos limites 
autorizados por lei, implicaram verdadeira majoração indireta da carga 
tributária e devem observar a regra da anterioridade nonagesimal, 
prevista no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. 
STF. Plenário. RE 1390517/PE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 13/4/2023 
(Repercussão Geral – Tema 1.247) (Info 1090). Q99 
 
 
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 
 
A norma imunizante contida no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição 
Federal alcança as receitas decorrentes de operações indiretas de 
exportação caracterizadas por haver participação negocial de 
sociedade exportadora intermediária. STF. Plenário. ADI 4735/DF, Rel. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 12/2/2020 (Info 966). STF. Plenário. RE 
759244/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/2/2020 (Repercussão 
Geral – Tema 674 Q20). 
• Ponto central: a imunidade do art. 149, §2º, I, da CF é aplicada nas 
exportações indiretas? 
• Art. 149, §2º, I, da CF: Não poderá incidir contribuições sociais nem 
contribuições de intervenção no domínio econômico sobre receitas 
decorrentes de exportação. 
• Empresa comercial exportadora(ECE): atua como intermediária nas 
operações de exportação ou importação, funcionando como elo entre os 
fabricantes do produto e as empresas que querem compra-lo. 
• Tradind company (TC) é o nome dado para a empresa comercial 
exportadora que cumpriu os requisitos legais e obteve o certificado de 
registro especial, previsto no DL 1248/72. 
 
• Vendas por meio de ECE e TC são classificadas como exportações indiretas. 
• Tanto na exportação direta como na indireta a imunidade é aplicada. 
• Razões: máxima efetividade; interpretação teleológica do Sistema Tributário 
Nacional; cumprir o objetivo da imunidade que é desonerar a carga 
tributária sobre transações comerciais que envolvam venda para o exterior; 
objetivo do constituinte é cumprido, pois a imunidade visa evitar a 
exportação de tributos tornando os produtos nacionais mais competitivos. 
 
Não incide a contribuição para o PIS e a COFINS sobre as receitas 
auferidas pelo operador de transporte com o serviço de frete 
contratado por trading companies. STF. Plenário. RE 1.367.071 AgR-
EDv/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 17/02/2023 (Info 1083). Q21 
• Empresa que presta serviço de transporte para uma trade company, ainda 
que dentro do território nacional, de produtos destinados à exportação, tem 
direito à imunidade de pis e cofins sobre o valor do frete. 
• O preço do frete inclui a carga tributária por ele incidente. Se há o tributo 
sobre o frete automaticamente o preço será repassado pra TC e o produto 
exportado ficará mais caro. Entendimento contrário frustra o principal 
objetivo da imunidade que é desoneração das exportações. 
 
IMPOSTOS ESTADUAIS 
 
Os programas de diferimento ou postergação de pagamento de ICMS — 
a exemplo do FOMENTAR e do PRODUZIR, do Estado de Goiás — não 
violam o sistema constitucional de repartição de receitas tributárias 
previsto no art. 158, IV, da Constituição Federal, desde que seja 
preservado o repasse da parcela pertencente aos municípios quando do 
efetivo ingresso do tributo nos cofres públicos estaduais.STF. Plenário. RE 
1.288.634/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/12/2022 
(Repercussão Geral – Tema 1.172) (Info 1080). (Q8) 
• A CF prevê que o Estado repassará 25% da receita do ICMS aos Municípios; a CF 
também prevê que receberão cotas maiores de repasse os Municípios em que 
ocorreram mais fatos geradores de ICMS. 
• As parcelas do ICMS que pertencem aos Municípios, na forma do art. 158, IV, da 
CF/88, são creditadas segundo os critérios e prazos previstos na LC 63/90. 
• Se o Estado-membro decidir conceder isenção ICMS, os Municípios não podem 
ser prejudicados na repartição constitucional do tributo. Repercussão Geral 
Tema 42. Neste tema, o ICMS já estava arrecadado. 
 
• Em Goias foi criado o programa “Fomentar”, posteriormente transformado no 
“Produzir”, que garantem o diferimento do recolhimento do ICMS, e , por 
consequência, causam o atraso do repasse aos municípios. 
• Os programas mencionados no parágrafo anterior são convalidados pelo 
Confaz, pela LC 160/2017 e não violam a CF. 
• A obrigação de transferência ao Município só ocorre quando há efetivo 
recolhimento do tributo, pois o ICMS postergado ainda não é considerado 
receita pública. 
 
É constitucional — pois preservada a sua destinação ao “Sistema S”, 
configurando pleno atendimento ao critério da pertinência entre o 
destino efetivo do produto arrecadado e a finalidade da tributação — a 
incidência da contribuição destinada ao Serviço Nacional de 
Aprendizagem Rural (SENAR) sobre a receita bruta proveniente da 
comercialização da produção rural. STF. Plenário. RE 816.830/SC, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 16/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 801) (Info 
1080). (Q9) 
 
IMPOSTOS MUNICIPAIS 
 
É constitucional a incidência de ISS sobre a cessão de direito de uso de 
espaços em cemitérios para sepultamento, pois configura operação 
mista que, como tal, engloba a prestação de serviço consistente na 
guarda e conservação de restos mortais inumados. Plenário. ADI 5869/DF, 
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/02/2023 (Info 1083). Q39, Q40 e 
Q41. 
• No caso o autor da ADI defendia que sobre a cessão de uso de espaços em 
cemitérios para sepultamento não deveria incidir ISS, apesar da previsão 
expressa na lei, pois não há obrigação de fazer, esforço humano, oferecimento 
de utilidade para outrem conjugada com entrega de bem. 
• Para lembrar: a lista anexa à LC 116/2003 é taxativa; Cabe à LC disciplinar 
conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, Estados, CF e 
municípios (art. 146, I, CF); critério definido no art. 1º, §2º da LC 116/2003; 
operações mistas: contribuinte realiza prestação de serviço e também fornece 
mercadorias. Regra: incide ISS se o serviço estiver na lista. Não estando incide 
ICMS. Há exceções previstas na lei em que nas operações mistas incide ICMS e 
ISS. 
• São três as linhas principais de pensamento em relação à solução de conflitos 
entre ISS e ICMS: 1) teoria civilista: ISS apenas incide sobre obrigações de fazer; 
as obrigações de dar são reservadas à tributação estadual; 2) primazia da lista 
 
de serviços: fundamenta-se na literalidade da Constituição, a qual atribuiria a 
competência para dirimir os conflitos à LC.; 3) Bens tangíveis e intangíveis: os 
primeiros passíveis de tributação pelo ICMS e os segundos pelo ISS. 
• Quando a empresa faz a cessão do uso do espaço de cemitério para 
sepultamento ela está também prestando serviços que envolvem a guarda ou 
custódia dos cadáveres. Por isso, enquadra-se no conceito tradicional de 
serviços. Há, de fato, uma obrigação mista, mas que diante da previsão na LC 
116 reclama o recolhimento de ISS. 
 
 
DIREITO FINANCEIRO 
É vedada a utilização das emendas do relator-geral do orçamento com 
a finalidade de criar novas despesas ou de ampliar as programações 
previstas no projeto de lei orçamentária anual, uma vez que elas se 
destinam, exclusivamente, a corrigir erros e omissões (art. 166, § 3º, III, 
alínea “a”, da CF/88). STF. Plenário. ADPF 850/DF, ADPF 851/DF, ADPF 
854/DF e ADPF 1.014/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 19/12/2022 
(Info 1080). 
• Orçamento secreto: Termo criado pela mídia, pois não era possível identificar 
qual deputado ou senador criou a emenda e/ou o destino da verba. 
• Há quatro tipos de emendas: As individuais (indicadas por um congressista 
específico); as de bancada (atendem às bancadas de cada unidade da 
federação ), de comissão (solicitadas por esses órgãos colegiados do 
Congresso) e de relator. 
• As usadas no orçamento secreto são as emendas de relator, sob o código RP9. 
Elas são incluídas pelo relator geral do orçamento, um parlamentar escolhido a 
cadaano para ser o responsável pela redação final do texto. 
• As emendas de relator costumavam ser usadas apenas para fazer pequenas 
correções no orçamento. Em 2020, uma regra mudou isso. Essas emendas 
passaram a destinar bilhões de reais para obras, compras de veículos e diversos 
outros gastos, sem transparência e às vezes ligados a indícios de corrupção. 
• Funcionava assim: o relator-geral incluía no orçamento uma emenda genérica 
destinando verbas extras a um órgão do governo- para o Ministério do 
Desenvolvimento Regional, por exemplo. Em seguida, os parlamentares que 
tinham acordos com o governo ou com o comando da Câmara e do Senado 
enviaram ofícios – não disponíveis ao público- ao respectivo órgão, pedindo a 
transferência de verbas de sua “quota” para, por exemplo, asfaltar vias de 
trânsito ou comprar tratores. O dinheiro era então repassado. 
• Razões pelas quais o STF decidiu pela inconstitucionalidade: As emendas do 
relator (classificadas sob o indicador RP 9) são incompatíveis com a CF em 
virtude de seu caráter anônimo, sem identificação do proponente. Isso porque 
operam com base na lógica da ocultação dos efetivos requerentes, por meio 
 
da qual todas as despesas nela previstas são atribuídas, indiscriminadamente, à 
pessoa do relator-geral do orçamento, entre parlamentares incógnitos e o 
orçamento público federal. 
• Assim, a sua utilização subverte o regramento constitucional para confecção do 
orçamento público (arts. 165 e 166 da CF). 
• É condição de validade dos atos que compõe o ciclo orçamentário a sua 
prática com atenção e fidelidade aos postulados republicados e com a 
transparência necessária à garantia de acesso de todos às informações de 
interesse público, desde a elaboração e o planejamento até a realização das 
despesas públicas (arts. 1º, caput, e parágrafo único; art. 5º, XXXIII; 37, caput e 
§3º, II, da CF/88). 
• Ademais, o condicionamento da liberação de recursos contemplados nas 
aludidas emendas à adesão de parlamentares aos interesses do governo em 
votações, ainda que potencial, evidência desvio de finalidade na distribuição 
dos recursos do orçamento, o que é incompatível com o princípio constitucional 
da separação dos poderes (art. 2º, da CF/88). 
• Portanto, as indicações de beneficiários e prioridades de despesas 
operacionalizadas, em caráter primário, por meio de emendas do relator-geral 
do orçamento, são incompatíveis com a ordem constitucional democrática e 
republicana, em especial porque não observam os critérios objetivos orientados 
pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência(art. 37, caput), além de desobedecerem os princípios da máxima 
divulgação, da transparência, da acessibilidade das informações, do fomento 
à cultura da transparência e do controle social, nos termos da lei de acesso à 
informação (art. 3º, I a V, da L 12527/2011). Fonte: vídeo prof Ubirajara. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=NNL2tozif5g 
 
É constitucional a exigência legal de renúncia expressa e irrevogável 
pelos Estados-membros ao direito em que se fundam ações judiciais que 
discutem dívida ou contrato objeto de renegociação com a União.STF. 
Plenário. ADI 7168/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/02/2023 
(Info 1083). Q23 
• A LC 156/2016 estabeleceu um plano de auxílio aos Estados e DF e a 
possibilidade de refinanciamento de dívidas dos E e DF com a União. Para 
ter direito ao benefício os entes deveriam renunciar ao direito sobre 
eventuais ações proposta contra a União questionando a dívida. 
• Discutiu-se, portanto, se a previsão vai de encontro à inafastabilidade da 
jurisdição. 
• Decidiu-se que não, pois é uma faculdade celebrar/aceitar a proposta. 
• Exigência garante que ocorra a apuração e consolidação segura dos saldos 
devedores, eliminando interferências externas. 
 
• Permitir o prosseguimento das demandas infringiria os deveres de lealdade e 
colaboração federativa. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
APOSENTADORIA 
 
A enfermidade ou doença mental, ainda que tenha sido estabelecida a 
curatela, não configura, por si, elemento suficiente para determinar que 
a pessoa com deficiência não tenha discernimento para os atos da vida 
civil. É inconstitucional — por ofensa aos princípios da proporcionalidade e da 
dignidade da pessoa humana — norma que prevê o pagamento da aposentadoria 
por invalidez decorrente de doença mental somente ao curador do segurado, 
condicionado à apresentação do termo de curatela, ainda que provisório.”.STF. 
Plenário. RE 918315/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
16/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.096) (Info 1080).Q22 
• A lei vai de encontro ao Código Civil e ao estatuto da pessoa com 
deficiência que não exige a curatela para todo portador de doença mental. 
 
DIREITO ELEITORAL 
 
A exceção à exigência de votação nominal mínima, prevista para a 
posse de suplentes, constante do art. 112, parágrafo único, do Código 
Eleitoral, não ofende a Constituição. STF. Plenário. ADI 6657/DF, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 17/02/2023 (Info 1083). Q24 
• Inexistência de ofensa à soberania popular e ao princípio da adequada 
representatividade. 
• Os dispositivos constitucionais não trazem regra concreta e específica para as 
eleições proporcionais. Logo, compete à legislação infraconstitucional 
estabelecer as minúcias do sistema eleitoral proporcional. Decidir de forma 
contrária significaria afastar a vontade do legislador infraconstitucional. 
• Eventual futura vacância deve ser suprida por candidatos da mesma 
representação partidária (lembre-se a cadeira é do partido), com a finalidade 
de garantir a manutenção da vontade popular no curso da legislatura. 
• Exigir desempenho nominal mínimo dos suplentes para eventual assunção do 
mandato, especialmente em relação aos partidos menores, implicaria na 
supressão da representatividade legitimamente conquistada pela agremiação 
partidária, reduzindo a variedade de posições político ideológicas 
representadas no parlamento. 
 
• Para o STF a opção legislativa de excluir os suplentes da exigência de votação 
nominal mínima é razoável e prestigia o sistema proporcional e os partidos 
políticos. 
 
Em regra, nas eleições proporcionais, devem ser computados como 
válidos para os partidos políticos os votos dados aos candidatos “sub 
judice” cujos registros de candidatura estejam deferidos ou sem análise 
pela Justiça eleitoral na data da realização do sufrágio e que, após a 
votação, sejam indeferidos por decisão judicial. Por força dos princípios 
democrático, da soberania popular e da centralidade dos partidos 
políticos no sistema eleitoral proporcional, o parágrafo único do art. 16-A 
da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições) deve ser interpretado no sentido de 
excluir da contagem para as legendas apenas os votos atribuídos ao 
candidato sub judice cujo registro esteja indeferido no dia da votação. 
STF. Plenário. ADI 4513/DF, ADI 4542/DF e ADPF 223/DF, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgados em 13/4/2023 (Info 1090). Q92, Q93, Q94, Q95, Q96 
• De início, destaque-se que a lei prevê que todos os atos relacionados ao registro 
de candidatura devem ser concluídos até vinte dias antes da data das eleições. 
Porém, nem sempre é possível julgar todos os registros antes do fim do prazo. 
• Artigo interpretado: Art. 16-A. (...) Parágrafo único.O cômputo, para o respectivo 
partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub 
judice no dia da eleição fica condicionado ao deferimento do registro do 
candidato. 
• Esse dispositivo visa retirar os incentivos para que os partidos lancem ou 
mantenham na disputa candidatos manifestamente ilegíveis. O candidato com 
candidatura indeferida deve concorrer por sua conta e risco, ciente de que os 
votos não serão computados nem para o candidato, nem para o partido. 
• Problemas atuais do processo eleitoral: 1) permissão para as eleições 
acontecerem sem a definição de quais candidatossão elegíveis; 2) efeitos 
negativos sobre a soberania popular e princípio democrático, diante da 
insegurança jurídica;3)prejuízo à economicidade: autorização para a realização 
de propaganda eleitoral financiada com recursos do Fundo Partidário e do 
Fundo Especial de Financiamento de Campanha, por candidatos que não 
sabem se serão validamente habilitados ou de candidatos que tiveram os 
registros indeferidos, mas ainda não tiveram o recurso apreciado. 
• Candidaturas sub judice podem ser classificadas em : 1) registro indeferido e 
com recurso pendente; 2) registro deferido e com recurso pendente; 3) registro 
 
ainda não apreciado. Para o STF, o art. 16-A, parágrafo único, aplica-se somente 
para a primeira hipótese. As demais hipóteses são regidas pelo art. 175, §4º do 
Código Eleitoral, que dispõe que os votos obtidos pelos candidatos que tiveram 
o registro indeferido por decisão superveniente devem ser computados e 
considerados na definição do quociente partidário. 
• Enquanto não sanadas essas disfunções, os dispositivos correlatos devem ser 
interpretados sob a ótica dos princípios democrático e da soberania popular, 
dos quais decorre o postulado máximo do aproveitamento dos votos. 
• Por fim, o julgado ponderou que o entendimento firmado não se aplicaria à 
hipótese de candidatura que venha a ser posteriormente cassada por ilícitos 
eleitorais graves, a exemplo de falsidade, fraude, coação, captação ilícita 
de sufrágio, abuso de poder econômico, político ou uso indevido de meios 
de comunicação. Nessas situações, os votos são inválidos e anulados para 
todos os efeitos, inclusive para o partido político, como preceituam os arts. 
222 e 237, do Código Eleitoral. 
• Tabelinha perfeita do dizer o direito para sintetizar o entendimento acima: 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
 
DIREITO REAIS 
 
Nas ações demolitórias de obra ajuizadas em face de construções 
erguidas em desacordo com as regras urbanísticas ou ambientais é 
prescindível a citação dos coproprietários do imóvel para integrarem a 
relação processual, na qualidade de litisconsorte passivo necessário. STJ. 
1ª Turma. REsp 1830821-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 
14/2/2023 (Info 764). Q42, Q3, Q44. 
• Previsão de ação demolitória e ação de nunciação de obra nova no CPC 73. 
Ausência de previsão no CPC 15. Em razão disso, ações continuam existindo e 
deverão seguir o procedimento comum. 
• A ação de nunciação de obra nova revela-se como uma tutela preventiva, e a 
demolitória como uma tutela repressiva. 
• Desnecessidade de litisconsórcio. O direito de propriedade permanece 
intocado. A demolição da obra seria é apenas uma consequência natural do 
cumprimento da decisão judicial, que impôs a obrigação de demolir as 
construções erguidas ilicitamente, vale dizer, em desacordo com a legislação 
de regência. 
• (..)prescindível a citação do cônjuge, seja porque se está no âmbito de 
responsabilidade solidária, seja porque as ações traduzem pretensões 
conectadas à degradação da qualidade de vida ambiental ou urbanística, 
causada por atividade, empreendimento ou obra irregular, relação jurídica 
controvertida destituída, no núcleo central da sua natureza, de discussão 
acerca da propriedade ou posse do imóvel. 
• STJ. 2ª Turma. EDcl no AREsp 1.580.652/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 
25/8/2020. 
BEM DE FAMÍLIA 
 
O fato de o bem imóvel ter sido adquirido no curso da demanda 
executiva não afasta a impenhorabilidade do bem de família. STJ. 4ª 
Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 2.182.745-BA, Rel. Min. Raul Araújo, 
julgado em 18/4/2023 (Info 771). Q100. 
• Utilizar dinheiro, que é penhorável, para adquirir um bem impenhorável (casa 
para moradia, por exemplo) não configura, por si só, fraude à execução, 
tampouco afasta a proteção conferida ao bem de família. 
 
• Relatividade das regras que estabelecem a impenhorabilidade. Exceções 
previstas no art. 3º da Lei n. 8.009/90 devem ser demonstradas para afastar o 
direito. 
• Necessidade de analisar o art. 4º da Lei n. 8.009/90.Ausência de prova má-fé ou 
insolvência, no caso concreto. 
• Ausência de alienação ou oneração de outros bens. 
• A regra de impenhorabilidade do bem de família trazida pela Lei 8.009/90 deve 
ser examinada à luz do princípio da boa-fé objetiva, que, além de incidir em 
todas as relações jurídicas, constitui diretriz interpretativa para as normas do 
sistema jurídico pátrio. 
 
PROCESSO CIVIL 
 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
 
Os honorários recursais não têm autonomia nem existência 
independente da sucumbência fixada na origem e representam um 
acréscimo ao ônus estabelecido previamente, motivo pelo qual, na 
hipótese de descabimento ou de ausência de fixação anterior, não há 
que se falar em honorários recursais. Assim, não são cabíveis honorários 
recursais na hipótese de recurso que mantém acórdão que reconheceu 
error in procedendo anulou a sentença, uma vez que essa providência 
torna sem efeito também o capítulo decisório referente aos honorários 
sucumbenciais e estes, por seu turno, constituem pressuposto para a 
fixação (“majoração”) dos honorários em grau recursal.STJ. 2ª Turma. 
AgInt nos EDcl no REsp 2004107-PB, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 
julgado em 15/12/2022 (Info 764). Q45 
• Requisitos para fixação dos honorários recursais: 1) decisão recorrida pulicada a 
partir de 18.3.2016, quando entrou em vigor o CPC/15; 2) recurso não conhecido 
integralmente ou não provido, monocraticamente ou pelo órgão colegiado 
competente; 3) condenação em honorários desde a origem no feito em que 
interposto o recurso. 
• Os honorários recursais não têm autonomia nem existência independente da 
sucumbência fixada na origem e representam um acréscimo. 
 
• No caso analisado pelo STJ, existia a prolação de uma sentença com a 
condenação em honorários sucumbenciais, mas, posteriormente, ocorreu o 
superveniente provimento de recurso, com o reconhecimento de error in 
procedendo e a anulação da decisão. Assim, acarretou o desfazimento 
também da estipulação da sucumbência originária, de modo que, se não 
subsiste a condenação em honorários na origem, não há que se falar em sua 
majoração em sede recursal. 
• Error in procedendo. Vícios de atividade são entendidos como vícios formais do 
procedimento ou da própria decisão impugnada e comumente identificados 
pela expressão latina error in procedendo. Quando o vício é da própria decisão 
fala-se de error in procedendo intrínseco, tal como uma sentença extra petita 
ou um acórdão sem fundamentação. Nesse caso, o recorrente em regra pede 
a anulação da decisão e a devolução do processo ao órgão responsável por 
sua prolação para que nova decisão seja proferida em seu lugar. Aplicando-se 
a teoria da causa madura (art. 1.013, § 3º, do CPC), que já foi analisada no 
Capítulo 70, item 70.4.2, admite-se que, anulada a decisão, o próprio órgão 
competente para o julgamento do recurso profira uma nova decisão para 
substituir o pronunciamento impugnado. Sendo o vício do próprio procedimento, 
anterior à decisão impugnada, fala-se em error in procedendo extrínseco. Nessa 
espécie de vício é importante considerar o art. 278 do CPC, porque, sendo o 
vício de nulidade relativa, cumpre à parte argui-lo no primeiro momento em que 
falar nos autos, sob “pena” de preclusão, com a consequente convalidação do 
vício. Dessa forma, só poderá a parte alegar em recurso um error in 
procedendo extrínseco que gere uma nulidade relativa se a primeira vez que 
falar nos autos se der por meio do recurso. Já as nulidades absolutas não 
precluem, de forma que a parte poderá alegar tais espécies de vício em sede 
recursal, mesmo que o vício já exista antes da decisão impugnada e ela já tenha 
se manifestado anteriormente nos autos sem alegá-lo. Em regra, o error in 
procedendo extrínseco é dessa espécie, como a ausência de litisconsorte 
necessário, a ausência do Ministério Público em processo no qual deveria 
participar como fiscal da ordem jurídica etc.” (Manual de direito processual civil

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