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DPOC Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença comum, prevenível e tratável que é caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo aéreo devido às anormalidades das vias aéreas e/ou alveolares, em geral causadas por exposição a partículas ou gases nocivos. A DPOC está relacionada ao aumento da morbimortalidade cardiovascular, independentemente dos outros fatores de risco, sendo extremamente relevante seu diagnóstico e tratamento. É reconhecida como a terceira principal causa de morte no mundo. Na cidade de São Paulo, a prevalência foi estimada pelo mesmo estudo em 15,8% nos indivíduos acima de 40 anos. DPOC apresenta classicamente dois polos de doença, que apresentam definições clínicas e anatomopatológicas diferentes: • Bronquite crônica: tosse produtiva por mais de 3 meses por 2 anos consecutivos sem outra explicação aceitável. • Enfisema pulmonar: destruição da parede dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal. Vários processos fisiopatológicos pulmonares podem cursar com enfisema, mas na DPOC o enfisema ocorre sem fibrose significativa. Exacerbação da DPOC caracteriza-se pelo aumento dos sintomas respiratórios além da variação diária habitual, por mais de 2 dias, com necessidade de medicações adicionais ao seu tratamento. Isso geralmente inclui uma mudança aguda em um ou mais dos seguintes sintomas cardinais: Fisiopatologia: A marca do processo fisiopatológico da DPOC é a alteração que ocorre na resposta inflamatória pulmonar. Inalação de partículas pode levar a um processo de estresse oxidativo e aumento de proteases. Existe evidência de aumento da concentração das metaloproteinases em amostras de lavado broncoalveolar de pacientes com DPOC. Também existe evidência robusta de que o desbalanço entre as proteases, que fagocitam o tecido conectivo pulmonar, e antiproteases, que contrabalançam esse efeito, acarreta a destruição da elastina, que é um importante componente do parênquima pulmonar. A deficiência de produção de inibidores endógenos das metaloproteinases também representa papel importante no processo. Os processos fisiopatológicos da DPOC causam alterações estruturais e funcionais que incluem: • Diminuição significativa do VEF1, com alteração da relação VEF1/ CVF. • Aumento do volume residual e da capacidade residual funcional. • Aumento da capacidade pulmonar total e redução da capacidade vital. • Limitação da capacidade de esforço. • Hiperinsuflação pulmonar levando a disfunção diafragmática com retificação de cúpula visível na radiografia de tórax. • Hipersecreção mucosa por processo inflamatório brônquico. • Anormalidades de trocas gasosas por hipoventilação com hipoxemia e hipercapnia. • Vasoconstrição pulmonar secundária a hipóxia e tardiamente hipertensão pulmonar secundária. C l a s s i fi c a ç ã o d a s exacerbações: Cerca de 70% das exacerbações são causadas por processos infecciosos bacterianos ou virais e os outros 30% são causados por fatores como poluentes ambientais, broncoespasmo, tromboembolismo pulmonar (TEP) etc. Primeiramente, vocês devem classificar a gravidade da obstrução do fluxo aéreo encontrada na espirometria do seu paciente. O GOLD propõe a classificação das exacerbações conforme o tratamento necessário: • Exacerbação leve: tratada apenas com broncodilatador de curta duração • Exacerbação moderada: tratada com broncodilatador de curta duração e ATB e/ou corticosteroides • Exacerbação grave: necessidade de tratamento hospitalar ou paciente com IR. A avaliação de sintomas deve ser feita em todas as consultas e engloba a qualidade de vida do paciente, não se limitando apenas à dispneia. Existem alguns questionários validados internacionalmente para este tipo de análise. Assim, nas consultas, deve-se questionar ativamente o paciente sobre piora de seus sintomas nos últimos meses (piora da dispneia, aumento da tosse, aumento da expectoração ou mudança em seu aspecto), necessidade de aumento das doses de medicamentos inalatórios, procuras a Pronto-Socorro, uso de antibioticoterapia e internação hospitalar. A dispneia crônica persistente (isto é, com duração maior que 3 meses), desencadeada aos esforços e com piora progressiva é o sintoma mais característico de DPOC. Para definir objetivamente o grau de dispneia, utilizam-se alguns escores para se padronizar esta avaliação. A escala mais utilizada, validada para a população brasileira e prática é a “Modified Medical Research Council" (mMRC). Ela divide a dispneia em 5 categorias (de 0 a 4) e varia entre a dispneia só com grandes esforços (mMRC = 0) até não sair de casa por conta da falta de ar (mMRC = 4). Concluída a análise do risco de exacerbação, comorbidades, impacto dos sintomas na qualidade de vida do paciente e gravidade da obstrução respiratória, estamos prontos para finalizar o estadiamento e traçar o plano terapêutico inicial mais apropriado. Para tanto, é preciso juntar as informações coletadas (avaliação integrada) num esquema conhecido como ABE. É importante salientar que o ABE considera apenas a intensidade dos sintomas e o risco de exacerbações. O grau de obstrução respiratória é estadiado de maneira independente. Achados clínicos: As manifestações das exacerbações variam dentro de um grande espectro, passando por tosse produtiva e aumento da dispneia, podendo chegar até insuficiência respiratória. Os principais sintomas incluem dispneia, tosse, sibilos, roncos e uso de musculatura acessória. Ao exame físico, o paciente, geralmente, apresenta sibilância, taquipneia, dificuldade de falar devido esforço respiratório, uso de musculatura acessória, movimentos paradoxais entre tórax e abdome. A alteração do estado mental pode refletir hipercapnia ou hipoxemia. Deve-se atentar aos demais achados que podem sugerir outro diagnóstico. Os pacientes podem apresentar sinais de hipertensão pulmonar, como edema periférico, P2 hiperfonética, estase jugular, sinal de Kussmaul (aumento da turgência jugular durante a inspiração), pulso paradoxal (queda superior a 10 mmHg da pressão arterial sistólica durante a inspiração) e hepatomegalia, indicativos de cor pulmonale. Exames Complementares: Em pacientes com exacerbação leve, que não necessitam de tratamento no departamento de emergência, é possível se limitar à avaliação clínica, saturação de oxigênio por oximetria de pulso e RX de tórax. Para os demais pacientes, recomenda-se a solicitação dos seguintes exames: • RX de Tórax: identifica achados sugestivos de fator precipitante como consolidações pulmonares e pneumotórax; identifica ainda achados típicos de DPOC como aumento do espaço retroesternal, diafragma direito abaixo da sétima costela. • Hemograma: indicado em todos os pacientes com indicação de internação; pode apresentar policitemia, e leucocitose pode ocorrer em pacientes infectados. • Eletrólitos e Função Renal: devem ser colhidos em todos os pacientes com indicação de internação; pode ocorrer hipocalemia como efeito adverso do uso repetido de broncodilatadores. • ECG: deve ser realizado em todos os pacientes com dor torácica, taquicardia ou bradicardia; achados sugestivos de hipertensão pulmonar como onda p pulmonale e desvio do eixo QRS para a direita podem ser encontrados; taquicardias, em particular a taquicardia atrial multifocal, são comuns em pacientes com exacerbação aguda de DPOC. • TC de Tórax: deve ser realizada se dúvida no diagnóstico, ou se suspeita de TEP. • Troponinas: considerar se presença de taquicardia ou isquemia miocárdica em potencial. • Gasometria Arterial: todos os pacientes com indicação de internação ou se suspeita de acidose respiratória. • Glicemia: todos os pacientes com indicação de internação. Diagnóstico Diferencial: Tratamento na Emergência: Referências bibliográficas: • Martins,Herlon Saraiva / Santos,Rômulo Augusto Dos / Neto,Rodrigo Antonio Brandão / Arnaud,Frederico - Medicinade Emergência – Série Revisão Rápida – 6a Edição, Editora Manole, 2023. – Capítulo 1. • PSZerado 2023 - DPOC • SanarFlix - Apostila Clínica Médica - DPOC • Resumos da Med • Apostila SemiExtensivo SP Medway 2024 • Apostila Pneumologia Volume I Medcurso 2023 • MedCoffee 2023 - DPOC • Estratégia Med 2024 - DPOC
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