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Insuficiência Respiratória Aguda É uma síndrome caracterizada pela incapacidade do organismo de realizar as trocas gasosas de forma adequada. É decorrente de disfunção em um ou mais componentes do sistema respiratório: parede torácica (pleura e diafragma), vias aéreas, alvéolos, circulação pulmonar, sistema nervoso central e periférico. A dispneia é uma experiência subjetiva de desconforto respiratório → é um sintoma. Causas: A curva de dissociação da Hb mostra a relação entre a SatO2 e a pressão parcial arterial de O2 (PaO2). A curva é desviada para a direita (efeito Bohr) em situações de aumento de temperatura, aumento da pressão parcial de CO2 ou de H+ (redução de pH) ou aumento de 2,3-difosfoglicerato, o que facilita a liberação de O2 aos tecidos. Quando há diminuição da saturação de O2 na corrente sanguínea, os quimiorreceptores presentes no seio carotídeo estimulam a ventilação, na tentativa de aumentar a disponibilidade de oxigênio nos pulmões e na corrente sanguínea. Outra coisa que acontece é a vasoconstricção de áreas com diminuição da PO2 alveolar, para desviar o sangue para áreas mais ventiladas → é a chamada vasoconstricção hipóxica. O CO2 é transportado como forma de bicarbonato, dissolvido e uma menor parte ligado a hemoglobina. Os níveis de PaCO2 normais são entre 35 e 45 mmHg. Quando a PaCO2 eleva, estimula a ventilação → aumenta a eliminação pelos pulmões. • Em alguns casos, como pacientes com DPOC, esse mecanismo é menos eficaz → como a ventilação vai estar prejudicada, leva a hipercapnia. Avaliação da oxigenação: · Saturação de O2: Avalia a proporção de Hb a qual tem O2 ligado. · Mensurada por oximetria de pulso ou gasometria arterial (invasivo) · SatO2 normal em repouso > 95% · Em pacientes com doenças pulmonares crônicas, como por exemplo DPOC avançada, o limiar pode ser menor (SatO2 88-92%) · Pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2): É a concentração de oxigênio dissolvido no plasma. Mensuramos pela gasometria arterial. · Admite-se PaO2 > 80 mmHg como normal. · Gradiente alvéolo-arterial de oxigênio: É a diferença entre a concentração de oxigênio alveolar (PAO2) e a concentração de oxigênio arterial (PaO2). · O gradiente alvéolo-arterial pode auxiliar na diferenciação da hipoxemia decorrente de hipoventilação alveolar difusa ou alterações de trocas gasosas por condições pulmonares intrínsecas. Valores normais de G (A-a) na vigência de hipoxemia sugerem hipoventilação alveolar – por exemplo, uso de sedativos/opioides, doenças neuromusculares. Já valores superiores ao esperado sugerem alterações no processo de oxigenação, como efeito shunt, distúrbio V/Q e alterações na barreira de troca. · PaO2/FiO2: Geralmente é utilizada durante a ventilação mecânica invasiva. Os valores entre 300-500 mmHg são considerados normais. Fisiopatologia: Pode ser por várias coisas: · Hipóxia · Aumento do trabalho respiratório · Distúrbios da ventilação/perfusão · Transporte inadequado de oxigênio · Obstrução das VA · Aumento do metabolismo · Acidose De forma geral, na IRpA há a incapacidade dos pulmões de executarem adequadamente as trocas gasosas. Ela pode ser hipoxêmica ou hipercápnica: IRpA tipo 1: Hipoxêmica: A PaO2 < 60 mmHg. Quando o problema está no O2, em oxigenar o sangue, geralmente por distúrbios da perfusão, principal mecanismo fisopatológico da hipoxemia. Aqui geralmente está relacionado à más trocas gasosas. Uma das principais fisiopatologias são: Distúrbios V/Q (ventilação/perfusão): fisiologicamente, a ventilação e a perfusão são maiores nas bases do que nos ápices pulmonares. Quando acontecem falha nos mecanismos compensatórios, como a vasoconstricção hipóxica, há evolução para hipoxemia, com ocorrência de 2 situações: · Efeito shunt: alvéolos perfundidos e não ventilados. · Espaço morto: alvéolos ventilados, mas não perfundidos. · Anatômico: região localizada entre as vias aéreas superiores e os bronquíolos terminais, na qual o O2 e o CO2 não podem ser trocados. · Alveolar: o espaço morto alveolar reflete áreas alveolares que são ventiladas, porém possuem sua perfusão diminuída ou ausente. · O aumento do espaço morto alveolar é o principal mecanismo de hipercapnia em pacientes com doenças pulmonares (DPOC, fibrose intersticial, vasculites pulmonares). · Fisiológico: é a combinação do espaço morto anatômico com o espaço alveolar. E aí observa-se hipoxemia com elevação do gradiente alvéolo-arterial → corrige-se facilmente com oxigênio suplementar. O extremo do distúrbio V/Q é o shunt intra e extrapulmonar: · Shunt intrapulmonar: há um distúrbio grave da troca gasosa no qual o sangue perfunde o pulmão, porém não é oxigenado, uma vez que os alvéolos estão colapsados ou preenchidos por fluido ou material inflamatório. Para diferenciar o V/Q do shunt, podemos administrar oxigênio em alto fluxo → se for V/Q vai ter melhora da hipoxemia; se for shunt, vai corrigir bem menos ou nada. Algumas causas: · TEP · DPOC · Pneumonia O tratamento geralmente é ofertar O2. IRpA tipo II: Hipercápnica: Na gasometria, tem-se PaCo2 > 50 mmHg e PaO2 < 60 mmHg. A elevação da PaCO2 pode estar relacionada comum aumento da produção (como em sepse, grandes queimados, febre) e com a diminuição da excreção de CO2. O problema, na maioria das vezes, está na eliminação do CO2, geralmente por distúrbios na ventilação. Geralmente o problema está fora do pulmão, porque o problema é que não consegue ventilar para eliminar CO2. A redução do volume minuto alveolar é seguramente a principal causa de hipercapnia. Na prática clínica, DPOC é o protótipo de doença associada a aumento da PaCO2. Observa-se que o problema é secundário a hipoventilação alveolar e não propriamente a redução do volume minuto Algumas causas: · Obstrução de VA · Perda do drive respiratório · Falência muscular · Redução da expansibilidade Há um aumento do espaço morto. O seu tratamento é justamente melhorar a ventilação, apenas oxigenação não resolve. Fazemos a IOT para pacientes com: Quadro clínico: Não há como predizer os valores de hipoxemia que apresentam risco para os pacientes, pois alguns estão habituados a saturações de 80%. Porém, esperam-se alterações neurológicas quando a PaO2 cai rapidamente a <45 mmHg (saturação aproximada de 80%). Abaixo de 30 mmHg já é possível perder a consciência. Alguns sinais e sintomas da IRpA: · Taquipneia Principalmente na hipoxêmica. Na hipercápnica, a taquipneia é menos proeminente: como a causa da hipercapnia é a depressão respiratória por acometimento central ou por drogas que fazem essa depressão, o paciente estará eupneico ou bradipneico · Uso de musculatura acessória · Batimento da asa de nariz · Tiragem intercostal · Retração da fúrcula · Respiração paradoxal, em casos mais graves (fadiga da musculatura acessória) · Gasping → deve ser manejado como se fosse uma parada respiratória · Agitação · Confusão · Cianose → sinal tardio · Cianose central: quando desoxihemoglobina > 4g/dL · Sibilos → broncoespasmo (asma, DPOC)? · Creptos → EAP? Consolidação? · Diminuição do MV → pneumotórax? Derrame pleural? Exames complementares: • ECG • RX de tórax • D-dímero • Gasometria arterial • TC de tórax • Capnografia → mensura o CO2 expirado · Fisiologicamente, o EtCO2 é um pouco mais baixo que a PaCO2 arterial (até 6 mmHg) devido ao espaço morto fisiológico. É intuitivo perceber que um alargamento no gradiente entre PaCO2 e EtCO2 é resultado de aumento no espaço morto. • USG de tórax Tratamento: O objetivo é oxigenar os tecidos, auxiliando e buscando a causa para tratamento definitivo. O ABCDE é a primeira etapa: A: assegurar que a VA estar pérvia • Desobstruir se obstruída · Laringoscopia/broncoscopia · Cricotireoidostomia ou traqueostomia B: considerar IOT se paciente não tiver ventilação espontânea ou risco de broncoaspirar. Suplementação de O2 caso ventilação espontânea e saturação < 94%. • Em pacientes em risco de hipercapnia, a saturação de O2 alvo é de 88-92%, pois há risco de depressão respiratória secundária a elevações agudas na PaO2 • Manejo escalonado dos equipamentos de suporte de O2: · Cateter nasal:utiliza baixos fluxos e baixa concentração de O2. Utiliza fluxos de 0,5-6 L/min, sendo que aumentos de 1 L/min tendem a elevar a FiO2 em 3 a 4% · Usado quando não precisamos de altos fluxos de O2, como IRespA sem shunt ou para pacientes com doenças pulmonares crônicas que necessitem de baixa FiO2 · Máscara de Venturi: concentrações variáveis de O2 → de 24 a 50% de FiO2. · Usamos quando precisamos titular de forma adequada a FiO2 · Máscara facial com reservatório (máscara não reinalante): alto fluxo e alta concentração de O2 (FiO2 90-100%) · Principais indicações: IRespA hipoxêmicas graves (SDRA, pneumonia grave) · Dispositivo BVM: alto fluxo e alta concentração de O2. · O fluxo de oxigênio deve ser utilizado a 15 L/min · Usar em PCR ou em situações para promover ventilação · Cânula nasal de alto fluxo: fornecimento de O2 aquecido e umidificado através de dispositivos especiais. · Em adultos, permite a administração de fluxos até 60 L/min, gerando uma pequena pressão positiva nas vias aéreas superiores · FiO2 ofertada pode ser regulada conforme a titulação de O2 · O2 de alto fluxo parece ser uma alternativa aos pacientes que necessitam de VNI, porém apresentam baixa tolerância ao dispositivo associado e não têm risco de hipercapnia · Ventilação não invasiva (VNI): ventilação com pressão positiva mediada por uma interface (nasal, oronasal, máscara facial e capacete) · Indicações: é uma ferramenta adequada nas condições descritas, obviamente na ausência de indicação de intubação orotraqueal imediata e de contraindicações à sua instituição · Modos: · CPAP (continuous airway pressure): oferece pressão positiva contínua nas vias aéreas, ou seja, o paciente respira espontaneamente e a ventilação oferece uma pressão contínua durante todo o ciclo respiratório ◦ Alta concentração de O2 e altos fluxos ◦ Utilizado para pacientes que necessitam de correção de hipoxemia, como edema agudo de pulmão cardiogênico · BiPAP (bilevel positive airway pressure): oferece tanto pressão inspiratória (IPAP) quanto expiratória (EPAP). ◦ Melhor para pacientes com hipoventilação, como DPOC exacerbado, nos quais não se indica CPAP. Avaliação inicial: (aula) • Checar a estabilidade do paciente: ◦ Tem VA pérvia (consegue falar?)? ◦ Sinais de obstrução de VAS (evitentes ou iminnetes)? ▪ Inalou fumaça? ▪ Fala entrecortada? ▪ Estridor? → relacionado com a fechada das cordas vocais ◦ Tem sinais de hipóxia? ▪ Oximetria ▪ Agitação ▪ Cianose ◦ Sinais de esforço ventilatório • Avaliar os sinais de alerta: ◦ Taquipneia ◦ Aleteo nasal ◦ Tiragem intercostal ◦ Fala entrecortada ◦ Uso da musculatura abdominal ◦ Sibilos ▪ Inspiratórios: alteração de VA inferior ▪ Expiratórios: alteração de VA superior ◦ Cianose ◦ Alteração do nível de consciência Depois dessa avaliação inicial, precisamos otimizar a oxigenação, com suporte ventilatório, caso a saturação esteja < 94%. A saturação precisa estar ≥ 94%. Temos o manejo escalonado da VA: As manobras manuais são o Chin-Lift e Jaw-Thrust. A Cânula de Guedel/orofaríngea pode ser utilizada para impedir a queda da base da língua, pois ela é um dispositivo para desobstruir a VA, não é para ventilação. → Em um paciente politraumatizado, usamos a sonda rígida para aspirar as secreções. → No ambiente, temos 21% de FiO2. O catéter nasal aumenta em 3-4% a FiO2. Se colocamos 3l/min estamos ofertando 33% de FiO3 (4x3 + 21%). → A máscara de Venturi consegue ofertar um pouco mais de FiO2, sendo o máximo 50% de FiO2. → A máscara não reinalante oferta mais, aproximadamente de 80-100% de FiO2, 10-15L/min. Todos os pacientes vítimas de trauma irão ganhar uma máscara não reinalante. Todas as opções acima, a VA precisa estar pérvia e o paciente precisa ser capaz de ventilar. → A ventilação não invasiva é uma VPP, mas o paciente precisa estar consciente e não pode ter instabilidade hemodinâmica: → A máscara laríngea não é definitiva, mas é avançada. → A via aérea definitiva é a IOT, e usamos quando precisamos evitar a broncoaspiração: Na investigação, não devemos esquecer: image6.png image7.png image8.png image9.png image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png
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