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o Congresso nacional no atual sistema político brasileiro: sétima legislatura (71-74) 1. Introdução - Lidice A. Pontes Maduro e Mariana HeresclJ A crise do parlamento ou o declínio do Poder Legislativo tem sido um tema muito visado pela Ciência Política. Muito se tem falado sobre o for talecimento do Poder Executivo em detrimento do Legislativo; a ampliação das funções do Estado Moderno faz com que a cada dia aumentem as iniciativas legislativas por parte do Executivo. As solicitações do mundo contemporâneo, as transformações tecnológicas, a necessidade de uma maior rapidez nas decisões a serem adotadas, aliadas ao despreparo funcional das instituições parlamentares, possibilitou o for talecimento do Executivo. Para Chandernagor, l "le crise actuelle de l'institution parlementaire, si elle et aggravée dans certains pays par l'existence de rapports de forces poli tiques défavorables au Parlament, a cependant partout une origine com mune, qui explique son universalité: I'inadaptation profonde du mode de fonctionement des Parlements aux realités politiques, économiques et sociales de cette seconde moitié du XXeme siêcle". A diminuição da influência legislativa pode ser observada em diversos países, como nos EUA, onde o Legislativo perdeu o controle nas questões de segurança nacional e de política externa; a iniciativa das leis, antes privilégio do órgão legiferante, atualmente, na maioria dos parlamentos, é primazia do Executivo. No México, o direito de iniciar leis ou decretos compete: a) ao presidente da República; b) aos deputados e senadores; c) aos legislativos estaduais.2 O direito de emenda sofre restrições nos parlamentos inglês e francês. No Brasil, verifica-se a mesma tendência. A ação do Executivo se torna cada vez mais ampla, chegando até a influir na elaboração da ordem do dia no Parlamento francês. 1 Chandernagor. Un Parlement pourquoi faire? GaIlimard, 1967. In: Vasconcelos. Wilson Accioli de. O Legislativo brasileiro numa estrutura política em transformação. jan. 1970. 2 Campos, Milton & Carneiro, Nélson. Organização dos parlamentos modernos. Re. vista Brasileira de Estudos Políticos (25/26), jul.fian. 1968-1969. R. Cio pol., Rio de Janeiro, 21(n. esp.) :5-193 dezembro 1978 ~~~~----~~~~~~------~--~~----------- Para grande número de autores, esse esvaziamento do Poder Legislativo provém, em grande parte, da inadequação da estrutura e do método de trabalho parlamentar, incompatíveis com as condições do mundo moderno. Urge proceder a uma série de reformas nos processos e nos métodos de trabalho dos Parlamentos, como a criação de serviços de informação Igeislativa, gabinetes de assessoramento, maior acesso às fontes de con sulta, o que possibilitaria um maior controle e fiscalização da administração governamental. Para o Prof. Michel Mezey,3 os Legislativos atualmente podem ser clas sificados em quatro categorias: a) Legislativo ativo - tem poderes (e os usa) para modificar proposições do Executivo e estabelecer parâmetros. As sessões são mais ou menos extensas e o debate é livre e demorado, com larga cobertura da imprensa. b) Legislativo reativo - não goza do poder de rejeitar proposições do Executivo; apesar de não sofrer restrição constitucional, falta-lhe situação política para isto. c) Legislativo consultivo - só cabe ao Parlamento estabelecer parâmetros; com isto o governo domina todo o processo decisório e tem seus projetos aprovados sem debate. d) Legislativo legitimador - o Parlamneto não rejeita, não emenda e não estabelece diretrizes para o governo. Apenas legitima os atos do Executivo. Evidentemente, a situação do Poder Legislativo é também um reflexo da estrutura do país, mas não há como negar a descaracterização dos Parlamentos atuais como órgãos legislativos. A fim de se evitar um contínuo esvaziamento do Legislativo, é preciso que ele sofra um processo de atualização, com o objetivo de torná-lo mais eficiente. Somente por uma maior racionalização do Legislativo, e, prin cipalmente, pela maior objetividade no trato dos problemas parlamentares, isto será possível. O tema modernização do Legislativo tem sido constantemente objeto de estudo e debates por parte de cientistas políticos e parlamentares. Em 1976, realizou-se, em Brasília, um seminário sobre modernização legis lativa e desenvolvimento político, onde se debateu amplamente o que se considera necessário para maior eficácia operacional do Legislativo. Antes de tudo, é preciso distinguir, também, a modernização formal da substancial; na primeira, verifica-se um aperfeiçoamento das normas do processo legislativo e, na segunda, uma mudança no seu comportamento. Para o Prof. James Heaphey,4 da Universidade de Nova Iorque, "a modernização legislativa é a forma pela qual os Parlamentos melhor se capacitam ao desempenho de sua principal atribuição no mundo moderno, 3 Mezey, Michel. In: Revista de Informação Legislativa, Senado Federal, 13(50), ôbr.fiun. 1976. 4 Heaphey, James. Seminário sobre modernização legislativa e desenvolvimento polí tico. Brasília, Congresso Nacional, jun. 1976. R.C.P. esp.fdez. 78 que é a de estabelecer o processo de negociação entre os diferentes va lores em jogo na sociedade". Como congressista, o Senador Accioly FilhoS defende a tese de que "aos parlamentares cabe a retomada do encargo legislativo em toda a sua plenitude, para isso convenientemente aparelhados... a solução não é acomodar-se. .. sob pena de transformar o Parlamento em grêmio para discussão de problemas políticos sem poder decisório. f: necessário adaptar as instituições políticas às peculiaridades do país e do mundo moderno ... ". f: unânime a opinião de estudiosos e participantes do Poder Legislativo sobre a necessidade de sua modernização, não restrita à abordagem de determinados problemas, mas de uma forma mais abrangente. Como nos diz Huntington,6 "a modernização política envolve a diferenciação de novas funções políticas e o desenvolvimento de estruturas especializadas para o desempenho dessas funções". A fim de assumir as suas novas funções, o Legislativo precisa promover algumas alterações no seu funcionamento. Nesse sentido, há necessidade de uma renovação da instituição parlamentar, o que pode ser considerado como uma modernização, porque implica a criação de uma nova imagem para o Parlamento, com uma revisão das atitudes e do seu próprio sistema de trabalho. Essa renovação dos mecanismos legislativos pode ser observada, segundo Flávio B. NoveIli,1 no art. 49 da Constituição de 67.8 Entretanto, essas alterações, que possibilitaram um certo entrosamento entre os dois poderes, deixa ao Executivo ampla margem de realização. A partir da Emenda Constitucional de 69, o Executivo passa a ter exclusividade na iniciativa de leis sobre tópicos fundamentais dispostos no art. 57 da Carta de 67.9 A expedição de decretos-leis pelo Executivo, sujeitos à aprovação pos terior do Congresso, porém não passíveis de emendas, assim como as leis delegadas, aumentaram a capacidade de legislar do Executivo. Ao Con gresso ficou reservado o exame da lei, sua aprovação ou não, e a verifi cação do seu cumprimento, dando-se relevância também aos trabalhos de exame do orçamento e ao controle de sua aplicação. 5 Id. ibid. 6 Huntington, Samuel P. A ordem política nas sociedades em mudança. Rio de Ja neiro, Forense Universitária, São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo. 1975. 7 Novelli, Flávio B. O Congresso e o processo legislativo na Emenda n.O 1 à Cons tituição de 1967. In: Cavalcanti, Themistocles Brandão et alii. Estudos sobre a Consti tuição de 1967 e sua Emenda n.o 1. Rio de Janeiro, FGV, 1977. 8 A Constituição de 1967 dispõe no art. 47, que o processo legislativo compreende a elaboração de: emendas à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis dele gadas, decretos-leis, decretos legislativos e resoluções. 9 O art. 57 dispõe que é da competência exclusiva do presidente da República a iniciativadas leis que regulem matéria financeira, criem cargos, funções ou empregos públicos, aumentem vencimentos ou a despesa pública, fixem ou modifiquem os efe tivos das Forças Armadas, disponham sobre organização administrativa e judiciária. matéria tributária e orçamentária, concedam anistia relativa a crimes políticos, ouvido o Conselho de Segurança Nacional. Congresso Nacional 7 Por meio destas transformações ocorridas no Legislativo, vão-se eviden ciar as funções de controle e fiscalização exercidas sobre o Governo pelas Assembléias. Assim, por meio destas medidas, estariam os Parlamentos, segundo Herman Finerlo e Huntington,ll exercendo sua função primordial, que se enfraquece na área legislativa. Os parlamentares, a partir do momento em que viram suas funções legislativas diminuídas, tentaram incrementar as suas funções de controle e fiscalização por meio de uma série de medidas como: a) requerimentos de informação; b) convocação de ministros de estado; c) fiscalização fi nanceira e orçamentária; d) comissões parlamentares de inquérito; e) crimes de responsabilidade do presidente e de ministros. Estas medidas, aliadas a outras que visem um melhor funcionamento das Casas Legislativas (assessoria parlamentar, acesso às fontes de infor mação do Legislativo, mecanização das votações, divulgação e publicação dos trabalhos do Congresso), são preocupações dos Parlamentos em geral, que lutam pela restauração do prestígio perdido. Na realidade, o que houve foi uma nova concepção do Legislativo, que se enfraqueceu na sua função de legislar. Com a finalidade de observar a realidade da situação do Poder Legis lativo no Brasil, o Instituto de Direito Público e Ciência Política (lndipo) da Fundação Getulio Vargas propôs-lhe fazer um estudo baseado nos debates legislativos do Congresso Nacional durante a sétima legislatura (período 1971-1974), onde procurar-se-á observar, principalmente, os itens referentes a: • modernização; • renovação; • representação. Para a realização deste trabalho, foi feito o levantamento do material necessário pela leitura dos Diários do Congresso (seção I - Câmara Federal e seção 11 - Senado) nos exercícios de 1971 a 1974. Procuramos verificar todos os temas abordados em plenário, tanto na Câmara como no Senado. Inicialmente, foram selecionados os temas sobre política interna e externa (tabelas 1 e 2), e como critério de classificação levamos em conta que os pronunciamentos mais importantes na Câmara Federal são aqueles realizados durante o grande expediente e a ordem do dia, já que no pequeno expediente são feitas rápidas comunicações. Com relação ao Senado, foram relacionados os discursos realizados durante o expediente e após a ordem do dia. lo) Finer, Herman. Theory and practice 01 modern government. New York. 1957. 11 Huntington, Samuel. Congressional Responses to Twentieth Cenlllry. 8 R.C.P. esp.fdez. 78 Tabela 1 Temas sobre política interna * Cf!mara Federal Senado Arena MOB Arena MOB Total Grande \ Ordem Grande Ordem . ~_~ed~ent~_~~ __ dO~ d~ ~x~e:iente do dia 1. Política 67 (12,5%) 90 (17,0%) 70 (13,0%) 127 (24,0%) 66 (12,5%) 111 (21,0%) 531 (100%) 2. Economia 152 (23,5%) 66 (10,0%) 95 (15,0%) 53 ( 8,0%) 250 (38,5%) 33 ( 5,0%) 649 (100%) _ finanças 93 (33,0%) 22 ( 8,0%) 33 (12,0%) 12 ( 4,0%) 98 (35,0%) 21 ( 8,0%) 279 (100%) _ agricultura 33 (16,0%) 16 ( 8,0%) 47 (24,0%) 25 (12,0%) 74 (37,0%) 5 ( 3,0%) 200 (100%) _ indústria 26 (15,0%) 28 (17,0%) 15 ( 9,0%) 16 ( 9,0%) 78 (46,0%) 7 ( 4,0%) 170 (100%) 3. Política regional 13 ( 8,5%) 22 (14,5%) 66 (43,5%) 19 (12,5%) 14 ( 9,0%) 18 (12,0%) 152 (100%) 4. Trabalho 16(17,0%) 9( 9,0%) 22(23,0%) 20(21,0%) 16(16,5%) 13(13,5%) 96(100%) 5. Saúde e assistência 24(26,5%) 12(14,0%) 15(16,5%) 14(15,5%) 15(16,5%) 10(11,0%) 90(100%) 6. Educação 16 (23,0%) 8 (11,5%) 19 (27,5%) 12 (18,0%) 7 (10,0%) 7 (10,0%) 69 (100%) 7. Administração 2 ( 6,0%) 3 ( 9,0%) 17 (52,0%) 6 (18,0%) 5 (15,0%) 33 (100%) 8. Segurança 11 (36,5%) 4 (14,0%) 5 (16,5%) 6 (20,0%) 3 (10,0%) 1 ( 3,0%) 30 (100%) 9. Transporte e comunicações 25 (39,5%) 6 ( 9,5%) 6 ( 9,5%) 5 ( 8,0%) 20 (32,0%) 1 ( 1,5%) 63 (100%) 10. Diversos 44(34,5%) 20(15,5%) 25(20,0%) 18(14,0%) 17(13,0%) 3(3,0%) 127(100%) Total 370 (20,0%) 240 (13,0%) 340 (18,5%) 280 (15,5%) 408 (22,0%) 202 (11,0%) 1.840 (100% ) ~ ~--- ._ .. _--- - - ------ - - - - - - - ~ - --"-"_ .. _- ---- * Os temas selecionados se referem aos assuntos mais debatidos em plenário. Foram classificados todos os discursos do Senado Federal mas, na Câmara Federal, optamos pelos discursos proferidos no grande expediente e na ordem do dia, por serem a parte do expe diente onde são abordados os assuntos principais. Câmara Federal Senado Federal Total Tabela 2 Política externa Aren a 212 (63,5%) 76 (67,0%) 288 (64,5%) MDB 122 (36,5%) 37 (33,0%) 159 (35,5%) To t a I 334 (100%) 113 (100%) 447 (100%) Devido à grande variedade de assuntos tratados no Congresso Nacional, foi necessária uma classificação mais ampla no que se refere aos temas de política interna, organizados em 10 itens: 1. Política 2. Economia 3. Política regional 4. Trabalho 5. Saúde e assistência 6. Educação 7. Administração 8. Segurança 9. Transporte e comunicações 10. Diversos Após a seleção e classificação de todos os temas no período estabelecido e com os discursos previamente analisados, foi elaborado o discurso global da Câmara Federal e do Senado, de acordo com os assuntos abordados pela Arena e pelo MDB. Ao elaborar o discurso global, nosso objetivo foi relatar os principais pontos abordados pelos parlamentares em cada um dos temas selecionados, suas críticas, a posição adotada, bem como as suas sugestões quando apresentadas. A partir do discurso global e tomando por base o programa partidário da Arena e do MDB, procuramos verificar até que ponto os congressistas defenderam a linha programática do seu partido. Para essa fase do trabalho, foram consultados o programa da Arena, de setembro de 1975, calcado na Carta de Princípios de abril de 1972, que contém as normas do pensamento político doutrinário do partido, e o programa do MDB, de abril de 1972, contendo os princípios fundamen tais de atuação do partido. Os dois programas partidários foram analisados 10 R.C.P. esp./dez. 78 separadamente e comparados com os temas abordados no discurso global do Congresso Nacional. Dos três itens que inicialmente este trabalho se propunha estudar (re novação, modernização e representação) pela leitura dos discursos parla mentares, prendemo-nos mais ao que se refere à representação, observan do-se aqui o relacionamento dos congressistas com o partido a que pertencem. A representatividade traduz-se na relação entre os eleitores e seus re presentantes. Destes, espera-se que sejam representativos, isto é, que falem em nome de conjuntos eleitorais de proporção significativa, objetivando o interesse da coletividade. Ao tomar posse do mandato popular, os representantes estão sujeitos, como nos diz o Prof. Themistocles Brandão Cavalcanti,12 a três ordens principais de influência: a) obediência ao programa partidário, à disciplina com que se devem subordinar à instituição jurídica a que estão filiados; b) fidelidade ao eleitorado; c) influência dos chamados grupos de pressão. A representação, que consiste numa delegação de poderes que o eleito rado dá ao seu representante, não elimina a sua autonomia no exercício do seu mandato. Nosso estudo procurou observar o grau de representatividade dos con gressistas em relação ao partido a que pertencem. Consideramos, no caso, que o parlamentar não é pura e simplesmente representante do povo que o elegeu, mas também possui obrigações com a agremiação partidária que integra. Mesmo porque, ao elegerem representantes de um ou outro partido, os próprios eleitores demonstram sua adesão ao pensamento político de fendido pela respectiva agremiação e canalizam suas expectativase aspi rações nesse sentido. "O mandato não vincula o eleito ao voto do seu eleitor, mas, dentro do regime partidário, está ele obrigado à disciplina e ao programa do seu partido. Não será imperativo, mas as suas diretrizes gerais deverão ser obedecidas" .13 Esta análise do programa partidário compreende a última parte do nosso trabalho, onde todos os temas discutidos em plenário foram cuida dosamente comparados com os programas da Arena e do MDB, obser vando-se, assim, a representatividade partidária no Congresso Nacional. Quanto aos itens modernização e renovação, procuramos colocar, no início desta introdução, como se posiciona o Poder Legislativo no mundo atual, as suas necessidades de transformação e adaptação, bem como al gumas transformações ocorridas no Legislativo brasileiro através da Carta Constitucional e novas atitudes dos próprios parlamentares. 12 Cavalcanti, Themistocles B. Teoria do Estado. São Paulo. 1977. p. 223. 13 O Poder Legislativo. Revista de Ciência Política, Rio de Janeiro, FGV, 18(4), "Iov. 1975. Congresso Nacional 11 Foi esta a razão por que neste trabalho não foram analisados mais profundamente os discursos parlamentares em relação à modernização e renovação. Procuramos, a seguir, pela leitura do discurso global da Câmara e do Senado, examinar os principais assuntos debatidos no Congresso Nacional no quadriênio 71-74. 2. Discurso Global 2.1 Política interna 2.1.1 Câmara federal 2.1.1.1. Grande expediente - Arena - André Laino Neste trabalho se encontram resumidos 370 discursos. Todos abordaram temas durante o denominado grande expediente, não fazendo parte aqueles referentes ao pequeno expediente e à ordem do dia. As mensagens foram distribuídas da seguinte forma: 1971 167 1972 92 1973 45 1974 66 Total :370 discursos " discursos 44% 24% 13% 19% 100% Os assuntos foram ordenados de acordo com a seleção prévia dos seguintes temas, tendo ao lado a quantidade em cada item. 12 1. Política 2. Economia a) Finanças b) Agricultura c) Indústria 3. Política regional 4. Trabalho Quadro 1 Temas selecionados 5. Saúde e assistência 6. Educação 7. Administração 8. Segurança 9. Transportes e comunicações 10. Diversos Total 67 152 93 33 26 13 16 24 16 2 11 25 44 370 (18 %) (41 %) (4,5 %) (4,5 %) (7 %) (4,5 %) (0,5 %) (3 %) (7 %) (12 %) (100% ) R.C.P. esp./ dez. 78 1. Política. Neste item, a temática parlamentar ocupou o Congresso tendo em vista suas relações com os outros poderes e/ou problemas internos que afetavam os representantes. Congresso é vivo e deve reconhecer fragilidade; o que está ocorrendo é um esquecimento ou desconhecimento da fidelidade partidária. O sistema distrital que se pretende adotar não é exeqüível com o biparti darismo. Os erros do Executivo prejudicaram o Legislativo. É necessário o reaparelhamento do Congresso para ampliar sua ação. O Congresso deve estar atento às modificações nacionais para atender a realidade brasileira. A reforma do Poder Legislativo deve atender a todos os depu tados. A reforma legislativa é um trabalho conjunto da Câmara e do Senado. A criação do Programa de Redistribuição de Terra e de Estímulo à Agropecuária do Norte e Nordeste (Pro terra) , por decreto-lei, não desprestigiou o Legislativo; é do conhecimento de todos o quanto, no mundo atual, sofreu de transformação na sua extensão o Poder Executivo. A reforma legislativa deve ser acompanhada pelos partidos, e é preciso que estes acompanhem o processo, não se afastando do mesmo. O bipartidarismo pós-64 é o resultado de maiorias fracas que ocorriam no sistema pluripartidário. O corpo eleitoral se amplia quantitativamente; é necessário que haja também uma elevação qualitativa. O MDB merece uma crítica por não aceitar o fenômeno mundial do aumento do Poder Executivo. É imprescindível alcançar e trazer os jovens para a política, pois o seu papel é importantíssimo para a renovação das lideranças políticas. O voto de legenda no lugar do voto individual servirá para dar grandeza ao partido. O papel do parlamentar é preocupar-se em elaborar boas leis; a maior influência do Executivo que se observa é normal. O Executivo é sensível aos problemas que afetam Goiás e Mato Grosso, criando o Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Prodoeste) para atender a região. Os debates legislativos estão menos acalorados, mas, compensatoriamente, se apresentam mais produtivos. Eleições indiretas são tão democráticas quanto diretas; as eleições indi retas fortaleceram as instituições políticas e destruíram o carisma. A abertura política começa a fazer sentido e a corporificar-se. A lei de inelegibilidade é importante, pois é ela o instrumento que garante a fidelidade partidária. Nas eleições municipais foi tomada uma série de medidas, que têm por fim assegurar o direito de expressão. A falta de assessoramento não permite o aprimoramento das funções legislativas. Se o futuro Presidente Ernesto Geisel não pretende dar estímulo à candi daturade governadores ao Senado, haverá paralisação da ação política pessoal, que tem prejudicado a solução de importantes problemas admi nistrativos; a Arena não quer continuidade de homens no poder, que se aproveitam do cargo para fortalecer a candidatura, mas, sim, continuid;lde de ação. Há uma falta de comunicação entre a liderança e os demais deputados; a liderança não deve impedir que os. deputados tomem inicia tivas, õeve ser facultado .ao. deputado o direito de divergências quanto Congresso Nacional aos erros. Não foi rebeldia o caso de integrantes da Arena terem assinado requerimento de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos tóxicos apresentado por parlamentares do MDB; a Arena continua unida e forte. A emenda constitucional de 1969 fez da inviolabilidade de exercício de mandato um privilégio de fachada; o poder desarmado precisa de uma estrutura jurídico-institucional que lhe permita independência e impar cialidade. Os últimos discursos citados foram pronunciados no período compre endido entre a indicação e a posse do Presidente Ernesto Geisel. O item sobre política tem ainda os seguintes pronunciamentos, que estão muito marcados pela passagem do Executivo. É necessário atualizar o Parlamento; eleição parlamentar não é nem a melhor nem a mais eficaz. Voto distrital será a grande e salvadora fórmula para a representação popular. Enquanto a política não girar em torno dos partidos e sim de pessoas, jamais teremos um regime democrático no país. Se o atual Governo deseja contribuição da classe política, devemos estabelecer condicionamento propício ao debate e estabelecer prioridades e diretrizes. A reforma da Constituição deve ser feita para evitar guerra civil; é necessário uma reforma para suportar a grande estrutura criada pela Revolução; é necessário revitalizar o voto e a ideologia criada pela Revolução; é necessário revitalizar o voto e a ideologia partidária - a Constituição humilha e arrasa a classe política. A Revolução criou modelo econômico, mas ainda não solidificou o chamado modelo político. O enfeixamento do poder nas mãos do Executivo é uma ruptura com o político. Para revitalizar a democracia, é necessário fortalecer e recuperar o Congresso. O novo presidente marcha para preencher o vazio da Revolução na área política; moldar o tripé político-militar-técnico. Ainda como conseqüência da posse do novo Executivo, e do significado que ela vinha tomando, seguiram-se os discursos. A Revolução de 64 foi feita para reorganizar a vida democrática. O projeto de alimentação e transporte não deu certo; o povo passa fome. O atual Governo conseguirá reorganizar a democracia; o Congresso não tem correspondido às intenções dos Governos revolucionários. A Revo lução vai continuar até que nós, os civis, possamos dar-lhe a forma realmente desejada pelos revolucionários. A falta de interesse e entusiasmo do povo em relação às eleições decorreu da falta de comunicação;a nova lei eleitoral restringiu a campanha e implicou a valorização do cabo eleitoral. O Governo estável somente será possível no Brasil com mudanças políticas urgentes, ou seja, pleito direto nos estados e terceiro partido; são os instrumentos para institucionalizar a Revolução e torná-la perene. A corrupção eleitoral na Guanabara não possui similar. A vitória do MDB nas eleições foi benéfica; não interessa uma hegemonia da Arena. Tal fato não conturba a vida nacional; a vitória do MDB é um estímulo ao debate parlamentar para resolução dos problemas nacionais. Há otimismo, então, neste aspecto, quanto à futura participação da oposição. É neces- 14 R.C.P. esp./dez. 78 sário reformular a Lei Orgânica dos Partidos; houve corrupção nos tempos para propaganda no rádio e na televisão. O Decreto-lei n9 477 foi uma das causas da derrota da Arena junto à mocidade. A Câmara precisa dar maior vigor às comissões técnicas; os deputados precisam de liber dade para votar. Notou-se, também, na área de pronunciamentos políticos, que, após as eleições, estes refletiam a preocupação dos parlamentares da Arena quanto a uma inadequação interna do partido, surgida com e pelo resultado do pleito eleitoral. O partido do Governo precisa se mobilizar para enfrentar o custo de vida, que foi o seu grande inimigo na campanha eleitoral. A evolução para o pluripartidarismo evitaria julgamento da Revolução pelas eleições. A Arena deve admitir que, nas eleições, não traduziu os anseios popu lares. A insatisfação do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e do Instituto do Açúcar e do Álcool (lAA) não contribuíram para a derrota da Arena. O custo de vida não foi o fator da vitória do MDB; tal fato tem suas raÍZes no pleito de 1970. O próprio MDB surpreendeu-se com os resultados; como a Arena, ele também esteve atrás do povo, e não à sua frente. O resultado eleitoral prepara um retorno à normalidade democrática; o pleito reconduzirá a Revolução às suas origens (democracia) e finalidades (desenvolvimento). Foram feitos ainda pronunciamentos que versavam sobre censura, direitos humanos e democracia. Merece crítica a censura ao jornal O Estado de S. Paulo, por ser este o porta-voz do agricultor. A censura traz insegurança pelos desequilíbrios que gera: proteção à indústria e desemparo à agricultura. Os direitos humanos nunca estiveram tão ameaçados; é necessária a criação de uma corte internacional para resguardá-los da perda e esvaziamento de seus objetivos. O modelo de democracia implantado em Portugal é facilmente implantável no Brasil. Os partidos foram também objeto de alguns pronunciamentos na área política. "Há a necessidade de colocar interesses da pátria acima dos interesses pessoais. A sublegenda é uma deformação na legislação. Os partidos políticos, Arena e MDB, não devem acolher críticas tendentes a subverter a ordem estabelecida. Sublegendas resultaram da necessidade de harmonizar as diversas correntes políticas; estas devem ser extintas para criar um partido forte. Sublegendas são formas de evitar fugas para outras agremiações e, neste sentido, são úteis. Dois pronunciamentos diziam respeito às relações entre política e religião. f: necessário acentuar que, entre ideal político e ideal cristão, só exis tem concordâncias e encontros. A Igreja, politicamente, não é afetada nem pela direita e nem pela esquerda. Congresso Nacional 15 Fechando o item sobre política, vamos encontrar um pronunciamento que diz respeito ao Tribunal do Júri. É necessário acentuar a importância que tem para o sistema a soberania que deve ser garantida ao Tribunal do Júri. 2. Economia. Segue-se, inicialmente, um resumo de discursos que apre sentam aspectos gerais relacionados com este item. Técnicos, empresários e políticos devem trabalhar juntos e superar preconceitos; o Governo dá redenção à Amazônia contra o neocolonialismo. O Sul é o centro das decisões políticas; é necessário revigorar a Superin tendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a fim de deslocar para o Nordeste tais decisões. Modelo político é menos nítido que modelo econômico. Nota-se, nestes aspectos gerais, uma confluência de elementos econô micos e políticos. Tal confluência permanece quando outros pronuncia mentos de caráter econômico genérico são transcritos. "O Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) não é somente técnico, mas é também um instrumento político; é necessário abrir os poderes políticos locais ao PND. O desenvolvimento traz, naturalmente, certos tipos de problemas sociais. Deve haver uma preocupação com os problemas humanos e sociais, ao lado da preocupação com os aspectos econômicos e técnicos. São Paulo não apresenta mais condições de con tinuar recebendo imigrantes. Na luta e manutenção do desenvolvimento está a importância do papel de controle do Governo. A explosão demo gráfica é um problema que afeta o desenvolvimento, mas o controle de natalidade não deve intervir na liberdade familiar. O PND deve alcançar o homem, e, nesta tarefa, todos se devem unir. É necessária uma correção nos desníveis de renda para o desenvolvimento harmônico do Nordeste e Norte com o Sul. O Plano Rodoviário de Interiorização do Desenvol vimento (Proinde) é resultado da colaboração elIl São Paulo entre o privado e o público, para evitar desníveis econômicos. Apesar da ação do Governo, a Amazônia é a mesma, apresentando desníveis entre o interior e os centros urbanos; é necessária a redivisão territorial para integrar o desenvolvimento. O desenvolvimento econômico tem-se acen tuado em São Paulo e Guanabara, aumentando os desequilíbrios regionais." Estes dois últimos discursos e outros que seguem apresentam aspectos que, no item sobre economia, se voltam para os problemas ligados a desenvolvimento e desequilíbrios regionais. "No Nordeste, o desvio de recursos para outros empreendimentos pre judicam o desenvolvimento da região. Na Carta Econômica pode per ceber-se que os resultados da economia brasileira são frutos da firme ação econômico-financeira de infra-estrutura e da obra social do Governo. Rá necessidade de uma redivisão territorial para ocupar os espaços vazios; a condição para tal projeto é a descentralização administrativa. O governo do Paraná precisa de infra-estrutura de comunicação na área federal, para que possa escoar seu desenvolvimento. O governo do Estado 16 R:C.P.esp.!dez: 78 de Minas Gerais consegue integrar seu estado ao processo de desenvol vimento nacional, pagando seu funcionalismo e equilibrando a receita com a despesa. Torna-se urgente estabelecer novos níveis para a parti cipação dos municípios na quota de retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (lCM), a fim de eliminar as discrepâncias municipais. O objetivo do 11 PND é enfatizar a iniciativa privada, como forma democrática e sob uma orientação nacionalista positiva." Passamos, agora, às subdivisões do item economia: financeira, agrícola e industrial. a) Finanças. Os pronunciamentos relacionados a este subitem abordam aspectos desde bolsa de valores até proteção ao consumidor, passando, entre outros, por turismo, endividamento externo e orçamento (que apresenta a maior quantidade de discursos). Assim, o discurso global deste subi tem tomou a seguinte forma de construção. "A alta que se observa nas bolsas de valores deve ter maior controle do Governo. O turismo tem muita importância na economia, como fator que gera reservas de divisas e cria mercados de trabalho. 'E: necessário interligar o turismo, pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), ao desenvolvimento. O Serviço Geográfico do Exército contribui com o turismo, realizando o mapeamento do Rio Grande do Sul; há necessidade de coordenar incentivos fiscais para o turismo." Com relação ao endividamento externo: "O crescimento além das necessidades de produção aumentou a dívida externa brasileira; houve um aumento desnecessário de compromissos externos. O endividamento inutilizou os esforçosde crédito no plano interno. A importação de algodão "lai prejudicar a manufaturação do pro duto nordestino; está aqui uma preJcupação com o endividamento externo do Brasil. Política de estímulo a be 1S supérfluos em detrimento de bens de base é falsa política; vemo-nos hoje obrigados a pedir empréstimos no exterior para custear nossas necessidades básicas. Sugestão de exportação de carne, açúcar e algodão para que o Brasil obtenha divisas." O subitem finanças, na área de economia, tem sobre orçamentos o maior número de pronunciamentm. Sua quantidade é a mais expressiva também para as demais áreas. Apresenta um total de 93 discursos para todo período legislativo. Ele toma a seguinte construção: Amazônia e seu empresariado estão desprivilegiados no desenvolvi mento. 'E: necessária a racionalizaçã) da distribuição do orçamento federal. O produtor agrícola precisa receber garantias na área da comercialização. Os incentivos fiscais aos estados s11linos prejudicam as indústrias de São Paulo. O produtor agrícola do Nordeste deve ter mais estímulo. A pro dução de mate de Santa Catarina se encontra sem apoio federal. O Congresso deve participar das dicussões orçamentárias da área federal. Os incentivos de reflorestamento é evem aumentar para baixar os custos operacionais. Necessidade de subsí,jio para plano habitacional, para que o desenvolvimento não seja travado. Os problemas da borracha, de Congresso Nacional 17 energia e agropecuanas da Amazônia estão esquecidos pelo Governo federal. A diminuição dos roya/ties tem causado prejuízos aos estados produtores de petróleo. Faz-se necessária a melhoria e a proteção da produção de algodão frente ao mercado externo. Enchente na Amazônia prejudica os seringalistas. Produção de fumo não vem recebendo apoio do Governo federal. É necessária uma distribuição da renda de forma mais equânime. Decisões arbitrárias do Governo federal na área da economia prejudicaram a agricultura paulista. Apoio aos produtos manu faturados deve ser estendido aos produtos agrícolas como o café, para competir na exportação. Problemas da cafeicultura precisam de apoio técnico do Governo: aumento do preço. O sistema de rCM é uma das causas do esvaziamento financeiro do Norte e Nordeste. O presidente do Tribunal de Contas da União presta esclarecimentos. A legislação atual sobre desapropriações causa sangria no erário municipal. É necessária uma definição do rCM para esclarecer os orçamentos deficitários dos municípios. Percebe-se que os pronunciamentos sobre finanças, no que diz respeito aos orçamnetos, têm, nos setores ligados à agricultura, a sua temática central. Tanto no que diz respeito a aspectos diretos, quanto nos indi retos - distribuição de orçamentos federais e formas de tributação - é a agricultura que apresenta maior peso. Quando não, são dificuldades da agricultura que podem afetar o setor industrial. Essa tendência permanece nos demais discursos. Reivindicações para a produção e comercialização da lavoura cafeeira. A ferrugem ameaça cafezais; o Governo deve intervir para evitar pro blemas econômicos. O Governo pode e deve financiar a agricultura para evitar desníveis regionais. A crise nas salinas tem levado as empresas do ramo à desnacionalização; é necessária a intervenção federal ou o aumento dos preços do sal. A crise na indústria de compensados pode levar suas empresas à desnacionalização; são necessários incentivos federais, pois a competição do Rio Grande do Sul prejudica o Paraná. Apelo a subsídios e melhores preços para superar dificuldades da cafeicultura; o Brasil pode perder sua posição e convém não esquecer que o café é a infra-estrutura já pronta. O orçamento de São Paulo apresenta déficit ao invés de superávit. Observações sobre a proposta orçamentária de 1972. Poupanças do Norte e do Nordeste são drenadas para o Sul. Apelo por melhoria do café para superar ferrugem e garantir o produto. O Banco Central é insensível à escassez mundial de carne; é necessário o aumento de verbas para a pecuária. Terras de lavradores do café estão empobrecidas; é preciso salvá-los, pois eles também são responsáveis pela Revolução. O preço mínimo da carnaúba favoreceu a exportação. A tendência, já assinalada, do prevalecimento de discursos voltados para o tema agrícola continua nos demais, conforme se pode perceber. Os produtores de cacau da Bahia estão endividados aos bancos, pois saíram prejudicados com a alta da taxa de exportação sobre o produto. 18 R.C.P. esp.fdez. 78 A baixa de juros no plantio do café atendeu aos produtores, mas a ameaça da ferrugem persiste; neCf ssária a ajuda à lavoura. A produção de algodão deve ser aumentada, pois os mercados externos e interno garantem. O setor de projetos da indústria aeronáutica Empresa Brasi leira de Aeronáutica (Embraer) d~ve ser ativado. A isenção de imposto de renda para pequenas e médias empresas é fator de capitalização; as medidas antiinflacionárias limitam o crédito bancário. Aliviar carga tri butária sobre gêneros de primeira necessidade e concentrar poder econô mico, pode trazer abertura política. Baixos salários nas usinas de açúcar não são fatores de restrição do ID<!rcado interno; é necessário reduzir os custos e racionalizar transportes p, ra competir com São Paulo. O Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FunruraI) e o café; o primeiro visa a equilibrar o on;amento, enquanto o segundo, se não receber apoio de insumos e preço>, pode acabar. Providências contra a seca. O Governo municipalizou as ameaças contra a economia cearense. Apesar do desenvolvimento, São Paulo recebe mais contribuições e o Pará está excluído do incentivo à produção da borracha; progresso errôneo gera destruição de recun os naturais. O Governo deve iniciar obras de infra-estrutura na Amazênia para garantir a iniciativa privada. Encontro de empresários do sul d,) Pará; há possibilidades de aplicação de tais capitais na região. Geadas atingem cafezais e renduzem produção; é imprescindível o apoio da União à agricultura e pecuária do Paraná. Aumento no varejo do preço do leite não beneficia os produtores, mas os intermediários; necessidade de isenção do ICM e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Portarias que fixaram o preço do leite para o produtor não atendem às suas necessidades. Necessidade de incentivo ao produtor rural. Faz-se mister o subconsumo de carne para deslocar a carne de primeira para o mercado externo. Além do aspecto, já assinalado, da maior predominância de assuntos relacionados à agricultura, pode-se perceber, também, o choque entre o público e o privado. Colisão entre interesses do mesmo nível na política do Governo no setor agrário; cana-de-açúcar está desamparada. O Paraná encontra-se em processo de reversão econômica, vivendo dias de inquietude e aflição; o Governo revolucionário não deve deixar morrer o maior exemplo de desenvolvimento. Produtos agrícolas não têm recebido o devido apoio do Governo como os industriais, pois está havendo um excesso de proteção aos estados industrializados; o aumento do preço de fertilizantes e os impostos prejudicam a agricultura. A castanha do Brasil não recebe os mesmos estímulos governamentais que a castanha-do-pará e a castanha de caju. Importância do sal no mundo atual: o Governo deve preocupar-se com a crise das pequenas e médias empresas salineiras do Rio Grande do Norte. Denúncia de má aplicação do dinheiro público nas obras de centro, urbanos. Banco Nacional de Crédito Cooperativo precisa alcançar pequenos e médios produtores para dinamizar o cooperativismo. É impor- Congresso Nacional 19 tante o papel do capital externo no desenvolvimento; é necessária a política de formação de estoques estratégicos de matérias-primas. As atitudes do Governo têm prejudicado o cooperativismo, atingindo as seções de crédito de cooperativas agrícolas mistas; o cooperativismo do Nordeste tem decaído; grandes grupos econômicos é que têm interesseem preju dicar o sistema associativo. Alteração do sistema de tributação em benefício de estados consumidores levará à paralisação de obras _de urbanização em São Paulo; recursos arrecadados em São Paulo são apli cados em outros estados e isto iria prejudicá-los gerando desempregos. Produção algodoeira e setor têxtil: mercado interno em segundo plano e exportação tem atendido atravessadores em detrimento do cotonicultor. A política da carne tem sido de improvisações, o melhor é a garantia de preços compensadores, o que permitirá melhores rebanhos; a campanha para mudança de hábitos alimentares para exportar carne de melhor qualidade. Erosão do solo: necessidade de controlá-lo, pois a produti vidade agrícola se reduz e há necessidade de fertilizantes. A contenção do preço de alguns produtos agrícolas forçou o empobrecimento do pro dutor; necessária a correção de preços agrícolas para a recuperação da área rural. A grande produção de soja no Sul está sem comercialização; empresários devem organizar um pool para distribuir o produto nos grandes centros. Carne e leite; o Governo espera pôr em prática um plano que não crie dificuldades ao pecuarista, ao agricultor e ao consumidor; o Governo deve dar cobertura - planejamento global - à agricultura e à pecuária para evitar carência de alimentos no país. A pecuária em geral - bovina principalmente - é arma eficiente no combate à inflação, é mister neste sentido prestar assistência aos homens do campo; o gado do Rio Grande do Sul é muito importante. Preço dos produtos agrícolas do Norte, Nordeste e Centro-Sul sofrem com o considerável aumento do custo de produção; mundo livre deve voltar as vistas para a gravidade da situação com mais financiamentos rurais. Produção nacional de fertili zantes não atende à demanda interna, e o desenvolvimento precisa de agricultura que produza mais e melhor; o Governo precisa subsidiar a produção de fertilizantes, pois a produção nacional não logra alcançar produtividade. A política econômica do Governo no setor algodoeiro é um amontoado de erros que atendem a pressões de grupos econômicos; é absurda a proposta de abandono do cultivo de algodão do Nordeste, pois a qualquer momento pode haver necessidade do produto: o Banco do Brasil deve abrir novas linhas de crédito para o algodão do Nordeste. b) Agricultura. Além de assuntos que dizem respeito diretamente à agricultura, este item também engloba os seguintes tópicos relacionados com o tema: eletrificação rural, energia e irrigação, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) . Veremos estes aspectos inicialmente. Aperfeiçoamento da política cafeeira para uma maior proteção ao setor. A Revolução promove alteração, não deve aconselhar ninguém a 20 R.C.P. esp./dez. 78 vender produto agrícola, porque a agricultura depende de fatores alea tórios. Sugestão para problemas agrícolas; o Governo deve agir na compra e comercialização de mamona, café, carne, algodão e milho. Medidas urgentes precisam ser adotadas na agricultura; não existe entre produtores agrícolas a animação que o Governo esperava. Diretrizes do Governo Geisel na agropecuária, vêm ao encontro das forças dinâmicas do país. O binômio trigo-soja é a base do Paraná. É necessária a disseminação da eletrificação rural para garantir o desenvolvimento econômico. Eletri ficação rural para evitar tensões e desequilíbrios entre campo e cidade. Importância econômica e de segurança do potencial hidrelétrico do Paraná. É necessário o aproveitamento de recursos hidrográficos de São Paulo. Aproveitamento energético e para a navegação do Rio Tocantins. A Revolução de 64 na Amazônia tem-se voltado para o uso racional de recursos energéticos, assegurando a perenidade da civilização. Expansão da energia das Centrais Elétricas de Goiás (CELG ) para atender municípios ansiosos de progresso e desenvolvimento. O binômio energia irrigação deve orientar ação do Governo na área do Maranhão e Piauí. O papel do Incra e do Programa de Integração Nacional (PIN), na distribuição de terras e na colonização. O Incra dificulta a compra de novas terras para progresso do país, tal como ocorre em Rondônia e no Acre, onde existem terras à espera de quem as ocupe. Pedido de inclusão do nordeste do Paraná no Pro doeste. Além de uma referência ao Pro doeste, tal como se observa no último pronunciamento citado, foram feitas referências também ao Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Prorural), Proterra, à seca, à Supe rintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Sudeco), e Sudene. Estas últimas, no que diz respeito, mais especificamente, aos aspectos regionais, no caso Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste. O Prorural tem por objetivo beneficiar o campo com assistência, evitando a migração para a cidade. O Prorural atinge o campo com benefícios que não significam qualquer ônus para os rurícolas. Proterra, PIN e Programa de Integração Social (PIS) são veículos de integração entre brasileiros. A seca no Nordeste pode ser solucionada com chuva artificial. Extensão da Sudam ao vale do Parnaíba para desenvolvimento econômico do Piauí. Ampliar área da Sudam para incluir o Piauí; hidre létrica de Boa Esperança cabe ao binômio energia-irrigação. Reformular ação da Sudene para minorar os efeitos da seca. Papal da Sudene é de coordenar e planejar integração ao desenvolvimento. Problemas econô micos do Nordeste foram causados antes de 1964; a Sudene é veículo de esperança e confiança para o povo. O desempenho da Sudene na indus trialização da região Nordeste para superar as disparidades regionais. f: necessária uma mudança tributária, creditícia e financeira para adequar a Sudene a essa região. A criação da Sudene em 1960 possibilitou essa tomada de consciência dos desequilíbrios regionais; a valorização das Congresso Nacional 21 terras ajuda o Governo e traz créditos para a pequena, média ou grande agricultura. c) Indústria. Os pronunciamentos englobados sob o título indústria, iniciam-se com referências a automóveis, passando depois para ecologia, minérios e multinacionais. Fábricas de automóveis não adicionam equipamentos de segurança, como em seus países de origem. Indústria química em Uberaba é a redenção do Triângulo. São necessárias medidas de proteção para as áreas verdes, ou seja, recursos para amparo das florestas e para novas reservas. Extração mineral não deve ser só do Estado; área privada também deve ter acesso. O Governo participa agressivamente de expor tações de minérios. Defesa da política federal de exportação de minério de cassiterita. O minério de nióbio deve ter no próprio estado da federação um dos associados na sua exploração. Necessidade de vincular minérios estratégicos diretamente ao Governo federal. Aumento de pesquisas e exploração mineral na área da Amazônia. Minério da Amazônia será mais conhecido com o projeto Radar na Amazônia (Radam). O urânio de Minas Gerais dá ao Brasil o status de potência; nações desenvolvidas tentaram frear o Brasil mas agora não é mais possível; Minas Gerais deve ver seus cofres participarem desta riqueza. Os municípios produtores de minérios recebem insuficiente participação do imposto único sobre minério. As bacias do Tocantins e do Araguaia vêem surgir jazidas minerais; é necessário extrair tais minérios para o desenvolvimento. O escoamento de minério pelo porto de Itaqui, no Maranhão, recebeu críticas do representante do Pará; o problema não é político, pois já foi decidido tecnicamente pelo Maranhão. A política de minérios no Brasil ainda é colonial; o Brasil precisa formular política mineral sem temer pressões ideológicas e econômicas para criar bases nacionalistas de exploração mineral. As empresas multinacionais podem e devem participar do desenvolvimento; o que é necessário é estabelecer formas de disciplinar atividades para não asfixiar empreendimentos nacionais. O fortalecimento das pequenase médias empresas é um dos fatores de uma economia estável; é necessário o amparo governamental da tecnologia para garantir liberdade perante empresas externas, além das obras de infra-estrutura. O capital externo deve atuar em caráter suplementar onde capitais nacionais não tenham condições imediatas de suprir satisfatoriamente. O domínio das técnicas avançadas permanecem nas mãos de empresas estatais e estrangeiras. O item que trata da indústria merece ainda comentários sobre poluição, siderurgia, tarifas alfandegárias e tecnologia. O problema da poluição merece uma legislação federal específica. Siderurgia em Juiz de Fora descentraliza beneficamente o parque indus trial de Belo Horizonte; reforça a produção e oferece novo mercado de trabalho. Repúdio às tarifas alfandegárias dos EUA que prejudicam a 22 R.C.P. esp./dez. 78 exportação. Plano Básico de Tecnologia e Ciência tem o propósito de criar tecnologia própria e equilibrar tecnologia com humanismo. 3. Política regional. Os pronunciamentos referentes à política regional englobaram, basicamente, interesses dos municípios. Intervenção nos municípios é para coibir atos ilícitos. Uma resposta sobre a intervenção nos municípios. Formação de associações municipais para englobar municípios com os mesmos interesses socio-econômicos. Elaboração de estatutos municipais para integrá-los aos planos federais e estaduais. Reforma municipal deve evitar esvaziamento dos impostos municipais. É necessária uma legislação maleável aos municípios para integrá-los ao II PND. O sistema de tributação múltipla estrangula a receita municipal. O desenvolvimento desigual tem por efeito que os municípios deixem a agricultura e optem pela industrialização. Municípios produtores de petróleo recebem pouco, o que tem causado prejuízos ao estado da Bahia. Além destes, foram abordados temas referentes às formas e processos de participação no processo industrial, tais como : "desenvolvimento do Centro-Oeste pode ajudar o país a superar os graves problemas que enfrenta. Relação da Sudene com diversos setores ligados ao desenvol vimento. Papel do Centro-Oeste na integração do desenvolvimento nacional. Colocação de pólo petroquímico no Nordeste garante o desen volvimento econômico; diminui, mas não acaba com o desequilíbrio regional. 4. Trabalho. Todos os pronunciamentos que dizem respeito ao trabalho são abordados a partir de apreciações de órgãos governamentais ou da política trabalhista do Governo em geral. Não há referência a problemas no setor que tenham afetado o partido governamental. O discurso global nesta área tem a seguinte construção. É necessária a reestruturação das juntas trabalhistas e também o seu aumento. Importância do Serviço Social da Indústria (Sesi) no desen volvimento, em seus 25 anos: valoriza o trabalho, aumenta a produção e melhora o padrão de vida do trabalhador. Política trabalhista dá os melhores frutos: o milagre brasileiro, por exemplo. Na política trabalhista e de assistência nota-se a falta de capacidade financeira do Governo para pensões e auxílios. Por meio do Plano de Valorização do Trabalhador o governo convoca o trabalhador a participar; o plano vai proporcionar equilíbrio entre capital e trabalho. O Brasil tem condições de competir internacionalmente, pois tem mão-de-obra barata. Inaceitável o envelhe cimento precoce da mão-de-obra; com o desenvolvimento, os povos tendem a envelhecer. Fundo de pensão vem adicionar maior melhoria aos assalariados; melhora a distribuição da renda. As únicas referências a problemas que atingem o trabalhador, são as que dizem respeito ao trabalho de aluguel ou leasing. Trabalho temporário - leasing - contraria o direito à estabilidade do trabalhador; porta-voz de protesto dos bancários contra esse tipo de Congresso Nacional 23 trabalho. Locação de mão-de-obra constitui escândalo e uma vergonha para nossa legislação social; são escravos do século XX. Acidentes de trabalho, principalmente na construção civil, causam danos às famílias dos acidentados, prejuízos e infrações aos órgãos sociais do Governo. A alteração na fórmula política salarial não basta; é necessário mudar a filosofia com o urgente aumento do salário mínimo, pois o povo passa fome. O item sobre trabalho apresenta ainda quatro pronunciamentos que dizem respeito à política salarial no sentido de preços e/ou salários, e um discurso relacionado à proteção ao consumidor, com os seguintes tópicos: ' Novos níveis de salário mínimo; equiparação elimina sub-regiões e tais medidas preparam o advento do salário mínimo uniforme. Poder aquisitivo - salário do operário diminuiu; INPS e Funrural recebem parcela de culpa. O Brasil perde com as importações, gerando desequi líbrio rural-urbano. Sugestão de vinculação entre diária mínima legal de um operário e o preço unitário de carne, leite e outros derivados da produção pastoril: o Brasil precisa continuar aumentando o consumo interno e a exportação de carne. Necessidade de proteção ao consumidor de automóveis. 5. Saúde e assistência. Este tema tem seus discursos muito próximos daqueles relacionados com o trabalho. Notável, também, é a relação de saúde e assistência com o desenvolvimento. Em termos gerais, é possível perceber-se a preocupação de quanto os problemas relacionados ao tema poderão afetar o processo de desenvolvimento. A preocupação é, quase sempre, a manutenção de um mínimo de saúde e assistência para a mão-de-obra, com o objetivo de garantir um máximo para o desen volvimento. O teor do discurso é o seguinte: Com a distância aumentando entre campo e cidade, há necessidade de assistência ao trabalhador rural. É necessário ressaltar a importância da saúde pública para o desenvolvimento. Os baixos níveis urbanos de saúde e bem-estar prejudicam o desenvolvimento. A situação médico sanitária do Nordeste é caótica e pede intervenção estatal. A ausência de amparo do poder público ao menor abandonado é problema de ordem social. A assistência médico-hospitalar do Estado é onerosa e ineficiente; as sociedades médicas privadas são democratizadoras. Necessidade de reestruturação de entidades de assistência ao menor. Prazos políticos prejudicam as obras e ocasionam desastres; é preciso proteger o traba lhador de obras. É necessário integrar a ação da nutrição, saúde e educação em um plano piloto, para minorar os efeitos da desnutrição infantil no Nordeste. Descentralização do governo Abreu Sodré impul sionou programas de saneamento, saúde e hospitalar. Para maior segu rança em aposentadoria e assistência, é necessário inter-relação entre os períodos de trabalho no setor público e no setor privado. A situação do 24 R.C.P. esp./dez. 78 menor no Nordeste é de desnutrição; só o Funrural tem feito alguma coisa. Ao mesmo tempo em que há um limite na extensão da assistência por parte do Estado, tal como se viu no caso sobre as sociedades médicas privadas, existe, paralelamente, um desnível acentuado na ação do Estado entre os setores urbano e o rural. Trabalhadores rurais beneficiados com assistência poderiam ser mais numerosos; leis e decretos impedem maior extensão. A Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (Funabem) encontra-se em condições de desempenhar o seu papel junto ao menor abandonado. Setor sanitário do Nordeste recebe sempre trata mento secundário; faz-se necessária uma emenda para modificar a dotação orçamentária. Assistência securitária ao homem do campo para garantir racional desenvolvimento agropecuário; garantir a produção por meio do crédito rural. Assistência do INPS por meio de convênios na Amazônia se estende ao rural e é plena e satisfatória. Ao invés do perigo do aumento demográfico, a preocupação deveria voltar-se para os perigos da densidade demográfica. Permanece, nos últimos discursos levantados, o problema do limite e dos desníveis na área de ação governamental. É necessário reformular o código de amparo ao menor abandonado. Apesar das realizações,o campo social ainda requer providências. Aten dimento médico-hospitalar precisa ser melhorado mediante extensão de credencial do INPS e aposentadoria é afetada pelo problema da permu tação entre o público e o privado. Ministério da Previdência e Assistência Social estimula o desenvolvimento da economia e promove valorização do trabalhador; deu ao Governo uma forma unificada e racional no campo da assistência. O Banco Nacional da Habitação (BNH) não foi criado para enriquecer alguns, mas para construir casas para quem necessita: crédito dos mutuários é estreito e os obriga a cair nas mãos de agiotas, jogando-os contra o Governo. Em Brasília e nas cidades satélites constata-se fome, e cerca de 80% dos brasileiros alimentam-se indevidamente; o créscimo de creme de soja a produtos alimentar~s pode melhorar o padrão de alimentação. 6. Educação. Com pronunciamentos sobre a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia, sobre verbas, bolsas de estudo, televisão, univer sidade, Mobral e reforma do ensino, este item teve a seguinte construção, durante o período legislativo 71!7 4. As grandes verbas para a educação desde 64 têm importância no desenvolvimento. O Banco Nacional da Educação tem por objetivo canalizar poupanças e impostos para a educação. A educação deve ser qualitativa e não fechada aos capitais. O Ministério da Ciência e Tecno logia deve ser criado para dar à educação técnica prioridade sobre a humanística. O Brasil está entre os países que mais destinam verbas para a educação. O Ministério da Ciência e Tecnologia terá por fim coordenar, impor, orientar e centralizar os recursos humanos. A televisão brasileira Congresso Nacional 25 deseducH; Governo deve agir, revendo os códigos de comunicação. Pro grama Especial de Bolsas de Estudo é extensão ao trabalhador das oportu nidades do ensino médio, por meio dos sindicatos e do Ministério do Trabalho. Planos educacionais implantados no Ceará devem merecer mais atenção do Ministério da Educação e Cultura (MEC) para evitar a marginalização profissional; necessária uma adequação da reforma de ensino. O objetivo da Universidade Federal do Ceará deve ser o de um ensino e de uma pesquisa que proporcionem ao aluno uma identificação com problemas locais, e que aprenda a encontrar soluções válidas. São feitas alusões à Faculdade de Farmácia, curso profissionalizante e à Escola Superior de Guerra. A Lei que dispõe sobre controle sanitário de drogas farmacêuticas trouxe danosas conseqüências para a saúde pública e diminuiu o valor do farmacêutico como profissional; é necessária a fundação de um maior número de Faculdades de Farmácia. Ensino profissionalizante é meta de valorização do homem. Reforma do ensino tem sido burlada; cursos profissionalizantes surgem em toda parte, mas sem a necessária habilitação. Curso da Escola Superior de Guerra freqüentado por parlamentares, serve para aproximar militares de políticos. A Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) em Santa Catarina deve erradicar o analfa betismo. Declaração do ministro da Educação de estar disposto a levar avante uma ação ampla e profunda, sem qualquer idéia de dirigir ou controlar a criação cultural brasileira; a criação está na raiz do processo cultural. 7. Administração. Este item não encontra pronunciamentos, a não ser com respeito à burocratização. O excesso de burocratização na área da borracha prejudica o desen volvimento. É importante o papel do Legislativo na racionalização da administração, para facilitar o desenvolvimento. 8. Segurança. Os discursos referentes às Forças Armadas estão aqui relacionados. A participação das Forças Armadas em movimentos políticos é histórica. Elogio à ação cívico-social do Exército na preservação e defesa do povo. É importante o papel das Forças Armadas na manutenção da situação atual. Os aspectos diretamente relacionados com segurança são abordados nos seguintes discursos. Liberdade só é possível com a estabilidade. O Ato Institucional n<? 5 preserva a liberdade. Os problemas do Brasil, em comparação com os do mundo, não são intransponíveis. Matança de índios e infertilidade do solo amazônico não passam de boatos. Solicitação de informação do governo de São Paulo sobre agressão a repórteres. Solicitação de um debate sobre a utilidade ou não do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana: será ou não importante o seu papel? 26 R.C.P. esp.fdez. 78 Foram feitos dois pronunciamentos sobre a liberdade de imprensa e um sobre sindicato. A liberdade de imprensa se torna excessiva quando põe em risco a segurança de cada um e a do país. A justiça brasileira cuida de todos ". os episódios, e também daqueles que dizem respeito à liberdade de imprensa. Dos seis mil sindicatos, apenas vinte se encontram sob inter venção, atestando que o Governo não cerceia as agremiações. 9. Transporte e comunicação. É um dos itens que apresenta uma apre ciável quantidade de pronunciamentos. Eles oscilam entre uma exaltação às obras federais e estaduais no setor e um relato das dificuldades da interligação de certas áreas. Num país em processo de desenvolvimento, por mais que prevaleçam os discursos na primeira forma - exaltação às obras governamentais - uma continuidade deste estilo esbarra no fato concreto de uma infra-estrutura de transportes limitada na sua capa cidade de suportar o peso das necessidades do desenvolvimento. Por outro lado, isto demonstra também as barreiras que persistem entre regiões - ilhas no pronunciamento de um dos parlamentares - impedindo um processo de maior interiorização. Um aspecto que se torna politica mente bastante sintomático, é a relevância que recebem certas obras de caráter estritamente regionais. Percebe-se uma resistência, por meio de um esvaziamento do âmbito da obra, utilizando-se justamente, e de uma forma insistente, os agradecimentos pela sua construção. Passemos então ao discurso global deste item. Relato da ação do Executivo em transportes, comunicações e energia. Exaltação das obras federais na área de comunicações da Amazônia. Papel da estrada de ferro Noroeste do Brasil em criar e interligar cidades, incentivando o comércio. Exaltação do papel de Brasília na integração da nação. O Programa Especial para o Vale do São Francisco (Provale) veio preencher uma lacuna até então existente na ação governamental; faz-se agora necessária a sua interligação a outras formas de comunicação. Necessário incrementar a infra-estrutura de transporte e comunicação para integrar as ilhas - um sistema econômico harmônico. Construção e manutenção de rodovias no Piauí e daí para o Nordeste. Os problemas da Amazônia, sem dúvida alguma, são aqueles referentes ao sistema rodo viário. Comentário de exposição do ministro do Interior sobre o incentivo de contatos com todas as áreas geopolíticas para aumentar o comércio. Outro aspecto a ser ressaltado é quanto ao significado que passa a tomar o termo integração e ainda quanto às referências às ilhas que devem desaparecer. Uma característica do processo de formação geo econômica do Brasil é que, como herança do período colonial, as regiões estiveram sempre voltadas para o centro e as ligações entre elas, interna mente, sempre foram muito precárias e difíceis. O surgimento de capitais nacionais, dizem alguns autores, contrabalançaria esta tendência de vez que estariam interessados em ampliar os mercados. No entanto, isto iria chocar-se com as formações político-econômicas de cada região aue já Congresso Nacional 27 apresentavam uma estrutura interna montada. Contra esta observação surgiria, por sua vez, a objeção de que as crises por que passam tais estruturas políticas regionais seriam um sintoma da impossibilidade de resistência que elas possuem frente à expansão do capital. Uma outra formulação, mais próxima dos discursos aqui analisados, '" seria de que a tendência à regionalização econômica das áreas não desa pareceria, mesmo com o surgimento deinteresses capitalistas nacionais. Para não alterar as relações políticas de tais áreas, o que se teria de superar seriam as ilhas internas a tais áreas. De qualquer forma, uma comprovação mais segura desta hipótese demandaria a análise de outras variáveis, tais como: levantamento do fluxo de mercadorias inter-regionais e intra-regionais, origem e interesses a que estivessem ligados os capitais investidos nas regiões e, principal mente, em se tratando de referência que foi feita à estrutura político econômica das regiões, levantamento da intensidade (nível e grau) e tipo (qualificação) de fluxos de mão-de-obra em migrações inter-regionais e intra-regionais. Os discursos que a seguir mostram a relevância do apro fundamento que seria necessário, com este sentido, neste tipo de análise. A inauguração da estrada que liga o Maranhão ao Pará é elogiada, pois facilita a redenção econômico-social como corredor de pecuária e agricultura. Redivisão geopolítica em bases mais racionais. Agradecimento pela inauguração de ponte e rodovia no Piauí; é necessário, para comple mentar esta obra, o retorno da navegação ao Vale do Paraíba. Ferrovias são importantes para o desenvolvimento; seus problemas são incompe tência administrativa e falta de uma legislação. Amazônia será con quistada pela Cuiabá-Santarém; é necessário também a conclusão de rodovias do Mato Grosso incluídas no Prodoeste. O Brasil necessita de ligações rodoviárias; a economia amazônica necessita de ligações rodo viárias; o Nordeste ocidental desenvolve-se, mas a agropecuária acha-se esquecida; necessidade de rodovias e do aproveitamento da bacia hidro gráfica do Vale do Parnaíba, no Piauí. O Piauí, Ceará e Maranhão precisam ser incluídos no Plano Nacional de Viação para escoar a produção agropecuária. Impõe-se a recupe~ação da bacia do rio Paraíba; seu principal problema é a poluição. Transporte fluvial foi abandonado no Brasil e a prova é que o minério da serra dos carajás teria melhor escoamento pelo rio Tocantins além de permitir o aproveitamento do potencial hidrelétrico; ao invés disso optou-se por via férrea. Unir bacias do São Francisco e Parnaíba atenderia interesses do Piauí, Bahia e Minas Gerais. Solicitação da pavimentação de rodovias do Mato Grosso, incluí das na área do Prodoeste, importantes para escoar a produção. Um aspecto que chama atenção para o problema do isolamento regional, aliado ao aprofundamento do processo de desenvolvimento em cada região de per si, se liga aos discursos que fazem referência aos corredores de exportação. Assim, temos o seguinte pronunciamento. 28 R.C.P. esp./dez. 78 Obras no setor de viação nacional que atingem Santa Catarina estão incompletas; o centro e o sul catarinenses continuarão isolados: há necessidade de um corredor de exportação. A administração do Gover nador Antônio Carlos Magalhães tem seu mais importante feito, na advertência do aumento das disparidades regionais, com maior concen tração no centro-sul. Plano hidroviário do Parnaíba, integrado ao rodo viário, beneficiará transportes e desenvolvimento econômico da região. Ferrovias não constituem obsoletismo em transporte; os terminais marí timos dos corredores de exportação é que não se devem fixar somente em Santos, Rio de Janeiro e Vitória. 10. Diversos. Abriu-se este item para atender os pronunciamentos que não se enfeixassem em nenhum dos anteriores, Neste caso, entraram as homenagens prestadas pelos parlamentares. Segue-se um levantamento dos temas e das quantidades de vezes que tenham sido prestadas homenagens aos mesmos. Em alguns casos o teor do discurso também é incluído. a) Revolução Paulista - 3 pronunciamentos, homenagem. b) Castello Branco - 6 pronunciamentos. As referências tiveram a seguinte construção: "preparador do terreno para os Governos da Revolução; vocação democrática; acentuou os ideais democráticos da Revolução" . c) Caxias - 4 pronunciamentos. d) Semana da Pátria - 3 pronunciamentos. e) Costa e Silva - 1 pronunciamento. f) Revolução de 64 - 1 pronunciamento. g) Dia do Médico - 1 pronunciamento. h) FAB - 1 pronunciamento. i) Vítimas internacionais comunistas - 1 pronunciamento j) Dia Nacional da Ação de Graças - 1 pronunciamento. k) Dia do funcionalismo - 1 pronunciamento. 1) 59 Batalhão de Engenharia - 1 pronunciamento. m) Dia da Bandeira - 1 pronunciamento. n) Trabalhador rural - 3 pronunciamentos. o) Dia do Trabalho - 2 pronunciamentos. Os demais pronunciamentos de homenagens, com um total de um para todo o período legislativo foram: exaltação à comunidade luso-brasileira, a Tamandaré, a Congregação dos Salesianos, à obra de Euclides da Cunha, à Semana do Exército, ao BNH, ao Estado do Rio, "à figura humana do fluminense, um tipo pacífico, amante da ordem, paz, equilí brio" -, ao Dia da Independência, ao Manifesto da Ação Integralista, ao Governo Médici, à memória de Getúlio Vargas "harmonizador do capital e do trabalho e fiel aos anseios populares e nacionalistas", a parlamentares japoneses, homenagem póstuma a Adauto Lúcio Cardoso, saudação ao Ministro Tanaka, do Japão. Congresso Nacional 29 2.1.2 Câmara federal 2.1.2.1 Grande expediente - MDB - Lidice A. Pontes Maduro A bancada emedebista na Câmara Federal, durante a sétima legislatura (1971-74), ocupou a tribuna para tratar, principalmente, de assuntos econômicos, políticos e de política regional. Do total de discursos sele cionados (tabela 1), 340 (42,5 %) são do MDB e estão distribuídos pelos 10 itens adotados como critério de classificação: Quadro 2 Temas selecionados 1. Política 70 ( 21 %) 2. Economia 95 ( 28% ) a) Finanças 33 b) Agricultura 47 c) Indústria 15 3. Política regional 66 ( 19% ) 4. Trabalho 22 ( 7%) 5. Saúde e assistência 15 ( 4%) 6. Educação 19 ( 5% ) 7. Administração 17 ( 5%) 8. Segurança 5 ( 2%) 9. Transporte e comunicações 6 ( 2%) 10. Diversos 25 ( 7%) Total 340 (100% ) A seguir, desenvolvemos cada um dos itens segundo a poslçao dos parlamentares emedebistas, as críticas feitas aos vários aspectos discutidos e as sugestões apresentadas. Os temas serão apresentados em forma de discurso - discurso global, como o chamamos, pois engloba as várias tendências dos dois partidos: Arena e MDB. Alguns dos itens selecionados sofreram uma subdivisão para facilitar a abordagem do tema, como foi o caso do item economia que, devido à diversidade de assuntos, foi subdividido em três subitens: finanças, agricultura e indústria. O discurso global apresentado agora refere-se ao período do grande expediente: 1. Política. Dentre todos os tópicos abordados nessa legislatura, o item referente a política foi dos que mereceram maior atenção dos parlamen- 30 R.C.P. esp./dez. 78 tares do MDB (21 % ). Procuramos agrupar os principais aspectos discutidos na Câmara Federal, os quais relatamos a seguir; Trabalho do Congresso. O trabalho foi considerado produtivo, princi palmente na Câmara, apesar de o Executivo não dar a devida consi deração ao Legislativo, que é poder integrante e autônomo da nação. Os parlamentares não têm muitas opções, pois a maioria dos assuntos está vedada ao congressista. As leis 3ão feitas pelos técnicos do Ministério do Planejamento e os assessores da presidência, cabendo ao Congresso o referendum dos estudos feitos. A falta de assessoramento técnico que possibilite ao deputado fazer uma análise profunda dos projetos, bem como apresentar emendas, é um dos grandes entraves ao trabalho parlamentar. A formação de comissões deveria ser feita com maior atenção para que dela participassem pessoas capacitadas no assunto a ser estudado. Propõem reformas no trabalho das comissões e algumas fusões (comissões regionais, economia e finanças). A publicação dos pronunciamentos não é assegurado, as CPls sofrem muitas limitações e a imunidade parla mentar praticamente não existe; estas são algumas das queixas dos emcdebistas. Dentre as limitações ao exercício do Poder Legislativo, encontram-sea fidelidade partidária, limitação na apresentação dos projetos de lei, prazo para apreciar os projetos, as leis delegadas, os decretos-leis beneficiando o Executivo. As medidas do Governo, como o impedimento aos suplentes de assumir o mandato, foram apontadas como forma de exterminar a oposição. Posição do Executivo em relação ao Congresso. O Legislativo está esva ziando e o Executivo se imbuindo das funções legislativas quando lança mão dos decretos-leis. O fortalecimento do Executivo não deveria significar abdicação das prerrogativas do Legislativo. É essencial, numa democracia, que a um executivo forte corresponda um Legislativo igualmente forte e um Judiciário autônomo, de forma que cada um respeite o outro, sendo ao mesmo tempo reciprocamente dependentes. Não se pode admitir, na teoria democrática, a hipertrofia do Executivo, como vem acontecendo após 64. O Legislativo não pode ser um simples órgão ratificador, precisa participar e influenciar as decisões nacionais. Legislação de exceção. Necessidade de restabelecer a plenitude demo crática a fim de mostrar a boa intenção do Governo. Pedem o restabelecimento do habeas-corpus para crimes políticos, pro põem estudos de revisão constitucional, inclusive para garantir o direito de voto da população de Brasília. A censura e o Ato Institucional n!? 5 prejudicam as críticas à política governamental; com medo da liberdade, o Governo mantém as eleições indiretas, os Atos Institucionais e a negação da anistia. Pedem a liberdade de imprensa, sindical, partidária e de cátedra. Congresso Nacional 31 Os parlamentares do MDB afirmam que o estado de direito pode ser restabelecido, pois a plenitude democrática oferece todos os meios de ação para que o movimento revolucionário se imponha, a não ser que ela signifique e exista para o império das oligarquias e dos privilégios. As limitações constitucionais atingem os dois partidos; a Arena que ganhou em quase todos os estados não governa, não tem força decisória. O poder militar é que toma todas as decisões sem qualquer consulta à facção política representativa do povo. As eleições e o funcionamento do Congresso não significa plenitude democrática, o que é reconhecido pelo próprio Governo. O radicalismo não compensa e provoca retrocesso político, por isso é necessário ter liberdade assegurada para a integração das massas, hoje à margem da vida econômica e política. Política nacional. A concentração e a elitização são uma tônica na vida nacional. Há uma tendência de reduzir os núcleos de decisão ao acúmulo do poder. O centralismo administrativo é forma de boicotar o princípio federalista; o municipalismo se acha comprometido pelas intervenções freqüentes. A concentração no campo político se traduz nas eleições indiretas, no voto vinculado, na fidelidade partidária, na sublegenda e no voto distrital. No que se refere à segurança nacional, ela se traduz na tranqüilidade da nação, na perenidade das instituições, na solidez do regime, na ausência de conflitos sociais, na garantia do trabalho, da educação, da família e dos direitos da pessoa humana. Vários pontos omissos na mensagem do Presidente Médici, no o.ue se refere à política nacional, foram analisados; entre eles estão os dese quilíbrios regionais, a desnacionalização da economia, a distribuição da renda, a dívida externa brasileira. A principal omissão é a de restauração democrática, prometida no início do seu Governo. Campanha eleitoral. Os temas abordados na campanha eleitoral foram apontados como relacionados com a realidade brasileira. Entre eles estão: a desnacionalização da economia brasileira, a dívida externa, política salarial, o desemprego e subemprego, a assistência previdenciária defi ciente, a aplicação do Decreto-lei n<? 477 quando os estudantes reclamam por melhor ensino. A campanha eleitoral enfatiza a intensa e espontânea participação popular em favor de candidatos do MDB, apesar do apoio do Governo e da utilização dos instrumentos do poder para os candidatos oficiais. Eleições. A votação obtida pelo MDB, em 74, foi considerada uma represália às medidas impopulares adotadas pelos tecnocratas da Revo lução. A vitória do MDB em estados governados pela Arena é mais difícil e valorizada; significa a condenação de aspectos restritivos do regime e não do Executivo ou do sistema; a vitória fortalece o presidente Geisel e seu objetivo de distensão política. .. .., .)- R.C.P. esp.fdez. 78 Foram feitas críticas à corrente existente no partido, no Estado da Guanabara, a qual não pode ser confundida com todo o partido; apontam aspectos negativos da campanha, e a utilização da difamação como arma eleitoral e as dificuldades encontradas por alguns emedebistas para se reelegerem quando não contam com uma máquina para apoiá-los. Legitimidade da representação popular. f: necessário que se dê autenti cidade e legitimidade à representação do povo no Congresso, defendendo o fato que o pragmatismo adotado pelo Governo na poltíica externa deve ser considerado internamente, para dar legitimidade aos governos esta duais e aos partidos políticos. Processo Francisco Pinto. Foi discutido o fato de o Deputado Francisco Pinto ter sido processado por denunciar ofensas à Declaração Universal dos Direitos Humanos, praticadas por um chefe de governo. Discutem a possibilidade de se falar em descompressão política e reabertura demo crática quando se é processado por pronunciamento essencialmente político. Martim du Nord é citado quando se referem à inviolabilidade parla mentar: "a inviolabilidade de qualquer deputado pode assegurar 3 inde pendência da Câmara inteira". Os parlamentares emedebistas fazem algumas sugestões visando o aprimoramento do processo legislativo, entre elas: • que o Legislativo possa melhorar os projetos oriundos do Executivo e não homologá-los simplesmente; • as reformas no Legislativo devem começar pelo funcionalismo mal remunerado e maior apoio ao trabalho das comissões; • criação de um terceiro partido; • sujeitar ao Congresso os projetos impacto e que sejam principalmente de cunho político; • realizado pelo MDB de simpósios no campo da política interna e externa, e a organização do partido em todos os setores, preparando-se para o estudo profundo da problemática nacional, a fim de se transformar no instrumento de defesa dos interesses das camadas populares; • separação de poderes como uma distinção de funções a serem exer cidas por órgãos independentes, embora coordenados e interdependentes na ação. 2. Economia. a) Finanças. A política do arrocho salarial adotada pelo Governo é responsável pelo aumento da desigualdade entre a população. O país apresenta índices positivos de crescimento em alguns setores, mas um verdadeiro desenvolvimento só pode se realizar com a elevação social das massas pela preservação do seu poder aquisitivo. A distribuição da renda foi relacionada com o sistema tributário e ressaltado o fato de o Governo, contrariando a Constituição de 46, prestigiar o imposto indireto, que sacrifica o trabalhador assalariado, pois recai sobre todos igualmente. Congresso Nacional 33 Pesquisas realizadas pela Fundação Getulio Vargas, Fundação Ford e Ministério da Agricultura mostram nitidamente as disparidades existentes. Comparando os perfis de distribuição da renda entre 1960 e 1970, verifica-se que o agravamento da concentração da renda é devido à compressão salarial e que o poder aquisitivo da população sofreu um esvaziamento de 45 % nesse período. O modelo de desenvolvimento econômico pouco fez pela distribuição da renda, permanecendo os desníveis e a depressão social. A presença do ministro da Fazenda na Comissão de Finanças permitiu localizar contradições na política econômico-financeira: a ação, tendo em vista evitar a elevação dos custos e parar a espiral inflacionária, foi direcionada exclusivamente sobre os salários, que não são o único componente do custo final do produto. Do ponto
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