Buscar

felipe

Prévia do material em texto

TEMPO SUSPENSO: A MÚSICA LO-FI E A PERCEPÇÃO DO TEMPO NA 
ERA DIGITAL 
 
 
PROPOSTA DE ARTIGO CIENTÍFICO 
 
A música lo-fi é um estilo que utiliza de gravações de baixa fidelidade, ruídos e 
interferências, buscando uma atmosfera mais nostálgica e relaxante. Com o passar do tempo, 
a música lo-fi se popularizou na internet e atualmente é utilizada para diversas finalidades, 
como trilha sonora para estudar, relaxar, trabalhar e até mesmo meditar. Frequentemente 
consumida em rádios virtuais com transmissões contínuas, a quantidade de música 
apresentada nas plataformas é imensa; bem como a quantidade de artistas e compositores 
envolvidos em faixas curtas, identidades visuais padronizadas e nomes genéricos. Essa 
massificação e necessidade de rapidez de consumo pode ser vista como um distanciamento do 
ouvinte do próprio conteúdo e forma da música. O intuito dessa pesquisa é compreender como 
o lo-fi pode ser entendido como sintoma de uma sociedade mergulhada na dinâmica do 
desempenho. Ao partir de uma análise da relação do ouvinte com este estilo musical, a 
pesquisa busca também compreender também o sentimento de fuga do cotidiano, o estado de 
concentração através de reforços nostálgicos e o apagamento da identidade no processo de 
“pasteurização” da forma e conteúdo. 
Como afirma o filósofo sul-coreano, Byung-Chul Han: "A aceleração do tempo na era 
digital faz com que o passado desapareça rapidamente e a memória se torne frágil". Nesse 
sentido, a música lo-fi proporciona uma sensação de nostalgia, ligando o ouvinte a signos que 
não necessariamente se correlacionam a realidades concretas ou lembranças factíveis, porém, 
dentro da própria impessoalidade, transportam o indivíduo para um tempo estático, dentro de 
um local desterritorializado, como um sonho. Este refugio nostálgico recebe reforços visuais 
alinhados, sobretudo, com a cultura nipônica, por meio de animes, jogos eletrônicos antigos 
da Nintendo, ou SEGA, dentro outros. 
Do ponto de vista dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a música lo-fi tende 
a ser um reflexo de uma necessidade de adentrar em um estado de concentração e atenção 
contínua, sendo intrinsicamente ligada à problemas causados por sobrecargas sociais e 
trabalhistas. É evidente que este tipo de música busca colocar o ouvinte em um estado de 
relaxamento, mas inevitável pensar que o amortecimento desse pensar em excesso, 
popularmente conhecido por ‘overthinking’, não consegue minar o esgotamento (‘burnout’). 
Entendendo esta relação, também é possível refletir sobre a padronização dos artistas e seu 
impacto negativo na indústria musical e a precarização de seus trabalhadores. 
Respectivamente, os problemas apresentados se refletem nos pontos três e dez dos Objetivos 
de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 
 
Referências bibliográficas: 
 
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d'Água, 1991. 
BARBERO, Jesús Martín. Dos Meios às Mediações: Comunicação, Cultura e Hegemonia. 3. ed. São 
Paulo: Editora da UNESP, 2007. 
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 
HAN, Byung-Chul. No Enxame: perspectivas do digital. Petrópolis: Vozes, 2018. 
 
 
Pesquisa em Produção Midiática - Celacc - ECA – USP 
 
ALUNO 
• Felipe Henrique Alves Guedes. 
 
FORMATO 
 
• Artigo científico. 
 
TÍTULO PROVISÓRIO 
 
• Tempo suspenso: a música lo-fi e a percepção do tempo na era digital. 
OBJETIVO GERAL 
 
O intuito dessa pesquisa é compreender como o lo-fi pode ser entendido como sintoma 
de uma sociedade mergulhada na dinâmica do desempenho. 
 
PÚBLICO ALVO 
 
Revistas científicas possíveis para publicações 
 
Revistas focadas em comunicação social, cultura, mídia e sociedade. 
a) Intercon, revista brasileira de ciência da comunicação; 
b) Revista de Estudos da Comunicação da PUC-PR; 
c) Revista Famecos da PUC-RS; 
 
 Pessoas que consomem esse tipo de conteúdo 
 
Estudantes e pesquisadores de mídia e comunicação; 
Profissionais ligados ao mercado da música; 
Entusiastas e estudantes da cibercultura 
. 
ANÁLISE DOS CONTEÚDOS 
 
FORMATIVOS 
 
Estudos de casos, percepções, exemplos e empirismo 
 
Breve descrição da música lofi com ênfase na comercialização desse estilo. 
Apresentação de dados referentes a ausência de identidade dos compositores das músicas 
através de pesquisa em sites, gravadoras e plataformas de streaming. Apoio em matérias, 
estudos e entrevistas referentes ao estilo musical. Apresentação de dados sobre consumo de 
música e rotina dentro das Metrópolis. Ampliação da noção e do pensar criativo, 
principalmente levando em conta a vasta quantidade de artistas que adentram este mercado. 
Apresentação da melhora no acesso à ferramentas digitais de baixo custo para a produção de 
música. 
 
INFORMATIVOS 
 
Conceitos E Referências Teóricas 
 
Correlacionar a música lofi à ideia de sociedade do desempenho proposta com base 
nos livros de Byung-Chul Han. Análise de percepção do tempo baseada nos estudos de Gilles 
Deleuze e, principalmente, no trabalho de Shūichi Katō que demonstra diferenças culturais do 
ocidente em relação ao Japão, maior referencial imagético da música lo-fi. Inclusão de 
conceitos fundamentais sobre a indústria cultural, reprodutibilidade técnica na arte e controle 
midiático. Os temas trabalhados têm grande relação com estudos das noções pós-modernas de 
compreensão cotidiana e focam também em largos debates acerca da saúde mental e da 
problemática da sobrecarga social e emocional que vem causando efeitos diversos que geram 
novas nomenclaturas patológicas e condições psíquicas que preocupam a área médica. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
Premissas 
 
Compreender a falta de informações e “plastificação” do lo-fi como produto sem 
personalidade e que dificilmente transpõe a barreira do digital para uma participação mais 
direta como movimento social. Analisar as frequentes padronizações do mercado da música e 
seu consumo algorítmico. Tratar da fuga do fluxo de tempo da rotina do sistema capitalista e 
da necessidade da criação de um ambiente para concentração e foco. 
 
QUADRO TEÓRICO 
 
Sobre a “plastificação” do lo-fi e a criação de um estilo sem personalidade: 
 
BENJAMIN, Walter. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica". In: 
Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987. 
 
A Sociedade do desempenho 
 
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015. 
HAN, Byung-Chul. No enxame. Petrópolis: Vozes, 2018. 
 
A percepção do tempo 
 
KATO, Shuichi. Tempo e Espaço na Cultura Japonesa. São Paulo: Estação Liberdade, 2012. 
DELEUZE, Gilles. Cinema 2: a imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 2009. 
 
Poder midiático, construção e automatização do produto cultural 
 
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d'Água, 1991. 
BARBERO, Jesús Martín. Dos Meios às Mediações: Comunicação, Cultura e Hegemonia. 3. 
ed. São Paulo: Editora da UNESP, 2007. 
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 
 
Apresentação do problema 
 
Com uma rotina de trabalho intensa e massificação de produção midiática, o lo-fi pode 
ser visto como uma música que exerce um papel de quebra de fluxo temporal, transportando o 
ouvinte para um tempo próprio e distinto, reforçado por títulos de playlists e conteúdo virtual. 
Este cenário leva aos questionamentos diretos: como este estilo de música fomenta a lógica 
ultraliberal? E como esse pode ser visto como um sintoma de uma degradação do mercado 
musical e da autonomia do artista? 
 
Estudo de caso 
 
O canal do Youtube que se popularizou como Chilled Cow e que atualmente se chama 
Lofi Girl detém 12 milhões de inscritos e transmite uma livestream sem interrupções com 
centenas de artistas de lofi. No vídeo, uma jovem está de fones de ouvido e faz anotações em 
um caderno em frente ao computador. O vídeo tem a duração de poucos segundos,apenas 
animando um movimento da personagem com a mão e um olhar para a janela que fica ao 
fundo de seu quarto. O nome do vídeo é “lofi hip hop radio - beats to relax/study to”. Além de 
ser um referencial para o estilo de música, o canal é também uma gravadora que reúne mais 
de 300 artistas que produzem as faixas tocadas nesta rádio virtual. A Lofi Girl, em seu site 
oficial, disponibiliza serviços de uso de direitos autorais das músicas para empresas, trilhas e 
outros propósitos comerciais. 
 
 Aplicação dos conceitos ao caso 
 
Ao analisar o Lofi Girl, pode-se ter uma melhor dimensão do nicho de mercado que o 
lofi envolve, além de explorar a ideia da identidade japonesa na imagética do estilo. A 
quantidade de artistas envolvidos e atrelados a uma companhia só também pode ser analisado 
pela falta de conversão de ouvintes e seguidores do canal para os artistas envolvidos. A 
quantidade de faixas tocadas vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, também é um 
ponto de extrema importância para compreender a “plasticidade” do lo-fi enquanto música 
descartável, servindo a um propósito atrelado diretamente à criação de um ambiente de fuga 
temporal. 
 
 Conclusões 
 
Compreender melhor a fuga e o processo de percepção do tempo na sociedade do 
desempenho e analisar as mudanças drásticas do mercado musical, quando pensamos em uma 
grande quantidade de música sendo produzida para ser consumida de maneira rápida e sem 
durabilidade. 
 
Estratégias 
 
Revisão bibliográfica dos teóricos apresentados. 
Utilização de pesquisas quantitativas sobre a música digital. 
Pesquisas em sites oficiais das principais gravadoras e canais de lofi. 
 
Realização 
 
 Planeje quando e as ferramentas que vai usar, montando um cronograma. 
 
Planilha de fluxo de trabalho, separando o processo em três etapas distintas, coleta de 
dados quantitativos e análise de sites correlacionados ao lofi, análise de material bibliográfico 
e produção do conteúdo do artigo. 
 
 
 
Avaliação 
 
Revisão 
Qualitativa 
Apresentação a colegas na busca de considerações. 
Uso de ferramentas de inteligência artificial para trabalhar melhoria na estrutura do 
texto e apontamentos de coesão. 
 
Retroalimentação do objetivo específico 
 
Criação de conteúdos para redes sociais para abordar o tema de maneira simplificada e 
analítica.

Continue navegando