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AO JUÍZO DE DIREITO DA 1º VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO LUÍS - MA PROCESSO Nº AUTOR: NANDO PETRÔNIO RÉU: ESTADO DO MARANHÃO ESTADO DO MARANHÃO, já qualificado nos autos da ação, vem por intermédio de seu advogado infra-assinado (anexo), vem respeitosamente à presença do juízo, com fundamentos no art. 335 e seguintes do código de processo civil, dentro do prazo legal, apresentar CONTESTAÇÃO Ação ordinária, movida por NANDO PETRÔNIO, também já devidamente qualificado nos autos da ação, pelos motivos de fatos e direitos a seguir expostos: 1. DOS FATOS O autor foi acusado de conduta ilícita no âmbito do exercício do cargo público de assistente social do Estado, conduta que constitui em recebimento de vantagem para deixar de emitir um documento cuja obrigação era sua por conta do cargo, tendo sido deflagrado um processo administrativo e um criminal para apurar a ocorrência. O processo administrativo ficou suspenso enquanto transitava no processo criminal, que foi concluído absorvendo o autor por ausência de provas do efetivo recebimento de vantagem, fato que impediu sua condenação por crime de corrupção passiva conforme se vê na decisão em anexo. Ocorre que mesmo absolvido da infração penal o processo administrativo prosseguiu e culminou com a demissão do autor. Convém acrescentar que o autor sofreu danos de ordem moral por ter perdido sido exposto a uma situação vexatória diante dos seus amigos de trabalho, devendo ser pago ao mesmo mais de R$350.000 (trezentos e cinquenta mil reais) a título de danos morais. 1.1 DA VERDADE DOS FATOS As alegações do autor são infundadas, visto que foi obedecido todos procedimento legal, bem como ouvir a paralisação do processo administrativo enquanto ainda não havia sido concluído o processo criminal. Não havendo motivo para as alegações de não observância do procedimento bem como continua infundada as demais alegações. 2. DA TEMPESTIVIDADE Salienta-se que a presente contestação é devidamente tempestiva, uma vez que a data da citação ocorreu em 1 de abril de 2024, o prazo da contestação de 15 dias começou a contar no dia útil seguinte, nos termos do art. 231, V do Código de Processo Civil ou seja, dia 2 de abril de 2024. Portanto o prazo final para o oferecimento da contestação é 16 de abril de 2024, assim a presente contestação apresentada é tempestiva. 3. DAS PRELIMINARES 3. 1 DA CONVENÇÃO INDEVIDA DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA Preliminarmente, cumpre destacar que o autor em sede de inicial demonstrou ser servidor público. Diante disso, observa-se que o autor declarou ser pobre nos termos da lei apenas para auferir os benefícios da gratuidade da justiça. No entanto, conforme demonstrado aqui, o mesmo não se encaixa como hipossuficiente, uma vez que possui a renda de servidor público, afastando assim os requisitos exigidos no art. 98 e seguintes do CPC. Em face disso, verifica se a gratuidade de justiça foi concedida indevidamente, podendo o réu oferecer impugnação nos termos do art. 100 e 337, XIII, ambos do CPC, in verbis. Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. Desta maneira, objetivando evitar quaisquer abusos, requer a revogação do benefício da justiça gratuita concedida a partir da autora. 3.2 DA INCORREÇÃO NO VALOR DA CAUSA NA ORDEM DE DANOS MORAIS Quanto a indenização de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), pleiteado pela autora, evidencia-se que é um tanto improporcional abusivo, e injusto tendo em vista a existência de nexo de causalidade entre a ação ilegal do autor e a sua demissão. Cabe corroborar que a demissão respeitou o devido processo legal e está ancorada na súmula nº 18 do STF mesmo com a absolvição da esfera criminal. A condenação por danos morais resultaria na vedação dos princípios da legalidade do enriquecimento sem causa constantes no art. 884 caput e § único do Código Civil. Com isso, conforme o art. 337, III do Código de Processo Civil: “ Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: III - incorreção do valor da causa.” é requerido a voz da gerência que acolha esta preliminar não procedendo com a coordenação com os danos morais com quantum indenizatório acima citado. 4. DO DIREITO 4.1 DA POSSIBILIDADE DA CONTINUAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO O servidor alega que no processo em que respondia por conduta ilícita, por ter sido absolvido no âmbito criminal, o isentaria de responder processo no âmbito administrativo ou até mesmo ser condenado, alegando ser ilícito a conduta do estado. O autor se baseou totalmente no que se discorre no artigo 126 da Lei 8112/90, que diz que a responsabilidade administrativa do servidor será afastada em caso de absolvição criminal. No entanto, é importante salientar, vossa excelência, que o servidor, mesmo tendo sido absolvido criminalmente, há uma exceção a ser observada que se encaixa exatamente no caso em tela. De acordo com a súmula nº 18 do STF, nos casos em que apesar das pessoas são criminal subsista resíduo administrativo concreto e objetivo, a justificar a sua responsabilização e tendo o processo criminal absolvido o réu por ausência de provas, portanto com diz com art. 386 do CPP SÚMULA 18 - STF- PELA FALTA RESIDUAL, NÃO COMPREENDIDA NA ABSOLVIÇÃO PELO JUÍZO CRIMINAL, É ADMISSÍVEL A PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO. Portanto, peço muita atenção aos senhores advogados e servidores públicos, porque mesmo com a absolvição na esfera criminal é possível que o processo administrativo disciplinar contra o servidor público prossiga até o seu final, podendo resultar nas penalidades previstas em lei, inclusive a pena de demissão. 4.2 DA OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL O autor alega que o processo administrativo em tela não respeitou o devido processo legal, ferindo o contraditório e a ampla defesa. No entanto, há de se observar que não merece prosperar tal acusação hora imputada, visto que, o processo obedeceu fielmente todo o procedimento conforme prediz o artigo 5º, LIV e LV Da Constituição Federal de 1988: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Visto que, o processo administrativo foi devidamente suspenso enquanto tramitava o processo criminal, e somente após a finalização deste, é que houve a retomada do processo na esfera administrativa. Portanto, não há que prosperar tal alegação do autor, visto que foi devidamente observado todo procedimento legal. 5. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO Diante do exposto, fica claro que o requerido foi demitido através de processo administrativo respeitando o devido processo legal e conforme a súmula Nº 18 do STF. Ressalto que o mandado de segurança foi impetrado contra ato do Ministro da Justiça que demitiu policial rodoviário federal com fundamento nos arts. 116, IX, e 117, IX, da Lei 8.112/1990, tendo em vista ter solicitado dinheiro para deixar de aplicar multa. Nesse diapasão, constato que o fato do ora agravado ter autorizado que o motorista, (...), buscasse a CNH, conduzindo o próprio carro, não foi utilizado como fundamento, pela Comissão Processante, para a indicação de pena de demissão ao servidor. Desse modo,não se verifica falta residual, aplicando-se à espécie a Súmula 18 desta Corte (...).[RMS 31.515 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 24-11-2015, DJE 247 de 9-12-2015.] À derradeira, pontuo que a controvérsia atinente à independência entre as instâncias criminal e administrativa já foi objeto de reiterada jurisprudência desta Corte e resultou na edição da Súmula 18, verbis: (...) Com efeito, há hipóteses em que os fundamentos da decisão absolutória na instância criminal não obstam a responsabilidade disciplinar na esfera administrativa, porquanto os resíduos podem veicular transgressões disciplinares de natureza grave, que ensejam o afastamento do servidor da função pública.[ARE 664.930 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 16-10-2012, DJE 221 de 9-11-2012.] Desta forma, por se tratar de uma demissão legal não pode o requerido arcar ônus que não deu causa ilegalmente, portanto demonstrado excessivo, abusivo e ilegal o quantum requerido a título de danos morais pelo autor em face a legalidade de sua demissão não pode arcar com a devida indenização sobre a prerrogativa do enriquecimento sem causa, na qual a previsão legal encontra-se no art. 884 caput e § único do Código Civil. Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8112cons.htm https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula18/false http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=9956559 https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula18/false http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=3071907 Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. Conforme visto demonstra-se desproporcional quantum indenizatória faça e flagrante violação ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade. 6. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer-se à Vossa Excelência: a) Que seja acolhida a preliminar de concessão indevida do benefício da justiça gratuita b) Que acolha a preliminar da incorreção do valor da causa e do dano moral conforme art. 337, III, que seja extinto o processo sem resolução do mérito c) Na hipótese de não acolhimento da preliminar que a presença lide seja julgada improcedente, os exordial em relação ao estado do Maranhão d) Na remota hipótese de não acolher os pedidos e a tese supra, que seja observado o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, arbitrando-se a indenização pleiteada no mínimo possível necessário, a fim de se evitar o enriquecimento sem causa. e) Requerer que determine o pagamento das custas processuais nos moldes do art. 338 da Lei 13.105/15 f) Se digne em condenar o autor em pagamento de honorários de sucumbência na base usual de 20% nos termos do art. 85 parágrafo dois do CPC Nestes termos, pede-se deferimento São Luís, 16 de Abril de 2024 ADVOGADO/OAB Equipe B Ana Marcia Madeira Pereira- 003199 Carlos Alexandre Cunha Arantes- 004600 Debora Marielly Moraes dos Santos - 005400 Elivelton Rego Almeida - 005907 José Ribamar Piedade Neto - 009121 Karoliny Costa Carvalho - 009659 Kleandia Freitas Costa - 009882 Nathália da Silva Santos - 012996
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