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Metodologia da Pesquisa Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Metodologia da Pesquisa A questão do conhecimento 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento e metodologia Conhecer: Por que? Para que? 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento e metodologia Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento Conhecer para explicar o mundo. Pré-socráticos ou filósofos cosmológicos. Final do séc. VII ao final do séc. V a.C. O nascer da filosofia/razão. A passagem do mito para o lógos. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento Conhecer para explicar o homem. “Conhece-te a ti mesmo”. Período socrático ou antropológico. Do final do sec. V e todo o séc. IV a.C. Escultura referente a Sócrates Museu do Vaticano 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento O humanismo socrático. O cidadão ético. O conhecimento como condição de libertação. Escultura referente a Sócrates Museu do Vaticano 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento A busca da essência real e verdadeira da coisa, da ideia, do valor. A essência somente é dada pelo pensamento, não pelos sentidos. O que o pensamento conhece da essência chama-se CONCEITO. Sócrates no leito de morte. 1787, Jacques-Louis Daivid. Óleo sobre tela21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento Conhecer para compreender a realidade dóxa x episteme aparência x essência inteligível x sensível Platão e Aristóteles na Escola de Atenas. Rafael Sanzio. 1509. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento Conhecer para compreender a realidade Sócrates x sofistas • Insuficiência do pensamento pré-socrático. • Aceitação da opinião e das percepções sensoriais na argumentação. • Formação do cidadão grego para o exercício democrático.Sócrates Museu Capitolini - Roma 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento O mito da caverna. Platão. A República. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A questão do conhecimento O mito da caverna. Platão. A República.21/03/2024 A questão do conhecimento A maiêutica e a dialética O homem erra por ignorância. A libertação pelo Saber. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Mitológico Religioso Vulgar Científico Filosófico GRAUS DO CONHECIMENTO 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp CONHECIMENTO MITOLÓGICO O conhecimento mitológico decorre de um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem a narrativa como verdadeira porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. É uma primeira forma de compreensão que o homem teve do mundo. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp FUNÇÕES DO MITO ❖Função explicativa. O presente é explicado por alguma ação passado cujos efeitos permaneceram no presente. ❖Função organizativa. O mito organiza as relações sociais. Ex. Mito de Édipo (relação de parentesco). ❖Função compensatória. Ex. Mito de Prometeu que roubou o fogo do Olimpo para dar aos homens e sua consequente punição. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp CONHECIMENTO RELIGIOSO • O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); • É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Graus do conhecimento Conhecimento Vulgar • Não uso reflexivo da razão • Considera a aceitação mecânica e passiva de valores não questionados • Não considera as opiniões divergentes • Conhecimento ingênuo, não crítico e fragmentário • É conservador – resiste a mudanças 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp SENSO COMUM “O senso comum não é científico porque aceita sem discutir, não aplica ao conhecimento nele implicado suficiente sistematicidade questionadora. Todavia, é preciso dizer que o senso comum não representa algo desprezível, pois, na prática, é a maneira usual de ver a realidade. Não podemos imaginar viável organizar nossa vida diária sobre a base do questionamento sistemático de tudo”. PEDRO DEMO. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Conhecimento científico • Mais amplo que o vulgar e menos abrangente que o filosófico • Consiste na apreensão das coisas por suas causas e razões por meio de investigação • Procura a especificidade • O método é reflexivo 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Conceito de Ciência ❖"A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza." Ander-Egg. "Introducción a las técnicas de investigación social" (1978:15). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Ciência: conhecimento racional Conhecimento racional, isto é, que tem exigências de método e está constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema conceitual, hipóteses, definições; diferencia-se das sensações ou imagens que se refletem em um estado de ânimo, como o conhecimento poético, e da compreensão imediata, sem que se busquem os fundamentos, como é o caso do conhecimento intuitivo. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Ciência: conhecimento metódico Obtidos metodicamente, pois não se os adquire ao acaso ou na vida cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Ciência: conhecimento sistemático Sistematizados, isto é, não se trata de conhecimentos dispersos e desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema de ideias (teoria). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Ciência: conhecimento verificável Verificáveis, pelo fato de que as afirmações, que não podem ser comprovadas ou que não passam pelo exame da experiência, não fazem parte do âmbito da ciência, que necessita, para incorporá-las, de afirmações comprovadas pela observação. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Ciência: conhecimento relativo a objetos de uma mesma natureza Relativos a objetos de uma mesma natureza, ou seja, objetos pertencentes a determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Critérios internos de cientificidade: Coerência Significa falta de contradição, argumentação estruturada, corpo não contraditório de enunciados, desdobramento do tema deforma estruturada, dedução lógica de conclusões. Coerente é o discurso que, estabelecido o ponto de partida, evolui sem entrar em contradição, tanto no sentido de não partir de premissas conflitantes, como no sentido de um corpo intermediário concatenado, amarrado, ajustado, como também no sentido de chegar a conclusões congruentes entre si e para com as premissas iniciais. Pedro Demo. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Critérios internos de cientificidade: Consistência Significa a capacidade de resistir a argumentações contrárias; difere da coerência, porque esta está mais próxima do rigor lógico, enquanto a consistência se liga também à atualidade da argumentação. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Critérios internos de cientificidade: Originalidade Significa uma produção não tautológica, ou seja, não meramente repetitiva, representando real contribuição ao conhecimento. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós- Graduação em Direito - Unaerp Critérios internos de cientificidade: Objetivação. Significa a tentativa de reproduzir a realidade assim como ela é, mais do que como gostaríamos que fosse. Como não aceitamos a possibilidade de um conhecimento objetivo, substituímos o conhecimento de objetividade pelo de objetivação. Em primeiro lugar interessa à ciência captar a realidade e é por isso que este critério é o mais importante. Embora a coincidência entre a realidade e o que pensamos dela nunca se dê adequadamente de modo cabal, é o ideal máximo da ciência. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós- Graduação em Direito - Unaerp Critérios externos de cientificidade: Intersubjetividade. Significa a ingerência da opinião dominante dos cientistas de determinada época e lugar na demarcação científica. Trata-se de critério externo, porque a opinião dominante é algo atribuído de fora. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp INTERSUBJETIVIDADE Mantém-se o realismo do universo e introduz-se o relativismo do conhecimento; o conhecimento é relativo às condições de observação: o cientista conhecerá o fenômeno no estado em que escolher produzi-lo e descrevê-lo. A validação das experiências subjetivas se fará, criando-se espaços consensuais, nos quais a ciência possa se desenvolver, com o novo pressuposto, que é o da intersubjetividade. Fica claro, então, que esse jamais será um espaço da verdade, mas um espaço de consenso, de acoplamento estrutural entre observadores. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp A roda do conhecimento científico hipóteses ObservaçõesGeneralizações Teorias 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós- Graduação em Direito - Unaerp Conhecimento filosófico • Mais amplo que o vulgar e o científico. • Consiste na apreensão das coisas por suas causas e razões por meio de investigação. • Procura a especificidade • O método é reflexivo. O Pensador. Auguste Rodin (1902). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp Tipos de conhecimento e suas características Conhecimento filosófico Conhecimento religioso Conhecimento científico Conhecimento vulgar/senso comum 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp PARADIGMA Paradigma. Do grego parádeigma = “modelo”, “padrão”. O tempo todo estamos vendo o mundo por meio de nossos paradigmas. Eles funcionam como filtros que selecionam o que percebemos e reconhecemos e que nos levam a recusar e distorcer os dados que não combinam com as expectativas por eles criadas. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA PARADIGMA Além de influir sobre nossas percepções, nossos paradigmas também influenciam nossas ações: fazem-nos acreditar que o jeito como fazemos as coisas é “o certo” ou “a única forma de fazer”. Assim costumam impedir-nos de aceitar ideias novas, tornando-nos pouco flexíveis e resistentes a mudanças. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA Epistemologia e paradigma: equivalência de termos epistemologia ≅ "paradigma ≅ "visão de mundo" compromissos dos cientistas com "crenças e valores” compartilhados transdiciplinarmente. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA O que associamos ao “conhecimento científico” Princípio explicativo, lógica, coerência, racional, explicação, identificação da causa, análise, racionalidade, atomização, hipótese, causalidade, mecanicismo, determinismo, controle, poder, demonstração, prova, argumento, verificação, empírico, válido, verdadeiro, refutável, universal etc. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA Concepção de pesquisa ▪A pesquisa é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento. Ander-Egg, apud Lakatos e Marconi (2001, p. 155). ▪A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp21/03/2024 Implicações da racionalidade grega: objetivista-realista Existe uma forma melhor de conhecer o mundo, uma forma correta, válida, aceitável: o conhecimento é relativo ao objeto e a verdade é relativa a uma ordem transindividual e supratemporal. Implicações: ✓Sacrifício do sujeito: exclui-se o subjetivo e submete-se tudo à razão; ✓Expurgo do sensível: não às sensações e percepções; ✓Eliminação do tempo histórico: busca-se a essência apenas, sem olhar as circunstâncias. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA PRESSUPOSTO DA OBJETIVIDADE A crença de que é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade e a exigência da objetividade como critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a subjetividade do cientista, para atingir o universo, ou versão única do conhecimento. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA PRESSUPOSTO DA OBJETIVIDADE O mundo que a ciência tradicional quer conhecer tem que ser um mundo objetivo, independente do seu observador. Definindo-se a objetividade como ausência de referência do observador, está a crença no realismo do universo. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA PRESSUPOSTO DA OBJETIVIDADE ✓ Certeza; ✓ Neutralidade; ✓ Relatório impessoal. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA PARADIGMA DA CIÊNCIA ORIENTADO PELA OBJETIVIDADE Realismo do universo/ representação da realidade/ descoberta científica/ uni-verso/ verdade/ sistema observado/ certeza/ observadores independentes/ difedignidade/ neutralidade/ registros objetivos/ relatório impessoal/ subjetividade entre parênteses/ objetividade sem parênteses. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA CRÍTICA DE KANT AO OBJETIVISMO Os racionalistas, em lugar de, primeiro e antes de tudo, estudar o que é a própria razão e indagar o que ela pode e o que não pode conhecer, o que é a experiência e o que ela pode ou não pode conhecer; em vez, enfim, de procurar saber o que é a verdade, os filósofos preferiram começar dizendo o que a realidade é, afirmando que ela é racional e que, por isso, pode serinteiramente conhecida pelas ideias da razão. Colocaram a realidade exterior ou os objetos do conhecimento no centro e fizeram a razão, ou o sujeito do conhecimento, girar em torno deles. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA IDEALISMO/SUBJETIVISMO Estabelece uma diferença entre a realidade e o conhecimento racional que dela temos. Afirmam os idealista que, embora a realidade externa exista em si e por si mesma, só podemos conhecê-la tal como nossas ideias a formulam e a organizam e não tal como ela seria em si mesma. Não podemos saber nem dizer se a realidade exterior é racional em si, pois só podemos saber e dizer que ela é racional para nós, isto é, por meio de nossas ideias. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA IDEALISMO O idealismo afirma apenas a existência da razão subjetiva. A razão subjetiva possui princípios e modalidades de conhecimento que são universais e necessários, isto é, válidos para todos os seres humanos em todos os tempos e lugares. O que chamamos realidade, portanto, é apenas o que podemos conhecer por meio das ideias de nossa razão. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA CRÍTICA DE KANT (1724-1804) AO OBJETIVISMO Os racionalistas, em lugar de, primeiro e antes de tudo, estudar o que é a própria razão e indagar o que ela pode e o que não pode conhecer, o que é a experiência e o que ela pode ou não pode conhecer; em vez, enfim, de procurar saber o que é a verdade, os filósofos preferiram começar dizendo o que a realidade é, afirmando que ela é racional e que, por isso, pode ser inteiramente conhecida pelas ideias da razão. Colocaram a realidade exterior ou os objetos do conhecimento no centro e fizeram a razão, ou o sujeito do conhecimento, girar em torno deles. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA PROPOSTA DE KANT Em vez de colocar no centro a realidade objetiva ou os objetos do conhecimento, dizendo que são racionais e que podem ser conhecidos tais como são em si mesmos, comecemos colocando no centro a própria razão. Comecemos, então, pelo sujeito do conhecimento. E comecemos mostrando que este sujeito é a razão universal e não uma subjetividade pessoal e psicológica, que ele é o sujeito conhecedor e não Pedro, Paulo, Maria ou Isabel, esta ou aquela pessoa, este ou aquele indivíduo. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA KANT Kant deu prioridade ao sujeito do conhecimento, enquanto empiristas e inatistas davam prioridade ao objeto do conhecimento. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA HEGEL (1770-1831) A razão é histórica. A razão, diz Hegel, não é nem exclusivamente razão objetiva (a verdade está nos objetos) nem exclusivamente subjetiva (a verdade está no sujeito), mas ela é a unidade necessária do objetivo e do subjetivo. Ela é o conhecimento da harmonia entre as coisas e as idéias, entre o mundo exterior e a consciência, entre o objeto e o sujeito, entre a verdade objetiva e a ve rdade subjetiva. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER (1864-1920) E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Para Max Weber a “objetividade” do conhecimento científico não é, na realidade, tão objetiva. Uma vez que o indivíduo é um ser finito, ele está cercado de ideias, ideais e valores. O indivíduo obedece a uma ordem social e legítima, e reflete as normas e regras que definem quem ele é e como vive. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Qualquer que seja seu objeto de pesquisa, o pesquisador tenderá a ver neste objeto uma significação para e si e para sua sociedade. Dessa forma é definido os rumos de seu estudo, por meio de seus ideais e valores. No entanto, o investigador deve ser racional e coerente, buscando pela verdade empírica sem jamais ceder aos juízos de valor. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA Para Weber a atividade científica é racional com relação a fins – a verdade científica – e racional com relação a valores – a busca da verdade. WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Para Weber há uma clara diferenciação entre as ciências da natureza e as ciências humanas. As ciências humanas não se satisfazem com a mera explicação do fenômeno, mas almejam também compreendê-lo, tendo em vista que ele é dotado de significado, uma vez que se inscreve no universo cultural, sendo o conceito de cultura um conceito de valor. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Afirma Weber que “a realidade empírica é ‘cultura’ porque, enquanto por nós relacionada às ideias de valor, ela abrange os elementos da realidade que, através desta relação, se revestem para nós de uma significação. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Afirma, portanto, Weber, que “carece de razão de ser um estudo ‘objetivo’ dos acontecimentos culturais, no sentido em que o fim ideal do trabalho científico deveria consistir numa redução da realidade empírica a certas leis” (Weber, 1991, p. 38), e isso pelas seguintes razões: 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO a) porque o conhecimento das leis sociais não é um conhecimento do socialmente real, mas unicamente um dos diversos meios auxiliares que o nosso pensamento utiliza para esse efeito; e b) porque nenhum conhecimento dos acontecimentos culturais poderá ser imaginado de outro modo que não seja com base na significação que para nós a realidade da vida, sempre estruturada de modo singular, possui em determinadas relações singulares” (Weber, 1991, p. 39). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Weber afirma ainda que “a premissa transcendental de qualquer ciência da cultura não reside no fato de concedermos valor a uma civilização determinada ou à civilização em geral, mas sim na circunstância de sermos seres civilizados, dotados da capacidade e da vontade de assumirmos uma posição consciente face ao mundo, e de lhe conferirmos um sentido” (Weber, 1991, p. 39). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Afirma ainda Weber: “Qualquer que seja este sentido, influirá para que, no decurso da nossa vida, nele nos baseamos para julgar determinados fenômenos da convivência humana e tomar relativamente a eles uma atitude significativa (positiva ou negativa). Qualquer que seja o conteúdo dessa tomada de posição, estes fenômenos possuem para nós uma significação cultural, a qual constitui a base única do seu interesse científico” (Weber, 1991, p. 39). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA WEBER E A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO Conclui Weber: “Portanto, o conhecimento científico-cultural tal como o entendemos, encontra-se ligado a premissas ‘subjetivas’ pelo fato de apenas se ocupar daqueles elementos da realidade queapresentem alguma relação, por muito indireta que seja, com os acontecimentos a que conferimos uma significação cultural” (Weber, 1991, p. 41). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA FENOMENOLOGIA A fenomenologia (Edmund Husserl – 1859-1938) considera a razão uma estrutura da consciência (como Kant), mas cujos conteúdos são produzidos por ela mesma, independentemente da experiência (diferentemente do que dissera Kant). O que chamamos de “mundo” ou “realidade”, diz Husserl, não é um conjunto ou um sistema de coisas e pessoas, animais e vegetais. O mundo ou a realidade é um conjunto de significações ou de sentidos que são produzidos pela consciência ou pela razão. A razão é “doadora do sentido ” e ela “constitui a realidade” enquanto sistemas de significações que dependem da estrutura da própria consciência. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA ESCOLA DE FRANKFURT Razão e sociedade ✓ Razão emancipadora; ✓ Razão instrumental. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA MÉTODO “O termo ´’método’ retira sua origem do grego métodos, de onde derivou, em latim, methodus, e, então, a absorção pelas línguas neolatinas (método, méthode...), significando ‘caminho’. Assim, a própria significação da palavra ‘método’ indica que sua função é instrumental, ligando dois pólos, a saber, um polo de origem ou ponto de partida (estado de ignorância), outro polo de destinação ou ponto de chegada (estado de conhecimento)” (Bittar, 2012, p.26). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA MÉTODO Se o universo do conhecimento é irrestrito, a produção do conhecimento precisa se dar dentro de pretensões limitadas e por especialidades. O método, nesse sentido, oferece a vantagem de fornecer uma perspectiva para que se enxergue a realidade e, ao reduzir o foco projetado sobre ela, confere segurança ao percurso investigativo. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISABITTAR WEBER E O CONHECIMENTO DA REALIDADE Segundo Weber, “todo o conhecimento reflexivo da realidade infinita realizado por um espírito humano, finito, se baseia na premissa tácita de que apenas um fragmento limitado dessa realidade poderá constituir de cada vez o objeto da compreensão científica, e de que só ele será ‘essencial’ no sentido de ‘digno de ser conhecido’” (Weber, 1991, 29). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA Faz-se necessário, portanto, uma delimitação do objeto de pesquisa. É necessário recortá-lo dentro de sua área de conhecimento, de forma a viabilizar a pesquisa. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA MÉTODO O método visa distanciar da pesquisa o subjetivismo do autor, do escritor, do criador. O método representa uma escora científica, pois intervém como forma de garantir resultados científicos aceitáveis, e de isentar, em grande parte, o criador, o autor ou escritor da responsabilidade de suas conclusões (Bittar, 2012, p. 29). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA MÉTODO O método preenche de objetividade uma prática subjetiva, de um ou vários pesquisadores, não obstante, não afaste da pesquisa a presença da ideologia e nem tampouco de um sistema de referência de acordo com o qual se elegem premissas e se constroem conclusões. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA MÉTODO O método se configura como sendo o principal distintivo entre o que se pode definir como científico (epistéme), investigação lastreada metodologicamente, e o que se pode definir como opinativo, expressão de um subjetivismo – opinião (dóxa). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA MÉTODO “A radical oposição entre o mundo como algo existente (nele incluído o próprio homem) e o mundo como algo pensado (nele também incluído o próprio homem) é que funda a necessidade de se insculpir o método como forma de garantir o rigor conclusivo. Nem tudo é realmente tal qual se pensa; percebe-se que a existência lógica dos objetos pensados não é a mesma que a existência real dos objetos existentes” (Bittar, 2012, p. 30). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA A metodologia nasce a serviço da pesquisa científica, consistindo no estudo das práticas do saber e das práticas de exercício do saber, tendentes ao aperfeiçoamento dos conhecimentos humanos. A metodologia representa um “saber sobre o saber-fazer ´das práticas científicas. Em outras palavras, trata-se, através da metodologia, de conhecer o que se faz quando se estuda cientificamente algo, quando se adota determinado objeto acerca do qual se entende necessária a especulação” (Bittar, 2012, p. 40). 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA “A metodologia consiste numa praxiologia, ou seja, estudo que propõe reflexão sobre as práticas científicas de pesquisa e sobre o processo de criação científica” (Bittar, 2012, 43). Nesse sentido Bittar apresenta alguns elementos que constituem a metodologia: 1) Propõe o conhecimento sobre os meios, técnicas e fins em pesquisa, facilitando a consciência sobre os processos de criação e pesquisa; 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA 2. Favorece e estimula a dispersão adequada de ideias, propondo os meios para tanto; 3. Discute critérios e métodos, assim como confere suporte reflexivo à regulamentação normativa das práticas científicas; 4. Desmitifica o estatuto do saber científico, desnudando as formas de alcançá-lo, diferindo-o também de outros saberes; 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA 5. Fortalece o conhecimento da forma, entendida esta como a adequada maneira de divulgação de conhecimentos, e erige o rigor como condição não suficiente para o fazer científico; 6. Identifica os meios de recolhimento, tratamento e divulgação de informações; 7. Separra, identifica e organiza conhecimentos de interesse para a construção da pesquisa; 8. Eleva a importância do discurso como forma de prática do saber e divulgação de resultados da pesquisa. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA REFERÊNCIAS AGUILLAR, Fernando Herren. Metodologia da Ciência do Direito. São Paulo: Max Limonad, 2003. BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da Pesquisa Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2012. DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1981. MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia Servilha. Manual de Metodologia da Pesquisa no Direito. São Paulo: Saraiva 2008. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA REFERÊNCIAS PAMPLONA FILHO, Rodolfo; CERQUEIRA, Nelson. Metodologia da Pesquisa em Direito e a Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2011. VASCONCELOS, Maria José Esteves de. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas: Papirus, 2006. WEBER, Max. Sobre a Teoria das Ciências Sociais. São Paulo: Editora Moraes, 1991. 21/03/2024 Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva - Pós-Graduação em Direito - Unaerp METODOLOGIA DA PESQUISA Slide 1: Metodologia da Pesquisa Slide 2: Metodologia da Pesquisa Slide 3: Aquestão do conhecimento e metodologia Slide 4: A questão do conhecimento e metodologia Slide 5: A questão do conhecimento Slide 6: A questão do conhecimento Slide 7: A questão do conhecimento Slide 8: A questão do conhecimento Slide 9: A questão do conhecimento Conhecer para compreender a realidade Slide 10: A questão do conhecimento Conhecer para compreender a realidade Slide 11: A questão do conhecimento Slide 12: A questão do conhecimento Slide 13: A questão do conhecimento A maiêutica e a dialética Slide 14: GRAUS DO CONHECIMENTO Slide 15: CONHECIMENTO MITOLÓGICO Slide 16: FUNÇÕES DO MITO Slide 17: CONHECIMENTO RELIGIOSO Slide 18: Graus do conhecimento Conhecimento Vulgar Slide 19 Slide 20: Conhecimento científico Slide 21: Conceito de Ciência Slide 22: Ciência: conhecimento racional Slide 23: Ciência: conhecimento metódico Slide 24: Ciência: conhecimento sistemático Slide 25: Ciência: conhecimento verificável Slide 26: Ciência: conhecimento relativo a objetos de uma mesma natureza Slide 27: Critérios internos de cientificidade: Coerência Slide 28: Critérios internos de cientificidade: Consistência Slide 29: Critérios internos de cientificidade: Originalidade Slide 30: Critérios internos de cientificidade: Objetivação. Slide 31: Critérios externos de cientificidade: Intersubjetividade. Slide 32: INTERSUBJETIVIDADE Slide 33: A roda do conhecimento científico Slide 34: Conhecimento filosófico Slide 35: Tipos de conhecimento e suas características Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40: Concepção de pesquisa Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76 Slide 77 Slide 78
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