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MINUTA_DIR ADMINISTRATIVO (1)

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AO JUÍZO DE DIREITO DA 1° VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE 
SÃO LUÍS/MA 
 
Processo n°: xxxxx-xx 
Requerente: Nando Petrônio 
Requerido: Estado do Maranhão 
 
 
 
 
ESTADO DO MARANHÃO, já devidamente qualificado nos autos da ação em 
epígrafe, vem, por intermédio de seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), a 
presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 335 e seguintes do Código de 
Processo Civil, apresentar: 
CONTESTAÇÃO 
 
À ação ordinária, movida por NANDO PETRÔNIO, também devidamente 
qualificado nos autos em epígrafe, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: 
 
 
 
 
 
I. DA SÍNTESE E REALIDADE DOS FATOS 
Na exordial o requerente alega que se deslocou até o posto de saúde do bairro em que 
habita, da rede Municipal, se queixando de fortes dores abdominais. Todavia, ante a 
complicação do caso clínico, se deu transferência imediata através da ambulância Estadual 
para outro hospital da rede, na qual durante o percurso a ambulância ao cruzar o sinal 
vermelho acabou colidindo com um veículo de passeio conduzido por “Doido Da Silva” que 
trafegava apressadamente. Sendo que devido o acidente o requerente teve perda de 30% da 
mobilidade da sua mão esquerda. 
Por conseguinte, o requerente permaneceu hospitalizado por mais 5(cinco) dias devido 
ao ferimento na mão. Sendo o mesmo autônomo, laborando com vendas de frutas e legumes 
em uma feira da cidade, o requerente alega que teve perda de renda diária de R$ 10.000,00 
(dez mil reais) devido sua hospitalização, culminando assim no montante de R$ 50.000,00 
(cinquenta mil reais) referente a danos materiais. Usando como parâmetro dos seus ganhos 
informações coletadas através de WhatsApp compostos por feirantes da região. O requerente 
ainda pleiteia R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em caráter indenizatório por dano moral, por 
ter perdido 30% da mobilidade da sua mão. 
Diante do contexto das alegações do requerente, o requerido afirma que não tem 
responsabilidade pela ocorrência do acidente e nem função de arca com os danos pretendidos 
pelo mesmo, pois a ambulância estava transportando um paciente com urgência médica, assim 
justificando a necessidade de ter avançado o sinal, por ato de força maior que não pode ser 
atribuída ao requerido, além do mais, ainda teve interferência de terceiro que de forma 
imprudente causou o acidente por trafegar apressadamente sem motivo. Viés a ser sustentado 
no contexto de mérito. 
 
II. DAS PRELIMINARES 
a) DA TEMPESTIVIDADE 
Salienta-se que a presente contestação é devidamente tempestiva, pois cumpre rito e 
prazos processuais da demanda. Haja vista, que o prazo para sua apresentação é de 15 
(quinze) dias, contados da citação, nos moldes do artigo 335 do Código de Processo Civil. 
Assim, considerando que a intimação foi realizada em 2 de outubro de 2023, o prazo iniciou-
se em 3 de outubro de 2023 e encerrou-se em 24 de outubro de 2023. Portanto, a presente 
contestação é tempestiva. 
b) DA ILEGITIMIDADE PASSIVA 
No caso dos autos, o autor compareceu a um posto de saúde do Município, localizado 
no seu bairro, alegando está com fortes dores. Diante da complexidade de seu caso foi 
conduzido por uma ambulância do Estado para outro hospital da rede, ocorre que durante o 
trajeto sofreu um acidente de trânsito ocasionado pelo motorista da ambulância que 
ultrapassou o sinal vermelho. Em face disso, o autor ingressou com a presente ação em face 
do Estado do Maranhão objetivando indenização por danos materiais e morais que alega ter 
sofrido. 
Sucede-se que o réu é parte ilegítima para figurar no polo passivo da presente 
demanda, tendo em vista que o autor deu entrada na rede Municipal de saúde, portanto, trata-
se de paciente do Município de São Luís, em vista disso a responsabilidade pela indenização 
por danos materiais e morais sofridos pelo autor é do Ente Municipal. Nesse sentido, dispõe o 
art. 927, do Código Civil Brasileiro: 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida 
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Ademais, em atendimento ao que dispõe o art. 339, do Código de Processo Civil, 
comprovado que o réu nada tem relação com os danos sofridos pelo autor, informa que diante 
da entrada do mesmo na rede Municipal, deverá o Município de São Luís ser 
responsabilizado, conforme alude o art. 37, §6°, da CF/88. 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de 
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa 
 
Pelo exposto, requer o acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva, com fulcro 
no art. 337, XI, do CPC, bem como a extinção do feito sem resolução do mérito, nos termos 
do art. 485, VI, do CPC/2015. 
 
c) DA INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE GRATUIDADE DE 
JUSTIÇA 
Preliminarmente, cumpre destacar que o autor em sede de inicial demonstrou ganhar 
R$10.000,00 (dez mil reais) ao dia, trabalhando como autônomo vendendo frutas e 
legumes em uma movimentada feira da cidade, fato que pode ser comprovado mediante 
prints de conversas obtidos através de um grupo de whatsapp de feirantes da região. 
Destarte, observa-se que o autor declarou ser pobre nos termos da lei apenas para 
auferir os benefícios da gratuidade da justiça. No entanto, conforme demonstrado aqui o 
mesmo se encaixa como hipossuficiente, vez que possui renda diária auferida no valor de 
R$10.000,00 (dez mil reais), afastando assim os requisitos exigidos nos artigos 98 e 
seguintes do CPC/2015. 
Em face disso, verifica-se a gratuidade de justiça foi concedida indevidamente, 
podendo o réu oferecer impugnação, nos termos dos arts. 100 e 337, XIII, ambos do CPC, 
in verbis: 
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na 
contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido 
superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser 
apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem 
suspensão de seu curso. 
 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: 
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. 
 
Desta maneira, objetivando evitar quaisquer abusos ou uso indiscriminado nesta seara, 
requer a revogação do benefício da justiça gratuita concedida a parte autora. 
 
d) DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA 
Trata-se de ação indenizatória por danos materiais e morais, onde o autor requer a 
título de danos o montante de R$100.000,00 (cem mil reais) e atribui ao valor da causa o valor 
de 1.000,00 (mil reais). Ocorre que além de serem valores controversos, o autor carece de 
provas que comprovem a veracidade dos danos que alega ter sofrido, vez que a mera alegação 
de outros feirantes são insuficientes. 
Dessa forma, a legislação pátria dispõe que será incorreta o valor da causa quando não 
representa o valor econômico dos pedidos formulados pelo autor ou quando o valor atribuído 
a causa não tiver observado as regras do art. 292, VI, do Código de Processo Civil, que 
dispõe: 
 
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: 
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos 
valores de todos eles; 
 
Nesse interim, em se tratando de incorreção do valorda valor da causa, é possível que 
o réu apresente questionamentos e roge pela correção do valor da causa, com fulcro nos arts. 
293 e 337, III, ambos do CPC/2015. 
 
III. DO DIREITO 
a) DA AUSÊNCIA DE ILICITUDE NA CONDUTA DO AGENTE 
 Diante dos fatos, por causa da necessidade e urgência apresentada, o transporte 
foi realizado por uma ambulância fornecida pelo estado. No entanto, durante o trajeto, 
enquanto o motorista da ambulância estava prestando socorro à vítima, e teria dentro das 
recomendações ultrapassado o sinal vermelho, ocorreu uma colisão com um veículo de 
passeio que estava sendo conduzido em alta velocidade pelo indivíduo conhecido como 
Doido da Silva. 
Demonstra-se que não houve conduta que justifique a culpa do Estado na situação, 
uma vez que mesmo que o motorista da ambulância estadual tenha ultrapassado o sinal 
vermelho, este não infringiu o que determina o art.29, VII, d, e, do Código de Trânsito 
Brasileiro, já que se tratava de urgência, com todos os meios de avisos sonoros e luminosos 
ativados, e seguindo a velocidade reduzida para tanto. Todavia, em razão da alta 
velocidade do Doido da Silva, não teve o motorista da ambulância meios para evitar o 
acidente. 
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às 
seguintes normas: 
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de 
fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade no trânsito, 
gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência, 
de policiamento ostensivo ou de preservação da ordem pública, observadas as 
seguintes disposições: 
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com velocidade 
reduzida e com os devidos cuidados de segurança, obedecidas as demais normas 
deste Código; 
e) as prerrogativas de livre circulação e de parada serão aplicadas somente quando 
os veículos estiverem identificados por dispositivos regulamentares de alarme 
sonoro e iluminação intermitente; 
 
 Além disso, vejamos o que dispõe a Resolução nº 268/2008 do Conselho 
Nacional de Trânsito (CONTRAN), sobre a prestação de serviço de urgência: 
Art. 1º Somente os veículos mencionados no inciso VII do art. 29 do Código de 
Trânsito Brasileiro poderão utilizar luz vermelha intermitente e dispositivo de 
alarme sonoro. 
§ 2º Entende-se por prestação de serviço de urgência os deslocamentos realizados 
pelos veículos de emergência, em circunstâncias que necessitem de brevidade para o 
atendimento, sem a qual haverá grande prejuízo à incolumidade pública. (grifo 
nosso) 
 Neste sentido, vejamos o entendimento jurisprudencial: 
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO REGRESSIVA DE RESSARCIMENTO DE 
ACIDENTE DE TRÂNSITO – SENTENÇA IMPROCEDÊNCIA. Acidente de 
Trânsito – Colisão entre veículo segurado e ambulância – Responsabilidade objetiva 
da administração pública – Excludente de responsabilidade evidenciado – Culpa 
exclusiva da vítima – Situação de emergência - Ambulância que trafegava em 
atenção ao artigo 29, VII do Código de Trânsito Brasileiro – Condutor do veículo 
segurado que não agiu com cautela ao ouvir o alarme sonoro (sirene) – Sentença 
mantida. RECURSO NÃO PROVIDO (TJ-PR 00148354720218160030 Foz do 
Iguaçu, Relator: Octavio Campos Fischer, Data de Julgamento: 22/05/2023, 3ª 
Câmara Cível, Data de Publicação: 23/05/2023). 
Ademais, não houve nexo causal entre a conduta do agente publico e o resultado 
danoso, não havendo assim, motivos para a condenação do Estado, em decorrência 
de evidente culpa do motorista do carro de passeio, por não ter aguardado a 
ambulância passar pelo local, além de está dirigindo em alta velocidade mesmo com 
todos os meios sonoros e de iluminação da ambulância ativados, suficientes para 
demonstrar o caráter de urgência no transporte da vítima. 
 Neste viés, oportuno é o entendimento: 
EMENTA: APELAÇÃO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - ACIDENTE CAUSADO 
POR CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO - NEXO CAUSAL AFASTADO - 
INDENIZAÇÃO INDEVIDA. Demonstrada a culpa exclusiva de terceiro pelo 
evento danoso, rompe-se o nexo de causalidade, afastando, por conseguinte, o dever 
de indenizar. (TJ-MG - AC: 10024061508693002 MG, Relator: Maurílio Gabriel, 
Data de Julgamento: 19/09/2019, Data de Publicação: 25/09/2019) 
Ante o exposto, verifica-se que os transtornos causados em decorrência do acidente, 
por mais que comprovados, não cabem ao Estado realizar a reparação, por não está 
comprovado o nexo de causalidade, já que não restam dúvidas de que a prestação de 
socorro foi realizada em conformidade com a lei, e que o caso fortuito não foi ocasionado 
pelo motorista, consequentemente, incabível a aplicação do art.; 37, §6 da CRFB/88. 
b) DA DENÚNCIAÇÃO DA LIDE 
Por conseguinte, é evidente que o acidente foi ocasionado pelo Doido da Silva que 
desrespeitou o direito de preferência da ambulância estadual, trazendo ao autor ao realizar a 
colisão em alta velocidade, não respeitando alarme sonoro e iluminação intermitente da 
ambulância. 
Conforme exposto, o art. 125 do CPC dispõe que é “É admissível a denunciação da lide, 
promovida por qualquer das partes:”, deste modo, faz-se necessário o chamamento do Doido 
da Silva para ocupar o polo passivo da presente ação, atendendo o previsto no art. 339 do 
CPC. 
c) DO DANO MATERIAL 
O autor alega que em virtude do acidente ocorrido, ele passou mais de 5 dias 
hospitalizado por conta da sua mão que foi machucada vindo a perder 30% dos 
movimentos, no qual por ser autônomo teve R$ 10.000,00 (dez mil reais) de prejuízo ao 
dia, totalizando R$ 50.000,00 (cinco mil reais) de danos materiais. 
Ocorre que tal alegação não merece prosperar, haja vista que a indenização dos danos 
materiais, previsto no artigo 402 do Código Civil decorre de ato ilícito que retirou da 
vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor, no qual não ocorreu, visto que 
o condutor da ambulância não agiu com imprudência, não estando inserido no contexto da 
previsão legal dos artigos 186 e 927 do Código Civil. 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos 
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que 
razoavelmente deixou de lucrar. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
 
Vale ressaltar que, o estabelecimento de indenização por lucros cessantes exige 
comprovação objetiva de que os lucros seriam realizados pelo autor, conforme artigo 373, 
inciso I do CPC, portanto, os prints anexados referente a um grupo de WhatsApp de 
feirantes da região, não merecem ser aceitos, visto que se trata de meras conjecturas e sem 
fundamentação concreta. 
 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - Ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
 
Nesse sentido, vejamos o entendimento jurisprudencial de caso semelhante: 
 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - DANOS MATERIAIS - 
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - DANOS MORAIS - NÃO CONFIGURAÇÃO. 
Nos termos do art. 373, I, do CPC, incumbe ao autor provar os fatos constitutivos do 
seu direito. Os danos materiais exigem sólida e precisa comprovação, ou seja, devem 
ser cabalmente demonstrados, não admitindo presunção e nem estimativa do prejuízo 
vivenciado, na medida em que a reparação respectiva deverá se dar exatamente no 
montante da perda financeira experimentada pela vítima. Logo, ausente a prova do 
prejuízo, não há que se falar em danos materiais. O fato de o apelado ter colocado 
cadeado no portão do imóvel do apelante, obrigando-o a quebrar o referido cadeado, 
não configura danos morais passíveis de indenização. 
(TJ-MG - AC: 10000212554786001MG, Relator: Sérgio André da Fonseca Xavier, 
Data de Julgamento: 08/03/2022, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de 
Publicação: 09/03/2022) 
 
Diante do exposto, é cristalino que o autor não tem direito aos danos materiais, visto 
que a conduta do condutor não foi ilícita conforme previsto no artigo 402 do Código Civil, 
bem como o autor não apresentou comprovação objetiva de seus ganhos, no qual requere- 
se que seja considerado improcedente o pedido de danos materiais no valor de R$ 
50.000,000 (cinquenta mil reais). 
 
d) DOS DANOS MORAIS 
 
Conforme narrado na inicial, o autor alega que sofreu danos de ordem moral por ter 
perdido 30% dos movimentos da mão esquerda, devendo ser pago ao menos mais de R$ 
50.000,00(cinquenta mil reais) a título de danos morais. 
Ocorre que preliminarmente, não cabe falar em danos morais conforme previsto no 
artigo 186 do Código Civil, tão pouco em dever de indenizar, direcionados ao requerido, 
haja vista que conforme supracitado acima, a responsabilidade civil pelos danos sofridos 
pelo autor não pertence ao condutor da ambulância. 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito. 
 
Nesse sentido vejamos o entendimento jurisprudencial de caso semelhante: 
 
RECURSO – APELAÇÃO – ACIDENTE DE TRÂNSITO – 
RESPONSABILIDADE CIVIL – PREFERÊNCIA DE PASSAGEM – 
REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS – AÇÃO DE COBRANÇA. 
Ação de reparação de danos estéticos/morais, fundada em acidente de trânsito. 
Colisão entre ambulância e motocicleta (na qual estava a autora como garupa) 
ocorrida em cruzamento existente em via urbana, no município de Piracicaba/SP. 
Dinâmica do acidente extensamente analisada em outros autos por esta Câmara 
Julgadora (recurso de apelação nº 1023257-86.2016.8.26.0451), julgado em 12 de 
novembro de 2020 (processo de reparação de danos movido pelo condutor da 
motocicleta contra a proprietária da ambulância, fundado no mesmo acidente). 1) 
Hipótese na qual o veículo de socorro se encontrava atendendo procedimento de 
emergência, com os sinais sonoros e luminosos ligados no momento da colisão. 
Ausência, outrossim, de manobra imprudente realizada pelo condutor da 
ambulância, que se encontrava em reduzida velocidade, embora o semafórico lhe 
estivesse desfavorável (sinal vermelho). Autor que não observou a preferência de 
passagem da ambulância. Negligência que enseja a procedência do pedido. 2) Os 
veículos destinados a socorro de salvamento, dentre os quais se encontra aqueles que 
prestam deslocamento médico-hospitalar (ambulâncias), além de prioridade do 
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de 
urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme 
sonoro e iluminação vermelha intermitente. Exegese do artigo 29, inciso VII, do 
Código Brasileiro de Trânsito (Lei nº 9.503/97. Ação julgada parcialmente 
procedente. Sentença reformada. Recurso da demandada provido para julgar a ação 
improcedente, adequada a distribuição sucumbencial. 
(TJ-SP - AC: 10005878320188260451 SP 1000587-83.2018.8.26.0451, Relator: 
Marcondes D'Angelo, Data de Julgamento: 25/03/2021, 25ª Câmara de Direito 
Privado, Data de Publicação: 25/03/2021) 
 
Isto posto, a mera alegação de que teria sido vítima de suposto dano moral não é 
suficiente por si só, em razão da qual require-se que não seja configurado dano moral no 
valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
 
IV. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer-se: 
 
a) Acolhimento da presente contestação, que após citação, apresentada dentro do prazo 
de 15 dias, conforme artigo 335, inciso I do CPC; 
b) Requer o acolhimento da Preliminar de ilegitimidade passiva, observando que o 
Estado do Maranhão não se configura como o réu pelos danos morais causados, afastando 
assim sua condenação pelo ato; 
c) A revogação ao benefício de justiça gratuita pedida pelo autor, observando que o 
contestado não se encaixa como hipossuficiente, com renda mensal auferida em valor de 
R$ 10.000,00 (dez mil reais), afastando assim os requisitos exigidos nos artigos 98 e 
seguintes do CPC/2015; 
d) Que seja julgado improcedente a presente lide pleiteada pelo autor, alegando o 
pagamento do valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) pelos danos morais e materiais e 
caso este juízo defira o pedido no quantum solicitados pela parte autora, requer-se que seja 
atribuído o mínimo possível em razão da vedação ao enriquecimento ilícito, conforme 
disposto no artigo 884 do Código Civil; 
e) Na remota hipótese do não acolhimento da ilegitimidade por Vossa Excelência, 
realizar o chamamento ao processo DOIDO DA SILVA, , responsável pelos danos gerados 
ao Requerido, conforme caput do art. 339 do CPC; 
f) Reque-se a produção das provas admitidas em direito: da prova testemunhal, da 
prova documental, da prova pericial para esclarecimento acerca dos fatos; 
g) Intimação do Ministério Público, para atuar como fiscal da lei; 
h) Ônus de sucumbência nos valores mínimo de 20% (vinte por cento) do 
aproveitamento econômico obtido pela parte vencedora, conforme artigo 85, §2 do Código 
de Processo Civil. 
 
Dá-se o valor da causa de R$ (...) 
 
Nestes Termos, 
Pede Deferimento 
 
Advogado 
OAB nº .../UF

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