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Terapeuticas II - Aula 6 2 - ATB Inibidores da sintese de parede celular

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1 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES TERAPÊUTICAS II P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL 
 
 
INTRODUÇÃO 
• Os inibidores da síntese de parede celular apresentam eficácia máxima quando 
os microrganismos estão se proliferando – têm pouco ou nenhum efeito em 
bactérias que não estejam crescendo e se dividindo. 
• Os membros mais importantes são os β-lactâmicos (que possuem o anel β-
lactâmico, essencial = penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos, 
monobactâmicos), vancomicina e daptomicina. 
 Os monobactâmicos não possuem um segundo anel ligado ao anel 
betalactâmico = isso torna a molécula mais estável, diferente de outros 
betalactâmicos que possuem 2 anéis e são instáveis. 
 Os carbapenêmicos possuem um carbono ligado ao anel betalactâmico, o 
tornando também mais estável. 
• QUAL A ESTRATÉGIA DE SELETIVIDADE DE ALVO TERAPÊUTICO 
DESSE GRUPO? Os antibióticos irão agir na parede celular de peptidoglicanos 
presente nas bactérias, ausentes nas células eucarióticas. 
• MECANISMO DE AÇÃO: a parede celular é formada por peptidoglicanos e 
possui formato em três dimensões. Os betalactâmicos se ligam aos PLPs, 
impedindo a formação dessa parede (transpeptidação), que a torna instável e 
promove seu rompimento. 
BETA-LACTÂMICOS 
• Apresentam o anel betalactâmico como característica. 
• São bactericidas para microrganismos Gram + e Gram –. 
• Se a bactéria produzir a enzima betalactamase, irá inativar a droga. 
MECANISMO DE AÇÃO 
• Inibição da síntese da parede celular. 
• Para entender o mecanismo, precisa saber como que funciona a produção da parede celular pela bactéria: 
 1. Produção dos principais compostos da parede no citoplasma bacteriano. 
 2. Passagem dessas substâncias por meio da membrana plasmática. 
 3. Formação da malha de peptidoglicano através da reação de transpeptidação (ligações de peptidoglicanos), realizada 
pela enzima transpeptidase. 
▪ Para essa reação ocorrer é necessária que haja a presença da proteína ligante de penicilina (PLP) para catalisar a 
reação. 
 
 
 
 A PLP apresenta um sítio de ligação para os betalactâmicos 
Antibioticoterapia 2: Inibidores de Síntese de Parede Celular 
APLICAÇÃO CLÍNICA 
Em uma infecção de difícil resolução com uso de 
penicilinas ou cefalosporinas pode-se trocar o 
fármaco por outro da mesma classe 
(betalactâmicos). Com o conhecimento químico 
da droga, pode trocar por um fármaco que 
possua mais estabilidade (monobactâmicos ou 
carbapenêmicos). 
A causa da resistência deve ser devido a 
destruição das moléculas do antibiótico. Para 
isso, deve conhecer a bactéria causadora da 
infecção, pois algumas produzem as 
betalactamases que destroem os anéis 
betalactâmicos, inativando os fármacos. Nesse 
caso, a droga de escolha tem que ser um 
fármaco resistente às betalactamases. 
ATB entra na bactéria por 
meio das aquaporinas 
O ATB cruza a malha de 
peptidoglicanos e se liga 
à proteína ligante de 
penicilina (PLP) 
Com a ligação, o ATB 
inativa a PLP 
Inibição da 
transpeptidação, 
interferindo na produção 
da parede 
Lise celular 
Tratam: Infecções de vias aéreas superiores e 
inferiores, otites e infecções de pele. 
Principalmente infecções de gram positivos, 
mas também negativos (casos específicos). 
É o mesmo para todos os grupos de betalactâmicos 
 2 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES TERAPÊUTICAS II P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL 
• Além disso, os betalactâmicos inibem o fator de inativação de enzimas autolíticas bacterianas → resultando em uma ativação 
indiscriminada das mesmas, fazendo com que haja uma destruição das organelas que compõem a célula bacteriana. 
 
• Como que se garante que o antibiótico vai atuar na bactéria e não na célula humana? / Qual a estratégia de seletividade de 
alvo terapêutico. 
• Bacteriostático ou bactericida? 
 
ASSOCIAÇÃO DE BETA LACTÂMICOS + INIBIDORES DE BETALACTAMASE 
• Essa associação é feita para obter maior eficácia do fármaco, impedindo que ele seja degradado pelas betalactamases 
produzidas pelas bactérias. 
• A associação aumenta o espectro do fármaco. 
• Não se deve fazer essa associação em todos os casos, não é uma regra. O uso dos antibióticos associados com frequência pode 
induzir uma resistência a esse fármaco. 
 Além disso, a droga associada é mais cara. 
• Em casos do antibiótico poder ser usado sozinho, deve-se optar 
por isso. 
Ex: caso um paciente tenha sido tratado com amoxicilina e teve uma 
infecção recorrente, opta-se por utilizar amoxicilina + clavulanato 
nessa segunda infecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*Staphylococcus aureus coloniza normalmente a pele. Se houver 
alguma falha na barreira de proteção, ele pode infiltrar-se e 
provocar infecção. 
Local de infecção Bactérias + comuns 
Pele Staphylococcus aureus 
Staphylococcus eppidermidis 
Boca Streptococcus 
Staphylococcus 
TGI E. coli 
Vagina Lactobacilos 
Há microrganismos que produzem a enzima Betalactamase como forma mecanismo de resistência contra os antibióticos 
Betalactâmicos. Dessa forma, os antibióticos dessa classe devem ser associados a Inibidores da Betalactamase (se ligam de 
forma irreversível à enzima betalactamase e impede sua ação) para que os antibióticos betalactâmicos tenham uma ação mais 
eficaz e não sejam destruídos pelas bactérias. 
Inibidores da Betalactamase: Clavulanato, Sulbactam, Tazobactam. 
Bactérias resistentes 
• Staphylococcus aureus → produtora de 
betalactamases e gram + 
• Streptococcus pneumoniae → possui PLP alterada 
(resistente às penicilinas). 
• Pseudomonas → possuem muitos mecanismos de 
resistência, geram infecções mais graves = deve-se 
associar ATBs com mecanismos de ação diferentes. 
Principais bactérias Gram + e o que causam 
• Staphylococcus áureos → infecções de pele. 
• Streptococcus pneumoniae → pneumonia 
• Streptococcus pyogenes → faringite, amigdalite 
Principais bactérias Gram – e o que causam 
• Neisseria gonorrheae → gonorreia 
• Neisseria meningitidis → meningite 
• E. coli → infecção intestinal, ITU 
• Pseudomonas aeruginosa → infecções intestinais e 
de pele 
• Haemophilus influenzae → infecções respiratórias 
Principais bactérias anaeróbias 
A infecção por bactérias anaeróbicas ocorre em locais 
que geralmente não há oxigênio (não há abertura para o 
meio externo). 
• Abcesso, pneumonia por broncoaspiração 
• Nesses casos, deve-se usar um ATB que apresente 
um espectro para bactérias anaeróbias 
 3 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES TERAPÊUTICAS II P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL 
Normalmente as infecções respiratórias e de pele são por Gram + 
Normalmente as infecções do TGI e urinárias são por Gram – 
• Você escolhe o fármaco de escolha empiricamente baseado nos agentes mais comuns. 
• É importante lembrar que, apesar de ser mais comum uma bactéria em determinada área, você não pode excluir a possibilidade 
da causa ser diferente. Dessa forma, cabe a você escolher se quer um ATB que cubra todas as possibilidades ou se será um ATB 
seletivo para o que é mais comum. 
• Não se deve passar um ATB que cubra tudo sempre, pois isso pode induzir uma resistência bacteriana. 
• O ideal é passar um ATB para o mais provável, caso ele não resolva 100% a condição do paciente, deve administrar um de maior 
espectro. 
PENICILINAS 
• Fármacos mais amplamente eficazes e menos tóxicos conhecidos, porém o 
aumento da resistência limitou seu uso. 
• Possui o anel betalactâmico. 
• Inibe a síntese de parede celular em bactérias gram + e gram –. 
• Possui um grande espectro para bactérias gram +, mas cobre algumas gram 
– e anaeróbias. 
• Não pegam Staphylococcus, normalmente pegam Streptococcus. 
• Não são eficazes contra organismos que não possuem parede celular 
(micobactérias, fungos, vírus e protozoários). 
MECANISMOS DE AÇÃO 
• Interferem na síntese da parede bacteriana (transpeptidação), resultando em exposição da membrana osmoticamente menos 
estável. 
 Ocorrelise celular, seja pela pressão osmótica, seja pela ativação das autolisinas. 
• Bactericida e atuam de modo tempo-dependente. 
 São eficazes somente contra microrganismos em crescimento rápido, que sintetizam a parede celular de peptidoglicano. 
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA 
• A resistência antibiótica ocorre quando a bactéria adquire genes que permitem a interferência no mecanismo de ação do 
antibiótico por mutação espontânea de DNA ou por transformação e transferência de plasmídeos. 
• Os principais mecanismos de resistência são: 
 Produção de betalactamase: enzima capaz de inativar a ligação da bactéria com o antibiótico através da hidrólise de seu 
anel principal → principal mecanismo de resistência dos gram negativos. 
 PBP (proteínas ligadoras de penicilina) com baixa afinidade pelo antibiótico devido a uma ligação fraca a esta proteína. 
 Canais proteicos que dificultam/impedem passagem do antibiótico. 
▪ A penicilina G e a oxacilina são ineficazes contra a maioria dos gram negativos justamente por não conseguirem 
atravessar as porinas da membrana externa, o que não acontece com as aminopenicilinas (ampicilina, amoxicilina) e 
outras penicilinas de nova geração. 
Alterações da PBP Produção de betalactamase 
Pneumococos 
Neisserias 
Estáfilos MRSA (staphylococcus 
resistentes à meticilina) 
Enterococos 
Enterobactérias 
Hemófilos 
Alguns anaeróbios 
Estáfilos MSSA (staphylococcus 
sensíveis à meticilina) 
 
Penicilina G: cristalina, benzatina, procaína. 
Penicilina V: fenoximetil-penicilina. 
Aminopenicilinas: amoxicilina, ampicilina. 
Anti-staphylococcus: oxacilina. 
Anti-pseudomonas: Piperacilina. 
Sempre que uma bactéria for 
resistente PBP relacionado, não faz 
sentido adicionar um inibidor de 
lactamase, porque o mecanismo de 
resistência não é o mesmo. 
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TIPOS DE PENICILINA E ESPECTRO DE AÇÃO 
TIPO CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES CLÍNICAS 
Penicilina G 
• Única de origem natural. 
• Maioria dos gram – possuem resistência à penicilina G, pois não conseguem atravessar as porinas. 
• É instável em meio ácido – não deve ser utilizada VO, apenas IM e EV. 
• Primeira linha no tratamento da sífilis e gonorreia. 
• Não precisa passar ATB para continuar tratamento em casa. 
• Todas possuem mesmo espectro e mesmo mecanismo de ação, diferem entre si apenas na via. 
Penicilina G Cristalina 
• Benzil penicilina sódica 
cristalina 
• Via EV. 
• Tempo de meia vida ~4h 
• Infecções de cunho mais 
agudo: erisipela, 
pneumonia, meningite, 
sífilis, sepse, endocardite 
bacteriana e infecções da 
pele e tecidos moles. 
Penicilina G Procaína 
• Via IM de 12/12h (por 
isso não é muito usada, 
tem opções melhores). 
• Semelhante à cristalina. 
• Principais usos: 
pneumonia 
pneumocócica (somente 
cepas sensíveis), sífilis, 
faringite e celulite 
estreptocócica. 
Penicilina G Benzatina – Benzetacil 
• Via IM. 
• Tempo de meia vida ~20 dias – dose 
única. Fica depositada no músculo e 
é liberada na corrente sanguínea 
aos poucos. 
• Tratamento da faringite, do impetigo 
estreptocócico e sífilis (droga de 
escolha), e profilaxias primária e 
secundária de febre reumática. 
• Não penetra em SNC – não usar em 
neurossífilis. 
Penicilina V 
• Fenoximetil-penicilina – Meraciclina 
• Sintética 
• VO – estável em meio ácido. 
• Usada principalmente em IVAS (infecção das 
vias aéreas superiores) – amigdalite, 
pneumonia leve a moderada. 
• Não pega Staphylococcus aureus. 
• NÃO SE USA POIS TEM MUITA RESISTÊNCIA. 
Indicações: 
• Sífilis. 
• Gonorreia. 
• Streptococcus – pneumonia, trato respiratório 
alto (normalmente, mas pode pegar baixo 
também), amigdalite. 
OBS: infecções de pele por BOLHAS – Staphylo e 
por CROSTA – Strepto 
Aminopenicilinas 
Ampicilina e Amoxicilina 
• São mais eficazes contra Gram – pois, ao 
contrário da penicilina G e V, conseguem 
atravessar as porinas. 
• Cruza a BHE inflamada. 
• Mantém a eficácia contra os Gram +, mas não 
superior à penicilina G. 
• Não pega pseudomonas. 
• Droga de escolha para neonatos. 
• Ampicilina – absorção pelo TGI imprevisível 
(IV). 
• Amoxicilina – biodisponibilidade de 100% por 
VO. 
Evitar administrar Ampicilina como dose única em 
casos de prescrição de emergência (a dose dura 
8h), se utilizar deve-se passar para casa para 
continuidade ao tratamento. 
É por isso que se usa Amoxicilina em infecções 
respiratórias (por ter uma cobertura um pouco 
maior que a penicilina). É o principal ATB utilizado 
para infecções da cavidade bucal e via aérea 
superior. 
A amoxicilina é usada quando se passa uma 
prescrição para uso em casa. Caso queira uma dose 
única, utilizar a penicilina benzatina. 
Pega estreptococos, enterococos, listeria, neisseria 
(meningococo), hemófilos. 
Anti-estafilocócica 
Oxacilina e Meticilina 
• Tem capacidade de resistir à ação da penicilinase produzida pelo Staphylococcus Aureus (que as outras 
penicilinas não cobrem). 
• Espectro quase nulo para gram –. 
• Pega MSSA (sensível a meticilina). 
OBS: devido a sua nefrotoxicidade, a meticilina não é usada clinicamente, apenas em testes laboratoriais 
para identificar MRSA (muito resistentes). 
Anti-pseudomonas 
Piperacilina e Ticarcilina 
• Inclui apenas as bactérias gram – em seu espectro (proteus, enterobacter e pseudomonas) 
• Via EV. 
• Foco maior em pseudomonas (muito resistentes), bactérias presentes em ambientes hospitalares. 
• Principais usos: pneumonias, infecções pós-queimaduras e do trato urinário. 
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PENICILINAS COM INIBIDORES DE BETALACTAMASE 
• Amoxicilina-Clavulanato (Clavulin®), Piperacilina-Tazobactam (Tazocin®), Ampicilina-
Sulbactam. 
• Via de administração: VO e EV. 
• Vantagem: ampliar o espectro de ação contra Gram positivo e negativo, pega os germes 
resistentes que tem mecanismo de resistência via produção de betalactamase (desde que 
não seja o grupo que tem produção de super betalactamase). 
• Cobertura: hemófilos, anaeróbios, MSSA, pseudomonas (comunitárias) e enterobactérias. 
• Aplicação prática: 
 Amoxi-Clavul → sinusite crônica, IVAS (pediatria), pé diabético infectado, 
mordedura de animais etc. 
 Ampi-Sulbactam → igual a amoxi-clav + parenteral + cobertura para Acinetobacter. 
 Piperacilina-Tazobactam → infecções intra-abdominais por Gram negativo resistentes (pseudomonas e enterobactérias). 
• Penicilina G: Gram + (menos staphylo); gram – (apenas cocos) anaeróbica. 
• Penicilina V: Gram + (menos staphylo); gram – (apenas cocos) anaeróbica. 
A diferença entre as duas é apenas a via de administração! 
• Aminopenicilinas: naturais + gram – bacilos (menos pseudomonas). 
• Anti-staphylococcus: MSSA (sensíveis) 
• Anti-pseudomonas: Gram – (foco maior em pseudomonas) 
PENICILINA G 
MSSA: cefalosporinas 1ª ger. 
MSSA produtores de betalactamase: 
oxacilina OU amox/clav. 
MRSA: vancomicina. 
VRSA: linezolida. 
OBS: se é sensível/resistente à 
meticilina, pode-se interpretar que 
também é sensível/resistente à 
oxacilina. 
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FARMACOCINÉTICA 
• ADMINISTRAÇÃO: é determinada pela estabilidade do fármaco ao suco gástrico e pela gravidade da infecção. 
 Ampicilina-sulbactam, ticarcilina com ácido clavulânico, Piperacilina com tazobactam e penicilinas antiestafilocócicas 
nafcilina e oxacilina → IV ou IM. 
 Fenoximetilpenicilina, amoxicilina e dicloxacilina → VO. 
 Outros fármacos são eficazes por via oral, IV ou IM. 
 Benzilpenicilina procaína e Benzilpenicilina benzatina são administrados via IM e servem como formas de depósito, são 
absorvidos lentamente para a circulação e persistem em níveis baixos durante longo tempo. 
• ABSORÇÃO: a maioria das penicilinas é incompletamente absorvida após administraçãooral e alcança o intestino em 
quantidade suficiente para afetar a composição da flora intestinal. O alimento diminui a absorção de todas as penicilinas 
penicilinase-resistentes, porque, como o tempo de esvaziamento gástrico aumenta, o antimicrobiano é destruído no meio ácido 
do estômago. Por isso, elas devem ser ingeridas em jejum. 
• DISTRIBUIÇÃO: todas as penicilinas atravessam a barreira placentária, mas nenhuma mostrou efeito teratogênico. Contudo, 
a penetração nos ossos ou no líquido cerebrospinal (LCS) é insuficiente para o tratamento, a menos que esses locais estejam 
inflamados. 
• BIOTRANSFORMAÇÃO: O metabolismo dos β-lactâmicos pelo hospedeiro, em geral, é insignificante, mas alguma 
biotransformação da benzilpenicilina pode ocorrer em pacientes com função renal insuficiente. 
• EXCREÇÃO: A via primária de excreção é pelo sistema secretor de ácido orgânico no túbulo renal, bem como por filtração 
glomerular. Nafcilina e oxacilina são exceções à regra. Elas são biotransformadas primariamente pelo fígado e não requerem 
ajuste de dose na insuficiência renal. As penicilinas também são excretadas no leite. 
EFEITOS ADVERSOS 
• Hipersensibilidade (varia de urticária a choque anafilático). 
• Diarreia (causada pela ruptura no equilíbrio normal dos microrganismos intestinais – principalmente fármacos de amplo 
espectro. 
• Toxicidade renal (nefrite intersticial alérgica – oxacilina). 
• Neurotoxicidade (em pacientes com insuficiência renal prévia pode ocorrer acúmulo e resultar em convulsões e problemas 
musculares) / as penicilinas são irritantes ao tecido nervoso e podem provocar convulsões se administradas intratecalmente. 
• Toxicidade hematológica – diminuição da coagulação (trombocitopenia, anemia hemolítica). 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
• Probenecida → agente uricosúrico (inibe a excreção renal de penicilina, prolongando seu efeito). 
• Anticoncepcionais → as penicilinas diminuem sua eficácia. 
• Carbenicilina → podem inativar a gentamicina ou tobramicina, se forem administradas em conjunto. 
CEFALOSPORINAS 
• Comparadas às penicilinas, as cefas possuem meia-vida mais curta e 
se apresentam como drogas mais seguras, de forma que, em caso de 
reações alérgicas não grave à penicilina, está autorizada a utilização 
de cefalosporinas como substituta. 
• Possuem mesmo mecanismo de ação e de resistência que as 
penicilinas, mas tendem a ser mais resistentes a certas 
betalactamases. 
• Amplo espectro de ação, cobrindo bactérias gram positivo, gram 
negativo, aeróbias e anaeróbias. 
• Abrangem desde infecções localizadas até condições mais graves e atuam como bactericida. 
1ª geração: cefalexina, cefadroxina, cefazolina e 
cefalotina. 
2ª geração: cefuroxima, cefaclor e cefoxitina. 
3ª geração: ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima. 
4ª geração: cefepime. 
5ª geração: ceftarolina e ceftobiprole. 
Outras cefalosporinas: cefiderocol. 
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CLASSIFICAÇÃO 
• São classificadas de acordo com as gerações em 1ª, 2ª, 3ª 4ª e avançada, com base principalmente no padrão de suscetibilidade 
bacteriana e resistência às betalactamases. 
• As cefalosporinas disponíveis comercialmente são ineficazes contra MRSA, L. monocytogenes, C. difficile e os enterococos. 
GERAÇÃO CARACTERÍSTICAS GRAM 
1ª 
Geração 
• Cefalexina, cefadroxina, cefazolina e cefalotina. 
• Espectro bastante limitado, abrangendo apenas Streptococcus e Staphylococcus comunitários. 
• Foco maior em gram + (incluindo staphylo), gram – (hemófilos, e. coli). 
• Único via oral (cefalexina). 
• A cefazolina possui ação contra staphylo produtores de penicilinases. 
• Aplicação clínica: infecções cutâneas (1ª escolha), de partes moles, ósseas e de articulações. 
Bastante utilizado para faringites estreptocócicas e profilaxia cirúrgica. 
• Não são ATB de escolha em infecções graves e em infecções do SNC (não atravessam a BHE). 
+ + + + - 
2ª 
Geração 
• Cefuroxima, cefaclor e cefoxitina. 
• Possuem boa penetração no SNC e espectro de ação mais amplo. 
• Cobre anaeróbios e alguns bacilos Gram negativos, como enterobactérias (comunitárias) e 
hemófilos, mas perdem o espectro de ação contra Staphylococcus e Streptococcus quando 
comparadas à primeira geração. 
• Praticamente não são utilizadas – sempre terá uma opção melhor. 
+ + + - - 
3ª 
Geração 
• Ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima. 
• Geração mais conhecida e utilizada, com excelente penetração no SNC e em líquidos teciduais. 
• Foco maior em gram – (incluindo pseudomonas, exceto ceftriaxona), alguns gram +. 
• Espectro inclui Neisserias, Streptococcus (sensíveis e resistentes), pseudomonas, Haemophilus 
influenzae, além de alta atividade contra Enterobacteriaceae (E. coli, Proteus mirabilis, P. indol-
positiva, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Citrobacter). 
• Boa ação anti-pseudomonas → ceftazidima; Fraca atividade contra pseudomonas → ceftriaxona 
e cefotaxima. 
• A ceftriaxona é comumente utilizada para a meningite meningocócica e gonorreia. É efetiva contra 
infecções por Streptococcus resistentes e enterobactérias (E coli, Klebisiella, Shigella, Salmonella) 
+ + - - - 
4ª 
Geração 
• Cefapime. 
• Boa penetração no SNC e costuma ser usado contra germes intra-hospitalares (mais graves). 
• Cobre Streptococcus (sensíveis e resistentes), MSSA até Haemophilus, pseudomonas, neisserias 
e enterobactérias (incluindo o grupo PESC – Providencia, Proteus, Enterobacter, Serratia e 
Citrobacter). 
• De modo geral, o espectro de ação da 4ª geração é a união da primeira e terceira gerações (1+3=4). 
• Aplicação clínica: infecções hospitalares (pneumonias nosocomiais), infeclões por MSSA 
(comunitário) e por enterobactérias mais resistentes, neutropenia febril. 
• Pode causar convulsões (daí usa-se piperaciclina-tazobactam – tazocin®) 
+ + - - - - - 
5ª 
Geração 
• Ceftarolina (única disponível no Brasil), custo bastante alto. 
• Espectro semelhante a ceftriaxona, porém com atividade melhor contra gram +. 
• Vantagem: ampliar espectro de ação, cobrindo MRSA e enterococos (grande “calcanhar de aquiles” das 
cefalosporinas) 
• Desvantagem: não possui ação relevante contra alguns anaeróbios. 
• Não possui ação anti-pseudomonas. 
• Tratamento de infecções complicadas de pele e PAC 
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FARMACOCINÉTICA 
• Possui baixa absorção VO, então utiliza IM ou IV. 
• A maioria das cefalosporinas, por possuírem meia-vida curta (no máximo 1h), devem ser administradas a cada 4 horas no 
tratamento de infecções sistêmicas graves. 
 Cefazolina e ceftriaxona fogem a regra: são administradas a cada 8 e 24 horas, respectivamente. 
• Devem ter sua dose ajustada em caso de insuficiência renal (exceto a ceftriaxona – excreção biliar). 
• A primeira e segunda gerações (exceto cefuroxima) não atravessam a BHE, não sendo indicados para infecções no SNC. 
São drogas seguras, não há contraindicação na gravidez. 
Seu uso não é indicado durante o aleitamento, pois ela passa para o leite e pode alterar a microbiota do lactente. 
EFEITOS ADVERSOS 
• Reações de hipersensibilidade 1 a 3% – urticária e anafilaxia são raras. 
• Diarreia por Clostridium difficile (colite pseudomembranosa), tromboflebite, trombocitopenia e leucopenia – bem menos provável 
que hipersensibilidade. 
• A ceftriaxona deve ser evitada em neonatos (<29 dias), se estiverem recebendo produtos contendo cálcio intravenoso (Ringer ou 
nutrição parenteral) – reações fatais devido a precipitados de cálcio-ceftriaxona nos pulmões e rins. 
Etiologia 1ª geração 2ª geração 3ª geração 4ª geração 5ª geração Cefiderocol 
Streptococcus 
Staphylococcus 
Anaeróbios 
Enterobactérias 
Haemophilus 
Neisserias 
Pseudomonas 
Enterococos 
Bactérias gram 
negativas 
multirresistentes 
 
Quando decidir usar uma cefalosporinade 3ª ou 4ª geração? Nesse caso, o de 4ª geração é preferível em quadros de maior risco, 
mais criticos, em que haja uma maior probabilidade dele ser degradado, pois são mais estáveis. 
Por que não usa direto sempre a 4ª geração? Porque normalmente se inicia o tratamento com os fármacos mais simples, para 
não gastar as mais complexos e evitar resistência. 
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CARBAPENÊMICOS 
• Imipenem, meropenem, doripenem e ertapetem. 
• Espectro mais amplo de todos os antibióticos betalactâmicos: todos os gram positivo, gram negativo, anaeróbios e atípicos. 
• Resistente à maioria das betalactamases. 
• Usado em infecções complexas. 
• Não consegue combater Staphylococcus MRSA. 
• EFEITOS ADVERSOS: 
 Imipenem + cilastatina podem causar náusea, êmese e diarreia. 
 Eosinofilia e neutropenia são menos comuns do que com outros 
betalactâmicos. 
 Níveis elevados de imipenem podem causar convulsões (menos provável com 
os demais carbapenêmicos). 
• Eliminação renal – ajuste da dose de acordo com a função renal. 
IMINEPEM MEROPENEM 
• Muito resistente à hidrólise pelas betalactamases (não são 
resistentes as metalo-betalactamases). 
• Ampla cobertura por isso muito utilizado empiricamente. 
• Apresenta atividade contra microrganismos produtores de 
betalactamase gram-positivos e gram-negativos, anaeróbios e P. 
aeruginosa. 
• Uso clínico: Imipenem + Cilastatina (inibe a degradação do imipenem 
pela DH1 presente nos túbulos renais) → ITU, vias respiratórias 
inferiores, infecções intra-abdominais, ginecológicas, de pele e 
tecidos moles, ossos e articulações e infecções hospitalares. 
• Mal absorvido por VO, então usa-se parenteral. 
• Dose ajustada em pacientes com IR. 
• Quando clivado nos túbulos renais, é transformado em metabólito 
inativo que é potencialmente nefrotóxico. 
• Semelhante ao Imipenem. 
• Não cobre P. aeruginosa, espécies de 
Enterococcus e espécies de Acinetobacter. 
• Possui um espectro menor em relação aos gram 
+. 
• Uso clínico: meningite bacteriana – alcança 
níveis terapêuticos mesmo sem inflamação. 
• Via de administração IV. 
• Possui boa penetração no SNC e tem meia vida 
maior que o imipenem. 
• Menor tendência a provocar convulsão. 
Os carbapenêmicos são a “tropa de 
elite” dos antibióticos → pega um, 
pega geral. 
Pode usar pra ITU? Pode, mas não 
precisa agir tão grave, não precisa 
matar uma formiga com um canhão. 
 11 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES TERAPÊUTICAS II P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL 
 
MONOBACTÂMICOS 
• Aztreonam. 
• Também desorganizam a síntese de parede celular bacteriana, são singulares pois o anel betalactâmico não está fundido em 
outro anel. 
• ESPECTRO: apenas gram negativo. 
 Reações de hipersensibilidade aos outros ATB. 
 Somente gram negativo, incluindo as Enterobacteriaceae e P. 
aeruginosa. – sinérgico (aminoglicosídeos). 
 Não tem atividade contra gram positivo nem anaeróbios. 
 Enterobactérias e pseudomonas (não cobre anaeróbios). 
• Resistente à ação da maioria das betalactamases. 
• Via de administração IV ou IM, pode se acumular em paciente com 
IR. 
• Relativamente não tóxico mas pode causar flebite, erupções cutâneas e, ocasionalmente, testes de função hepática anormais. 
GLICOPEPITÍDEO TRICÍCLICO - VANCOMICINA 
• Não é um betalactâmico!!!! Mas também atua inibindo a síntese da 
parede celular. 
• ESPECTRO: somente gram + (incluindo o MRSA). 
• Sua molécula é grande, e não consegue penetrar na membrana externa de 
bactérias de gram positivo. 
• São bactericidas. 
• Uso clínico: infecção por bactéria gram + (s. aureus) e por clostridium 
difficile, endocardite, enterocolite, infecções estafilocócicas. 
• Desvantagem: cobre bactérias gram positivo e algumas anaeróbias. 
 Se suspeitar de infecção por gram -, pode associar a vanco a outro ATB 
(que possua boa cobertura dos gram -). 
É importante restringir o uso da vancomicina para o tratamento das infecções 
graves causadas por microrganismos gram-positivos resistentes aos β-
lactâmico ou para pacientes com infecções gram-positivas que tenham grave 
alergia aos β-lactâmicos. → Já que está aumentando o número de cepas 
resistentes à vancomicina 
• FARMACOCINÉTICA: 
 Deve ser administrado por via IV e nunca por IM. 
Se tem alergia à penicilina e cefalosporinas pode usar 
monobactâmicos porque a forma química dele é 
totalmente diferente. 
Se tiver tido reação alérgica MUITO FRACA à penicilina, 
pode usar ainda sim cefalosporina, mas se tiver algum 
fator de risco ou coisa do tipo melhor não arriscar, ou 
se tiver alergia mais grave. 
 12 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES TERAPÊUTICAS II P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL 
 Não absorvido por VO → seu uso oral é limitado ao tratamento de colite grave causada por C. difficile e devido ao uso de 
antimicrobianos. 
 Atravessa a BHE. 
 Excreção renal (ajustar dose para IR para evitar acúmulo e toxicidade). 
 Possui meia vida de 6h. 
• EFEITOS ADVERSOS: 
 Reações de hipersensibilidade (exantemas cutâneos maculares e anafilaxia). 
 Calafrios e febre. 
 
Ref: resumo da mariana oliveira (muito foda), Farmacologia ilustrada, sanarflix, aulas gravadas do Demetrius 
 
A infusão intravenosa rápida de 
vancomicina pode causar reações 
exantemáticas e urticariformes, 
rubor, taquicardia e hipotensão.

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