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PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA INTRODUÇÃO À MORTE A morte pode afetar os indivíduos de forma parcial ou total. • Morte Parcial – é quando o corpo está vivo, porém, partes dele está em processo de morte (células), isso não é detectável. Se subdivide em morte necrótica ou por apoptose. Necrose: é patológica, afeta células ou grupo de células. Apoptose (morte programada): é fisiológica, afeta células individualmente. Autodestruição celular. • Morte Total (somática/clínica) – o indivíduo tem sua essência desprendida da unidade biológica. Afeta o sistema nervoso, coração e respiratório. O indivíduo como um todo estaria morto enquanto alguns tecidos ainda poderiam estar vivos; As células e tecidos individuais podem permanecer vivos durante um curto e variável período após a morte clínica (base para que se ocorram os transplantes de órgãos) até que a Autólise (autodestruição celular) ocorra. Por isso de utiliza o gelo, ele diminui o metabolismo, ajudando na conservação evitando a autólise por um período. Adaptação celular (hiperplasia, hipertrofia, hipotrofia...) → Injúria reversível → Injúria irreversível → Morte celular (necrose/apoptose). Necrose é um tecido morto com o indivíduo ainda vivo. Existem três tipos: • Necrose de Coagulação: ocorre principalmente na falta de oxigênio e glicose, não tendo como manter a bomba de ATP. O que coagula são as proteínas. Característica de quadros de hipóxia (ausência de oxigênio). • Necrose Caseosa: aspecto semelhante ao queijo “caseum”. Frequente em focos de infecções crônicas granulomatosas (Tuberculose). • Necrose de Liquefação: como ao sistema nervoso, isso porque é um tecido pobre em proteína e rico em lipoides. Pouca capacidade de coagulação (facilita sua liquefação / amolecimento) – Malácia; Comum nas infecções bacterianas focais (Abscessos). A morte não tem um sinal patognomônico (sinal clínico específico de uma doença ou condição). É o resultado de uma transição gradual. Critérios para diagnóstico da morte: Perda da consciência; Desaparecimento da motilidade e tônus muscular; Cessação da respiração; Parada do coração; Perda da ação reflexa ao estímulo; Parada total e irreversível das atividades encefálicas (Morte Encefálica). ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS – POST MORTEM ALTERAÇÕES ABIÓTICAS São fenômenos que ocorrem após a morte somática. Alterações em um cadáver e que não tenham ocorrido no indivíduo vivo. Normal Lesão Autólise (putrefação) • Alterações cadavéricas abióticas (imediata e consecutiva) – não envolvem ação bacteriana. Não modificam o cadáver no seu aspecto geral. Alterações cadavéricas imediatas (morte somática/clínica): inconsciência, arreflexia, fenômenos oculares (midríase, opacidade do cristalino, abertura das pálpebras). Alterações cadavéricas mediatas ou consecutivas: desidratação cadavérica, frialdade cadavérica (algor mortis), hipóstase cadavérica (livor mortis), rigidez cadavérica (rigor mortis), coagulação sanguínea. • Alterações cadavéricas transformativas (autólise e putrefação) – modificam o cadáver em seu aspecto geral. DESIDRATAÇÃO CADAVÉRICA Indivíduo tem perda passiva de líquidos por evaporação no ambiente. O ambiente influencia no sentido de acelerar ou retardar a desidratação do cadáver. Observa-se a desidratação mediante vários aspectos, sendo um deles através do globo ocular que retrai “olho fundo”, aumenta opacidade na córnea. O cadáver fica mais frio primeiro nas extremidades devido a pouca cobertura muscular. Um cão magro resfria mais rápido que um cão obeso, menor cobertura, menor energia estocada, diferentemente do cão obeso que tem mais cobertura e energia estocada. ALGOR MORTIS É o resfriamento cadavérico decorrente da cessação da atividade metabólica e do esgotamento gradual das fontes energéticas. Estabelece um equilíbrio térmico com o ambiente. Não ocorre de maneira uniforme, inicia-se nas extremidades. Parada das funções vitais → dissipação do calor por evaporação → resfriamento gradual. LIVOR MORTIS Hipóstase cadavérica é a acomodação gradual do sangue para o lado de decúbito do cadáver. Caracteriza-se pela extrema palidez do cadáver e pelo aparecimento de manchas inicialmente rósea e posteriormente de tonalidade roxa nas partes em contato com superfícies. O lado de decúbito do animal fica com manchas e nas partes dorsais ele fica pálido. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA A parte do animal que toca a superfície, onde ocorre mais pressão tende a ficar mais claro devido ao peso do animal, enquanto onde não toca, mas houve acomodação do sangue tende a ficar de róseo a roxo. Paralelo a este, fica pálido. As manchas da hipóstase tendem a aparecer de 2 a 4hrs após a morte. E ficam mais arroxeadas de 8-12hrs, esta coincide com a coagulação do sangue. As manchas se fixam por volta de 12hrs após a morte, ou seja, mesmo trocando o cadáver de decúbito as manchas permanecerão. Coagulação é um estado sólido e por isso após sua ocorrência o sangue não movimenta mais. Diferença entre hemorragia e hipóstase: hemorragia é um fenômeno ante mortem, diferentemente da hipóstase que é um fenômeno pós mortem. Na hipóstase o sangue se deposita dentro do vaso. Para ocorrer hemorragia tem que haver extravasamento sanguíneo para fora do vaso. Visualmente pode se diferenciar pela tonalidade, na hemorragia é mais vermelho enquanto na hipóstase é arroxeado; na hipóstase quando arrebata a pele, entre a pele e a musculatura não há sangue, enquanto na hemorragia se encontra sangue e coágulo (só tem na hemorragia). Livor Mortis Hemorragia Sem coágulo Presença de coágulo Sem infiltração hemorrágica Com infiltração hemorrágica Decúbito Qualquer parte do corpo Intravascular Extravascular Existe diferentes tipos de hemorragia: petéquias (pontos), equimoses, hematoma e púrpuras. Equimose – apresenta mancha roxa, ocorre quando pequenos vasos sanguíneos sob a pele se rompem, resultando em descoloração da área afetada Petéquias – são pequenos pontos vermelhos ou roxos que aparecem na pele, causados pelo vazamento de sangue de capilares minúsculos. Hematoma – é uma coloração de sangue coagulado que se acumula fora dos vasos sanguíneos, formando uma protuberância visível ou uma área de inchaço. Púrpura – refere-se a manchas roxas ou vermelhas mais extensas na pele, muito associada a sangramentos mais profundos nos tecidos. Hipóstase deve se diferenciada também de congestão pulmonar (congestão hipostática) que é ante mortem. Hiperemia passiva (congestão = acúmulo) É comum que nas insuficiências cardíacas esquerdas o indivíduo desenvolver congestão pulmonar e consequentemente um edema pulmonar. O edema pulmonar é espumoso devido as proteínas albuminas. Congestão leva ao aumento de pressão hidrostática e edema. Quando ocorre a congestão a albumina que está presente no sangue extravasa para fora do vaso. Formas de apresentação de edema: líquido (cavidade), gelatinoso (subcutâneo/musculo), espumoso (pulmão). Congestão é bilateral enquanto a hipóstase se encontra em apenas um lado. Nos distúrbios pós morte não há alterações vasculares, como edema por exemplo. Em casos de edema pulmonar junto a hipóstase, significa que o edema ocorreu em vida. RIGOR MORTIS A rigidez cadavérica é o enrijecimento muscular que ocorre por um determinado tempo. É dividido em três fazes: Fase pré rigor: relaxamento cadavérico que ocorre logo após a morte. Ainda há órgãos e tecidos vivos. Fase rigor: o cadáver fica totalmente rígido por algumas horas. Fase pós rigor: o cadáver sai da rigidez e volta a flacidez. Interação actina/miosina/ATP mantém o músculo relaxado. O rigor mortis de inicia de 2 – 4hrs e tende a sair de 12 – 24hrs(pós rigor). O enrijecimento ocorre primeiro em músculos involuntários, como o coração. E depois os músculos esqueléticos. Vale ressaltar que o enrijecimento se inicia e sai sentido crânio caudal. Intuscepção – é quando uma alça intestinal entra dentro de outro segmento adjacente, gerando obstrução. O fluxo não é normal, acontece isquemia e congestão. Não existe congestão em artéria! O sangue arterial sai do coração e vai para os tecidos. O congestionamento só ocorre em sangue venoso, fluxo sanguíneo é tecido e depois coração. Nas artérias tudo o que evita o fluxo sanguíneo é denominado isquemia. Hipóxia – diminuição de O2, ocorre tanto devido a congestionamentos quanto em isquemia. E como consequência ocorre necrose. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA Relembrando... baixa temperatura diminui metabolismo, alta temperatura acelera; exercício intenso gera um rigor mais rápido; animal mais magro tem baixo estoque de energia e entra em rigor mais rápido que um animal mais gordo. Anotar todos os achados de necropsia de todas as patologias COAGULAÇÃO SANGUÍNEA Quando um vaso sanguíneo é cortado, um coágulo sanguíneo se forma: O vaso sanguíneo se estreita para retardar o fluxo de sangue. As plaquetas aderem à área lesionada do vaso sanguíneo. As plaquetas liberam substâncias que ativam as proteínas do fator de coagulação. Sangue hidrêmico – é o sangue mal coagulado “ralo”. Situações de ocorrência: infecções sépticas; asfixia. Coágulo cruórico – é vermelho devido a imensa quantidade de hemácias, há diferentes tonalidades. Coágulo lardáceo (amarelo) – encontrado em indivíduos que tem morte agônica e prolongada. Maior presença de leucócitos e está mais presente em indivíduos com anemia. Coágulo misto – é a junção dos dois coágulos. O coágulo lardáceo é comum ao equino, não há causa de doença. Isso ocorre porque a sedimentação de suas hemácias é mais rápida. Exceção! A coagulação tende a iniciar 2 horas após a morte, o coágulo se desfaz 6 – 8 horas. Só ocorre em cadáver e não no indivíduo em vida. Não existe coagulação dentro de vaso, ela só ocorre fora do vaso sanguíneo, denomina-se trombo a “coagulação” dentro do vaso. ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS TRANSFORMATIVAS Autólise é o processo de ruptura da célula. Está ligado a falta de O2 e glicose. Cadáver com 8hrs a mais, onde não há produção de ATP. Os processos celulares falham. Anoxia, falta de O2 no processo. Alguns tecidos entram em autólise mais rápido, como o sistema nervoso por exemplo; quanto mais especializado o órgão, mais ATP ele gasta, por isso ele é um dos primeiros órgãos a entrar em autólise. Enquanto há energia o tecido irá tentar se manter vivo. Por isso pode ocorrer em cadáveres o coração bater, contração muscular muito evidente. É por isso que é possível fazer transplante de órgão com o indivíduo já morto. A putrefação será responsável pelas bactérias da microbiota normal do organismo. As bactérias se proliferam, produzem enzimas e junto a autólise elas fazem a transformação do cadáver. Na maioria são anaeróbicas, o odor do cadáver é devido ao gás sulfídrico do seu processo de digestão. Heterólise é o processo de autólise mais a putrefação, que associados vão produzir os fenômenos cadavéricos transformativos/destrutivos. AUTÓLISE EMBEBIÇÃO PELA HEMOGLOBINA Consiste na coloração e tecidos e líquidos. A hemácia se rompe, dentro dela fica a hemoglobina (pigmento) que carreia O2, essa proteína hemoglobina tem várias estruturas denominadas grupo M, no grupo M tem o ferro. Quando a hemácia se rompe, e os tecidos e órgãos ficam tingidos de vermelho devido a hemoglobina. Ocorre após a coagulação. EMBEBIÇÃO PELA BILE Outro tipo de pigmentação que pode ocorrer ou não, é a embebição pela bile. Ela é variável por isso não é utilizada para determinar tempo de morte. Nem todo cadáver apresenta. O que pigmenta é a bilirrubina (cadáver esverdeado/amarelado). Ocorre em torno de 8hrs. Ocorre localmente (focal), autólise da parede da vesícula com extravasamento de líquido manchando/tingindo ao redor dos órgãos. Só ocorre em cadáver. Icterícia (não confundir com embebição pela bile) – não existe icterícia focal, é difusa. O animal com icterícia, espera- se que seja generalizada, pele amarelada, mucosas, órgãos... tem vários graus. Só ocorre em animal vivo. HERETÓLISE PSEUDO-MELANOSE (MANCHAS DE PUTREFAÇÃO) As manchas variam de verde a acinzentado. E nos órgãos pode se apresentar enegrecido. Indicam o início da putrefação. Quando ocorre o rompimento da hemácia e liberação da hemoglobina, libera ferro que está no grupo M. O gás sulfídrico que as bactérias produzem com o ferro, se juntam e produzem o sulfureto de ferro (sulfametahemoglobina). Essa substância formada que dá a coloração ao cadáver. CONCEITOS Melanina – pigmento escuro que dá cor aos pelos e pele. É fisiológico, ocorre por meio dos melanócitos. Melanose – é o pigmento patológico em vida. É quando os melanócitos depositam a melanina em um tecido onde não deveria ser pigmentado. Deposição ectópica. Não causa prejuízo ao órgão. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA Melanoma – Os melanócitos se diferenciam e criam uma massa neoplásica enegrecida, comum a cães (cavidade oral) e equinos (perianal). Mancha escura é muito metastático. TIMPANISMO PÓS MORTEM As bactérias proliferam, principalmente a nível de trato gastrointestinal. Ocorre produção de gás sulfídrico. O trato gastrointestinal dilata, denominado timpanismo. Dilatação do rúmen, colo, ceco... quando dilata, o órgão pode se deslocar, torcer, romper (parede do TGI fina gera ruptura). Órgão pálido, sem necrose e sem hemorragia. Diferentemente de timpanismo ante mortem. No timpanismo ante mortem ocorre hiperemia e hemorragia na parede do TGI, associada à congestão de órgãos abdominais. PSEUDO-PROLAPSO RETAL / PROLAPSO RETAL CADAVÉRICO Dilatação da ampola retal devido a grande quantidade de gás. Órgão pálido sem circulação com determinada característica patológica indica que ocorreu pós mortem. No morto não ocorre após a morte distúrbios da circulação. Se foi encontrado algo relacionado a circulação sanguínea é ante mortem! No prolapso retal verdadeiro há hemorragia, edema. ENFISEMA CADAVÉRICO TECIDUAL É o acúmulo de gás, ocorre em todas as partes do corpo do animal. O gás é produzido pelas bactérias, no início se acumula no TGI seguindo em outras partes. Aspecto cadavérico crepitando. Proliferação de bactérias putrefativas que decompõe os tecidos formando bolhas de gás. MACERAÇÃO DA MUCOSA DIGESTIVA Comum a ruminantes. Devido a autólise ocorre o desprendimento das mucosas do tubo digestivo. FASES DAS ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS Coloração – inibição pela hemoglobina, inibição pela bile, pseudo-melanose. (8-24hrs) Gasoso – timpanismo e enfisema. (24hrs+) Liquefativo – autólise intensa, dissolução, muito líquido e difícil reconhecimento. (7dias) Esqueletização – (3-4 semanas / anos) FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS CONSERVADORES Congelamento – temperaturas extremamente baixas. A autólise é interrompida. Fossilização – geralmente precisa-se de fenômenos com água e lama, isso cobre o animal. Conserva-se a parte óssea. Há casos que são conservados tecidos vivos, porém é raro. Mumificação – é um processo natural, ocorre em locais extremamente quentes. O indivíduo tem que morrer desidratado e com fome, isso para que não ocorra a putrefação. A putrefação precisa de líquido para proliferação bacteriana, sem isso não ocorre. Saponificação – aspecto de cera. Precisa-se de triglicerídeos e um ácido forte, para que ocorra naturalmente o individuo precisa morrer em um local úmido, argiloso e quanto maior a quantidade de tecido adiposo mais a reação ficará facilitada. SISTEMA CARDIOVASCULARMECANISMOS DE COMPENSAÇÃO Sua função é bombear sangue a fim de chegue nas células. O sistema arterial precisa de pressão. Não tem como o sangue ser direcionado sem pressão. O sangue sai da artéria aorta que é elástica e vai para todo o corpo. Esse sistema que leva a nutrição e os elementos essenciais para produzir energia. Para produzir pressão arterial precisa-se da seguinte equação: 𝑷𝑨 = 𝑫𝑪 𝒙 𝑭𝑪 (tempo) (𝑽𝑺) 𝑷𝒓é 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂(𝑹𝑽) 𝑷ó𝒔 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 (𝑹𝑽𝑻) 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 "força" 𝑴𝒊𝒐𝒄á𝒓𝒅𝒊𝒐 PA – Pressão Arterial DC – Débito Cardíaco VS – Volume Sistólico (sístole é contração) FC – Frequência Cardíaca RVT – Resistência Vascular Total Débito Cardíaco é o volume de sangue, que é o que chega ao coração por minuto. O cronotropismo é o tempo da frequência cardíaca, ou seja, dos batimentos do coração. Enquanto o inotropismo é a força que o coração vai fazer, ou seja, contratilidade. O ciclo cardíaco é dividido em duas fases: Sístole (fase de ejeção do sangue) e diástole (relaxamento e enchimento das câmaras cardíacas). Veia porta (tudo que vem do TGI passa por ela) → fígado → veia hepática → veia cava caudal (tudo que vem de membro pelvino é através da veia cava caudal) → desemboca no átrio direito do coração. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA Átrio direito → ventrículo direito → tronco pulmonar → artérias pulmonares (troca gasosa) → átrio esquerdo → ventrículo esquerdo → aorta (distribui para todo o corpo). (Tudo que vem de pescoço, cabeça, membro torácico desemboca na veia cava cranial) Veia cava cranial. Resistência vascular é importante para gerar débito cardíaco e consequentemente pressão arterial. CICLO CARDÍACO Consiste no início nos eventos decorrentes do início de um batimento até o começo do próximo. É dividido em duas fases: fase de relaxamento (DIASTÓLE), seguido por um período de contração (SÍSTOLE). A contração e relaxamento do ventrículo esquerdo é usada como ponto de referência. Cada fase é subdividida. Na diástole (relaxamento isovolumétrico, enchimento rápido, enchimento ventricular lento e contração atrial. Na sístole (contração isovolumétrica, ejeção rápida, ejeção lenta). Diástole (etapas): Após o final da sístole, ocorre queda da pressão intraventricular, pressão aórtica supera a ventricular ocorre fechamento da valva aórtica e consequentemente do lado direito ocorre fechamento da valva pulmonar. Essas valvas são as semilunares. Nesse momento o ventrículo está em processo de relaxamento, porém o volume no interior da cavidade não se altera, essa etapa é chamada relaxamento isovolumétrico. Quando a pressão do ventrículo esquerdo cai abaixo da pressão do átrio esquerdo, ocorre abertura da valva mitral. E do lado direito haverá abertura da valva tricúspide. Essas valvas são denominadas átrio ventriculares. Assim, o sangue passa rapidamente dos átrios para os ventrículos, esse período é chamado de enchimento ventricular rápido. A mediada que o sangue enche os ventrículos ocorre redução da vasão entre as câmaras, isso é chamado de enchimento ventricular lento. No final da diástole ocorre a contração atrial que ajuda no enchimento adicional dos ventrículos. Sístole (etapas): No inicio da contração dos ventrículos ocorre um rápido aumento da pressão intraventricular, quando ela se eleva acima da pressão do átrio esquerdo acontece o fechamento da valva mitral. De 20 a 30 milissegundos o ventrículo está em fase de contração, porém, sem pressão suficiente para abrir a valva aórtica, essa fase é chamada de contração isovolumétrica. Quando a pressão ventricular sobe até um ponto em que consegue vencer a pressão existente para abertura da valva aórtica, haverá abertura dessa valva seguida da fase de ejeção rápida, sendo responsável pelo esvaziamento de 70% do sangue ventricular. Em seguida, o fluxo de esvaziamento ventricular é reduzido, ocorre então a fase de ejeção lenta que é responsável pelo esvaziamento de 30% do sangue ventricular. Chega ao final de um ciclo e início do próximo. Pontos importantes: o início da sístole corresponde ao fechamento das valvas atrioventriculares, sendo que a primeira etapa que é a contração isovolumétrica está delimitada entre o fechamento das valvas atrioventriculares e abertura das valvas semilunares. A diástole se inicia com o fechamento das valvas semilunares, sendo que o relaxamento isovolumétrico se encontra entre o fechamento das valvas semilunares e abertura das valvas atrioventriculares. Pré carga é o retorno venoso, tudo que chega no coração. Enquanto Pós carga é a resistência vascular periférica, fase de ejeção do sangue. Mecanismo de Frank-Starling – na pré carga do retorno venoso, quando o sangue chega as fibras do coração se distendem (como um elástico), ou seja, na hora de contrair há mais força para liberar esse conteúdo. Foi observado que quanto mais volume chegava mais estirava as fibras cardíacas e com isso se bombeava um maior volume de sangue, isso é, maior volume sistólico, maior débito cardíaco e maior pressão arterial. Quando a quantidade de sangue pela aorta não é adequada, PA cai, há queda de O2, os receptores localizados ali, através do sistema nervoso simpático há liberação de neurotransmissores por meio da glândula adrenal de adrenalina e noradrenalina. Os neurotransmissores fazem nos receptores dos vasos sanguíneos 𝛼 1 vasoconstrição. Isso gera diminuição do calibre e aumenta a pressão arterial, ou seja, o volume não muda, mas a diminuição do calibre faz com que a mesma quantidade de sangue de antes, agora com pressão, alcance as células. Isso aumenta débito cardíaco corrigindo a PA. Em outra possível situação, PA cai, mecanismo compensatório (citado acima) atua, mas dependendo da queda não será o suficiente. Isso ativará o sistema renina angiotensina aldosterona, o fígado já produz o angiotensinogênio, quando a renina (enzima) se liga ao angiotensinogênio, ela gera um produto que é a angiotensina I, na corrente sanguínea. A angiotensina I vai para o pulmão, este já produz ECA (Enzima Conversora de Angiotensina), esta converte a Angiotensina I em Angiotensina II. A Angiotensina II causa vasoconstrição, ela aumenta a pós carga. A Angiotensina II na glândula adrenal estimula a PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA liberação de aldosterona. A aldosterona vai nos rins e estimula os túbulos contorcidos distais à absorção de sódio, o meio mais concentrado atrai água, consequentemente aumenta o volume, com isso aumenta o retorno venoso para veia cava caudal. Com isso mantém a arterial. O retorno venoso que vem da angiotensina auxilia no mecanismo de Frank-Starling, se aumenta o que volta o coração estira e contrai, aumentando volume sistólico. Quando o coração está doente o mecanismo de compensação complica. A ativação do sistema neuro- humoral é benéfica por um tempo, após isso se torna maléfico. Isso porque a angiotensina II faz vasoconstrição e aumenta retorno venoso (retorno de líquido), em um coração saudável o volume excedente é bombeado, entretanto, nesse caso, indivíduo com problemas no coração não consegue bombear o volume excedente (o lado direito recebe o sangue e o lado esquerdo bombeia, fisiologicamente), o coração não vai conseguir bombear o débito cardíaco 100%, ele pode bombear dependendo da fisiopatologia 70%, por exemplo, uma parte fica para trás, a carótida e o rim “entende” que tinha que chegar 100%, e por isso ativa o mecanismo renina angiotensina aldosterona, quando é ativado chega 100% porém a angiotensina retem uma quantidade de liquido no rim além dos 100%, para compensar ela retém no sistema venoso além do que precisaria, ´portanto chega do lado direito mais de 100%, o coração não consegue bombear tudo, há perdada capacidade, e nisso está o grande problema da angiotensina em reter liquido. Quando retem líquido que não consegue bombear gera edema. (sangue congestionado nas veias) O líquido que não sai totalmente na aorta se acumula no ventrículo, átrio esquerdo, veias pulmonares, capilares e alvéolos e extravasa para dentro do alvéolo. O alvéolo precisa de espaço para ter ar, e ocorrer as trocas gasosas, se está cheio de líquido não ocorre sua função. Dependendo da quantidade de líquido no pulmão impede as trocas gasosas, não chegando oxigênio na célula ocasionando em insuficiência respiratória, levando o paciente á óbito. Isso tudo caracteriza o mecanismo de compensação extrínseco, fora do coração. PATOLOGIAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Mecanismos compensatórios – Responsáveis pelo débito cardíaco adequado nas demandas funcionais através: ▪ Aumento na frequência cardíaca ▪ Aumento na resistência periférica ▪ Aumento na volemia ▪ Hipertrofia do miocárdio ▪ Dilatação cardíaca HIPERTROFIA DO MIOCÁRDIO Mecanismos intrínsecos. Antes do coração falhar e entrar em uma insuficiência, ele compensa, tentando se manter. Se o problema é manter a força e a capacidade de expulsar o sangue, o mecanismo que ele faz é hipertrofia. Hipertrofia é o aumento de tamanho das células. Aumenta o tamanho do miocárdio. Em um distúrbio cardiovascular ou sistêmico, onde por algum motivo haverá alteração em volume e/ou pressão (resistência). Se há aumento de pressão, por exemplo, envolve artérias, ou seja, pode estar na aorta ou tronco pulmonar. Resistência é a vasoconstrição, quem está bombeando precisa gerar mais força, o coração está bombeando, ele irá hipertrofiar, para conseguir vencer pressão o coração hipertrofia espessando sua parede para dentro, isso gera uma hipertrofia chamada hipertrofia concêntrica (para o centro). A hipertrofia concêntrica ocorre quando o problema é pressão (pós carga, ou seja, sobrecarga sistólica)!!! Em outra situação há aumento de volume, ou seja, retorno venoso, o aumento de volume de sangue pela veia cava cranial ou caudal ou pulmonares, chegando nos dois átrios e ventrículos, o volume é maior que o normal. Se o problema é volume o corpo entende que é preciso um espaço maior parece receber esse volume, e precisa de força para expulsar esse volume, logo o coração entra em hipertrofia. A parede do coração é espessada em relação ao normal. Na hipertrofia excêntrica o coração aumenta em hipertrofia em comprimento. Nessa hipertrofia o problema é o volume (sobrecarga diastólica)!!! Para o coração hipertrofiar ele precisa de tempo, nutrição, inervação e o miocárdio precisa estar sadio. DILATAÇÃO CARDÍACA É o contrário da hipertrofia. O coração fica com a parede fina e o coração fica bem dilatado, aumentado. A dilatação está ligada ao aumento de volume. Nunca ocorre por aumento de pressão. Ocorre em situações em que o miocárdio está doente. Doença x afeta o miocárdio, aumenta o volume no coração, no início antes de dilatar o coração tenta manter o mecanismo de Frank-Starling. De tanto estirar e expulsar sangue, a fibra cardíaca se enfraquece. A dilatação ocorre depois disso, quando ele fica “cansado”, ele consegue agora receber muito volume, porém não consegue expulsar. Coração aumentado de tamanho sem conseguir bombear. O objetivo dessa dilatação cardíaca é manter o débito cardíaco. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Cardiopatia é uma anormalidade anatômica ou funcional do coração. Essas anormalidades podem resultar ou não em comprometimento da função cardíaca dependendo do grau de adaptação do sistema circulatório. O corpo consegue compensar na cardiopatia, ou seja, não tem um coração incapaz. Insuficiência cardíaca é caracterizada pela incapacidade do coração em suprir as demandas hemodinâmicas e metabólicas. O corpo não consegue compensar! PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA A insuficiência não é uma doença, a doença que leva o órgão a ser incapaz de realizar sua função. Um indivíduo pode ter uma cardiopatia e esta o levar a ficar insuficiente. Insuficiência cardíaca congestiva é quando os mecanismos compensatórios não conseguem compensar mais, entrando em estado de congestão dos capilares. A congestão dos capilares acarreta o extravasamento de líquido para fora do vaso nas cavidades ou subcutâneo, isso é denominado edema (acúmulo de líquido) ou efusão (líquido fora do vaso). Na insuficiência cardíaca esquerda ocorre congestão nas veias pulmonares, congestionamento do pulmão. Enquanto na insuficiência cardíaca direita ocorre congestão nas veias cava cranial e caudal congestionamento do fígado. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA ESQUERDA (ICCE) O lado esquerdo bombeia sangue arterial. Não consegue bombear 100% do sangue que recebe. Uma das sintomatologias é intolerância ao exercício, cianose (língua roxa), sincope, tosse, dispneia. O animal fica cianótico porque não vai 100% de oxigênio para a face do animal, mas o sangue venoso está indo normal, ou seja, vai mais CO2 (sangue venoso) do que O2 (sangue arterial), o sangue venoso é mais roxo. A sincope (desmaio) ocorre pela falta de O2 no Sistema Nervoso. O animal apresenta tosse e dispneia porque ele acumula uma quantidade de sangue no ventrículo esquerdo e átrio esquerdo, as veias pulmonares ficam congestas, congestiona os capilares pulmonares, o líquido sai dos capilares para dentro do alvéolo, gerando edema. Os pulmões ficam cheio de líquido e pode levar a insuficiência respiratória. Quando chega sair líquido na narina do animal é porque o pulmão já está super cheio de líquido. As veias pulmonares congestionam, são 4, aumenta pressão hidrostática em todas, elas ficam no tórax, o líquido sai para dentro do tórax isso é denominado hidrotórax. O espaço no tórax é importante para o pulmão expandir, o líquido no tórax não permite que o pulmão dilate gerando atelectasia, fazendo com que o pulmão colabe, isso gera insuficiência respiratória. Não é todo volume que gera atelectasia!!! Precisa ser um volume significativo. Grande circulação. Mais áreas congestionadas. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA DIREITA (ICCD) O sangue acumula pelo ventrículo direito, átrio direito, congestionando veia cava cranial, congestiona axilar, subclávia, cefálica. Aumenta pressão hidrostática, o líquido extravasa gerando edema. Por isso ocorre edema subcutâneo, inchaço. O animal pode apresentar hepatomegalia (aumento do fígado), o congestionamento da veia cava congestiona a veia hepática e consequentemente o fígado. Congestiona veia porta, aumenta a pressão hidrostática e causa edema na cavidade abdominal que é a ascite. Ocorre hidrotórax também. Hidropericárdio, ele tem líquido, porém não pode ter em excesso, acumula líquido ao redor do pericárdio (sem a sístole não ocorre diástole), podendo levar a choque cardiogênico, coração para de bater. Pequena circulação. Na insuficiência cardíaca direita congestiona a veia cava caudal porque não consegue bombear todo sangue do átrio direito e ventrículo direito, congestiona (sempre para trás) a veia hepática e consequentemente o fígado. Quem forma a veia hepática são veias centro lobulares, por ela ficar atrás ela também fica congestionada. Quando ocorre congestão gera edema, é um local rico em CO2. Fica normal começou a congestionar, hepatomegalia. São reações crônicas!! A congestão na veia centro lobular faz com que os hepatócitos entrem em necrose centro lobular. Lesão em noz moscada – nela ocorre necrose especificamente dos hepatócitos da zona 3, denominada necrose centro lobular. Os locais onde tinham necrose ao invés de regeneração pode ocorrer de formar uma cicatriz, uma fibrose. A fibrose uma vez feita não volta, o fígado já tem agora menos capacidade que o normal. A fibrose ocorre devido as célulasde ito, elas que produzem colágeno no fígado. Enquanto em outros tecidos são os fibroblastos. No processo de estímulo constante de hipóxia, estimula as células de ito ter um perfil semelhante a fibroblastos e passam a depositar colágeno, formando a fibrose. As células de ito começam a produzir colágeno no espaço de disse onde não deveria, os hepatócitos se nutrem de O2 e o O2 precisa passar pelo espaço de disse para nutrir os hepatócitos, o tecido dificulta a passagem de O2 gerando mais hipóxia estimulando mais ainda as células de ito e necrose dos hepatócitos, vira um ciclo, acarreta cirrose e pode evoluir a insuficiência hepática. Cirrose não é doença, ela é uma forma de compensação de suas lesões, realizando fibrose. Qualquer doença hepática pode gerar cirrose. Resposta do fígado a uma lesão crônica. Ascite é o acúmulo de líquido na cavidade abdominal. A caquexia ocorre da seguinte maneira na IC: ela é multifatorial, ela vem da inapetência, diminui a quantidade de alimentos ingeridos; má absorção de nutrientes; ativação do sistema imunológico e ativação neuro-humoral. O animal com IC vai congestionando a circulação sanguínea nos vasos. Ocorre edema local e interfere na absorção do nutriente. O animal come, mas não tem boa digestão. Observa-se espessamento da parede intestinal por causa do edema local, aumento de colágeno como aumento desse processo. A primeira fonte de energia do corpo é carboidrato, isso é, glicose. Quando a célula acaba de usar glicose, entra em estado de hipoglicemia, o corpo usa o estoque que fica no fígado de glicogênio (limitado), caso o animal fique inapetente, a segunda forma que o corpo tem para “pegar” e ter energia é os lipídios. A terceira opção, e última é proteínas PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA como fonte de energia. Animal com caquexia já está na fase de utilização de proteínas como fonte de energia, o que não é algo benéfico. Este apresenta emagrecimento porque não consegue absorver os nutrientes e precisa de energia, ele tira energia de onde não deveria. Além disso, as bactérias da microbiota normal do animal produzem toxina (normal), porque está ocorrendo uma congestão no local, e enfraquecendo as defesas locais, nisso ocorre a hipóxia, as células que dependiam de circulação sanguínea começam a sofrer e entram em necrose, as bactérias aproveitam para proliferar, produzem toxinas que estimulam a produção de citocinas pró inflamatórias que ativam angiotensina II e aldosterona, elas retem água, aumenta retorno venoso, a pré carga, coração não consegue bombear todo volume, como consequência da congestão ocorre as efusões que levam o animal a óbito. O animal apresenta diarreia na IC porque devido a congestão porque a água entra para dentro do lúmen aumentando o peristaltismo ocasionando em diarreia (diarreia efusiva). Resumindo, a efusão ocorre devido ao aumento de pressão hidrostática e congestão das veias mesentéricas, devido ao espaço paracelular o líquido atravessa, aumentando o líquido no lúmen do intestino aumenta o peristaltismo então ocasiona na diarreia e edema na cavidade. Saída de líquido é denominada efusão. E o acúmulo é edema. As veias são ricas em CO2, estão em hipóxia constantemente. Quando ocorre congestão fica com mais hipóxia, e sua principal consequência é lesão celular. Em locais com congestão pode ocorrer trombos. Embaixo das células endoteliais que sofrem a lesão fica o colágeno subendotelial, e no sangue estão os fatores de coagulação. Esse colágeno entra em contato com os fatores da coagulação e interage gerando trombos (coágulos). Fisiologicamente o colágeno não fica em contato com o sangue, isso só ocorre em lesão celular. Os trombos são friáveis e quebradiços, seu problema é que suas porções menores são chamadas de êmbolos, eles se desprendem da veia cava caudal, por exemplo, segue átrio direito, ventrículo direito, veia pulmonar, podendo ocasionar trombo embolismo pulmonar. ALTERAÇÕES CONGÊNITAS Congênito significa “nascer com”. Nascer com algum defeito anatômico, por exemplo. As alterações congênitas podem ou não serem de origem genética. São alterações congênitas genética quando o indivíduo tem o gene específico, podendo nascer com uma determinada doença, origem intrínseca (genético). As que não são de origem genética são causadas por fatores extrínsecos (medicamentos, plantas, vírus, trauma). CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA FETAL Feto respira, porém, não faz troca gasosa. Seu pulmão fica em atelectasia, colabado. A placenta da mãe faz o papel de pulmão para o feto. O sangue chega arterial na placenta através da veia umbilical. Nesse momento o sangue não precisa passar pelo fígado, ele faz o primeiro desvio no chamado ducto venoso e desemboca na veia cava caudal. Sangue chega no átrio direito oxigenado (em um adulto seria átrio direito → ventrículo direito → tronco pulmonar), não precisa passar sangue no pulmão fetal visto que está colabado, e já está rico em O2, nisso ocorre o primeiro desvio, existe uma abertura entre os átrios isso é o forame oval, onde 33% do sangue rico em O2 sai do átrio direito e vai para o átrio esquerdo. 67% vão do átrio direito para o ventrículo direito oxigenado. O sangue oxigenado vai para o tronco pulmonar porque não há abertura entre os ventrículos. No tronco pulmonar para não passar pelo pulmão ele faz um desvio oxigenado 60% vão para o ducto arterioso, esse sangue oxigenado vai direto para aorta. 7% passam pelos capilares pulmonares oxigenado e volta pelas veias pulmonares para o átrio esquerdo. Do átrio esquerdo vai para o ventrículo esquerdo e depois aorta. Depois da aorta o sangue será distribuído para todo o corpo, este faz o metabolismo, o que ele produziu volta pelas artérias umbilicais e a mãe faz a troca gasosa no pulmão. Quando nasce e liga o cordão umbilical, corta o acesso de O2, isso estimula ao choro, ele faz surfactante, dilata os alvéolos e a primeira respiração ocorre. Os desvios agora não são necessários, fecha o ducto venoso, fecha o forame oval e fecha o ducto arterioso (segundo ou terceiro dia). DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITAS Existem três tipos de doenças congênitas cardíacas. A primeira categoria são falhas nos fechamentos das comunicações (ducto venoso, forame oval e ducto arterioso). Segunda categoria é falha no desenvolvimento das válvulas e a última categoria é o mal posicionamento dos grandes vasos, principalmente da aorta. Nascer com uma alteração cardíaca congênita não condiciona o animal a insuficiência cardíaca ou morte. Depende do grau da falha, defeito. PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO (PDA) O ducto arterioso no feto permite que 60% do sangue passe do lado direito oxigenado e lado esquerdo oxigenado e siga para a aorta. Com dois a três dias o ducto tem que fechar, se o animal já está respirando, o sangue venoso tem que ir para o tronco pulmonar e ir para o pulmão e não deve ser desviado para a aorta. O desvio do sangue ocorre da direita para a esquerda no feto! A pressão é sempre maior do lado esquerdo do coração, fisiologicamente. Quando nasce o fluxo sanguíneo muda, passa ser da esquerda para a direita. Quando o ducto arterioso não fecha, ele permite comunicação do sangue arterial (rico em O2) com o sangue venoso (rico em CO2). PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA A hipertrofia excêntrica (aumento de volume) do ventrículo esquerdo ocorre porque fisiologicamente 100% do sangue deveria seguir para aorta e depois ser distribuído para o corpo, devido a abertura comunicando os dois átrios, e no lado esquerdo com a maior pressão, passa 40% por exemplo do lado esquerdo para o direito. Nesse exemplo o lado direito ficaria com 140% de volume sanguíneo, houve um aumento de volume, eles são jogados para o pulmão e depois volta para o átrioesquerdo aumentando o volume, o coração precisa de força para ejetar o volume e espaço e nisso se desenvolve a hipertrofia excêntrica. Já a hipertrofia concêntrica ocorre no lado direito porque devido ao volume de 140% ele precisa de muita força para ejetar, e para vencer a pressão ele precisa fazer maior pressão ainda, mais força, entrando em hipertrofia concêntrica. Há mais sangue circulando no pulmão gerando hipertensão pulmonar, aumenta pressão hidrostática, extravasa líquido e gera edema, levando a insuficiência respiratória. A dilatação no átrio esquerdo ocorre devido ao volume. Predisposição a trombose. Síncope e cianose ocorrem porque deveria expulsar 100% do sangue e se ele expulsa só 60%, os órgãos não recebem o volume com a quantidade de O2 necessário, isso predispõe a sinal clínico de desmaio. Não está indo sangue oxigenado normal, a face do animal fica cianótica (arroxeada). Ele na hipertrofia concêntrica não recebe o mesmo volume, ao invés de receber 100% ele consegue por exemplo 40%, vai ficando para trás 60%, pode apresentar ascite e lesão hepática. TRÍADE DE VIRCHOW: são as três condições que podem levar a ocorrência de trombo. A primeira é estase (congestão), segunda é turbilhonamento (todo local com bifurcação há predisposição a formação de trombos) mudança de fluxo, e a terceira é distúrbio da coagulação (elevação dos fatores de coagulação). DEFEITO NO SEPTO ATRIAL (PERSISTÊNCIA DO FORAME OVAL) É onde ocorria a comunicação, troca sanguínea entre átrio esquerdo e direito, este deveria fechar após o nascimento. Ocorre hipertrofia excêntrica no ventrículo direito porque se passa volume do lado esquerdo (tem maior pressão) para o lado direito aumenta o volume, e o lado direito vai ter que ejetar esse sangue para o tronco pulmonar, vai precisar de força e espaço para receber esse volume excedente. Átrio direito dilata porque está recebendo maior volume. Hipertensão pulmonar porque vai ser ejetado para o pulmão e consequentemente fica sobrecarregado. Cianose devido a congestão, não ejeta 100% de sangue, não é suficiente de sangue rico em O2. Pode gerar ICC no animal. DEFEITO DO SEPTO INTERVENTRICULAR A troca sanguínea ocorre entre os ventrículos esquerdo e direito. Defeito pequeno no septo interventricular: a pressão é sempre maior do lado esquerdo; os dois ventrículos contraindo ao mesmo tempo, a tendencia devido a pequena abertura é do lado esquerdo passar para o lado direito. O volume que passa não é grande porque a abertura é pequena. O pequeno volume junto ao que já chega fisiologicamente uma hora será ejetado para tronco pulmonar, o volume excedente que vai para o pulmão uma hora volta para o lado esquerdo, isso é, o lado esquerdo que fica sobrecarregado de volume, isso é, hipertrofia excêntrica do VE. Como os capilares do pulmão ficam congestionados, aumenta a pressão pulmonar (hipertensão pulmonar), em um segundo momento o lado direito tem que fazer mais força para vencer a pressão no tronco pulmonar para ejetar o sangue, ocasionando hipertrofia concêntrica do VD. Defeito grande no septo interventricular: ocorre uma troca de volume sanguíneo muito grande e os dois lados tanto esquerdo como direito podem gerar hipertrofia excêntrica. Cianose é intensa sangue rico em O2 mistura com sangue rico em CO2. ESTENOSE DA ARTÉRIA PULMONAR (TRONCO PULMONAR) Estenose é o estreitamento do lúmen. Na saída do tronco pulmonar no ventrículo direito estão as semilunares, três válvulas. O defeito está nas semilunares, elas devem ser separadas porque cada uma abre para cada lado, se elas estão unidas, na hora de abrir para o sangue passar elas não conseguem abrir totalmente fazendo a estenose. Ou quando de forma congênita tem um anel mais fibroso abaixo das válvulas, isso dificulta a saída do sangue do ventrículo direito para o tronco pulmonar. Espera-se que ocorra hipertrofia concêntrica do VD, porque está havendo aumento de pressão, há uma resistência para que o sangue saia. Dilatação pós-estenótica na artéria pulmonar, isso porque como o sangue sai em “jato”, faz uma força, após o ponto de estreitamento ocorre uma dilatação. ICD (ascite e efusão pleural). ESTENOSE AÓRTICA (SUBAÓRTICA) As semilunares no lado esquerdo não estão bem separadas. Ocorre basicamente o mesmo problema de estenose pulmonar, o que muda é o lado. Espera-se hipertrofia concêntrica do VE. Gerando ICE, seu sinal é o edema pulmonar. Lesões de “jato” na saída do VE ou na aorta ascendente. Pressão maior do lado esquerdo, causa micro lesões na aorta, o cálcio se deposita em cima dentro da parede da artéria aorta, calcificação do tipo distrófica. A artéria é elástica, a calcificação atrapalha ainda mais fisiologicamente, fica mais rígida aumentando a resistência. CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA é sempre quando aumenta as concentrações de cálcio no corpo. Isso é hipercalcemia. O cálcio se calcifica em tecidos moles. O aumento da ingestão de vitamina D aumenta a absorção de cálcio. Algumas plantas tem substâncias similar a vitamina D, são chamadas carcinogênicas, permitem a absorção do cálcio e consequentemente gerando hipercalcemia. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA ocorre em áreas de necrose, inflamação ou lesão. O cálcio fica em concentrações normais, porém devido a lesão o cálcio que estava normal se deposita em cima da lesão. Ocorre em muitas neoplasias. TETRALOGIA DE FALLOT É uma alteração somada por quatro defeitos juntos: estenose pulmonar, defeito do septo interventricular, hipertrofia concêntrica do VD e dextroposição da aorta (aorta se abre dentro do ventrículo direito, o contrário do fisiológico que é do lado esquerdo). O indivíduo já nasce assim, é congênito fator intrínseco. Principal característica é uma cianose intensa. A troca de sangue é tão intensa que as pessoas nasciam roxas. Corpo inteiro cianótico. Hipertrofia concêntrica do VD, menor espaço para o sangue que chega da veia cava caudal e cranial. O defeito nos dois septos mistura o sangue venoso e arterial. Deveria sair 100% de sangue pulmonar e aórtico, porém devido a estenose não sai 100% no tronco pulmonar. Parte do sangue oxigenado sai na aorta e o venoso também, sem fazer troca gasosa. O que vai para a aorta é sangue rico em CO2. Existe dois tipos de tetralogia de fallot, em ambas os indivíduos têm os quatro defeitos, a diferença é o defeito no septo interventricular em relação ao tamanho. Isso é, quando o defeito no septo interventricular é menor, o sangue passa do lado esquerdo para o direito, porém em menor quantidade, menor troa de sangue. Quando defeito é maior a troca de sangue é mais intensa e mais grave, sangue venoso vai para aorta. Como consequência espera-se hipoxemia crônica, corpo inteiro em estado de hipóxia. Cianose intensa. Policitemia (anemia é diminuição do número de hemácias. O aumento de hemácias é Policitemia), é uma tendencia do corpo tentar compensar a hipóxia, o rim detecta e produz eritropoietina ela vai na medula óssea estimulando o aumento da produção de hemácias, o corpo entende que aumentando o número de hemácias resolveria o problema de hipóxia, e não resolve. O problema é a troca sanguínea. PERSISTÊNCIA DO ARCO AÓRTICO DIREITO É a única doença em que não ocorre troca de circulação, impacta no trato gastrointestinal. O indivíduo durante o desenvolvimento embrionário tem 6 arcos aórticos, antes de nascer eles se involuem. No feto ele tem um arco no lado direito, denominado arco aórtico (IV), não involui, persiste. Ele deveria involuir e dar origem a subclávia direita. A aorta fica do lado esquerdo, porém mediana a ela passa o esôfago, se o arco direito persiste e volta se ligar na aorta do lado esquerdo, forma um anel em cima do esôfago, geralmente não há circulação sanguínea.Ocorre que gera uma estenose no esôfago, cranial ao ponto de estreitamento acontece uma dilatação, o animal começa a acumular alimento, desenvolve megaesôfago. Clínica: animal jovem, enquanto está mamando essa sintomatologia não fica clara, só fica evidente quando começa comer alimentos sólidos porque ela fica presa na parte cranial dilatando e regurgitando. Animal subdesenvolvido, não há absorção de nutrientes porque fica estagnado no esôfago, falha no crescimento. Pneumonia por aspiração, ocorre porque o esôfago passa dorsal a laringe, o alimento voltando constantemente na regurgitação pode fazer com que ocorra falsa via, só pode passar rápido, se aspirar alimento para traqueia ocorre irritação, pode descer para os brônquios havendo crescimento bacteriano, desenvolvendo a pneumonia. Que é o que gera o óbito no animal. ALTERAÇÕES DO PERICÁRDIO SOBRE O PERICÁRDIO: ele é um saco que envolve o coração e parte dos vasos da base. Parte da aorta dentro do pericárdio e parte fora, o mesmo para tronco pulmonar e veias. Ele é constituído de uma camada externa chamada de fibrosa e uma camada interna que é dividida em pericárdio parietal e pericárdio visceral. A parte serosa que é a parte interna do pericárdio, em sua subdivisão: parietal e visceral, a visceral é sinônimo de epicárdio que é a primeira camada do coração. As doenças de epicárdio estão juntas as doenças do saco pericárdico. O que altera o pericárdio altera o epicárdico. Dentro do saco do pericárdio existe uma quantidade de líquido, ele é translucido (claro), é o normal fisiológico, a quantidade dentro do saco é de aproximadamente 0,25ml/kg. Quem produz o fluido é as próprias células que estão no epicárdio e ele é renovado continuamente, e quem remove os líquidos são os vasos linfáticos a fim de ser renovado, sua função é lubrificar a superfície cardíaca. Efusão: saída de líquido do vaso para o espaço ou para alguma cavidade. EFUSÕES PERICÁRDICAS – acúmulo de fluído/líquido dentro o saco pericárdico. O fluído pode ser de três tipos: TRANSUDATO (hidropericárdio); HEMOPERICÁRDIO (hemorragia - sangue); PERICARDITE (exsudato - origem inflamatória, inflamação do pericárdio). Pericardite é inflamação do saco pericárdico e epicárdio. Para débito cardíaco precisa-se de retorno venoso, resistência na artéria para que haja pressão e contratilidade depende do miocárdio. Não existe sístole sem diástole, primeiro ocorre a diástole para que depois ocorra a sístole. Diástole é o relaxamento do átrio e ventrículo para receber o volume de sangue tanto no lado direito quanto esquerdo. Para que o coração encha precisa ter um espaço fora do coração. Se algum dos líquidos acumula no espaço, o espaço que tinha para entrar em diástole fica ocupado e eleva uma pressão intra pericárdica, problema é que comprometendo a diástole compromete a sístole. Se não enche 100% o coração ele não ejetará 100%. A pressão intra pericárdica passa ser maior que a pressão diastólica. Quando do lado direito não consegue receber todo volume ele fica retido. Se inicia com a insuficiência cardíaca direita porque do lado esquerdo a camada do miocárdio é mais grossa, o líquido fora faz uma pressão maior no coração e quem menos sofre é o lado esquerdo porque é mais forte, o lado direito que a parede é PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA mais fina ele sofrerá mais, não consegue encher mais. À medida que o líquido aumenta passa a impactar o lado esquerdo gerando a insuficiência cardíaca esquerda. Quando por algum motivo ocorre o acúmulo anormal de líquido (efusão) dentro do saco pericárdio, a consequência será uma insuficiência cardíaca. Uma doença x interfere no pericárdio, e consequentemente interfere na função do coração. O ACÚMULO DE LÍQUIDO AO REDOR DO PERICÁRDIO PODE SER AGUDO OU CRÔNICO. Pode levar minutos, horas, dias ou meses. Tem consequências diferentes. CRÔNICO: o acúmulo de líquido ao redor do pericárdio nessa situação leva a queda da pressão arterial, os rins detectam a queda da pressão arterial e ativa os sistemas renina angiotensina aldosterona. A angiotensina II vai na glândula adrenal e ativa a aldosterona, a aldosterona nos rins aumenta a absorção de sódio e água, aumentando o retorno venoso para compensar a pré carga. Aumentando o retorno venoso ocorre a congestão. Ocasionando em insuficiência cardíaca congestiva. Quando o acúmulo é lendo, dias e semanas, do tempo de o coração fazer a adaptação, podendo evoluir para insuficiência cardíaca congestiva. Paciente apresente os sinais de IC (letargia, fraqueza, intolerância a exercício, anorexia...) AGUDO: acúmulo de líquido rápido ao redor do pericárdio, horas. Rapidamente ocorre o aumento da pressão intra pericárdica, afeta a diástole e não dá tempo de compensar como no crônico. Ou seja, paciente apresenta sinais de insuficiência cardíaca, quadro emergencial. Se não fizer uma pericardiocentese (punção no pericárdio com seringa para drenar o líquido), o paciente morrerá em questão de horas. A queda da pressão arterial leva a choque cardiogênico. (Paciente com hipotensão, desmaio, dificuldade respiratória, choque cardiogênico e morte súbita). Nas veias pulmonares que chega o retorno venoso, para chegar 100% do lado direito e esquerdo precisa relaxar totalmente, se tem pressão externa e não relaxa não recebe 100%, o sangue acumula nas veias pulmonares, aumenta a pressão hidrostática e gera edema acudo ocasionando em dispneia. É o tamponamento cardíaco que vai levar o indivíduo crônico a insuficiência cardíaca e se for agudo leva a choque cardiogênico. O tamponamento é como se o coração tentasse entrar em diástole e tem muito líquido fora, ele tenta fazer sua função e não consegue. HIDROPERICÁRDIO É o acúmulo de líquido no espaço pericárdico. As causas são as mesmas causas de edema: aumento de pressão hidrostática, líquido extravasa do capilar para o espaço, nesse caso no espaço do pericárdio, ocorre uma efusão. Pode ocorrer por diminuição de pressão oncótica, ocorre quando tem diminuição de proteínas plasmáticas principalmente albumina. Ou pode ocorrer devido a situações em que ocorre obstruções linfáticas. Efusões pericárdicas não são doenças. São consequências de uma doença!!! Qualquer doença cardíaca vista nas aulas passadas que leve ao coração ficar insuficiente, faz ele ficar congesto, com a cogestão ocorre aumento da pressão hidrostática e ocorre extravasamento de líquido. Nesse caso agora, no pericárdio. Uma das causas é a hipoproteinemia, isso porque quem mantém a pressão oncótica são as proteínas plasmáticas. Situações em que perde proteína, ou diminui a produção de proteína do corpo, isso afetará a pressão oncótica. Em casos de subnutrição por exemplo, pode gerar edema. Verminoses, por exemplo, os parasitos antes que o corpo absorva os nutrientes eles se alimentam dos nutrientes, não absorve as proteínas que precisa podendo haver edema nesse caso também. Doenças hepáticas podem ocasionar casos de hipoproteinemia e gerar edema. Doenças renais crônicas podem gerar edema também porque a lesão nos podócitos (glomerular) afeta a barreira de filtração que impede a eliminação das proteínas ocasionando em hipoproteinemia, diminuição da pressão oncótica seguido de edema. Proteinúria é rim, perdendo proteínas podendo gerar edema, pressão oncótica baixa e extravasamento de líquido. Massa neoplásicas no coração também gera edema porque obstrui os vasos linfáticos que são responsáveis pela drenagem dos líquidos para renovação. Hidropericárdio lento dá tempo de entrar em hipertrofia concêntrica e gerar insuficiência cardíaca. Se é rápido gera choque cardiogênico. HEMOPERICÁRDIO É o acúmulo de sangue no saco pericárdio. As causas podem ser ruptura do coração ou ruptura dos vasos que saem do coração e parte estãodentro do pericárdio. Uma endocardite atrial ulcerativa, que é uma inflamação do endocárdio no átrio do tipo ulcerativa a causa é a volemia. Animal com insuficiência renal não consegue eliminar ureia e creatinina, esse aumento das concentrações delas é denominado azotemia (aumento de compostos cetônicos + lesões extra renais), sua alta concentração na corrente sanguínea são irritativos. Esse sangue com compostos irritativos vem dos rins → veia cava caudal → chega ao coração repleto de ureia e amônia, entra na câmara cardíaca e é irritativo, o animal com insuficiência renal crônica leva a uremia (ocorre quando tem azotemia), esse sangue leva a uma endocardite, se essa inflamação for grave gera uma úlcera (lesão escavada), o tecido fica frágil e pode romper extravasando sangue do átrio para dentro do pericárdio, ocasionando no hemopericárdio. Traumas também pode ocasionar hemopericárdio, porque é comum a ruptura de grandes vasos (veia cava cranial, caudal, aorta...), parte está dentro do saco pericárdio e seu rompimento faz com que o sangue entre nele. Ruptura de hemangiossarcomas é uma neoplasia maligna proveniente de vasos sanguíneos, é frágil. É comum em baço, porém como é maligna é comum a metástase dessa massa ir para o coração, especificamente no átrio direito. Ela é friável e a qualquer momento pode se romper fazendo com que o indivíduo tenha morte súbita. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA No hemopericário não existe tamponamento crônico, é sempre tamponamento agudo ou superagudo. Aneurisma (Spirocerca lupi) - é um parasito de cão, quando ele migra na parede da artéria gerando uma arterite, ele predispõe a aneurisma. A aneurisma é o enfraquecimento da parede e uma das principais consequências é a ruptura, extravasando sangue. É comum o rompimento da aorta fora do pericárdio, ocasionando hemorragia. É menos comum a migração na aorta dentro do pericárdio, a hemorragia dentro do pericárdio é chamada de hemopericárdio o animal vai a óbito por choque cardiogênico. PERICARDITE Processo inflamatório do pericárdio (folheto parietal e visceral). A exsudação está ligada a inflamação. Diferença de transudato e exsudato: o transudato é um fluido de baixo conteúdo proteico, resulta de alteração de pressão hidrostática. O exsudato é um fluido inflamatório extravascular com alta concentração de proteínas com presença de células inflamatórias. Causas de edema: aumento de pressão hidrostática, diminuição de pressão oncótica, obstrução linfática e aumento de permeabilidade. No início da inflamação tem um transudato porque há edema. Passados alguns minutos, horas e dias o processo inflamatório começa a extravasar de dentro do vaso para o local, elementos (células, hemácias, proteínas...). O exsudato gera tipos de exsudato (seroso, fibrinoso e supurado), e o que caracteriza o tipo é o elemento que extravasa e o que é mais observado. Os exsudatos podem evoluir para outro tipo. Inflamação fibrinosa - quando a vasodilatação é muito intensa, permite que o fibrinogênio (ele auxilia na coagulação dentro do vaso) saia dos vasos, extravasando para fora dos vasos, ele coagula em fibrina, ela é predominante. Ela é aguda. Inflamação aguda e crônica – diferencia por tempo e tipo de infiltrado. Aguda dura minutos/horas/dias. Crônica dura semanas/meses/anos, tecido não volta ao normal gera uma fibrose. Começa com inflamação aguda e pode evoluir para crônica. Resumindo na inflamação crônica sempre tem fibrose, fase crônica ocorre migração de fibroblastos e no local de destruição devido a uma lesão, os fibroblastos passam a produzir colágeno, ele forma um tecido fibroso, o colágeno se adere ao tecido, nisso se forma uma cicatrização, para resolver algo crônico. Na pericardite há inflamação do folheto parietal e da parte visceral, inclui o epicárdio. São classificadas em três tipos: pericardite serosa (muito vaso dilatação, líquido claro), pericardite fibrinosa (mais comum), pericardite purulenta (acumula ao redor do saco pericárdico muito pus). Não existe pericardite catarral porque não há células caliciformes nesse tecido, existe células caliciformes apenas em respiratório e digestório. Pericardite fibrinosa: a pericardite geralmente não é primária, para o agente chegar no pericárdio ele tem que entrar pela corrente sanguínea. Isso é, as pericardites estão quase sempre associadas a doenças sistêmicas. O pulmão tem uma pleura parietal e visceral. A parietal recobre as costelas e a visceral recobre o pulmão. Ao redor do coração tem o pericárdio, anatomicamente ficam muito pertos. Se um agente infeccioso entra no sistema respiratório, primeiramente ele causa um processo inflamatório nos alvéolos se ele for involuindo no parênquima pode chegar a pleura que recobre o parênquima. A pleura tem muita proximidade com o pericárdio, o agente infeccioso não fica restrito apenas ao pulmão, poderá ir para o pericárdio, gerando inflamação. A pericardite fibrinosa aguda tem um aspecto de pão com manteiga. Ela pode evoluir para crônica, nela espera-se que seja fibrosa, ocorre a substituição da fibrina por um tecido fibroso, deposição de colágeno → cicatriz. Na pericardite fibrinosa aguda o indivíduo pode morrer por choque cardiogênico por tamponamento; sepse. E na pericardite fibrinosa crônica pode desenvolver para insuficiência cardíaca congestiva. Retículo Pericardite Traumática (supurada): pode ter só pus ou pode ser fibrino purulenta, isso é, tem fibrina e pus. Causada pela presença de corpos estranhos que perfuram o retículo. Só ocorre em ruminantes. O animal na hora de se alimentar ingere um objeto, ele vai para o rúmen e ele contrai, as partículas descem para o retículo, e quando começa a contrair o corpo estranho ponte agudo pode perfurar o retículo e ocasionar em reticulite, ou perfurar o diafragma, e o coração está cranial ao retículo, se perfura o reticulo pode perfurar o pericárdio e por isso é denominada reticulo pericardite purulenta. Cavidade toráxica é esterico mas o objeto que vem do rúmen leva bactérias para o tórax fazendo inflamação, ativando sistema imune e atrai neutrófilos → pericardite fibrino purulenta. ALTERAÇÕES DO MIOCÁRDIO ▪ Miocardites ▪ Miocardiopatia dilatada ▪ Miocardiopatia hipertrófica ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS MIOCARDITES Raramente é uma causa primária. É associada a uma grande variedade de doenças sistêmicas (bactéria, vírus, parasito...), isso é, mais comum como causa secundária. Podem ser causadas por extensão das pericardites ou as lesões do endocárdio podem evoluir para o miocárdio. Miocardites são processos inflamatórios que serão classificados baseando em seu aspecto externo/morfológico ou microscópico. Classificações morfológicas: Miocardite linfocítica/virais: PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA Espera-se encontrar linfócitos. Geralmente estão ligadas a vírus, como: Parvovirose canina (filhotes); Febre aftosa (bezerros); Vírus da encefalomiocardite; Vírus da febre catarral maligna. As miocardites virais levam a miocardite linfocítica. Ocorre a entrada de linfócitos em miocardites VIRAIS, não se espera neutrófilos. A febre aftosa não gera lesões apenas na cavidade oral, mas também causa miocardite linfocítica. O parvovírus e a febre aftosa atingem o trato gastrointestinal e pele, os vírus alcançam a corrente sanguínea e os animais jovens têm os cardiomiócitos (células do coração) com alta atividade mitótica, o vírus é atraído pelos cardiomiócitos. Os vírus penetram nos cardiomiócitos e ocorre a lesão inflamatória, linfócitos são atraídos para o local e causam essa lesão. Miocardite supurativa: Espera-se encontrar neutrófilos e pus, na presença de bactérias piogênicas (Listeriose – Listeria monocytogenes; Actinobacillus equuli; Trueperella– Arcanobacterium pyogenes; Streptoccocus suis). Tipo de inflamação purulenta ou supurada. É comum causar endocardites nas válvulas principalmente na válvula tricúspide. Pode evoluir do endocárdio para o miocárdio. Miocardite parasitária: Causadas pelas/os: Taenia saginata – Cisticercus bovis; T. solium – Cisticercus cellulosae; Sarcocystis sp.; Echinococcus granulosos – Cisto hidático. Importante em inspeção de carne a fim de condenar ou reaproveitar a carcaça. Miocardite necrosante: É causada por protozoários. Alguns: Neospora caninum; Toxoplasma gondii; Trypanossoma cruzi; Leishmania chagasi. É uma inflamação que acarreta necrose do miocárdio. Miocardite hemorrágica: O único agente causador é chamado Clostridium chauvoei. Causa o carbúnculo sintomático. Produzem toxinas que acomete músculo esquelético e cardíaco. Achados de necropsia: Encontra-se áreas escuras de necrose no coração a vermelho e as vezes crepitante na presença de gás. Miocardite granulomatosa: Causada por agentes de difícil remoção, normalmente fungos e tuberculose – Micobacterium bovis. Esses agentes formam granulomas, o sistema imune atrai macrófagos para o local (infecções crônicas), os macrófagos se unem e tentam fagocitar o agente nisso produz necrose caseosa e migram linfócitos para o núcleo e ao redor fica os fibroblastos que formam uma capsula que é os granulomas. São infecções crônicas, normalmente. CARDIOMIOPATIA DILATADA CANINA É causa primária, isso é, afeta diretamente o miocárdio, ocorre diminuição da contratilidade cardíaca e dilatação generalizada das câmaras cardíacas. O cão nesse caso adquire insuficiência cardíaca congestiva bilateral (esquerda e direita). É uma doença comum em cães de grande porte, mas pode ocorrer em felinos. No caso dos felinos ela ocorre devido a deficiência de timina (vitamina B1). Dificulta contratilidade, animal não consegue manter débito cardíaco, ativa SRAA – Sistema Renina Angiotensina Aldosterona, congestiona e tem muito retorno venoso para compensar e vai dilatar. Pode haver tanto cardiomiopatia primária quanto secundária. A primária tem causas genéticas. O paciente vai desenvolver tudo que foi falado na aula de insuficiência cardíaca. CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA FELINA (CMH) Caracterizada pelo comprometimento do relaxamento ventricular e pela hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo. Alterações da pressão de enchimento ventricular com dilatação do átrio esquerdo, e com consequente desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva. A musculatura fica mais contraída. As causas são genéticas e estão relacionadas a baixa quantidade de taurina. A principal complicação da cardiomiopatia hipertrofia é a formação de trombos. O sangue vem das veias pulmonares, chega no átrio e ventrículo, não cabe 100% do volume, um pouco fica no átrio e é por isso que ele dilata. Quem entra em hipertrofia é sempre o ventrículo, o átrio dilata e o sangue fica ali. Sangue não pode ficar parado e isso causa os trombos. Os trombos se fragmentam em embolos, vai para o ventrículo esquerdo. A tendência principal do trombo é seguir caudalmente a aorta, o grande problema é quando ele segue e para nas ilíacas (calibre diminui) e obstrui. A obstrução dele leva a hipóxia e isquemia no membro pelvino (tromboembolismo arterial). DIROFILARIOSE PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA É uma doença causada pelo helminto Dilofilaria immitis (verme do coração). Os parasitos adultos vivem na artéria pulmonar e ventrículo direito. Eles ficam dentro do coração, logo não cabe todo o retorno venoso, vai gerar insuficiência cardíaca congestiva direita. Tronco pulmonar gera hipertensão pulmonar. Os parasitas ficam constantemente nas artérias, isso é, ocorre lesão contínua nas artérias e isso expõem os fatores da coagulação, ou seja, predispõe a formação de trombos, ele vai para o pulmão e gera embolia pulmonar. CID – Coagulação intravascular disseminada. O sangue não coagula dentro do vaso, isso se chama trombo. A CID é encontrada em qualquer doença infecciosa (consequência) ou em quadros de sepse. Ela ocorre quando se tem uma lesão extensa e generalizada ou reação vascular generalizada no endotélio, expõe os fatores de coagulação. Formação de micro trombos. ALTERAÇÕES DO ENDOCÁRDIO DEGENERATIVAS MINERALIZAÇÃO DO ENDOCÁRDIO Deposição de cálcio e outros minerais. Há dois tipos: metastática e distrófica. Na metastática a causa sempre é hipercalcemia (intoxicação por vitamina D que aumenta absorção de cálcio, ou dietas ricas em cálcio), ocorre calcificação de tecidos moles (pulmão, estômago, coração, artéria...). A calcificação distrófica é quando o cálcio está normal, porém tem uma área de necrose ou inflamação e ali na lesão o cálcio se deposita. Outra causa é endocardite atrial ulcerativa (uremia) em cães, a ureia é tóxica e seu aumento causa uma inflamação no átrio onde pode ocorrer calcificação do tipo distrófica. ENDOCARDIOSE VALVULAR A termologia “ose” é sempre degenerativa. Não tem inflamação e infecção. Sinonímia: fibrose valvular, degeneração mixomatosa, degeneração mucoide. Envolve a parede do endocárdio, as válvulas são sua expansão. As válvulas para abrirem e fecharem precisam ter colágeno e elastina. Nessa patologia ocorre a substituição de colágeno e elastina por glicosaminoglicanos, e quando eles se depositam formam um tecido chamado mixomatoso ou mucoide. Isso ocasiona em encurtamento das válvulas e elas não se tocam, ocorre falha no fechamento e isso leva a insuficiência cardíaca e o sangue faz um refluxo de sangue, ele retorna para o átrio. Leva as válvulas ao prolapso. Doença de indivíduos mais idosos, mas pode ser genético também. As consequências são uma insuficiência valvular (não faz sua função que é fechar), gera insuficiência cardíaca congestiva, se for na válvula mitral é insuficiência cardíaca esquerda. Dilatação do átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Problema de contratilidade. Lesão progressiva, não tem cura e sim tratamento. ALTERAÇÕES DO ENDOCÁRDIO INFLAMATÓRIAS ENDOCARDITE VALVULAR A termologia “ite” é inflamatória e infecciosa. É um processo inflamatório do endocárdio (envolve parede e válvula). Na endocardite valvular, acometimento da válvula por bactérias ou desgaste fisiológico. Há também a endocardite mural. A endocardite valvular é mais frequente porque envolve um desgaste valvular com o passar do tempo. 90% das endocardites são bacterianas, as bactérias depositam e colonizam a válvula. Na maioria das espécies é na válvula mitral e nos bovinos é na tricúspide. A endocardite valvular tem um desgaste fisiológico de abrir e fechar, as bactérias se depositam facilmente em cima da válvula do que na parede (mural). Por isso que a valvular é mais comum que a mural. Algumas bactérias responsáveis por causar a endocardite: Streptococcus spp.; Escherichia coli; Actinomyces pyogenes.... Endocardite é secundária, ocorre após o processo infeccioso primário. As causas são quaisquer infecções.: ▪ Lesões cutâneo-exsudativas (traumáticas contaminadas); ▪ Endometrite pós-parto; ▪ Piometra; ▪ Prostatite; ▪ Sítios cirúrgicos infectados; ▪ Miosiste associada à injeção com agulha infectada; ▪ Doença periodontal / Remoção de tártaro. Pode evoluir para insuficiência cardíaca congestiva, infarto em outros órgãos por trombo embolismo ou pode gerar um processo infecioso em outro órgão se ele se desprender com as bactérias (hepatite, nefrite...) Achados de necropsia: lesão é vegetativa (massas amareladas). Variação e graus (leve a avançado). ▪ Massas aderidas de coloração amarelo- avermelhada / amarelo-acinzentada (“vegetações”) sobre as válvulas; ▪ Estruturas friáveis que se rompem com facilidade causando erosões na superfície das válvulas;PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA ▪ Lesões crônicas: depósitos de fibrina são organizados por tecido conjuntivo fibroso (massas verrugosas). Devido as massas aderidas sobre as válvulas, o fluxo sanguíneo não circula adequadamente e isso predispõem a formação de trombos. Os trombos são friáveis, circulam mais comumente caudalmente pela aorta ou cranialmente (cranial: artéria braquiocefálica > trombo bicarótido > artéria carótida interna). Se o trombo para próximo ao núcleo do nervo facial, leva a um quadro de isquemia, causa um infarto na área e a sintomatologia pode ser paralisia de face, por exemplo. Na circulação caudal de trombo (comum), pode ocorrer infarto renal que pode ocasionar no desenvolvimento de insuficiência renal na área. Ocorre se o trombo pegar na artéria renal. É comum descer na celíaca e ir para fígado, as bactérias ocasionam hepatite (inflamação no fígado). Ou pode parar nos rins e causar nefrite. Se o trombo vai na artéria celíaca mesentérica, pode seguir artéria mesentérica cranial e obstruir as artérias mesentéricas ocasionando em infarto intestinal. Outra opção é ele descer pelas veias esplênicas e causar infarto no baço. Lembrando que os trombos são friáveis, quando eles se desprendem gera embolos (rolhas, tampões) e isso se chama embolo séptico. ENDOCARDITE MURAL É geralmente uma extensão da inflamação valvular. Causas: Equinos – fixação de larvas de Strongylus vulgaris; Bovinos – carbúnculo sintomático (Clostridium chauvoei); Cão – endocardite atrial ulcerativa (uremia). As bactérias colonizam a parede, causa ulcerações e coagulam ocasionando trombos. Consequências são: calcificações ou mineralizações distróficas; ulcerações e perfurações na parede que levarão a hemopericárdio e o indivíduo morre de choque cardiogênico. NEOPLASIAS DO CORAÇÃO Pode ser primária ou secundária. Toda neoplasia tem origem em tecido. Neoplasias Primárias: ▪ Rhabdomioma (benigno) / Rhabdomiossarcoma (maligno) – raros, ocorre na musculatura. ▪ Neurofibroma, origem em tecido de sistema nervoso. ▪ Hemangiossarcoma - Átrio direito / aurícula direita, origem em vasos, é o mais comum. Neoplasias Secundárias: ▪ Linfossarcoma: + frequente em bovinos ▪ Carcinomas ▪ Hemangiossarcoma (metástase do baço) Os cães com hemangiossarcoma no baço gera metástase no átrio direito (coração). As consequências são: rompimento, sangue cai na cavidade abdominal isso é chamado de hemoabdomén e o animal morre por choque hipovolêmico. Se rompe no átrio direito o sangue cai para dentro do pericárdio se chama hemopericárdio e o animal morre por choque cardiogênico. Hemangiossarcoma é uma neoplasia de vaso sanguíneo (são frágeis). ALTERAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS Alterações de artérias, veias e vasos linfáticos. ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS ARTERITES A principal alteração inflamatória nas artérias são as arterites. As ARTERITES estão ligadas a doenças infecciosas, primeiro o animal tem uma doença sistêmica e ela causa inflamação no tecido acometendo as artérias. Principais causas: agentes infeciosos; parasitos (migram pelas artérias gerando processo inflamatório); mecanismos imunomediados (corpo produz anticorpos que se depositam nas artérias, causando lesões hemorrágicas); doenças virais sistêmicas; processos inflamatórios e necrosantes em vasos e tecidos adjacentes. A principal consequência de arterite é aneurisma (enfraquecimento da artéria). Ocorre a perfuração da artéria a fim de chegar no esôfago, a consequência da ruptura é hemotórax, choque hipovolêmico. Consequências das arterites: trombo e aneurismas. Ocorre inflamação, enfraquece a parede gerando aneurisma que causa lesão subendotelial predispõem a formação de trombo. E isso pode acarretar para esofagites parasitárias. ANEURISMAS Dilatação saculiforme localizada numa área enfraquecida da parede de um vaso. Pode ocorrer em artérias e veias. Mais frequente em artérias, principalmente nas elásticas. Causas: Processos inflamatórios – Arterites; Processos Degenerativos – Aterosclerose; Deficiência de cobre e vitamina C - Necessários para a síntese de colágeno; Parasitos - Spirocerca lupi (artéria aorta - cães), Strongylus vulgaris (artéria mesentérica – equídeos); Congênita. Consequências: hemorragia podendo ser fatal ou não. Se ocorrer na artéria aorta gera choque hipovolêmico, se for na artéria coronária gera choque cardiogênico e se for no cérebro gera choque neurogênico. PATOLOGIA VETERINÁRIA – KARITHA KELLY MOTA DE OLIVEIRA O sangue desvia devido ao aneurisma, isso causa um turbilhonamento que vai levar a predispõem a lesões que expõe o colágeno subendotelial formando trombos. A formação de trombos leva a formação de embolos que vão para alguns órgãos levando a isquemia e infarto. TROMBOSE Coagulação do sangue dentro do sistema cardiovascular nos animais vivos. Trombose é uma consequência de 3 tipos de alterações (Tríade de Virchow), agindo isolada ou simultaneamente. Tríade de Virchow: ▪ Lesão da parede vascular ▪ Fluxo sanguíneo anormal (estase) ▪ Hipercoagulabilidade do sangue Causas: lesões endoteliais por meio de processos inflamatórios. Fluxo sanguíneo alterado (ICC – hipóxia); Turbilhonamento do sangue (aneurismas, bifurcações); Estado de hipercoagulação (septicemias, toxemia). Tromboembolismo aórtico felino (cardiomiopatia hipertrófica felina) – conformação de trombos nas ilíacas. Strongylus vulgaris (equinos) – ficam na aorta levando a arterite.(trombo – arterite – aneurisma). A estrongilose equina causa infarto no cólon. Principais consequências da trombose: Além de isquemia e infarto, ela depende da localização; tipo anatômico da circulação (terminal, colateral ou dupla); vulnerabilidade dos tecidos à hipóxia. Trombo pode evoluir para êmbolo (tromboembolismo). O embolo pode evoluir para infarto (existe dois tipos: branco e vermelho). Existe três tipos de êmbolos: sólido, gasoso, líquido. ÊMBOLO SÓLIDO: tromboembolismo, êmbolos sépticos (lado esquerdo), no ruminante é mais comum na tricúspide lado direito (ocasiona em pneumonia), êmbolos neoplásicos (neoplasia primária, nela se desprende uma massa, sólida, se desloca e para no local gerando metástase). Mais comum. ÊMBOLO GASOSO: bolhas de ar (mais raros), injeção de ar por EV (fluidoterapia). ÊMBOLO LÍQUIDO: ligado a gotículas de gordura. Fraturas de ossos longos (medula amarela no tecido adiposo), as gotículas caem e formam corpos estranhos. INFARTO Infarto (conceito): Necrose que se instala após interrupção do fluxo sanguíneo. Infarto branco ou isquêmico: ocorre com a baixa quantidade de sangue arterial. Área de necrose de coagulação (isquêmica) em território com circulação do tipo terminal (rins, coração, baço). Envolve sempre artéria, sangue oxigenado, sai do coração e vai em direção ao órgão. Ele sempre ocorre por diminuição de sangue oxigenado. Infarto vermelho ou hemorrágico: causado pelo aumento de sangue venoso. Área de necrose edematosa e hemorrágica, em território com circulação preferencialmente do tipo dupla ou colateral (fígado, pulmão). Hiperemia passiva (congestão). Estase, parada de sangue no órgão. Ambos os infartos (branco e vermelho) podem levar a hipóxia. Infarto branco e vermelho apesar de gerar a mesma “coisa”, sua origem é diferente. Em resumo, isquemia sempre vai gerar infarto branco/isquêmico, já a congestão sempre vai gerar um infarto vermelho/hemorrágico. A gravidade depende se o órgão é de circulação dupla, colateral ou terminal. As consequências do tromboembolismo para causar infarto depende de tamanho do trombo e onde ele para e a natureza do órgão. Circulação de sangue do coração: o coração recebe sangue vermelho arterial através da artéria coronária, o sangue sai pela veia coronária. É um
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