Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA DANIELLY WISKUTZKI ALVARENGA DARLA DE OLIVEIRA PIRES O EFEITO DA CRIOTERAPIA NA SINOVITE DE PESSOAS COM OSTEOARTRITE DE JOELHOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA JUIZ DE FORA 2019 DANIELLY WISKUTZKI ALVARENGA DARLA DE OLIVEIRA PIRES O EFEITO DA CRIOTERAPIA NA SINOVITE DE PESSOAS COM OSTEOARTRITE DE JOELHOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientadora: Professora Dra. Jennifer Granja Peixoto - UFJF Coorientador: Professor Dr. Diogo Carvalho Felicio - UFJF JUIZ DE FORA 2019 RESUMO Introdução: Osteoartrite (OA) é a doença crônico-degenerativa mais frequente no mundo na qual acredita-se que a presença de sinovite tenha um papel patogênico. O aumento da temperatura intra-articular gera destruição da cartilagem e de outros tecidos. Crioterapia consiste na diminuição da temperatura do tecido, com efeito analgésico, redução de edema e do processo inflamatório. Objetivo: Buscar e avaliar o nível de evidência, por intermédio da análise da qualidade metodológica de estudos, do efeito da crioterapia na sinovite de pessoas com OA de joelhos. Materiais e métodos: É uma revisão sistemática, baseada nas recomendações PRISMA, onde foram selecionados artigos nas bases de dados Physioterapy Evidence Database (PEDro), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE - via PubMed), Web of Science, Cochrane Library, Cochrane Central, PubMed e Scopus. Dois revisores selecionaram e avaliaram os estudos considerados pertinentes e as discordâncias foram solucionadas por consenso e por meio de um terceiro revisor. Resultados: A estratégia de busca elaborada retornou um total de 131 estudos e, pela análise dos títulos, 05 foram selecionados e tiveram seus resumos avaliados. Ademais, 3 artigos foram selecionados por busca manual e tiveram seus resumos avaliados. Por fim, quatro artigos foram selecionados, mas não puderam ser analisados na íntegra. Conclusão: Até o presente momento, não há evidências que comprovem a eficácia da crioterapia no tratamento da sinovite de pessoas com OA de joelhos. Palavras-chave: Crioterapia. Osteoartrite. Sinovite. Joelho. http://www.scielo.org/ ABSTRACT Introduction: Osteoarthritis (OA) is the most common chronic-degenerative disease in the world in which the presence of synovitis is believed to play a pathogenic role. Increased intra-articular temperature causes destruction of cartilage and other tissues. Cryotherapy involves the reduction of tissue temperature, with analgesic effect, reduction of edema and the inflammatory process. Objective: To search for and evaluate the level of evidence, through the methodological quality of studies, of the effect of cryotherapy on synovitis in people with knee OA. Materials and methods: It is a systematic review, based on the PRISMA recommendations, where articles were selected in databases Physioterapy Evidence Database (PEDro), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE - via PubMed), Web of Science, Cochrane Library, Cochrane Central, PubMed and Scopus. Two reviewers selected and evaluated the studies considered relevant and the disagreements were resolved by consensus and through a third reviewer. Results: The elaborated search strategy returned a total of 131 studies, and, through the analysis of the titles, 05 were selected and had their summaries evaluated. In addition, 3 articles were selected by manual search and had their abstracts evaluated. Finally, four articles were selected, but could not be analyzed in their entirety. Conclusion: To date, there is no evidence to prove the efficacy of cryotherapy in treating synovitis in people with knee OA. Keywords: Cryotherapy. Osteoarthritis. Synovitis. Knee. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADM Amplitude de movimento AINEs Anti-inflamatórios não esteroides ATJ Artroplastia total de joelho CCI Coeficiente de correlação intraclasse COMUT Comutação bibliográfica do Centro de Difusão de Conhecimento da UFJF DeCS Descritores em Ciência da Saúde ECA Ensaio Clínico Aleatorizado EVA Escala Visual Analógica LILACS Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online MeSH Medical Subject Headings OA Osteoartrite OC Ondas curtas PEDro Physiotherapy Evidence Database SciELO Scientific Eletronic Library Online UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora UFSCar Universidade Federal de São Carlos WOMAC Western Ontario and McMaster Universities Index SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8 2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 10 3 HIPÓTESE ...................................................................................................................... 10 4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 11 5 RESULTADOS ............................................................................................................... 14 6 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 18 7 LIMITAÇÕES .................................................................................................................. 23 8 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 25 ANEXO A – PRISMA: Principais Itens para Relatar Revisões sistemática e Meta-análises .................................................................................................................... 30 ANEXO B – Escala PeDro .............................................................................................. 31 ANEXO C – Recomendações CONSORT .................................................................... 32 8 1 INTRODUÇÃO Osteoartrite (OA) é a doença crônico-degenerativa mais frequentes em todo mundo (HINMAN et al., 2002), na qual há degradação da cartilagem articular, espessamento do osso subcondral, formação de osteófitos, variados graus de sinovite, degeneração de ligamentos, hipertrofia de meniscos e cápsula articular, além de alterações nos músculos periarticulares, nervos, bursas e placas de gorduras (LOESER et al., 2012). Estima-se que 16,2% da população brasileira apresentem OA, sendo mais comum em mulheres, nas quais a articulação do joelho é uma das mais acometidas (PAULA, SOARES E LIMA, 2009). Cerca de 50% dos pacientes com OA sintomática nos joelhos, mesmo nos quadros da doença precoce, apresenta sinovite de variado grau (AYRAL et al., 2005; BENITO et al., 2005). Esta está fortemente ligada a presença e progressão da dor nos joelhos (odds ratio [OR] de 1,5, IC 95% 0,9 a 2,7 e OR de 2,8, IC 95% 1,3 a 6,2 para pouca e extensa sinovite respectivamente) (BAKER et al., 2010) e possivelmente perda de cartilagem(OR ajustado 2,7, IC 95% 1,4 a 5,1; p = 0,002) (ROEMER et al., 2011), embora a relação com a mudança estrutural seja menos consistente. Anteriormente, acreditava-se que a sinovite, que está associada com dor, gravidade da doença e progressão da OA no joelho, era uma conseqüência do dano articular subjacente. Mais recentemente, no entanto, acredita-se que é provável que a sinovite tenha um papel patogênico na OA e, desta forma, pode ser um precursor e não apenas uma conseqüência de falha articular (ATTUR et al., 2010; WENHAM, CONAGHAM, 2010). Dessa maneira, a sinovite parece ser um alvo racional para a intervenção, pois esta já não é percebida como um espectador inocente em OA (GLYN-JONES et al., 2015; ATTUR et al., 2010). Adicionalmente, a sinovite induzida no joelho gera uma diminuição na função do quadríceps, o que pode ser explicado pela inibição de impulsos aferentes gerados pela distensão da capsula articular (MCNAIR, MARSHALL, MAGUIRE, 1996). Consequentemente, parece adequado supor que essa alteração também ocorra em pessoas com OA de joelhos com sinovite, havendo, assim, um atraso no processo de reabilitação e retorno desses indivíduos às suas atividades funcionais (TORRY et al., 2000). 9 Apesar da repercussão adversa da sinovite na estabilidade articular (RUTHERFORD, 2014) e da limitação imposta por ela na cinesioterapia, este é um achado que, usualmente, costuma ser negligenciado na OA de joelhos. Em contrapartida, tratamentos específicos para esta alteração poderiam ser benéficos tanto para os sintomas como para as mudanças estruturais que ocorrem nesta doença (GOLDRING, GOLDRING, 2007). Isto porque, na OA, enzimas destrutivas são produzidas e se tornam mais ativas com o aumento da temperatura, resultando na destruição da cartilagem e dos outros tecidos (HARRIS, MCCROSKERY, 1974). Tal destruição aumenta rapidamente com temperaturas entre 35-36°C, quando a região está em processo de sinovite ativa (HARRIS, MCCROSKERY, 1974). Porém, em torno de 30°C a atividade dessas enzimas se torna praticamente desprezível (HARRIS, MCCROSKERY, 1974). Desta forma, o conhecimento da redução mensurável da sinovite é necessário para servir como prova das mudanças de volume sinovial em resposta às intervenções propostas (O'NEILL et al., 2016). Atualmente existem controvérsias na literatura em relação ao uso de crioterapia no manejo de OA de joelhos. As recomendações das diretrizes clínicas Rheumatology International (2018), American College of Rheumatology (2012), do The Royal Australian College of General Practitioners (2009) e da Osteoarthritis Research Society International – OARSI (2008) indicam o uso desse agente físico, pois a crioterapia provoca uma diminuição da temperatura intra-articular, gerando melhora do quadro clínico. Outrossim, segundo a revisão de literatura (SOUZA e UEDA, 2014) os efeitos da crioterapia em processos inflamatórios agudos estão bem esclarecidos e, caracterizados os seus efeitos sobre a diminuição do edema e da dor. Contudo, diretrizes clínicas mais recentes da The Royal Australian College of General Practitioners (2018), OARSI (2014) e da American Academy of Orthopaedic Surgeons (2013) já não trazem, como recomendação, o uso deste agente físico para pacientes com OA de joelhos, sem que haja, entretanto, qualquer justificativa para esta exclusão, embora a quantidade reduzida e de baixa qualidade metodológica de ensaios clínicos sobre o efeito da crioterapia na OA de joelho seja sempre mencionada. A crioterapia, recurso de baixo custo e de fácil aplicação, consiste na diminuição da temperatura do tecido mediante a retirada de calor do corpo para conseguir um efeito analgésico (KNIGHT, 1995) pela vasoconstrição e diminuição da 10 permeabilidade local de vasos sanguíneos, o que reduz o edema e aumenta o limiar doloroso (KARUNAKARA, LEPHART, PINCIVERO, 1999). Além disso, em uma articulação inflamada, a crioterapia local gera analgesia e efeitos anti-inflamatórios que podem ser diretamente relacionados com a hipotermia intra-articular induzida (OOSTERVELD, 1994), que pode inibir o processo enzimático chave envolvido na inflamação articular (HARRIS, MCCROSKERY, 1974). Desta forma, a diminuição da temperatura do tecido pode diminuir a dor, o edema, a condução nervosa, o metabolismo e o espasmo muscular. Pode minimizar, ainda, o processo inflamatório, a lesão por hipóxia e a liberação de mediadores inflamatórios e, consequentemente, ajudar na recuperação do tecido após trauma e, por conseguinte, reduzir o consumo de medicamentos (LOPES et al., 2013; SILVA, IMOTO, CROCI, 2007; WARREN et al.,2004). Embora frequentemente utilizada em programas de fisioterapia, os efeitos da crioterapia no tratamento da sinovite não estão totalmente elucidados (MOREIRA et al., 2011). Apesar do uso clínico e do impacto já comprovado da crioterapia na redução do edema periarticular, da dor e do período de recuperação pós-trauma (FREIRE, 2016; GUIRRO, ABIB, MAXIMO, 1999), o conhecimento sobre a resposta da crioterapia no tratamento de OA de joelho é limitado (CETIN et al., 2008; PORCHERET et al., 2007). Neste sentido, embora tenha sido observado em cobaios Wistar um impacto positivo na redução da sinovite (MOREIRA et al., 2011), não se sabe se a crioterapia gera o mesmo efeito em pessoas com OA de joelhos. Consequentemente, apesar de ser um recurso com grande potencial teórico e de ser largamente utilizado na prática clínica, seria relevante que novos estudos avaliassem o efeito da crioterapia na sinovite de pessoas com OA de joelhos. 2 OBJETIVO GERAL Buscar e avaliar o nível de evidência, por intermédio da análise da qualidade metodológica de estudos, do efeito da crioterapia na sinovite de pessoas com OA de joelhos. 3 HIPÓTESE H01 – Não há, na literatura, estudos com boa qualidade metodológica que 11 evidenciem efeito da crioterapia na sinovite de pessoas com OA de joelhos. 4 MATERIAIS E MÉTODOS a. ESTRATÉGIA DE BUSCA Trata-se de uma revisão sistemática, realizada com base nas recomendações PRISMA, Principais Itens para Relatar Revisões sistemática e Meta- análises, que consiste em um checklist de 27 itens (ANEXO A). Para a realização deste estudo foram selecionados artigos nas bases de dados Physioterapy Evidence Database (PEDro), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE - via PubMed), Web of Science, Cochrane Library, Cochrane Central, PubMed e Scopus. As buscas foram realizadas, com delimitação do local onde as palavras- chave deveriam estar (título, abstract ou key words), em todas as bases de dados supracitadas, usando as variações previstas nos dicionários de sinônimos MeSH (Medical Subject Headings) e DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) para o termo Synovitis e, assim, também foram utilizados os termos Synovitides, Synovial Hypertrophy ou Synovial Thickening. Para o termo Cryotherapy, foi usado, ainda, o termo Cold Therapy e Thermotherapy, sendo este último elencado por intermédio de busca manual. Por fim, para o termo Osteoarthritis foi usado, também, o termo Osteoarthrosis. Assim, foram feitas buscas para Synovitis AND Cryotherapy AND Osteoarthritis; Synovitis AND Cryotherapy AND Osteoarthrosis; Synovitis AND Cold Therapy AND Osteoarthritis; Synovitis AND Cold Therapy AND Osteoarthrosis; Synovitides AND Cryotherapy AND Osteoarthritis; Synovitides AND Cryotherapy AND Osteoarthrosis; Synovitides AND Cold Therapy AND Osteoarthritis; Synovitides AND Cold Therapy AND Osteoarthrosis; Synovial Hypertrophy AND Cryotherapy AND Osteoarthritis; Synovial Hypertrophy AND Cryotherapy AND Osteoarthrosis; Synovial Hypertrophy AND Cold Therapy AND Osteoarthritis; Synovial Hypertrophy AND Cold Therapy ANDOsteoarthrosis; Synovial Thickening AND Cryotherapy AND Osteoarthritis; Synovial Thickening AND Cryotherapy AND Osteoarthrosis; Synovial Thickening AND Cold Therapy AND Osteoarthritis; Synovial Thickening AND Cold http://www.scielo.org/ 12 Therapy AND Osteoarthrosis; Synovitis AND Thermotherapy AND Osteoarthritis; Synovitis AND Thermotherapy AND Osteoarthrosis; Synovitides AND Thermotherapy AND Osteoarthritis; Synovitides AND Thermotherapy AND Osteoarthrosis; Synovial Hypertrophy AND Thermotherapy AND Osteoarthritis; Synovial Hypertrophy AND Thermotherapy AND Osteoarthrosis; Synovial Thickening AND Thermotherapy AND Osteoarthritis; Synovial Thickening AND Thermotherapy AND Osteoarthrosis. Nas bases de dados LILACS e SciELO utilizamos, também, os termos equivalentes em português. A última busca foi realizada no dia 14 de junho de 2019 e também não foi delimitada por data de publicação. b. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE Para o desenvolvimento do presente trabalho consideramos como critérios de inclusão artigos cuja metodologia fossem a de Ensaios Clínicos Aleatorizados (ECAs), publicados em qualquer idioma, desenvolvidos com seres- humanos com OA de joelhos e envolvessem a utilização da crioterapia isolada como técnica de tratamento, comparando-a ou não com outras técnicas. Obrigatoriamente a sinovite deveria ser um dos desfechos avaliados e precisaria conter, pelo menos, um grupo de pessoas com OA de joelhos, sem restrição de idade e/ou do sexo dos participantes. c. MÉTODOS Inicialmente, dois pesquisadores independentes selecionaram os estudos, com base nos títulos, nas bases de dados pré-definidas para identificar os que atenderiam aos critérios de inclusão desta revisão sistemática. Assim, os estudos selecionados pelo título tiveram os resumos analisados de forma independente, por ambos os pesquisadores para identificar aqueles que deveriam ser excluídos. Em ambas as etapas acima descritas foram realizadas reuniões entre os revisores para avaliar os estudos selecionados e para que possíveis discordâncias, que possam ocorreram durante o processo, fossem solucionadas por meio de um consenso. Se houvesse um impasse em relação aos artigos que deveriam ser selecionados em uma ou mais etapas do processo, um terceiro pesquisador seria chamado para 13 analisar a pendência e dirimir dúvidas. d. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE METODOLÓGICA DOS ESTUDOS Após a análise dos resumos, com o objetivo de avaliar a qualidade metodológica dos estudos selecionados, estes deveriam ser avaliados com a escala PEDro (ANEXO B) por dois revisores independentes. A escala PEDro tem os seguintes itens: 1) especificação dos critérios de inclusão (item não pontuado); 2) alocação aleatória; 3) sigilo na alocação; 4) similaridade dos grupos na fase inicial ou basal; 5) mascaramento dos sujeitos; 6) mascaramento do terapeuta; 7) mascaramento do avaliador; 8) medida de, pelo menos, um desfecho primário em 85% dos sujeitos alocados; 9) análise da intenção de tratar; 10) comparação entre grupos de, pelo menos, um desfecho primário e 11) relato de medidas de variabilidade e estimativa dos parâmetros de, pelo menos, uma variável primária. Considera-se que, se um estudo não apresentar e, portanto, não pontuar nos primeiros quatro itens, bem como o sétimo; que diz respeito ao mascaramento do avaliador; possui uma qualidade metodológica questionável para avaliar o efeito de uma determinada intervenção. Portanto, seriam excluídos da análise da estimativa do efeito de intervenção, os estudos com pontuação igual ou inferior a três pontos na escala PEDro. De acordo com COURY et al., 2009, um estudo deve apresentar pontuação igual ou superior a cinco pontos na escala PEDro para ser considerado de alta qualidade metodológica. Entretanto, para a presente revisão sistemática, foi definido um ponto de corte menor para diminuir a possibilidade de que nenhum artigo fosse selecionado para a análise. e. ANÁLISE DOS DADOS Caso houvessem artigos selecionados, o índice de concordância da pontuação total entre os revisores seria analisado pelo coeficiente de correlação intraclasse (CCI). Uma vez que a escala PEDro apresenta níveis moderados de confiabilidade entre avaliadores (CCI= 0,68; IC 95% = 0,57-0,76) (SAMPAIO, MANCINI, 2007), em caso de ocorrência de discordâncias inferiores à 0,70, os revisores poderiam, por discussão e posterior consenso, resolver as discordâncias. 14 f. REGISTRO O presente estudo, será registrado na base de dados internacional de protocolos de revisão sistemática com desfechos em saúde denominada PROSPERO, após a apresentação do mesmo a banca examinadora como requisito para a conclusão de curso. Esta decisão foi tomada, afim de preservar a originalidade da pergunta do estudo. 5 RESULTADOS A estratégia de busca elaborada retornou um total de 131 estudos, dos quais 114 eram duplicados. Sendo assim, foram analisados os títulos de 17 artigos, dos quais 05 foram selecionados e tiveram seus resumos avaliados pelos dois revisores, de forma independente. Ademais, foi realizada busca manual ativa na lista de referências onde foram selecionados mais 03 artigos para serem avaliados. A Figura 1 mostra o processo de inclusão dos estudos para esta revisão. Após análise dos resumos, 04 estudos foram considerados relevantes (TABELA 1). Contudo, os artigos considerados relevantes não puderam ser acessados na íntegra, apesar das tentativas de acesso, sendo essas pela base de dados PubMed, repositório online Sci-Hub, rede social ResearchGate, acesso a revista onde os estudos estão publicados via Periódico Capes e, ainda, via serviço de comutação bibliográfica do Centro de Difusão do Conhecimento da Universidade Federal de Juiz de Fora / MG (COMUT – UFJF) por busca monitorada simples, nacional e internacional. Além disso, pela análise dos resumos, não é possível afirmar que estes quatro trabalhos selecionados são, de fato, ECAs, pois não é possível identificar explicitamente nos títulos o desenho do estudo, da mesma maneira que também falta esta informação nos resumos, além de dados sobre cálculo amostral, aleatorização dos indivíduos, critérios de inclusão e exclusão dos participantes conforme recomendado pela diretriz dos padrões consolidados para relatar ensaios - CONSORT 2010 - (ANEXO C). 15 Figura 1: Fluxograma do processo de inclusão dos artigos para esta revisão sistemática 16 Tabela 1: Resumos dos estudos considerados relevantes para esta revisão sistemática (n = 4) RESUMOS RELEVANTES NA ÍNTEGRA TÍTULO – AUTOR – PUBLICAÇÃO Cryoelectrotherapy in the treatment of osteoarthrosis patients Grigor'eva VD, , Suzdal'nitskiĭ DV, Dashina TA, Kapinos EN. 1992 Jan- Feb;(1):16-20. Os pacientes com coxartrite e gonartrite (n = 105) foram divididos em 3 grupos. Os pacientes do grupo I receberam crioterapia (CT), os pacientes do grupo II foram expostos a correntes moduladas sinusoidais (SMC), e os pacientes do grupo III foram submetidos ao tratamento multimodal (crioeletroterapia). A resposta mais significativa para CT foi alcançada na gonartrite com sinovite reativa. No geral, o efeito foi melhor com a crioeletroterapia. Isto pode ser devido ao efeito potencializador da combinação do frio e com as correntes de baixa frequência. The combined use of cryogenic exposure and ultrasound in patients with arthrosis of the joints of the legs Grigor'eva VD, Fedorova NE, Kiselev VI. 1996 Jan-Feb;(1):18-21 Os autores propõem programas especiais de reabilitação para pacientes com articulações afetadas pela artrite no joelho e no tornozelo agravadas com sinovite. O programa inclui o uso combinado de crioterapia, ultrassom e exercício terapêutico. Estas terapias provaram ser analgésicas, eficazes contra inflamação local nas articulações, provaramrelaxar a tensão muscular e contraturas dolorosas e aumentar a atividade funcional das articulações afetadas. Estes programas podem ser introduzidos em quaisquer centros e departamentos de reabilitação. A crioterapia associada a exercício pode ser praticada em ambiente externo sob o controle do médico fisiatra. Low-temperature peloids in rehabilitating osteoarthritis patients. Um ensaio comparativo para avaliar o efeito terapêutico de aplicações de lama de baixa temperatura (10-24 graus C) e alta temperatura (37 graus C) em pacientes com https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Grigor%27eva%20VD%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Fedorova%20NE%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Suzdal%27nitski%C4%AD%20DV%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Suzdal%27nitski%C4%AD%20DV%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Dashina%20TA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Dashina%20TA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Kapinos%20EN%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=1574856 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Grigor%27eva%20VD%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Fedorova%20NE%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Kiselev%20VI%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 17 Grigor'eva VD, Fedorova NE, Orus-ool VK. 2001 Set-Out;(5):8-11 osteoartrose (OA). Aplicações quentes são altamente eficazes na OA, mas são contraindicadas para pacientes com sinovite devido ao risco de exacerbações. Os “peloids” de baixa temperatura têm vantagens sobre os “peloids” quentes no tratamento padrão da sinovite, na insuficiência linfovenosa concomitante, nas doenças cardiovasculares. New methodological aspects in the use of cryotherapy, ultrasound, magnetotherapy and therapeutic physical exercise in the rehabilitation of gonarthrosis patients. Grigor'eva VD, Fedorova NE. 1996 Mar-Apr;(2):26-8. A gonartrite complicada por sinovite foi tratada por crio-ultrassom ou crio- magnetoterapia em combinação com exercícios terapêuticos. A comparação da resposta mostrou que ambos são altamente eficazes. Na ausência de doenças concomitantes e contraindicações para o ultrassom, é melhor utilizar crio-ultrassom e exercício, caso contrário, utilizar crio-magnetoterapia e exercício é preferencial. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Grigor%27eva%20VD%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Fedorova%20NE%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Kiselev%20VI%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Kiselev%20VI%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=8686217 18 6 DISCUSSÃO Existe na literatura um conflito sobre a classificação da OA como uma artrite inflamatória ou degenerativa. A classificação da OA como artrite não inflamatória é uma consequência infeliz das primeiras observações, onde notaram menos leucócitos no líquido sinovial em comparação com a artrite reumatoide, artrite reativa e até artrite séptica (SOKOLOVE, LEPUS, 2013). No entanto, tal dicotomia está se tornando menos clara com o reconhecimento de uma infinidade de processos imunológicos em andamento dentro de uma articulação e a presença de sinovite na OA. Nota-se ainda, que há presença de inflamação nas articulações com OA muito antes do desenvolvimento de alterações radiográficas significativas (SOKOLOVE, LEPUS, 2013). Contudo, o papel da sinovite de modo algum exclui o envolvimento da cartilagem e dos condrócitos na patogênese da OA precoce ou tardia (SOKOLOVE, LEPUS, 2013). Sabe-se que a sinovite é um marco de inflamação intra-articular e um achado comum em todos os estágios da OA (ROEMER F.M. et al., 2015). Esta, além de estar associada a dor e progressão da doença, é também um fator de risco para artroplastia total de joelhos (ATJ) (ROEMER F.M. et al., 2015). Apesar da complexidade da etiopatogenia da OA, em uma articulação com sinovite estão presentes células inflamatórias e citocinas pro-inflamatórias resultando em uma inflamação local intra-articular, causando desgaste articular que, por sua vez, gera produtos de degradação que podem amplificar a reação inflamatória que produz ainda mais sinovite, resultando assim em um ciclo vicioso (RIIS R.G., 2018). Não obstante, OA tem caráter progressivo e crônico, nos levando a pensar nos custos em saúde pública que os sintomas e as consequências podem gerar. Desta maneira, intervenções que reduzam a sinovite, em longo prazo, podem ter implicações clínicas importantes para o tratamento de pessoas com ou em risco de OA (RIIS R.G. et al., 2017). Parece-nos extremamente preocupante, portanto, que a busca por informação científica, neste estudo, não tenha logrado resultados favoráveis. Na prática clínica o uso da crioterapia como terapêutica para sinovite costuma ser a primeira escolha dos profissionais e, no entanto, faltam estudos que corroborem esta ação dos fisioterapeutas. Inclusive, as diretrizes de prática clínica da The Royal 19 Australian College of General Practtioners (2009) e OARSI (2008), que traziam o uso desse agente como terapêutica na OA, em suas atualizações de 2018 e 2014 respectivamente, não o trazem mais. Já em cobaios, um estudo analisou o efeito da crioterapia na dor e na sinovite induzida no joelho de ratos Wistar e demonstrou que, após 2 horas da aplicação da crioterapia por imersão em água a 5ºC por 20 minutos, há redução da sinovite quando comparada ao período pré-lesão (MOREIRA et al., 2011). Este estudo não foi incluído em nossa revisão sistemática, pois se trata de um estudo com intervenções em animais o que vai de encontro ao objetivo deste estudo que foi o de analisar estudos realizados em humanos. Além disso, este estudo não apareceu no resultado das buscas realizadas nas bases de dados selecionadas com as palavras-chave utilizadas. Por fim, é possível que o método de avaliação de sinovite utilizado neste estudo, realizado por intermédio de um paquímetro metálico, não expresse adequadamente um derrame exclusivamente intra-articular. Há, ainda, um ensaio clínico publicado no idioma turco, de Metin e Hakgüder (2007), que também não apareceu nas buscas, e que investigou em 28 voluntários divididos em dois grupos com 14, a eficácia da crioterapia intermitente e contínua na OA aguda de joelhos. Tais pacientes com diagnóstico de OA aguda de joelhos foram incluídos e distribuídos aleatoriamente em dois grupos, onde, no primeiro grupo, era realizado tratamento intermitente com bolsa fria aplicada durante 2 minutos, com intervalo de 2 minutos, por quinze vezes consecutivas, no período de uma hora. Já no segundo grupo, o tratamento era com bolsa fria colocada continuamente por 10 minutos, três vezes ao dia. Todos os grupos, antes e no quarto dia do tratamento, foram avaliados pela Escala Visual Analógica (EVA) de repouso, dor de movimento e noturna, Índice de Lequesne, questionário Western Ontario and McMaster Universities Index (WOMAC) e medidas da área ao redor do joelho. Na avaliação após o tratamento, todos os parâmetros, exceto subir escadas, mostraram melhorias da perspectiva estatística, em ambos os grupos. Quando comparados os grupos, não houve diferença entre eles para a eficácia do tratamento (p> 0,05), inclusive em relação ao perímetro do joelho, embora tenha havido melhora, nos dois grupos em relação ao baseline.Não obstante à dificuldade de leitura no idioma no qual foi publicado, ressaltamos, ainda, que o tamanho da amostra é pequeno, não há informação acerca de cálculo amostral, a estatística é não paramétrica e não há 20 menção em relação ao poder do estudo. Além disso, apesar de haver informação sobre a aleatorização, mesmo não havendo especificação do tipo, não foi mencionado nenhum tipo de cegamento. De fato, não há informação suficiente neste estudo para podermos avaliar positivamente sua qualidade metodológica. Em nossa busca encontramos quatro artigos, dos quais não conseguimos acesso na íntegra a nenhum deles. Dessa maneira, cabe salientar que nos quatro estudos cujos resumos foram considerados relevantes para esta revisão sistemática, em três destes a crioterapia foi utilizada de forma associada, seja com crio-ultrassom ou crio-magnetoterapia em combinação com exercícios terapêuticos (GRIGOR'EVA, FEDOROVA, 1996), crioterapia associada a ultrassom e exercício terapêutico (GRIGOR'EVA, FEDOROVA, KISELEV, 1996), ou crioeletroterapia (GRIGOR'EVA et al., 1992), sendo que apenas este último parece apresentar um grupo com crioterapia isolada. Além disso, os autores deste reportam no resumo uma melhora na sinovite reativa da OA de joelho. Por último, um estudo comparativo de crioterapia e aplicações de calor na sinovite, onde segundos os autores, de acordo com o relatado no resumo, a crioterapia teria vantagens (GRIGOR’EVA, FEDOROVA, ORUS-OOL, 2001). Porém, devido à impossibilidade da leitura dos artigos supracitados na íntegra e da qualidade questionável dos resumos, não há como abstrairmos informações acerca do tipo de estudo, das técnicas de mensuração utilizadas e da estatística empregada, bem como dos resultados obtidos. Sendo assim, não foi possível avaliar a eficácia deste tratamento, bem como a relevância destes quatro estudos para a prática clínica do fisioterapeuta. No entanto, foi observado que aplicar bolsas de gelo por 30 minutos em pessoas com artrite de joelho (OA, artrite reumatóide e espondilite anquilosante) reduz a temperatura intra-articular em 6°C imediatamente após a suspensão da crioterapia (OOSTERVELD, RASKER, 1994). Uma vez que a diminuição da temperatura intra-articular diminui a condução nervosa, o metabolismo, a lesão por hipóxia e a liberação de mediadores inflamatórios e, consequentemente, diminui a dor, o edema e ajuda na recuperação do tecido após trauma (SILVA, IMOTO, CROCI, 2007; WARREN et al., 2004) parece-nos adequada a suposição de que a crioterapia talvez possa retardar o avanço da degeneração gerada pela OA nos tecidos. Entretanto, no ensaio clínico de Mei-Hwa Jan et al. (2006), buscou-se 21 avaliar em trinta indivíduos com 44 joelhos osteoartríticos as mudanças causadas pela terapia por diatermia de ondas curtas repetitiva (OC) na espessura do saco sinovial, medida pela ultrassonografia e a dor no joelho, avaliada pela EVA. Esses foram divididos em três grupos onde, onze indivíduos receberam OC, dez indivíduos receberam OC e drogas anti-inflamatórias não esteroides (AINEs) e nove sujeitos não receberam nenhum tratamento e serviram como controle. Os indivíduos dos grupos de tratamento foram submetidos ao exame ultrassonográfico antes e após 10ª, 20ª e 30ª sessão de tratamento, enquanto os indivíduos controle foram submetidos ao exame ultrassonográfico antes do experimento e, em seguida, a cada 2 ou 3 semanas para um total de 3 medidas de acompanhamento. Em oito semanas, totalizaram 30 sessões de tratamento com duração de vinte minutos cada, divididas em três a cinco vezes por semana. Ao analisarmos os resultados apresentados, constatamos que após 10 sessões de tratamento com OC, a espessura total do saco sinovial em ambos os grupos foi significativamente menor do que a espessura inicial (p < 0,0001), e o saco sinovial continuou a ficar significativamente mais fino com 20 e 30 sessões (todas p < 0,0001). Contudo, nos sujeitos controle a espessura não variou quando comparada a inicial. Ademais, não houve diferença entre os grupos de tratamento, de tal forma que, podemos inferir que OC diminui a espessura do saco sinovial independente do uso de AINEs. Em relação ao desfecho dor, ambos os grupos de tratamento apresentaram maior redução no índice de dor do que o grupo controle (p <0,005), mas não houve diferença significativa na redução da dor entre os grupos de tratamento em cada exame de acompanhamento (p > 0,05). O índice de dor em ambos os grupos de tratamento diminuiu significativamente após 10, 20 e 30 sessões de tratamento (todos p <0,005). Contudo, apesar de aparecer em nossas buscas, tal estudo não foi elencado para nossa revisão sistemática, porque apesar do estudo abordar sinovite, o tratamento foi pelo uso da terapia por diatermia por ondas curtas e não crioterapia. Ainda que, o resultado pareça ser positivo, devemos nos atentar ao fato que não houve uma avaliação imediata e nem um follow-up para verificar a degeneração articular e seu respectivo grau, ou seja, as consequências que terapias geradoras de calor podem causar em uma articulação com sinovite, se opondo à literatura que recomenda a não utilização de calor intra-articular em doença inflamatória e degenerativa crônica, como na OA de joelho (HARRIS, MCCROSKERY, 1974). Ademais, é um estudo com uma amostra muito pequena, 22 sem cálculo amostral, não aleatorizado, não cegado e sem menção do poder do estudo. Dessa forma, não há informações suficientes neste estudo para podermos avaliar sua qualidade metodológica de forma favorável e, portanto, não podemos recomendar o uso de OC para a população baseados apenas neste único estudo. Atualmente, existem na literatura estudos finalizados e outros em andamento, como por exemplo, no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde busca-se avaliar o efeito da crioterapia isolada ou associada a outras terapêuticas, como o exercício físico e eletroterapia, na dor, estado funcional, amplitude de movimento (ADM) e qualidade de vida de pacientes com OA de joelhos e que, no entanto, não usaram sinovite como um dos seus desfechos. No estudo de Kulinski e Chudzik (2017) realizado na Polônia, buscou-se avaliar os efeitos de dez sessões de crioterapia com nitrogênio líquido, aplicada durante três minutos, em 25 pacientes com OA de joelhos sobre a dor (avaliada através da escala EVA), ADM dos joelhos (medida com o goniômetro) e estado funcional, além de medidas da circunferência do joelho. Após os procedimentos, no que diz respeito a dor, a ADM de flexão e a circunferência de joelhos houve melhora estatisticamente significativa em ambos os joelhos (p < 0,001) para todas as variáveis acima citadas. Contudo, a população do estudo é pequena e não há informação acerca de cálculo amostral, limitando assim a extrapolação dos resultados. Já Radziminiska et al. (2016), também um estudo polonês, buscaram comparar o efeito de laser de baixa potência (λ = 810 nm, P = 400mW, ED s = 6-12 J / cm² , método de ponto, o contato - 4 pontos na interlinha articular do joelho), crioterapia (utilizando azoto líquido por até 3 minutos), eletroterapia (pulso de forma triangular / retangular, B = 10 - 15 mT; f = 15-20 Hz, o tempo de tratamento - 15 minutos) e magnetoterapia (corrente inferencial - interferência de 4 polos, espectro de 50 - 100 Hz, o tempo de tratamento - 15 minutos) nos sintomas da OA de joelhos de 80 pacientes. Estes foram divididos em quatro grupos de vinte pessoas e em todos foram realizadas avaliações imediatamente antes e após o tratamento referente à dor utilizando a EVA, medições das ADM de flexão com teste de sentar e medida da circunferência dos joelhos. Todos foram submetidos a 10 sessões por 5 vezes na semana. Foi utilizada estatística descritiva e, após os procedimentos, foi observado quetodas as terapêuticas são eficazes para tratar os sintomas da OA, 23 contudo não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. No entanto, tais estudos não foram elencados para nossa revisão sistemática, pois, primeiramente, estes não apareceram nas buscas realizadas e, também, porque embora o processo inflamatório possa apresentar dor e rigidez como características, isso não implica dizer, necessariamente, que há sinovite e/ou que houve melhoria neste construto, especificamente. Adicionalmente, temos ainda, baixa acurácia e concordância entre examinadores para detecção de sinovite através de testes clínicos (DELGADO, PASSOS, 2016). Desta forma, tendo em vista a necessidade de terapêuticas viáveis na prática clínica que reduzam a sinovite, como a crioterapia, é necessário mensurar adequadamente sua presença e, consequentemente, essa redução. Na vigência de uma avaliação clínica insuficiente mesmo com a seleção adequada dos testes e seu treino exaustivo (DELGADO, PASSOS, 2016), deve-se avaliar a possibilidade de o fisioterapeuta utilizar o exame de ultrassonografia, que se trata de um exame padrão ouro para a confirmação do resultado do teste clínico, para detecção deste sinal clínico, embasando, assim, a aplicação e/ou evolução do tratamento cinesioterápico. Tais dados são importantes para servir como evidência de que as alterações do volume sinovial são em resposta à intervenção e seria um marco fundamental na consideração do volume sinovial como medida de desfecho em ensaios clínicos de OA de joelhos. Pelo acima exposto seria relevante que futuros estudos avaliassem o efeito da crioterapia na sinovite de pessoas com OA de joelhos para que se comprove a eficácia deste tratamento, dada sua importância na prática clínica do fisioterapeuta e o impacto negativo que esta doença gera nos pacientes. 7 LIMITAÇÕES Em nosso ponto de vista, apesar de todas as tentativas possíveis, não conseguir acesso aos artigos considerados relevantes na íntegra é uma importante limitação, pois dessa maneira tivemos que realizar nossa revisão sistemática baseadas nos resumos, os quais, como já dito anteriormente, eram de baixa qualidade e não continham todas as informações que são consideradas importantes. Sendo assim, é possível que, se tivéssemos acesso integral ao texto, pudéssemos 24 não só avaliar metodologicamente os estudos, como chegar a conclusões clinicamente relevantes quanto ao uso da crioterapia. 8 CONCLUSÃO Até o presente momento, não há evidências que comprovem a eficácia da crioterapia na sinovite de pessoas com OA de joelhos. Dada a importância da prática baseada em evidência científica, concluímos que a utilização deste recurso para o controle de sinovite em pessoas com OA de joelhos é, atualmente, uma prática baseada em empirismo e em suposições meramente teóricas advindas de um estudo em cobaios. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATTUR, M. et al. Targeting the synovial tissue for treating osteoarthritis (OA): where is the evidence? Best Practice & Research: Clinical Rheumatology v.24, p.71–9, 2010. AYRAL, X. et al. Synovitis: a potential predictive factor of structural progression of medial tibiofemoral knee osteoarthritis -- results of a 1 year longitudinal arthroscopic study in 422 patients. Osteoarthritis and Cartilage v. 13, n. 5, p. 361-367, May 2005. BAKER, K. et al. Relation of synovitis to knee pain using contrast enhanced MRIs. Annals of the Rheumatic Diseases v.69, p. 1779-83, 2010. BENITO, M.J. et al. Synovial tissue inflammation in early and late osteoarthritis. Annals of the Rheumatic Diseases v.64, p.1263–7, 2005. BRAND, C. et al. Guideline for the non-surgical management of hip and knee osteoarthritis. The Royal Australian College of General Practitioners, Melbourne, 2009. BRANDT, K. D.; DIEPPE, P. e RADIN, E. Etiopathogenesis of osteoarthritis. Medical Clinics of North America v. 93, n. 1, p. 1-24, Jan 2009. CETIN, N. et al. Comparing hot pack, short- wave diathermy, ultrasound, and TENS on isokinetic strength, pain, and functional status of women with osteoarthritic knees: a single-blind, randomized, controlled trial. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation v. 87, n. 6, p. 443-451, Jun 2008. COURY, H. J. C. G.; MOREIRA, R. F. C. e DIAS, N. B. Efetividade do exercício físico em ambiente ocupacional para controle da dor cervical, lombar e do ombro: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Fisioterapia. v. 13, n. 6, p. 461- 479, Dec 2009. DANTAS, L.O et al. Cryotherapy short-term use relieves pain, improves function and quality of life in individuals with knee osteoarthritis – randomized controlled trial. Osteoarthritis and cartilage. v.25, n.1, p. S174, Abr 2017. DELGADO, A.C.M.; PASSOS, A.J. S.M. Validade de testes clínicos para detecção de sinovite em pacientes com osteoartrite de joelhos – Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais, 2016. DÖLKEN, M. Fisioterapia em Ortopedia. São Paulo: Santos, 2008. FREIRE, B.B. et al. Effects of cryotherapy methods on circulatory, metabolic, inflammatory and neural properties: a systematic review. Fisioterapia em Movimento v. 29, p. 389-398, 2016. 26 GLYN-JONES, S. et al. Osteoarthritis. The Lancet, v.386, p. 376-387, 2015. GOLDRING, M. B. e GOLDRING, S. R. Osteoarthritis. Journal of Cellular Physiology v. 213, n. 3, p. 626-634, Dec 2007. GRIGOR'EVA, V. D.; FEDOROVA, N. E. New methodological aspects in the use of cryotherapy, ultrasound, magnetotherapy and therapeutic physical exercise in the rehabilitation of gonarthrosis patients. Voprosy Kurortologii Fizioterapii Lechbnoi Fizicheskoi Kultuty, n. 2, p. 26-28, Mar 1996. GRIGOR'EVA, V. D.; ORUS-OOL V.K.; FEDOROVA, N. E. Low-temperature peloids in rehabilitating osteoarthritis patients. Voprosy Kurortologii Fizioterapii Lechbnoi Fizicheskoi Kultuty, n. 5, p. 8-11, Set 2001 GRIGOR'EVA, V. D.; FEDOROVA, N. E.; KISELEV, V. I. The combined use of cryogenic exposure and ultrasound in patients with arthrosis of the joints of the legs. Voprosy Kurortologii Fizioterapii Lechbnoi Fizicheskoi Kultuty, n. 1, p. 18-21, Jan 1996. GRIGOR'EVA, V. D. et al. Cryoelectrotherapy in the treatment of osteoarthrosis patients. Voprosy Kurortologii Fizioterapii Lechbnoi Fizicheskoi Kultuty, n. 1, p. 16-20, Jan 1992. GUIRRO, R.; ABIB, C. e MAXIMO, C. Os efeitos fisiológicos da crioterapia: uma revisão. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo v. 6, n. 2, p. 164-170, Jul/Dez,1999. HARRIS, E. D. e MCCROSKERY, P. A. The influence of temperature and fibril stability on degradation of cartilage collagen by rheumatoide synovial collagenase. New England Journal of Medicine, p. 1-6, Jan 1974. HINMAN, R. S.; BENNELL, K. L.; METCALF, B. R. e CROSSLEY, K. M. Balance impairments in individuals with symptomatic knee osteoarthritis: a comparison with matched controls using clinical tests. Rheumatology (Oxford) v. 41, n. 12, p. 1388-1394, Dec 2002. HUNTER, D. et al. Guideline for the management of knee and hip osteoarthritis – Second edition. The Royal Australian College of General Practitioners, Melbourne, 2018. JEVSEVAR, D.S. Treatment of osteoarthritis of the knee: evidence-based guideline, 2nd edition. Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons v.21, n.9, p, 571-6, 2013. KARUNAKARA, R. G.; LEPHART, S. M. e PINCIVERO, D. M. Changes in forearm blood flow during single and intermittent cold application. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 29, p. 177-180, Mar 1999. 27 KNIGHT, K. L. Cryotherapy in sport injury management. Human Kinetics Journals, 1995. KULINSKI, W. CHUDZIK, M. Cryotherapy in osteoarthritis of the knee. Acta Balneologica. v. 59, n.4, p.269-78, Out 2017. LOESER, R.F. et al.Osteoarthritis: A Disease of the joint as an organ. Arthritis & Rheumatology. v. 64, n. 06, p. 1697-1707, Jun 2012. LOPES, A. et al. Crioterapia. 2013. Disponível em: <http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/crioterapia2.htm > Acesso em: 18 maio 2018. MARC, C. et al. American College of Rheumatology 2012 Recommendations for the use of nonpharmacologic of the hand, hip, and knee. Arthritis Care & Research v. 64. N.4, p. 465-74, Abril, 2012. MCALINDON, T.E. et al. OARSI guidelines for the non-surgical management of knee osteoarthritis. Osteoarthritis and Cartilage v.22, p. 363-388, 2014. MCNAIR, P.J.; MARSHALL, R.N. e MAGUIRE, K. Swelling of the knee joint: effects of exercise on quadriceps muscle strength. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation. v. 77, n. 9, p. 896-899, Sep 1996. MEI-HWA JAN et al. Effects of repetitive shortwave diathermy for reducing synovitis in patients with knee osteoarthritis: an ultrasonographic study. Physical Therapy. v. 86, n. 2, p. 236-244, Fev 2006. METIN, I.; HAKGÜDER, H.A. Akut diz osteoartritinde kesikli ve sürekli soguk tedavisinin klinik etkinliginin karsilastirilmasi. Turkish Journal of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 53, n.2, p. 65-68, 2007. MOREIRA, N. B.; ARTIFON, E. L.; MEIRELES, A.; SILVA, L. I.; ROSA, C. T. e BERTOLIN, G. R. F. A influência da crioterapia na dor e edema induzidos por sinovite experimental. Fisioterapia e Pesquisa, v. 18, n. 1, p. 79-83, Jun 2011. O'NEILL, T. W. et al. Synovial tissue volume: a treatment target in knee osteoarthritis (OA). Annals of the Rheumatic Diseases, v. 75, n. 1, p. 84-90, Jan 2016. OOSTERVELD, F. G. e RASKER, J. J. Effects of local heat and cold treatment on surface and articular temperature of arthritic knees. Arthritis & Rheumatology. v. 37, n. 11, p. 1578-1582, Nov 1994. PAULA B.L.; SOARES M.B.; LIMA G.E.G. A cinesioterapia e o crioterapia nos pacientes portadores de osteoartrite de elevação podem ser utilizados no Algo- Funcional de Lequesne. Revista Brasileira Ciência e Movimento v.17, n.4, p. 18-26; 2009. 28 PORCHERET, M. et al. Primary care treatment of knee pain--a survey in older adults. Rheumatology (Oxford), v. 46, n. 11, p. 1694-1700, Nov 2007. RADZIMINSKA, A. et al. Evaluating the effectiveness of different forms of physical therapy in the treatment the symptoms of knee osteoarthritis. Acta Balneologica. v.58, n. 4, p. 250-256, Out 2016. RIIS, R.G. et al. The effects of intra-articular glucocorticoids and exercise on pain and synovitis assessed on static and dynamic magnetic resonance imaging in knee osteoarthritis: exploratory outcomes from a randomized controlled trial. Osteoarthritis Cartilage. v.25, n.4, p. 481-91, Abr 2017. RIIS, Robert G.C. Assessing synovitis with conventional static and dynamic contrast-enhanced magnetic resonance imaging in knee osteoarthritis. [Tese de Pós-doutorado] Danish Medical Journal. v. 65, n. 4 p. 54-64. Abr 2018. ROEMER, F.W. et al. Presence of MRI-detected joint effusion and synovitis increases the risk of cartilage loss in knee without osteoarthritis at 30-month follow-up: the MOST study. Annals of the Rheumatic Diseases v.70, p. 1804-09, 2011. ROEMER F.W. et al. Can Structural Joint Damage Measured with MR Imaging Be Used to Predict Knee Replacement in the Following Year? Radiology v.274, n.3, p. 810-20, Mar 2015. RUTHERFORD, D.J. Intra-articular pressure and joint mechanics: Shoul we pay attention to effusion in knee osteoarthritis? Medical Hypotheses v.83, p. 292-5, 2014. SAMPAIO, R. F. e MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11, n. 1, p. 83-89, 2007. SILVA, A. L. P.; IMOTO, D. M. e CROCI, A. T. Estudo comparativo entre a aplicação de crioterapia, cinesioterapia e ondas curtas no tratamento da osteoartrite de joelho. Acta Ortopédica Brasileira. v. 15, n. 4, p. 204-209, Jul 2007. SOKOLOVE, J.; LEPUS, C.M. Role of inflammation in the pathogenesis of osteoarthritis: latest findings and interpretations. Therapeutic Advances in Musculoskeletal Disease v. 5. n. 2, p. 77-94, Jan 2013. SPENCER, J. D.; HAYES, K. C. e ALEXANDER, I. J. Knee joint effusion and quadriceps reflex inhibition in man. Archives of Physical Medice and Rehabilitation. v. 65, n. 4, p. 171-177, Apr 1984. TORRY, M.R.; et al. Intra-articular knee joint effusion induces quadriceps avoidance gait patterns. Clinical Biomechanics. v. 15, n. 3, p. 147-159, Mar 2000. 29 TUNCER T. et al. 2017 update of the Turkish League Against Rherumatism evidence-based recommendations for the management of knee osteoarthritis. Rheumatology International, vol.38, n.8, p. 1315-1331, 2018. VIANA, Daiane Fabiula de Melo. Crioterapia: História, Efeitos Fisiológicos e a Eficácia das suas Técnicas - Uma Revisão de Literatura. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Federal do Paraná - Setor Litoral - Matinhos, 2015. WARREN, T. A. et al. Intra-articular knee temperature changes: ice versus cryotherapy device. American Journal of Sports Medicine. v. 32, n. 2, p. 441- 445, Mar 2004. WENHAM, C.Y.; CONAGHAN, P.G. The role of synovitis in osteoarthritis. Therapeutic Advances in Musculoskeletal Disease. v.2, p. 349-59, 2010. ZHANG, Y. e JORDAN, J. M. Epidemiology of osteoarthritis. Clinics in Geriatric Medicine. v. 26, n. 3, p. 355-369, Aug 2010. ZHANG W, et al. OARSI recommendations for the management of hip and knee osteoarthritis: part II: OARSI evidence-based, expert consensus guidelines. Osteoarthritis Cartilage. v. 16, p.137-62, 2008. 30 ANEXO A – PRISMA: Principais Itens para Relatar Revisões sistemática e Meta- análises 31 ANEXO B – Escala PeDro 32 ANEXO C – Recomendações CONSORT