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1 Controle de Plantas Daninhas Métodos de controle e manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) Prof. Dra. Cristina Célia Krawulski • Unidade de Ensino: 2 • Competência da Unidade: Compreender conceitos de controle e como o manejo pode influenciar o comportamento e danos das plantas daninhas. • Resumo: Serão estudados os diferentes métodos de controle de plantas daninhas, tendo como foco o manejo integrado. • Palavras-chave: MIPD; controle cultural; disseminação; dispersão. • Título da Teleaula: Métodos de controle e manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) • Teleaula nº: 2 Contextualização • Estratégias de controle de plantas daninhas. • Principais métodos de controle: cultural; mecânico; químico. • Integração de métodos de controle. • Manejo - sustentabilidade. Controle de plantas daninhas O que é controle? • Possuir domínio sobre algo. • Controlar somente o que está acima do solo (plantas emergidas)? • Ou o que está no solo (sementes que não germinaram)? • Ou controlar ambos? Isso é possível? • Eliminar todas as plantas daninhas? • Impedir novas infestações? • Manter a população em níveis adequados? Controle – termo relativo • Nenhuma planta daninha no campo. • Manter um baixo nível de infestação de plantas daninhas = não reduzir a produtividade. • É necessário controlar, mantendo níveis mínimos de plantas daninhas. • Que apresente benefícios: cobertura do solo; atração de agentes polinizadores. • Elas constituem o grupo de agentes bióticos que mais causa dano à agricultura. 1 2 3 4 5 6 2 • Controlar utilizando de estratégias de controle e de manejo do sistema de produção, desde que o resultado seja viável; • Silva et al. (2007): a redução da interferência das plantas daninhas deve ser realizada somente quando as perdas pela interferência sejam iguais ao incremento no custo do controle que os custos para controle sejam viáveis. • Controle baseado em três estratégias: prevenção, supressão e erradicação. Prevenção • Impedir uma planta daninha de invadir uma área, se estabelecer e/ou se disseminar na mesma. • Utilizar sementes certificadas (altos níveis de pureza) (pastagem, ILP). • Não carrear sementes e propágulos de plantas daninhas através de máquinas e implementos agrícolas; água de irrigação; substratos. • Não deixar produzir sementes ou propágulos vegetativos. • Eliminar plantas daninhas dos carreadores. Legislação Supressão • Refere-se à eliminação das plantas daninhas, visando à diminuição de sua população. • Meios físicos, químicos, biológicos e culturais. • Remoção manual. • Capina. • Revolvimento do solo. • Herbicidas. • Inimigos naturais, fogo, eletricidade (*). Erradicação • Completa eliminação da planta e suas partes reprodutivas da área. • Extinção da espécie na área. • Estratégia de difícil realização em larga escala (viveiros). _______________________________ • Existe um melhor meio, método ou estratégia de controle? • Ideal: integração de métodos e processos de controle. • Manejo integrado. Flora infestante e banco de sementes • Plantas que emergiram; infestação visível. • Mostra quais plantas daninhas estão interagindo com a cultura. • Ou que estão infestando a área antes da implantação da cultura. • Principal componente do manejo. Foto: Cristina Célia Krawulski (2021). Flora infestante 7 8 9 10 11 12 3 • De modo geral: composta por poucas espécies. • Martinelli (2017), levantamento florístico em área de citros, 5 anos de avaliação 46 espécies, 18 famílias. • Predominância de dicotiledôneas, da família Asteraceae. • Espécies predominantes: picão-preto, trapoeraba, capim-colonião, apaga-fogo e mentruz. • Ordem decrescente de importância: • Picão preto: mais importante até o 3º ano; as demais espécies aumentaram sua importância com o passar do tempo. Interferem/definem composições florísticas: • Cultivo convencional (revolvimento do solo): pode controlar algumas espécies e quebrar a dormência de outras, aumentando a germinação. • Cultivo mínimo: o revolvimento poder quebrar a dormência; e aumentar a compactação onde não há revolvimento, aumentando o número de espécies que germinam, pelo maior contato das sementes com o solo. Flora infestante x sistemas de cultivo • Sistemas conservacionistas (SPD): as plantas daninhas são problema nos estágios iniciais: as sementes podem se concentrar na camada superficial do solo; o ambiente criado pode selecionar espécies (maior contato sementes/solo). • Com o tempo: a palhada ajuda a suprimir a germinação, a emergência e o desenvolvimento. • Microclima: Desfavorável: capim-colonião. Adequado: trapoeraba e mentruz (quando associada ao glifosato). Foto: Cristina Célia Krawulski (2019). • Utilização de um mesmo herbicida (ou vários, com o mesmo mecanismo de ação e espectro de controle), em alta frequência, por diversos anos = pode selecionar espécies tolerantes. • Herbicidas com efeito residual curto podem selecionar espécies com germinação tardia. • Princípio fundamental do manejo de resistência: prevenção da produção de sementes de plantas daninhas. • Controle anterior à produção de sementes. Flora infestante x herbicidas • Reserva de sementes viáveis presentes no solo, em várias profundidades, com a função de regeneração natural das espécies ao longo dos anos, garantindo a perpetuação das mesmas (VASCONCELOS et al., 2012). • Transitórios ou permanentes. • Forte característica das plantas daninhas alta produção e dispersão de sementes. • Diferentes tipos de dormência. • “Um ano de plantas daninhas semeando, sete anos controlando”. Banco de sementes • Martinelli (2017): estimativa do banco de sementes de plantas daninhas em pomar de citros. • Acréscimos anuais até o quinto ano após o plantio: 6.000 sementes/m2 (0- 10 cm de profundidade). • Decréscimo no sexto ano: 5.000 sementes/m2. 13 14 15 16 17 18 4 Fonte: DINIZ e at. (2017). Disponível em: file:///C:/Users/Cristina/AppData/Local/Temp/6011-Texto%20do%20Artigo-19571- 1-10-20171228.pdf. Acesso em: 28 fev. 2022. • Cultivo de forrageiras e pastagem. • Adubos verdes. • Período de pousio. • Herbicidas não seletivos. • Herbicidas com diferentes mecanismos de ação. Como reduzir o banco de sementes? Fonte: DINIZ e at. (2017). Lavoura de cana-de- açúcar 1. Retirada da palhada 2. Palhada mantida SP1: Retirada da palha da cana-de-açúcar • Onde a palha foi retirada, algumas espécies de plantas daninhas dominaram a área (buva). • Cana-de-açúcar apresentou menor produtividade. • Problema verificado após dois ciclos de produção (5 anos cada). • Buva: elevada produção de sementes (200-350 mil sementes/planta, especializadas para dispersão pelo vento). • Planta com mais casos de resistência no mundo (múltipla). Resolvendo a SP1: • Mesmo manejo durante 10 anos = seleção das espécies. • Sementes muito pequenas, com pouca reserva, fotoblásticas positivas (luz para germinar). • Nível baixo de palha: as plântulas emergidas não conseguiriam transpassar e morreriam (pouca reserva). • Ausência da palha: favoreceu a germinação. • Aumento do banco de sementes. • Ações para diminuir a flora infestante e o banco de sementes. • Estratégias de controle: utilizar todas. • Prevenção; supressão; erradição. Lavoura de arroz Arroz vermelho 19 20 21 22 23 24 5 SP2: Arroz irrigado - Rio Grande do Sul • Variedades tradicionais (não resistentes a herbicidas). • Grande infestação com o arroz-vermelho (Oryza sativa L.). • Você tem as seguintes opções: a) Arranquio manual desta planta daninha. b) Uso de cultivares precoces de arroz (*). c) Pousio da área (praticamente obrigatório). d) Revolvimento do solo (favorece germinação/emergência). • Qual(is) opções de controle é(são) viável(is)? • Quais conceitos das estratégias de controle cada opção utiliza? • E em quais componentes da dinâmica de populações de plantas daninhas essas estratégias atuam? • E como atuam? Resolvendo a SP2: • Todas as opções podem serutilizadas. • Arranquio manual: age na flora infestante, com a retirada/diminuição da população da planta daninha (supressão), diminuindo, assim, o banco de sementes (prevenção, impedimento de novas disseminações). • Cultivares precoces: estratégia de prevenção, pois o menor ciclo de maturação permite que o arroz selha colhido antes do arroz-vermelho completar sua maturação fisiológica. Diminuição da flora infestante (visível após a colheita do arroz) e do banco de sementes da planta daninha. • Revolvimento do solo: quando em pousio, reduz a população de arroz-vermelho remanescente (supressão), não permitindo que elas enriqueçam o banco de sementes (prevenção). Todo agricultor pode utilizar todos os tipos de controle de plantas daninhas? Manejo de plantas daninhas Manejo • Conceito amplo e complexo, de tomada de decisão. • Abrange as estratégias (prevenção, supressão e erradicação) e os tipos de controle, sempre em interação com os sistemas cultivo, com a cultura e o ambiente. • Quatro efeitos possíveis nas plantas daninhas: Físico (que pode contemplar o mecânico) Biológico Cultural Químico 25 26 27 28 29 30 6 Controle físico (ou mecânico) • Métodos que possuem capacidade de causar impacto às plantas daninhas através da força física. • Arranque manual (“monda”). • Capina manual (superficial/raízes). • Cultivadores. • Roçagem (trincha). • Cobertura do solo (biomassa/palhada; plástico). • Inundação (arroz). • Queima de plantas daninhas (fogo, lança-chamas). • Solarização; eletricidade; vapor d’água. Tipos de controle físico Foto: Cristina Célia Krawulski (2020). Fonte: MARTINELLI, Rodrigo et al. Controle de Plantas Daninhas. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 73. Controle cultural • Métodos que se utilizam das próprias culturas para manejar as PDs, com alterações no arranjo espacial e temporal das lavouras; • Escolha de variedades/cultivares (vigor, adaptação); • Culturas de cobertura e em consórcio (sistemas agroflorestais); • Variação nos espaçamentos (entrelinhas); • Variação temporal de plantio/semeadura/transplantio; • Rotação de culturas; • Uso de mudas pré-brotadas(*). • Controle em sistemas de cultivo sem revolvimento do solo. • Controle convivendo na linha de plantio de outras culturas. • Alta eficiência, mesmo em épocas chuvosas. • Controle de espécies de propagação vegetativa. • Diminui o nº de técnicas usadas (arranque, capina, revolvimento do solo). Foto: Cristina Célia Krawulski (2020). • Culturas intercalares: feijão, arroz, milho, hortaliças (café, citros, florestas). • CAFÉ com espécies florestais: pinus, freijó, bracatinga, bandarra. • CAFÉ com uma espécie industrial: seringueira. • CAFÉ com frutíferas: mamão, banana, cacau, coqueiro, pupunha, macadâmia. • Agricultura de Conversação (FAO). Controle químico • Consiste na aplicação de substâncias (naturais ou sintéticas) com ação herbicida, que interfere nos processos bioquímicos e fisiológicos das plantas daninhas. • Maior rendimento (menor dependência de mão de obra). • Facilidade de uso (manual e mecanizado). • Alta eficiência de controle. • Utilização de resíduos vegetais: alelopatia. • 780 herbicidas (Brasil – 2020). 31 32 33 34 35 36 7 Fonte: MARTINELLI, Rodrigo et al. Controle de Plantas Daninhas. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 75. Manejo integrado de plantas daninhas Manejo integrado de plantas daninhas • Conjunto de estratégias de controle que atua em interação sinérgica, para controlar as plantas daninhas por diferentes “mecanismos de ação”, diminuindo, a pressão de seleção (resistência). • Nortear o planejamento de um programa de manejo. • Prática interdisciplinar - três elementos (THILL et al., 1991): 1) Múltiplas estratégias de controle (compatíveis). 2) Manter populações de plantas daninhas abaixo de níveis de danos econômicos. 3) Conservação da qualidade ambiental. Componentes do MIPD Fonte: MARTINELLI, Rodrigo et al. Controle de Plantas Daninhas. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 90. • Definição de estratégias (planejamento). • Para uma única safra, o MIPD é relativamente simples de ser realizado. • Desafio: mantê-lo viável a longo prazo. • Capina ou herbicidas: curta duração, controle temporário. • Necessidade de novas aplicações a cada estação de cultivo. • Práticas culturais e controle por outros agentes biológicos têm caráter permanente, levando em conta mudanças acentuadas nas diferentes práticas agronômicas. 37 38 39 40 41 42 8 Exemplos de MIPD • Cyperus rotundus: implementos mecânicos quebram a dominância apical; maior emergência de novas plantas geradas dos tubérculos; aplicação de herbicidas específicos = diminuição da população. • Roçagem ecológica: café; fruticultura (citros): Braquiárias (Urochloa spp): controle cultural (competição). Mulch: efeitos físicos, químicos e biológicos. • Pacote tecnológico que promove um melhor e mais sustentável controle de plantas daninhas, pela integração de métodos. Foto: Cristina Célia Krawulski (2020). Foto: Cristina Célia Krawulski (2016). Manejo de plantas daninhas em lavoura de cana-de-açúcar SP3: Manejo de plantas daninhas – consultor técnico • Diferentes manejos, diferentes populações de plantas daninhas estão se estabelecendo. • Palhada mantida sobre o solo: dominância de Ipomoea spp.: herbácea e trepadeira, reduz a eficácia da colheita e a produtividade. • Retirada da palhada (biomassa/geração de energia): predominância de uma gramínea perene, de crescimento cespitoso, que se reproduz por sementes, rizomas e estolões; medianamente sensível ao sombreamento; sementes fotoblásticas positivas. • Que tipo de controle para cada situação? • Efeitos na flora emergida e no banco de sementes. Resolvendo a SP3: • Seleção de espécies tolerantes ao manejo realizado. • Recomendação simples de controle cultural: inverter o manejo (realidade/logística). • Ipomoea spp: ação nas plantas emergidas, num primeiro momento. • Gramínea invasora: a manutenção de palha pode suprimi-la; 10 t/ha de palha é uma grande barreira física a ser transpassada; essa palha também impede a germinação das sementes (fotoblásticas positivas; poucas reservas). • Ação nas plantas emergidas e também no banco de sementes. • Controles físico e cultural: corte e revolvimento de suas partes pode disseminá-la ainda mais (propagação vegetativa). • As planta daninha dominantes devem ser identificadas. • Estratégias de manejo. Manejo de plantas daninhas em lavoura de café 43 44 45 46 47 48 9 SP4: Lavouras de café, mecanizadas, com diferentes funcionários • Todas as operações são mecanizadas (preparo do solo, roçagens, aplicação de defensivos agrícolas). • Cada funcionário é responsável por suas áreas e equipamentos de trabalho. • Todos os talhões eram homogêneos quanto à infestação de plantas daninhas, mas passaram a ter diferentes produções, embora sigam o mesmo planejamento e utilizem os mesmos produtos. • Áreas do funcionário A: altíssimas infestações de picão-preto (Bidens pilosa L.) e capim-carrapicho (Cenchus echinatus L.). • Áreas dos funcionários B e C: infestação baixa. • Por que isso pode estar ocorrendo? • O que fazer para corrigir, evitar essa situação? Resolvendo a SP4: • Características das plantas daninhas dominantes nas áreas e tipo de manejo. • Picão-preto e capim-carrapicho: sementes com estruturas especializadas para se dispersar anexando em algo. • Café é planta perene, convive com as plantas daninhas por muito tempo, todos os tratos culturais são realizados na mesma população de plantas ao longo do tempo, o que permite um alto trânsito de maquinários. • Funcionário A não está realizando o controle preventivo (?): não higienizar seus maquinários depois do uso = carregando as sementes (principal agente disseminador destas plantas daninhas). • Ação humana: principal fator de controle preventivo (higienização das máquinase implementos agrícolas e do uniforme de trabalho). Questionamento Sobre o manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) e suas estratégias de controle, analise as seguintes afirmações: I. O MIPD utiliza múltiplas estratégias de controle, as quais são usadas de maneira compatível e, se possível, sinérgica. II. O MIPD visa manter populações de plantas daninhas acima de níveis que causam danos econômicos. III. Um manejo com rotação de culturas, utilização de herbicidas e de culturas de cobertura em períodos de entressafra é um exemplo de MIPD. IV. A rotação de mecanismos de ação de herbicidas é um exemplo de MIPD. V. O cultivo sequencial de uma cultura anual, seguida da manutenção da área em pousio nas entressafras, propicia a diminuição da população de plantas daninhas e constitui um exemplo de MIPD. Sobre o MIPD e suas estratégias de controle, conclui-se que estão corretas as afirmações: a) I, II e V. b) I, II e IV. c) I e III. d) I, II, III e IV. e) I, II, III, IV e V. Recapitulando • Flora infestante e banco de sementes. • Estratégias e métodos de controle de plantas daninhas: cultural, mecânico, químico. • MIPD: integração de métodos de controle (convivência). 49 50 51 52 53 54
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