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O processo de replicação do material genético em eucariotos e sua relação com o envelhecimento e formação de células cancerígenas

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Tópico 04
Genética humana
O processo de replicação do
material genético em eucariotos
e sua relação com o
envelhecimento e formação de
células cancerígenas
1. Introdução
A replicação do DNA é definida como o processo na qual todas as
moléculas de DNA localizadas no núcleo de uma célula são
duplicadas de maneira idêntica às moléculas originais, antes da
divisão celular. Apesar de parecer simples, a replicação é um
processo complexo que requer vários componentes, e suas ações
têm de estar intrinsecamente coordenadas a fim de garantir que
o DNA seja copiado com fidelidade.
Após a publicação da estrutura da molécula de DNA apresentada
pelos pesquisadores James Watson e Francis Crick, em 1953,
diversos cientistas começaram a se perguntar como uma
molécula complexa e extremamente longa como o DNA poderia
se replicar. Três modelos de replicação foram propostos, o
modelo conservativo, dispersivo e semiconservativo. Neste
tópico, iremos discutir os três modelos teóricos e como os
pesquisadores comprovaram que todas as células replicam seu
material genético seguindo o modelo semiconservativo.
O processo de replicação também é ligeiramente diferente entre
organismos procariotos e eucariotos, envolvendo diversas
enzimas e proteínas que diferem em número, mas com funções
semelhantes. Enquanto nos procariotos cerca de 13
componentes são utilizados, nos eucariotos o processo de
replicação pode envolver 27 componentes! Mas, isso não é
motivo de preocupação; neste tópico, serão discutidas as funções
de “apenas” sete componentes.
Por fim, será discutido o processo de replicação das
extremidades das moléculas de DNA, as regiões chamadas de
Telômeros. Nestas regiões, o processo de replicação é realizado
por uma enzima muito específica e capaz de utilizar uma
molécula de RNA para gerar DNA. Portanto, distúrbios gerados
durante a replicação estão associados aos processos de
envelhecimento e geração de células cancerígenas.
2. Os Modelos Teóricos de
Replicação
Inicialmente, foram propostos três modelos teóricos para a
replicação do DNA. Na replicação conservativa, a molécula
inteira de DNA de fita dupla serve como molde para uma nova
molécula inteira de DNA, e a molécula de DNA original é
totalmente conservada durante a replicação. Na replicação
dispersiva, as duas fitas de nucleotídeos se rompem (dispersam)
em fragmentos, que servem como molde para a síntese de novos
fragmentos de DNA, e então, de alguma maneira, reúnem-se de
novo em duas moléculas de DNA completas. Nesse modelo, cada
molécula de DNA resultante é intercalada com fragmentos de
DNA velho e novo e nenhuma molécula original é conservada. A
replicação semiconservativa é intermediária entre esses dois
modelos, sendo que as duas fitas de nucleotídeos se desenrolam,
e cada uma serve como molde para uma nova molécula de DNA
(Figura 2 A).
A partir da estrutura tridimensional do DNA proposta por
Watson e Crick em 1953, várias implicações genéticas
importantes estavam imediatamente aparentes. A natureza
complementar das duas fitas de nucleotídeos em uma molécula
de DNA sugere que, durante a replicação, cada fita serve como
molde para a síntese de uma nova fita. A especificidade do
pareamento de bases (adenina com timina, guanina com
citosina) indica que apenas uma sequência de bases pode ser
especificada para cada molde, e então, as duas moléculas de
DNA construídas a partir do par de moldes serão idênticas à
molécula original. Apesar das implicações aparentes, nenhum
pesquisador foi capaz de comprovar qual modelo era utilizado
pelas células para realizar o processo de replicação. Somente em
1958, dois pesquisadores, Matthew Meselson e Franklin Stahl,
comprovaram experimentalmente o modelo de replicação do
DNA. É exatamente este experimento que será abordado no
próximo slide.
Figura 2 A – Os três modelos teóricos de replicação do DNA propostos
após a publicação de Watson e Crick em 1953.
3. O Experimento de Meselson e
Stahl e o Modelo
Semiconservativo
O primeiro problema na compreensão da replicação do DNA foi
saber se o mecanismo de replicação era semiconservativo,
conservativo ou dispersivo. Em 1958, dois jovens cientistas,
Matthew Meselson e Franklin Stahl, descobriram qual dessas
possibilidades descreve corretamente a replicação do DNA. A
ideia deles era permitir que as moléculas de DNA parental,
contendo nucleotídeos de uma densidade, fossem replicadas em
um meio contendo nucleotídeos de densidades diferentes. Se o
DNA fosse replicado de maneira semiconservativa, as moléculas-
filhas deveriam ser metade velhas e metade novas, e, portanto,
de densidade intermediária.
Para fazer seu experimento, Meselson e Stahl cultivaram
bactérias Escherichia coli em um meio contendo o isótopo
pesado de nitrogênio ( N), em vez da forma leve normal ( N).
Esse isótopo foi inserido nas bases nitrogenadas, que foram
então incorporadas em filamentos de DNA recém-sintetizados.
Após muitas divisões celulares em N, o DNA das células foi
bem marcado com o isótopo pesado. As células foram, então,
removidas do meio com 1 N e colocadas em um meio com N.
Após uma ou duas divisões celulares, as amostras foram colhidas
e o DNA foi isolado de cada amostra. Esse experimento
relativamente simples, foi um marco para a Genética moderna,
pois evidenciou que todos os organismos replicam suas
moléculas de DNA segundo o modelo de replicação
semiconservativa, porque cada fita original de nucleotídeos
permanece intacta (conservada), apesar de não se combinar
mais com a mesma molécula. Assim, a molécula original de DNA
tem sua metade (semi) conservada durante a replicação (Figura
3 A).
15 14
15
5 14
Figura 3 A – Previsão do modelo semiconservativo de replicação das
moléculas de DNA que foi comprovado após a realização dos
experimentos de Meselson e Stahl.
4. As Forquilhas de Replicação
Após o experimento de Meselson-Stahl, outra questão pairava
sobre a comunidade científica: se as duas fitas da molécula de
DNA se separam e cada uma das fitas é utilizada como molde
para a síntese de novas moléculas de DNA, em algum momento
será possível observar as duas fitas das moléculas de DNA
separadas! Em 1963, John Cairns testou essa previsão,
permitindo a replicação do DNA nas células bacterianas para
incorporar a timidina tritiada ([ H] timidina), o nucleotídeo
timina marcado com um isótopo radioativo de hidrogênio
chamado trítio. Teoricamente, cada nova molécula-filha
sintetizada deveria conter um filamento radioativo (“quente”;
com H) e outro não radioativo (“frio”). Após intervalos variados
e números variados de ciclos de replicação em um meio
“quente”, Cairns cuidadosamente lisou a bactéria e depositou o
3
3
conteúdo da célula em lâminas de microscopia eletrônica. Essa
técnica permitiu que John Cairns “revelasse” uma fotografia da
molécula de DNA durante o processo de replicação.
Neste experimento, John Cairns demonstrou que a replicação do
DNA se inicia pela formação das forquilhas de replicação. As
forquilhas são os locais na molécula de DNA cujo maquinário de
replicação atua e processa a replicação. As forquilhas de
replicação são formadas pela quebra das ligações do tipo pontes
de hidrogênio e consequente separação dos pares de bases
nitrogenadas das duas fitas da molécula de DNA (Figura 4 A).
Figura 4 A – Formação das forquilhas de replicação em um organismo
procarioto. São apresentados os resultados do experimento de John
Cairns com uma interpretação do processo de replicação e formação
das forquilhas de replicação.
Aprendendo mais uma!
Nos organismos procariotos, só ocorre a formação de
duas forquilhas de replicação, porém como as moléculas
de DNA nos organismos eucariotos são maiores e
ocorrem geralmente em maior número, várias
forquilhas de replicação são formadas, permitindo que o
processo de replicação ocorra mais rapidamente!

Outra importante contribuição demonstrada por John Cairns foi
de que a forquilha de replicação se move durante areplicação do
DNA na medida em que a dupla hélice continuamente se
deselicoidiza. Desta forma, o processo de síntese das novas fitas
difere de acordo com a fita original. Vale relembrar que a
molécula de DNA é constituída de duas fitas de polinucleotídeos
pareadas no sentido antiparalelo. Portanto, a separação das duas
fitas resulta em 2 filamentos com sentido 5’ – 3’, um que se
direciona a favor e outro contra as forquilhas de replicação
(Figura 4 B). Esta característica é fundamental para a síntese das
novas fitas que irão constituir as novas moléculas de DNA, pois
diferenças importantes irão ocorrer na síntese dos dois
filamentos. Vamos conferir?
Aprendendo mais uma!
As origens de replicação nos eucariotos, geralmente, são
formadas nas regiões da molécula de DNA com
sequências longas de pares A – T (adenina e timina).
Isso ocorre porque essas bases se pareiam pela formação
de duas pontes de hidrogênio, sendo mais fácil quebrá-
las do que nas regiões contendo bases C – G (citocina e
guanina) que se pareiam por três pontes de hidrogênio.

Figura 4 B – A forquilha de replicação move-se na síntese de DNA na
medida em que a dupla hélice continuamente se deselicoidiza. A
síntese do filamento contínuo (em inglês: Leading) pode continuar
sem interrupção no sentido do movimento da forquilha de replicação,
mas a síntese do filamento descontínuo (em inglês: Lagging) deve
ocorrer no sentido oposto, afastando-se da forquilha de replicação.
5.  Visão Geral da Replicação
Como foi visto anteriormente, para que o processo de replicação
ocorra, é necessário quebrar as pontes de hidrogênio que unem
as duas fitas antiparalelas das moléculas de DNA, formando as
Aprendendo mais uma!
As fitas Leading e Lagging recebem estes nomes devido
a velocidade na qual ocorre a síntese da nova fita.
Enquanto o processo de formação na fita contínua
(Leading) segue até o final da molécula de DNA, a fita
descontínua (Lagging) é pausadamente sintetizada
devido a formação dos fragmentos de Okazaki.

forquilhas de replicação. O local em que ocorrem forquilhas de
replicação são chamados de origem da replicação, que nos
organismos eucariotos ocorrem em mais de um local da
molécula de DNA (Figura 5 A).
Figura 5 A – (a) Representação da origem de replicação no processo
de replicação de organismos eucariotos. (b) Representação do
processo de replicação, ocorrendo em diferentes origens de
replicação, mecanismo que acelera o tempo necessário para a
replicação da molécula de DNA.
Os primeiros componentes do maquinário responsável pelo
processo de replicação devem, portanto, realizar a quebra das
pontes de hidrogênio e manter toda a estrutura separada. As
primeiras proteínas envolvidas no processo são das classes
das Helicases e as Topoisomerases. As Helicases são enzimas
que rompem as pontes de hidrogênio que mantêm os dois
filamentos da dupla hélice juntos e rapidamente desenrolam a
dupla hélice à frente da síntese de DNA. As Topoisomerases têm
função diferente, elas impedem que a molécula de DNA seja
super-helicoidizadas pela formação das forquilhas.
As Topoisomerases relaxam o DNA super-helicoidizado,
quebrando um único filamento de DNA ou ambos os filamentos,
o que permite que o DNA gire, tornando-se uma molécula
relaxada. Neste contexto, inibidores de topoisomerases são
usados em protocolos de quimioterapia, pois desta forma, o DNA
tenciona e impede a replicação do mesmo e inibe a divisão
celular, fazendo com que os compostos combatam o avanço do
tumor. As Topoisomerases terminam reunindo os filamentos da
molécula de DNA agora relaxada. Por fim, as Proteínas de
Ligação atuam na Fita Simples (SSB) que se ligam às fitas que
foram separadas e impedem que as pontes de hidrogênio sejam
formadas novamente.
Após a separação das duas fitas, onde começa o processo de
replicação? Essa é uma pergunta importante, pois como foi visto
nos tópicos anteriores, a síntese das estruturas primárias das
moléculas de DNA (cadeias de polinucleotídeos pelas ligações
fosfodiéster) só são possíveis adicionando novos nucleotídeos às
extremidades do carbono 3’ das pentoses. Desta forma, a síntese
das novas fitas sempre deve seguir o sentido dos carbonos 5’ –
3’. A proteína responsável por adicionar novos nucleotídeos à
fita de DNA é a DNA polimerase III (DNA Pol III). Porém, a
DNA pol III necessita de carbonos 3’ disponíveis para que ela
adicione novos nucleotídeos. Vale a pena recordar que a
molécula de DNA sempre é utilizada como molde para síntese de
outras moléculas; porém, desta vez, não existe nenhuma pentose
livre para que a DNA pol III realize seu trabalho.
É nesta hora que entra em cena outra proteína fundamental, as
Primases. Esta classe de proteínas é responsável por adicionar
um pequeno segmento de RNA na fita molde de DNA. Com isso,
a DNA pol III é capaz de identificar a pentose com carbono 3’
livre e adicionando novos nucleotídeos e, assim, sintetizar a nova
fita. Na medida em que a DNA pol III avança, a dupla hélice é
continuamente desenrolada na frente da enzima, para expor
mais os filamentos de DNA separados que atuarão como moldes.
A DNA pol III atua na forquilha de replicação, a zona em que a
dupla hélice está se desenrolando. Entretanto, como a DNA
polimerase sempre adiciona nucleotídeos na ponta 3“ em
crescimento, apenas um dos dois filamentos de polaridade
inversa pode servir como molde para a replicação no sentido da
forquilha de replicação. Para esse filamento, a síntese pode
ocorrer de modo contínuo e ininterrupto no sentido da
forquilha. O novo filamento sintetizado nesse molde é chamado
de filamento contínuo (em inglês: Leading). A síntese do outro
filamento também ocorre na extremidade em crescimento 3”,
mas essa síntese está no sentido “errado”, pois, para esse
filamento, o sentido 5“ – 3’ da síntese está se distanciando da
forquilha de replicação (Figura 5 B).
Figura 5 B – Sentido da síntese das duas fitas de DNA durante a
replicação da molécula de DNA.
Como foi visto, a natureza da maquinaria de replicação demanda
que a síntese de ambos os filamentos ocorra na região da
forquilha de replicação. Portanto, a síntese da fita descontínua
(em inglês: Lagging), ou seja, a que se move afastando-se da
forquilha de replicação, não pode continuar por muito tempo.
Ela tem de ocorrer em segmentos curtos! Para que isso aconteça,
a Primase deve adicionar novos primers de RNA à fita,
permitindo que a DNA pol III sintetize um segmento e, então,
move-se para a ponta 3“ do próximo segmento, onde a Primase
expôs um novo primer na forquilha em movimento, e o processo
começa novamente. Esses trechos curtos (1.000 a 2.000
nucleotídeos) de DNA recém-sintetizado são chamados de
fragmentos de Okazaki (Figura 5 C).
Figura 5 C – (a) Representação da origem de replicação no processo
de replicação de organismos eucariotos. (b) Representação do
processo de replicação ocorrendo em diferentes origens de
replicação, mecanismo que acelera o tempo necessário para a
replicação da molécula de DNA.
Após todo o processo de síntese das novas fitas, as moléculas
recém-sintetizadas ainda precisam de algumas alterações, pois
como vocês se lembram as primases adicionaram pequenos
segmentos de RNA na molécula tanto na fita contínua quanto na
descontínua. Como existem diferenças entre os nucleotídeos de
RNA e DNA, todos os nucleotídeos de RNA precisam agora ser
substituídos da molécula por nucleotídeos de DNA. A proteína
responsável pela substituição é a DNA polimerase I (DNA pol I).
Além disso, a DNA pol I confere se todas os nucleotídeos
adicionados correspondem com os pareamentos das bases da fita
original. A DNA pol I é, portanto, fundamental para evitar erros
de replicação e garantir que a molécula foi replicada fielmente.
Por último, ocorre a ação da proteína DNA ligase que é
responsável por conectar os nucleotídeos recém substituídos,
formando uma fita contínua de nucleotídeos de DNA. Esta
proteína é responsável por realizaras ligações do tipo
fosfodiéster, a ligação básica que forma a estrutura primária das
moléculas de DNA (Figura 5 D).
Figura 5 D – Funcionamento das proteínas associadas ao processo de
replicação executando suas funções na forquilha de replicação.
6. O Replissomo
Outra característica da replicação do DNA é a velocidade. O
tempo necessário para que a bactéria E. coli replique seu
cromossomo pode ser tão rápido que em 40 minutos o processo
se encerra. Portanto, seu genoma de cerca de 5 milhões de pares
de bases tem de ser copiado a uma velocidade de cerca de 2.000
nucleotídeos por segundo. O replissomo é o maquinário
molecular responsável pela síntese de DNA. Ele inclui duas DNA
polimerases III para fazer a síntese em cada filamento e
coordena a atividade de proteínas acessórias necessárias para a
adição dos primers de RNA, a deselicoidização da dupla hélice e
a estabilização dos filamentos separados. Além disso, faz a
verificação completa das novas fitas e une os filamentos recém-
sintetizados. Para auxiliar na discussão, a tabela abaixo lista as
funções e processos desempenhados pelos diferentes
componentes do replissomo.
Tabela 1. Descrição dos principais componentes do replissomo e
suas funções no processo de replicação das moléculas de DNA.
Número Proteína Função desempenhada
1 Helicases
Quebra das pontes de hidrogênio
e separação das fitas
antiparalelas
2 Topoisomerases
Estabilização da molécula de
DNA, evitando giros e hiper-
helicoidização
3
Proteínas de ligação
à fita simples (SSB)
Manter as fitas separadas,
evitando a formação das ligações
de ponte de hidrogênio
4 Primases
Adiciona primers de RNA,
liberando pentoses com carbono
3’ disponíveis
5 DNA polimerase III
Adiciona nucleotídeos de DNA,
sintetizando a nova fita
6 DNA polimerase I
Faz a troca dos primers de RNA
por nucleotídeos de DNA e revisa
o processo de replicação
7 DNA ligase
Faz a ligação entre os segmentos
alterados pela DNA pol I
7. Replicação, Envelhecimento e
Formação de Células
Cancerígenas
Como foi visto até agora, a replicação da molécula de DNA em
um cromossomo eucariótico ocorre em ambas as direções a
partir de várias origens de replicação. Esse processo replica a
maior parte do DNA cromossômico, mas há um problema
inerente em replicar as duas pontas das moléculas de DNA
lineares, as regiões chamadas de telômeros. Enquanto a síntese
do filamento contínuo pode ocorrer normalmente até a ponta do
molde, a síntese do filamento descontínuo demanda primers de
RNA à frente do processo. Logo, quando o último primer é
removido, são perdidas sequências na ponta do filamento. Em
consequência, resta uma ponta unifilamentar em uma das
moléculas-filhas de DNA. Se o cromossomo-filho com essa
molécula de DNA fosse replicado novamente, o filamento com
sequências faltando na ponta se tornaria uma molécula
bifilamentar encurtada após cada replicação. A cada ciclo
subsequente de replicação, o telômero continuaria a se encurtar,
até que informações codificantes essenciais fossem perdidas
(Figura 7 A).
Aprendendo mais uma!
Os telômeros são estruturas especializadas, nas pontas
dos cromossomos, que contêm repetições em uma curta
sequência de DNA que é adicionada à ponta 3“ pela
enzima telomerase. Os telômeros estabilizam os
cromossomos, evitando a perda de informação
genômica após cada rodada de replicação do DNA e
associando-se a proteínas para formar um revestimento
que ”esconde“ as pontas dos cromossomos da
maquinaria de reparo de DNA da célula.

Figura 7 A – A replicação na região dos telômeros pode resultar no
encurtamento progressivo da molécula de DNA.
As células desenvolveram um sistema especializado para evitar
essa perda. A solução envolve a adição de múltiplas cópias de
uma sequência simples não codificadora ao DNA das pontas dos
cromossomos. Assim, sempre que um cromossomo é duplicado,
ele fica mais curto e apenas essas sequências repetidas, que não
contêm informação, são perdidas. As repetições perdidas são,
então, acrescentadas de volta às pontas dos cromossomos.
A enzima responsável por esse processo é a Telomerase. Esta é
encontrada em organismos unicelulares, células germinativas,
células embrionárias iniciais e algumas células somáticas
proliferativas (como as da medula óssea e as que revestem o
intestino); todas têm obrigatoriamente divisão celular contínua.
A maioria das células somáticas tem pouca ou nenhuma
atividade de telomerase, e seus cromossomos são
progressivamente encurtados em cada divisão celular. Essas
células podem sofrer um número limitado de divisões; quando
os telômeros são encurtados além de um ponto crítico, o
cromossomo torna-se instável, com tendência a sofrer
rearranjos, sendo então degradado.
Aprendendo mais uma!
Todas as proteínas envolvidas na replicação do DNA
sempre utilizam a molécula de DNA como molde para
construção de moléculas de RNA. A Telomerase é a
única enzima capaz de construir sequências de
nucleotídeos de DNA, utilizando uma molécula de RNA
como molde.

Figura 7 B – Procedimento de ação da enzima Telomerase, responsável
pela replicação na região dos telômeros.
O encurtamento dos telômeros contribui para o processo de
envelhecimento. Os telômeros de camundongos modificados
pela engenharia genética sem um gene da telomerase funcional
(e, portanto, que não expressam a telomerase nas células
somáticas e germinativas) sofrem encurtamento progressivo nas
gerações sucessivas. Após várias gerações, esses camundongos
apresentam alguns sinais de envelhecimento prematuro, como
mudança da cor do pelo para grisalho, perda de pelo e
cicatrização mais lenta de feridas. Por meio da engenharia
genética, também é possível criar células somáticas que
expressam a telomerase. Nessas células, os telômeros não
encurtam, o envelhecimento celular é inibido e as células se
dividem indefinidamente. Entretanto, nestas células podem ser
observadas uma forte relação entre a telomerase e o
desenvolvimento de células cancerígenas.
As células tumorais têm a capacidade de se dividir
indefinidamente, e a telomerase é expressa em 90% de todos os
cânceres. Algumas evidências recentes indicam que a telomerase
estimula a proliferação celular independentemente do seu efeito
no comprimento do telômero, mas o mecanismo usado pela
telomerase para contribuir com o câncer não está claro. O câncer
é um processo complexo de várias etapas, que requer mutação
em, pelo menos, vários genes. A ativação da telomerase sozinha
não leva ao crescimento do câncer na maioria das células, mas
parece que é necessário junto a outras mutações para surgir o
câncer.
Uma das dificuldades no estudo do efeito do encurtamento do
telômero no processo de envelhecimento é que a expressão da
telomerase nas células somáticas também promove câncer, o que
pode encurtar o tempo de vida da pessoa. Para contornar esse
problema, estudos têm sido desenvolvidos, utilizando
camundongos modificados pela engenharia genética que
expressam a telomerase e carreiam genes que os tornam
resistentes ao câncer. Esses camundongos têm telômeros mais
longos, vivem mais e exibem poucas mudanças relacionadas à
idade, como alterações na pele, redução da coordenação
neuromuscular e doenças degenerativas. Esses resultados
apoiam a ideia de que o encurtamento do telômero contribui
para o envelhecimento.
8. Conclusão
Este tópico procurou mostrar todo o processo de replicação das
moléculas de DNA. O assunto discutido irá permitir que você
possa explorar, de forma mais embasada, todos os elementos e
variações da reprodução da codificação genética. Diante de
mundo altamente tecnológico, entender e procurar tirar
vantagens dos processos evolutivos será de grande utilidade para
o exercício profissional e para a educação continuada.
O trabalho experimental sobre a natureza molecular do material
hereditário demonstrou de maneira conclusiva que o DNA (e não
as proteínas, os lipídios ou os carboidratos) é, de fato, omaterial
genético. A replicação é feita de maneira semiconservativa tanto
em procariotos quanto em eucariotos. Uma dupla hélice é
replicada para formar duas hélices idênticas, cada uma com seus
nucleotídeos na ordem linear idêntica. Cada uma das duas novas
duplas hélices é composta por um filamento de DNA antigo e um
novo (recém-polimerizado).
Os vários eventos que têm de ocorrer com acurácia e rapidez na
forquilha de replicação são efetuados pelo maquinário biológico
denominado replissomo, um complexo proteico que inclui duas
unidades de DNA polimerase III: uma para agir no filamento
contínuo e outra para agir no filamento descontínuo. Desse
modo, a síntese demora mais tempo e a união dos fragmentos de
Okazaki, em um filamento descontínuo, pode ser
temporariamente coordenada com a síntese menos complicada
do filamento contínuo. O controle minucioso do local e do
momento em que ocorre a replicação é feito pela montagem
ordenada do replissomo em determinados locais no cromossomo
denominados origens de replicação.
As pontas de cromossomos lineares (telômeros) representam um
problema para o sistema de replicação, porque há sempre um
curto trecho em um filamento que não pode ser iniciado. A
enzima telomerase adiciona várias sequências curtas e
repetitivas, para manter o tamanho do cromossomo, sendo
importantes no processo de envelhecimento e produção de
células cancerígenas.
9. Referências
GRIFFITHS, Anthony J. F. Introdução à genética. 10. ed.
Guanabara Koogan, 2013.
PIERCE, Benjamin A. Genética: um enfoque conceitual. 3. ed.
Guanabara Koogan, 2011.
YouTube. (2017, Julho, 02). McGraw-Hill
Animations. Meselson and Stahl Experiment. 2min06seg.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=8mu6Kr3sGFY>. Acesso em: 25 out. 2018.
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