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Meio Ambiente e Sustentabilidade Aula 2

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MEIO AMBIENTE E 
SUSTENTABILIDADE 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Mariana Andreotti Dias 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Prosseguindo com nossas discussões sobre a temática ambiental. Nesta 
aula, aprofundaremos o estudo, colocando em voga aspectos sobre nossa 
temporalidade, especificamente sobre os períodos da modernidade e pós-
modernidade, e as implicações da temática ambiental nas sociedades, estas 
que se voltam aos impactos socioambientais. 
Chega-se o momento de discutirmos o que é sustentabilidade e 
desenvolvimento sustentável, assim como quais são as enunciações que 
esse conceito possui e para que ele foi pensado. Para compreendermos tais 
enunciações, faz-se necessária a abordagem sobre: 
• O conceito de progresso, desenvolvimento, sustentabilidade e 
desenvolvimento sustentável; 
• O desenvolvimento atrelado a ideia de progresso que se fez por um 
modelo para a sociedade na perspectiva da industrialização e dos 
sistemas de produção; 
• A subordinação da natureza pela busca do desenvolvimento. A 
fragilidade e finitude dos recursos naturais e a consequente degradação 
ambiental (da água, do ar, “acidentes” ecológicos, poluição marinha, 
queimadas etc.). Problemáticas que operam em diferentes escalas 
(local, regional, global); 
• A criação do conceito de desenvolvimento sustentável por órgãos e 
legislações ambientais que o inserem em seus relatórios, movimento 
atrelado à crise ecológica. 
TEMA 1 – CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO NA MODERNIDADE 
O termo desenvolvimento é acompanhado, geralmente, de outras 
perspectivas, principalmente a econômica. Ao falarmos de desenvolvimento, 
pensamos em países “desenvolvidos” ou “subdesenvolvidos”, aumento de 
produção, melhor ou pior situação econômica. Sendo assim, ele é um termo 
subjetivo, podendo ser considerado conforme o contexto que se coloca. 
Dentro da discussão da temática ambiental, ao colocarmos em 
perspectiva o desenvolvimento, estamos pensando em economia, em lucro, em 
produtividade, mesmo quando falamos de sustentabilidade. Afirmamos isso 
 
 
3 
pois a natureza, conforme vimos, é um conceito complexo e faz parte de um 
sistema que é livre de interferência humana. Sendo assim, como vamos 
desenvolver algo que não é da natureza humana? Através da ideia de 
sustentabilidade. Veremos como se dá essa perspectiva em nossa sociedade e 
na modernidade. 
TEMA 2 – DESENVOLVIMENTO E PROGRESSO NA MODERNIDADE 
A modernidade é um período compreendido após o fim da Idade Média. 
Não é mera coincidência que esse marco histórico acompanha diversos 
processos da sociedade, como a industrialização e a sede de progresso, 
principalmente nas cidades da Europa – França e Inglaterra. 
A ideia de progresso naquela época escondia a ideia de 
desenvolvimento que vemos atualmente. Baptista (2009, citado por Mendonça; 
Dias, 2019, p. 61), nos apresenta que: 
Concepção de progresso nesta época, como um conceito atrelado a 
emancipação humana e ao crescimento do saber e das tecnologias. 
É nesta fase que se observa a consolidação do ideal antropocêntrico, 
perspectiva máxima da Modernidade. A disseminação e o 
fortalecimento do pensamento cartesiano colocam o ser humano 
como o novo centro do mundo, utilizando-se de seus métodos 
científicos e da razão para desvendar e, mais do que isso, dominar a 
natureza. É nesta condição que o papel do homem é elevado à 
supremacia da racionalidade que, com base na ciência e na técnica, 
se coloca como o dominador da natureza. 
Rompe-se com a perspectiva da Idade Média, quando os deuses e o 
mítico ditavam a vida das pessoas, uma nova relação entre ser humano e 
natureza desponta. Mas antes disso, outras eram as concepções para o 
progresso e desenvolvimento, como é o caso do mercantilismo: 
Um conjunto de medidas econômicas que garantia às monarquias 
acumular internamente grande quantia de metais preciosos, tendo 
como base para isso os lucros com as atividades mercantis e 
principalmente pela exploração das colônias. Teve início no século 
XV durante a expansão marítima e comercial, com o interesse de 
enriquecer a nação (principalmente a burguesia) e reforçar o poder 
real (Estado), o mercantilismo perdurou até o século XVIII, passando 
por várias transformações e adaptações para adequar-se à realidade 
e a conjuntura econômica de cada país. (UFSCAR, s.d) 
Confirmamos que, na ideologia das pessoas, principalmente das 
burguesias, a ideia de progresso era tida como sobrevivência às mazelas do 
mundo. Com isso, percebemos também que o desenvolvimento por meio da 
exploração sempre existiu, fragilizando habitats e populações. 
 
 
4 
Nós devemos questionar até que ponto podemos pensar e nos inclinar 
para a ideia de progresso desmedida. É possível, de fato, sermos 
desenvolvidos e aplicar o desenvolvimento sem afetar algo ou alguém? Vamos 
observar a charge a seguir e refletir sobre a problemática: 
Figura 1 – Progresso 
 
Fonte: Lute Cartonista, 2017. 
O cartunista ilustra o progresso como impacto social e ambiental. Esse 
que resulta em poluição, extinção e má qualidade de vida. Mas voltemos um 
pouco para compreender um outro conceito – desenvolvimento. Segundo 
Oliveira (2010, citado por Mendonça; Dias, 2019, p. 64): 
O termo “Desenvolvimento” passa a ser internacionalmente 
reconhecido após a 2ª guerra mundial, e pode ser considerado como 
um substituto da concepção de “progresso”. Nesta ótica, Bresser-
Pereira (2014) aponta este novo ideal muito mais voltado ao viés 
econômico (...) a teoria sobre o desenvolvimento que surge (...) limita-
se a indicar o melhor modo para acelerar o crescimento econômico 
de um país. (...) nos países desenvolvidos, preocupações com 
problemas sociais, guerra, saúde, entre outros, não são mais o foco, 
como foram anteriormente, posto que haviam atingido um estágio de 
“desenvolvimento” satisfatório. 
Podemos considerar que questões emergenciais como a guerra não 
fazem mais parte das prioridades de países desenvolvidos. Mas será que esse 
desenvolvimento de fato compreende todas as camadas da sociedade? 
Exemplo é o serviço de saúde dos Estados Unidos. Lá, os tratamentos e 
consultas são privatizados, e se alguma doença grave assola o indivíduo, não 
há formas possíveis se não as economias, hipotecas de casas, financiamento, 
 
 
5 
juros etc. Esse processo se concentra, então, em uma lógica de mercado, 
deixando mínima a ideia de desenvolvimento fraterno, igualitário e solidário. 
Mas voltemos à análise sobre o termo: 
A origem da ideia de desenvolvimento pode ser encontrada na teoria 
da evolução de Darwin, que, aplicada à sociologia, adquire o formato 
do chamado evolucionismo social (ou darwinismo social), indicando 
as sociedades industriais capitalistas como exemplo e objetivo a ser 
atingido pelas demais, caracterizando-se assim uma verdadeira 
afronta à diversidade cultural do globo. (Layrargues, 1997, citado por 
Mendonça; Dias, 2019, p. 65) 
As duas ponderações acompanham o momento histórico que aqui 
estamos discutindo, a modernidade. Lembremos que as sociedades 
assistiram conflitos armados e respondiam com movimentos de resistência. 
Mas além disso, estavam à mercê de um pulsar mercadológico, inserindo-os 
em um ideal de vida estimulante e frenético, o consumo. 
Para acompanhar o consumo e o novo modelo de sociedade capitalista, 
a industrialização estabelece definitivamente o seu papel na história, levando a 
todos o sonho do progresso e desenvolvimento. 
No âmbito das Américas, Mendonça e Dias (2019) nos lembram da 
CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), instituição que 
propõe teorias e uma forte industrialização, guiada pelos Estado como escape 
à condição de subdesenvolvimento. 
Celso Furtado explica sobre o projeto nacional-desenvolvimentista que 
carregava consigo a esperança de extensão ampla dos benefícios econômicos, 
políticos e sociais da modernidade a toda sociedade brasileira. A 
industrialização, antes preponderante,daria espaço ao desenvolvimento, que 
é, para o sociólogo, “acumulação de capital e da incorporação de progresso 
técnico, processo que redundaria no aumento da renda por habitante ou, em 
outras palavras, na elevação sustentada dos padrões de vida da população”, 
significando o progresso desencadeado para que o país realizasse a sua 
revolução em direção à modernidade (Memorial Democracia, s.d). 
 
 
 
6 
TEMA 3 – OS LIMITES DO DESENVOLVIMENTO: OS RECURSOS NATURAIS 
E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS 
As ideias Cepalinas, como o projeto nacional-desenvolvimentista, 
espelharam um processo bastante latente na sociedade brasileira, a 
desigualdade social e econômica. Segundo Martins (2010, citado por 
Mendonça; Dias, 2019) tais teorias pregavam transformações radicais nas 
concepções de desenvolvimento, alegando que o sistema vigente até então 
gerava riquezas no centro e pobreza e subdesenvolvimento na periferia. 
A transformação do ideário de igualdade social chega com os 
movimentos sociais no fim da década de 1950 e início da década de 1960. 
Contudo, no Brasil e parte da América Latina, as ditaduras militares despontam 
nesse período e outras concepções são vistas, estagnando a contracultura e o 
ideário social. Ao final dos 1960 e início dos 1970, surge uma nova visão de 
desenvolvimento que contempla o aspecto econômico, o social e o ambiental, 
resultando, quase duas décadas depois, na criação do conceito de 
Desenvolvimento Sustentável. 
A subordinação da natureza pela busca do desenvolvimento é vista 
acompanhada de uma fragilidade e finitude dos recursos naturais. E como 
consequência, a degradação ambiental (da água, do ar, “acidentes” ecológicos, 
poluição marinha, queimadas etc.) acontece em diferentes escalas (local, 
regional, global). Mendonça e Dias (2019, p. 67-68) colocam que: 
O surgimento desse novo conceito se dá à luz de crises ambientais e 
problemas atrelados ao meio ambiente, ocorridos no mundo inteiro 
desde os anos 1950. temos de nos lembrar que durante os anos 1950 
e 60, com o desenvolvimento da mídia televisiva, o alcance das 
catástrofes ambientais era muito maior, sensibilizando a opinião 
pública ante a problemática ambiental e alterando as concepções de 
natureza que a tomam como um recurso ilimitado. 
Vamos organizar nossas ideias: se até agora vimos que as sociedades 
passaram por intensa industrialização, progresso e a busca de um 
desenvolvimento econômico, como fica o meio ambiente, a natureza e os 
ecossistemas? Impactados! Problemas ligados à contaminação do ar, redução 
e contaminação da água, inundações e enchentes, aumento do buraco da 
camada de ozônio, problemas com uso de agrotóxicos, aquecimento global, 
epidemias, riscos etc., vigoram o status quo das populações. 
 
 
7 
É que somente com as grandes Conferências Mundiais que os Estados 
se voltam para tais problemas, firmando compromissos. Iremos tratar desses 
detalhes posteriormente. Mas podemos já enunciar alguns movimentos em prol 
de mudanças para o planeta, como o Clube de Roma: 
Em 1967, o empresário industrial italiano Aurelio Peccei e o cientista 
escocês Alexander King, em uma tentativa de discutir os problemas 
sociais, econômicos e ambientais do globo, instituem o chamado 
Clube de Roma. Fundado oficialmente apenas em 1968, teve até o 
ano seguinte um caráter informal, apontado apenas como um “grupo 
de indivíduos que se encontram com certa frequência para um melhor 
entendimento dos problemas globais” (Clube de Roma, 2017). 
tratava-se de cerca de 30 cientistas, entre eles: economistas, 
ambientalistas, empresários e pessoas influentes da Europa. 
(Mendonça; Dias, 2019, p. 68) 
Como forma de divulgar e estabelecer métricas para o cumprimento dos 
acordos, um primeiro relatório foi dissertado, “Os Limites do Crescimento”, em 
1972. Com ele, podemos estabelecer o despertar do movimento 
ambientalista, pois foi o primeiro instrumento a questionar “a viabilidade do 
contínuo crescimento da população humana e a escassez dos recursos 
naturais” (Mendonça; Dias, 2019, p. 70). As conclusões desse movimento 
foram: 
Se a população mundial continuasse a consumir como na época, por 
consequência da industrialização, os recursos se esgotariam em 
menos de 100 anos. No início do século XXI, os problemas 
internacionais como a crescente desigualdade global, as 
consequências da mudança climática e o uso excessivo dos recursos 
naturais provou que os princípios fundamentais do Clube de Roma 
eram muito certos e reviveram o interesse nas atividades da 
organização: consumo ilimitado e crescimento perigoso num planeta 
com recursos limitados que não podem ser utilizados para sempre. 
(Figueiredo, 2014, s.p) 
A tão propalada infinidade da natureza passava, finalmente, a ser 
colocada em xeque. O avanço das tecnologias sempre foram argumentos 
utilizados a favor do modelo, algo discutido também por Milton Santos ao 
colocar a sociedade no prisma das técnicas. Neste contexto, os termos 
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável passam a ser mais bem 
definidos, indo de algo não necessário, a um conceito deverás utópico e 
discutido, proporcionando novas visões e novas críticas à sociedade, à 
natureza e ao sistema capitalista industrial (Mendonça; Dias, 2019). 
 
 
 
8 
TEMA 4 – SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: 
MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO 
Chegamos no momento de conceituar o termo desenvolvimento 
sustentável, ecodesenvolvimento, sustentabilidade e sustentável que vem 
fortemente embasado pela inserção da problemática ambiental como tema 
político, econômico e social na Conferência das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento Humano em 1972, na cidade de Estocolmo. 
Segundo Mendonça e Dias (2019, p. 72), o conceito de 
desenvolvimento sustentável surgirá com força a partir de 1987. Nesse ano, 
foi lançado o informe Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório 
Brundtland em referência à primeira ministra da Noruega, Gro Harlem 
Brundtland, chefe da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento e responsável pela sua publicação. E este seria: 
Um processo contínuo temporalmente, embasado pela preocupação 
de garantir recursos para a continuidade das sociedades humanas no 
futuro e que, para tanto se leva em consideração aspectos 
ambientais, econômicos e sociais de forma indissociável e 
complementar com o contexto de qualidade de vida da população. 
(Mendonça; Dias, 2019, p. 79) 
O relatório tinha como meta, dentre os seus objetivos, o prenuncio do 
termo sustentabilidade, que seria: “atender às necessidades do presente sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias 
necessidades” (ONU, 1987, citado por Mendonça; Dias, 2019, p. 73). 
Intelectuais da área social e ambiental discutem que: 
Quando surge e adquire força o conceito de desenvolvimento 
sustentável [...] as poucas dúvidas que ainda existiam, quanto à 
preocupação com a natureza – se devia ou não considerar o ser 
humano – se esvaecem.”. completa alegando que “o desenvolvimento 
sustentável incorpora à conservação da natureza externa 
(sustentabilidade ecológica) a sustentabilidade social e também uma 
sustentabilidade econômica. porém, alguns autores, instituições e 
práticas de política ambiental continuam privilegiando ou 
considerando exclusivamente a sustentabilidade ambiental” (Foladori, 
2002, p.104). Algo consentido por Layrargues (1997) ao expor que a 
pobreza passa a ser considerada como um dos mais graves 
problemas ambientais, funcionando como um marco nessa nova 
concepção. e tal reconhecimento admite a necessidade urgente de 
combate à desigualdade social e especulação imobiliária. (Mendonça; 
Dias, 2019, p. 74) 
Sobre o termo ecodesenvolvimento: 
 
 
9 
Pregaria o que LAYRARGUES (1997) chama de teto de consumo, 
atestando que países de primeiro mundo e de terceiro mundo 
deveriam chegar a um denominador comum quanto ao seu consumo, 
buscando um nívelmédio entre ambos, implicando na redução do 
consumo para os países mais ricos, e colocando assim, limites à 
atuação do livre mercado. (Mendonça; Dias, 2019, p. 74) 
Já a ideia de sustentável: 
Perpassa o viés ambiental e ecológico, pois admite-se a sustentabilidade 
enquanto novo princípio ético que deve existir nos campos da política, 
economia, sociedade e também meio ambiente. (Mendonça; Dias, 2019, p. 
76) 
O Relatório Brundtland, contudo, sofre críticas pois não considera as 
contradições e problemas internos de países pobres ou como chamam em 
desenvolvimento, visto que este se faz convivente com uma lógica de 
progresso medida pelo mercado e consumo como estratégias a solucionar os 
problemas ambientais. Outro aspecto fundamental a discutirmos é o que 
Diegues (1992, citado por Mendonça; Dias, 2019, p. 76) nos apresenta: 
No conceito proposto pelo relatório encontra-se no fato da proposição 
de desenvolvimento sustentável enquanto estratégia local, sem levar 
em conta as vicissitudes e tradições culturais de cada sociedade, 
propondo na verdade, que todas sigam uma cartilha que as levará a 
um patamar global de “desenvolvido”. acredita-se então que deva se 
pensar a ideia de “sociedades sustentáveis”, um conceito que levaria 
em conta aspectos individuais de cada sociedade, com parâmetros 
próprios. 
Ou seja, não adianta colocar padrões e estabelecer a mesma “caixinha” 
para sociedades tão diversas em suas culturas, costumes e histórias. 
Sociedades exploradas como as do Sul antagônicas às sociedades de colônia 
como as do Norte. 
Figura 2 – Três áreas para avaliação do desenvolvimento 
 
Fonte: adaptado de Dias, 2017. 
 
 
10 
TEMA 5 – AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE 
Cinco anos após a publicação do relatório Brundtland, em 1992, foi 
realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra, Eco-92 ou Rio 
92. Nesse evento, o termo sustentabilidade adquire caráter mais oficial, sendo 
citado em 12 princípios da declaração final da convenção (ONU, 1992, citado 
por Mendonça; Dias, 2019, p. 77). 
Na Conferência seguinte em Johanesburgo, em 2002, três dimensões 
dessa concepção são instadas pela ONU: a social, a econômica e a 
ecológica. As três são tratadas de formas distintas e complementares. 
 
Figura 3 – As dimensões da sustentabilidade 
 
Fonte: Dias, 2017, citado por Mendonça; Dias, 2019. 
Para melhor compreender, Mendonça e Dias (2019, p. 78) organizam: 
•no âmbito da ecologia, enseja-se a proteção dos recursos genéticos 
e naturais, redução do consumo de recursos e diminuição da poluição 
em todos os seus âmbitos, viabilizando a economia e garantido uma 
qualidade de vida adequada. 
•no que concerne os aspectos sociais são apontados em vista à 
necessidade da garantia de infraestrutura básica, educação, energia, 
saúde e na diminuição das desigualdades sociais e mazelas do 
globo, garantidos por uma melhora na qualidade de vida. 
•no âmbito da economia, se propõe o crescimento responsável e 
equitativo, de modo que nenhuma nação fique alheia. considera-se 
também a preservação do meio ambiente livre da concepção de 
atraso econômico, mas como algo passível de novas perspectivas. 
Quando postas em conjunto, as relações entre esferas indicam três 
níveis: suportável, viável, equitativo. 
 
 
11 
Dentro das agendas empresarial e corporativa, começam a aparecer os 
conceitos aqui enunciados e a inserção da problemática ambiental pode 
significar a solução para os problemas ambientais, já que, em uma sociedade 
cada vez crítica, o “ecologicamente correto” tornar-se-á de fato um diferencial 
para as empresas. Assim, as certificações ambientais surgem como 
novidades para marcas e serviços de todos os tipos, indicando que aquele bem 
de consumo passou por testes e encontra-se em um estágio de suposta 
sustentabilidade, e que, portanto, sua comercialização não afetará o meio 
ambiente (Reydon et. al., 2007, citado por Mendonça; Dias, 2019, p. 81). 
As certificações ambientais estão dentro da lógica de mercado, pois se 
as empresas não contemplarem os selos em seus produtos, ficarão para trás, 
tendo em vista que exigências estatais são feitas, assim como pela própria 
sociedade. Os problemas ambientais que desencadearam as discussões, os 
relatórios, os novos paradigmas, as novas concepções de desenvolvimento e 
sustentabilidade têm, em sua gênese, o próprio sistema capitalista mundial 
(Dias; Tostes, 2009, citado por Mendonça; Dias, 2019). Assim, buscar uma 
solução dentro desse mesmo sistema ainda parece algo muito distante e talvez 
inalcançável, tamanha a voracidade do sistema. 
Para alcançarmos o perfeito desenvolvimento sustentável, necessitamos 
cada vez mais de diálogos e máximas que contemplem o tripé – economia, 
ambiente e sociedade. As soluções até então encontradas não conseguiram 
contemplar a totalidade do conceito em si, deixando por diversas vezes os 
aspectos sociais em segundo plano, fato esse marcado pelo consumismo 
exacerbado e acúmulo de capital nas mãos de poucos; a natureza constitui tão 
somente um recurso para a reprodução do capital, e a força de trabalho 
humano um meio para a transformação da natureza em mercadoria. Diante 
disso, questiona-se: o que tem sido feito pela sociedade? Existem outras 
possibilidades para os entraves do desenvolvimento sustentável? 
NA PRÁTICA 
Para aprofundarmos a temática, podemos dialogar sobre dois 
documentários: 
• O Sal da Terra (2014), de Wim Wenders. Reflita, a partir dos projetos 
elucidados no vídeo, sobre a questão do desenvolvimento sustentável. É 
 
 
12 
possível evitar a destruição da natureza? E reverter o que já está 
destruído? 
• Time for Change (2010), dirigido por João Amorim. A reflexão será 
proveitosa no que concerne às questões ambientais travadas 
principalmente sobre a quebra de paradigmas entre o conhecimento 
vernacular e a academia. 
FINALIZANDO 
Ao longo desta aula, pudemos esclarecer alguns conceitos fundamentais 
para a temática e questão ambiental. Necessitamos compreender o surgimento 
da lógica sustentável e o desenvolvimento intrínseco a ela. O mercantilismo, a 
industrialização, o progresso e a lógica de mercado fazem parte do complexo 
que o desenvolvimento sustentável está. 
Os relatórios dissertados nas Conferências Mundiais para o 
Desenvolvimento Humano, notoriamente encabeçado por Estados mais 
abastados e pela Organização das Nações Unidas, deram o tom sobre a 
perspectiva, mas nos leva à reflexão sobre os limites desses esforços e a sua 
não efetivação na sociedade moderna e pós-moderna. Conforme indicam 
Mendonça e Dias (2019, p. 83), 
Tem-se o ideal de buscar o desenvolvimento social, econômico e 
ambiental de modo a garantir recursos para a continuidade das 
sociedades humanas no planeta, sendo esta ideia amplamente 
utilizada a partir dos anos 90. A concepção do conceito no âmbito do 
capitalismo faz surgir também uma série de críticas principalmente no 
que tange o paradoxo entre desenvolvimento sustentável e a 
essência do capitalismo, dando ênfase ao questionamento, como 
garantir recursos para as próximas gerações em um sistema marcado 
pelo capitalismo? 
Precisamos ficar atento aos discursos inflados nas mídias a fim de 
perceber quais são as informações cortinadas. 
 
 
 
13 
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– das Críticas dos Modelosaos Novos Paradigmas. São Paulo em 
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<sustentareviver.blogspot.com/2014/02/clube-de-roma.html>. Acesso em: 12 
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Dissertação (Pós-graduação em Direito) – PUC-RJ, Rio de Janeiro, 2010. 
MEMORIAL DA DEMOCRACIA. Disponível em: 
<memorialdademocracia.com.br>. 
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Internacional. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio 
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http://sustentareviver.blogspot.com/2014/02/clube-de-roma.html
 
 
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2019. 
REYDON, B. P.; CAVINI, R. A.; ESCOBAR, H. E.; FARIA, H. M. A 
competitividade verde enquanto estratégia empresarial resolve o problema 
ambiental? Texto para Discussão. IE/UNICAMP, Campinas, n. 125, p. 1-24, 
2007.

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