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Introdução à Fitoterapia Profª. Carmelinda Monteiro Costa Afonso Descrição Apresentação da Fitoterapia como componente das práticas integrativas e complementares e da estratégia terapêutica de interesse farmacêutico. Propósito O conhecimento sobre Fitoterapia para o profissional farmacêutico é de suma importância, uma vez que ela está presente em diversas unidades da atenção básica e da rede privada de Saúde, além do fato de alguns fitoterápicos serem de venda livre e precisarem de orientação farmacêutica. Objetivos Módulo 1 Prática terapêutica Identificar a Fitoterapia como prática terapêutica. Módulo 2 Pesquisa em Fitoterapia Definir o processo de pesquisa com plantas medicinais e a obtenção de drogas vegetais. Módulo 3 Políticas públicas Reconhecer a relevância das políticas públicas no fortalecimento da Fitoterapia como prática. Neste conteúdo, você terá uma visão geral sobre a Farmacognosia Aplicada e a Fitoterapia que abordará desde a história do uso de plantas medicinais pelas diferentes sociedades humanas até as comunidades tradicionais que ainda hoje guardam a cultura do uso de espécies vegetais de ocorrência espontânea em seus territórios como parte dos bens e valores ancestrais. A Fitoterapia compõe o grupo das práticas integrativas e complementares (PIC) que é disponibilizado nas unidades básicas de saúde (UBS) nas quais o profissional farmacêutico atua ativamente na dispensação orientada de medicamentos fitoterápicos com base nos princípios do uso racional de medicamentos (URM) para melhor garantir a segurança sanitária à população usuária. Orientação sobre unidade de medida Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. Introdução 1 - Prática terapêutica Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a Fitoterapia como prática terapêutica. Conceito, histórico e importância da Fitoterapia Considerações iniciais O uso de plantas com atividade farmacológica nas sociedades organizadas é de longa data. Desde que abandonamos a organização em grupos do tipo caçadores e coletores nômades, e passamos a nos fixar nos territórios a partir da domesticação do solo por meio do cultivo de várias espécies vegetais destinadas ao uso alimentar, foi possível observar as relações com o ambiente, sobretudo a relação entre os reinos animal e vegetal, e dessa forma identificar o uso de determinadas plantas por animais adoecidos. A observação atenta da flora presente em cada território facilitou seu uso pelos pequenos grupos sociais como insumo na produção rudimentar de diversos produtos, na confecção de tecidos e artefatos, no uso medicinal, na extração de pigmentos, como acessório mágico- religioso, ou no uso recreativo. O fato é que a relação entre humanos e o reino vegetal remonta há tempos imemoriais. Assim, é muito importante conhecer não só como a história da Fitoterapia começou, mas também sua evolução conceitual. Cabe ressaltar o destaque e a importância no desenvolvimento de novos fármacos e no fortalecimento da prática farmacêutica. Um breve histórico A presença do Homo sapiens sobre a Terra não possui data precisa, mas oscila entre 350 mil anos a.C. (antes de Cristo) e 100 mil anos a.C. Durante esse período, desenvolvemos inúmeras habilidades que nos destacaram dos demais mamíferos, e duas delas têm destaque neste conteúdo. Confira mais alguns detalhes a seguir: Técnicas A primeira foi o desenvolvimento de técnicas capazes de guardar ou manter o fogo aceso. Recurso terapêutico A segunda foi a utilização das plantas encontradas no ambiente como recurso terapêutico no tratamento de diferentes afecções. A manutenção do fogo aceso permitiu a elaboração de técnicas capazes de garantir o cozimento dos alimentos, facilitando o processo digestório e a assimilação de nutrientes, além de possibilitar o aquecimento das habitações no inverno. Da mesma forma, a inserção das espécies vegetais como estratégia curativa foi resultado do conhecimento empírico acumulado e oportunizou o alento a alguns males causados pelo adoecimento, mas não raro desencadeava desfechos indesejados, como agravação dos casos ou até mesmo a morte em decorrência da toxicidade ou de doses elevadas no uso. Cabe ressaltar que parte dessa rotina era antecedida por rituais mágico- religiosos que, igualmente, utilizavam plantas como recurso metafísico de recuperação da saúde e do equilíbrio. Todo conhecimento era transmitido oralmente e, com o surgimento rudimentar da escrita, foi possível o registro da informação e o aprimoramento do uso. Assim, os documentos recuperados por arqueólogos após séculos nos trouxeram um breve panorama do que ocorrera no passado. Se tomarmos o abacate (Persea americana Mill.) como exemplo, encontraremos relatos de seu uso terapêutico na América Central datados entre 8000 a.C. e 7000 a.C. Essa espécie carregava um misto de significados nutricional, simbólico, religioso e mitológico importante para as populações espalhadas naquela região, como os povos de etnia Maia. Comentário Nos diferentes continentes encontramos registros guardados desde 3000 a.C., por exemplo, na Índia relacionam o uso da flora local à dietética e à higiene pessoal. As plantas compunham parte dos textos sagrados védicos indianos, e essa tradição originou a medicina indiana baseada no uso de plantas medicinais conhecida como Ayurveda (ayur = vida e veda = conhecimento). Na China, o imperador Amarelo, um amante das plantas e de seu uso terapêutico, catalogou mais de 360 espécies vegetais, e entre muitas tivemos a Thea sinensis L. e a Ephedra sinica Stapf, além da descrição de técnicas terapêuticas utilizadas na prevenção e no tratamento das diferentes modalidades de adoecimento. Entretanto, cabe ressaltar que, assim como a medicina indiana, a medicina chinesa relacionou o uso de plantas medicinais a uma proposta terapêutica que considerava o humano como parte integrante da natureza, e não uma parte deslocada no todo (visão holística). Assim, as duas propostas terapêuticas ainda mantêm atualmente o mesmo olhar sobre o processo de saúde-adoecimento e podem ser colocadas no grupo das terapias que integram o conjunto de Racionalidades Médicas definidas por Madel Luz (2012) como aquelas que atendem ao paradigma transcultural bioenergético ou vitalista que insere o indivíduo como parte de um contexto socio-histórico específico em ressonância com o meio ambiente. Apresentaremos as principais épocas históricas e achados em relação ao uso de plantas medicinais, bem como as espécies e/ou uso: Mesopotâmia - 2600 a.C. Óleo de Cedro (Cedrus sp.) Alcaçuz (Glycyrrhizaglabra L.) Papoula (Papaversomniferum L.) Egito (Papiro de Ebers) - 2000 a.C. Genciana (Genciana lutea L.) Sene (Cassia angustifolia Vahl.) Losna (Artemisia absinthium L.) Esse papiro continha cerca de 800 fórmulas mágicas, extratos de plantas, uso medicinal de chumbo e cobre e venenos de diferentes espécies de animais. Além disso, prescrevia o uso terapêutico de óleos vegetais (alho, girassol, açafrão) e o uso de mel ou de cera de abelhas como veículo ou ligamento para os óleos usados, visando à melhoria da absorção da formulação. Grécia com Hipócrates - 460–377 a.C. Reuniu diversos escritos com indicação de tratamento à base de plantas medicinais, além do reforço dietético e de atividades ao ar livre. Grécia com Dioscórides - 40–90 d.C. (era Cristã) Catalogou e ilustrou cerca de 600 diferentes plantas usadas para fins medicinais e descreveu seu emprego terapêutico em uma coletânea que batizou de Materia medica. Grécia com Galeno - 129–216 d.C. Desenvolveu misturas complexas, as chamadas “cura-tudo”,que ficaram conhecidas como “misturas galênicas”. Suíça com Paracelso - 1493–1541 Lançou as bases da Medicina Natural e afirmou que “A Medicina se fundamenta na natureza, a Natureza é a Medicina, e somente naquela devem os homens buscá-la. A Natureza é o mestre do médico, já que ela é mais antiga do que ele e existe dentro e fora do homem”. Declarou ainda que a dose certa define se uma substância química é um medicamento ou um veneno. Além disso, desenvolveu a teoria da assinatura dos corpos, que relacionava a ação de uma determinada planta medicinal a seu aspecto morfológico, como a Pulmonaria officinallis L., que se assemelha morfologicamente ao pulmão humano e é indicada para afecções pulmonares. Farmacopeias Brasileiras (FB) e Mementos Terapêuticos -1929 (1ª edição FB) – 2019 (6ª edição volume II - FB) Desde a primeira edição da Farmacopeia Brasileira, foram descritas 183 espécies botânicas que, a cada edição, tiveram atualizações pertinentes quanto a nomenclatura botânica, identificação macroscópica e microscópica, ensaios cromatográficos e outros ensaios físico-químicos, que incluem o doseamento de princípios ativos de cada droga. Na sexta edição, foi elaborado um volume específico com a coletânea de monografia de 84 drogas vegetais, preparações vegetais líquidas, sendo 22 tinturas, 19 extratos fluidos, 25 óleos, gorduras e ceras. Alemanha – Século XX Criou uma comissão para avaliar a segurança e a eficácia de produtos oriundos de origem vegetal com a publicação de mais de 400 monografias, nas quais encontrávamos a identificação da droga vegetal, a pureza, possível adulteração, ação terapêutica, contraindicação, reações adversas, posologia e formas farmacêuticas. Conceito e importância da Fitoterapia Com o intuito de compreendermos a extensão e as dimensões da Fitoterapia, é necessário apresentar seus principais conceitos. Para tanto, utilizamos aqueles propostos pelas políticas públicas, pela Anvisa e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS reconheceu o uso de medicamentos fitoterápicos em 1978 com a finalidade curativa ou paliativa e como componente da estratégia terapêutica baseada única e exclusivamente no emprego de espécies vegetais com ação terapêutica. A agência reforçou seu uso como parte do aproveitamento da flora nativa local e, no caso brasileiro, das espécies identificadas nos cinco Biomas, e ainda lançou mão das informações acumuladas ao longo dos anos decorrentes de estudos científicos. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS apresentam a seguinte conceituação de Fitoterapia: terapêutica caracterizada pela utilização de plantas medicinais em suas diferentes preparações farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. (BRASIL, 2006c, p. 46) A Fitoterapia é uma prática integrativa e complementar disponibilizada ao usuário no Sistema Único de Saúde (SUS) como parte da estratégia de garantias de direitos. É um modelo de atenção humanizada centrada na integralidade dos sujeitos e no protocolo clínico “desmedicalizante”, ou seja, baseado no uso racional de medicamentos (URM) que promove o confronto teórico da polifarmácia (vários medicamentos usados concomitantemente) com medicamentos ajustados à condição clínica, em doses adequadas e por tempo limitado e definido pelo prescritor. Assim, a Fitoterapia promove o estudo da flora nacional com potencial de uso terapêutico em busca de novas espécies e consolidação das conhecidas, atua como parte do sistema médico complexo que estimula os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde a partir do uso de fitoterápicos eficazes e seguros, e ainda promove o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de formas farmacêuticas mais precisas e eficazes, como os extratos secos padronizados, por exemplo. Correlação entre Farmacognosia e Fitoterapia A Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBF), em seu portal na internet, define a farmacognosia como “a aplicação simultânea de várias disciplinas científicas com o objetivo de conhecer fármacos naturais sob todos os aspectos” ou como “ciência multidisciplinar que contempla o estudo das propriedades físicas, químicas, bioquímicas e biológicas dos fármacos ou dos fármacos potenciais de origem natural, assim como a busca de novos fármacos a partir de fontes naturais” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA, s. d., n. p.). Em outras palavras, a Farmacognosia desenvolve estudos imprescindíveis no avanço da Fitoterapia, já que o conhecimento da matéria-prima vegetal de importância terapêutica é o cerne dos estudos dessa disciplina. Se a Fitoterapia é a estratégia terapêutica, o fitoterápico é o medicamento composto exclusivamente por matéria- prima de origem vegetal e deve passar por rígido controle de qualidade antes do início de sua produção, mas é preciso garantir o atendimento aos parâmetros farmacopeicos propostos para cada droga, que estão disponibilizados em monografias de cada espécie vegetal. Se tomamos como exemplo o abacateiro, a Farmacopeia Brasileira 6a edição volume II (BRASIL, 2019) estruturou essa monografia em diversas etapas iniciadas com: Folhas secas de Persea americana Mill. (syn. Persea gratissima Gaertn. f.) que contêm, no mínimo, 0,4% de flavonoides totais expressos em apigenina (C15H10O5, massa molar: 270,24g/mol) e 0,14% de óleo volátil. Com as identificações macroscópica, microscópica e por cromatografia em camada delgada. Matéria estranha (no máximo 0,2%), perda por dessecação (no máximo 12%), cinzas totais (no máximo 0,5%), contagem do número total de microrganismos mesófilos e patogênicos (ver teste), teste de metais pesados e resíduo de agrotóxicos. De óleos voláteis e flavonoides totais. Hermeticamente fechado e protegido da luz e do calor. Assim, a Farmacognosia é uma disciplina que agrega conhecimento multidisciplinar e transita desde a identificação e a descrição da droga vegetal à identificação físico-química de seus princípios ativos de interesse com ação farmacológica. A descrição da droga Ensaios de controle de qualidade botânico Testes Doseamento Condições de embalagem e armazenamento Espécies vegetais na Farmacopeia Brasileira Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre como buscar informações sobre espécies vegetais na Farmacopeia Brasileira e em outros documentos oficiais. De�nições em Fitoterapia A prática farmacêutica, seja na produção de fitoterápicos ou em sua dispensação orientada, está fundamentada em informações precisas e procedimentos operacionais que garantem a qualidade do medicamento em todo seu ciclo de vida, que é finalizado com o uso adequado pelo usuário. Nesse sentido, vamos conhecer, a seguir, algumas definições presentes nos diferentes documentos oficiais, como a Política Nacional de Medicamentos. Uma das diversas formas de utilização da droga vegetal rasurada in natura para uso medicinal. Pode ser preparado por meio de infusão, decocção ou maceração em água pelo usuário. A apresentação do chá medicinal pode ser a granel, sachê com dose individual ou doses múltiplas. É a espécie vegetal inteira ou uma parte dela que concentra maior quantidade de metabólitos secundários com reconhecida ação farmacológica de interesse. A droga vegetal pode ser fresca ou seca, de acordo com a indicação da monografia farmacopeica, mas somente devem ser utilizadas aquelas produzidas em solo livre de adubos químicos e cultivo isento de agrotóxico, que após a colheita deve passar por processo de Chá medicinal Droga vegetal secagem adequado (a temperatura não deve exceder a 40 graus Celsius) e ser limpa. Produto da extração da planta medicinal in natura ou da droga vegetal, que contenha metabólito ou metabólitos secundários responsáveis pela ação terapêutica. Pode ocorrer na forma de extrato, óleo fixo e volátil, cera, exsudato e outros. O estudoda relação existente entre algumas espécies vegetais e grupos sociais específicos, que observam e sistematizam o uso/emprego dessas espécies na alimentação, nos processos de cura, nos rituais mágicos, na elaboração de artefatos, na obtenção de pigmentos, ou seja, a forma integral como se dá essa interação. Consiste na busca por informações sistematizadas capazes de gerar conhecimento a partir da investigação interdisciplinar dos agentes biologicamente ativos e tradicionalmente utilizados por grupos sociais em um determinado território. Muito utilizada como estratégia na investigação de espécies vegetais com potencialidade de uso na proposição de novos medicamentos fitoterápicos. Preparação de consistência líquida, semissólida ou sólida. É obtido por meio de diferentes métodos de extração a partir de droga vegetal, que deve passar por tratamento prévio, como eliminação de sujidade, moagem ou desengorduramento, por exemplo. Os extratos podem ser classificados como: extrato padronizado, extrato mole, extrato nativo (genuíno), extrato seco. Derivado vegetal Etnobotânica Etnofarmacologia Extrato Fitoterápico É o produto tecnicamente elaborado a partir de espécie botânica identificada/certificada que, com a técnica adequada, resulta em forma farmacêutica cuja formulação possui finalidade profilática, curativa ou paliativa. Uma formulação fitoterápica não inclui princípios ativos isolados (como cafeína, por exemplo), mesmo que o restante dos componentes seja de origem vegetal. Um fitoterápico inclui o medicamento fitoterápico e o produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples (uma espécie botânica) ou composto (mais de uma espécie botânica). É o princípio ativo isolado de uma espécie botânica caracterizado farmacologicamente, ou seja, com claro entendimento de sua ação, por exemplo, a cafeína. Compreende a planta medicinal ou a droga vegetal fresca ou seca e o derivado vegetal. Espécie vegetal cultivada ou de ocorrência em seu hábitat natural (silvestre), que pode ser utilizada para fins terapêuticos. A planta medicinal usada logo após a colheita/coleta sem passar por qualquer processo de secagem, e que pode ser oriunda de hortos medicinais, fornecida pela parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde ou outras organizações com instituições de ensino superior e/ou centros de pesquisa e de extensão rural ligados à cadeia produtiva de plantas medicinais. Todos os insumos vegetais da cadeia produtiva devem ser oriundos do cultivo agroecológico ou orgânico com a identificação botânica das plantas medicinais. Fitofármaco Matéria-prima vegetal Planta medicinal Planta medicinal fresca (in natura) Produto fitoterápico É todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, com finalidade profilática, curativa ou diagnóstica, com benefício para o usuário. É o produto final acabado, embalado e rotulado. Não podem estar incluídas substâncias ativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal, ou mesmo em misturas. É a preparação alcoólica ou hidroalcoólica resultante da extração de drogas vegetais ou da diluição dos respectivos extratos. É classificada em simples e composta, conforme preparada com uma ou mais matérias-primas. A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, 10mL de tintura simples correspondem a 1g de droga seca. Extrato padronizado Extrato ajustado a um conteúdo definido de um ou mais princípios ativos responsáveis pela atividade terapêutica. Extrato mole Preparação de consistência semissólida obtida por evaporação parcial da fase líquida. Apresenta no mínimo 70% (p/p) de resíduo seco e pode conter conservantes para evitar o crescimento de microrganismos. Extrato nativo (genuíno) Preparado sem adição de excipientes (extrato simples ou bruto). Extrato seco Obtido a partir da evaporação completa da fase líquida por liofilização, que é uma técnica que utiliza baixa temperatura e alta pressão. Possui uma perda por dessecação não superior a 5% (p/p). Tintura Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Sobre a Fitoterapia, podemos afirmar que Parabéns! A alternativa D está correta. O uso de plantas medicinais data de 8000 a.C. pelos Maias na América Central, e ainda temos o registro de seu uso em diferentes momentos da nossa evolução civilizatória. Questão 2 A importância dos estudos etnobotânico e etnofarmacológico no desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos é justificada por qual destas afirmativas? A trata-se de uma prática terapêutica recente que se iniciou a partir da Revolução Industrial e possibilitou a industrialização do AAS (ácido acetilsalicílico) em 1899 pelo químico Bayer. B utiliza plantas medicinais e medicamentos industrializados cujas formulações possuem, além dos extratos preparados exclusivamente por matéria-prima vegetal, alguns princípios ativos, como a cafeína, que são igualmente originários de espécies vegetais. C pode ser utilizada sem preocupação com efeitos adversos severos, pois “se não fizer bem, mal não fará”. D o uso de plantas medicinais data de períodos anteriores a 7000 a.C., e os diferentes povos utilizavam-nas tanto para debelar processos de adoecimento como para processos de cura do espírito, que expressam seu uso mágico ou metafisico. E não temos normas técnicas que normatizem a fabricação, a prescrição e o uso dos fitoterápicos. Parabéns! A alternativa B está correta. Os estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos são importantes em grande parte do desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos, pois utilizam a experiência ancestral das comunidades tradicionais no que se refere à utilização de espécies vegetais como alimento e à produção de artefatos e ritos religiosos, além dos processos de tratamento e alívio de doenças. A São estudos de Botânica e Farmacologia com espécies vegetais desconhecidas que possuem ou não atividade farmacológica. B São estudos da utilização das plantas com utilidade terapêutica por grupos tradicionais específicos que nos indicam espécies vegetais com potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos. C São estudos relacionados ao período pós-registro em que a identificação da espécie vegetal é confirmada, assim como sua atividade farmacológica. D Trata-se da descrição da droga no texto farmacopeico, tanto na perspectiva botânica quanto na farmacológica. E Esses estudos não são importantes no desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos. 2 - Pesquisa em Fitoterapia Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir o processo de pesquisa com plantas medicinais e a obtenção de drogas vegetais. Etnobotânica e Etnofarmacologia no desenvolvimento de �toterápicos Dois grandes ramos da Etnobiologia se destacam na pesquisa de drogas vegetais e fármacos derivados delas: a Etnobotânica e a Etnofarmacologia. Embora já tenhamos definido esses dois termos no módulo anterior, vamos retomá-los agora para compreendermos melhor sua importância na pesquisa e no desenvolvimento de novos fitoterápicos e novos fármacos. Etnobotânica Busca nos grupos sociais tradicionais (população ribeirinha, quilombolas, indígenas e outros) estudar a importância e o emprego de espécies vegetais específicas e sua rotina de vida. Etnofarmacologia Aprofunda o uso das espécies botânicas, mas na perspectiva das práticas terapêuticas de cada um desses grupos sociais. Assim, uma pesquisa inicial segue etapas que envolverão profissionais de diversas áreas, como biólogos, farmacêuticos, químicos, antropólogos, entre outros, que serão imprescindíveis na coleta e na análise de dados realizada em campo. Veja mais a seguir: Identi�cação botânica Esse tipo de estudo se inicia pela identificação botânica da espécie ou de espéciesde interesse, o que incluirá o depósito do material- testemunha em herbário, a partir do envio desse material identificado que ficará arquivado em exsicata. Pesquisa bibliográ�ca Os dados etnofarmacológicos são, então, coletados e analisados e em seguida é realizada a pesquisa bibliográfica em bancos de dados de fitoquímica e botânica das espécies como no Chemical abstracts, Index, Medicus, Biological abstracts, entre outras. Análise química A análise química preliminar é feita para a detecção das classes de substâncias presente na planta e para a identificação da parte da planta (droga vegetal) na qual essas substâncias se encontram em maior concentração. Material-testemunha Material utilizado para documentar a ocorrência de uma espécie em uma determinada localidade ou para documentar a identidade de uma planta — utilizada em um experimento ou da qual se extraiu DNA — ou de um composto químico em particular, do qual se fez contagem cromossômica. Exsicata Planta coletada na natureza que passa por processos que vão desde a secagem e a identificação científica até o armazenamento do material no acervo. O material preparado recebe uma etiqueta que contém informações sobre dados observados no momento da coleta, procedência do material, nome popular e científico da espécie, família botânica a qual pertence, e por fim um número de registro que indicará que a amostra se tornou patrimônio da instituição à qual o herbário é vinculado. Os dados coletados com a população sobre o uso da planta (parte utilizada, se uso externo ou interno ou se decocção) nos dá pistas para a elaboração/proposição das marchas fitoquímicas na obtenção dos extratos inicias. Parte das análises químicas para verificação da viabilidade da droga cumpre um circuito de investigação que possibilita a elucidação das estruturas dos princípios ativos principais, as quais orientarão a escolha da técnica apropriada (farmacotécnica) no preparo do fitoterápico. Tais análises ainda definem os ensaios para a realização do controle de qualidade. Marchas �toquímicas Procedimento qualitativo que indica a presença ou não de classes de compostos por formação de precipitados, mudança de cor ou fluorescência. Comentário O estudo farmacológico preliminar dos extratos brutos é realizado a partir de modelos experimentais propostos que são originados das pistas fornecidas pelos grupos sociais estudados. Em seguida, a operacionalização de estudos farmacológicos e toxicológicos mais abrangentes é realizada como parte da fase pré-clínica da P&D (Pesquisa & Desenvolvimento). O método etnofarmacológico, entretanto, estabelece algumas limitações, por exemplo: Erro de memória na coleta dos dados com os usuários, sobretudo a respeito dos detalhes no tratamento (prévio e do preparo para o uso) da droga e da associação a componentes mágicos ou religiosos característico de cada grupo social. As barreiras decorrentes da legislação específica (Lei nº 13.123/2015) que são relacionadas ao acesso ao conhecimento tradicional associado ao uso da biodiversidade. Lei nº 13.123/2015 A Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, bem como sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade. Desenvolvimento de medicamentos �toterápicos e validação cientí�ca O desenvolvimento de fitoterápico exige diferentes estudos de viabilidade que agregam variadas áreas de conhecimento, que demonstrarão as etapas constitutivas da produção e da garantia de manutenção do fitoterápico no mercado. O desafio é transformar a planta medicinal inteira ou parte dela em um medicamento finalizado e uma forma farmacêutica definida, estável e com garantia de segurança sanitária quanto a toxicidade, possíveis interações medicamentosas, contraindicações e reações adversas. Atenção! Outro ponto importante quanto à produção de fitoterápico é garantir que a matéria-prima utilizada contenha quantidade suficiente de princípio(s) ativos(s) para a ação farmacológica esperada. Nesse sentido, algumas etapas de estudo serão necessárias para a execução do processo de desenvolvimento do medicamento fitoterápico. A seguir, apresentamo-las divididas em seis dimensões. Dimensão botânica Esta é a primeira etapa, pois é a que define a espécie botânica de interesse no desenvolvimento do fitoterápico. Assim, o estudo botânico deve permitir a identificação da espécie vegetal a partir de análises anatômica e morfológica e de caracterização macroscópica e microscópica (para o caso do recebimento de matéria-prima vegetal fracionada). O estudo botânico ainda especifica as principais espécies concorrentes adulterantes. Se tomarmos como exemplo o Hypericum perforatum L. da família Hypericaceae, teremos a seguinte descrição: é uma planta herbácea perene, com ocorrência natural na Europa, na Ásia, no norte da África e nos Estados Unidos da América. O material utilizado nas preparações fitoterápicas é a parte aérea (droga) da planta. É uma planta de médio porte, que pode chegar a medir entre 50cm a 1m de altura, com flores abundantes de coloração amarelo-alaranjada brilhante, com pétalas oblongas a elípticas, assimétricas e com pontuação negra. Dimensão agronômica Esta dimensão abrange estudos relacionados ao aproveitamento racional do solo a partir de técnicas de manejo e uso de adubo orgânico, para cultivo em quantidade da matéria-prima vegetal capaz de atender ao circuito produtivo, mas mantendo a qualidade com a garantia da obtenção da biomassa e de drogas com teor de princípios ativos ideal. Comentário Isso é possível a partir de estudos edafo-climáticos (relação entre solo e clima) favoráveis, por micropropagação (por meio de sementes germinadas), pelas inter-relações ecológicas (entre espécies afins, que não compitam pelo uso do solo por aquisição de suas necessidades nutricionais), pelas técnicas adequadas no combate de pragas sem a utilização de agrotóxicos e pela preservação do meio ambiente e da espécie botânica de interesse da biodiversidade local. Na Agroecologia, encontramos parte das estratégias de manejo na organização de ecossistemas produtivos a partir de recursos naturais no cultivo de plantas nativas, com o suporte dos saberes do conhecimento tradicional. Esses estudos seguem uma sequência de etapas que envolve a escolha de sementes saudáveis, o cultivo, a colheita e o beneficiamento (triagem, secagem e beneficiamento). Agroecologia Estratégia de cultivo sustentável a partir de modelo agrícola capaz de garantir a preservação do meio ambiente em oposição ao modelo agrícola convencional que estabelece estratégias que lançam mão do uso abusivo dos recursos naturais e de agroquímicos (agrotóxicos). A agroecologia utiliza diversas tecnologias adequadas à preservação dos agroecossistemas em longo prazo. Outros aspectos devem ser considerados, por exemplo, os processos de limpeza e de secagem adequados quanto a não introdução de resíduos contaminantes na droga vegetal, como desengordurantes; ou ainda a utilização de altas temperaturas como estratégia de secagem que poderão levar à perda de princípios ativos de interesse. Dimensão �toquímica Nesta dimensão, estão incluídos os estudos relacionados à elucidação da fórmula estrutural dos princípios ativos e à identificação química dos metabólitos secundários de interesse (por exemplo, pela identificação inicial dos grupamentos funcionais de potencial ação farmacológica). Atenção! Outra etapa dentro dessa dimensão consiste em identificar os marcadores químicos que serão importantes em alguns momentos: na realização do controle de qualidade da droga, nos processos de planejamento e monitoramento das ações de transformação tecnológica e nos estudos de estabilidade dos produtos intermediário e final. Outros pontos de relevância são a identificação de metabólitos secundários de interesse e o conhecimentode sua estrutura química, pois a partir daí será possível verificar se são degradáveis pela luz (fotólise), pelo calor (termolábil) e por determinados solventes, bem como avaliar se suportam os processos de transformação até a obtenção do produto final (fitoterápico na forma farmacêutica sólida — comprimido; semissólida — creme; ou líquida — xarope, por exemplo). Na imagem a seguir, veja o exemplo de Mikania spp., que são ricas em polifenóis e taninos. Dimensão da investigação de atividade biológica Esta etapa investiga as atividades biológica, farmacológica e toxicológica a partir dos princípios ativos isolados, dos extratos com diferentes polaridades. O Guia para a condução de estudos não clínicos de Toxicologia e Segurança Farmacológica, que foi publicado em 2013 pela Anvisa, baseia-se em estudos de toxicidade de dose única (aguda), toxicidade de doses repetidas, toxicidade reprodutiva, genotoxidade, tolerância local e carcinogenicidade, e estudos de segurança farmacológica e toxicocinética (administração, distribuição, metabolismo e excreção — ADME). Atenção! A proposta dessa sequência de testes evita ou minimiza a possibilidade de utilização desnecessária de cobaias. Compõe a fase pré-clínica da sequência de estudos, ensaios e testes necessários para o desenvolvimento do medicamento fitoterápico. Desenvolvimento da formulação A definição de medicamento encontrada na Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, ainda se mantém como “um produto farmacêutico tecnicamente obtido com propriedade curativa, profilática, paliativa ou para fins de diagnóstico”. É a esse produto que se refere essa etapa de desenvolvimento da formulação, que conjuga a definição da forma farmacêutica mais adequada ao uso (por exemplo: pomada, para uso externo; xarope, para uso interno pediátrico) e garante a estabilidade da formulação por tempo determinado e em condições específicas que definirão o prazo de validade do produto. Outras considerações deverão ser contempladas no desenvolvimento da formulação, que concorrerá na proposição de uma forma farmacêutica capaz de garantir: A eficácia e a segurança do medicamento, isto é, que ele terá a ação farmacológica esperada na concentração formulada e garantirá a não intoxicação do usuário quando for utilizado (dose segura). A via de administração mais adequada para o usuário, ou seja, a que facilitará seu uso e não criará aversão (por exemplo: transdérmico (indolor) versus injetável (invasivo)), levando em consideração que, em caso de reações adversas indesejáveis ou intoleráveis, poderemos interromper seu uso/administração rapidamente. Essas qualidades facilitarão a adesão ao tratamento pelo tempo determinado pelo prescritor. A dose efetiva, que deve ser precisa (uma cápsula/comprimido, e não meio comprimido). A resolução de problemas relacionados à estabilidade da formulação com excipientes adequados, como antioxidantes, tamponantes e outros permitidos na legislação sanitária. A viabilidade técnica da forma farmacêutica. As formulações podem ser destinadas ao uso interno ou externo e podem ser líquidas (emulsão, xarope, soluções), sólidas (cápsulas, comprimidos) e semissólidas (creme, pomadas). Dimensão clínica (ensaios clínicos) Os ensaios clínicos compõem a etapa final no desenvolvimento de um medicamento fitoterápico. Serão aqueles que avaliarão a ação farmacológica, assim como identificarão as possíveis reações adversas, que são reações esperadas, mas indesejadas, causadas por um medicamento. Por exemplo, a Glycyrrhiza glabra L. (alcaçuz) é utilizada para distúrbios gastrointestinais, mas pode causar hipocalemia, retenção urinária e aumento de pressão sanguínea se utilizada por longos períodos. Os ensaios clínicos são realizados por etapas sucessivas e utilizam voluntários em experimentos monitorados por equipe multiprofissional para avaliar a eficácia do medicamento, a segurança e a comparação clínica com protocolos e tratamentos de referência, a dose, a forma de administração, o efeito esperado e os parâmetros relevantes (alteração de provas bioquímicas, por exemplo). A RDC 9/2015 regulamenta a realização dos ensaios clínicos no Brasil e é dividida em quatro estágios ou fases. Confira mais detalhes a seguir: Fase I São selecionados de 10 a 30 voluntários sadios para estudos de avaliação da segurança do fitoterápico e para o desenho dos perfis farmacocinético e farmacodinâmico. Fase II São selecionados de 70 a 100 pacientes para avaliar a eficácia em determinada enfermidade e para acumular informações detalhadas sobre a segurança (confirmação das doses no limite de toxicidade e uso). Nessa fase, a relação dose- resposta também é estudada a fim de otimizar a administração do fitoterápico. Fase III São selecionados de 100 a 1.000 pacientes em um estudo randomizado que pretende comparar o novo tratamento com o protocolo já existente, com o objetivo de confirmar a eficácia e a segurança atribuídas nas etapas anteriores, assim como as reações adversas. Fase IV É realizada a comercialização do produto, que será monitorado (farmacovigilância) na possível ocorrência de reações adversas raras ou desconhecidas. Permitirá o monitoramento dos riscos e dos benefícios do medicamento a longo prazo, bem como a comparação do novo fit t á i t i t t d Relembrando Cabe lembrar que estudos envolvendo cobaias (animais) e voluntários (humanos) devem atender aos aspectos éticos determinados pelos conselhos responsáveis, a saber, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Pesquisa com plantas medicinais e obtenção de drogas vegetais No vídeo a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre a pesquisa com plantas medicinais e a obtenção de drogas vegetais. fitoterápico com outros existentes no mercado, além de identificar novas indicações para o medicamento. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Sobre os estudos de viabilidade, podemos afirmar que A são aqueles que agregam diferentes áreas de conhecimento que vão demonstrar as etapas constitutivas da produção e garantir a manutenção do fitoterápico no mercado. B Parabéns! A alternativa A está correta. Os estudos de viabilidade são compostos por diversas etapas e são imprescindíveis para garantir que o fitoterápico seja suficientemente eficaz e seguro para ser empregado para fins terapêuticos. Sendo assim, investimentos em novos medicamentos sugerem que estudos de viabilidade sejam realizados antes da etapa de ensaios clínicos. Questão 2 Durante o desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos, são realizadas diferentes etapas de estudos, que compreendem dimensões e abordagens muito particulares, dentre elas a dimensão botânica. Sobre essa dimensão, é correto afirmar que são aqueles realizados para detectar a concentração de fitocomplexo na droga. C são aqueles utilizados na fase 4 do ensaio clínico. D são aqueles que utilizam gráficos estatísticos. E são aqueles realizados para identificar se os fitoterápicos têm eficácia comprovada. A é a etapa na qual a espécie botânica de interesse é definida e se realiza a identificação da espécie vegetal. B é a etapa na qual são determinadas as principais classes de substâncias presentes na espécie e a parte da planta em que são encontradas em maior quantidade. C a dimensão botânica compreende estudos relacionados ao aproveitamento racional e sustentável do solo. Parabéns! A alternativa A está correta. A dimensão botânica é a primeira etapa no desenvolvimento do fitoterápico. É nela que acontece a identificação da espécie por meio de análises anatômicas e morfológicas da planta, além da sua caracterização macro e microscópica. 3 - Políticas públicas Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a relevância das políticas públicas no fortalecimento da Fitoterapia como prática. Uso tradicional e usoracional de plantas medicinais e medicamentos �toterápicos A indicação de ervas, chás e xaropes a base de plantas para a manutenção e recuperação da saúde é bem comum, principalmente D é a etapa na qual são investigadas as atividades biológica, farmacológica e toxicológica dos princípios ativos isolados. E é a etapa posterior aos estudos pré-clínicos. entre as pessoas mais idosas. Você também já deve ter ouvido alguém dizer que as plantas são provenientes da natureza e por isso não fazem mal. Situações como essas estão diretamente relacionadas com o que abordaremos neste tópico: o uso tradicional e o uso racional de plantas e fitoterápicos. Vamos entender como esses termos se relacionam? O uso tradicional se refere à prática terapêutica dos grupos/povos tradicionais e complementa o conjunto de bens imateriais e valores, uma vez que é parte das características específicas, como a autoidentificação com um grupo tradicional que possui atividades econômicas específicas relacionadas e vinculadas ao território e à herança histórica, que reforçam esse conjunto de práticas como parte da reprodução cultural. Alguns desses valores estão relacionados à conservação do meio ambiente, pois grande parte das atividades econômicas dependem do equilíbrio ambiental e da conservação da biodiversidade. O uso tradicional utiliza plantas medicinais nas diferentes formas, como xaropes caseiros, pós, garrafadas e cataplasmas, e ainda como uma expressão das práticas culturais chamadas de benzeduras. Segundo estudos etnobotânicos, os benzedeiros eram considerados interlocutores entre o mundo concreto e o espiritual. Eles eram também grandes conhecedores das práticas de cura e mantinham o cultivo das espécies utilizadas nas proximidades de sua habitação. O uso mágico-religioso, conhecido como “doenças culturais” do tipo “mau olhado, defumador de ambiente, afastamento de bruxas e feiticeiras”, indicam o uso de Dieffenbachia sp., Lavandula sp., Petiveria alliacea, Rosmarinus officinalis, Ruta graveolens, Sansevieria trifasciata, por exemplo. Comentário Outro exemplo de uso tradicional foi abordado pelo estudo de Giraldi e Hanazaki (2010) que demonstrou o uso de 114 espécies de plantas medicinais distribuídas em 48 famílias botânicas na região de Sertão do Ribeirão, Florianópolis-SC, e relacionou famílias e espécies utilizadas nas várias afecções da população, por exemplo, para doenças da pele e do tecido subcutâneo, como eczema e furúnculo, utilizam Bryophylum pinnatum, Centella asiatica, Jacaranda puberula. O uso racional de medicamentos aplicado ao uso e à indicação das plantas medicinais e fitoterápicos segue como resultado dos dados e do conhecimento acumulado ao longo das décadas, e da identificação de iatrogenias em grande parte da população mundial em um processo sistematizado. Assim, em 1985, na Conferência de Nairobi, a OMS apresentou o conceito de uso racional de medicamentos (URM), que determina alguns parâmetros importantes que deverão ser considerados na parte do ciclo de vida do medicamento que vai da prescrição pelo clínico à utilização pelo usuário. De acordo com esse princípio: Iatrogenias Alterações causadas pela má conduta clínica e pelo uso irracional de medicamentos. uso racional de medicamentos (URM) É o processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis, a dispensação orientada do uso correto com o consumo das doses indicadas, em intervalos definidos e pelo período indicado. Espera-se o uso da menor variedade de medicamentos e que aqueles eleitos pelo prescritor sejam eficazes, seguros e de qualidade. A prescrição deve ser apropriada A prescrição deve partir de um diagnóstico preciso e a indicação de medicamentos deve ser em menor quantidade, de modo a evitar a polifarmácia, ou seja, o uso de diversos medicamentos concomitantemente. A disponibilidade oportuna Alguns fitoterápicos foram inseridos na Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e constam da Farmacopeia Brasileira. Preços acessíveis Tanto as plantas medicinais in natura quanto os fitoterápicos nas diferentes apresentações estão disponíveis nas farmácias do Sistema Único de Saúde (SUS), sejam aquelas de dispensação, as magistrais ou ainda as Farmácias Vivas — conceito do SUS voltado para a Rede de Atenção à Saúde (RAS), principalmente na Atenção Primária à Saúde (APS); cabe à Farmácia Viva, no contexto da P líti N i l d A i tê i F ê ti Políticas públicas de plantas medicinais e de �toterápicos Política Nacional de Assistência Farmacêutica, realizar todas as etapas: o cultivo, a coleta, o processamento, o armazenamento de plantas medicinais, a manipulação e a dispensação de preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos. A dispensação deve ser realizada em condições adequadas No caso da Fitoterapia, é importante fornecer a informação correta ao usuário quanto ao preparo (no caso de plantas medicinais), ao uso, ao armazenamento e ainda à verificação de possíveis interações medicamentosas e/ou com alimentos. O consumo O consumo deve seguir as doses indicadas e os intervalos definidos. O consumo pelo período indicado pelo prescritor O tempo de uso é importante para que uma nova avaliação clínica seja realizada e o acompanhamento da evolução do tratamento seja avaliada. Nesse sentido, o termo “uso contínuo” foi abolido, por colaborar para o uso não racional dos medicamentos. Antes de iniciarmos esse assunto, vamos entender o conceito de políticas públicas. As políticas públicas (PPs) configuram decisões de caráter geral sobre um determinado problema ou demanda pública, as quais apontam os rumos e as linhas estratégicas de atuação de uma determinada gestão, que pode ser nos âmbitos municipal, estadual ou federal. Elas devem ser apresentadas como proposta da gestão pública, mas debatidas e aprimoradas a partir do amplo diálogo com a sociedade civil, os representantes e as lideranças dos setores que tratarão de tal política. Assim, uma PP deve ser elaborada com os seguintes objetivos: Intenções Tornar públicas e expressas as intenções do governo (gestão municipal, estadual ou federal). Acesso Permitir o acesso da população em geral e dos formadores de opinião, em particular, à discussão das propostas de governo. Planejamento Orientar o planejamento governamental no detalhamento de programas, projetos e atividades. Comentário Uma política pública é, portanto, um compromisso oficial expresso em documento escrito, no qual consta um conjunto de diretrizes, objetivos, intenções e decisões de caráter geral em relação a um determinado tema. Funciona como um guia para direcionar o planejamento e a elaboração de estratégias, cujos desdobramentos são planos de ação, programas e projetos para sua efetiva implementação. A importância de se estabelecer uma PP está em resolver com ações concretas, executar, acompanhar e avaliar, criando espaço para debates e discussões permanentes e pertinentes à área. No caso da Fitoterapia, algumas políticas foram formuladas e encontram-se em permanente processo de implementação nas unidades de Saúde do SUS. A seguir faremos uma breve apresentação das três principais PPs. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) A PNPIC, publicada em 2006, foi fruto de incessante debate composto por diversas entidades e instituições: associações de profissionais de Saúde, Anvisa, Fiocruz, Associação Nacional de Fitoterapia em Serviços Públicos (Associofito), Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), Associação Brasileira de Fitomedicina (Sobrafito), Rede Latino- Americana Interdisciplinar de Plantas Medicinais (Reliplan) e secretarias que compunham o Ministério da Saúde à época. Comentário Na verdade, a primeira política pública em que figurou o compromisso do gestor público na utilização das plantas medicinais presentes na Potencialização Funcionarcomo orientadoras da ação do governo, reduzindo os efeitos da descontinuidade administrativa e potencializando o uso dos recursos disponíveis para fins que colaborem com a implementação permanente dos objetivos da PP. biodiversidade brasileira foi a Política Nacional de Medicamentos em 1998, que pretendia oxigenar a produção de medicamentos de qualidade e estabelecer estratégias para a promoção do acesso à população usuária do SUS. Em seguida, a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), de 2004, reforçou a importância de ações intersetoriais para inserção do uso das plantas medicinais e de fitoterápicos na rotina da assistência e atenção à saúde, sem ignorar a relevância dos conhecimentos tradicionais, ressaltou o empenho na geração de emprego com a valorização da produção nacional a partir da utilização da biodiversidade do país. A primeira proposição da PNPIC tinha como objetivo a incorporação e a implementação da Fitoterapia, da Homeopatia, da Medicina Tradicional Chinesa (acupuntura), do Termalismo (Crenoterapia) e da Medicina Antroposófica no SUS, com ênfase na atenção básica, na perspectiva do atendimento humanizado e integral à saúde. A esse objetivo se somaram mais três que visavam fortalecer o acesso da população às práticas integrativas e complementares: Termalismo (Crenoterapia) Procedimento realizado com água termal para a prevenção e o tratamento de diversos problemas de saúde. Resolutividade Contribuir com estratégias para o aumento da resolutividade e para a ampliação do acesso a essas práticas com garantia da qualidade, eficácia e segurança no uso. Racionalização Estabelecer a racionalização das ações em saúde a partir de estratégias inovadoras e desenvolvimento sustentável de comunidades. Reforço Reforçar as ações de controle e a participação social com o envolvimento responsável do usuário, dos gestores e dos trabalhadores nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de Saúde. Atualmente são 29 PIC disponibilizadas no SUS, além da Fitoterapia, e os atendimentos se iniciam por meio da atenção básica, que é a porta de entrada para o sistema público de Saúde. Segundo o site oficial do Ministério da Saúde, contamos com mais de 9.300 estabelecimentos de Saúde ofertando parte do atendimento com alguma das PIC distribuídas por 3.173 municípios da federação e em 100% das capitais brasileiras, sendo 78% concentradas na atenção básica. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos O ano de 2006 foi proveitoso na proposição de estratégias que oxigenaram o processo de implementação da Fitoterapia como opção terapêutica para a população brasileira. Assim, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi lançada com a missão de garantir à população o acesso tanto às plantas medicinais quanto aos fitoterápicos de qualidade, tomando como princípio o uso racional e o comprometimento com o uso sustentável das diversas fontes de matéria-prima disponíveis na biodiversidade brasileira. Esperava-se o fortalecimento e o desenvolvimento da cadeia produtiva aliados ao fortalecimento da indústria farmacêutica nacional, como proposto na Política Nacional de Medicamentos em 1998. Cadeia produtiva Etapas constitutivas e racionalmente organizadas no processo de produção pelo qual são submetidos os diversos insumos e matérias-primas durante todo o ciclo de produção, distribuição e comercialização de medicamentos, produtos e serviços. Atenção! Baseada nos princípios norteadores do SUS — universalidade, equidade e integralidade —, essa política estabeleceu diretrizes robustas capazes de projetar etapas no processo da Fitoterapia, que parte do desenvolvimento de um marco regulatório para a produção e a distribuição de plantas medicinais e de fitoterápicos, a partir do acúmulo de experiências exitosas conhecidas, e do incentivo à pesquisa de novas tecnologias e estratégias inovadoras. O que se pretendia era conjugar a otimização das duas pontas desse itinerário. De um lado, a oferta de mais uma opção terapêutica aos usuários na perspectiva da integralidade das ações; do outro, a promoção do uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios decorrentes do acesso à genética de plantas medicinais e ao conhecimento tradicional associado. Esse conjunto de documentos oficiais subsidia as estratégias dos processos de fortalecimento da Fitoterapia no país. Fitoterapia na atenção básica A atenção básica, ou atenção primária, é a porta de entrada no SUS e responde por mais de 70% das demandas da população. Assim, nada mais proveitoso do que disponibilizar a Fitoterapia nas unidades básicas de saúde (UBS), uma vez que o Brasil detém uma das maiores biodiversidades do planeta e acumula saberes tradicionais que nos possibilitam aprender sobre os recursos naturais disponibilizados em cada território. Mais de 3 mil municípios brasileiros disponibilizam a opção do tratamento fitoterápico à população, além da disponibilização de fitoterápicos na Rename e da experiência exitosa da Farmácia Viva que favorece o acesso ao medicamento fitoterápico e às plantas medicinais, evitando a interrupção do tratamento proposto. Se delinearmos o itinerário do uso da Fitoterapia no serviço de atenção básica, encontraremos a influência dos movimentos populares, como resultado de inúmeras conferências de Saúde, e das recomendações da OMS. PNAB A primeira versão da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) complementou o ano prodigioso de 2006, que previu maior aproximação entre a população e o serviço público de Saúde baseado nos princípios da universalidade, da integralidade, da equidade e da participação popular a partir da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que aprofunda os processos de territorialização e possibilita, por exemplo, Acesso à Fitoterapia Dessa forma, o acesso à Fitoterapia pela população é facilitado. A disponibilização dessa terapêutica na UBS justifica-se por diversos motivos que destacamos brevemente a seguir: o resgate e o fortalecimento dos saberes populares; a preservação e a valorização da biodiversidade local; o incentivo às técnicas da Agroecologia; o desenvolvimento social local e a educação a organização de hortas comunitárias e a inclusão da Farmácia Viva na UBS. ambiental; a educação para saúde e o fortalecimento da participação social; e o fortalecimento e o estreitamento dos laços entre a população e a unidade de Saúde. Os programas de Saúde executados na UBS são imprescindíveis, pois se propõem a orientar usuários a partir de oficinas e rodas de conversas em que informações importantes são repassadas. São informadas a forma correta de armazenamento das plantas medicinais, a toxicidade e a contraindicação de alguns fitoterápicos e chás, assim como a desmitificação de que “chás medicinais, se não fizerem bem, mal não farão”. A interlocução com a população permite a troca e o aprofundamento de saberes populares, bem como a aproximação com o saber científico, o que facilita o entendimento do processo de saúde- doença. Atribuições do pro�ssional farmacêutico em Fitoterapia A profissão farmacêutica tem ampla atuação na Fitoterapia e está presente em todo o circuito do medicamento fitoterápico, isto é, desde a coleta à prescrição. Mas é importante que o profissional pontue sua trajetória nas normas éticas e sanitárias que estão descritas em diversas normas técnicas, portarias e legislações específicas. Comentário O Conselho Federal de Farmácia publicou a Resolução 477/2008, que dispõe sobre as atribuições do profissional farmacêutico no âmbito da Fitoterapia nas diferentes dimensões de expressão, seja na produção das drogas vegetais e seus derivados, na manipulação magistral ou na produção industrial. Todo esse circuito compõe parte fundamental da consolidação das políticas e orientações nacionais e internacionais para o acesso dos usuários à terapêutica fitoterápica. A resoluçãogarante a exclusividade da direção ou da responsabilidade técnica nas empresas ou estabelecimentos produtores e distribuidores das diferentes magnitudes e naturezas, como na indústria farmacêutica, distribuidoras de medicamentos e insumos relacionados à Fitoterapia, farmácias magistrais públicas ou privadas, drogarias e demais atividades relacionadas à assistência e à atenção farmacêuticas. Cabe ainda a participação atenta nos seguintes casos: Nos processos de implantação dos serviços de Fitoterapia. Na promoção do URM na prática da Fitoterapia, no suporte pedagógico, na elaboração de material informativo e em campanhas educativas. No monitoramento, no registro e na avaliação do acompanhamento dos usuários de plantas medicinais (farmacovigilância). Na contribuição do aprimoramento profissional a partir do oferecimento de estágios aos acadêmicos do curso superior de Farmácia. As principais atribuições foram agrupadas em três eixos no esquema a seguir e estão relacionadas com os campos de ação no que couber caso a caso, mas vale ressaltar que a leitura atenta da Resolução 477/2008 é de fundamental importância. Observe os quadros a seguir. Campos de ação Sistema de Saúde Farmácia Magistral Farmácia Comunitária Indústria Farmacêutica Educação e Qualificação Profissional Pesquisa e Desenvolvimento Processamento dos Insumos de Origem Vegetal Fornecimento, Distribuição, Importação e Exportação Prescrição Quadro. Campos de ação segundo a Resolução 477/08 do Conselho Federal de Farmácia. As principais atribuições distribuídas em três eixos: Eixo pedagógico: Pesquisa e estudos etnobotanicos e etnofarmacologicos, desenvolvimento de sistema de informação técnico, ações de capacitação, URM, estudos de Farmacovigilância & Farmacoepidemiologia. As principais atribuições distribuídas em três eixos: Eixo técnico-farmacêutico: Cultivo, coleta, secagem e armazenamento adequado da matéria-prima vegetal, especificação técnica dos insumos, farmacotécnica — boas práticas de fabricação —, estudos de estabilidade do medicamento fitoterápico, atendimento à legislação sanitária, referência técnica pela Farmacopeia Brasileira e documentos oficiais . Eixo clínico: Formação da Comissão de Farmácia e Terapêutica (CTF), elaboração de formulários terapêuticos, assistência farmacêutica, atenção farmacêutica, dispensação orientada bases no URM. Quadro. Atribuições conforme a Resolução 477/08 do Conselho Federal de Farmácia. Você pode acessar as informações completas na Resolução 477/08 (CFF). Um capítulo à parte se abre para a prescrição farmacêutica de fitoterápicos, que deverá atender aos princípios postulados no URM e nas condicionalidades descritas nas resoluções do Conselho Federal de Farmácia de número, 546/2011, 585/2013 e 586/2013, que regulamentaram as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica. Atribuições do pro�ssional farmacêutico em Fitoterapia Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre importância do farmacêutico na implementação das políticas públicas relacionadas à Fitoterapia e sua atuação como prescritor de medicamentos fitoterápicos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O Conselho Federal de Farmácia definiu, por meio de resolução, as atribuições do profissional farmacêutico no âmbito da Fitoterapia. Assinale a alternativa que contém essa resolução: Parabéns! A alternativa C está correta. A Resolução 477/2008 foi publicada a fim de definir a atuação do farmacêutico no âmbito da Fitoterapia. Essa resolução estabelece as atribuições do profissional farmacêutico no âmbito da Fitoterapia em diferentes áreas, seja na produção das drogas vegetais e seus derivados, na manipulação magistral ou na produção industrial. Questão 2 A Fitoterapia é uma das práticas que foram incorporadas e implementadas ao SUS em decorrência da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Assinale a alternativa que representa um dos objetivos principais da PNPIC. A Resolução 546/11 B Resolução 585/13 C Resolução 477/08 D Resolução 586/13 E Lei 5.991/73 A Estabelecer a racionalização das ações em Saúde a partir de estratégias inovadoras e desenvolvimento sustentável de comunidades. B Parabéns! A alternativa A está correta. Entre outras proposições, a PNPIC propõe objetivos que suscitam estratégias de implementação das PIC, entre elas a Fitoterapia, a partir de estratégias e ações que atendessem à lógica da integralidade dos sujeitos e das demandas das populações, bem como garantissem a continuidade dos serviços. Considerações �nais Neste conteúdo, vimos que o uso de plantas medicinais permeia a história e está enraizado na cultura e na crença da sociedade até os dias de hoje. Nesse ínterim, a Fitoterapia se consolida como a estratégia terapêutica caracterizada pela utilização de plantas medicinais em suas diferentes preparações farmacêuticas. Vimos também que o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico é constituído por diferentes etapas que vão desde as pesquisas etnobotânica e etnofarmacológica até ensaios pré-clínicos, a fim de garantir sua eficácia e segurança. Por fim, verificamos que, graças ao empenho de diferentes entidades de profissionais de Saúde, a Fitoterapia é integrante de importantes políticas públicas e faz parte do rol de práticas terapêuticas oferecidas à população brasileira na atenção básica. Garantir a presença do profissional farmacêutico no atendimento fitoterápico. C Normatizar as boas práticas na fabricação de medicamentos fitoterápicos. D Estabelecer os parâmetros mínimos dos insumos utilizados no preparo do fitoterápico. E Propor que o serviço de fitoterápicos na UBS seja oferecido apenas nas capitais das unidades federativas. Podcast Neste podcast, você descobrirá um pouco mais sobre os principais conceitos e definições em Fitoterapia, bem como sua evolução como prática até os dias de hoje. Além disso, verá quais são as perspectivas futuras e os desafios do farmacêutico como profissional central desde o desenvolvimento até a prescrição de medicamentos fitoterápicos. Explore + Saiba mais sobre produtos tradicionais fitoterápicos passíveis de notificação de acordo com as formulações publicadas na segunda edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, disponível no site da Anvisa. Entenda mais sobre estudos não clínicos com o Guia de condução de estudos não clínicos de toxicologia e segurança farmacológica necessários ao desenvolvimento de medicamentos, publicado pela Gerência de Avaliação de Segurança e Eficácia — GESEF, em 2013. Você deve, também, consultar a segunda edição do Formulário de Fitoterápicos, Farmacopeia Brasileira, disponível no site da Anvisa. Referências ANTONIO, G. D.; TESSER, C. D.; MORETTI-PIRES, R. O. Fitoterapia na atenção primária à Saúde. Rev. Saúde Pública, v. 48, n 3, p. 541-553, 2014. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira. 6. ed. Brasília, 2019. v. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS — PNPIC-SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006a. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006b. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006c. (Série B. Textos Básicos de Saúde). GIRALDI, M.; HANAZAK, N. Uso e conhecimento tradicional de plantas medicinais no Sertão do Ribeirão, Florianópolis,SC, Brasil. Acta bot. bras., v. 24, n. 2, p. 395-406, 2010. LUZ, M.; BARROS, N. (Org.). Racionalidades e práticas integrativas em saúde. Rio de Janeiro: UERJ/IMS/LAPPIS, 2012. MONTEIRO, S. da C.; BRANDELLI, C. L. C. Farmacobotânica: aspectos teóricos e aplicação. Porto Alegre: Artmed, 2017. SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA. O que é Farmacognosia? S. d. Consultado na internet em: 22 nov. 2021. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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