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Olá, Parabéns pela iniciativa de se preparar para um concurso! Sabemos que essa jornada pode ser desafiadora, mas com dedicação e estudo, você estará cada vez mais próximo da aprovação. Nesta apostila que você tem em mãos, reunimos teoria e questões para ajudá-lo a se preparar da melhor maneira possível. Temos certeza de que esse material será fundamental para o seu sucesso na prova. Além disso, queremos incentivá-lo a seguir nossas redes sociais, onde compartilhamos dicas, informações e materiais exclusivos para quem está estudando para concursos. Acompanhe-nos e fique por dentro de tudo o que precisa saber para se sair bem na prova. Aproveite ao máximo esta apostila e lembre-se: o caminho para a aprovação pode ser longo, mas o esforço vale a pena. Acreditamos em você e estamos aqui para ajudá-lo em sua jornada rumo à realização do seu sonho. Boa sorte e bons estudos! SUMÁRIO SEGURANCA CONTRA INCÊNDIOS 4 COMBATE A INCÊNDIOS 187 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 296 BUSCA, SALVAMENTO E RESGATE E SALVAMENTO VEICULAR 389 DOCUMENTACAO TÉCNICA 466 DIREIO INSTITUCIONAL 495 DIREITO ADMINISTRATIVO INSTITUCIONAL 564 DIREITO CONSTITUCIONAL 642 DIREITO PENAL MILITAR 656 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 674 ____________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO LEI Nº 13.425, DE 30 DE MARÇO DE 2017. Estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público; altera as Leis nºs 8.078, de 11 de setembro de 1990, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; e dá outras providências. Art. 1º Esta Lei: I – estabelece diretrizes gerais e ações complementares sobre prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público, atendendo ao disposto no inciso XX do art. 21, no inciso I, in fine, do art. 24, no § 5º, in fine, do art. 144 e no caput do art. 182 da Constituição Federal; II – altera as seguintes Leis: a) Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências; e b) Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; III – define atos sujeitos à aplicação da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências; IV – caracteriza a prevenção de incêndios e desastres como condição para a execução de projetos artísticos, culturais, esportivos, científicos e outros que envolvam incentivos fiscais da União; e V – prevê responsabilidades para os órgãos de fiscalização do exercício das profissões das áreas de engenharia e de arquitetura, na forma que especifica. Art. 2º O planejamento urbano a cargo dos Municípios deverá observar normas especiais de prevenção e combate a incêndio e a desastres para locais de grande concentração e circulação de pessoas, editadas pelo poder público municipal, respeitada a legislação estadual pertinente ao tema. § 1º As normas especiais previstas no caput deste artigo abrangem estabelecimentos, edificações de comércio e serviços e áreas de reunião de público, cobertos ou descobertos, cercados ou não, com ocupação simultânea potencial igual ou superior a cem pessoas. § 2º Mesmo que a ocupação simultânea potencial seja inferior a cem pessoas, as normas especiais previstas no caput deste artigo serão estendidas aos estabelecimentos, edificações de comércio e serviços e áreas de reunião de público: I – (VETADO); II – que, pela sua destinação: a) sejam ocupados predominantemente por idosos, crianças ou pessoas com dificuldade de locomoção; ou b) contenham em seu interior grande quantidade de material de alta inflamabilidade. § 3º Desde que se assegure a adoção das medidas necessárias de prevenção e combate a incêndio e a desastres, ato do prefeito municipal poderá conceder autorização especial para a realização de eventos que integram o patrimônio cultural local ou regional. § 4º As medidas de prevenção referidas no § 3º deste artigo serão analisadas previamente pelo Corpo de Bombeiros Militar, com a realização de vistoria in loco. § 5º Nos locais onde não houver possibilidade de realização da vistoria prevista no § 4º deste artigo pelo Corpo de Bombeiros Militar, a análise das medidas de prevenção ficará a cargo da equipe técnica da prefeitura municipal com treinamento em prevenção e combate a incêndio e emergências, mediante o convênio referido no § 2º do art. 3º desta Lei. 4 1 CONCEITUAÇÃO BÁSICA Inicialmente, para a compreensão mais adequada de alguns termos que serão largamente tratados neste manual, é importante definir três expressões básicas que serão adotadas nesse documento: o conceito de Fogo, Incêndio e Chama. 1.1 Fogo, Incêndio e Chama Ao pesquisarmos em livros de física ou química, encontraremos que o processo sinônimo de fogo é Combustão. Em manuais de bombeiros, a combustão também é geralmente tratada como Fogo. Percebe-se, portanto, que essas palavras são sinônimas. Fogo é uma reação de combustão utilizada como ferramenta para execução de diversas tarefas, como aquecer alimentos e ambientes, além de ser utilizado em processos industriais, dentre outras. Enquanto essa reação está absolutamente sob o nosso controle, recebe o nome de fogo. Durante o preparo de um café com aquecimento de água em uma caneca, basta girar a válvula do fogão para acender ou apagar o fogo, até que a água atinja a temperatura necessária para a produção do alimento desejado. Até esse momento, absolutamente controlada pela válvula de um fogão, a reação é denominada fogo. Suponha, porém, que um pano de prato foi esquecido próximo à chama do fogão, e se aqueceu até incendiar. Esse pano de prato, agora em chamas, propaga o calor para o armário ao lado, para o exaustor plástico sobre o fogão, para a toalha sobre a mesa, e essa reação já não pode mais ser controlada pelo simples manejo de válvulas ou botões. Ela requer uma abordagem técnica específica. A essa reação fora de controle, com potencial de causar lesões, morte e danos materiais, damos o nome de Incêndio. A diferença, portanto, entre fogo e incêndio é que fogo é uma combustão controlada, e incêndio é uma reação fora de controle, que requer abordagens e técnicas específicas para debelá-lo. Posto isso, é justamente a área de trabalho e estudo dos Corpos de Bombeiros do Brasil e do mundo. E será, também, o foco dos estudos apresentados neste manual. A chama é a manifestação visual dessa reação, é a luz liberada na combustão2. A chama pode ter diferentes cores e formatos característicos, dependendo do tipo de combustível que estiver queimando, do comburente envolvido, da proporção entre esses reagentes ou do ambiente onde a combustão está ocorrendo. Estudaremos mais detalhadamente a chama a seguir neste manual. A cor da chama nos dá uma informação sobre o seu Combustão é uma reação química de oxidação rápida, na qual ocorre a liberação de calor, ou liberação de luz e calor, entre alguma substância e o oxigênio1. Há combustão sem chama, que ocorre entre substâncias nas quais há pouco carbono. (FARADAY, 2003; FRIEDMAN, 1998; TURNS, 2013). Incêndio é a reação de combustão fora de controle, com potencial de causar morte, lesões e danos materiais. A chama é a manifestação visual da reação de combustão, é a luz liberada no processo de queima. 1 Nem sempre uma chama pode servista na reação de combustão. Por exemplo, uma chama de combustão do gás hidrogênio (H2) seria transparente para o olho e não seria facilmente vista. Ainda, uma chama pode ser tornada adiabática e, portanto, o calor não é liberado (QUINTIERE, 2006) 2 Há reações de combustão que não possuem chamas, como é o caso da combustão do gás hidrogênio 187 nível energético; na cor azul, a chama possui maior energia do que quando está avermelhada ou amarelada (figura 1.1). Figura 1.1 – Cores de chamas: de 1 para 4, do menos energético ao mais energético Fonte: Arnalich, 2015 1.2 A ciência do Fogo A ciência do fogo exigiu o desenvolvimento da descrição matemática dos processos que compõem a combustão. Quintiere (2006) organizou uma linha do tempo com os estudos mais relevantes para a ciência do fogo, iniciando pelas leis do movimento, propostas no século XVII por Isaac Newton, passando pelos problemas de transferência convectiva de calor e massa. Depois que os princípios gerais de conservação e as relações constitutivas foram estabelecidos, os problemas do fogo não exigiram novas descobertas científicas profundas. No entanto, o fogo está entre os processos de transporte mais complexos e exigiu formulações matemáticas estratégicas para a solução. Requeria um conhecimento profundo dos processos subjacentes para isolar seus elementos dominantes, a fim de descrever e interpretar efetivamente os experimentos, e criar soluções matemáticas gerais. A tabela 1.1 apresenta a linha do tempo elaborada por Quintiere. Tabela 1.1 – Estudos pioneiros para a ciência do fogo 2 TRIÂNGULO DO FOGO A teoria do triângulo do fogo surgiu como fruto dos diversos estudos da ciência da combustão e auxilia, didaticamente, no processo de compreensão dessa reação. A teoria apresenta que são necessários três requisitos (em concentrações específicas) para que haja uma reação de combustão. Esses três requisitos são o combustível, o comburente e o calor (figura 1.2). Evento 188 Figura 1.2 – Triângulo do fogo Fonte: Autor 2.1 Calor Para melhor compreensão dos conteúdos que serão abordados à frente e preliminarmente à definição de calor, é importante relembrar alguns conceitos básicos de termologia. As moléculas ou partículas possuem uma carga interna de movimento, denominada, por ora, de “grau de agitação”. Quanto mais agitada uma partícula, maior será sua energia, e quanto maior sua energia, maior também será sua temperatura. Quando dois ou mais corpos, com diferentes temperaturas, entram em contato, a tendência natural é que eles busquem um estado de equilíbrio térmico, caracterizado pela uniformidade da temperatura dos corpos (MÁXIMO e ALVARENGA, 1993). Para que o equilíbrio ocorra, será necessário haver transferência de energia. Aquele corpo que tem uma energia maior (temperatura maior) irá ceder energia para o corpo com energia menor (temperatura menor). Essa energia transferida de um corpo mais quente para outro menos quente recebe o nome de Calor (figura 1.3). Figura 1.3 – Transferência de calor entre corpos de diferentes temperaturas Fonte: Autor Temperatura é a medida da maior ou menor agitação das moléculas ou átomos que constituem um corpo. Quanto maior a temperatura, maior será a energia cinética de suas moléculas. Um corpo mais quente possui mais energia que um corpo mais frio (MÁXIMO e ALVARENGA, 1993). Energia térmica é uma energia interna que consiste na energia cinética e na energia potencial associadas aos movimentos aleatórios dos átomos, moléculas e outros corpos microscópicos que existem no interior de um objeto (HALLIDAY, RESNICK e WALKER, 2013). 189 3 Embora a tendência do fluido seja subir, essa camada poderá caminhar horizontalmente, devido ao formato do ambiente no qual se encontra. O fluido não possui formato definido, podendo amoldarse de acordo com o ambiente. 2.1.1 Propagação do Calor Sabe-se, até agora, que o calor fluirá de um ponto mais energético a outro menos energético. Aqui serão apresentadas as formas como esse calor flui de um ponto a outro, ou seja, como ocorre a propagação do calor. 2.1.1.1 Condução Um material aquecido em um ponto absorve energia e aumenta sua temperatura. Os elétrons e átomos desse material vibram intensamente por causa da alta temperatura a que estão expostos. Essas vibrações, e a energia associada, são transferidas ao longo do material através de colisões entre os átomos, sem que esses átomos sofram translação ao longo do material. Dessa forma, uma região de temperatura crescente se propaga pelo material (HALLIDAY, RESNICK e WALKER, 2013). A propagação por condução ocorre quando, por exemplo, colocamos a ponta de uma colher metálica em contato com uma chama. A ponta da colher irá se aquecer e suas partículas aumentarão seu grau de agitação, ampliando as colisões entre as partículas adjacentes, induzindo a elevação da temperatura e resultando no aquecimento do cabo da colher (figura 1.4). Figura 1.4 – Condução em uma barra metálica Fonte: Autor 2.1.1.2 Convecção A convecção é o método de propagação do calor que ocorre em meios fluidos (gases e líquidos) e verticalmente para cima. O fluido, depois de aquecido, diminui sua densidade relativa, passando a ficar mais leve e tendendo, em regra3, a “subir”. Enquanto essa camada aquecida sobe, ela propaga o calor verticalmente para cima, aumentando a temperatura dos terços superiores de uma edificação em chamas. Calor é a energia térmica em trânsito, que flui de um ponto mais energético para outro menos energético, buscando encontrar o equilíbrio térmico. A energia térmica é transferida de um corpo para outro em virtude, unicamente, de uma diferença de temperatura entre eles (MÁXIMO e ALVARENGA, 1993). Um fluido, ao contrário de um sólido, é uma substância que pode escoar. Um fluido é uma substância que escoa porque não resiste a tensões de cisalhamento, embora muitos fluidos, como é o caso dos líquidos, resistam a tensões compressivas (HALLIDAY, RESNICK e WALKER, 2013). Densidade é a quantidade de matéria que ocupa um determinado espaço. Em um sistema fluido, se tivermos uma determinada quantidade de matéria e esta for aquecida, ela ocupará um espaço maior, ficando relativamente menos densa ou “mais leve” que o ar em suas imediações. A densidade de um fluido é inversamente proporcional a sua temperatura, isso significa dizer que para o mesmo material: quanto mais quente, menos denso (FRIEDMAN, 1998; MÁXIMO e ALVARENGA, 1993). 190 A convecção pode ser verificada, por exemplo, em uma panela contendo água que é levada ao fogo (figura 1.5). A água, no terço inferior da panela, em contato mais próximo com a chama (fonte de calor), quando aquecida, aumenta o grau de agitação de suas moléculas e diminui sua densidade relativa, tornando-se “mais leve” que a água presente na parte superior da panela. Por consequência, essa água aquecida irá subir, e a água fria, relativamente mais densa e “pesada”, irá descer. Caso haja continuidade desse aquecimento será estabelecida uma corrente de convecção, pois a água fria, que agora se localiza nos terços inferiores, passará a absorver energia da chama e se aquecer, tendendo a subir para o topo da panela. Já a água localizada nos terços superiores irá ceder calor para o ambiente, resfriando-se, tornando-se relativamente mais densa e, por consequência, voltará ao fundo da panela. Figura 1.5 – Convecção em um recipiente com água Fonte: Autor O ar, por ser fluido, quando é aquecido também fica “mais leve” e tende a se posicionar nos terços superiores de uma edificação no caso de incêndio. Nos incêndios confinados, estruturais ou compartimentados, que são aqueles que possuem obstáculos que impedem a exaustão dos gases quentes, produtos da combustão, os terços superioresdo cômodo em chamas tendem a concentrar as maiores temperaturas (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL, 2012; GRIMWOOD, 2008). Dessa forma, é possível compreender que nas ações de combate a incêndio, quanto mais alto o bombeiro estiver posicionado, maiores serão as temperaturas às quais estará exposto, motivo pelo qual, por vezes, a atividade é realizada pelos combatentes na posição de joelhos. Estima-se que cerca de 70% da energia propagada na fase crescente de um incêndio ocorra por convecção (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESPÍRITO SANTO, 2014). A tabela 1.2 apresenta uma comparação entre o percentual da energia de combustão propagada por radiação e convecção por diversas chamas difusas de gases. Tabela 1.2 – Percentual teórico de propagação do calor Gás Radiação Convecção Não propagado Hidrogênio 9 91 0 Metano 18 81 1 Etano 20 79 1 Propano 27 68 5 Etileno 32 59 9 Propileno 39 50 11 Fonte: Friedman, 1998 A convecção também exerce um importante papel de propagação de incêndios em edifícios verticais (figura 1.6), justamente por ter a tendência de alcançar os níveis superiores com maior velocidade. Esse processo de ascensão traz como consequência a elevação de temperatura de outros materiais e potenciais combustíveis que estejam no caminho. 191 Figura 1.6 – Propagação do calor em edificação vertical Fonte: Autor 2.1.1.3 Radiação Todos os corpos aquecidos emitem radiação térmica, que ao ser absorvida por outro corpo, provoca nele uma elevação de temperatura. A radiação térmica se dá por meio da propagação de ondas eletromagnéticas (FRIEDMAN, 1998; HALLIDAY, RESNICK e WALKER, 2013; MÁXIMO e ALVARENGA, 1993). Diferente da condução e da convecção, a radiação não depende de nenhum meio físico para se propagar. Um exemplo da propagação por radiação é o aquecimento do planeta pelos raios do sol, mesmo que haja um vácuo entre os dois (figura 1.7). Nesse caso, não há nenhum meio físico para que esse calor se propague por condução ou convecção. Figura 1.7 – Radiação térmica da energia do Sol na Terra Fonte: Autor Nesse sentido, enquanto a condução segue o caminho imposto pela localização das moléculas, como no exemplo da colher metálica, e a convecção, um fluxo vertical para cima nos meios fluidos; a propagação por radiação não segue um caminho específico, pois o calor ocorre uniformemente em todas as direções. A figura 1.8 demonstra os três tipos de propagação do calor. Figura 1.8 – Métodos de propagação do calor Fonte: Autor 192 funcional sobre o infrator, o militar estadual de maior antiguidade que presenciar a irregularidade deverá tomar imediatas e enérgicas providências, inclusive recolhendo o transgressor a local determinado, na condição de detido com prejuízo do serviço, em nome da autoridade competente, dando ciência a esta, pelo meio mais rápido, do ocorrido e das providências tomadas em seu nome. Parágrafo único - O transgressor permanecerá nestas condições pelo período de vinte e quatro horas, prorrogável por igual período, mediante decisão devidamente fundamentada, da qual ser-lhe- á dado ciência, determinando- se a imediata apuração dos fatos e instauração do devido processo administrativo disciplinar militar, pela autoridade que detém a competência punitiva sobre o infrator. Art. 18 - Quando para a preservação da disciplina e do decoro da Corporação, uma ocorrência exija pronta intervenção, visando restabelecer a ordem administrativa, mesmo sem possuir ascendência funcional sobre o infrator, o militar estadual de maior antiguidade que presenciar ou tiver conhecimento de transgressão disciplinar de natureza grave deverá tomar imediatas e enérgicas providências, inclusive recolhendo o transgressor a local determinado, na condição de detido com prejuízo do serviço, em nome da autoridade competente, dando ciência a esta, pelo meio mais rápido, do ocorrido e das providências tomadas em seu nome. Parágrafo único - O transgressor permanecerá nestas condições pelo período de até vinte e quatro horas, mediante decisão devidamente motivada, da qual serlhe-á dado ciência, determinando-se a imediata apuração dos fatos e instauração do devido processo administrativo disciplinar militar, pela autoridade que detém a competência punitiva sobre o infrator. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR DA COMPETÊNCIA Art. 19 - A competência disciplinar é inerente ao cargo, posto ou função. Art. 20 - São autoridades competentes para aplicar sanção disciplinar: I - O Governador do Estado a todos os Militares Estaduais sujeitos a este Regulamento; II - O Chefe da Casa Militar aos que estiverem sob suas ordens; III - O Comandante-Geral e o Subcomandante-Geral da Brigada Militar a todos os Militares Estaduais sujeitos a este Regulamento, exceto o Chefe da Casa Militar e àqueles que servirem sob as ordens deste; IV - O Chefe do Estado Maior da Brigada Militar aos que estiverem sob suas ordens; V - O Corregedor-Geral, o Comandante do Comando do Corpo de Bombeiros, os Comandantes dos Comandos Regionais de Polícia Ostensiva, os Comandantes dos Comandos Regionais de Bombeiros, o Comandante do Comando dos órgãos de Polícia Militar Especiais e os Diretores aos que estiverem sob suas ordens ou integrantes das OPM subordinadas; VI - O Ajudante-Geral, os Comandantes e Subcomandantes de órgãos Policiais Militares, os Chefes de Assessorias, Seção, Centros e Divisões, e os Comandantes de Subunidades aos que estiverem sob seu comando, chefia ou direção. 544 VII - Os Comandantes de Pelotões Destacados, aos que servirem sob suas ordens. Art. 21 - O Governador do Estado e o Comandante- Geral da Brigada Militar são competentes para aplicar todas as sanções disciplinares previstas neste Regulamento. Art. 22 - Na ocorrência de transgressão disciplinar envolvendo Militares Estaduais de mais de um OPM, caberá ao Comandante com responsabilidade territorial sobre a área onde ocorreu o fato, apurar ou determinar sua apuração, e, ao final, remeter os autos à autoridade funcional superior comum aos envolvidos. Art. 23 - Quando duas autoridades de níveis hierárquicos diferentes, ambas com competência disciplinar sobre o transgressor, tiverem conhecimento da transgressão disciplinar, caberá à de maior hierarquia apurá-la ou determinar que a menos graduada o faça. Art. 24 - No caso de ocorrência disciplinar envolvendo Militares das Forças Armadas e Militares Estaduais, a autoridade policial-militar competente deverá tomar as medidas disciplinares cabíveis quanto aos elementos a ela subordinados, informando o escalão superior sobre a ocorrência, as medidas tomadas e o que foi por ela apurado, dando ciência do fato também ao Comandante Militar interessado. DA PARTE DISCIPLINAR gabaritopolicial.top @gabaritopolicialtop @brigadianosincero Art. 25 - A parte disciplinar é o relato de uma transgressão disciplinar cometida por Militar Estadual. Art. 26 - Todo Militar Estadual que tiver conhecimento de um fato contrário à disciplina deverá participar ao seu superior imediato, por escrito ou verbalmente, neste último caso confirmando a participação, por escrito no prazo de até dois dias úteis. Art. 27 - A parte disciplinar deve ser clara e precisa, contendo os dados capazes de identificar pessoas ou objetos envolvidos, local, data, hora do fato, circunstâncias e alegações do transgressor, quando presente. § 1° É vedado ao comunicante tecer comentários ou opiniões pessoais. § 2° A parte disciplinar deverá ser apresentada no prazo de até dois dias úteis, contados da constatação ou do conhecimento do fato, ressalvadas as disposições relativas às medidas cautelares, previstas nos artigos 17 e 18, deste Regulamento, quandodeverá ser feita imediatamente. DO PROCESSO 545 Art. 28 - Nos casos em que são imputadas ao Militar Estadual ações ou omissões tidas como transgressões da disciplina policial-militar, estas serão devidamente apuradas na forma do contido neste Capítulo e nos Anexos I e II, deste Regulamento, propiciando-se ao imputado o devido processo administrativo para a sua ampla defesa e contraditório. Parágrafo único - O processo administrativo será orientado pelos princípios da instrumentalidade, simplicidade, informalidade, economia procedimental e celeridade, buscando sempre a verdade real sobre o fato apreciado. Art. 29 - As autoridades competentes para instauração, procedimento e julgamento do processo são aquelas com competência para aplicar a sanção administrativa. Parágrafo único - As autoridades de que trata o caput deste artigo, exceto Comandantes de Pelotões Destacados, poderão delegar a Oficial que lhe seja subordinado, a realização do Processo Administrativo Disciplinar Militar, observando a precedência hierárquica entre o Encarregado e o Acusado. Art. 30 - Incumbirá ao acusado o ônus de provar os fatos por ele alegados em sua defesa, entre estes os de existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo da pretensão punitiva-disciplinar, bem como o de apresentar e conduzir à autoridade competente as provas documentais e testemunhais que arrolar como pertinentes ao fato. Parágrafo único - A autoridade competente ou a encarregada do processo poderá limitar ou excluir as provas e testemunhas que considerar Excessivas, Impertinentes ou Protelatórias. Art. 31 - Nenhum ato do processo será declarado nulo se da nulidade não resultar prejuízo para a Administração ou para a defesa, nem se praticado de forma diversa da prescrita tenha atingido sua finalidade. Parágrafo único - Igualmente não será declarada nulidade de ato processual que não tenha influído na apuração da verdade substancial ou decisão da autoridade competente. BIZU: PODERÁ LIMITAR OU EXCLUIR AS PROVAS E TESTEMUNHAS QUE PIE 546 Art. 32 - O processo será arquivado quando reconhecido: I- estar provada a inexistência do fato: II - não haver prova da existência do fato; III- não constituir o fato infração disciplinar; IV- não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração disciplinar; V - não existir prova suficiente para a aplicação da punição; VI - a existência de quaisquer das seguintes Causas de justificação: a. motivo de força maior ou caso fortuito; b. legítima defesa própria ou de outrem; c. estado de necessidade; d. estrito cumprimento do dever legal; e. coação irresistível; f. inexigibilidade de conduta diversa. Art. 33 - O Militar Estadual, com estabilidade cuja atuação no serviço revelarse incompatível com o cargo ou que demonstrar incapacidade para o exercício das funções policiais-militares a ele inerentes será submetido a Conselho de Justificação ou Disciplina. (Disciplina ao Praça, Justificação ao Oficial) Parágrafo único - Obedecidas as prescrições estatutárias será promovido o imediato afastamento do cargo e das funções o Militar Estadual que praticar os atos previstos no caput deste artigo. DA APLICAÇÃO DA SANÇÃO DISCIPLINAR Art. 34 - Na aplicação da sanção disciplinar serão considerados os motivos, circunstâncias e consequências da transgressão, os antecedentes e a personalidade do infrator, assim como a intensidade do dolo ou o grau da culpa. Art. 35 - São circunstâncias atenuantes: I - estar classificado, no mínimo, no comportamento bom; II - relevância de serviços prestados; III - ter cometido a transgressão para a preservação da ordem ou do interesse público; IV - ter admitido, com eficácia para elucidação dos fatos, o cometimento da transgressão. Art. 36 - São circunstâncias agravantes: I - estar classificado no comportamento insuficiente ou no comportamento mau; II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais transgressões; III - reincidência; IV - conluio de duas ou mais pessoas; V - falta praticada com abuso de autoridade; VI - ter sido cometida a transgressão: a) em presença de subordinado; b) durante a execução de serviço; BIZU: LEGÍTIMA é a FORÇA MAIOR e o CUMPRIMENTO na NECESSIDADE da CONDUTA IRRRESISTÍVEL! 547 c) com premeditação; d) em presença de tropa; e) em presença de público. Art. 37 - A aplicação da punição será feita com Justiça, SErenidade e Imparcialidade, para que o punido fique consciente e convicto de que a mesma se inspira no cumprimento exclusivo de um dever. § 1° A aplicação da sanção disciplinar será proporcional à gravidade da transgressão cometida, e não justificada, dentro dos seguintes limites: I - advertência ou repreensão para as transgressões classificadas como de natureza leve; II - de repreensão até dez dias de detenção com prejuízo do serviço para as transgressões classificadas como de natureza média; III - de detenção com prejuízo do serviço, até trinta dias, às punições previstas nos artigos 14 e 15, deste Regulamento, para as transgressões classificadas como de natureza grave. § 2° A punição não poderá atingir o máximo previsto no parágrafo anterior (30 dias) quando ocorrerem apenas circunstâncias atenuantes; § 3° A aplicação da primeira punição classificada como detenção com prejuízo do serviço ou prisão são da competência das autoridades elencadas no inciso I ao VI do artigo 20, do presente Regulamento; (Governador, Comandante e Sub- Comandante Geral, Chefe da Casa Militar e Chefe do Estado Maior) § 4° Nos casos em que houver a necessidade de exceder o limite de dez dias de detenção com prejuízo do serviço ou de quinze dias de prisão na aplicação da punição, esta deverá ser submetida à apreciação das autoridades previstas no inciso VI do artigo 20 deste Regulamento (Comandantes diretos), com exceção das aplicadas pelas autoridades que as precedem. Art. 38 - O enquadramento disciplinar é a descrição da transgressão cometida, dele devendo constar, resumidamente, o seguinte: I - descrição da ação ou omissão que caracteriza a transgressão; II - indicação da transgressão disciplinar; III - as causas de justificação ou das circunstâncias atenuantes e agravantes; IV - alegações de defesa; V - decisão da autoridade aplicando a sanção; VI - assinatura da autoridade. Art. 39 - Em caso de reincidência, a aplicação da pena deverá ser com maior severidade. Art. 40 - Na ocorrência de mais de uma transgressão, sem conexão entre elas, serão aplicadas as sanções correspondentes isoladamente. Art. 41 - Ninguém será administrativamente cerceado da liberdade, exceto quando da necessidade da aplicação das medidas cautelares, da detenção ou da prisão de que trata m o presente Regulamento. CAPÍTULO V DO CUMPRIMENTO DA SANÇÃO DISCIPLINAR Art. 42 - A autoridade competente que tiver de efetivar o cumprimento de uma sanção imposta a subordinado que esteja a serviço ou à disposição de outra autoridade, fará a devida comunicação para que a medida seja cumprida. 202 BIZU: É IMPORTANTE QUE A PUNIÇÃO SEJI INSPIRADA NO DEVER. 548 Art. 43 - O cumprimento da sanção disciplinar por Militar Estadual afastado de serviço deve ocorrer após a sua apresentação no OPM, pronto para o serviço policial-militar, salvo nos casos da preservação da ordem. Parágrafo único - A interrupção de afastamento regulamentar para implemento de sanção disciplinar, somente ocorrerá quando determinada pelo Governador do Estado ou pelo Comandante- Geral da Brigada Militar. TÍTULO V DO COMPORTAMENTO POLICIAL-MILITAR Art. 44 - O comportamento Policial- Militar dos Praças espelha o seu procedimento civil e policial- militar sob o ponto de vista disciplinar.Art. 45 - Ao ser incluído na Brigada Militar, o Praça será classificado no comportamento bom. Art. 46 - Para fins disciplinares e para outros efeitos, o comportamento policialmilitar do Praça é considerado: I - excepcional, quando no período de setenta e dois meses de efetivo serviço tenha sofrido até no máximo uma advertência; II - ótimo, quando no período de quarenta e oito meses tenha sofrido até no máximo uma repreensão, ou o equivalente; III - bom, quando no período de vinte e quatro meses tenha sofrido até no máximo uma punição de detenção, ou o equivalente; IV - insuficiente, quando no período de doze meses tenha sofrido até no máximo uma punição de detenção com prejuízo do serviço ou o equivalente; V - mau, quando no período de doze meses tenha sofrido até duas punições de detenção com prejuízo do serviço ou o equivalente, e mais uma outra punição qualquer. § 1° - A reclassificação do comportamento se dará ex-officio, de acordo com os prazos estabelecidos neste artigo. § 2° - Para a classificação de comportamento, duas advertências equivalerão a uma repreensão, duas repreensões a uma detenção sem prejuízo do serviço e duas detenções sem prejuízo do serviço a uma detenção com prejuízo do serviço. § 3° - Ainda para efeito de classificação do comportamento, a prisão administrativa, de que trata o artigo 13 deste Regulamento, corresponderá a uma detenção com prejuízo do serviço. § 4° - Para efeito de reclassificação do comportamento, ter-se-á como base as datas em que BIZU: FAZ UM VINTE E UM! 21, 21, 21 549 as sanções foram publicadas. § 5° - A reclassificação do comportamento do ME se dará gradativamente e será proporcional à sanção, tomando como base o comportamento bom. § 6° - A reclassificação do comportamento se dará após a decisão definitiva. § 7° - As punições canceladas ou anuladas não serão consideradas para efeito de reclassificação do comportamento. § 8° - O Militar Estadual classificado no comportamento Bom ou ótimo poderá ser beneficiado com a reclassificação gradativa por ocasião de sua transferência para a reserva remunerada, independente dos prazos, por meio de publicação fundamentada de seu comandante imediato. TÍTULO VI DOS RECURSOS DISCIPLINARES Art. 47 - É direito de todo o Militar Estadual, que se considerar prejudicado, ofendido ou injustiçado por ato de superior hierárquico na esfera disciplinar, interpor os seguintes recursos: I - Reconsideração de Ato; “Pedido de colher de chá” II - Queixa; “Choradeira” III - Representação. “Alguém te representou, tomou tuas dores” Art. 48 - O recurso disciplinar deve ser redigido de forma respeitosa, sem comentários ou insinuações, tratando de caso específico, cingindo-se aos fatos que o motivaram, fundamentando-se em argumentos, provas ou documentos comprobatórios e elucidativos. Art. 49 - Os recursos deverão ser interpostos individualmente e deverão ser encaminhados pela autoridade à qual o requerente estiver diretamente subordinado. Art. 50 - Os recursos disciplinares a que se refere o artigo 47 deste Regulamento terão efeito suspensivo no cumprimento da punição imposta. Art. 51 - A decisão do recurso não agravará a punição do recorrente. Art. 52 - A Reconsideração de Ato é o recurso interposto, mediante parte ou oficio, à autoridade que praticou, ou aprovou, o ato disciplinar que se reputa irregular, ofensivo, injusto ou ilegal, para que o reexamine. Art. 53 - A Queixa é o recurso interposto perante a autoridade imediatamente superior a que aplicou a punição disciplinar, por Militar Estadual que se julgue prejudicado em virtude de decisão denegatória do 550
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