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PROFESSORA Me. Silvia Moro Conque Spinelli Nutrição nos Ciclos da Vida ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17129 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS Coordenador de Conteúdo Renato Castro da Silva Designer Educacional Ivana Martins Curadoria Luana Brutscher Revisão Textual Harry Wiese Editoração Juliana Duenha Ilustração Wellington Vainer Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock. Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. SPINELLI, Silvia Moro Conque. Nutrição nos Ciclos da Vida. Silvia Moro Conque Spinelli. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. Reimpresso em 2023. 200 P. ISBN: 978-85-459-2262-9 “Graduação - EaD”. 1. Nutrição 2. Vida 3. Ciclos. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 613.2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 02511348 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17299 Me. Silvia Moro Conque Spinelli Olá, aluno(a)! Sou a Silvia, nascida em Curitiba, de origem italiana (meus antepassados vieram da Itália, passando por dificuldades financeiras no ano de 1875. Lembro-me que quando criança eu só queria jogar bola! Com menos de 1,60 de altura e canhota, eu corria mais que meus amigos e por isso me dava bem em esportes de atletismo. Meu pai era taxista e se esforçou muito para eu poder estudar em uma ótima escola. Sou apaixonada pela nutrição e por idiomas. Muito antes do vestibular, já sabia que queria ser nutricionista e ensinar as pessoas a ter uma relação melhor com a comida e ser mais saudável. Com 18 anos, eu já falava inglês e espanhol. Com 22 anos, eu comecei a estudar francês. Estudar francês nos aproxima mais ainda da nutrição e da boa culinária. Sou casada desde 2008 com um professor de Educação Física, o que deixa nossa rotina familiar muito saudável. Tenho um filho muito companhei- ro, costumamos jogar badminton todos os finais de semana. Fazemos fogueira com galhos secos do chão e conversamos em volta da fogueira com os vizinhos. Adoramos cachorros, inclusive já tive vários ao longo da vida e curtimos passear com eles na rua e de carro. Gosto de me dedicar aos estudos relacionados à obesidade infantil e às políticas públicas de Alimentação e Nutrição, esse assunto me chama a atenção porque ob- servo uma legião de jovens com doenças que só deveriam aparecer lá na velhice, e isso me preocupa. Os hábitos alimentares realmente definem nossa qualidade de vida e de que maneira iremos envelhecer. Como nunca é demais, ainda quero aprender muita coisa, como por exemplo, tocar gaita de boca e ser radialista. Na nutrição, formei-me muito jovem, com 21 anos. Fiz mestrado na PUC-PR em Bioética e estudei obesidade infantil e a influência dos sistemas de abastecimento alimentar. No atendimento clínico aos pacientes percebia uma grande quantidade de pacientes jovens com importantes quadros de inflamação hepática e es- teatose. Assim, na época do doutorado, me interessei por aprofundar os estudos em esteatose hepática não alcoólica e a influência da educação nutricional na melhora do prognóstico da doença. Além dos estudos na nutrição, me formei em Gastronomia e em Ciências da Felicidade! Sim, felicidade é algo que todos deviam dedicar o seu tempo de estudos! Lattes: http://lattes.cnpq.br/3494945973244210 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. http://lattes.cnpq.br/3494945973244210 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11681 Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA O Brasil vive desde a década de 70 o contexto da Transição Nutricional. Esse complexo processo foi antecedido pelos movimentos migratórios das famílias em busca de uma melhor oportunidade de vida. Esse fenômeno era chamado de transição demográfica. A partir disso e devido a um grande salto tecnológico nas áreas de saneamento básico e tecnologias em saúde, o perfil de doenças do Brasil também se modificou. Deixamos de ser um país com grande incidência de doenças carenciais e de desnutrição para nos tornarmos uma nação de grande contingente de obesos e portadores de doenças crônicas não transmissíveis. Esse problema não é exclusivamente do Brasil. Todas as grandes nações desenvolvidas e os países em desenvolvimento enfrentam essa grande carga de enfermidades, em que as doenças carenciais não foram de fato erradicadas, mas a grande maioria dos indivíduos sofre com doenças crônicas e suas múltiplas complicações. Somado a esse cenário, vivemos em tempos de incerteza de recursos como energia limpa, distribuição justa de riquezas, além da crise crescente de patologias relacionadas à saúde mental e ao comportamento. No que a nutrição pode contribuir na melhoria do perfil epidemiológico no mundo, e em especial dos brasileiros? Como a nutrição pode auxiliar na melhora da alimentação de crianças em que os pais trabalham fora o dia todo? Como pode ser o incentivo de uma alimentação saudável para adolescentes que passam o dia todo fora de casa? O ato de comer não é simplesmente a nutrição de células e tecidos biológicos. “Comer” é simbólico, histori- camente associado com família, relações sociais e agrupamentos humanos. Comemos porque ressignificamos experiências em torno dos alimentos e no processo da transição nutricional, o ato de comer ficou muito asso- ciado a premiações ou atos punitivos. Esse reforço positivo trouxe uma grande densidade calórica e de gordura saturada à mesa dos brasileiros, como se só fôssemos felizes se comermos pizza, hambúrguer ou sorvete. Assim, a sociedade contemporânea se desapegou de técnicas e receitas que antigamente passavam de geração para geração e hoje ficam no esquecimento e são facilmente substituídas pelos aplicativos de delivery e comida fácil. O tempo dedicado na cozinha rende novos conteúdos, novas histórias e novos momentos com a família e amigos. Você já parou para refletir sobre quando foi a última vez que fez uma receita “diferente”? Consegue se lembrar da sensação de esperar para ver se a receita daria certo no final? E talvez, da vez em que a receita deu errado, mas rendeu muitas risadas? Muitas vezes gastamos mais tempo vendo e fazendo coisas que não nos acrescentam em nada, do que vivendo momentos bons com os amigos e as famílias dentro da cozinha. Faço aqui um convite. Resgate uma receita de família (pode ser aquele cozido de panela da vó ou clássicos biscoitos natalinos de canela), ou ainda, uma receita que te lembre a infância.Por que não fazer para o final de semana? Registre fotos desse momento e aproveite para colecionar momentos e novas histórias com um amigo ou com a sua família. Nutricionistas são profissionais com formação humanista e voltados à melhoria da qualidade de vida de indivíduos em seus contextos sociais e familiares. Muito mais do que “ensinar a comer”, devemos envolver nos- sos clientes/pacientes em uma metodologia participativa de mudança de comportamento alimentar, ou seja, o profissional deve incentivar as pessoas a resgatarem o que antes era rotineiro, como por exemplo, cozinhar em casa, e auxiliar durante todo esse processo de mudança. As pessoas só mudam os hábitos quando acreditam no significado dessas mudanças e seu papel como futuro nutricionista é disseminar informações sobre o quanto pequenas mudanças diárias podem impactar beneficamente a vida de todos Neste livro vamos estudar os fenômenos de Transição Demográfica da população Brasileira, a transição Epi- demiológica e a consequente transição Nutricional. Também os princípios da Alimentação balanceada, também explorado em outras disciplinas da Nutrição. Discutiremos sobre nosso papel enquanto nutricionistas no Diag- nóstico Nutricional. Nas unidades seguintes estudaremos a Fisiologia da gestação e lactação e situações especiais na gestação. Avaliação do estado nutricional, necessidades nutricionais de gestantes e lactantes. Aleitamento materno. A saúde materno-infantil. Nutrição no primeiro e segundo ano de vida, nutrição nos primeiros 1000 dias e sua grande importância para o desenvolvimento global do indivíduo. Seguimos para os estudos da Introdução Alimentar e Alimentação Complementar associada ao leite materno. Trazemos aqui também o já consagrado Guia Alimentar para menores de 2 anos. Vamos discutir nos livros e no podcast temas atuais como as diferenças básicas alimentares entre os métodos tradicionais de alimenta- ção do bebê e o método BLW de Introdução Alimentar infantil. Ainda os distúrbios e doenças relacionados à alimentação infantil. Na nutrição de pré-escolares, abordaremos os conceitos básico e o fenômeno da Seletividade Alimentar. A Nutrição de Escolares e o papel da escola na formação dos hábitos alimentares. Estudaremos a Nutrição na Adolescência e as diferentes fases do Estadiamento Puberal e ainda a importância da Atividade física na infância e adolescência. Na população adulta, exploraremos as DRIS e os principais protocolos de recomendações nutricionais para população sadia e ainda a nutrição no climatério. Temas contemporâneos serão abordados como o Vegetarianis- mo e o Veganismo, ainda a Dieta Mediterrânea e o Ciclo Circadiano. Os estudos dos mitos alimentares típicos nas sociedades e a suplementação segura para indivíduos sadios. Apresentamos aqui o planejamento da ingestão de energia para indivíduos e grupos e o Guia Alimentar da População Brasileira, bem como outras sugestões de esquemas alimentares. Na nutrição de idosos, estudaremos o processo fisiológico normal do envelhecimento, teorias, características e a influência dos fatores econômicos, sociais e psicológicos. O estado nutricional dos idosos brasileiros do século XXI. Distúrbios metabólicos e patologias do idoso. A importância do acompanhamento multidisciplinar no atendi- mento ao idoso. Disfagia. Políticas públicas aplicadas à população idosa no Brasil. Na última unidade deste livro, entraremos nos estudos das Políticas Públicas e Programas Institucionais em Alimentação e Nutrição, veremos a nutrição funcional na prevenção das doenças degenerativas. Em todos os ciclos da vida, as pessoas estão cada vez mais conscientes da importância da alimentação para manter a saúde e a qualidade de vida. O nutricionista é o profissional de saúde capacitado para atuar na prevenção, promoção e recuperação da saúde humana, em todos os ciclos da vida, planejando, executando e avaliando ações baseadas nos conhecimentos da ciência da nutrição e alimentação. Você nutricionista irá desenvolver atividades em diversas áreas: analisar o histórico familiar e cultural do paciente; aplicar métodos de avaliação antropométri- ca; solicitar exames laboratoriais pertinentes à conduta nutricional, realizar o recordatório alimentar e outras ferramentas que avaliem a qualidade da alimentação. A partir daí irá prescrever, avaliar e supervisionar dietas para pacientes. Planejar programas de reeducação alimentar específicos para cada tratamento. Elaborar programas institucionais como a merenda escolar e de suplementação alimentar em escolas, creches e centros de saúde. Ainda você pode promover a educação ali- mentar, orientar o paciente sobre como combinar os alimentos, o que deve ser priorizado na alimentação e o que deve ser evitado. Esta educação alimentar permite ao paciente fazer suas próprias escolhas e montar seu cardápio conforme suas necessidades. Este livro contém capítulos sobre temas relacionados à Nutrição e à Alimentação, englobando os ciclos da vida como as escolhas alimentares adequadas aos diferentes ciclos humanos. Que tal montar um mapa mental com os principais elementos que você leu aqui nesta apresentação? NUTRIÇÃO NOS CICLOS DE VIDA 1 2 43 5 6 73 13 53 33 NUTRIÇÃO E SUAS VERTENTES CULTURAIS E DE- MOGRÁFICAS 107 ADULTOS SADIOS COMEM COMIDA DE VERDADE NUTRIÇÃO MA- TERNO-INFANTIL: RAZÕES PARA ACREDITAR NA COMIDA DOS 1000 DIAS GESTAÇÃO E LACTA- ÇÃO: OS PRIMEIROS 1000 DIAS DA NOVA VIDA NUTRIÇÃO DE PRÉ ESCOLARES E ESCOLARES E OS DESAFIOS DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA ADOLESCÊNCIA NUTRIÇÃO MODER- NA DE ADULTOS SAUDÁVEIS 91 7 8 9 123 159 141 O SISTEMA ALIMEN- TAR MODERNO: O COMER NA CON- TEMPORANEIDADE NUTRIÇÃO FUNCIO- NAL: PARA VOCÊ, PARA O PLANETA E PARA AS FUTURAS GERAÇÕES NUTRIÇÃO E O EN- VELHECIMENTO 1 Nesta unidade, nós iremos estudar importantes processos históricos que ocorrem no Brasil e em todo o Ocidente desde a década de 1950. A chamada Transição Demográfica da população brasileira transformou a rotina dos brasileiros e até hoje impacta no status nutricional das famílias. Outro processo que definiu o processo saúde-doença no Brasil foi a transição epidemiológica. Assim, ob- servamos uma importante diminuição dos agravos por doenças preveníveis por vacina e transmitidas pela água e um importante incremento das doenças crônicas não transmissíveis e relacionadas à obesidade. A transição nutricional é o fenômeno que mudou o cenário alimentar do Brasil. Nutrição e Suas Vertentes Culturais e Demográficas M. Sc Silvia Moro Conque Spinelli 14 Já se perguntou quanto comer fora influencia em sua saúde? E na economia de um país? Quando as mulheres conquistaram o mercado de trabalho, lá nos anos 1960, não imaginávamos a grande mu- dança no perfil de saúde das famílias brasileiras. Vida de correria diária. Menos tempo dedicado ao preparo da refeição. A transição nutricional é um fenômeno mundial, mas especialmente observado nos países do Ocidente. Estudar a transição nutricional significa entender a conjuntura histórica das transformações da sociedade. A mudança no perfil alimentar foi precedida pela mudança no perfil de doenças do brasi- leiro (morbidades) e ainda na grande transição geográfica que o país percebeu na migração de povos de regiões do semiárido brasileiro para grandes centros urbanos do Sudeste Sul. Assim, observamos a diminuição da desnutrição e carências nutricionais e o aumento inédito dos quadros de doenças crônicas e obesidade. Observe a diferença dos alimentos que você come em dias típicos (de segunda a sexta feira) e como você se alimenta nos finais de semana. É muito diferente? Faça um pequeno esboço do cardápio típico semanal da sua família. Almoço com a família no domingo? Pizza no sábado? O que há de tão diferente dos alimentos que seus pais comiam quando tinham a sua idade? Acha que lá na China ou nos EUA os universitários comem tão diferente de você? A partir dessa experimentação,registre no Diário de Bordo seu cardápio semanal típico. Coloque aqui escolhas de dias úteis e final de semana também. Acha que ele irá mudar até o final deste curso de Nutrição? Pode ser. Você irá amadurecer muito em seu comportamento alimentar. UNICESUMAR UNIDADE 1 15 Busque metodologias participativas para melhorar a alimentação dos seus pacientes e das pessoas à sua volta. Daí essas pessoas também mudarão suas rotinas alimentares e seus estilos de vida e os efeitos na sociedade podem ser realmente transformadores. O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) ficou previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo 25 – 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação. (Assembleia Geral da ONU (1948). “Declaração Universal dos Direitos Humanos” (217 [III] A). Paris. Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) apresentam curso lento de evolução e são aquelas que, além de não serem causadas por micro-organismos (vírus, bactérias, parasitas). Na maioria das vezes, o indivíduo convive com essa condição por anos antes de sua morte. Fonte: Marco referencial de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas, 2014. Descrição da Imagem:na fotografia colorida temos em primeiro plano vários alimentos à direita da imagem, na parte esquerda temos uma prancheta com uma mão feminina que segura uma caneta, a pessoa está com um jaleco branco, não aparece sua face, o destaque aqui é para os alimentos. Figura 1 – Atendimento nutricional 16 A transição nutricional está fortemente conec- tada em uma rede complexa de mudanças nos padrões demográfico, socioeconômico, ambien- tal, agrícola e de saúde. Elementos como a urba- nização, o crescimento econômico, a distribuição de renda, a incorporação de tecnologias e as mu- danças culturais foram os elementos marcantes desse processo. Há muitas publicações de elevado valor cien- tífico disponíveis sobre o assunto. Pesquise sobre essa importante temática na Biblioteca Virtual em Saúde, em https://bvsms.saude. gov.br/transicao-nutricional/. Hoje sabemos que todos participamos dos cha- mados “sistemas alimentares” que incluem os pro- cessos de produção, transformação, distribuição, marketing e consumo de alimentos. Esses concei- tos estão fortemente relacionados à transição nu- tricional e precisam ser reposicionados para não apenas ofertar alimentos, mas promover dietas mais saudáveis e sustentáveis para todos. Dietas saudáveis têm um ótimo consumo ca- lórico e consistem em grande parte duma diversi- dade de alimentos à base de plantas, baixas quan- tidades de alimentos de origem animal, contêm gorduras não saturadas ao invés de saturadas, e quantidades limitadas de grãos refinados, alimen- tos altamente processados e açúcares adicionados. A alimentação e a forma de produzir alimen- tos está diretamente ligada à saúde das pessoas e do meio ambiente. Nas últimas décadas houve um aumento na quantidade de alimentos disponíveis e na modernização das técnicas de produção e conservação de alimentos o que proporcionou redução nos índices de fome e de desnutrição no mundo. Hoje, há uma grande disponibilidade de carnes, alimentos ultraprocessados ricos em calo- rias, açúcares e gorduras, o que contribui para um aumento de doenças como obesidade, diabetes e doenças do coração. Nas décadas de 1960 e 1970, as políticas pú- blicas que norteavam a alimentação brasileira ti- nham ênfase na distribuição e abastecimento de alimentos ao mesmo tempo que o agronegócio se expandia e os incentivos fiscais priorizavam os grandes produtores. Já em 1990, com a globa- lização crescente e do neoliberalismo econômico ditando as regras em toda a América Latina, per- maneceram poucas estratégias governamentais para subsidiar o abastecimento de alimentos e houve redução das despesas com a agricultura. Paralelamente, organizou-se um modelo de polí- ticas compensatórias de proteção direta à popula- ção carente, mas sem vislumbrar o enfrentamento real da problemática da fome. Além da urbanização crescente, a oferta de ali- mentos industrializados alterou dramaticamente os hábitos alimentares, com a presença esmagado- ra de alimentos de alta densidade energética nas mesas dos lares brasileiros. Nesse contexto, o pe- queno e médio agricultor foi perdendo espaço na economia nacional e o alimento in natura passou por muito processamento industrial e passamos Descrição da Imagem: na imagem, que é uma fotografia colorida, podemos ver na parte central, um laboratorista com roupa especial na cor branca, touca verde, luvas azuis, ele manipula um alimento, e na bancada do laboratório, que é de vidro transparente, podemos notar vários alimentos como: carne, ovos, vegetais e grãos etc. Na lateral direita, há um microscópio e placas de Petri. Figura 2 – Nutrição molecular UNICESUMAR UNIDADE 1 17 a construir o circuito longo da cadeia produtiva, aumento do tempo de prateleira, empacotamento e, por fim, ganho de espaço nos supermercados. Ao refletir sobre o patrimônio das culturas ali- mentares, observamos que um forte processo de homogeneização decorrente da globalização tem conduzido à perda da diversidade nos planos econômico, ecológico e cultural. O surgimento de novos ambientes como o “supermercado”, por exemplo, com características muito semelhantes em todo o mundo, com as mesmas marcas, as mesmas franquias e as mesmas comidas, faz parte desse processo que conduz ao desaparecimento das características particulares de cada local, re- gião ou país e expansão generalizada de modos de vida globais. Se você tiver a oportunidade de viajar para fora do Brasil verá que boa parte do mundo come os mesmos alimentos como você diariamente: arroz, macarrão e frango. Isso é mui- to ruim do ponto de vista nutricional. Os fatores que determinam a alimentação e os hábitos alimentares são muitos e de diferentes naturezas (econômica, psicossocial, ética, política e cultural). Escolhemos o que comemos de acordo com nosso gosto individual; com a cultura em que estamos inseridos; com a qualidade e o preço dos alimentos; com quem compartilhamos nossas re- feições (em grupo, em família ou sozinhos); com o tempo que temos disponível; com convicções éticas e políticas (por exemplo, algumas pessoas vegetarianas defensoras dos animais e do meio ambiente), entre outros aspectos. Cada um desses fatores pode promover a segurança alimentar e nutricional, ou dificultar o seu alcance, para de- terminada população. As escolhas alimentares influenciam a saú- de, independentemente da motivação. Quando o assunto é alimentação, cada pessoa tem a sua preferência com relação a comidas e sabores. Em 2017, o Ministério da Saúde revelou que, em 10 anos, o índice de obesidade na população brasi- leira aumentou em 60%. Segundo o levantamento, uma em cada cinco pessoas no país está acima do peso. A prevalência da doença passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016 (ROSSI, 2019). Eis os dados da VIGITEL (pesquisa nacio- nal por inquérito telefônico) aplicada em todas as capitais: o resultado apresenta respostas de entrevistas com 53,2 mil pessoas maiores de 18 anos de idade realizadas entre fevereiro e de- zembro de 2016. O crescimento da obesidade também pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes (de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016) e hipertensão (de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016). Doenças crônicas não transmissíveis, como essas, pioram a con- dição de vida e podem levar a óbito. O levantamento da VIGITEL também apre- sentou as mudanças no consumo das famílias. As famílias consomem cada vez menos os insumos básicos de nossa cultura alimentar. O consumo regular de feijão diminuiu de 67,5%, em 2012, Descrição da Imagem: mulher de blusa vermelha e máscara e criança de camiseta listrada branca e vermelha também com máscara, fazendo compras em um supermercado e a criança de dentro do carrinho escolhe o queserá comprado. No carrinho, já há vários itens como frutas e congelados. As prateleiras do mercado estão cheias de hortaliças e frutas coloridas, algumas embaladas em plásticos ou caixinhas. Figura 3 - Consumo crescente 18 para 61,3%, em 2016. O consumo semanal de frutas e hortaliças é hábito de somente um a cada três adultos brasileiros. Quem come de tudo um pouco consegue enviar para o seu organismo todos os tipos de nutrientes encontrados nos alimentos, sejam eles de origem animal ou vegetal, pois nenhum alimento isolada- mente consegue reunir todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. Por outro lado, existem alimentos capazes de oferecer ao corpo nutrientes em excesso, contribuindo para o risco aumentado de desenvolvimento de várias doenças. O ideal é manter uma dieta equilibrada, composta por uma variedade de alimentos no dia em menor ou maior quantidade, dependendo dos nutrientes encontrados em cada um deles. A alimentação não se resume à ingestão de nutrientes. A ingestão apropriada de nutrientes promove o crescimento e o desenvolvimento adequados do indivíduo, incluindo o desenvolvimento neurológico; reduz o declínio cognitivo com a idade e o risco de desenvolvimento de doenças, chegando a silenciar a expressão de genes relacionados com o risco aumentado de doenças poligênicas (que envolvem múltiplos genes), principalmente as doenças crônicas. O conhecimento sobre a nutrição evoluiu bastante nos últimos 50 anos, e nos países desenvolvidos a alimentação já não é vista exclusivamente como uma necessidade primária de sobrevivência, sendo responsável, também, por promover aptidão física e mental. Desde a Antiguidade, os seres humanos sabem que o ambiente e a alimentação podem interferir no estado de saúde de um indivíduo e têm utilizado alimentos e plantas como medicamentos. Com o avanço da ciência, especialmente após a conclusão do Projeto Genoma Humano, em 2003, os cientistas começaram a questionar se as interações entre genes e alimentos, nutrientes e compostos bioativos poderiam influenciar positiva ou negativa- mente a saúde de um indivíduo. A descoberta dessas interações (gene-nutrientes) e de mecanismos epigenéticos que regulam a transcrição de muitos genes têm viabilizado a atenuação dos sintomas de doenças existentes e a prevenção de doenças futuras, especialmente as crônicas não transmissíveis, atualmente consideradas um importante problema de saúde pública mundial. Descrição da Imagem:fotografia em cores, com muitos alimentos. A imagem foi feita de cima para baixo, onde é possível ver as mãos das pessoas cortando a comida em pratos, tábuas de carne, ou segurando um sanduíche. Ali podemos notar a presença de seis pessoas sentadas à mesa cercadas de pratos coloridos e elaborados e uma grande variedade de alimentos como peixes, queijos etc. Figura 4 – Comer em companhia UNICESUMAR UNIDADE 1 19 Alimentos nos fornecem os nutrientes, a partir das possíveis combinações e preparos dos alimentos, das características do modo de comer e às dimen- sões culturais e sociais das práticas alimentares. Todo esse olhar influencia a saúde e o bem-estar do indivíduo. Mais do que os nutrientes isolados, estudos indicam que o efeito benéfico sobre a pre- venção de doenças advém do alimento em si e das combinações de nutrientes e outros compostos químicos que integram a matriz do alimento. Enzimas e algumas vitaminas e minerais, como vitamina E são mecanismos de defesa antioxidante, (protegendo lipídios da oxidação), ainda vitamina C (participa do sistema de regeneração da vitamina E, mantendo o potencial antioxidante plasmático), carotenoides (responsáveis, em parte, por seu papel protetor contra doenças cardiovasculares e cânce- res), zinco e selênio (participam na defesa antioxi- dante). De modo geral, há muita controvérsia sobre o papel desses micronutrientes isolados, sugerindo que se deve priorizar o consumo dessas substâncias antioxidantes provenientes de dietas ricas em fru- tas e hortaliças. Mais estudos são necessários antes de se recomendar o uso de antioxidantes isolados como suplementos para tal finalidade. Por outro lado, o aumento do consumo de peixes tem sido fortemente atrelado à redução do risco de doenças cardiovasculares, especialmente, os eventos ligados à aterosclerose e reincidências pós-infartos. No entanto, a maioria dos trabalhos trata do consumo de óleo de peixe e atribui ao peixe, na forma de alimento, os benefícios en- contrados. Vale frisar, entretanto, que é escasso e ainda divergente o conhecimento atual sobre o efeito do consumo de peixe em comparação à suplementação de cápsulas contendo óleo de pei- xe no risco de tromboembolismo venoso. Em um estudo de coorte, realizado com 23.621 pessoas, com idade entre 25 e 97 anos, os participantes que comeram peixe ≥ 3 vezes/semana tiveram risco 22% menor de eventos tromboembólicos do que aqueles que consumiram peixe 1 a 1,9 vez/semana. A adição de suplementos de óleo de peixe fortaleceu a associação inversa com o risco de tromboembolismo venoso. Esse fenômeno é considerado um dos maiores desafios para as políticas públicas e exige um mo- delo de atenção à saúde pautado na integralidade do indivíduo com uma abordagem centrada na promoção da saúde, requerendo um entendimen- to do processo de saúde/doença em escala popu- lacional (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008). Há quatro décadas, as doenças cardiovascula- res correspondem à primeira causa de morte no Brasil, acompanhada pelo aumento expressivo da mortalidade por diabetes mellitus e algumas neoplasias malignas (LESSA, 2004). A obesidade, a hipertensão arterial e diabetes estão relaciona- das ao perfil alimentar das famílias brasileiras que podem ser analisados pelos dados de aquisição e ingestão alimentar do Estudo Nacional da Despe- sa Familiar (ENDEF) e da Pesquisa de Orçamen- to Familiar (POF). A última POF (2008- 2009) mostrou um aumento da aquisição alimentar per capita de pratos prontos para o consumo (37%), Descrição da Imagem: na imagem, uma fotografia colorida, onde notamos um prato de salmão grelhado, em primeiro plano e de forma mais nítida, este salmão está salpicado com salsa e na frente do lado esquerdo da imagem temos três fatias de limão siciliano, cortadas pela metade. Na lateral direita da imagem temos algumas fatias de batatas e mais ao fundo do prato algumas folhas de alface. Estes alimentos estão dispostos em um prato de inox. Figura 5 – Salmão grelhado 20 OLHAR CONCEITUAL bebidas como refrigerantes tipo cola (92%) e cerveja (88%); redução da aquisição de feijão (26,4%), arroz (40,5%) e farinha de trigo e mandioca (33,2 e 31,4%, respectivamente); e ingestão alimentar de açúcar simples de 14,1% do consumo calórico total (IBGE, 2004; 2010) quando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 5% (WHO, 2015). Outra mudança impactante na transição nutricional é as despesas com alimentação fora do domicílio, que aumentaram de 24,1% para 31,1% de 2002-2003 para 2008-2009 (IBGE, 2004; 2010). PREVENINDO A OBESIDADE Evite o estresse Durma horas suficientes de sono Faça atividades físicas Pare de comer lanches rápidos Abandone maus hábitos Beba mais água Assista menos televisão Consuma mais vegetais e frutas A Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) confirmou o quadro cres- cente de obesidade no país: 52,5% da população estava acima do peso em 2014, sendo que o índice era de 43% em 2006. Em relação ao sexo, 56,5% dos homens e 49,1% das mulheres apresentavam excesso de peso e, respectivamente, 17,6% e 18,2%, obesidade. Em relação à faixa etária, jovens de 18 a 24 anos apresentavam menores índices de excesso de peso e obesidade quando comparados a população de 35 a 64 anos. Em relação ao consumo alimentar, a pesquisa encontrou hábitos positivos na população brasileira: frutas e hortaliças estão presentes na rotina alimentar de muitos brasileiros, sendo que 42,5% das mulherese 29,4% dos homens relataram consumir frutas e hortaliças com regularidade, e o número de pessoas que buscam uma alimentação saudável, com menos gordura, aumentou entre os dois levantamentos (BRASIL, 2014). Em contrapartida, o consumo médio de sódio encontrado na UNICESUMAR UNIDADE 1 21 população brasileira foi de 4.700 mg, excedendo mais de duas vezes o limite máximo recomen- dado pela OMS e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, que recomendam consumo inferior a 2.000 mg de sódio ou 5 gramas de cloreto de sódio por dia (WHO, 2012), e as refeições têm sido substituídas por lanches que, geralmente, são altamente calóricos e ricos em gorduras e açúcares (BRASIL, 2014). Diante dos hábitos alimentares, da preva- lência de doenças crônicas não transmissíveis incluindo o excesso de peso/obesidade que vem acometendo um a cada dois adultos, o setor da saúde tem um importante papel na promoção da alimentação adequada e saudável, sendo este um compromisso expresso na Política Nacional de Alimentação e Nutrição e na Política Nacio- nal de Promoção da Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) apoia a promoção da alimentação fundamentada nas dimensões de incentivo, apoio e proteção da saúde e deve combinar iniciativas focadas em políticas públicas saudáveis, na cria- ção de ambientes saudáveis, no desenvolvimento de habilidades pessoais e na orientação dos ser- viços de saúde na perspectiva da promoção de saúde (CAISAN, 2015). Na presença de doenças, a suplementação de nutrientes, como as vitaminas K e D, é importante e deve ser considerada. As concentrações séricas suficientes de vitamina K combinadas com o es- tado suficiente de vitamina D foram associadas à melhor função da extremidade inferior em duas coortes de pacientes com osteoartrite. Essas des- cobertas confirmam o mérito da cossuplementa- ção de vitaminas K e D (ROSSI, 2019). Observa-se que ao longo de várias décadas sugerem que a dieta mediterrânea pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares e câncer, além de melhorar a saúde cognitiva. No entanto, nos estudos publicados existem inconsistências entre os métodos empregados para avaliar e definir um padrão de dieta mediterrânea. Por meio de uma revisão da literatura, pesquisadores buscaram definir quantitativamente a dieta mediterrânea por grupos de alimentos e nutrientes. Essa dieta prevê o consumo de três a nove porções de vege- tais, meia a duas porções de frutas, uma a treze porções de cereais e até oito porções de azeite de oliva diariamente, perfazendo 37% de gordura total, 18% de gordura monoinsaturada, 9% de gor- dura saturada e 33 g de fibra por dia. Os efeitos positivos sobre a saúde de padrões tradicionais de alimentação, como a chamada dieta mediter- rânea, devem ser atribuídos menos a alimentos individuais e mais ao conjunto de alimentos que integram esses padrões e ao modo como são pre- parados e consumidos. A existência humana depende claramente da disponibilidade de água e nutrientes, bem como de outros componentes obtidos de alimentos e bebidas, como fibra, compostos bioativos e não bioativos. A água é considerada essencial, pois a sua falta pode levar a estados de desidratação irreversível, causando a morte em menos de uma semana na maioria das vezes. Diversos processos reguladores participam da homeostase do corpo. O líquido corporal é dividido, basicamente, em dois compartimentos principais, separados pelas membranas celulares: o intracelular e o extrace- lular. Embora ambos os compartimentos tenham a mesma osmolaridade total, sua composição é muito diferente. Tanto o volume quanto as pro- priedades físico-químicas de ambos os comparti- mentos devem ser mantidos em equilíbrio para se garantir o bom funcionamento das células do cor- po. Fatores como a ingestão de líquido (água) e/ou sua eliminação, ingestão e excreção de eletrólitos e a adição de produtos usados metabolicamente pelas células podem modificar a composição os- molar dos líquidos corporais. 22 Os processos reguladores da ingestão de ali- mentos tanto em quantidade quanto em qualidade dependem de sinais internos e fatores ambientais, incluindo hábitos, características sociais, organo- lépticas e segurança, além de circunstâncias re- lacionadas com o consumo de alimentos – por exemplo, comer sozinho, sentado no sofá e diante da televisão ou compartilhar uma refeição, sentado à mesa com familiares ou amigos. Esses fatores são importantes para determinar quais alimentos serão consumidos e, sobretudo, em que quantidade. A qualidade dos alimentos pode ser conside- ravelmente alterada se o método de preparo não for adequado, resultando na perda de nutrien- tes. Cocção demasiada, exposições prolongadas do alimento ao ar e ao calor, e armazenamento inapropriado podem causar perdas de vitaminas, oxidação e alterações irreversíveis nos constituintes dos alimentos. Alimentos específicos, preparações culinárias que resultem de combinação e preparo desses alimentos e modos de comer particulares constituem parte importante da cultura de uma so- ciedade e, como tal, estão fortemente relacionados com a identidade e o sentimento de pertencimento social das pessoas, com a sensação de autonomia, com o prazer propiciado pela alimentação e, con- sequentemente, com o seu estado de bem-estar. Dessa maneira, para uma alimentação saudá- vel devem-se considerar os objetivos propostos para cada indivíduo, os fatores genéticos, socioe- conômicos e culturais, tendo sempre como base diretrizes nutricionais cientificamente funda- mentadas, incluindo nutrientes, alimentos, com- binações de alimentos e preparações culinárias. Ninguém duvida. Existe uma relação direta entre nutrição, saúde e bem-estar físico e men- tal do indivíduo. As pesquisas comprovam que a boa alimentação tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento de doenças. Há milhares de anos, Hipócrates já afirmava: “que teu alimento seja teu remédio e que teu remédio seja teu alimento”. É isso mesmo. O equilíbrio na dieta é um dos mo- tivos que permitiu ao homem ter vida mais longa neste século. Mas afinal, o que é um diagnóstico nutricional? Diagnóstico nutricional é a iden- tificação e determinação do estado nutricional do indivíduo, elaborado com base em dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos, obti- dos quando da avaliação nutricional e durante o acompanhamento individualizado (CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, 2005). O diagnóstico que nos interessa no momento é o nutricional e refere-se ao conhecimento do efeito do(s) problema(s) “alimentação-nutrição” que acometem indivíduos ou populações. Ao realizarmos esse diagnóstico, estamos, na verdade, querendo identificar a situação de nu- trição de uma pessoa ou de um grupo. O que nos interessa realmente é saber se há, qual é, e como se comporta um problema que pode interferir nega- tivamente na saúde das pessoas. Respondidas es- sas questões, teremos subsídios para propor ações que busquem solucionar o problema encontrado, seja para o indivíduo seja para o coletivo. A desnutrição infantil é considerada a segun- da causa de morte mais frequente entre crianças menores de cinco anos em países em desenvol- vimento. Nessa fase da vida, desnutrição gera QUE TEU ALIMENTO SEJA TEU REMÉDIO E QUE TEU REMÉDIO SEJA TEU ALIMENTO. HIPÓCRATES UNICESUMAR UNIDADE 1 23 um prejuízo no crescimento físico, no desenvolvimento neuropsicomotor, além de ocasionar maior vulnerabilidade a diversas comorbidades e, consequentemente, maior risco de internação hospitalar. Apesar da inexistência do conteúdo da sustentabilidade no currículo nacional do Curso de Nu- trição, é indiscutível que o profissional nutricionista, com base em subsídios de necessidade e consciência, desenvolva a capacidade de gerenciar uma conduta coerente com a sustentabilidade, não apenas nas UANs, como também em orientações clínicas e em grupos de educação em nutrição (STRASBURG; JAHNO, 2015). Assim, fica claro quea formação do nutricionista deve contem- plar um processo de ensino e aprendizagem capaz de contemplar não somente as competências técnicas, como também a compreensão, análise e intervenção em problemas socioambientais dos locais onde atuam (JERONIMO, 2015). A demanda por atendimento nutricional, tanto na rede básica de Saúde quanto em clínicas e con- sultórios, tem crescido significativamente, em decorrência do aumento da prevalência de doenças crônicas e do reconhecimento de que a adoção de uma dieta saudável representa um dos principais determinantes dessas doenças. A intervenção dietoterápica é comprovadamente reconhecida como tratamento isolado ou coadjuvante de doenças como obesidade, cardiovasculares, hipertensão, diabetes melito, osteoporose e câncer. Porém, para que o tratamento nutricional seja eficaz, deve-se partir de um diagnóstico adequado, o que demanda conhecimentos aprofundados sobre os fatores que funda- mentam o consumo alimentar individual. Documento recente elaborado pelo Conselho Federal de Nutricionistas, que estabelece os proce- dimentos nutricionais para atuação profissional, enfatiza a necessi dade de realizar uma investigação detalhada dos hábitos alimentares, incluindo o padrão alimentar quanto ao número, ao tipo e compo- sição das refeições, às restrições, às preferências alimentares e ao apetite. Recomenda, ainda, a avaliação dos hábitos e das condições alimentares da família, com vistas ao apoio dietoterápico, em função da disponibilidade de alimentos, condições, procedimentos e comportamentos em relação ao preparo, conservação, armazenamento e cuidados higiênicos. Em resumo: quando nos propomos a realizar um diagnóstico nutricional, de crianças e adultos, quer individual quer coletivo, a intenção, na verdade, é conhecer um problema que nos interessa em particular, preferencialmente encontrando respostas para as seguintes questões: Que condições levam ao seu aparecimento? (determinantes) Como se identifica o problema individualmente? (diagnóstico individual) Qual a extensão do problema, ou seja, sua magnitude, quais as tendências no tempo, dis- tribuição geográfica, grupos populacionais de maior risco? (perfil ou diagnóstico coletivo) Como podemos solucioná-lo nas esferas coletiva e individual? (intervenção) Para que todos esses passos sejam dados de forma segura, é preciso, antes de tudo, conhecer bem as técnicas e os instrumentos adequados para realizar um diagnóstico nutricional (BARROS, 2007). 24 Sob uma perspectiva ampla, os hábitos alimenta- res estão intimamente relacionados aos aspectos culturais, antropológicos, socioeconômicos e psi- cológicos que envolvem o ambiente das pessoas. O estado nutricional de um indivíduo é re- sultado da relação entre o consumo de alimentos e as necessidades nutricionais. A avaliação do es- tado nutricional objetiva identificar os pacientes em risco, colaborar para a promoção ou recupe- ração da saúde e monitorar sua evolução. Deve-se enfatizar que um parâmetro isolado não pode ser usado como indicador confiável da condição nu- tricional geral de um indivíduo, sendo necessário empregar uma associação de vários indicadores do estado nutricional para aumentar a precisão diagnóstica. Na prática clínica, utilizam-se a análi- se da história clínica, dietética e psicossocial, e os dados antropométricos e bioquímicos, além da interação entre drogas e nutrientes para estabele- cer o diagnóstico nutricional e servir de base para o planejamento e orientação dietética. A avaliação do consumo alimentar é realizada para fornecer subsídios para o desenvolvimento e implantação de planos nutricionais e deve inte- grar um protocolo de atendimento para avaliação nutricional, cujo objetivo deve ser o de estimar se a ingestão de alimentos está adequada ou inade- quada e o de identificar hábitos inadequados e/ ou a ingestão excessiva de alimentos com pobre conteúdo nutricional. Devemos ter clara, inicialmente, a definição da finalidade a ser alcançada para orientar a seleção do método de inquérito. Fatores como estado geral do indivíduo/paciente, evolução da condição clíni- ca e os motivos pelos quais o indivíduo necessita de orientação nutricional direcionam a escolha do método de avaliação do consumo alimentar. Assim, no contexto da prática clínica, podem ser estabelecidos três diferentes objetivos para ava- liação do consumo alimentar: a avaliação quanti- tativa da ingestão de nutrientes; a avaliação do consumo de alimentos ou grupos alimentares; a avaliação do padrão alimentar individual. A definição, pelo profissional, de mais de um ob- jetivo pode levar à necessidade de aplicação de mais de um método, porém, deve-se ressaltar que isso pode tornar a consulta nutricional muito extensa e cansativa, principalmente no caso de consultórios. A transformação para dietas saudáveis até 2050 vai exigir mudanças substanciais na dieta. O con- sumo geral de frutas, vegetais, nozes e legumes terá que duplicar, e o consumo de alimentos como car- ne vermelha e açúcar terá que ser reduzido em mais de 50%. Uma dieta rica em alimentos à base de plantas e com menos alimentos de origem animal confere benefícios à saúde e ao meio ambiente. Nada é mais potente para ajudar no desen- volvimento humano do que a comida. Bem como nada pode ser mais definidor de uma so- ciedade sustentável do que a maneira que essa sociedade consome comida. Hoje a comida é responsável por uma carga poluidora muito alta no planeta. Um grande desafio da sociedade con- temporânea é fornecer a uma população mundial crescente alimentação saudável a partir de siste- mas alimentares sustentáveis. Embora a produção mundial de calorias em geral tenha acompanhado o crescimento populacional, mais de 820 milhões de pessoas ainda não têm comida suficiente, e muitas mais consomem dietas de baixa qualidade ou comidas demais. UNICESUMAR UNIDADE 1 25 Dietas insalubres (pobre em nutrientes, com alta concentração de gordura saturada e alto índice glicêmico) agora representam um risco maior para a morbidez e a mortalidade do que o uso inseguro de sexo, álcool, drogas e tabaco juntos. A produção global de alimentos ameaça a esta- bilidade climática e a resiliência dos ecossistemas e constitui o maior impulsionador individual da degradação ambiental e da transgressão dos li- mites planetários. Juntos, o resultado é terrível. É urgentemente necessária uma transformação radical do sistema alimentar global. Existem evidências científicas substanciais que vinculam dietas à saúde humana e à sustenta- bilidade ambiental. No entanto, a ausência de al- vos científicos globalmente acordados para dietas saudáveis e a produção de alimentos prejudicou os esforços em grande escala e coordenados para transformar o sistema alimentar global. Uma importante discussão sobre os impactos ambientais do modelo de nossas dietas modernas sobre o planeta está em curso. Uma dieta rica em alimentos vegetais e com menos alimentos de origem animal confere benefícios à saúde e ao meio ambiente. Dietas semivegetarianas são benéficas para os indivíduos, para a socieda- de e para o planeta. Entretanto, não se tem um consenso global sobre o que constitui uma dieta saudável e a produção sustentável de alimentos e se as dietas de saúde planetária* podem ser alcançadas para uma população global de 10 bilhões de pessoas até 2050. Sem ação, o mundo corre o risco de não cum- prir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e o Acordo de Paris, e as crianças de hoje herdarão um planeta gravemente degra- dado e onde grande parte da população sofrerá cada vez mais desnutrição e doenças evitáveis. É importante desenvolver metas científicas globais para dietas saudáveis e produção susten- tável de alimentos e integrar essas metas científi- cas universais numa estrutura comum o espaço operacional seguro para sistemas alimentares, para que as dietas de saúde planetárias (ambos saudáveis e ambientalmentesustentáveis) pudes- sem ser identificadas. Este espaço operacional se- guro é definido por alvos científicos para grupos de alimentos específicos (por exemplo, 100 a 300 g/dia de fruta) para optimizar a saúde humana e alvos científicos para a produção sustentável de alimentos para garantir um sistema Terra estável. A transformação para dietas saudáveis até 2050 exigirá mudanças substanciais. Isso inclui mais do que o dobro no consumo de alimentos saudáveis, como frutas, vegetais, legumes e nozes, e uma redução de mais de 50% no con- sumo global de alimentos menos saudáveis, como açúcares adicionados e carne vermelha (ou seja, primariamente reduzindo o consumo excessivo em países mais ricos). No entanto, algumas populações em todo o mundo dependem de meios de subsistência agro- pastoris e proteína animal do gado. Além disso, muitas populações continuam a enfrentar proble- Descrição da Imagem: Mulher vestindo saia vermelha e casa- co rosa segurando uma coberta nas mãos e criança com calça verde, camiseta listrada e casaco estampado. Eles estão em um depósito de lixo. Ainda outra mulher em segundo plano. Há muito lixo no entorno deles. A criança está se alimentando do que encontrou no lixo. Figura 6 – Insegurança Alimentar 26 mas significativos de desnutrição e a obtenção de quantidades adequadas de micronutrientes a par- tir de alimentos de origem vegetal pode ser difícil. Dadas estas considerações, o papel dos alimentos de origem animal nas dietas das pessoas deve ser cuidadosamente considerado em cada contexto e dentro das realidades locais e regionais. As mudanças dietéticas das atuais dietas em direção a dietas saudáveis provavelmente resul- tarão em benefícios significativos para a saúde. Atingir um sistema alimentar sustentável que possa oferecer dietas saudáveis para uma popu- lação crescente apresenta desafios formidáveis. Encontrar soluções para esses desafios requer uma compreensão dos impactos ambientais de várias ações. As ações prontamente implemen- táveis são: uma mudança global em direção a dietas saudáveis; melhores práticas de pro- dução de alimentos; e redução de perda de alimentos e desperdício. Dessa forma, ações e políticas de incentivo à produção de frutas e hortaliças regionais em áreas urbanas, periurbanas, ou em áreas rurais perto das cidades podem melhorar o preço e a qualidade desses alimentos, de modo a incentivar o maior consumo por parte da população local. Estraté- gias, nesse sentido, podem ainda reduzir o des- perdício de alimentos e a poluição causados pelo transporte em longas distâncias. Combinadas as políticas de compra pública de alimentos – em que o Estado os adquire direto dos produtores para utilização em escolas, hospitais, creches, abri- gos e asilos –, tais estratégias podem promover, também, condições dignas de trabalho e de vida no meio rural, além de aumentar o consumo de frutas e hortaliças pelo público atendido. Ainda como forma de incentivo ao consumo de frutas e hortaliças, podemos pensar em programas e campanhas com esse fim, além de ações de educa- ção alimentar e nutricional em diversas instituições públicas, bem como ações de regulamentação da publicidade excessiva de alimentos industrializados. O incentivo à produção até o consumo desses alimentos – poderia promover não apenas uma alimentação mais saudável, como processos de produção e comercialização de alimentos mais justos social e economicamente, mais sustentá- veis e com maior valorização da cultura e dos alimentos locais. As ações em Segurança Alimentar e Nutri- cional são amplas e devem contemplar diversos setores (agricultura, abastecimento, saúde, edu- cação, desenvolvimento e assistência social, entre outros) de forma articulada. A essa característica chamamos intersetorialidade (BURITY, FRAN- CESCHINI, VALENTE, 2013). A aplicação desta estrutura a projeções futuras do desenvolvimento mundial indica que os siste- mas alimentares podem fornecer dietas saudáveis (definidas aqui como uma dieta de referência) para uma população estimada em cerca de 10 bilhões de pessoas até 2050 e permanecer den- tro dum espaço operacional seguro. No entanto, mesmo pequenos aumentos no consumo de carne vermelha ou lacticínios tornariam esse objetivo difícil ou impossível de alcançar. A análise mostra que permanecer dentro do espaço operacional seguro para os sistemas alimentares requer uma combinação de mudanças substanciais em direção a padrões alimentares maioritaria- mente baseados em plantas, reduções drásti- cas nas perdas e desperdícios de alimentos e grandes melhorias nas práticas de produção de alimentos. Embora algumas ações individuais sejam suficientes para permanecer dentro de li- mites específicos, nenhuma intervenção única é suficiente para permanecer abaixo de todos os limites simultaneamente. As sociedades contemporâneas devem optar pelo aumento do consumo de alimentos à base UNICESUMAR UNIDADE 1 27 de plantas – incluindo frutas, legumes, no- zes, sementes e grãos integrais – enquanto em muitos cenários limitam substancialmente os alimentos de origem animal. Alimentos saudáveis devem, através de esfor- ços governamentais, se tornar mais disponíveis, acessíveis e mais baratos no lugar de alternativas não saudáveis, melhorando a informação e o mar- keting de alimentos, investindo em informações de saúde pública e educação sobre sustentabilida- de, implementando diretrizes dietéticas baseadas em alimentos e usando serviços de saúde para fornecer aconselhamento e intervenções dietéti- cas (WILLETT, 2019). Uma iniciativa importante para a vida alimen- tar nesse planeta é saber reorientar as prioridades agrícolas de produção. A agricultura e a pesca não devem apenas pro- duzir calorias suficientes para alimentar uma população global crescente, mas também de- vem produzir uma diversidade de alimentos que sustentam a saúde humana e apoiem a sustentabilidade ambiental. Juntamente com as mudanças em nossas es- colhas alimentares, as políticas agrícolas e mari- nhas devem ser reorientadas em direção a uma variedade de alimentos nutritivos que aumentam a biodiversidade, em vez de procurar aumentar o volume de algumas colheitas, muitas das quais agora são usadas para ração animal. A produção de gado precisa ser considerada em contextos específicos (WILLETT, 2019). A adoção global de dietas saudáveis a partir de sistemas alimentares sustentáveis salvaguardaria o nosso planeta e melhoraria a saúde de bilhões. Como os alimentos são produzidos, o que é consumido e quanto é perdido ou desperdiçado, tudo molda fortemente a saúde das pessoas e do planeta. Alimentar 10 bilhões de pessoas com uma dieta saudável dentro de limites planetários seguros para a produção de alimentos até 2050 é possível e necessário. A redução substancial das perdas de ali- mentos no lado da produção e o desperdício de alimentos no lado do consumo é essencial para que o sistema alimentar global permaneça dentro de um espaço operacional seguro. Políticas públicas de abastecimento alimentar são necessárias para alcançar uma redução geral de Relatórios Resumidos de 50% na perda e des- perdício global de alimentos, de acordo com as metas dos ODS. As ações incluem melhorias na infraestrutura pós-colheita, transporte de alimen- tos, processamento e embalagem, aumentando a colaboração ao longo da cadeia de suprimentos, treinando e equipando os produtores e educando os consumidores (WILLETT, 2019). A alimentação será uma questão definidora do século XXI. Desbloquear o seu potencial catalisa- rá a conquista tanto dos ODS como do Acordo de Paris. Existe uma oportunidade sem precedentes para desenvolver os sistemas alimentares como um fio condutor comum entre muitos quadros de políticas internacionais, nacionais e empresariais, visando melhorar a saúde humana e a sustenta- bilidade ambiental. Estabelecer alvos científicos claros para orientar a transformação do sistema alimentaré um passo importante para concretizar esta oportunidade. 28 No Pílula de hoje falaremos sobre a transição nutricional no Brasil. Ul- trapassamos 50% de pessoas com sobrepeso e ainda não vencemos a batalha contra a fome. O que podemos fazer para vencê-la? Clica no vídeo e vamos construir juntos essa resposta! Texto: Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores Cadernos UniFOA, edição nº 13, agosto/2010. Autor: Elton Bicalho de Souza. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Título: Nutrição: da Gestação ao Envelhecimento Autor: MARCIA REGINA VITOLO Editora: RUBIO Sinopse: Em sua segunda edição, revisada e ampliada, Nutrição – da Ges- tação ao Envelhecimento apresenta a prática da abordagem nutricional em todos os estágios da vida, sem deixar de fornecer as bases teóricas e científicas e as políticas públicas que alicerçam o dia a dia do profissional dessa área. O conteúdo apresentado deixa evidente a enorme distinção entre as ações relacionadas à prevenção e ao tratamento dos problemas nutricionais. Tal per- cepção é essencial para maior efetividade da promoção à saúde. A fundamentação científica aliada à interpretação crítica e aplicada à realidade brasileira é o des- taque desta obra. Assim, os exemplos práticos e os estudos de casos clínicos possibilitam uma formação acadêmica diferenciada e a atualização dos profissionais de Nutrição. O livro está dividido em 10 partes: Recomendações para Ingestão de Energia e Nutrientes. Edu- cação e Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Gestação. Aleitamento Materno. Infância. Adolescência. Obesidade na Infância e na Adolescência. Adulto. Idoso. UNICESUMAR https://revistas.unifoa.edu.br/cadernos/article/view/1025/895 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13605 UNIDADE 1 29 Filme: Tomates Verdes Fritos Evelyn Couch (Kathy Bates) é uma dona de casa emocionalmente reprimida, que habitualmente afoga suas mágoas comendo doces. Ed (Gailard Sartain), o marido dela, quase não nota a existência de Evelyn. Toda semana eles vão visitar uma tia em um hospital, mas a parente nunca permite que Evelyn entre no quarto. Uma semana, enquanto ela espera que Ed termine sua visita, Evelyn conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy), uma debilitada, mas gentil senhora de 83 anos, que ama contar histórias. Muito Além do Peso (Way Beyond Weight, 2012) Obesidade, a maior epidemia infantil da história. Hoje em dia, um terço das crianças brasileiras está acima do peso. Esta é a primeira geração a apresentar doenças antes restritas aos adultos, como depressão, diabetes e problemas cardiovasculares. Este documentário estuda o caso da obesidade infantil, principalmente no território nacional, mas também nos outros países no mundo, entrevistando pais, represen- tantes das escolas, membros do governo e responsáveis pela publicidade de alimentos. Ficha Técnica: Direção: Estela Renner Produção Executiva: Marcos Nisti Direção de Produção: Juliana Borges Fotografia: Renata Ursaia Montagem: Jordana Berg Trilha Sonora: Luiz Macedo 30 Você já deve ter percebido que a maioria dos agravos em nutrição tem várias causas e origens. Obe- sidade, fome, doenças carenciais sempre estarão relacionadas não somente a escolhas alimentares, mas a contextos sociais e de acesso e disponibilidade de alimentos saudáveis. A educação alimentar e nutricional (EAN) é um espaço amplo de discussão. Afinal, será que todas as suas escolhas alimentares são de fato autônomas? Será que escolhemos o que comemos ou somos influenciados diariamente por um batalhão de informações sedutoras e que mudam nossa decisão na hora de comer? Reflita a respeito dessa questão em sua rotina e escreva um diário alimentar! Escreva o que comeu em uma quinta-feira e em um sábado! O que percebeu em seus próprios hábitos? No que o ambiente de traba- lho ou seus amigos influenciaram nas suas escolhas? E se fossem seus pacientes? Como iria proceder a uma ação educativa? Você já se perguntou o que os universitários comem lá na China? Pois é, praticamente a mesma coisa que você aqui no Brasil ou em vários outros lugares do mundo. A homogeneização da alimentação é um fenômeno muito triste e tira a riqueza cultural dos povos. A transição demográfica e nutricional que vivemos nesses últimos 40 anos fez com que prati- camente o mundo inteiro escolhesse macarrão e frango no almoço! E ainda contamos com cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro que sequer fazem uma refeição ao dia. A alta concentração de renda nos países emergentes e a padronização dos latifúndios para produção quase que exclusiva de soja, milho e pasto transformou o planeta numa grande fábrica de ração animal. E você? Comeu o que hoje? Acesse o Podcast e descubra que não é tão diferente do que uma boa parte do planeta também comeu... UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11672 31 Vamos sair das linhas corridas e organizar nossas próprias idéias? Sugiro aqui o Mapa da Empatia, onde você irá produzir um Mapa Mental, por meio de palavras-chave, que podem levar aos resulta- dos da de sua experiência com o tema. Aqui valem ideias soltas, pensamentos relevantes sobre a transição nutricional e como a geladeira de sua casa mudou desde que você nasceu. Mapas men- tais deixam o aprendizado mais envolvente e guardamos por muito mais tempo o que aprendem- os. Uma sugestão de ferramenta gratuita é o https://www.goconqr.com/. NOVO CENÁRIO ALIMENTAR NO BRASIL https://www.goconqr.com/ 32 1. A cultura alimentar expressa a identidade de povos e grupos sociais ao longo do tempo. Cada sociedade estabelece um conjunto de códigos alimentares, que tem nas suas práticas a consolidação de suas tradições e inovações. Esse conjunto de práticas pode ser considerado patrimônio cultural de uma comunidade. Sobre a interferência da cultura alimentar nos hábitos de uma população, assinale a alternativa correta: a) A cultura alimentar diz respeito aos hábitos cotidianos, que são compostos pelo que é tradi- cional e pelo que se constrói como novos hábitos. b) A cultura alimentar brasileira traz diferentes tradições em sua formação, tais como a portu- guesa, a asiática e a indiana. c) A industrialização dos alimentos não interfere na cultura alimentar de uma população. d) As diferenças alimentares entre as diversas regiões brasileiras são relacionadas ao grau de acesso às mídias que cada região tem. e) A alimentação humana sofre maior influência das necessidades fisiológicas, sendo pouco influenciada pela cultura. 2. De acordo com Monteiro et al. (2000), a transição nutricional é um processo que inclui mu- danças cíclicas importantes no perfil nutricional da população, as quais são determinadas por uma série de variações econômicas, demográficas, ambientais e socioculturais que se relacionam entre si e que trazem como consequência modificações no padrão e no tipo de alimentação e atividade. Com base nessa informação, assinale a alternativa que apresenta uma das diversas causas da transição nutricional a) Diminuição da ingestão calórica aparente, que se reflete em todas as análises de disponibili- dade de alimentos no País. b) Inserção da mulher/mãe no mercado de trabalho, o que faz que ela não tenha tempo de cozinhar para a família. c) Diminuição da proporção de lipídios no total do consumo energético. d) Aumento generalizado das atividades físicas pelo uso de tecnologias que as favorecem. e) Reforma sanitária na década de 1940, que proporcionou mais saúde e melhor alimentação, o que levou, posteriormente, ao sobrepeso e à obesidade de grande parte da população. 3. Com suas palavras, descreva os processos (migratórios e na mudança no perfil de doenças) que antecederam a transição Nutricional no Brasil. 2 Nesta unidade, nós iremos estudar a fisiologia da gestação e lac- tação e situações especiais na gestação. Avaliação do estado nutri- cional, necessidades nutricionais de gestantes nos três trimestres gestacionais e as particularidades das lactantes. Daremosfoco es- pecial ao aleitamento materno e seus benefícios para o bebê, para a mãe e inclusive para toda a sociedade. Os chamados primeiros 1000 dias de um bebê são cruciais para seu desenvolvimento in- telectual e motor em toda a vida. Esses 1000 dias começam antes mesmo dele nascer! Gestação e Lactação: Os Primeiros 1000 Dias da Nova Vida M. Sc. Silvia Moro Conque Spinelli 34 Que a gestante não tem que comer por dois você já sabe. Mas e alguns tabus alimentares? Você co- nhece? Conhece alguma que já quis comer tijolos ou terra? Os “desejos” têm significados reais ou são puro charme? Nesta unidade, nós vamos discutir os fenômenos alimentares típicos e qual nosso papel enquanto educador no campo na nutrição. Planejar a alimentação de gestantes e mulheres que amamentam não é dificuldade alguma. E sabe por quê? Porque elas estão normalmente dispostas a fazerem o seu melhor. Mesmo que a saúde dessa mulher esteja comprometida, observa-se, na prática clínica, que gestantes se enchem de entusiasmo com a vida nova que se aproxima e se tornam dispostas a mudarem hábitos inadequados e a melhorar o estilo de vida em prol da saúde de seu bebê. Isso é mágico. Muitas vezes, é durante a gestação que toda uma família abraça um estilo de vida mais saudável e comprometido com o bem-estar de todos. O que você acha de planejar alimentos saudáveis e atrativos para crianças? Chame uma criança para fazer a atividade com você e você irá se imaginar nutricionista que trabalha Educação Alimentar e Nutricional com o público infantil. Podem criar uma panqueca colorida (com beterraba ou espinafre na massa), uma omelete com vegetais ou um bolo de fubá com cobertura de chocolate. Desafie essa criança a encontrar no armário todos os ingredientes da receita. Utilize uma mesa baixa para possibilitar a participação dela de forma ativa. Coloque um timer ou alarme no celular com tempo máximo para o desafio ficar ainda mais emocionante e, se desejar, inclua um prêmio para o desafio conquistado. Depois, você acha que ela vai querer provar? Possibilitar a participação das crianças no preparo das refeições pode trazer para a família benefícios incríveis. Uma criança que participa dos preparativos da comida valoriza o alimento, evita o desperdício e se torna mais autônoma na vida adulta. Assim serão adultos com uma melhor relação com a comida. A criança realmente aprende pelo exemplo e colocar a mão na massa possibilita que ela entenda a presença dos diferentes ingredientes, descobrindo um mundo mais natural e divertido. Observamos nas famílias que essa relação está quebrada e que a falta de tempo distancia os familiares inclusive no momento das refeições. Bebês, crianças e adolescentes são muito impactados pela propaganda dos ultraprocessados e nada saudáveis. A mídia não faz propaganda de brócolis ou goiaba. Ainda assim, quando as famílias optam por dietas mais saudáveis e por não oferecer açúcar aos filhos são taxados de radicais. E frases como: • Nossa, ele toma esse suco sem açúcar? Que maldade! • Se você não der o chocolate que ele viu, vai ficar com vontade! • Que dó! Não dá maracujá para a criança, é azedo! O fato é que estamos vivendo uma epidemia de obesidade infantil. Muitas famílias demoram para enten- der que a obesidade não se tornará um problema na fase adulta, quando os exames séricos (de sangue) se tornarem descontrolados. A obesidade é complexa e afeta a autoestima, ansiedade e nossa relação com o mundo que nos cerca. Para reverter esse quadro, as crianças devem valorizar a comida caseira. Fazer a criança se envolver com o preparo da comida deixará ela mais independente e autônoma. Que tal conhecer um pouco mais sobre os inúmeros benefícios de levar as crianças para a cozinha? Anote aqui no DIÁRIO DE BORDO , pesquise receitas de culinária para crianças, para desen- volver em família. UNICESUMAR UNIDADE 2 35 Descrição da Imagem: mãe morena com blusa branca, cabelos longos e presos. Filha, criança com camiseta e avental jeans. Elas estão cozinhando juntas. Preparam salada em uma cozinha com alguns pratos e vegetais em primeiro plano. Figura 1 – Cozinhando em família 36 A alimentação equilibrada é um hábito reco- mendado para toda a vida. Durante a gestação, a responsabilidade quanto à alimentação aumenta, uma vez que implica diretamente o perfeito de- senvolvimento do feto. O acompanhamento da situação nutricional das crianças de um país constitui um instrumento essencial para a aferição das condições de saúde da população infantil, sendo uma forma objetiva de avaliar a evolução das condições de vida da po- pulação em geral (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2013). A avaliação nutricional é fundamental de- vido à influência decisiva que o estado nutricio- nal exerce sobre os riscos de morbimortalidade e sobre o crescimento e o desenvolvimento infantil (VITOLO, 2014). Você já ouviu falar na Janela de oportuni- dades para a nutrição das futuras gerações? O período que representa a janela de oportunidades para que os profissionais da saúde realizem inter- venções nutricionais para a mulher, que podem beneficiar a saúde das futuras gerações, engloba: A nutrição adequada durante a gestação é deter- minante da saúde do bebê e inclusive da quali- dade de vida da mãe. A boa alimentação previne diversos eventos adversos, garantindo aporte nu- tricional antes e após o parto, garante nutrientes para o período da lactação e assegura um bom ganho de peso gestacional. A gestante que ganha muito mais peso que o recomendado para seu peso antes da gestação ou que não ganha peso suficiente é considerada gestante de risco pelos protocolos brasileiros de obstetrícia. As refeições devem ser ricas nos alimentos de todos os grupos alimentares, como em todos os ciclos humanos. A gestante deverá sempre co- mer vegetais (folhosos e legumes), frutas, carne bovina, frango, fígado (se desejar, uma vez por semana), ovos e peixes (sardinha, salmão, atum, pescada, cavalinha), leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), cereais (arroz integral, ba- tata, milho, entre outros), azeites (de preferência extra virgem), leite e laticínios (fora do horário do almoço e jantar). Se a gestante optar pela ingestão de carnes, elas deverão ser assadas, grelhadas, ensopadas ou Os 90 dias antes da concepção: destinados a medidas que visam prevenir malformações fetais Os 280 dias de uma gestação a termo: visando minimizar os efeitos epigenéticos; Os 730 dias dos dois primeiros anos de vida do ser humano: como potencializadores do desenvolvimento neuropsicomotor Descrição da Imagem: criança de aproximadamente um ano dentro de uma caixa de madeira e um tecido de lã. Ela sorri. Ao lado, balança de alimentos vermelhos com várias hortaliças como cenouras e rabanetes. Figura 2: Criança pequena com vegetais UNICESUMAR UNIDADE 2 37 cozidas, evitando as frituras. Recomenda-se não ingerir gordura vegetal hidrogenada, que pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento fetal. Na prática devemos desencorajar o consumo de margarina e salgados de padaria que são feitos a partir de cremes vegetais hidrogenados (muitas vezes até com gordura do tipo trans). Não há obrigatoriedade de fracionamento das re- feições da gestante. O ideal é que a mulher leve sua rotina parecida com a que levava antes da gestação. Sem grandes mudanças abruptas em sua dieta, para evitar grandes picos glicêmicos, as refeições podem ser distribuídas seis vezes ao dia: desjejum, colação, almoço, lanche, jantar e ceia. Os intervalos em mé- dia são de três horas entre uma e outra refeição. Não há proibição alguma quanto ao consumo de café ou outras bebidas cafeinadas como chás escuros (feitos com erva mate, rica em cafeína), desde que seja uma gestação saudável e que o consumo não seja exagerado. Ainda mais se o organismo da mulher é perfeitamente habituado a essas substâncias. Logicamente que se a mulher não consome bebidas cafeinadas na vida, a ges- tação não é o período idealpara ela iniciar esse hábito. Refrigerantes com cafeína (tipo cola) são desaconselhados por serem grande fonte de açú- car branco, de alto índice glicêmico e sem qual- quer nutriente benéfico. De fato, em nenhuma fase da vida devemos aconselhar o consumo de refrigerantes açucarados. O ganho de peso na gestação deve ser sufi- ciente para promover o desenvolvimento fetal completo e também para armazenar nutrientes adequados no organismo materno para o aleita- mento. Nenhuma mulher deve perder peso du- rante a gravidez, independente do seu Índice de Massa Corporal (IMC) antes de engravidar. O Institute of Medicine (IOM) recomenda as faixas de ganho de peso ideal durante a gestação. De acordo com a situação nutricional inicial da gestante (baixo peso, adequado, sobrepeso ou obesidade) há uma faixa de ganho de peso re- comendada por trimestre. É importante que na primeira consulta a gestante seja informada so- bre o peso que deve ganhar. Pacientes com baixo peso devem ganhar cerca de 2,3 kg no primeiro trimestre e 0,5 kg/semana nos segundo e terceiro trimestre. Da mesma forma, gestantes com IMC adequado devem ganhar aproximadamente 1,6 kg no primeiro trimestre e 0,4 kg/semana nos segun- do e terceiro trimestres. Gestantes com sobrepeso devem ganhar até 0,9 kg no primeiro trimestre e gestantes obesas não necessitam ganhar peso no primeiro trimestre. Já no segundo e terceiro trimestre as gestantes com sobrepeso e obesas devem ganhar até 0,3 kg/semana e 0,2 kg/semana, respectivamente. Há inúmeros autores que trazem tabelas e esquemas para acompanhamento do ganho de peso durante a gestação. Descrição da Imagem:mulher branca oriental gestante co- mendo uma tigela de saladas. Ao lado dela um prato com frutas. No fundo um sofá branco e plantas verdes decoram o ambiente. Ainda uma cama com lençol e uma banqueta branca no fundo. Figura 3 – Gestante comendo salada 38 No Brasil, o Ministério da saúde utiliza o estudo realizado por Atalah (2007) para acompanhar o estado nutricional da gestante. Para a avaliação da gestante, será utilizado o gráfico de IMC / Semana de gestação. Este gráfico é composto de quatro categorias que permitem a classificação da gestante. Na vertical os valores do IMC e na horizontal as semanas gestacionais. O valor do IMC deve ser localizado no gráfico, considerando a semana gestacional na medição. A zona no gráfico em que as linhas se cruzam corresponde ao diagnóstico nutricional. Você, quando for um nutricionista, terá autonomia para escolher um autor para se ba- sear em seu protocolo de trabalho. PERÍODOS CRÍTICOS DO DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO HUMANO PERÍODO EMBRIONÁRIO (3 A 9 SEMANAS) PERÍODO FETAL (DESDE 9 SEMANAS GESTACIONAIS ATÉ O NASCIMENTO) 1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE SISTEMA NERVOSO CENTRAL CORAÇÃO OUVIDOS OLHOS DENTES PALATO GENITAIS EXTERNOS (é possível ver o sexo do bebê pela simples ecografia) MEMBROS 1 mês 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 7 meses 8 meses 9 meses Período de maior vulnerabilidade Período de menor vulnerabilidade Descrição da Imagem: infográfico em rosa representando o desenvolvimento do bebê com ganho de peso e evolução neurológica do feto por semanas gestacionais desde a fase embrionária até após o nascimento. Em desenhos sequenciais, observa-se o feto de um mês, dois meses, três meses quando termina a fase embrionária e se inicia o período fetal até nove meses gestacionais com os respectivos ganhos de peso esperados. Na gravura também há a divisão em três trimestres e em semanas (1-38) gestacionais. Figura 4 – Períodos críticos do desenvolvimento neurológico humano / Fonte: o autor UNICESUMAR UNIDADE 2 39 Por exemplo, Fernanda tem um IMC de 24,5 e está na 28° semana de gestação. Classificação: Peso normal (A – Adequado) (ATALAH; CASTILLO; CASTRO; ALDEA, 1997). 40 39,5 39 38,5 38 37,5 37 36,5 36 35,5 35 34,5 34 33,5 33 32,5 32 31,5 31 30,5 30 29,5 29 28,5 28 27,5 27 26,5 26 25,5 25 24,5 24 23,5 23 22,5 22 21,5 21 20,5 20 19,5 19 18,5 18 17,5 17 40 39,5 39 38,5 38 37,5 37 36,5 36 35,5 35 34,5 34 33,5 33 32,5 32 31,5 31 30,5 30 29,5 29 28,5 28 27,5 27 26,5 26 25,5 25 24,5 24 23,5 23 22,5 22 21,5 21 20,5 20 19,5 19 18,5 18 17,5 17 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 SEMANA DE GESTAÇÃO IM C Baixo PesoBP AdequadoA SobrepesoS ObesidadeO O S A BP Descrição da Imagem: Quadro colorido com numeração lateral vertical representando o Índice de massa corporal e numeração no eixo das abscissas (linhas horizontais) representando as semanas gestacionais. Assim, nos cruzamentos das faixas de peso com evolução de semanas da gestante formam-se diagnósticos nutricionais, divididos por cores (verde escuro, verde claro, roxo e rosa) com siglas de baixo peso, adequado, sobrepeso e obesidade no centro das áreas separadas por linhas pretas. Figura 5 – Instrumento para avaliação do ganho de peso na gestação / Fonte: ATALAH, E. S.; CASTILLO, C. L.; CASTRO R. S.; ALDEA, A. P. Propuesta de un nuevo estándar de evaluación nutricional en embarazadas. Revista Médica de Chile, v. 125, n. 12, p. 1429-1436, 1997. 40 Gestantes que adquirem peso de forma segura, dentro do esperado para seu biotipo em geral geram bebês com peso dentro do esperado para cada fase do desenvolvimento infantil. Ainda, o retorno ao peso pré-gestacional é mais rápido. Apesar disso, aproximadamente 2/3 das mulheres ganham mais peso que o recomendado, o que leva a complicações durante a gestação além de contribuir para a retenção de peso pós-parto e, assim, para o desenvolvimento da obesidade e suas complicações ao longo da vida. No caso de gestação de feto único, o ganho de peso (em kg) recomendado é: • Gestantes com baixo peso pré-gestacional: 15,0 kg (média); • Gestantes com peso adequado pré-gesta- cional (eutróficas): 12,5kg (média); • Gestantes com sobrepeso pré-gestacional: 9,0 kg (média); • Gestantes com obesidade pré-gestacional: 7,0 kg (média). No caso de gestação múltipla (dois ou mais fetos), o ganho de peso também dependerá do estado nutricional pré-gestacional, podendo variar de 11,0 kg (obesidade pré-gestacional) a 27,9 Kg (baixo peso pré-gestacional). A gestante deverá ter acompanhamento nu- tricional no pré-natal, para avaliação do estado nutricional, detecção de possíveis inadequações dietéticas, desmistificação de mitos e realização da educação alimentar e nutricional. As consul- tas devem ser iniciadas, preferencialmente, no primeiro trimestre da gestação. Tanto em mulheres com gestação de feto único quanto nas gravidezes gemelares pode ocorrer diminuição de peso devido às adaptações hormo- nais. A ação do estrogênio pode causar náuseas, vômitos e anorexia, principalmente, no primeiro trimestre. A perda de peso após o parto ocorre, geralmente, em maior intensidade nos primei- ros três meses e naquelas que amamentam ex- clusivamente. Os suplementos nutricionais são recomendados nas situações em que a demanda nutricional não é atendida por meio da dieta. O aleitamento materno é a mais sábia estraté- gia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econô- mica e eficaz intervenção para redução da mor- bimortalidade infantil. Permite ainda um gran- dioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é vi- tal, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da alimentação saudável em consonância com os di- reitos humanos fundamentais e para a prevenção de distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública. Porém, a implementação das ações de proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada alimentação complementar depen- de de esforços coletivos intersetoriais e constitui enorme desafio
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