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Toxicologia dos metais

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VANDERSON FERREIRA PACHECO
Climatologia e MeteorologiaClimatologia e MeteorologiaToxicologia dos metais
São Luís
2024
Toxicologia dos metais
Chumbo (Pb): sua principal fonte natural é o minério galena, além de ser encontrado em concentrações menores no carvão, petróleo e em outros minerais. Placas de Pb são mundialmente utilizadas como escudo contra raios X devido à alta densidade do metal. A capacidade de bloquear a radiação está relacionada com a nuvem de elétrons que gira ao redor do núcleo dos átomos de Pb, facilitando a dissipação da energia contida no raio X. 
Os sais inorgânicos de Pb são insolúveis em água, exceto o nitrato, clorato e cloreto de Pb, e são utilizados por indústrias metalúrgicas, de fundições, de papel, incineradores de resíduos, usinas de produção de energia e baterias de veículos automotores. Também encontrados em tintas, soldas e encanamentos antigos. Já as formas orgânicas, como o Pb tetraetila ((CH3 CH2 ) 4 Pb), além de serem insolúveis em água, são altamente voláteis, o que permite que o Pb seja transportado para a atmosfera, distribuindo-se de forma rápida para diversos locais afastados das fontes emissoras
Arsênio (As): é um semimetal presente em mais de 200 minerais. O As elementar e seus compostos inorgânicos (trióxido e pentóxido de As, arsenito de sódio, arseniato de cálcio, ácido arsênico etc.) possuem baixa solubilidade em água, sendo utilizados em descolorantes, clareadores e dispersantes de bolhas na produção de vidrarias e na conservação de couros e madeiras. 
O gás arsina (AsH_3) é a espécie de maior toxicidade, sendo utilizado por indústrias de microeletrônicos e semicondutores. As formas orgânicas (ácido arsanílico, ácido metilarsônico e arsenobetaína) são menos tóxicas que as inorgânicas, utilizadas na fabricação de praguicidas, herbicidas e outros produtos agrícolas. Rejeitos de mineração também possuem grandes quantidades de As.
Mercúrio (Hg): é o único metal líquido à temperatura ambiente. As fontes naturais de Hg incluem atividades vulcânicas, incêndios florestais, entre outras. Devido à grande quantidade de reações químicas das quais o Hg pode participar, vários compostos são formados, orgânicos ou inorgânicos, com características bastante distintas entre si, variando a solubilidade e mobilidade no ambiente. As espécies químicas lipossolúveis, por exemplo, se bioacumulam e biomagnificam ao longo da cadeia alimentar. Amostras de gelo e sedimentos coletadas em áreas distantes de fontes de poluição indicam que o metal aumentou a concentração em três a cinco vezes. Atualmente, as principais aplicações industriais são na produção de cloro-soda, tintas, plásticos, produtos farmacêuticos, baterias, lâmpadas, fungicidas, mineração e produtos eletrônicos, sendo o Hg classificado como poluente global. A amalgamação, amplamente utilizada para extração de metais nobres nos garimpos, principalmente o ouro, acarreta na liberação de mercúrio, por meio da queima do amálgama. Destaca-se o emprego desta técnica na Amazônia (LINHARES et al., 2009). 
Qualquer espécie química do Hg presente no ambiente pode ser convertida por bactérias em metilmercúrio, muito tóxico para o ser humano. Após ser absorvido pelo organismo, o Hg pode atravessar a barreira hematoencefálica e atingir o cérebro, o principal órgão armazenador do metal. Devido à neurotoxicidade do metal, os tremores são os sintomas mais característicos, atingindo os membros superiores, lábios e língua.
Cromo (Cr): é um metal encontrado na natureza no minério cromita, em rochas, solo, poeiras, névoas vulcânicas, água, plantas e animais. O uso do Cr em indústrias inclui a fabricação de ligas metálicas e estruturas da construção civil, devido à resistência à oxidação, ao desgaste e ao atrito; a fabricação de tintas, pigmentos, conservantes de madeira; e seu uso também se dá na galvanoplastia e indústrias de curtumes. A toxicidade do Cr depende da forma como ele é encontrado. As principais vias de exposição são a inalatória e dérmica. Uma vez absorvido, o Cr é distribuído para vários órgãos e tecidos, concentrando-se especialmente nos rins, pulmões, fígado e baço. Ele induz efeitos carcinogênicos, cutâneos (irritações nas mãos e formação de úlceras), nasais (inflamações e formações crostosas), broncopulmonares (alteram a função respiratória) e gastrointestinais (úlceras gastroduodenais)
Níquel (Ni): é um metal encontrado em diversos minerais, meteoritos e no núcleo da Terra. Ele forma compostos inorgânicos hidrossolúveis (hidróxidos, sulfatos, cloretos e nitratos) e insolúveis (óxidos e sulfetos). Grande parte do Ni extraído é utilizado na siderurgia (cerca de 70%) devido à sua alta resistência à oxidação, e o restante é empregado na composição de ligas não ferrosas para consumo no setor industrial, na galvanoplastia, em material bélico, na fabricação de moedas e baterias, em próteses clínicas e dentárias, em pigmentos, na área de transporte, de aeronaves e da construção civil. 
As principais vias de absorção são a inalatória, seguida da dérmica e gastrointestinal. Os compostos mais hidrossolúveis são absorvidos mais rapidamente e excretados na urina, enquanto compostos lipossolúveis são absorvidos lentamente e resultam em acúmulo no pulmão.
Manganês (Mn): é um dos metais mais abundantes da crosta terrestre, compondo uma grande variedade de minerais, como óxidos, carbonatos, fosfatos e silicatos, e distribuído em solos, sedimentos, rochas, água e materiais biológicos. É importante para o crescimento das plantas e para funções vitais de animais, além de apresentar aplicações industriais relevantes. 
Cerca de 95% do Mn utilizado pelas indústrias é consumido na metalurgia, e outros usos incluem mineração, produção de fertilizantes, fungicidas, secantes em tintas e vernizes, pilhas secas, vidros, cerâmica e produtos farmacêuticos. A inalação é a principal via de exposição. Após ser absorvido, o Mn é distribuído para vários órgãos, como fígado.
Referências
REDAÇÃO TERRA. China: poluição deixa água de lago fluorescente. Terra, 2007. Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2017. 
RODRIGUES, M. S. Modelo para análise de risco ecológico associado a emissões atmosféricas em ambientes industriais. Tese (Doutorado em Ciências). 2009, 123 f. Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 
SILVA, A. P.; SILVA, A. S.; ASMUS, C. I. R. F. Avaliação das informações sobre a exposição dos trabalhadores das empresas Shell, Cyanamid e Basf a compostos químicos – Paulínia/SP. Relatório Final 2005. Relatório elaborado por solicitação e financiamento do Ministério da Saúde em atendimento ao pleito da Procuradoria-Geral do Trabalho. Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2017. 
USEPA. United States Environmental Protection Agency. Technical Overview of Ecological Risk Assessment: Risk Characterization. Disponível em: . Acesso em 8 jul. 2017
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