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1 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S 2 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S 3 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S 6 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professor: André Luis Cerqueira Silva 7 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S A medicina também está envolvida nas atividades laborais, pois algumas atividades podem oferecer riscos aos trabalhadores, e assim desenvolverem patologias relacionadas as suas funções no ambiente de trabalho. O ramo da medicina é a do trabalho, onde é especializada em conter possíveis danos aos trabalhadores, e assim causar prejuízos à saúde do trabalhador. Assim nessa unidade vamos conhecer um pouco mais sobre a história das doenças, os agentes que podem contribuir para isso no ambiente de trabalho e a melhor forma de prevenção. Medicina. Doença. Segurança. Trabalhador. 9 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 MEDICINA DO TRABALHO E AS DOENÇAS CAUSADAS POR AGENTES FÍSICOS Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 16 Histórico da Doença e Trabalho na Antiguidade _________________ A Área da Saúde do Trabalhador ________________________________ 30Recapitulando _________________________________________________ 17 Conceitos Fundamentais sobre Doenças Causadas por Agentes Físicos _________________________________________________________ 19 20 Agentes Físicos e as Doenças Relacionadas______________________ Principais Doenças Relacionadas à Exposição do Ruído ___________ 22 Temperaturas Extremas, Umidade e Movimentação do Ar; Radia- ções Ionizantes; Radiações não Ionizantes _______________________ 22 23 Considerações Iniciais das Doenças por Agentes Químicos _______ Classificação das Doenças por Agentes Químicos ________________ 24Doenças por Agentes Biológicos: Considerações Iniciais _________ 27 28 Primeiros Socorros e Toxicologia ________________________________ Considerações Iniciais ___________________________________________ 28Avaliação ou Análises da Vítima _________________________________ 10 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 03 TOXICOLOGIA: CONCEITOS GERAIS Proteção no Trabalho com Produtos Químicos _________________ 49 Exposição Ocupacional aos Produtos Químicos _________________ 50 38Fraturas _______________________________________________________ CAPÍTULO 02 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) Hemorragias __________________________________________________ 37 39Queimaduras __________________________________________________ Entorse e Luxação _____________________________________________ 39 44Recapitulando _________________________________________________ Remoção e Transporte _________________________________________ 40 Comportamento Habitual das Substâncias no Ambiente de Tra- balho _________________________________________________________ 51 Aplicações Práticas do Conhecimento Toxicológico ______________ 53 Recapitulando _________________________________________________ 54 Fechando a Unidade __________________________________________ 58 Referências ____________________________________________________ 61 11 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S A segurança do trabalhador é fundamental para manutenção do trabalho, para que eles possam exercer suas atividades de forma eficiente, com maior produtividade, sempre obedecendo as leis traba- lhistas, as diretrizes de segurança, que são fundamentais em diversas atividades laborais. A saúde e o bem-estar devem estar evidenciados de maneira que todos os EPIS estejam sendo utilizados da maneira cor- reta, e que existam profissionais especializados nesses cuidados nas organizações para com os trabalhadores. 12 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Sendo uma especialidade que se preocupa com a prevenção das doenças nas atividades laborais, a medicinado trabalho, também pensa no controle de riscos ambientais. Juntamente com as normas governamentais, cumpre com a empresa a promoção da saúde do tra- balhador (MORSCH, 2017). MEDICINA DO TRABALHO E AS DOENÇAS CAUSADAS POR AGEN- TES FÍSICOS O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S 12 13 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Figura 1 – Atendimento do médico do trabalho Fonte: https://telemedicinamorsch.com.br/blog/o-que-e-medicina-do-trabalho As normativas da medicina do trabalho (que se integra a medicina ocupacio- nal) servem para fazer o trabalhador exercer sua função sem que sua saúde e qualidade de vida estejam em risco. Hoje, as empresas estão mais cons- cientizadas a respeito disso. O próprio empresário já procura o atendimento da medicina ocupacional como fator de qualidade para sua produção. Isso mostra que houve um amadurecimento nos setores. Antes, as empresas cumpriam com suas obrigações ligadas à medicina ocupacional para fugir de multas violentas. Medicina do trabalho e saúde ocupacional são sinônimos. É uma especiali- dade médica voltada exclusivamente à prevenção e tratamento de todas as doenças envolvidas com as atividades profissionais de trabalho. Prevenir doenças ocupacionais ou do trabalho, bem como reduzir suas com- plicações está descrito como um direito do trabalhador na Constituição e é mais produtividade para qualquer empresa, reduzindo com isso ausências no trabalho, remanejamentos ou até mesmo trocas de funções. Objetivamente envolve a prevenção de doenças que o trabalhador está exposto em sua atividade profissional. É tarefa do médico aplicar um programa de prote- ção chamado de PCMSO – Programa de controle médico de saúde ocupacional de acordo com cada área de atuação do trabalhador na empresa. Paralelamente a isso, o Médico do trabalho indica de acordo com o cargo do trabalhador, quais exames devem ser realizados rotineiramente para acompanhar sua saúde. Os agentes físicos são as diversas formas de energia física que os trabalha- dores estão expostos no ambiente de trabalho, que são ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas seja de calor ou de frio, radia- ções ionizantes, radiações não ionizantes, além do infrassom e o ultrassom (MORSCH, 2017, s/p). HISTÓRICO DA DOENÇA E TRABALHO NA ANTIGUIDADE Acredita-se que a medicina exista desde que a humanidade 14 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S surgiu. Assim o ser humano, sendo testemunho do sofrimento, e logo vítima também, foi necessário se debruçar sobre os doentes, e assim poder curá-los. “É possível que encarasse a doença como ocorrência sobrenatural, tal como os ventos, as tempestades ou as manifestações de deuses malévolos” ( HEGENBERG, 2017, p.14). Nesse quadro geral, a doença foi diversamente contemplada, ora como fruto de invasão do organismo por matéria estranha, ora como "perda da alma", ora em termos de corpo "tomado" por fantasmas, ora como decorrência do rompimento de tabus, ora, enfim, como fruto de ritos mágicos. Povos primiti- vos entendem a doença como algo que se deve à ação de projéteis: lanças, flechas, pedras atiradas por inimigos ou, talvez, ossos e espinhos que al- guém engole sem querer, em virtude da ação de forças adversas, humanas ou sobre-humanas. Em alguns casos, o projétil é um organismo (um verme, p. ex.), cujos movimentos, na pessoa afetada, explicariam dores agudas ou o mal-estar súbito. A terapia, nessas várias situações, resumir-se-ia na lo- calização e remoção do "invasor" - não ficando excluída a possibilidade de "devolvê-lo" ao remetente...( HEGENBERG, 2017, p.14). Com as doenças todos ficavam vulneráveis, quando não se conhecia sua causa, era mais complicado, assim ocorriam os casos de cura, e aqueles que infelizmente não conseguiam. A alma, para povos primitivos, não seria entendida em termos teológicos ou metafísicos, mas como "sombra", ou "duplo" da pessoa. Esse duplo teria condições, às vezes, de separar-se do corpo, graças à ação mágica dos deuses ou de eventuais inimigos humanos. A terapia aconselhável consistiria em reencontrar a alma para devolvê-la ao proprietário. No caso de invasão por demônio, a pessoa adoece porque "tomada" por espíri- tos ou almas estranhas. A terapia consiste, então, em tratamentos psicológicos (exorcismo); em extrações mecânicas (alcançada por ingestão de substâncias ou por aspiração de vapores presumivelmente não apreciados pelo "invasor"); ou em transferências (procurando-se enviar a alma estranha para outro corpo - animal ou objeto capaz de retê-la) (HEGENBERG, 2017, p.14). Nos primórdios do tempo, o homem realizava trabalhos bra- çais, somente como uma forma da sua própria sobrevivência, com ins- tinto de colher da natureza o sustento da família ou até do grupo em que pertencia, não tendo forma de organização no grupo em que vivia, sen- do nômade procurava os recursos de sobrevivência (WOLECK, 2002). Na Grécia antiga, tinhas os escravos onde eram usados como mão de obra, e não como trabalhadores, assim os escravos faziam todo trabalho. De acordo com Queiroz, (1987, p. 14), “é sabido que, dado o alto custo do investimento, a produção tropical só seria rentável se or- ganizada em larga escala, à base de muitos trabalhadores”: 15 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Segundo Queiroz (1987), os senhores e donos de terras sem- pre buscavam novos desafios para colonizar e aumentar seus lucros, assim as viagens para alcançar seus objetivos eram constantes, mas até firmar negócios nesses ambientes, muito trabalho era necessário, e eles queriam mão-de-obra eficaz e sem custos, assim os escravos eram para eles a melhor opção. Os trabalhadores assalariados, acabariam lhes rendendo um custo adicional, que eles não estavam dispostos a pagar. E o comércio de escravos crescia e cada vez se desenhava ser uma forma lucrativa, onde uma classe de trabalhadores braçais, que possuíam força, e o custo era irrisório, já que eles não possuíam condições humanas de trabalho, nem remuneração pelo mesmo (QUEIROZ, 1987). Tendo nos escravos a mão-de-obra bruta, ao longo dos anos, a base de muito sangue, suor, lutas e sacrifícios. De forma que mesmo assim a sociedade buscava o fim do trabalho escravo, e o reconheci- mento dos seus direitos e proteção, também era de vontade que se ob- tivesse o reconhecimento do homem como trabalhador e não escravos, luta que levaria anos para ser conquistada vitória. Assim os trabalhadores lutaram por anos, para que seu esforço fosse reconhecido e os mesmos pudessem ser remunerados, por sua dedicação, e entrega nos mais difíceis locais e situações, uma “verda- deira guerra civil” (IAMAMOTO & CARVALHO, 1993. p. 128). A partir do momento em que a classe trabalhadora, mesmo que escravizada, buscava seus direitos, e entendia que deveria ser remune- rado pelo trabalho, e assim ter liberdade para buscar novos desafios, e uma vida digna, a classe burguesa, teve que mudar seu discurso pois, era notório que sua reputação impecável pelos valores atribuídos para tal, seriam colocados em confronto, já que a escravidão se tornava uma prática abominada pela sociedade (IAMAMOTO & CARVALHO, 1993). Sendo que, nesse período, não há como se falar de Direito do Trabalho ou de seu início, pois o trabalho era majoritariamente de- senvolvido no âmbito rural por escravos. As primeiras mãos-de-obra, onde não havia lei de proteção aos trabalhadores, sem direitos e nem garantias, a classe buscava cada vez mais o direito que lhe cabia como trabalhador. Segundo o doutrinador Mauricio Godinho: A tão sonhada lei de proteção veio na Constituição de 1934, um marco no Direito do Trabalho brasileiro, a referida Constituição foi a primeira a tratar da ordem econômica e social,com previsão de normas de proteção do trabalhador, não sendo ela a trazer as vantagens tão esperada mais sim foi o começo do sonhado reconhecimento referente a direito trabalhista. O trabalho escravo não deixou de existir simplesmente da noi- 16 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S te para o dia com a assinatura da lei, foram necessários anos para que de verdade esses trabalhadores, conquistassem o direito de escolher seu destino. E as opções de trabalho foram se modificando, até a Revolução Industrial, e depois de algum tempo a real preocupação com os trabalha- dores e as condições de trabalho que lhe eram impostas (WOLECK, 2002). No Brasil, a CLT surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943 (BRASIL, 1943), sancionada pelo então presidente Getúlio Var- gas, unificando toda legislação trabalhista existente no país, derrubando os direitos que foram adquiridos na constituição de 1934, porém trouxe vantagem bastante esperançosa para classe trabalhista que sofreu tanto. Para tal direito, exemplo: foi reconhecimento o direito de greve, o repouso remunerado em domingo e feriados também a extensão do direito à indenização de antiguidades, veio também a estabilidade do trabalhador rural, outro direito tão importante foi a integração do seguro contra acidentes do trabalho no sistema da Previdência Social, algo que não existia mais que era um sonho realizado pelos trabalhadores. A ÁREA DA SAÚDE DO TRABALHADOR A Saúde do Trabalhador é o conjunto de atividades do campo da saúde co- letiva que se destina, por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigi- lância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submeti- dos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. • Conhecer a realidade de saúde da população trabalhadora, independente da forma de inserção no mercado de trabalho e do vínculo trabalhista estabelecido; • Intervir nos fatores determinantes de agravos à saúde da população traba- lhadora, visando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, atenuá-los; • Avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminação, atenuação e controle dos fatores determinantes e agravos à saúde; • Subsidiar a tomada de decisões dos órgãos competentes; • Estabelecer sistemas de informação em saúde do trabalhador. Processo saúde-doença dos trabalhadores tem relação direta com o seu tra- balho; e não deve ser reduzido a uma relação monocausal entre doença e um agente específico; ou multicausal, entre a doença e um grupo de fatores de ris- cos (físicos, químicos, biológicos, mecânicos), presentes no ambiente de traba- lho. Saúde e doença estão condicionados e determinados pelas condições de vida das pessoas e são expressos entre os trabalhadores também pelo modo como vivenciam as condições, os processos e os ambientes em que trabalham. Independentemente se o trabalhador é urbano ou rural, ou forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo empregatício, pú- blico ou privado, assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativados, aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado ou desempregado; diferente- mente do público-alvo do Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência 17 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Social que se ocupam dos trabalhadores formais (BRASIL, 2012). CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE DOENÇAS CAUSADAS POR AGENTES FÍSICOS A Resolução 1488/98, essa do Conselho Federal de Medicina, aplica-se para todos os médicos em exercício no país, “para o estabe- lecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar”: A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnostico e/ou inves- tigação de nexo causal; O estudo do local de trabalho; O estudo da organi- zação do trabalho; Os dados epidemiológicos; A literatura atualizada; A ocor- rência de quadro clinico ou subclínico em trabalhador exposto a condições agressivas; A identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes, e outros; O depoimento e a experiência dos trabalhadores; Os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da área de saúde.” (Artigo 2o da Resolução CFM 1488/98). Figura 2 – Estudo da saúde do trabalho Fonte: https://www.mapadaobra.com.br/gestao/seconci-sp-lanca-estudo-so- bre-as-principais-dores-relatadas-por-profissionais-de-obra/. Uma recomendação para os médicos especializados nas do- enças laborais, é que se aplique um questionário, para avaliar também o histórico referente aos problemas de doenças e outros sintomas sobre agentes patogênicos. “Especificidade” da relação causal e “forca” da associação causal: o “agente 18 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S patogênico” ou o “fator de risco” podem estar pesando de forma importante entre os fatores causais da doença? Tipo de relação causal com o trabalho: o trabalho e causa necessária (Tipo I)? Fator de risco contributivo de doença de etiologia multicausal (Tipo II)? Fator desencadeante ou agravante de doença preexistente (Tipo III)? No caso de doenças relacionadas com o trabalho, do tipo II, foram as outras causas gerais, não ocupacionais, devidamente analisadas e, no caso concreto, excluídas ou colocadas em hierarquia inferior as causas de natureza ocupacional? Grau ou intensidade da exposição: e ele compatível com a produ- ção da doença? Tempo de exposição: e ele suficiente para produzir a doença? Tempo de latência: e ele suficiente para que a doença se desenvolva e apareça? Ha o registro do “estado anterior” do trabalhador segurado? O conhecimento do “estado anterior” favorece o estabelecimento do nexo causal entre o “estado atual” e o trabalho? Existem outras evidências epidemiológicas que reforçam a hipótese de relação causal entre a doença e o trabalho presente ou pregresso do segurado? A resposta positiva a maioria destas questões irá conduzir o raciocí- nio na direção do reconhecimento técnico da relação causal entre a doença e o trabalho. IV – Avaliação Médica de Natureza e Grau da Deficiência ou Disfunção Produzidos pela Doença “Deficiência” ou “disfunção” (“impairment”), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e “qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica”. Por exemplo, após um acidente vascular cerebral (AVC), a paralisia do braço direito ou a disfasia serão “deficiências” ou “disfunções”, isto e, sistemas ou partes do corpo que não funcionam, e que, eventualmente irão interferir com as atividades de uma vida diária “normal”, produzindo, neste caso, “incapacidade”. No caso do Hipoti- reoidismo devido a substâncias exógenas, o enfoque deve ser voltado para: a) redução ou eliminação da exposição ocupacional as substâncias químicas toxi- cas no ambiente de trabalho; b) reposição hormonal. Não se espera que ocorra deficiência ou disfunção mais permanente. V – Informações Médicas sobre a Incapacidade Labor ativa da Doença “Incapacidade” (“desabilita”), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e “qualquer redução ou falta (resultante de uma “deficiência” ou “disfunção”) da capacidade para realizar uma atividade de uma maneira que seja considerada normal para o ser humano, ou que esteja dentro do espectro considerado normal”. Refere-se a coisas que as pessoas não conseguem fazer. Por exemplo, após um acidente vascular cerebral (AVC), que produziu as “deficiências” ou “disfunções” acima referidas, pessoa poderá não conseguir caminhar, vestir-se, dirigir um automóvel etc. Para fins previdenciá- rios e valorizada a “incapacidade labor ativa”, ou “incapacidade parao trabalho”, que foi definida pelo INSS como “a impossibilidade do desempenho das funções especificas de uma atividade (ou ocupação), em consequência de alterações morfopsicofisiologicas provocadas por doença ou acidente. (...) Para a imensa maioria das situações, a Previdência trabalha apenas com a definição apresen- tada, entendendo “impossibilidade” como incapacidade para atingir a média de rendimento alcançada em condições normais pelos trabalhadores da categoria da pessoa examinada. Na avaliação da incapacidade labor ativa, e necessário ter sempre em mente que o ponto de referência e a base de comparação devem ser as condições daquele próprio examinado enquanto trabalhava, e nunca os da média da coletividade operaria” (CFM 1488/98). 19 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S AGENTES FÍSICOS E AS DOENÇAS RELACIONADAS Os agentes físicos estão relacionados com ruídos, vibrações, calor extremos, frio, entre outros, todos em exposição excessiva podem causar problemas de saúde, e assim ocasionar diversos problemas de saúde, que podem se agravar ao longo do tempo. Ruído: O ruído está presente especialmente na indústria, tendo em vista os barulhos que as máquinas fazem. Tem como consequência cansaço, irrita- ção, dores de cabeça, tontura, desorientação, diminuição da audição, que podem ser a surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico, aumento da pressão arterial, náuseas, problemas no aparelho digestivo, taquicardia, perigo de infarto (MONTEIRO, 2021, s/p). Para que esses efeitos possam diminuir o ideal é que o traba- lhador, esteja utilizando seu equipamento de proteção individual, neste caso especifico um desses é o fone de proteção, especializado para cada função com ruídos. Vibrações: cansaço, irritação, dores no corpo (em especial na coluna), pro- blemas auditivos, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias (MONTEIRO, 2021, s/p). No caso das vibrações, os EPI’s também são os principais alia- dos na diminuição de problemas relacionados com a atividade laboral com intensas vibrações e em um tempo longo. Por isso, os exames regulares são essenciais para acompanhar como está a saúde do tra- balhador e assim estabelecer possíveis limites nas funções. “Calor extremo: taquicardia, problemas de pele, aumento da pulsação, cansaço, irritação, choques térmicos, náuseas, desorienta- ção, fadiga térmica, perturbações das funções digestivas, hipertensão” (MONTEIRO, 2021). “Frio extremo: fenômenos vasculares periféricos, doenças do aparelho respiratório, problemas de circulação, problemas de pele, náu- seas, hipotermia, queimaduras pelo frio” (MONTEIRO, 2021). “Radiações ionizantes: alterações celulares, problemas de ti- reoide, câncer, fadiga, enjoo, problemas visuais, perturbações, deso- rientação, acidentes do trabalho (geralmente provocados pela desorien- tação)” (MONTEIRO, 2021). “Radiações não ionizantes: queimaduras, lesões na pele e te- cidos moles. Exemplo de radiações não ionizantes são as radiações in- fravermelhas, radiações ultravioletas, raios laser, dentre outros” (MON- TEIRO, 2021). 20 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S “Umidade: doenças do aparelho respiratório, enjoo, doenças do aparelho digestivo, doenças da pele e circulatórias, dentre outros” (MONTEIRO, 2021). “Pressões anormais: hiper barismos, embolia traumática pelo ar, embriaguez das profundidades, intoxicação por oxigênio e gás car- bônico, doença descompressão, problemas auriculares, desorientação” (MONTEIRO, 2021). Todos esses agentes físicos podem ser prejudiciais para a saú- de dos trabalhadores, quando estão associados, os problemas podem ser agravados, e assim patologias impedirem que o trabalhador conti- nue a exercer suas principais funções laborais. PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS À EXPOSIÇÃO DO RUÍDO As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou mecanismos irritativos, alérgicos ou tóxi- cos. No ouvido interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neurotóxicas e fatores de natureza física como ruído, pressão atmosfé- rica, vibrações e radiações ionizantes. Os agentes biológicos estão fre- quentemente associados as inflamações do ouvido externo, aos even- tos de natureza traumática e a lesão do pavilhão auricular. A exposição ao ruído, pela frequência e por suas múltiplas consequências sobre o organismo humano, constitui um dos principais problemas de saúde ocupacional e ambientais na atualidade. A Figura 3 mostra um trabalhador sem seus EPIs e sofrendo com os ruídos causados pelo ambiente de trabalho. Figura 3 – Trabalhador sem EPI contra ruídos Fonte: Blog do trabalhador, (2019). A Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) é um os proble- 21 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S mas de saúde relacionados ao trabalho mais frequente em todo o mun- do. Com base nas medias de limiares auditivos medidos para as frequ- ências de 1.000, 2.000 e 3.000 Hz (hertz) em trabalhadores, no EUA, a OSHA estimou que 17% dos trabalhadores de produção no setor in- dustrial daquele país apresentam, no mínimo, algum dano auditivo leve. Na Itália, há cerca de 10 anos, a PAIR e a doença ocupacio- nal mais registrada, representando 53,7% das doenças relacionadas ao trabalho. Por outro lado, estudos tem demonstrado que os efeitos extra auditivos da exposição ao ruído devem merecer uma atencao especial dos profissionais de saúde, em decorrência do amplo espectro das re- percussões observadas. A investigação, a orientação terapêutica e a caracterização dos danos ao aparelho auditivo provocados pelas situações de trabalho que incluem a exposição ao ruído, devem ser realizadas em centros especia- lizados. Entretanto, os profissionais da atenção básica devem estar capa- citados a reconhecer suas manifestações para o correto encaminhamento do paciente. A Figura 4 mostra os principais efeitos causados pelos ruídos. Figura 4 – Efeitos dos ruídos no corpo humano ] Fonte: Profile engenharia, (2018). O Decreto no 3.048/1999, do Regulamento da Previdência So- cial, de 6 de maio de 1999, define as situações que dão direito a conces- são de auxílio-acidente. No caso do aparelho auditivo, são restritas a traumas acústicos e a PAIR não é mencionada. Entretanto, os mesmos critérios têm sido aproveitados para a classificação ou estagiamento das perdas auditivas: “A redução da audição, em cada ouvido, e ava- liada pela média aritmética dos valores, em decibéis, encontrados nas 22 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S frequências de 500, 1.000, 2.000, e 3.000 Hertz...’’ (BRASIL, 1999). TEMPERATURAS EXTREMAS, UMIDADE E MOVIMENTAÇÃO DO AR; RADIAÇÕES IONIZANTES; RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES. A exposição a temperaturas ambientais extremas, como frio severo e calor acima de 40°C, coloca em risco a saúde de humanos e de animais. Pesquisadores da América Latina e dos Estados Unidos, avaliam como as mudanças climáticas e a urbanização transformam esse cenário e podem trazer impactos na mortalidade. A umidade relativa ou humidade relativa é a relação entre a pressão parcial da água contida no ar e a pressão de vapor da água tomada à temperatura do ar. Em outras palavras, a umidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água existente no ar e a quantidade máxima que poderia haver na mesma temperatura. Entende-se por Circulação Atmosférica a movimentação das massas de ar. Essa movimentação ocorre na Troposfera, a camada da atmosfera mais próxima da Terra. A circulação atmosférica ocorre em razão do desequilíbrio da radiação recebida pela Terra ao longo de sua extensão. Quanto mais alta for a frequência de uma onda eletromagné- tica, maior é a energia do fotão a ela associadoe, consequentemente, maior é a sua capacidade de interação com o material biológico. Quan- do a energia de um fotão é suficiente para quebrar ligações químicas, diz-se que estamos perante radiação ionizante; quando a energia não é suficiente, a radiação diz não-ionizante. Os raios X e os raios gama são exemplos das primeiras, enquanto as radiofrequências (usadas pelos telemóveis) são exemplos de radiação não-ionizante. CONSIDERAÇÕES INICIAIS DAS DOENÇAS POR AGENTES QUÍ- MICOS O risco químico é a probabilidade de sofrer agravo a que de- terminado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe à saúde. Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, com- postos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador principalmente pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos ga- ses, neblinas, nevoas ou vapores, ou pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. 23 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Os agentes químicos podem apresentar-se nos diversos esta- dos físicos nos ambientes de trabalho, e durante os processos podem sofrer mudanças. A possibilidade de uma substância química entrar no organismo está associada ao seu estado físico. CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS POR AGENTES QUÍMICOS Efeitos irritantes: são causados, por exemplo, por ácido clorí- drico, ácido sulfúrico, amônia, soda cáustica, cloro, que provocam irrita- ção das vias aéreas superiores. Figura 5 – Efeitos causados por contato com produtos químicos Fonte: Unifal, (2020). Efeitos asfixiantes: são causados, por exemplo, por gases como hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de car- bono, monóxido de carbono e outros causam dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e até a morte. Efeitos anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos assim como o butano, propano, aldeídos, acetona, cloreto de carbono, benze- 24 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S no, xileno, álcoois, tolueno, tem ação depressiva sobre o sistema nervo- so central, provocando danos aos diversos órgãos. O benzeno especial- mente é responsável por danos ao sistema formador do sangue. Poeiras minerais: provêm de diversos minerais, como sílica, asbesto, carvão mineral, e provocam silicose (quartzo), asbestose (as- besto), pneumoconioses (ex.: carvão mineral, minerais em geral). Poeiras vegetais: são produzidas pelo tratamento industrial, por exemplo, de bagaço de cana-de-açúcar e de algodão, que causam bagaçose e bissinose, respectivamente. Poeiras alcalinas: provêm em especial do calcário, causando doenças pulmonares obstrutivas crônicas, como enfisema pulmonar. Poeiras incômodas: podem interagir com outros agentes agressi- vos presentes no ambiente de trabalho, tornando-os mais nocivos à saúde. Fumos metálicos: provenientes do uso industrial de metais, como chumbo, manganês, ferro etc., causando doença pulmonar obs- trutiva crônica, febre de fumos metálicos, intoxicações específicas, de acordo com o metal. Figura 6 – Estados Físicos de agentes químicos Fonte: Unifal, (2020). DOENÇAS POR AGENTES BIOLÓGICOS: CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os ambientes ocupacionais, ou seja, onde os trabalhadores exercem suas atividades, possivelmente apresentam diferentes tipos de 25 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S riscos. Um destes tipos de risco é o risco biológico, que é considerado quando o ambiente pode apresentar agentes como vírus, bactérias, pa- rasitas, fungos, ácaros e protozoários. O contato do trabalhador com es- tes tipos de agentes pode desencadear um grande número de doenças e as profissões que apresentam maior nível quanto ao risco biológico são as da indústria de alimentação, hospitais, limpeza e laboratórios. Os microrganismos que contribuem para estes riscos são dife- rentes quanto à forma e função, porém, semelhantes quanto às estrutu- ras celulares. Desta forma, são divididos em dois grupos: procariontes (bactérias) e eucariontes (algas, fungos e protozoários). Os vírus são organismos acelulares, portanto, não se enquadram neste perfil. I) Bacterioses No caso das bactérias, existem muitas doenças que podem ser associadas à sua presença, lembrando sempre que é necessário que a atmosfera seja propícia para sua reprodução. As Bacterioses, que são as doenças causadas por este tipo de organismo, mais comuns são: Bronquite, doenças sexualmente transmissíveis, diarreia, cóle- ra, difteria, disenteria, laringite, faringite, infecções estomacais, menin- gite, pneumonia, salmonela, sinusite, tuberculose e tétano. II) Viroses Os vírus são estruturas proteicas que possuem DNA e RNA, que agem como parasitas, afetando microrganismos, plantas e animais. Causam as famosas viroses, e as mais comuns são: Resfriado Comum, Caxumba, Raiva, Rubéola, Sarampo, He- patites, Dengue, Poliomielite, Febre amarela, Varicela ou Catapora, Varíola, Meningite viral, Mononucleose Infecciosa, Herpes, Condiloma, Hantavirose, DSTs e AIDS. III) Micoses As micoses são infecções causadas por fungos, e a micologia é o estudo deste tipo de microrganismo. As micoses comuns, como a candidíase e dermafitose, são acometidas por fungos que fazem parte da microbiota normal dos animais, mas se aproveitam da baixa imuni- dade de seus hospedeiros para se reproduzir com maior intensidade. Existem diferentes tipos de fungos, e os mais comuns são clas- sificados como cogumelos, mofo e dimorfismos. As principais doenças causadas por fungos são: Onicomicos (fungos nas unhas), candidíase (vagina, boca e garganta), mucormicose (pulmões, sistema gastrointestinal, pele e cé- rebro), peniciliose, pneumocistose (doenças respiratórias), sinusite fún- gica (aspergilose), rinossinusite, meningite fúngica e histoplasmose. IV) Verminoses As doenças causadas por vermes hermafroditas são conhe- 26 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S cidas como verminoses. Este tipo de parasita tem simetria bilateral e formato alongado e achatado, variando de tamanho entre milímetros e muitos centímetros. As verminoses mais comuns: • Ascaridíase, vulgarmente conhecida como lombriga; • Teníase, chamada popularmente de solitária; • Oxiuríase; • Tricuríase; • Ancilostomíase, conhecida como amarelão; • Esquistossomose; • Parasitoses por Protozoário Os protozoários são parasitas unicelulares, ou seja, possuem apenas uma célula, e são comumente transmitidos através de insetos que agem como hospedeiros. Embora não possam ser reconhecidos a olho nu, são maiores e mais desenvolvidos do que as bactérias, e por isso, seu tratamento é mais intenso. Algumas das principais doenças transmitidas por protozoários: Leishmaniose, doença de Chagas, toxoplasmose, amebíase, malária, giardíase; V) Acaríases As acaríases são as doenças transmitidas pelos ácaros, que muitas vezes passam despercebidos e podem ser inofensivos para mui- tas pessoas. Porém, muitas pessoas possuem alergia a estes aracnídeos e seus dejetos, que acabam afetando o sistema imunológico da pessoa e acarretando outros tipos de doenças indiretamente causadas por eles. Algumas doenças desencadeadas por ácaros são: Rinite, asma, dermatites, conjuntivites, escabiose, sarna, ble- farite, entre outras. Prevenção A prevenção de riscos biológicos se dá através de diferentes formas, dependendo do tipo de ambiente e qual microrganismo é encon- trado nele. Em todos os tipos de ambientes ocupacionais que apresen- tam riscos biológicos, principalmente onde circulam muitos pacientes infectados por diferentes tipos de parasitas, é muito importante o uso dos Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva, além da constante limpeza profunda dos ambientescom produtos que eliminam riscos. Algumas medidas como lavar as mãos, desinfetar-se com ál- cool, higiene pessoal e do ambiente também são essenciais para a pre- venção e controle de doenças ocasionadas por agentes biológicos. Os riscos biológicos se subdividem em classes: Classe de risco 1: Risco para a comunidade e individual é baixo, são agentes 27 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S biológicos com probabilidade nula ou baixa de provocar infecções no homem e de risco potencial reduzido para o trabalhador do laboratório. Classe de risco 2: Os riscos ocupacionais podem ser entendidos como condições no ambiente de trabalho capazes de provocar danos à saúde ou integri- dade física do trabalhador. Os riscos laborais variam dentro das diversas atividades profis- sionais, podendo-se assim, traçar um “perfil” dos riscos inerentes a cada tipo de ocupação. O controle destes riscos depende do seu reconheci- mento; sendo assim, o estudo dos diferentes ambientes de trabalho se faz mandatório para que se possa atuar de forma eficaz na prevenção e promoção da saúde do trabalhador. Uma destas classes profissionais, os trabalhadores da área da saúde, detém os meios e o conhecimento para prevenir e tratar as do- enças da comunidade e, talvez por isso, a atenção dada a este grupo, em termos de Segurança e Saúde no Trabalho, seja inferior àquela ofe- recida aos trabalhadores do setor industrial. Os riscos inerentes a área da saúde estão presentes em hospi- tais, clínicas e laboratórios; afetando trabalhadores como médicos, en- fermeiros e técnicos (do setor de assistência ou diagnóstico). Neste contexto, merecem destaque os trabalhadores de labo- ratórios porque estão especialmente expostos a alto risco ocupacio- nal, pois lidam com materiais potencialmente infectados onde o agente agressor é invisível aos olhos, tendendo a ser negligenciado. A presen- ça de vidrarias diversas, materiais perfurocortantes, estresse por carga horária excessiva de trabalho e a rotina contribuem para gerar um am- biente propício a acidentes. PRIMEIROS SOCORROS E TOXICOLOGIA Primeiros socorros são intervenções que devem ser feitas de maneira rápida, logo após o acidente ou mal súbito, que visam a evitar o agravamento do problema até que um serviço especializado de atendi- mento chegue até o local. Essas intervenções são muito importantes, pois podem evitar complicações e até mesmo evitar a morte de um indivíduo. Antes de qualquer procedimento de primeiro socorro, é impor- tante que o socorrista tenha em mente a necessidade de: manter a calma; afastar os curiosos; garantir que serviço de emergência seja chamado." 28 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Figura 7 – Telefones de emergência Fonte: Bahia, (2018). CONSIDERAÇÕES INICIAIS É muito importante salientar que algumas pessoas não estão preparadas para realizar os primeiros socorros e, portanto, o ideal é que deixe outra pessoa realize os procedimentos adequados e auxiliar de outra maneira, como, buscando socorro. AVALIAÇÃO OU ANÁLISES DA VÍTIMA Segundo a professora Luciana de Moraes: “Entre os riscos imediatos de morte que deverão ser observados pelo socorrista, des- tacam-se os comprometimentos circulatórios; respiratórios e as hemor- ragias, identificando e assegurando a manutenção das funções vitais”. Ao se aproximar da vítima, verifique qual é o problema e corrija inicialmente as condições que ofereçam risco imediato. Caso não haja risco imediato de morte, realize um rápido exame físico e reúna informa- ções sobre o problema. O socorrista deverá fazer a avaliação global do estado da víti- ma, com o objetivo de: - Estabelecer a gravidade de suas lesões; - Fazer o alarme adequado; - Determinar as prioridades do socorro; - Adotar medidas necessárias ao quadro clínico da vítima; - Encaminhar a vítima para um centro hospitalar em situações adequadas. Caso a vítima esteja consciente, pergunte como ela se chama, 29 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S quem é ela, qual a sua idade, se ela é residente da cidade, o que acon- teceu e, ainda, se ela permite, autoriza o seu atendimento. Observe se a vítima responde às suas perguntas, chame-a em um tom alto o suficiente para ela ouvir. A vítima alerta pode fornecer informações im- portantíssimas para o sucesso do atendimento. O estímulo doloroso é realizado da seguinte maneira: - Procure o osso externo do peito da vítima; - Feche as mãos e faça uma leve compressão. Se a vítima es- tiver consciente, reagirá a esse estímulo; - Nunca dê tapas ou beliscões, pois essas ações são agres- sões físicas e não devem ser aplicadas à vítima. Por fim, observe se a vítima: - Apresenta traumas, principalmente na coluna. Se sim, faça a imobilização do pescoço e da cabeça impedindo movimentos que pos- sam agravar a lesão. - Verifique se que as vias aéreas da vítima estão obstruídas. Se sim, desobstrua-as usando a manobra de inclinação da cabeça-ele- vação do queixo. - Observe se a vítima está respirando ouvindo e sentindo os ruídos respiratórios. Caso negativo, proceda à ventilação artificial para que a respiração se restabeleça. - Verifique a pulsação. A ausência de pulso é significativa de parada cardíaca. Realize, então, a manobra de ressuscitação cardíaca. - Verifique quanto a presença de sangramento grave. Se posi- tivo, controle-o por meio de técnicas de compressão local. 30 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSO QUESTÃO 01 (FUNSAÚDE - CE- TÉC. EM SEG. DO TRABALHO - FGV - 2021) Doenças ocupacionais são aquelas associadas ao ofício do traba- lhador e às condições de trabalho nas quais está inserido. Dentre elas, as dorsalgias são bastante comuns. Assinale a opção que apresenta a medida preventiva para essa doença. A) O estabelecimento de boas relações interpessoais. B) A comunicação adequada sobre o que é esperado de cada um. C) A proteção coletiva com isolamento das fontes de ruído. D) O fracionamento das cargas com aumento da velocidade de execução. E) A realização de pausas e exercícios preparatórios e compensatórios. QUESTÃO 2 (IMBEL - Médico do Trabalho – FGV - 2021) As opções a seguir apresentam fatores de risco para LER/Dort, à exceção de uma. Assinale-a. A) Dimensões do posto de trabalho. B) Pressão mecânica localizada. C) Posturas que modificam a geometria musculoesquelética. D) Fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho. E) Trabalho em regime de “home office”. QUESTÃO 3 (TRT - 4ª REGIÃO (RS) - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC - 2023) Trabalhador do setor de manutenção realiza trabalhos de demoli- ção com uso de martelete pneumático há 5 anos, apresenta sensa- ção de um nódulo ou espessamento na superfície palmar da mão, com contraturas e diminuição da mobilidade dos dedos e a perda de destreza da mão. Esta doença pode ter relação com a exposição a vibração e é conhecida como: A) Síndrome de Raynaud. B) Doença de Kienböck. C) Doença de Dupuytren. D) Síndrome do Túnel do carpo. E) Síndrome de Quervain. QUESTÃO 4 (FUNSAÚDE - CE – Eng. Seg. do Trabalho – FGV - 2021) As doenças ocupacionais estão associadas ao ofício do trabalhador e às condições de trabalho. Assim, a doença ocupacional caracterizada 31 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S pela contínua postura inadequada, causando dor crônica, e cuja ocor- rência está associada apenas à função laboral, é conhecida como A) DORT. B) hérnia de disco. C) tendinite. D) dermatose ocupacional. E) artrose. QUESTÃO 5 (UFMT – Nutricionista – UFMT - 2021) NÃO são consideradas doenças do trabalho: A) Doenças inerentes a grupo etário e degenerativas. B) Doenças que produzem incapacidade laborativa. C) Perdas auditivaspor excesso de ruído no local de trabalho. D) Doenças endêmicas resultantes de exposição ou contato direto de- terminado pela natureza do trabalho. E) N.D.A TREINO INÉDITO Os microrganismos que contribuem para estes riscos são diferen- tes quanto à forma e função, porém, semelhantes quanto às estru- turas celulares. Desta forma, são divididos em dois grupos: pro- cariontes (bactérias) e eucariontes (algas, fungos e protozoários). São somente doenças causadas por bactérias: A) Cólera, difteria, tuberculose e tétano. B) Caxumba, Raiva, Rubéola, Sarampo. C) Hepatites, Dengue, Poliomielite, Febre amarela. D) Varicela ou Catapora, Varíola, Meningite viral, AIDS. E) Cólera, AIDS, Febre amarela, raiva. QUESTÃO DISSERTATIVA O trabalho escravo não deixou de existir simplesmente da noite para o dia com a assinatura da lei, foram necessários anos para que de verda- de esses trabalhadores, conquistassem o direito de escolher seu des- tino. E as opções de trabalho foram se modificando, até a Revolução Industrial, e depois de algum tempo a real preocupação com os traba- lhadores e as condições de trabalho que lhe eram impostas. Disserte sobre os casos de trabalhos análogos a escravidão que ainda são cor- riqueiros na nossa sociedade. NA MÍDIA Lesões e doenças relacionadas ao trabalho provocaram a morte de 1,9 32 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S milhão de pessoas em 2016, de acordo com as primeiras estimativas conjuntas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com as "Estimativas conjuntas da OMS e da OIT sobre o ônus de doenças e lesões relacionadas ao trabalho, 2000-2016" a maioria das mortes relacionadas ao trabalho deveu-se a doenças respiratórias e cardiovasculares. TÍTULO: OMS/OIT: Quase 2 milhões de pessoas morrem a cada ano de causas relacionadas ao trabalho Data De Publicação: 17 de setembro de 2021 Fonte: https://www.ilo.org/brasilia/noticias/WCMS_820318/lang--pt/in- dex.htm. NA PRÁTICA De acordo com o setor em que o profissional de segurança do trabalho estiver inserido, é importante que ele conheça as principais doenças ocupacionais que possam interferir no desempenho e bem-estar dos empregados, e assim ele consiga traçar um planejamento eliminando os principais riscos, em conjunto com sua equipe. PARA SABER MAIS Título: BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO PARA QUEM COMPROVA ACI- DENTE DE TRABALHO E DOENÇA OCUPACIONAL Data de publicação: 02/03/2022 Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2ttD3PZ8M9Y. 33 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Confirmação da PCR: tocar, com firmeza, os ombros da vítima e perguntar se está tudo bem. Quando não há nenhum tipo de resposta, presume-se que a vítima se encontra inconsciente, cabendo ao socor- rista solicitar ajuda. Também cabe ao socorrista a rápida verificação da presença ou ausência de respiração. Solicitação de ajuda: pedir ajuda imediatamente, solicitando por um desfibrilador automático. É fundamental manter a calma e fornecer ao atendente todos os dados solicitados, desligando o telefone apenas após a liberação do atendente. Em casos em que o socorrista se en- contra sozinho e sem telefone celular, deve-se deixar a vítima momen- taneamente para solicitar ajuda. Quando mais pessoas se encontram presentes, deve-se iniciar, imediatamente, o atendimento enquanto um dos demais presentes chama o serviço de atendimento de urgência. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S 33 34 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Posicionamento da vítima e do socorrista: para maximizar o desemprenho na massagem cardíaca, a vítima deve ser mantida em decúbito dorsal horizontal sobre uma superfície rígida. O socorrista deve ficar ajoelhado na altura dos ombros da vítima, pois essa posição permite acesso fácil ao tórax da vítima. Verificação do pulso: para profissionais da saúde, é obrigatório a verificação da presença ou não de pulso. Para leigos, esse procedi- mento é desestimulado por conta de dificuldades de ordem técnica, que acarretam perda de tempo no atendimento. O pulso a ser checado deve sempre ser central e, por conven- ção, o carotídeo é o escolhido. A duração dessa checagem não deve ex- ceder dez segundos. A pulsação deverá ser checada a cada 2 minutos. Figura 8 – Posição para checagem de pulsação Fonte: Sanar, (2020). Na ausência de pulsação, a massagem cardíaca deve ser ime- diatamente iniciada. Abertura das vias aéreas: realiza-se uma manobra de inclinação da cabeça e elevação do mento ou manobra de tração da mandíbula. Essas manobras são necessárias, pois, quando a vítima se en- contra inconsciente, a musculatura da base da língua relaxa, provocan- do uma obstrução imediata da via área. Ao abrir a via aérea, deve-se verificar rapidamente a presença de corpo estranho e proceder à manobra de olhar, sentir e ver a respira- ção. Deve-se atentar a importância da estabilização da coluna vertebral durante a realização destas manobras. Estabilização da coluna vertebral: etapa que exige atenção espe- cial a fim de evitar uma lesão da coluna cervical. O movimento excessivo pode causar ou agravar eventuais lesões neurológicas por compressão ós- 35 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S sea na presença de coluna fraturada. Deve-se manter uma posição neutra durante a abertura da via aérea e a realização das ventilações boca a boca. Boca a boca: indicações restritas de realização. Se não houver respiração espontânea, o socorrista deverá realizar duas respirações de resgate. Pode-se utilizar técnicas de boca a boca, boca nariz ou máscaras próprias. Devem ser feitas duas ventilações durante 2 a 4 segundos, per- mitindo a expiração. As ventilações devem ser feitas de forma lenta, a fim de evitar distensão gástrica e eventual aspiração de conteúdo gástrico. Compressões torácicas: para os profissionais de saúde, reco- menda-se localizar o gradeado costal e, a seguir, o apêndice xifoide, co- locando dois dedos acima deste e o calcanhar de uma das mãos acima dos dedos, na linha do esterno. O socorrista deve manter os braços estendidos e os ombros ali- nhados com o esterno da vítima. Devem ser feitas compressões torácicas rápidas e intensas, que deprimam o tórax entre 5 e 6 cm e permitam seu retorno à posição normal, sem que as mãos sejam retiradas do tórax. A proporção a ser mantida entre massagem cardíaca e as ven- tilações é de 30/2, realizando de 100 a 120 compressões por minuto. Aos leigos, orienta-se colocar as mãos sobre o peito, entre os mamilos, para realizar as compressões. Figura 9 – Como realizar compressões Fonte: Sanar, (2020). 36 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Figura 10 – Posição correta para compressões Fonte: Sanar, (2020). Figura 11 – Reanimação Fonte: Sanar, (2020). 37 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S HEMORRAGIAS A primeira coisa a se fazer é verificar qual o tipo de hemorra- gia, se interna ou externa e, assim, iniciar os primeiros socorros. Saiba como identificar cada tipo de hemorragia. A) Hemorragia interna No caso de hemorragia interna, em que não se vê o sangue, mas há alguns sintomas sugestivos, como sede, pulso progressivamen- te mais rápido e fraco e alterações da consciência, é recomendado: 1. Verificar o estado de consciência da pessoa, acalmá-la e mantê-la acordada; 2. Desapertar a roupa da pessoa; 3. Deixar a vítima aquecida, uma vez que é normal que em caso de hemorragia interna haja sensação de frio e tremores; 4. Colocar a pessoa em posição lateralde segurança. Após essas atitudes, é recomendado ligar para a assistência médica e permanecer ao lado da pessoa até que seja socorrida. Além disso, é recomendado não dar comidas ou bebidas para a vítima, pois ela pode se engasgar ou vomitar, por exemplo. B) Hemorragia externa Nesses casos, é importante identificar o local da hemorragia, colocar luvas, acionar a assistência médica e iniciar o procedimento de primeiros socorros: 1. Deitar a pessoa e colocar uma compressa esterilizada ou um pano lavado no local da hemorragia, exercendo uma pressão; 2. Caso o pano fique muito cheio de sangue, é recomendado que sejam colocados mais panos e não retirar os primeiros; 3. Fazer pressão no ferimento por pelo menos 10 minutos. É indicado que seja feito, também, um garrote que tem como objetivo diminuir o fluxo de sangue para a região do ferimento, dimi- nuindo a hemorragia. O garrote pode ser de borracha ou feito de forma improvisada com um pano, por exemplo, devendo ser amarrado alguns centímetros acima da lesão. Além disso, se a lesão estiver localizada no braço ou na perna, recomenda-se manter o membro elevado para diminuir a saída de san- gue. Caso esteja localizada no abdômen e não seja possível fazer o gar- rote, recomenda-se colocar um pano limpo na lesão e realizar pressão. É importante que não se retire o objeto que pode estar encra- vado no local da hemorragia, além de não ser recomendado lavar a ferida ou dar algo para a pessoa comer ou beber. 38 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Figura 12 – Artéria com rompimento Fonte: Sanar, (2020). FRATURAS Dizemos que ocorreu uma fratura quando o osso perde sua continuidade. A fratura pode ser exposta quando a pele é rompida e po- de-se ver o osso, e fechada quando a pele não se rompe. Em ambos os casos, é fundamental ajuda médica profissional para que a recuperação do osso seja feita de maneira adequada. Primeiramente, o socorrista deve imobilizar a região acometida para evitar a movimentação dos fragmentos dos ossos lesionados. Não se deve tentar colocar o osso no local, pois isso pode agravar o quadro, caso seja feito de maneira inadequada. Em caso de fraturas expostas, é necessário tentar controlar, caso esteja presente, a hemorragia com um pano limpo que deve ser colocado sobre o local e pressionado. Lembre- -se que fraturas em costas e pescoço necessitam de mais atenção e a movimentação só deve ser feita por profissionais. Figura 13 – Fraturas ósseas Fonte: Sanar, (2020). 39 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S ENTORSE E LUXAÇÃO Em caso do surgimento de fraturas, entorses ou luxações, é fundamental que a pessoa mantenha a calma e procure ajuda médica. É importante manter o local imobilizado, uma vez que a movimentação em qualquer um dos casos pode causar danos ainda maiores. Vale destacar também que se deve evitar o uso de qualquer medi- camento sem recomendação médica. É indicado apenas realizar compres- sas frias no local afetado ou utilizar bolsa de gelo sobre o local. No caso de fraturas expostas, recomenda-se que o local seja coberto com pano limpo ou gaze e que ajuda especializada seja procurada de forma imediata. Algumas vezes os nossos ossos saem da sua posição normal, ficando deslocados. Esses casos são chamados de luxações e podem ser perigosos porque podem afetar vasos sanguíneos, nervos, entre outras estruturas. As luxações causam dor, deformidades e redução dos movimentos articulares. Normalmente uma luxação ocorre em virtude de traumatismos ou movimentos muito violentos. Essa lesão é comum nos ombros, cotovelos e mandíbulas. As entorses são lesões que atingem os ligamentos, porções de tecido fibroso que garantem a união dos ossos em uma articulação. Quando os ligamentos se esticam além de sua capacidade, ocorre o estiramento, que, algumas vezes, pode resultar na ruptura dos ligamen- tos. Uma das causas desse problema é a prática de exercícios sem o devido aquecimento e preparo físico. As entorses podem causar grande dor local, inchaço e vermelhidão. Os locais mais atingidos pelas entor- ses são o tornozelo, os ombros e o joelho. QUEIMADURAS Queimaduras são situações relativamente comuns no nosso dia a dia. Elas são classificadas, de acordo com o dano causado, em queimadu- ra de primeiro grau, queimadura de segundo grau e queimadura de terceiro grau. A queimadura de primeiro grau afeta apenas a epiderme (camada mais externa da pele), já a de segundo grau afeta a derme e epiderme, enquanto a de terceiro grau atinge também o tecido abaixo da pele. O primeiro passo em caso de queimadura é retirar a pessoa da região próxima à fonte de calor. Feito isso, deve-se avaliar a lesão. Se o dano for leve, recomenda-se lavar o local com água corrente ou colo- car compressas de soro fisiológico para reduzir a temperatura do local. Caso apareçam bolhas, elas nunca devem ser furadas. Se ao avaliar a lesão, você perceber que o dano é grave, é 40 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S fundamental procurar ajuda médica imediatamente. Outro ponto impor- tante é nunca passar no local nenhuma substância caseira nem mesmo medicamentos sem que sejam recomendados por um médico. Figura 14 – Queimadura na mão Fonte: Sanar, (2020). REMOÇÃO E TRANSPORTE A remoção está relacionada a retirada de uma pessoa de um local que lhe oferece perigo, sendo assim, podemos considerar a remo- ção como um resgate, já o transporte da vítima é a atitude tomada após o resgate. As técnicas para remoção e transporte de acidentados visam a proteção da vítima traumatizada, buscando evitar lesões secundárias, que são aquelas causadas após o trauma inicial. Por isso, é importante que as técnicas para remoção e trans- porte de acidentados sejam utilizadas por socorristas leigos somente em situações excepcionais, quando a vida do acidentado está em risco caso permaneça no local, como no caso um de incêndio ou desmoronamento. O transporte também pode ser realizado em casos em que o acidentado esteja em uma zona muito afastada e que o contato com o Serviço Mé- dico de Emergência esteja comprometido, como por exemplo, em situa- ções de acidentes em matas ou em residências rurais muito afastadas onde não é possível entrar em contato com o resgate de urgência. No entanto, protocolos médicos alertam a jamais realizar movi- mentos desnecessários e que possam agravar mais o estado de saúde do acidentado, pois cada técnica de remoção e transporte requer habi- lidade e maneira correta para ser executada. • Técnicas de transporte. Em situações de acidentes em locais distantes, é comum ocor- rer traumas como, entorses, luxações, picadas de animais, quedas ou 41 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S outras situações em que a vítima tem dificuldade de caminhar e necessita de apoio, nestes casos, são recomendadas algumas técnicas de trans- porte do acidentado. Entre as técnicas de transportes, temos: Transporte de apoio Passa o braço do acidentado por trás da nuca do socorrista, que o segura com um de seus braços, passando seu outro braço por trás das costas do acidentado, em diagonal. Transporte nas costas. Na técnica de transporte nas costas, é realizada apenas com um socorrista, este põe os braços sobre os ombros da vítima, por trás, buscando e segurando os braços do acidentado, ficando as axilas do acidentado sobre os ombros do socorrista. A pessoa que está socorren- do busca os braços do acidentado e os segura, carregando o acidenta- do arqueado, como se ele fosse um grande saco em suas costas. I) Transporte cadeirinha. Neste transporte, os socorristas se posicionam de pé, ficando de frente um para o outro. Seguram firmemente o seu próprio punho direito com a mão esquerda e com a mãodireita segura o punho esquerdo do companheiro, e com as mãos trançadas dos dois socorristas, formam uma cadeirinha. Em seguida, a vítima consciente é transportada sentada sobre esta cadeirinha, apoiando seus braços sobre os ombros dos socorristas. II) Transporte com lençol. Esta técnica de transporte é utilizada na ausência de uma maca de transporte, portanto, dobra-se uma manta, cobertor, lençol, toalha ou lona sobre dois paus, varas, canos, galhos de árvores ou cabos de vassou- ra resistentes. É necessário três socorristas voluntários de cada lado para realizar o transporte. Para colocar a vítima sobre o lençol, é preciso colocar este debaixo do corpo dela, para isto, dobra-se várias vezes uma das bor- das laterais do lençol, de modo que ela possa funcionar como cunha. Coloca-se esta cunha devagar para baixo da vítima, depois disso, é que se enrolam as bordas laterais sobre os cabos de auxílio para levantar e carregar a vítima. A vítima é abraçada e levantada, de lado, até a altura do tórax das pessoas que a estão socorrendo. O membro afetado deve sempre ficar para o lado do corpo das pessoas que estão socorrendo, a fim de melhor protegê-lo. Havendo três pessoas, por exemplo, eles se colocam enfileirados ao lado da vítima, que deve estar de abdômen para cima. Abaixam-se apoiados num dos joelhos e com seus braços a levantam até a altura do outro joelho, para depois ficarem de pé e re- alizarem o transporte da vítima. Transporte pelas extremidades. Neste transporte, um socorrista se posiciona ajoelhado junto à cabeça da ví- tima, enquanto o outro socorrista se ajoelha ao lado da vítima ao nível de seus joelhos, o primeiro socorrista levanta o tronco da vítima e o segundo socorrista a traciona pelos braços em sua direção. Em seguida, o primeiro socorrista apoia o tronco da vítima, 42 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S passando seus braços sob suas axilas e o segundo socorrista segura a vítima pelos membros inferiores, passando suas mãos pela região poplítea da perna. A vítima é erguida em um movimento sincronizado pelos dois socorristas e o transporte da vítima é efetuado no sentido de suas extremidades inferiores. Remoção de vítima com suspeita de fratura de coluna (consciente ou não) a remoção de uma vítima com suspeita de fratura de coluna ou de bacia e/ou acidentado em estado grave, com urgência de um local onde a maca não consegue chegar, deverá ser efetuada como se seu corpo fos- se uma peça rígida (transporte em bloco), levantando, simultaneamente, todos os segmentos do seu corpo, deslocando o acidentado até a maca. Atenção: Vale ressaltar que o resgate ou transporte de aciden- tados em estado grave ou incerto (quando não se sabe o estado do aci- dentado, como por exemplo, em um acidente de moto ou uma queda, em que a vítima pode apresentar fraturas ou rompimento das vértebras e não ser visível para o socorrista) deve ser realizado apenas em último caso. Figura 14 – Forma de locomoção de uma pessoa com fratura Fonte: INBRAEP, (2020). 43 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Figura 15 – Forma de locomoção de pessoas com fratura sem maca Fonte: INBRAEP, (2020). 44 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSO QUESTÃO 01 (Instituto Consulplan - ISGH – Maqueiro - 2023) A segunda etapa de atendimento de primeiros-socorros ao aciden- tado consiste em avaliar e examinar o seu estado geral. Esta fase ocorre logo após ou simultaneamente à primeira etapa (avaliação do local do acidente); o exame do acidentado deve ser rápido e sistemático. Nesta etapa, recomenda-se, EXCETO: A) Proceder um exame rápido de todas as partes do corpo. B) Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e incapacidades funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor, para movimentar as mãos, braços etc. C) Em vítimas conscientes, ao examinar cabeça e pescoço, procurar irregularidades e perguntar ao acidentado se sente alguma dor. Não apalpar o crânio, e não permitir que ele movimente o pescoço. D) Em acidentados inconscientes, observar com prioridade as seguin- tes alterações: falta de respiração; falta de circulação (pulso ausente); hemorragia abundante; perda dos sentidos (ausência de consciência); e, envenenamento. E) N.D.A QUESTÃO 02 (FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Motorista- 2023) Os veículos de emergência precisam agir de forma rápida no aten- dimento de socorro às vítimas ou preservação do patrimônio, sen- do importante o condutor ter: A) pressa e preocupação. B) nervosismo e ansiedade. C) calma e distração. D) cautela e prudência. E) descaso e morosidade. QUESTÃO 03 (FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC – Motorista – 2023) 45 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S O método de transporte de acidentado apresentado na imagem é conhecido como: A) Transporte ao colo. B) Transporte de bombeiro. C) Transporte nas costas. D) Transporte de arrasto. E) Transporte de apoio. QUESTÃO 04 (FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Motorista- 2023) Quando a vítima de um acidente apresenta ruptura total ou parcial da estrutura óssea, isso caracteriza a ocorrência de: A) Fratura. B) Hemorragia. C) Estado de choque. D) Parada cardíaca. E) Parada respiratória. QUESTÃO 05 (FUMARC - AL-MG - Técnico de Apoio Legislativo - Policial Legis- lativo - 2023) Para o primeiro atendimento a vítimas de crise convulsiva em am- biente extra-hospitalar, estão corretas as seguintes recomenda- ções, EXCETO: A) Abrir a boca da vítima com auxílio de uma espátula ou seus dedos, para desenrolar a língua. B) Após a crise, certo de que não houve trauma, manter a vítima em decúbito lateral, para evitar aspiração de conteúdo gástrico. C) Manter a vítima deitada no chão. D) Proteger a cabeça da vítima de traumas enquanto ela estiver se de- batendo. TREINO INÉDITO É utilizada na ausência de uma maca de transporte, portanto, do- bra-se uma manta, cobertor, lençol, toalha ou lona sobre dois paus, varas, canos, galhos de árvores ou cabos de vassoura resistentes. A) Transporte prático B) Transporte cadeirinha C) Transporte rápido D) Transporte improvisado E) N.D.A 46 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO DISSERTATIVA Queimaduras são situações relativamente comuns no nosso dia a dia. Elas são classificadas, de acordo com o dano causado, em queimadura de primeiro grau, queimadura de segundo grau e queimadura de tercei- ro grau. Em caso de emergência por queimadoras, o que fazer: NA MÍDIA O trabalhador de um frigorífico que sofreu queimaduras na perna e no pé ao limpar o filtro de uma caldeira deve ser indenizado por danos morais e estéticos em R$ 17 mil. A decisão é da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) e mantém sentença do juiz Marcelo Caon Pereira, da 3ª Vara do Trabalho de Passo Fundo. Os desembargadores, no entanto, aumentaram o valor da indenização, fixada na primeira instância em R$ 8 mil. TÍTULO: Empregado que sofreu queimaduras com água fervente ao limpar uma caldeira deve ser indenizado. Data De Publicação: 13 de agosto de 2021 Fonte: https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/252676. NA PRÁTICA É importante que o Engenheiro de Segurança do Trabalho organize na empresa em que presta serviço cursos para que os colaboradores este- jam sempre bem-informados, e possam seguir as normas em casos de possíveis acidentes. PARA SABER MAIS Título: Primeiros socorros Data de publicação: 12/02/2023 Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=HU3cnde37lk. 47 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S A toxicologiaé uma ciência multidisciplinar que tem como obje- to de estudo os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os or- ganismos. No dia a dia, estamos todos expostos a diversas substâncias presentes, em pequenas concentrações, nos produtos de limpeza, nos inseticidas domésticos, nos medicamentos, nos alimentos, na água, no ar e na poeira, por exemplo. As pessoas que tiveram contato ou que ficaram expostas às substâncias químicas liberadas ao meio em função de acidentes en- volvendo a produção, o armazenamento, o manuseio, o transporte e o descarte em vias públicas, podem se intoxicar. Isto é, poderão sentir mal-estar, tontura, ter problemas respira- tórios, apresentar irritações na pele entre outros sintomas de intoxica- ção. As plantas e os animais também poderão ser afetados. Os efeitos TOXICOLOGIA: CONCEITOS GERAIS O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S 47 48 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S nocivos dependem das características do produto envolvido na ocor- rência, da quantidade vazada, do tempo de exposição e da forma de exposição (direta ou indireta), entre outras variáveis. As pessoas expostas podem ser, por exemplo, o motorista do caminhão que transportava o produto químico, os funcionários da in- dústria, os responsáveis pela segurança das rodovias, técnicos de se- gurança, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, curiosos, interessados em saquear a carga ou o meio de transporte avariado, e jornalistas que se aproximaram do local do acidente para saber o que estava acontecen- do. Por estes motivos, é de fundamental importância: - Ter conhecimento sobre os perigos associados às substân- cias químicas, - Usar equipamentos de proteção individual adequados, - Realizar detecção e monitoramento para delimitar as áreas de perigo e áreas seguras, - Isolar a área perigosa para evitar que pessoas sejam conta- minadas, - Conhecer os aspectos de toxicologia humana para assistên- cia a um acidente químico. Aspectos de toxicologia humana para assistência a emergên- cias químicas A quantidade de pessoas afetadas por um incidente químico pode ser mínima (um indivíduo) ou maior (milhares de indivíduos), pois os efeitos de determinadas substâncias no organismo podem se manifestar tanto de imediato como tempos depois do acidente, o que depende de vários fatores tais como intensidade da exposição, tipo do produto liberado e faixa etária. Por exemplo, no caso do acidente na indústria química que fa- bricava o inseticida Carbaril, em 1984, em Bhopal, na Índia, a liberação de grande quantidade de isocianato de metila gerou uma nuvem tóxica que contaminou cerca de 40 km² de área. Estima-se que 3.800 pessoas morreram nas primeiras horas após o vazamento, além de muitos animais (vacas, búfalos, cães e pássaros), 200.000 pessoas ficaram intoxicadas e nos vinte anos seguintes, mencio- nam entre 20.000 e 30.000 óbitos associados aos efeitos do produto e dos resíduos perigosos gerados (Broughton, 20051 e Portal EcoDebate, 20122). Os hospitais locais ficaram lotados de vítimas em busca de so- corro e as equipes médicas nada conheciam sobre a toxicidade deste gás e sobre seus efeitos à saúde. Como consequência o tratamento foi incer- to e possivelmente inadequado. Portanto, o conhecimento das proprieda- des físicas, químicas e toxicológicas das substâncias químicas utilizadas na produção (indústria), no armazenamento, no manuseio, no transporte, no uso, no descarte, e inclusive nas ações de combate é essencial para a 49 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S segurança das equipes de resposta e para aplicação do tratamento efeti- vo e rápido às vítimas durante as emergências químicas. Sob este ponto de vista, considera-se importante que os in- tegrantes do sistema de combate tenham conhecimentos básicos de toxicologia para a assistência de uma emergência química. Estes co- nhecimentos facilitarão as atividades dos profissionais que participam na assistência da emergência bem como a proteção adequada para evitar os efeitos tóxicos. Conhecer os perigos e riscos ajuda a prevenir exposições às substâncias químicas. Depois destas e outras ocorrências, nas décadas de 1980 e 1990 surgiram documentos internacionais como a Diretiva de Seveso na Eu- ropa3 e diretrizes da Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS) aconselhando que as autoridades locais devessem estar preparadas para tomar parte no processo de conscienti- zação e preparação para acidentes químicos, incluindo o intercâmbio de toda a informação importante com a comunidade e a indústria local. Assim, os hospitais e outras instalações destinadas ao tratamen- to, os profissionais de saúde, os centros de informação toxicológica e os centros para emergências químicas deveriam participar neste processo. Frente à enorme quantidade de substâncias químicas atual- mente disponíveis, a pergunta que surge é: “todas as substâncias quí- micas são tóxicas?”. Provavelmente a melhor resposta seria: “Não há substâncias químicas seguras, mas sim maneiras seguras de utilizá- -las” (TIMBRELL, 1989). PROTEÇÃO NO TRABALHO COM PRODUTOS QUÍMICOS É imprescindível utilizar meios de controle a exposição dos agentes químicos presentes nas atividades empregando meios de con- trole administrativos, de engenharia, procedimentos de trabalhos ade- quados, Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e, somente em úl- timo caso, o Equipamento de Proteção Individual (EPI). 50 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S Figura 16 – Equipamento de Proteção Individual. Fonte: Laborgene, (2020). EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS PRODUTOS QUÍMICOS Conforme previsto na Norma Regulamentadora 9 (NR 9), do extinto Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são considerados agentes químicos todos os compostos ou as substâncias que podem penetrar no corpo humano pela via respiratória (na forma de vapores, gases, poeiras, neblinas, fumos ou névoas) ou ser absorvidos por meio do contato com a pele ou por meio da ingestão. A própria definição de agente químico trazida pela NR 9 possi- bilita a identificação dos riscos. Confira quais são: • a contaminação por contato com o tecido cutâneo; • a contaminação por inalação; • a contaminação por meio da ingestão. Figura 17 – Uso de EPIs para manusear produtos químicos. Fonte: Laborgene, (2020). 51 O A M B IE N TE E A S D O E N Ç A S D O T R A B A LH O - G R U P O P R O M IN A S COMPORTAMENTO HABITUAL DAS SUBSTÂNCIAS NO AMBIENTE DE TRABALHO A exposição do trabalhador a agentes químicos nocivos pode causar irritações nas vias aéreas, náuseas, dores de cabeça e, até mesmo, convulsões. Além disso, algumas substâncias têm proprieda- des que aumentam a probabilidade do desenvolvimento de doenças graves, como o câncer. Nesse cenário, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual adequados é fundamental para garantir a saúde e a segurança do tra- balhador. Confira alguns dos EPIs indispensáveis a seguir! I) Respiradores Há diversos modelos de respiradores disponíveis para os dife- rentes tipos de riscos químicos, níveis de exposição, fatores climáticos, geográficos, ambientais e/ou de funcionamento. Basicamente, os respiradores podem ser divididos em 2 clas- ses básicas, de acordo com o risco presente na atividade, podendo ser classificado como: • EPR (Equipamento de Proteção Respiratório) de filtração: purifi- ca o contaminante do ar do ambiente por meio de materiais que conferem essa característica e por meio da respiração do usuário, ou seja, o ar é purificado quando o colaborador inala e o ar do ambiente passa por meio dos elementos filtrantes do respirador, ficando retidos seus contaminantes; • EPR com fornecimento de ar respirável: independentemente
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