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CA de Mama 1 CA de Mama PREVALÊNCIA 5 REVISÃO As lesões epiteliais proliferativas são um espectro heterogêneo de hiperplasias, com ou sem atipias, ductais ou lobulares. Podem corresponder a lesões precursoras, com potencial de evoluir para uma neoplasia invasora ou simplesmente lesões marcadoras de risco aumentado de neoplasia no futuro. As hiperplasias sem atipia não requerem conduta adicional. As hiperplasias com atipia indicam exérese após biópsia de fragmento para avaliação completa da lesão e discussão de medidas de prevenção. O carcinoma ductal in situ CDIS é uma proliferação intraductal com potencial de evoluir para um carcinoma invasor, ou seja, uma lesão precursora não obrigatória. Pode ser de baixo ou de alto grau. Fatores que aumentam o risco de progressão: alto grau, pacientes jovens, presença de comedonecrose — mesmo assim, não é possível dizer de forma segura e objetiva o risco de evolução. A maioria dos casos é assintomática e se apresenta como microcalcificações suspeitas à MMG de rastreamento. O diagnóstico é confirmado por biópsia. O tratamento consiste em cirurgia conservadora com margens livres associada à radioterapia (reduz o risco de recidiva). A mastectomia é feita quando há lesões extensas, multifocais ou quando é o desejo da paciente. O câncer de mama é o mais incidente e a principal causa de morte por câncer entre as mulheres. Os fatores de risco, sendo uma neoplasia hormônio-dependente, incluem: Ser mulher. Idade 40 anos (principal fator de risco). História familiar de primeiro grau. Dieta rica em gorduras. CA de Mama 2 Obesidade na pós-menopausa. Etilismo. Nuliparidade. Menacme longo (menarca precoce/menopausa tardia). Mutação dos genes BRCA. TRH combinada. Lesões benignas com risco aumentado para câncer (hiperplasia ductal atípica, hiperplasia lobular atípica e carcinoma lobular in situ). Carcinoma ductal in situ CDIS. O rastreamento (screening) é uma forma de prevenção secundária (detecção precoce) e o exame de escolha na população de risco habitual é a MMG. Pelo MS, Mulheres entre 50 e 69 anos devem fazer MMG bienal e o exame clínico das mamas anual. A Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia recomendam a MMG a partir dos 40 anos, com intervalo anual. A associação da USG à MMG aumenta a taxa de detecção de CA em mulheres com mamas densas e alto risco para CA de mama, mas não é preconizada pelo MS. O autoexame das mamas não deve ser utilizado como rastreamento, mas deve ser orientado o conhecimento do corpo. Para as pacientes de alto risco para CA de mama, considerar o rastreamento com RM e MMG anuais a partir dos 30 anos (ou 10 anos antes do caso índice). São consideradas pacientes de alto risco para CA de mama aquelas que apresentam: Parente de 1º grau com CA 50 anos. Risco 20% baseado na história familiar (parente de 1º grau com CA de mama bilateral em qualquer idade, história familiar de CA de mama em homem de qualquer parentesco, história familiar de CA de ovário em qualquer idade). Antecedente de radioterapia torácica entre 10 e 30 anos de idade. CA de Mama 3 Portadoras de mutação (ou com parente de 1º grau mutado) dos genes BRCA, PTEN ou p53. Os marcadores tumorais como o CA 153 e CA 2729 podem ser usados para acompanhamento de pacientes com CA de mama, especialmente pacientes metastáticas em tratamento, mas não são usados para diagnóstico (inespecíficos e pouco sensíveis). Em lesões clinicamente suspeitas ou evidenciadas em exames de rastreio, procede-se à biópsia por agulha grossa para avaliação histopatológica. O carcinoma invasivo de tipo não especial (carcinoma ductal invasivo, na antiga denominação) é o tipo mais frequente. Dentre os subtipos considerados “especiais ,ˮ está o lobular, enquanto os demais são menos frequentes. A maioria dos subtipos especiais tem prognóstico favorável, mas há os que se associam a pior prognóstico (principalmente o carcinoma metaplásico e o micropapilar). O carcinoma mamário invasivo pode ser classificado em subtipos moleculares intrínsecos, através da análise de expressão de múltiplos genes. Esses subtipos tendem a apresentar perfis de expressão proteica diferentes entre si, portanto podemos inferir o subtipo molecular pelo perfil imuno- histoquímico, sendo relevante para o planejamento da adjuvância (para a cirurgia, não há diferenças). Os subtipos são classificados de acordo com o status dos receptores de estrogênio RE, progesterona RP, HER2 e Ki-67. Os perfis apresentam comportamento e prognóstico distintos. Algumas características dos principais subtipos são: Triplo negativo: a única adjuvância sistêmica possível é a quimioterapia. Mais raro e frequente em mulheres jovens ou com mutação para BRCA. HER2 superexpresso: indica uso de terapia-alvo antiHER (trastuzumabe e pertuzumabe) em associação à quimioterapia. Luminais (receptores hormonais positivos): hormonioterapia adjuvante sempre indicada, quimioterapia a depender de outros fatores. Tipo mais comum e de crescimento mais lento. O estadiamento é uma ferramenta para determinar a extensão do câncer, auxiliando na avaliação do prognóstico individual. O estadiamento TNM leva CA de Mama 4 em consideração o tamanho do tumor, status axilar (metástases linfonodais) e presença de metástases à distância. Estágios iniciais: T1 menores que 2cm. T2 menores que 5cm. N0 axila clinicamente negativa. M0 sem evidência de metástases à distância. Estágios localmente avançados: T3/T4 5cm ou com invasão de pele, músculo ou carcinoma inflamatório (entidade clínica caracteriza por eritema e edema tipo “casca de laranjaˮ ocupando mais de 1/3 da mama). N1/N2/N3 comprometimento de linfonodos axilares ou mamária interna ou linfonodos infra ou supraclaviculares. M0 sem evidência de metástases à distância. Doença metastática: M1 com evidência de metástases à distância. Os locais mais comuns são pulmão, fígado e ossos. Em tumores iniciais, só pesquisa metástase à distância se houver sintomas. Em tumores localmente avançados, preconiza-se a solicitação de TC de tórax, abdôme e cintilografia óssea. No que tange ao tratamento, temos que: Pacientes em estágios iniciais têm indicação de cirurgia. Os tumores triplo-negativos e HER2 superexpressos, mesmo quando iniciais, são candidatos à quimioterapia neoadjuvante. Pacientes com casos localmente avanços geralmente passam por quimioterapia ou hormonioterapia neoadjuvante antes da cirurgia. Para pacientes metastáticas, o tratamento de escolha é sempre sistêmico, seja hormonioterapia ou quimioterapia. A cirurgia tem papel controverso e não é tratamento padrão. Em relação à cirurgia, temos duas opções: mastectomia ou conservadora. CA de Mama 5 A mastectomia é a remoção cirúrgica da glândula mamária. Chamada de mastectomia simples quando apenas a mama com aréola e pele é retirada. Se for associada ao esvaziamento axilar, denomina-se radical. As que conservam pele ou complexo aréolo-papilar CAP são denominadas mastectomias preservadoras ou adenomastectomia. A cirurgia conservadora (segmentectomia/quadrantectomia) pode ser realizada quando a relação do volume tumoral com o volume da mama permite a ressecção da lesão com margens livres e resultado estético satisfatório. Deve ser associada à radioterapia. Tratamento padrão ouro para estágios iniciais. Sempre que o tumor for invasivo, deve-se, também, avaliar cirurgicamente a axila, pois o comprometimento axilar é um fator prognóstico isolado muito importante. Pesquisa/biópsia de linfonodo sentinela: nos casos com axila clinicamente negativa, é a técnica de escolha. Consiste na identificação dos primeiros linfonodos da via de drenagem, por meio de injeção periareolar de radiofármaco ou azul patente, que migrará para a axila, permitindo a correta identificação dos linfonodos. Esvaziamento axilar/linfadenectomia axilar: dissecção de linfonodos axilares com preservação de estruturas nobres da axila. Indicadaquando: Axila clinicamente comprometida na ocasião da cirurgia. Biópsia de linfonodo sentinela BLS positiva. BLS positiva após terapias neoadjuvantes. Carcinoma inflamatório. Como consequência, pode causar linfedema do MS ipsilateral, risco de lesão de estruturas nobres (como nervo torácico longo — nervo de Bell), causando “escápula alada .ˮ Os pontos importantes relacionados à quimioterapia incluem: Indicação de QT Tumores triplo-negativos: praticamente sempre (exceto tumor muito pequeno). CA de Mama 6 Tumores HER2 superexpressos: praticamente sempre (exceto tumor muito pequeno), associado à terapia-alvo antiHER (trastuzumabe, pertuzumabe e etc). Tumores luminais: Realizada para pacientes com alto risco de recorrência: baixa expressão de receptores hormonais, GH3; alto índice de proliferação celular; quatro ou mais linfonodos comprometidos; extensa invasão vascular peritumoral; tumor 5cm. Não realizada para pacientes de baixo risco: alta expressão de RH, GH1; baixo índice de proliferação (ki67; ausência de comprometimento axilar; ausência de invasão vascular; tumor menor que 2cm. QT neoadjuvante (antes da cirurgia): Seus objetivos incluem: Redução do tumor, permitindo cirurgias mais conservadoras. Avaliação da resposta in vivo: é possível avaliar a sensibilidade do tumor aos agentes QT utilizados por meio da resposta do tumor. Avaliação do prognóstico e terapias adicionais: tumores que apresentam resposta completa, em geral, têm melhor prognóstico; tumores que não tiveram resposta completa, frequentemente se beneficiam de novo tratamento sistêmico após a cirurgia (casos triplo-negativos e HER2. As indicações incluem: Qualquer caso que, pelas características iniciais, já tenha indicação de quimioterapia. Indicação clássica: doenças localmente avançadas. Tumores triplo-negativos e HER2 comumente faz-se QT neoadjuvante, exceto nos casos de tumores muito pequenos. A RT adjuvante deve ser feita em: Todas as pacientes submetidas à cirurgia conservadora; Tumores 5cm, independente do tipo de cirurgia; CA de Mama 7 Axila com mais de 3 linfonodos comprometidos, independentemente do tipo de cirurgia da mama. A hormonioterapia é indicada para pacientes com receptores hormonais RE e/ou RP positivos. Tamoxifeno SERM “modulador seletivo do receptor de estrogênio ,ˮ promovendo antagonismo competitivo nos receptores de estrógeno do tecido mamário. Habitualmente utilizado por 5 anos. Única opção para mulheres na pré-menopausa sem supressão ovariana. É agonista do estrogênio no endométrio, aumentando o risco de CA de endométrio, além de TVP. Inibidores da aromatase IA inibem a conversão periférica do androgênio em estrogênio nos tecidos periféricos, que são a fonte principal de estrogênios da mulher na pós-menopausa. Os principais exemplos são anastrozol e letrozol. Contraindicados na pré-menopausa. Quando há necessidade, deve-se suprimir a função ovariana. Pode causar perda de massa óssea e risco de tromboembolismo arterial. Terapia AntiHER2 indicada para todas as pacientes com superexpressão do HER2. O tratamento adjuvante habitual é realizado com trastuzumabe (anticorpo monoclonal que se liga ao receptores HER2 por 12 meses. Atualmente, muito frequentemente associado na neoadjuvância à outra droga antiHER chamada pertuzumabe (duplo-bloqueio). Pode causar cardiotoxicidade, devendo-se acompanhar a FE. Como diagnóstico diferencial ao câncer de mama, podemos citar: Tumor Phyllodes Maligno (filoide maligno): tumor bifásico, com componente epitelial benigno e mesenquimal anômalo. Em geral, é uma lesão única, de crescimento rápido. A idade média de aparecimento é de 40 a 50 anos. As características são semelhantes às lesões sarcomatosas, com potencial de metástase hematogênica. O tratamento é a ressecção com margens amplas. A RT é controversa. Sarcomas: muito raros. É uma massa de crescimento rápido. O estadiamento segue o de sarcoma de partes moles. CA de Mama 8 O tratamento é a ressecção com margens amplas. Linfoma: extremamente raro, geralmente não Hodgkin. O linfoma primário de mama é uma massa dolorosa e móvel. Em relação ao tratamento, a cirurgia geralmente não é indicada. Doença de Paget: epitélio glandular maligno no interior da epiderme da aréola e/ou papila. O quadro clínico conta com descamação do CAP unilateral e pruriginosa, que pode estar associada a crostas, eritema e pele espessada, quadro clínico semelhante ao eczema. Deve-se suspeitar se não houver melhora dos sintomas após teste terapêutico com corticóide tópico. O diagnóstico pode ser obtido por raspado citológico (ˮcélulas gigantes de Pagetˮ) ou biópsia das lesões suspeitas. A avaliação por exames de imagem mamária é obrigatória, pois, frequentemente, é associado ao carcinoma in situ ou invasor. O tratamente classicamente envolve a mastectomia, mas atualmente a cirurgia conservadora com retirada do CAP tem sido considerada adequada para alguns casos, como doença limitada ao complexo areolopapilar. A cirurgia conservadora implica indicação de RT adjuvante.
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