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Lombalgia 1 🦴 Lombalgia Lombalgia Não é um diagnóstico → é uma manifestação clínica de diferentes doenças (apenas um sintoma). Epidemiologia Prevalência anual: 3060% Principal causa de afastamento do trabalho por longos períodos 2 semanas) Cerca de 80% das pessoas apresenta dor lombar ao longo da vida Etiopatogenia A dor lombar pode ser manifestação de diversas doenças ou na coluna vertebral ou em outros órgãos. Em 85% dos casos não é possível identificar sua etiologia → doença não específica da coluna vertebral A dor axial lombar é dividida em 3 categorias, de acordo com sua localização, fatores agravantes e natureza: � Somente na coluna vertebral � Na coluna vertebral e nos membros Lombalgia 2 � Somente nos membros Dor irradiada → envolve as raízes nervosas, acompanhando dermátomos Dor referida → distribuição menos definida, é aguda, difusa e não segue a distribuição dos dermátomos (não acomete raízes nervosas). Diagnóstico Principal objetivo: diagnosticar doenças graves que se manifestam com dor lombar como sintoma Se não houver sinais de doenças graves → não precisa encaminhar para o especialista 90% dos casos têm recuperação em até 4 semanas Lombalgia 3 Outras doenças que causam dor lombar: fraturas, tumores, infecções, síndrome da cauda equina e doenças fora da coluna vertebral (abdome, tórax e pelve). Dor lombar aguda 3 meses) → exames laboratoriais e de imagem não são indicados no 1° mês (exceto se houver suspeita de doença grave) Na ausência dos sinais de alerta ou incapacidade persistente devido a alterações neurológicas dos MMII, raramente os estudos de imagem fornecem informações que ajudam na fase aguda nos pacientes 30 anos Imagens falso-negativas devido às alterações degenerativas assintomáticas da coluna Sintomas que não melhoram após 4 semanas de tratamento o paciente deve ser reavaliado e solicitado os exames complementares Tratamento Lombalgia 4 Se houver doença grave na avaliação inicial → necessidade de encaminhar para tratamento especializado. Se não houver doença grave na avaliação inicial → tranquilizar o paciente com relação à história natural favorável e orientar a terapêutica. 90% de chance de recuperação no período de 6 semanas O paciente com lombalgia aguda pode ficar mais confortável se limitar ou evitar temporariamente atividades específicas (que causam estresse mecânico na coluna vertebral) → sentar sem apoio por muito tempo, levantar peso e inclinar/girar a coluna ao levantar peso O retorno gradual às atividades é melhor do que o repouso prolongado A maioria não requer repouso absoluto O repouso na posição de Fowler pode ser uma opção nos sintomas iniciais graves Analgésicos e AINES podem ser utilizados por via oral na fase aguda Efeitos colaterais e potencial morbidade devem ser avaliadas Ralaxantes musculares também podem ser avaliados, mas isoladamente não são melhores que AINES AINES relaxantes musculares → não há benefício adicional se comparado ao uso de AINES isoladamente Decúbito dorsal com flexão dos quadris e joelhos Lombalgia 5 Lombalgias e lombocitalgias Dor lombar → frequente causa de morbidade e incapacidade (sobrepujada apenas pela cefaléia) Médicos não-especialistas só detectam as causas específicas das lombalgias em 15% dos casos Dificuldades do estudo e abordagem das lombalgias: � Inexistência de fidedigna relação entre achados clínicos e exames de imagem � Segmento lombar inervado por muitos nervos → menor precisão em localizar a dor � Contraturas musculares não acompanharem histologia demonstrável � Escassas informações quanto aos achados Classificações Agudas, subagudas e crônicas Primárias ou secundárias, com ou sem envolvimento neurológico A lombalgia idiopática (nome antigo) hoje é denominada lombalgia mecânica comum ou lombalgia inespecífica → forma clínica mais prevalente Circunstâncias que contribuem para cronificação das síndromes dolorosas lombares: psicossociais, insatisfação laboral, obesidade, hábito de fumar, grau de escolaridade, realização de trabalhos pesados, sedentarismo, síndromes depressivas, litígios trabalhistas, fatores genéticos e antropológicos, hábitos posturais, alterações climáticas, modificações de PA (pressão atmosférica) e temperatura Condições emocionais podem levar à dor ou agravamento das queixas Diagnóstico Elementos importantes: intensidade, horário de aparecimento e outras características da dor Lombalgia 6 Lombalgia mecânica comum Geralmente se limita à região lombar e nádegas → raramente irradia para as coxas Duração do episódio doloroso: 3 a 4 dias → voltando à completa normalidade Hérnia de disco Flexão → material nuclear expelido para trás → maior embebição aquosa do núcleo e elevação da pressão intradiscal → fibras do anel fibroso se rompem Osteoma osteóide Dor desencadeada pela liberação de prostaglandinas pelas células tumorais (de madrugada) Estreitamento do canal raquidiano artrósico Dor lombar noturna Acompanha dor na panturrilha + claudicação neurogênica intermitente Processo doloroso para caminhar ladeira abaixo (piora) ≠ ladeira acima (melhora) → difere de claudicação vascular Sinal de Laségue negativo, manobra de Romberg positiva e extensão da coluna lombar por 30seg causa dor Espondiloartrites soronegativas Doenças reumáticas inflamatórias → exacerbação matinal dos sintomas Pontos importantes Dor e atividade corporal Alterações mecânicas ou degenerativas podem causar dor com o movimento corporal ao longo do dia ou por períodos longos em pé Dor e queixas sistêmicas Comprometimento sistêmico → dor lombar gradual e progressiva, simétrica ou alternante, sem melhora com repouso (sem relação com movimento) + rigidez matinal 30min Lombalgia 7 Irradiação da dor Neuralgia crural → dor irradiada para a face anterior da coxa sem ultrapassar o joelho Dor raquidiana ou extra-raquiadiana Extra-raquiadiana → não tem relação com movimentos da coluna (aparece mesmo com repouso) Ex: calculose renal, endometriose, aneurisma de aorta abdominal… Dor psicossomática Sensibilidade dolorosa superficial ou de distribuição não-anatômica → dor vaga, imprecisa, variando de local, com irradiação bizarra e dramatização do quadro clínico Exame físico Elementos fundamentais: flexão e extensão da coluna lombar Flexão e extensão da coluna lombar Aumento da pressão intradiscal na flexão → piora da dor na hérnia de disco Ao se deitar → pressão intradiscal quase 0 � Manobra de Valsalva: na compressão radicular a manobra provocar exacerbação/irradiação da dor até o pé (o que não ocorria antes) � Manobra de Laségue: positiva quando a dor se irradia L4L5 ou L5S1 na elevação do MI de 30 70º com o plano horizontal � Manobra de Romberg: anormal se o movimento compensatório do corpo for necessário para manter os pés fixos no mesmo lugar (estenose do canal geralmente positivo) � Sinal das pontas: não se consegue andar com um dos calcanhares (compressão da raiz S1 � Sinal do arco de corda: levantar a perna (como em Laségue) e flexionar o joelho → se dor diminuir/desaparecer é positivo para hérnia discal � Sinais não-orgânicos de lombalgias psicossomáticas: simulação de dor lombar ao comprimir axialmente o topo do crânio evitando mexer a coluna Lombalgia 8 � Sinais de alerta: sinais que podem ser devidoa outras enfermidades sistêmicas Outras enfermidades sistêmicas � Tumor ou infecção Tumor → 50 anos ou 20 anos História de câncer e sintomas, como febre, calafrio, perda de peso sem outras explicações Infecção Infecção bacteriana recente, dependentes químicos e imunossuprimidos Dor com piora noturna e com decúbito dorsal � Fratura Trauma maior ou trauma menor em idosos ou osteoporóticos � Síndrome da cauda equina Anestesia em sela, disfunção de bexiga (perda de urina), constipação intestinal e déficit neurológico progressivo ou grave em MMII Diagnóstico complementar TC e RM indicação em lombalgias e ciatalgias agudas com evolução atípica e/ou insatisfatória (causa não determinada após 6 semanas de tratamento) TC método planar → avalia desarranjos discais, alterações degenerativas das faces intervertebrais e articulações zigapofisárias RM método multiplanar → avalia o canal vertebral, recessos laterais e forâmes intervertebrais + boa resolução espacial dos contornos ósseos Eletroneuromiografia: não indicada nas lombalgias agudas e crônicas e nem nas lombociatalgias agudas ÚNICO método que oferece informações sobre a fisiologia da raiz nervosa Densitometria óssea: não indicada nas lombalgias mecânicas ou não e nem em agudas ou não como método inicial → pode ser útil se o RX simples mostrar deformidade vertebral Lombalgia 9 Tratamento Tratamento conservador O repouso é eficaz tanto nas lombalgias como nas lombociatalgias e ciáticas. Não pode ser muito prolongado pois a inatividade também tem ação deletéria sobre o aparelho locomotor Assim que a deambulação for possível, o tempo de repouso deve ser encurtado e o paciente deve ser estimulado a retornar para suas atividades habituais o mais rapidamente possível Medicamentos Controle sintomático da dor para propiciar a recuperação funcional o mais rápido possível AINES medicamentos mais empregados → todas as classes podem ser úteis no tratamento se usadas com precaução em pacientes de risco Analgésicos: Paracetamol ou Dipirona → usado com cautela em hepatopatas e em pacientes com uso concomitante de AINES Opióides: não são recomendados na lombalgia crônica pelo risco de dependência química Corticoesteroides: uso conflituoso Relaxantes musculares: opção à curto prazo no tratamento na lombalgia aguda AINES e analgésicos Benzodiazepínicos: não parecem úteis e não são indicados na lombalgia mecânica comum Calcitonina: recomendada apenas nos casos de fratura osteoporótica recente Tratamento cirúrgico A lombalgia mecânica comum é sempre de tratamento conservador Hérnia discal: indicado nos casos com déficit neurológico grave agudo com ou sem dor Lombalgia 10 Síndrome da cauda equina: alteração de esfíncter, impotência sexual e paresia dos MMII ou Lombalgias infecciosas CIRURGIA EMERGENCIAL Cirurgia indicada também: espondilólise, com espondilolistese e espondilolistese degenerativa com dor lombar sem melhora com tratamento clínico Reabilitação Meios físicos de tratamento: calor e frio → meros coadjuvantes no processo de reabilitação Estimulação elétrica transcutânea Tens): não indicada na lombalgia mecânica aguda → controversa eficácia Não existe evidência científia que comprove o benefício da acupuntura em pacientes lombálgicos Exercícios aeróbicos e de fortalecimento da musculatura paravertebral → comprovadamente eficazes OBS métodos sem comprovação científica podem representar perda de tempo e prejuízo financeiro, quando não, riscos à saúde do paciente Morgana Rodrigues Duarte- TXI
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