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MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA 
PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO DESVIANTE E DA JUSTIÇA 
“Pequenos Psicopatas”: A Psicopatia 
na Delinquência Juvenil 
Uma revisão sistemática da literatura 
 
Maria Teresa Freitas Oliveira Pereira 
M 
 2021 
 
 
 
Universidade do Porto 
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação 
 
 
 
 
 
 
 
“Pequenos Psicopatas”: A Psicopatia na Delinquência Juvenil 
Uma revisão sistemática da literatura 
 
 
 
Maria Teresa Freitas Oliveira Pereira 
outubro 2021 
 
 
Dissertação apresentada no Mestrado Integrado em Psicologia, 
área de Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça, 
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da 
Universidade do Porto, orientada pelo Professor Doutor Jorge 
Negreiros (FPCEUP).
ii 
 
AVISOS LEGAIS 
 
 
 
 
 
 
O conteúdo desta dissertação reflete as perspetivas, o trabalho e as interpretações do autor 
no momento da sua entrega. Esta dissertação pode conter incorreções, tanto conceptuais 
como metodológicas, que podem ter sido identificadas em momento posterior ao da sua 
entrega. Por conseguinte, qualquer utilização dos seus conteúdos deve ser exercida com 
cautela. 
 
Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do seu próprio 
trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as fontes utilizadas, 
encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do texto e identificadas na secção 
de referências. O autor declara, ainda, que não divulga na presente dissertação quaisquer 
conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de autor ou de propriedade industrial. 
 
 
 
 
iii 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Não poderia finalizar este momento importante da minha vida sem dirigir alguns 
agradecimentos a quem esteve presente e me acompanhou nesta jornada que foi o meu 
percurso académico. 
 Em primeiro lugar, agradecer ao meu orientador Professor Doutor Jorge Negreiros, 
pelas orientações, disponibilidade e críticas construtivas que me permitiram realizar este 
trabalho. 
 À minha família, por investirem em mim e nos meus estudos e pela confiança que 
sempre depositaram em mim. 
 Às minhas amigas Desde de sempre, por crescermos juntas desde os 3 anos e pelas 
conversas sem fim. 
 Aos meus colegas de casa, por todas as aventuradas vividas no T0 e pela bonita 
família que criamos. 
 À minha madrinha, Teresa Gonçalves, por ser a minha “coorientadora” e por estar 
sempre disponível para me ajudar e dar apoio. 
 E por fim, aos meus amigos da faculdade por provarem que o dito clichê dos “Amigos 
da faculdade são para a vida” é mesmo verdade, por tornarem estes 5 anos, os melhores anos 
da minha vida, pelo companheirismo, pela confiança e por esta ligação especial que nasceu 
em 2016. Sem vocês, isto da faculdade não tinha tanta piada. 
 
 
 
iv 
 
RESUMO 
 
 
A psicopatia tem sido repetidamente associada à delinquência em adultos. Apesar do 
crescente interesse científico no estudo da psicopatia em jovens, ainda são poucos os estudos 
que examinam os traços psicopáticos em jovens. É importante estudar também essa 
associação em crianças e adolescentes para aumentar a eficácia das intervenções preventivas 
para a delinquência juvenil (Geerlings et al., 2020). 
O presente estudo consiste numa revisão sistemática da literatura, centrada nos traços 
psicopáticos em crianças e adolescentes com comportamentos antissociais e delinquentes. 
De forma a garantir o rigor metodológico, a presente revisão sistemática segue as diretrizes 
PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses; Moher et 
al., 2009). Neste sentido, foi realizada uma pesquisa através de diferentes bases de dados 
consultadas até ao ano de 2000, permitindo uma identificação inicial de 437 estudos. Após 
a fase de elegibilidade, respeitando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, apenas 
15 estudos, publicados entre 2004 e 2020, foram selecionados para análise integral. 
Os resultados sugerem que a psicopatia está associada à delinquência juvenil. 
Efetivamente, os traços psicopáticos foram encontrados numa ampla gama de jovens e 
estavam relacionados com o comportamento delinquente. Em relação às diferenças entre 
rapazes e raparigas, verifica-se que existem algumas diferenças. Quanto às diferenças 
significativas no que concerne à idade, os resultados são um pouco incoerentes e, em relação 
ao tipo de ofensas cometidas, denota-se uma variedade de resultados uma vez que nem todos 
os estudos especificam o tipo de ofensas, abordando a gravidade do crime, a frequência de 
crimes e/ou o uso de violência. No entanto, na interpretação dos resultados será necessário 
ter em consideração as limitações presentes nos estudos incluídos. Neste sentido, direções 
futuras para a investigação nesta área são também discutidas na presente revisão. 
Palavras-Chave: Psicopatia; Crianças; Adolescentes; Delinquência Juvenil; Traços 
Psicopáticos; Comportamento Antissocial e Delinquente; Revisão Sistemática. 
 
 
v 
 
ABSTRACT 
 
 
 Psychopathy has been repeatedly linked with delinquency in adults. Despite the 
growing scientific interest in the study of psychopathy in young people, there are still few 
studies examining psychopathic traits in juveniles. It is important to also study this 
association in children and adolescents to increase the effectiveness of preventive 
interventions for juvenile delinquency (Geerlings et al., 2020). 
 This study is a systematic literature review, focusing on psychopathic traits in 
children and adolescents with antisocial and delinquent behaviours. In order to guarantee 
methodological rigor, this systematic review follows the PRISMA guidelines (Preferred 
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses; Moher et al., 2009). In this 
sense, a search was performed through different databases consulted until the year 2000, 
allowing for an initial identification of 437 studies. After the eligibility phase, respecting the 
established inclusion and exclusion criteria, only 15 studies, published between 2004 and 
2020, were selected for full analysis. 
 The results suggest that psychopathy is associated with juvenile delinquency. Indeed, 
psychopathic traits were found in a wide range of juveniles and were related to delinquent 
behavior. Regarding the differences between boys and girls, it appears that there are some 
differences. As for the significant differences with regard to age, the results are somewhat 
inconsistent and, in relation to the type of offences committed, there is a variety of results 
since not all studies specify the type of offences, addressing the severity of the crime, the 
frequency of crimes and/or the use of violence. However, when interpreting the results, it 
will be necessary to take into consideration the limitations present in the included studies. In 
this sense, future directions for research in this area are also discussed in the present review. 
 Keywords: Psychopathy; Children; Adolescents; Juvenile Delinquency; 
Psychopathic Traits; Antisocial and Delinquent Behaviour; Systematic Review. 
 
vi 
 
RÉSUMÉ 
 
 
 La psychopathie a été associée à plusieurs reprises à la délinquance chez les adultes. 
Malgré l'intérêt scientifique croissant pour l'étude de la psychopathie chez les jeunes, il existe 
encore peu d'études examinant les traits psychopathiques chez les jeunes. Il est important 
d'étudier également cette association chez les enfants et les adolescents afin d'accroître 
l'efficacité des interventions préventives de la délinquance juvénile (Geerlings et al., 2020). 
 Cette étude consiste en un examen systématique de la littérature, axé sur les traits 
psychopathiques chez les enfants et les adolescents présentant des comportements 
antisociaux et délinquants. Afin d'assurer la rigueur méthodologique, cette revue 
systématique suit les directives PRISMA(Preferred Reporting Items for Systematic Reviews 
and Meta-Analyses; Moher et al., 2009). En ce sens, une recherche a été menée dans 
différentes bases de données consultées jusqu'en 2000, permettant une première 
identification de 437 études. Après la phase d'éligibilité, en respectant les critères d'inclusion 
et d'exclusion établis, seules 15 études, publiées entre 2004 et 2020, ont été retenues pour 
une analyse complète. 
 Les résultats suggèrent que la psychopathie est associée à la délinquance juvénile. En 
effet, les traits psychopathiques se retrouvent chez un large éventail de jeunes et sont liés à 
des comportements délinquants. En ce qui concerne les différences entre les garçons et les 
filles, on peut constater qu'il y a quelques différences. Quant aux différences significatives 
concernant l'âge, les résultats sont quelque peu incohérents et, concernant le type 
d'infractions commises, une variété de résultats est dénotée puisque toutes les études ne 
précisent pas le type d'infractions, abordant la gravité du crime, la fréquence des crimes et/ou 
l'utilisation de la violence. Cependant, lors de l'interprétation des résultats, il sera nécessaire 
de prendre en considération les limites présentes dans les études incluses. En ce sens, les 
orientations futures de la recherche dans ce domaine sont également abordées dans la 
présente étude. 
 Mots-clés: Psychopathie; Enfants; Adolescents; Délinquance Juvénile; Traits 
Psychopathiques; Comportement Antisocial et Délinquant; Révision Systématique. 
 
vii 
 
ÍNDICE 
 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 
I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................................. 2 
1.1. A Psicopatia ................................................................................................................ 2 
1.2. A Psicopatia em crianças e adolescentes .................................................................... 5 
II. METODOLOGIA ....................................................................................................... 9 
2.1. Design do Estudo ........................................................................................................ 9 
2.2. Objetivos da Revisão Sistemática ............................................................................... 9 
2.3. Critérios de Seleção dos Artigos ................................................................................. 9 
2.4. Método de Pesquisa .................................................................................................. 10 
2.5. Análise dos dados ..................................................................................................... 10 
III. RESULTADOS ........................................................................................................ 12 
IV. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 23 
V. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 30 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 32 
ANEXOS ............................................................................................................................. 40 
Anexo A. Referências bibliográficas dos artigos incluídos nesta revisão ....................... 41 
Anexo B. Tabela de resumo dos artigos incluídos na revisão sistemática ...................... 43 
 
 
 
viii 
 
Índice de Figuras 
Figura 1 - Diagrama de fluxo que descreve o processo de revisão sistemática …………13 
 
Índice de Anexos 
Anexo A - Referências bibliográficas dos artigos incluídos nesta revisão ………………40 
Anexo B - Tabela de resumo dos artigos incluídos na revisão sistemática ……………...42 
 
ix 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
APSD: Antisocial Process Screening Device 
APSD-SR: Antisocial Process Screening Device - Self-Report 
DIF: Differential Item Functioning 
MIDSA: Multidimensional Inventory of Development, Sex, and Aggression 
PCL:YV: Psychopathy Checklist—Youth Version 
PCL-R: Psychopathy Checklist-Revised 
PRISMA: Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses 
TriPM: Triarchic Psychopathy Measure 
YPI: Youth Psychopathic Traits Inventory 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 A psicopatia tem sido, ao longo de décadas, um dos assuntos mais controversos e 
complexos de investigação. Esta resume-se numa alteração psicológica que não se traduz 
por um défice das funções psicológicas intelectuais, mas sim um défice das capacidades 
morais de empatia, de relacionamento com o outro e de valorização do outro. Assim, é muitas 
vezes utilizada a ideia da máscara, isto é, “máscara da sanidade”, no sentido em que os 
psicopatas não têm qualquer anomalia psicológica, mas depois são capazes de ter atos que 
chocariam a pessoa dita normal. Posto isto, a psicopatia consiste numa constelação de traços 
que compreende características afetivas, interpessoais, bem como comportamentos 
impulsivos e antissociais. As características afetivas incluem a falta de culpa, de empatia e 
de ligações emocionais profundas com os outros. As características interpessoais incluem 
narcisismo e charme superficial. Por fim, os comportamentos impulsivos e antissociais 
incluem a desonestidade, a manipulação e a assunção de riscos imprudentes (Hare, 1991). 
 Surge, então, cada vez mais interesse no estudo da psicopatia, em particular, em 
crianças e adolescentes, visto que a identificação precoce de traços psicopáticos em jovens 
ajuda na prevenção de comportamentos antissociais e delinquentes, bem como na 
intervenção dos mesmos (Lynam, 2002). 
 O presente estudo contempla uma revisão sistemática da literatura com foco no 
constructo da psicopatia na delinquência juvenil. No primeiro capítulo, apresentamos o 
enquadramento teórico, com uma breve revisão bibliográfica da psicopatia na sua 
generalidade e da psicopatia em crianças e adolescentes. No segundo capítulo deste trabalho, 
apresentamos a metodologia, referindo os objetivos do estudo e a definição dos critérios de 
inclusão e exclusão, como também a descrição da estratégia de pesquisa e da análise de 
dados levadas a cabo nesta revisão sistemática. Já o terceiro capítulo será dedicado à 
apresentação dos resultados, seguindo-se um quarto capítulo referente à discussão dos 
mesmos, sendo composto também pelas limitações apontadas pelos autores e pelas 
limitações do presente estudo. Por fim, no último capítulo, a interpretação geral dos 
resultados no contexto de outras evidências e as implicações para futuras investigações. 
2 
 
I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 
 
 
1.1. A Psicopatia 
 
 A psicopatia refere-se a um conjunto específico de características afetivas, 
interpessoais e comportamentais (Hare, 1991). As características afetivas incluem a falta de 
culpa, de empatia e de ligações emocionais profundas com os outros, as características 
interpessoais incluem narcisismo e charme superficial e, por último, as características 
comportamentais incluem a desonestidade, a impulsividade, a manipulação e a assunção de 
riscos imprudentes (Hare, 1991). Cleckley (1988) afirma que esta é um distúrbio 
generalizado da personalidade caracterizado por insensibilidade, narcisismo, 
irresponsabilidade, ausência de empatia e de remorsos. Também Cooke e Michie (2001) 
definem a psicopatia como uma desordem complexa da personalidade conceptualizada por 
uma constelação de atributos comportamentais e traços de personalidade centrados numa 
das três dimensões principais: (a) estilo de vida impulsivo/antissocial, (b) comportamento 
interpessoal insensível, arrogante e enganoso, ou (c) respostas afetivas deficientes. 
 Em 1941, com a obra The Mask of Sanity, Cleckley tentaperceber como é que seres 
humanos aparentemente normais conseguem cometer atos de extrema violência, o que não 
seria de esperar. Este define, então, 16 características que definem um psicopata: charme 
superficial e QI elevado; ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional; 
ausência de nervosismo ou de manifestações psiconeuróticas; não-confiabilidade; falta de 
sinceridade; ausência de remorsos ou vergonha; comportamento antissocial 
inadequadamente motivado; julgamento empobrecido e falha em aprender com a 
experiência; egocentrismo patológico e incapacidade para amar; pobreza nas reações 
afetivas; falta de insight; pouca responsividade às relações interpessoais; comportamento 
irrealista e adverso sob influência do álcool e, por vezes, sem essa influência; suicídio 
raramente realizado; vida sexual impessoal, trivial e mal integrada; e dificuldade em seguir 
um plano de vida. 
Hare (1991), influenciado pelo trabalho de Cleckley, construiu um instrumento de 
avaliação que permitia avaliar e quantificar a psicopatia dos indivíduos, a Psychopathy 
Checklist ou Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R). Este instrumento operacionaliza as 
3 
 
características de Cleckley em termos de questionários, protocolos de entrevista e 
procedimentos de avaliação. Neste sentido, os elementos do instrumento são os seguintes: 
loquacidade ou charme superficial; sentido grandioso de autoestima; necessidade de 
estimulação ou tendência para o tédio; mentira patológica; engano/manipulação; falta de 
remorsos ou culpa; afeto superficial; insensibilidade ou falta de empatia; estilo de vida 
parasitária; pobre controlo comportamental; comportamento sexual promíscuo; problemas 
precoces de comportamento; falta de objetivos realistas de longo prazo; impulsividade; 
irresponsabilidade; falha em aceitar a responsabilidade pelos próprios atos; muitos 
relacionamentos conjugais de curta duração; delinquência juvenil; revogação da liberdade 
condicional; versatilidade criminal. 
 Um dos modelos mais usados na definição da psicopatia é o modelo dos dois fatores 
desenvolvido por Hare (1991), em que o Fator 1 corresponde a aspetos interpessoais e 
afetivos e o Fator 2 está associado ao estilo de vida e comportamentos antissociais. De acordo 
com Hare (2003), o Fator 1 da psicopatia, denominado de psicopatia primária, integra a 
dimensão interpessoal (designada Faceta 1) e a dimensão afetiva (Faceta 2). A Faceta 1 
caracteriza os indivíduos como possuidores de um charme superficial/loquacidade e de um 
sentido grandioso de autoestima, manipuladores e mentirosos patológicos. A Faceta 2 indica 
falta de culpa/remorsos, afeto superficial, insensibilidade/falta de empatia e falha em aceitar 
a responsabilidade pelos próprios atos. A dimensão estilo de vida (Faceta 3) apresenta a 
necessidade de estimulação/propensão para o tédio, parasitismo, falta de objetivos realistas 
a longo prazo, impulsividade e irresponsabilidade. Finalmente, a dimensão do 
comportamento antissocial (Faceta 4) assinala o pobre controlo comportamental, problemas 
precoces de comportamento, delinquência juvenil, revogação da liberdade condicional e 
versatilidade criminal. Estas duas últimas facetas integram o designado Fator 2 da psicopatia, 
a psicopatia secundária. 
 Deste modo, os psicopatas primários são caracterizados por apresentar traços 
impulsivos, agressivos, hostis e extrovertidos, sendo confiantes e com baixos níveis de 
ansiedade. Neste grupo, os indivíduos exibem uma maior tendência para a busca de 
sensações e evidenciam uma maior premeditação e convicções mais firmes de cometer 
crimes, comparando com os psicopatas secundários. Por seu turno, os psicopatas secundários 
são, geralmente, irresponsáveis, impulsivos, desconfiados, agressivos e hostis. São 
indivíduos socialmente ansiosos, evitantes, isolados e apresentam uma baixa autoestima. Os 
seus crimes tendem a não ser planejados e pensam pouco nas consequências dos seus atos. 
4 
 
Os psicopatas secundários têm maior propensão para cometer “crimes menores” e mostram 
mais fúria diante uma ameaça, física ou verbal, do que os psicopatas primários (Moreira et 
al., 2014). 
A avaliação da psicopatia é controversa, visto que provoca um intenso debate sobre a 
sua natureza. Segundo a perspetiva categorial, os indivíduos ou são psicopatas ou não são, 
isto é, há duas populações dissociáveis. Alguns autores defendem uma perspetiva 
dimensional em que os traços psicopáticos em adultos e adolescentes estão distribuídos num 
continuum, considerando que não existem indivíduos psicopatas no sentido categórico e 
exclusivo do termo (e.g., Edens et al., 2006; Guay et al, 2007; Hare & Neumann, 2008). 
Assim, todas as pessoas podem apresentar maior ou menor grau dos traços de personalidade 
teoricamente relacionados ao constructo. Todavia, este caráter dimensional admite uma certa 
ambiguidade na caracterização da psicopatia, pois depende da intensidade e abrangência das 
características comportamentais e de personalidade que um indivíduo apresenta (Moreira et 
al., 2014). 
 Um modelo mais recente consiste na conceptualização triárquica da psicopatia de 
Christopher J. Patrick (2009). A essência do modelo triárquico sugere que a psicopatia 
abrange três construções fenotípicas distintas: desinibição (desihinibition), ousadia 
(boldness) e maldade/crueldade (meanness) (Patrick et al., 2009). 
 O termo de desinibição reflete uma propensão geral para problemas de controlo de 
impulsos, que implicam falta de planeamento e previsão, regulação prejudicada de afetos e 
impulsos, insistência em gratificação imediata e restrição comportamental deficiente 
(Patrick et al., 2009). As manifestações comportamentais proeminentes de desinibição 
incluem irresponsabilidade, impaciência, ação impulsiva que leva a consequências 
negativas, alienação e desconfiança, atuação agressiva (em particular, agressão reativa com 
raiva), falta de confiança, propensão a problemas com drogas e álcool e envolvimento em 
normas ilícitas ou outras atividades violadoras (Krueger et al., 2007). 
 O constructo de ousadia é definido como o nexo de dominância social, resiliência 
emocional e aventureirismo. Na verdade, a ousadia é usada para descrever um estilo 
fenotípico que envolve a capacidade de permanecer calmo e concentrado em situações que 
envolvem tensão ou ameaça, capacidade de recuperar-se rapidamente de eventos que causam 
stress, alta autoconfiança e eficácia social e tolerância à não-familiaridade e ao perigo. As 
manifestações comportamentais proeminentes de ousadia incluem imperturbabilidade, 
5 
 
equilíbrio social, assertividade e persuasão, coragem e busca de sensações (Patrick et al., 
2009). 
 Enfim, a maldade/crueldade é definida como a busca agressiva de recursos sem levar 
em consideração os outros e descreve uma constelação de atributos fenotípicos, incluindo 
empatia deficiente, desdém e falta de vínculos estreitos com os outros, rebeldia, busca de 
excitação, exploração e empoderamento por crueldade. As manifestações comportamentais 
características incluem arrogância e desprezo verbal, desafio à autoridade, falta de 
relacionamentos pessoais íntimos, competitividade agressiva, crueldade física contra 
pessoas e animais, agressão predatória (proativa, premeditada), exploração estratégica de 
outros por ganho e busca de excitação por destrutividade (Patrick et al., 2009). 
 
1.2. A Psicopatia em crianças e adolescentes 
 
 Os traços psicopáticos estão associados ao comportamento criminal atual e futuro em 
adultos (e.g. Frick & White, 2008; Hempill et al., 1998). Embora um grande conjunto de 
estudos tenha estabelecido a relevância da psicopatia para os agressores adultos, a sua 
relevância para os adolescentes infratores é muito menos clara (Campbell et al., 2004). Esta 
relação pode já existir mais cedo na vida, uma vez que pesquisas empíricas mostraram que 
adolescentes com problemasde personalidade correm risco de comportamento antissocial e 
delinquente (e.g. Arthur et al., 2002; Heiden-Attema, & Bol, 2000; Vaughn et al, 2008). 
Efetivamente, como a adolescência é caracterizada por mudanças significativas no 
desenvolvimento (por exemplo, desenvolvimento cerebral, desenvolvimento psicossocial), 
os resultados nos adultos não podem ser simplesmente generalizados para as populações 
juvenis. De facto, no estudo de Vaughn e Howard (2005) verificou-se que o mesmo acontece 
com os traços psicopáticos. Aliás, os traços psicopáticos dos jovens podem não 
necessariamente persistir na idade adulta (Boonmann et al., 2015). 
Na verdade, vários autores defendem que a personalidade psicopática é um distúrbio 
que começa aos oito anos de idade (Blair, 2010) e caracteriza-se por comportamento 
antissocial duradouro, capacidade diminuída de empatia ou remorsos, impulsividade e pobre 
controlo do comportamento (Andershed et al., 2007; Lynam & Miller, 2015; Skeem & 
Cooke, 2010). Tendo em conta os estudos de Lynam e colaboradores (2009) e Lynam e 
6 
 
colaboradores (2007), a psicopatia é bastante estável dos 7 aos 17 anos e dos 13 aos 24, 
respetivamente. 
 Num estudo de Salekin e colaboradores (2004), a prevalência de psicopatia numa 
amostra de jovens ofensores foi de 21.5%. Forth e Burke (1998) encontraram taxas de 3.5% 
em jovens em serviço comunitário, 12% em jovens em liberdade condicional e 28.3% nos 
jovens institucionalizados. Contudo, não existem dados epidemiológicos que quantifiquem 
diretamente as taxas de prevalência de psicopatia na população, porém, investigadores 
usaram dados de amostras forenses e clínicas para estimar que cerca de 0.75% a 1% da 
população pode ser psicopata. Uma percentagem semelhante de crianças apresenta 
comportamento antissocial grave e características emocionais insensíveis. Existem mais 
homens do que mulheres a apresentar essas características, embora a proporção exata em 
função do género não seja clara (Viding et al., 2014). 
De acordo com o estudo realizado por Geerlings e colaboradores (2020), a psicopatia 
em jovens está associada ao comportamento ofensivo atual e futuro. Do mesmo modo, 
Stylianou e colaboradores (2019) afirmam que a delinquência pode, em parte, desenvolver-
se como consequência da personalidade psicopática visto que os resultados dos seus estudos 
mostraram uma relação direta entre traços psicopáticos e delinquência, ou seja, os resultados 
demonstraram que os traços psicopáticos afetam a delinquência. Jovens que manifestam 
níveis altos de traços psicopáticos têm maior risco de delinquência e comportamento 
agressivo (Asscher et al., 2011). Estudos anteriores argumentam que a personalidade 
psicopática tem um papel preditivo no comportamento antissocial e delinquente futuro (Coid 
et al., 2009; Colins et al., 2015; Kennealy et al., 2010). Segundo o estudo de Schmitt e 
colaboradores (2006), os adolescentes que cometeram crimes contra a vida apresentaram 
maior prevalência de psicopatia do que os outros adolescentes infratores. Do mesmo modo, 
Morana e colaboradores (2005) afirmaram que a personalidade psicopática é um fator de 
risco para crimes contra a vida, tanto em adultos como em adolescentes. Elevados traços 
psicopáticos estão relacionados à gravidade da violência, de acordo com Murrie e 
colaboradores (2004). Também Campbell e colaboradores (2004) verificaram na sua amostra 
que a taxa de crimes violentos era quatro vezes maior entre psicopatas. Seto e Lalumière 
(2010) realizaram uma extensa meta-análise sobre diferenças e semelhanças entre jovens 
ofensores sexuais e jovens ofensores em geral. Apesar de este estudo não analisar os traços 
psicopáticos em geral, analisou os traços de personalidade antissocial, incluindo traços 
7 
 
psicopáticos. Posto isto, não foram encontradas diferenças nesses traços de personalidade 
antissocial entre jovens ofensores sexuais e jovens ofensores em geral. 
Os resultados de Asscher e colaboradores (2011) revelaram que os níveis mais altos 
de traços psicopáticos estavam associados a níveis mais altos de comportamento delinquente 
autorrelatado e, também, que a relação entre psicopatia e delinquência era mais forte quando 
a delinquência era avaliada numa idade mais jovem. De facto, a avaliação da idade da 
psicopatia moderou a relação entre psicopatia e delinquência uma vez que esta associação 
foi média durante a primeira infância/início da adolescência e pequena no final da 
adolescência. Dadds e colaboradores (2009) verificaram que crianças em idade escolar com 
traços psicopáticos apresentavam défices de empatia cognitiva que diminuíam com o 
aumento da idade, sugerindo que essas crianças eram capazes de melhorar as suas 
competências empáticas cognitivas ou eram capazes de aprender a ocultar esses défices. 
No que diz respeito aos estudos sobre as diferenças de género nos adolescentes em 
relação aos traços psicopáticos, os resultados são variados. Há estudos que relatam 
tendências psicopáticas gerais mais altas nos rapazes do que nas raparigas, e outros estudos 
não encontraram diferenças de género (Verona et al., 2010). No estudo de Ronchetti e 
colaboradores (2014), em todas as amostras, os rapazes apresentaram uma elevada 
prevalência de dimensões psicopáticas. Quando as amostras são recrutadas em contextos 
comunitários, os rapazes apresentam pontuações mais altas de psicopatia do que as raparigas, 
porém os estudos com jovens institucionalizados apresentam menos diferenças nas 
pontuações psicopáticas entre os géneros (Verona et al., 2010). Alguns estudos também 
sugerem que a expressão da psicopatia é diferente entre os rapazes e as raparigas, sendo que 
as raparigas detêm mais evidentemente as características interpessoais e afetivas da 
psicopatia do que as características comportamentais (Schrum & Salekin, 2006). 
Face ao exposto, a identificação de traços psicopáticos em crianças e adolescentes 
pode resultar na intervenção precoce e na redução do que mais tarde pode se tornar num 
padrão persistente de comportamento antissocial e agressivo (Lynam, 2002). De facto, 
existem extensas evidências que demonstram que os traços psicopáticos na adolescência são 
fortes preditores de uma ampla gama de comportamentos antissociais e delinquentes. Neste 
sentido, o presente estudo surge justamente com o objetivo geral de analisar a prevalência 
de traços psicopáticos em crianças e adolescentes com comportamentos antissociais e 
delinquentes, procurando rever de forma sistemática a literatura já existente sobre a 
8 
 
psicopatia na delinquência juvenil, através de uma identificação, seleção e análise criteriosa 
de estudos que fazem referência a este domínio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
II. METODOLOGIA 
 
 
2.1. Design do Estudo 
 
 A presente revisão sistemática foi elaborada tendo em consideração as diretrizes do 
PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses; Moher et 
al., 2009). 
 
2.2. Objetivos da Revisão Sistemática 
 
 O objetivo deste estudo consiste em rever de forma sistemática a literatura existente 
acerca da prevalência de traços psicopáticos na população com comportamentos antissociais 
e delinquentes, através da identificação, seleção e análise cautelosa de estudos que fazem 
alusão a estes dois constructos em simultâneo ou à relação entre eles (traços psicopáticos e 
comportamentos antissociais/delinquentes) e deles com outras variáveis relacionadas. 
 Deste modo, foram redigidas quatro questões orientadoras de pesquisa: (1) perceber 
se a delinquência juvenil está associada à psicopatia; (2) determinar se existem diferenças 
significativas entre rapazes e raparigas, no que diz respeito aos traços psicopáticos; (3) 
determinar se existem diferenças significativas entre jovens mais velhos e jovens mais 
novos, no que diz respeito aos traços psicopáticos; e (4) perceberse existem diferenças 
quanto ao tipo de ofensas cometidas, tendo em conta a presença ou não de traços 
psicopáticos. 
 
2.3. Critérios de Seleção dos Artigos 
 
 A identificação e seleção dos artigos foram efetuadas por critérios de inclusão e 
exclusão. Os critérios de inclusão utilizados foram os seguintes: (1) estudos com crianças 
e/ou adolescentes (até aos 18 anos, inclusive) envolvidos em comportamentos 
antissociais/delinquentes; (2) estudos publicados entre os anos 2000 e 2020; (3) estudos que 
incluam as variáveis psicopatia e/ou traços psicopáticos. Em relação aos critérios de 
10 
 
exclusão: (1) publicações que não disponibilizam o texto completo; (2) abstracts de 
conferências e congressos, teses e dissertações; (3) publicações que não disponibilizam a 
tradução na língua portuguesa ou inglesa. 
 
2.4. Método de Pesquisa 
 
 Para a obtenção dos artigos selecionados foi desenvolvida uma pesquisa eletrónica, 
através do portal EBSCO, nas seguintes bases de dados: PsycARTICLES, Academic Search 
Ultimate, APA PsycBooks, APA PsycInfo, Criminal Justice Abstracts, Fonte Acadêmica, 
Psychology and Behavioral Sciences Collection, Sociology Source Ultimate. 
 As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram juvenile delinquency or juvenile 
offenders (delinquência juvenil, jovens ofensores) e psychopathy or psychopathic traits 
(psicopatia, traços psicopáticos). Estas foram combinadas através do operador boleano 
“AND”. 
 
2.5. Análise dos dados 
 
Os artigos recuperados foram analisados de forma qualitativa através de uma análise 
de conteúdo. Primeiramente, na fase de seleção de artigos foram examinados os títulos e os 
resumos para remover os duplicados e selecionados os estudos que incluíam os critérios pré-
definidos. Também nesta fase, foram removidos os artigos que não estavam claramente 
relacionados com o tema. Nesta etapa foi construída uma tabela que inclui as características 
dos estudos selecionados (título, autor, ano, país, amostra, objetivos do estudo e instrumentos 
utilizados) e um fluxograma que documenta o processo de seleção dos estudos. 
Depois desta primeira seleção, sucedeu-se a avaliação dos textos completos, 
excluindo os estudos que não se relacionavam com as questões de investigação e que não 
cumpriam os critérios de inclusão. Nesta fase acrescentou-se à tabela os principais resultados 
dos estudos selecionados e as limitações apontadas pelo(s) próprio(s) autor(es) dos estudos. 
Por fim, a elaboração de eixos temáticos, presentes na discussão a partir dos 
resultados obtidos. Na elaboração deste ponto considerou-se, a priori, os resultados 
11 
 
associados entre a psicopatia e os comportamentos antissociais e delinquentes em crianças 
e adolescentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
III. RESULTADOS 
 
 
Por meio dos descritores e critérios operacionais delimitados nesta revisão 
sistemática, foram recuperados 437 artigos, conforme descrito na Figura 1. Dado que não 
existiam estudos duplicados, estes 437 artigos foram selecionados para leitura dos resumos. 
Assim sendo, desta totalidade de estudos, 359 foram excluídos por não cumprirem os 
critérios de inclusão: 3 eram revisões da literatura; 131 devido às variáveis psicopatia ou 
traços psicopáticos não estarem contempladas; 65 porque os indivíduos eram adultos; 89 
artigos foram excluídos visto que as crianças e adolescentes não estavam envolvidos em 
comportamentos antissociais e delinquentes; 71 por não terem relação com as questões de 
investigação. 
Deste modo, 78 estudos foram selecionados para leitura completa do texto, pelo que 
após uma análise atenta foram excluídos 63 artigos: 33 por não terem relação com as 
questões de investigação; 21 porque incluíam participantes com mais de 18 anos; 5 por não 
especificarem o intervalo de idades dos participantes; 4 porque as crianças e adolescentes 
não estavam envolvidos em comportamentos antissociais e delinquentes. Assim sendo, 
foram incluídos na revisão 15 estudos para leitura e análise crítica. Todo este processo de 
seleção encontra-se descrito no fluxograma PRISMA (Moher et al., 2009), evidenciado na 
Figura 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Figura 1. Fluxograma PRISMA (Moher et al., 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudos excluídos por 
título e abstracts 
 (n = 359) 
Estudos selecionados 
(n = 437) 
Estudos identificados nas 
bases de dados 
(n = 437) 
Estudos elegíveis para 
leitura integral de texto 
 (n = 78) 
Estudos excluídos com 
base nos critérios de 
elegibilidade 
 (n = 63) 
 
Estudos incluídos na 
revisão 
 (n = 15) 
 
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Estudos duplicados 
(n = 0) 
14 
 
O resumo das características dos estudos incluídos na presente revisão sistemática 
encontra-se detalhado na Tabela de resumo (Anexo B). Estes dados encontram-se 
organizados da seguinte forma: (a) Título do artigo; (b) Autor(es); (c) Ano; (d) País; (e) 
Objetivo(s) do estudo; (f) Amostra; (g) Instrumentos utilizados; (h) Resultados principais; 
(i) Limitações apontadas pelos autores. 
Os estudos apresentados foram publicados entre o ano 2004 e o ano 2020. Destaca-
se assim o ano de 2014, em que houve o maior número de publicações (n = 4), seguido do 
ano de 2015 (n = 3). Relativamente à análise transcultural, um (n = 1) estudo foi realizado 
nos Países Baixos (Nijhof et al., 2011), três (n = 3) estudos em Portugal (Pechorro et al., 
2015; Pechorro, Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, Poiares, et al., 2014), três (n = 3) estudos 
no Canadá (Gretton et al., 2004; Hutton & Woodworth, 2014; Spice et al., 2015) e os 
restantes (n = 8) nos Estados Unidos da América (DeLisi et al., 2014; Lee et al., 2010; 
Moffett et al., 2020; Murrie et al., 2004; Netland & Miner, 2012; Salekin et al., 2012; Tsang 
et al., 2015; Vincent et al., 2008). 
Quanto ao design metodológico, dois artigos possuem um design longitudinal 
(Gretton et al., 2004; Vincent et al., 2008) e treze artigos possuem um design transversal 
(DeLisi et al., 2014; Hutton & Woodworth, 2014; Lee et al., 2010; Moffett et al., 2020; 
Murrie et al., 2004; Netland & Miner, 2012; Nijhof et al., 2011; Pechorro et al., 2015; 
Pechorro, Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, Poiares, et al., 2014; Salekin et al., 2012; Spice 
et al., 2015; Tsang et al., 2015). 
Considerando todos os estudos incluídos nesta revisão, o número total de 
participantes é 3444. Quanto à dimensão das amostras, verifica-se que o número mínimo de 
participantes foi de 36 (Salekin et al., 2012) e o máximo de 1007 (Tsang et al., 2015). Todos 
os estudos facultaram informação acerca do sexo dos participantes, do total 2157 eram do 
sexo masculino e 1287 do sexo feminino. Todos os participantes tinham idades 
compreendidas entre os 10 e os 18 anos. 
A um nível mais detalhado da amostra, em cinco estudos, a mesma é composta 
apenas por rapazes (Gretton et al., 2004; Lee et al., 2010; Murrie et al., 2004; Netland & 
Miner, 2012; Pechorro et al., 2015) e em três estudos, a amostra é constituída somente por 
raparigas (Hutton & Woodworth, 2014; Pechorro, Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, Poiares, 
et al., 2014). No que diz respeito à idade, em sete estudos, os participantes tinham entre 12 
e 18 anos de idade (Gretton et al., 2004; Lee et al., 2010; Moffett et al., 2020; Nijhof et al., 
15 
 
2011; Salekin et al., 2012; Tsang et al., 2015; Vincent et al., 2008), em quatro estudos, entre 
13 e 18 anos (Murrie et al., 2004; Netland & Miner, 2012; Pechorro et al., 2015; Pechorro, 
Gonçalves, et al., 2014), em dois estudos, entre 14 e 18 anos (DeLisi et al., 2014; Pechorro, 
Poiares, et al., 2014) e num estudo, entre 12 e 17 anos (Spice et al., 2015). O estudo de 
Hutton e Woodworth (2014) apresenta a idade dos participantes na alturada ofensa violenta, 
do primeiro contacto policial e da primeira acusação, sendo que a idade no momento da 
ofensa violenta variava entre 12.2 e 17.9. A idade no primeiro contacto policial só estava 
disponível para 63% da amostra e variava entre 10 e 17.8 anos e a idade na primeira acusação 
só estava disponível para 88% da amostra e variava entre 12 e 17.9 anos. 
Relativamente à etnia, treze estudos fornecem essa informação, sendo que em nove 
estudos a maioria dos participantes são caucasianos (Gretton et al., 2004; Hutton & 
Woodworth, 2014; Netland & Miner, 2012; Nijhof et al., 2011; Pechorro et al., 2015; 
Pechorro, Poiares, et al., 2014; Spice et al., 2015; Tsang et al., 2015; Vincent et al., 2008) e 
em quatro a maioria dos participantes são afro-americanos (Lee et al., 2010; Moffett et al., 
2020; Murrie et al., 2004; Salekin et al., 2012). 
Em relação ao tipo de ofensas, apenas cinco dos quinze estudos mencionam 
especificamente quais são as ofensas (Gretton et al., 2004; Lee et al., 2010; Netland & Miner, 
2012; Pechorro et al., 2015; Salekin et al., 2012). No primeiro estudo, foram apontadas as 
seguintes ofensas: delito não-violento, delito violento e delito sexual (Gretton et al., 2004); 
já no segundo estudo mencionado são reportadas: agressões, roubo e violações da liberdade 
condicional (Lee et al., 2010); no terceiro estudo, os participantes foram divididos em quatro 
grupos consoante as ofensas cometidas: agressores sexuais de crianças (as vítimas eram pelo 
menos três anos mais novas do que os agressores e tinham doze anos ou menos), agressores 
sexuais de pares/adultos (as vítimas eram menos de três anos mais novas ou mais velhas do 
que os agressores), agressores sexuais cruzados (agrediram sexualmente tanto crianças como 
pares e adultos) e delinquentes não-sexuais (Netland & Miner, 2012); no estudo de Pechorro 
e colaboradores (2015), as ofensas mencionadas passam por homicídio, roubo, agressão e 
violação; e, por último, no estudo de Salekin e colaboradores (2012) são referidas roubo, 
agressão, assalto à mão armada, utilização de projéteis e outros crimes violentos. 
No que diz respeito aos instrumentos utilizados para avaliar os traços psicopáticos, a 
maioria dos estudos utilizou a Psychopathy Checklist—Youth Version (PCL: YV) (Gretton 
et al., 2004; Hutton & Woodworth, 2014; Lee et al., 2010; Murrie et al., 2004; Pechorro et 
16 
 
al., 2015; Spice et al., 2015; Tsang et al., 2015; Vincent et al., 2008), três estudos utilizaram 
o Antisocial Process Screening Device (APSD) (Lee et al., 2010; Pechorro, Gonçalves, et 
al., 2014; Pechorro, Poiares, et al., 2014) e um estudo o Antisocial Process Screening Device 
- Self-Report (APSD-SR) (Salekin et al., 2012) e dois estudos utilizaram o Youth 
Psychopathic Traits Inventory (YPI) (DeLisi et al., 2014; Nijhof et al., 2011). Moffett e 
colaboradores (2020) aplicaram o Triarchic Psychopathy Measure (TriPM) e Netland e 
Miner (2012) utilizaram cinco escalas retiradas dos itens do Multidimensional Inventory of 
Development, Sex, and Aggression (MIDSA), sendo que estas escalas incluem 
Grandiosidade, Impulsividade, Falta de empatia, Exploração interpessoal e Tomada de 
riscos. 
Após uma cautelosa análise, foi possível constatar que os estudos possuem diversas 
variáveis de investigação relacionadas com a psicopatia em jovens com comportamentos 
antissociais e delinquentes, investigadas de forma a responder a alguns objetivos de 
investigação desses mesmos estudos, nomeadamente: (1) analisar o papel dos traços 
psicopáticos na idade de início do crime em jovens delinquentes femininas (Pechorro, 
Gonçalves, et al., 2014); (2) examinar o quão bem os itens da PCL:YV funcionam numa 
grande amostra de adolescentes infratores e testar o potencial DIF (differential item 
functioning1) entre rapazes e raparigas envolvidos no Sistema de Justiça (Tsang et al., 2015); 
(3) testar se o descomprometimento moral2 varia em função do nível de psicopatia em 
relação ao início do crime e avaliar essa estabilidade entre géneros (DeLisi et al., 2014); (4) 
identificar as variantes primárias e secundárias da psicopatia numa amostra de adolescentes 
e examinar as associações entre estas variantes e a psicopatologia, no sentido de contribuir 
para a investigação sobre a psicopatia em adolescentes detidos, examinando, pela primeira 
vez, a capacidade de detetar variantes primárias e secundárias através do TriPM (Moffett et 
al., 2020); (5) examinar o efeito de uma intervenção motivacional na conduta de jovens com 
características psicopáticas (Salekin et al., 2012); (6) analisar o papel dos traços psicopáticos 
na delinquência juvenil feminina (Pechorro, Poiares, et al., 2014); (7) examinar algumas 
propriedades psicométricas da PCL:YV em jovens delinquentes portugueses (Pechorro et 
al., 2015); (8) melhorar os estudos analíticos de agregados anteriores de traços psicopáticos 
 
1 DIF (differential item functioning) significa que as probabilidades de um determinado item ser pontuado em 
categorias de resposta diferentes não são as mesmas para rapazes e raparigas, apesar de terem o mesmo nível 
de traço subjacente (Tsang et al., 2015). 
2 O conceito de descomprometimento moral remete para um conjunto de mecanismos sociocognitivos através 
dos quais os indivíduos justificam ações prejudiciais e moralmente repreensíveis, de forma a preservar a sua 
autoimagem (Bandura et al., 1996). 
17 
 
em crianças e adolescentes, eliminando muitas das lacunas presentes em estudos anteriores 
(Lee et al., 2010); (9) examinar se as três dimensões subjacentes às dez características 
psicopáticas do YPI estão presentes numa amostra de adolescentes e testar se os adolescentes 
podem ser classificados em diferentes subgrupos com base nos traços psicopáticos (Nijhof 
et al., 2011); (10) investigar o constructo da psicopatia nos adolescentes delinquentes, 
através da PCL:YV e fornecer dados longitudinais sobre a psicopatia e o comportamento 
criminoso desde a adolescência até ao início da idade adulta (Gretton et al., 2004); (11) 
examinar a correspondência entre cada medida de psicopatia e a violência anterior, bem 
como a correspondência entre as pontuações de psicopatia e as classificações de ofensas 
violentas instrumentais e, também, de ofensas violentas com arma e explorar se os traços 
insensíveis associados à psicopatia podem estar relacionados com a prática de violência mais 
grave, isto é, fisicamente prejudicial (Murrie et al., 2004); (12) explorar os níveis de traços 
psicopáticos (grandiosidade, impulsividade, falta de empatia, exploração interpessoal e 
tomada de riscos) e comportamentos antissociais, que incluem comportamentos 
delinquentes, problemas escolares e a idade em que os comportamentos delinquentes e o 
consumo de drogas começaram em quatro grupos de adolescentes (agressores sexuais de 
crianças, agressores sexuais de pares/adultos, agressores sexuais cruzados e delinquentes não 
sexuais) (Netland & Miner, 2012); (13) examinar as relações entre remorso, psicopatologia 
e psicopatia numa amostra de adolescentes infratores usando a estrutura teórica e 
empiricamente estabelecida de culpa e vergonha (Spice et al., 2015); (14) avaliar se os 
modelos de três e quatro fatores da PCL:YV preveem ou não a reincidência em adolescentes 
durante um período de seguimento relativamente longo, abrangendo a idade adulta jovem 
para muitos adolescentes da amostra (Vincent et al., 2008); (15) examinar a potencial 
associação entre a presença de traços psicopáticos e a prática de violência instrumental entre 
jovens infratores do sexo feminino (Hutton & Woodworth, 2014). 
Os resultados dos estudos incluídos nesta revisão revelam-se muito diversos ao nível 
da compreensão da possível relação existente entre a psicopatia e a delinquência juvenil e 
também no que concerne à existência de diferenças significativas entrerapazes e raparigas 
e quanto ao tipo de ofensas cometidas, no que diz respeito aos traços psicopáticos. Além 
disso, é de realçar que relativamente à existência de diferenças significativas entre jovens 
mais velhos e jovens mais novos quanto aos traços psicopáticos, alguns estudos avaliaram 
estas diferenças tendo em conta a idade de início do crime. De igual modo, é importante 
18 
 
enfatizar que tal diversidade dos resultados deve-se à heterogeneidade de objetivos e 
variáveis investigadas nos diferentes estudos. 
Numa visão global dos resultados, a psicopatia está presente na delinquência juvenil 
visto que nos estudos selecionados, mesmo que em números reduzidos, há participantes que 
apresentam traços psicopáticos. No estudo de Moffett e colaboradores (2020) foram 
encontrados quatro grupos, dois dos quais foram considerados psicopatas: 17.2% da amostra 
pertence ao grupo de traços psicopáticos primários, caracterizando-se por altos scores no 
TriPM, mas baixos sintomas de internalização e culpa e 18.5% da amostra pertence ao grupo 
de traços psicopáticos secundários, apresentando altos scores no TriPM, bem como elevados 
sintomas de internalização e culpa. No que diz respeito às variantes primária e secundária, 
estas não diferiram entre si nos níveis gerais de traços psicopáticos, embora os jovens no 
grupo de traços psicopáticos primários obtivessem pontuação mais alta em Maldade, mas 
não em Ousadia ou Desinibição, do que aqueles no grupo de traços psicopáticos secundários. 
Assim sendo, os participantes que exibiram traços psicopáticos primários e secundários 
pontuaram, no geral, mais no TriPM do que os participantes pertencentes aos grupos não-
psicopatas. Do mesmo modo, no estudo de Hutton e Woodworth (2014), as pontuações da 
PCL:YV variaram entre 4.20 e 34 e utilizando um ponto de corte de 25, 23.2% dos 
participantes foram classificados como psicopatas. As pontuações de psicopatia baseadas na 
PCL:YV parecem estar associadas a comportamentos violentos (Murrie et al., 2004). Por 
sua vez, Nijhof e colaboradores (2011) dividiram os participantes em três grupos de acordo 
com os traços psicopáticos (grupo normal, grupo impulsivo não-psicopático e grupo 
psicopático). O grupo normal apresentou pontuações baixas nas dimensões insensível/sem-
emoção, grandioso/manipulativo e impulsivo/irresponsável. O grupo impulsivo não-
psicopático teve pontuações mais altas na dimensão impulsiva/irresponsável e pontuações 
moderadas nas restantes dimensões e o grupo psicopático revela pontuações altas nas três 
dimensões. Por conseguinte, o grupo normal mostrou níveis significativamente inferiores de 
comportamento problemático em comparação com o grupo impulsivo não-psicopático e com 
o grupo psicopático. No estudo de Lee e colaboradores (2010), os participantes foram 
divididos em três grupos consoante a severidade dos traços psicopáticos (baixos, moderados 
e altos traços psicopáticos), apresentando diferenças significativas entre estes nos fatores 
PCL:YV. O grupo de baixos traços psicopáticos tinha pontuações significativamente mais 
baixas nos Fatores 1, 2, e 3 do que os grupos de moderados e altos traços psicopáticos. O 
grupo de moderados traços psicopáticos teve pontuações significativamente mais baixas no 
19 
 
Fator 1 do que o grupo de altos traços psicopáticos, e pontuações significativamente mais 
altas nos Fatores 2 e 3 do que o grupo de baixos traços psicopáticos. O grupo de altos traços 
psicopáticos teve pontuações de Fatores 1, 2, e 3 significativamente mais altas do que o 
grupo de baixos traços psicopáticos. Os grupos de moderados e altos traços psicopáticos não 
tinham pontuações dos Fatores 2 e 3 significativamente diferentes. Relativamente aos fatores 
do APSD, também houve diferenças significativas entre os grupos. O grupo de baixos traços 
psicopáticos tinha pontuações significativamente mais baixas de Narcisismo, 
Insensível/Sem-Emoção e Impulsividade do que os grupos de moderados e altos traços 
psicopáticos. O grupo de moderados traços psicopáticos exibiu pontuações 
significativamente mais altas em Narcisismo, Insensível/Sem-Emoção e Impulsividade do 
que o grupo de baixos traços psicopáticos, e pontuações significativamente mais baixas em 
Narcisismo e Impulsividade do que o grupo de altos traços psicopáticos. O grupo de altos 
traços psicopáticos teve pontuações significativamente mais altas em Narcisismo, 
Insensível/Sem-Emoção e Impulsividade do que o grupo de baixos traços psicopáticos, e 
pontuações mais altas em Narcisismo e Impulsividade do que o grupo de moderados traços 
psicopáticos. No entanto, não houve diferenças significativas nas pontuações de 
Insensível/Sem-Emoção entre os grupos de altos e moderados traços psicopáticos. 
Relativamente às diferenças significativas entre rapazes e raparigas, no que toca aos 
traços psicopáticos, de uma forma abrangente, os estudos revelam diferenças significativas 
(DeLisi et al., 2014; Moffett et al., 2020; Nijhof et al., 2011; Tsang et al., 2015; Vincent et 
al., 2008). Entre adolescentes com níveis semelhantes de psicopatia, as raparigas 
caracterizam-se como sendo mais irresponsáveis e impulsivas enquanto os rapazes são mais 
propensos a serem caracterizados como tendo um senso grandioso de autoestima e falta de 
objetivos (Tsang et al., 2015). A psicopatia juvenil elevada está fortemente ligada ao início 
precoce da criminalidade juvenil, sendo este efeito mediado pelo descomprometimento 
moral nas raparigas, no entanto, o mesmo não acontece nos rapazes (DeLisi et al., 2014). 
Tendo em conta os traços psicopáticos primários e secundários, os resultados do estudo de 
Moffett e colaboradores (2020) revelaram que os jovens com traços psicopáticos secundários 
eram mais propensos a serem raparigas do que aqueles com traços psicopáticos primários, 
contudo, comparando os jovens classificados como não psicopatas e aqueles com traços 
psicopáticos primários ou secundários não se observou diferenças de género. A correlação 
entre o fator grandioso/manipulativo e o fator impulsivo/irresponsável e os problemas 
internalizantes era significativamente mais elevada para as raparigas do que para os rapazes. 
20 
 
No entanto, a correlação entre o fator insensível/sem-emoção e a externalização do 
comportamento problemático era mais elevada para os rapazes do que para as raparigas 
(Nijhof et al., 2011). As pontuações totais e fatoriais médias da PCL:YV diferiram 
significativamente entre os géneros no que diz respeito ao Fator Afetivo (Fator 2), com as 
raparigas a pontuarem mais baixo. No que concerne à PCL:YV ser um preditor significativo 
de reincidência violenta e não violenta, ambos os modelos de três e quatro fatores previram 
significativamente o tempo para as primeiras reincidências violentas e não violentas para 
rapazes. Contudo, a PCL:YV não foi um preditor significativo de reincidência não violenta 
ou violenta para as raparigas (Vincent et al., 2008). Nos estudos de Salekin e colaboradores 
(2012) e Spice e colaboradores (2015) não há diferenças significativas entre géneros nas 
pontuações de psicopatia. 
Acerca das diferenças entre jovens mais velhos e jovens mais novos, os participantes 
que pertenciam ao grupo de início precoce do crime demonstraram pontuações mais altas 
nas medidas de psicopatia do que os participantes do grupo de início tardio (Pechorro, 
Gonçalves, et al., 2014). A psicopatia juvenil elevada mostra-se fortemente ligada ao início 
precoce da criminalidade juvenil (DeLisi et al., 2014) e as correlações da pontuação total da 
PCL:YV, o modelo dos três fatores e as suas dimensões com as variáveis criminais revelaram 
principalmente a existência de associações negativas moderadas-baixas com a idade de 
início do crime (Pechorro et al., 2015). Por outro lado, não foram encontradas diferenças 
estatisticamente significativas entre os grupos de altos traços psicopáticos e baixos traços 
psicopáticosem relação à idade, apesar de os participantes do grupo de altos traços 
psicopáticos terem começado o seu envolvimento em atividades criminosas mais cedo na 
vida e eram mais jovens quando tiveram problemas com a lei (Pechorro, Poiares, et al., 
2014). Dois estudos demonstram que não houve diferenças significativas entre os grupos de 
baixos, moderados e altos traços psicopáticos relativamente à idade (Gretton et al., 2004; 
Lee et al., 2010). Os jovens mais velhos eram menos propensos a sentir vergonha relacionada 
à sua ofensa, contudo não demonstraram correlações significativas em relação a quaisquer 
características psicopáticas que poderiam explicar a sua vergonha (Spice et al., 2015). 
No que toca ao tipo de ofensas cometidas, os participantes que pertenciam ao grupo 
de início precoce do crime, apresentando pontuações mais altas nas medidas de psicopatia, 
demonstraram pontuações mais altas no que diz respeito à gravidade do crime (Pechorro, 
Gonçalves, et al., 2014). O grupo de altos traços psicopáticos estava mais envolvido em 
atividades ilegais, teve mais problemas com a lei, obteve valores significativamente maiores 
21 
 
para comportamentos delinquentes autorrelatados (com maior frequência e diversidade 
desses comportamentos) e gravidade do crime (Pechorro, Poiares, et al., 2014). As 
correlações da pontuação total da PCL:YV, o modelo dos três fatores e as suas dimensões 
com as variáveis criminais revelaram a existência de associações positivas moderadas-baixas 
com a frequência de crimes, número de vítimas e uso de violência física, com exceção das 
dimensões Interpessoal e Afetiva que apresentaram correlações na sua maioria não 
significativas (Pechorro et al., 2015). Da mesma forma, as pontuações da PCL:YV estão 
significativamente correlacionadas com o histórico de ofensas violentas, violência não 
julgada e violência institucional, bem como com as medidas de severidade e 
instrumentalidade da violência anterior (Murrie et al., 2004). No estudo de Nijhof e 
colaboradores (2011), o grupo normal mostrou significativamente menos vandalismo em 
comparação com o grupo impulsivo/não-psicopático e o psicopático. O grupo 
impulsivo/não-psicopático não mostrou menos vandalismo do que o grupo psicopático. No 
que diz respeito aos crimes contra a propriedade, o grupo normal mostrou menos crimes 
contra a propriedade em comparação com o grupo impulsivo/não-psicopático e o grupo 
psicopata. O grupo impulsivo/não-psicopático teve uma pontuação inferior à do grupo 
psicopata. Relativamente às ofensas violentas, o grupo normal cometeu menos ofensas 
violentas em comparação com o grupo impulsivo/não-psicopático e o grupo psicopata. Mais 
uma vez, o grupo impulsivo/não-psicopático relatou menos ofensas violentas em 
comparação com o grupo psicopata. 
Acerca do estudo de Netland e Miner (2012), os resultados mostram diferenças 
relativas entre os grupos (agressores sexuais de crianças, agressores sexuais de pares/adultos, 
agressores sexuais cruzados e delinquentes não sexuais) sobre níveis de traços psicopáticos. 
O grupo de delinquentes não sexuais foi considerado significativamente mais elevado no 
nível de grandiosidade e falta de empatia, em comparação com os três grupos de delinquentes 
sexuais, mas não foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos de 
delinquentes sexuais sobre estas medidas. Posto isto, os jovens que cometeram delitos 
sexuais eram semelhantes quanto aos traços psicopáticos. Níveis mais elevados de 
grandiosidade e falta de empatia foram encontrados naqueles cujos delitos eram não sexuais. 
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os quatro grupos de 
adolescentes sobre medidas de impulsividade, tomada de riscos, exploração interpessoal ou 
comportamento antissocial. Os resultados indicam que a ofensa sexual, seja contra crianças, 
pares, ou ambos, não é influenciada por diferentes níveis de traços psicopáticos. No entanto, 
22 
 
a delinquência geral é mais provável nos que têm um grandioso sentido de autoestima e uma 
falta geral de empatia (Netland & Miner, 2012). Por sua vez, os jovens do grupo com altos 
scores na PCL:YV tinham mais probabilidades do que os do grupo com baixos scores de 
terem cometido um crime violento antes, contudo, no que diz respeito aos tipos de delitos 
(delito não-violento, delito violento e delito sexual), não houve diferenças significativas 
entre os grupos (Gretton et al., 2004). E ainda, as jovens com altos níveis de traços 
psicopáticos não usaram significativamente mais violência instrumental do que aquelas com 
baixos níveis de traços psicopáticos (Hutton & Woodworth, 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
IV. DISCUSSÃO 
 
 
O principal objetivo desta revisão passa por analisar a prevalência de traços de 
psicopatia em jovens delinquentes. Mais especificamente, este estudo pretende determinar e 
examinar criteriosamente as diferenças significativas, no que diz respeito aos traços 
psicopáticos, entre rapazes e raparigas, entre jovens mais velhos e jovens mais novos e, 
também, se existem diferenças quanto ao tipo de ofensas cometidas. Com base numa 
estratégia de pesquisa rigorosa definida a priori, foram selecionados no final do processo 15 
estudos. 
Os anos de publicação dos estudos incluídos revelam que esta temática está, 
atualmente, a ser foco de maior interesse e de investigação no meio científico. Embora não 
seja possível inferir um aumento do número de publicações, verifica-se que as publicações 
se concentraram num período mais recente, visto que dos 15 estudos incluídos, apenas três 
estudos foram publicados antes de 2010. Os Estados Unidos da América foram o país com 
maior número de publicações. Na verdade, onze estudos incluídos nesta revisão foram 
publicados na América do Norte. A concentração de estudos sobre o tema na América do 
Norte indica um maior investimento desses países em pesquisas científicas, que, 
inevitavelmente, são utilizadas como critério de comparação noutros contextos. Sendo 
assim, é possível que os padrões culturais tenham implicações e influenciem os resultados 
obtidos, quer ao nível dos traços psicopáticos, como também das ofensas. 
Há alguns anos que um número significativo de investigadores tem verificado que os 
traços de personalidade psicopáticos, ainda que tipicamente associados à idade adulta, são 
também observados em crianças e adolescentes (Pechorro et al., 2017). Entre os 
instrumentos construídos para avaliar a psicopatia em jovens destaca-se a Psychopathy 
Checklist—Youth Version (PCL:YV; Forth et al., 2003), o instrumento mais usado em 
estudos empíricos. A PCL:YV foi especificamente criada para avaliar traços interpessoais, 
comportamentais e afetivos que se encontram associados ao constructo da psicopatia em 
adolescentes, rapazes ou raparigas, entre os 12 e os 18 anos de idade (Pechorro et al., 2017). 
A utilização deste instrumento poderá ser importante para o desenvolvimento de programas 
de prevenção ou intervenção precoce, com a expectativa de resultados mais positivos do que 
em idades superiores, dada a maior facilidade de mudança nestes primeiros estádios de 
24 
 
desenvolvimento (Salekin et al., 2010). Também o modelo triárquico da psicopatia (Patrick 
et al., 2009) é um dos modelos mais influentes do constructo de psicopatia desenvolvido nos 
últimos anos (Evans & Tully, 2016), apesar de nesta revisão apenas um estudo o ter utilizado. 
A pesquisa limitada sobre a aplicação do modelo triárquico da psicopatia em amostras de 
jovens clínicos e forenses revelou que este modelo converge com outras medidas de 
psicopatia e é útil para informar modelos de desenvolvimento de problemas de conduta na 
adolescência (Laurinavičius et al., 2020). 
Os resultados do presente estudo sugerem que a psicopatia está associada à 
delinquência juvenil. Efetivamente, os traços psicopáticos foramencontrados numa ampla 
gama de jovens e estavam relacionados com o comportamento delinquente. Nas últimas 
décadas, pesquisas mostraram que um perfil de personalidade caracterizado por traços 
psicopáticos parece desempenhar um papel importante no desenvolvimento de 
comportamentos antissociais graves e violentos (DeLisi & Piquero, 2011; Reidy et al., 
2015). Existe uma associação clara entre traços de personalidade psicopática e 
comportamento antissocial (Salihovic & Stattin, 2017). De facto, jovens que manifestam 
elevados níveis de traços psicopáticos têm maior risco de se envolverem em comportamentos 
antissociais e delinquentes (Asscher et al., 2011; Salihovic & Stattin, 2017). De acordo com 
a revisão de Ronchetti e colaboradores (2014), estudos que utilizaram a PCL:YV revelaram 
pontuações mais altas em adolescentes que apresentavam elevada incidência de 
comportamentos antissociais. 
 Tendo em conta o estudo (Moffett et al., 2020) que utilizou o modelo triárquico da 
psicopatia (Patrick et al., 2009), o grupo de traços psicopáticos primários apresentava 
elevada pontuação no TriPM, mas baixos sintomas de internalização e culpa. Já o grupo de 
traços psicopáticos secundários, apesar de apresentar também elevada pontuação no TriPM, 
exibia elevados sintomas de internalização e culpa. Tendo em consideração os três traços 
que constituem este modelo, o grupo de traços psicopáticos primários revela pontuação mais 
alta em maldade, mas não em ousadia ou desinibição do que o grupo de traços psicopáticos 
secundários. Na verdade, a maldade foi particularmente associada à agressão e a atitudes 
pró-criminais e foi o único preditor de agressões futuras (Laurinavičius et al., 2020). 
Em relação às diferenças entre rapazes e raparigas, verifica-se que existem algumas 
diferenças. A investigação efetuada sobre a presença relativa da psicopatia e das dimensões 
que a constituem em rapazes e raparigas não tem proporcionado resultados consistentes dado 
25 
 
que alguns investigadores defendem a presença de tendências psicopáticas mais elevadas em 
rapazes do que em raparigas enquanto outros investigadores defendem exatamente o oposto 
(Pechorro et al., 2012). Além disso, alguns estudos reportam diferenças apenas em certas 
dimensões da psicopatia enquanto outros não detetam qualquer diferença (Verona et al., 
2010). No estudo de Tsang e colaboradores (2015), não houve diferenças significativas entre 
géneros no que concerne às pontuações totais de psicopatia, porém, entre adolescentes com 
níveis semelhantes de psicopatia, as raparigas caracterizam-se como sendo mais 
irresponsáveis e impulsivas enquanto os rapazes são mais propensos a serem caracterizados 
como tendo um senso grandioso de autoestima e falta de objetivos. De facto, Pardini e 
colaboradores (2003) evidenciaram que as raparigas pontuavam mais na impulsividade e 
Rucevic (2010) constatou que os rapazes pontuavam mais alto na dimensão 
grandioso/manipulativo. Existem estudos (Dadds et al., 2005; Marsee et al., 2005; Schrum 
& Salekin, 2006) que sustentam que os rapazes pontuam mais alto na psicopatia do que as 
raparigas. Não obstante, outros estudos demonstram que não foram encontradas diferenças 
significativas entre rapazes e raparigas relativamente às pontuações na psicopatia (Campbell 
et al., 2004; Salekin et al., 2005). Lindberg e colaboradores (2016) enfatizam que, embora 
raparigas e rapazes com níveis semelhantes de delinquência não apresentam diferenças nas 
pontuações totais de psicopatia, existem diferenças significativas de género nas pontuações 
subjacentes dos fatores, bem como nas variáveis relacionadas. De facto, jovens com traços 
psicopáticos secundários revelaram ser mais propensos a ser raparigas do que aqueles com 
traços psicopáticos primários. Contudo, não foram observadas diferenças de género entre os 
jovens classificados como não psicopatas e aqueles com traços psicopáticos secundários ou 
primários (Moffett et al., 2020). 
Quanto às diferenças significativas no que concerne à idade, os resultados são um 
pouco incoerentes visto que dos sete estudos que avaliam as diferenças ao nível dos traços 
de psicopatia tendo em conta a idade, quatro afirmam que não há diferenças significativas 
(Gretton et al., 2004; Lee et al., 2010; Pechorro, Poiares, et al., 2014; Spice et al., 2015). No 
estudo de Pechorro, Poiares e colaboradores (2014), apesar de não terem sido encontradas 
diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de altos traços psicopáticos e o grupo 
de baixos traços psicopáticos em relação à idade, verificou-se que os participantes do grupo 
de altos traços psicopáticos tinham começado o seu envolvimento em atividades criminosas 
mais cedo na vida e eram mais jovens quando tiveram problemas com a lei. Por outro lado, 
a psicopatia juvenil elevada está ligada ao início precoce do crime (DeLisi et al., 2014; 
26 
 
Pechorro et al., 2015; Pechorro, Gonçalves, et al., 2014). Efetivamente, estudos têm 
mostrado que jovens com altos traços psicopáticos têm um início mais precoce de 
comportamento delinquente do que os jovens com baixos traços psicopáticos (Leenarts et 
al., 2017). Do mesmo modo, Forth e Burke (1998) afirmam que infratores com elevados 
traços psicopáticos geralmente iniciam as suas atividades antissociais e criminais numa idade 
relativamente jovem e continuam a envolver-se nessas atividades durante toda a sua vida. 
Em relação ao tipo de ofensas cometidas, denota-se uma variedade de resultados uma 
vez que nem todos os estudos especificam o tipo de ofensas, abordando a gravidade do crime, 
a frequência de crimes e/ou o uso de violência. Assim, os participantes com elevados traços 
psicopáticos obtiveram valores significativamente maiores na gravidade do crime (Pechorro, 
Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, Poiares, et al., 2014) e na frequência de crimes (Pechorro 
et al., 2015; Pechorro, Poiares, et al., 2014). Contudo, no estudo de Pechorro e colaboradores 
(2015) as dimensões Interpessoal e Afetiva revelaram correlações na sua maioria não 
significativas entre a pontuação da PCL:YV e as variáveis criminais. Efetivamente, no 
estudo de Salihovic e Stattin (2017) os resultados mostram que, embora as diferentes facetas 
da psicopatia estejam significativa e positivamente ligadas ao comportamento delinquente, 
os traços insensível/sem-emoção (isto é, a dimensão Afetiva) não previram 
significativamente trajetórias elevadas de comportamento delinquente. Há alguns estudos 
em que os resultados indicam que o tipo de ofensa não é influenciada por diferentes níveis 
de traços psicopáticos (Gretton et al., 2004; Hutton & Woodworth, 2014; Netland & Miner, 
2012). Leenarts e colaboradores (2017) demonstraram que os traços psicopáticos estão 
relacionados quer a delitos violentos quer a delitos não violentos. Já o estudo de Nijhof e 
colaboradores (2011) revela que o grupo psicopático cometeu mais crimes contra a 
propriedade, mais vandalismo e mais ofensas violentas do que o grupo normal e o grupo 
impulsivo/não-psicopático. Na verdade, jovens adultos com traços psicopáticos relataram 
participar em atividades delinquentes, incluindo violência (Eisenbarth & Centifanti, 2020). 
Embora um grande conjunto de pesquisas tenha estabelecido a pertinência da 
psicopatia para os ofensores adultos, a sua relevância para as crianças e os adolescentes 
infratores é muito menos clara (Campbell et al., 2004). O estudo da psicopatia juvenil tem 
menos de duas décadas (Patrick et al., 2009; Vaughn et al., 2005), todavia a psicopatia 
contribui para grande parte dos crimes gerais e graves. De facto, jovens com elevadas 
características psicopáticas geralmente têm as carreiras delinquentes mais extensas e graves, 
incluindo a reincidência (Pechorro et al., 2019). Ainda que as investigações nesta área se 
27 
 
têm expandido rapidamente, ainda não está muito claro o que é que a psicopatia na juventude 
envolvee como é que ela se cruza com comportamentos antissociais e delinquentes (Patrick 
et al., 2009; Salihovic & Stattin, 2017), tal como se verificou nesta revisão. Apesar de existir 
problemas óbvios com a avaliação e o diagnóstico da psicopatia nos jovens, parece 
importante identificar a psicopatia mais cedo na vida, na tentativa de evitar as consequências 
negativas da mesma (Asscher et al., 2011). Aliás, uma das principais razões para aplicar o 
constructo da psicopatia nos jovens é compreender melhor, prever e impedir 
comportamentos antissociais uma vez que existem evidências de que os traços psicopáticos 
na adolescência são fortes preditores de uma ampla gama de comportamentos antissociais, 
simultânea e longitudinalmente, incluindo agressão, frequência de ofensas, início precoce 
do crime e comportamento antissocial na idade adulta (Salihovic & Stattin, 2017). 
Deste modo, a identificação de traços psicopáticos em crianças e adolescentes pode 
resultar na intervenção precoce e na redução do que mais tarde se pode tornar um padrão 
persistente de comportamento antissocial e delinquente (Lynam, 2002). No entanto, a 
importância de dimensões específicas da psicopatia na juventude permanece controversa, 
com muitos investigadores concentrando-se apenas na componente afetiva do constructo, 
enquanto outros adotam uma visão multidimensional da psicopatia e focam-se, não apenas 
na componente afetiva, mas também no estilo de vida interpessoal e nas dimensões 
antissociais da psicopatia (Ridder & Kosson, 2018). A dimensão afetiva, comummente 
referida como traços insensível/sem-emoção, inclui falta de empatia e de culpa, afeto 
superficial e insensibilidade (Cleckley, 1988). Frick e colaboradores (2014) salientaram que, 
entre jovens com problemas de conduta, os traços insensível/sem-emoção preveem um 
padrão mais severo, estável e agressivo de comportamento antissocial. Do mesmo modo, 
vários estudos sugerem que as características psicopáticas em crianças e adolescentes podem 
se manifestar como traços insensível/sem-emoção refletindo os défices de empatia e a falta 
de preocupação com os outros (Frick, 2007; Loeber et al., 2009; Porter & Porter, 2007). Por 
outro lado, Salekin (2016) argumentou que deve-se estudar as múltiplas dimensões da 
psicopatia visto que crianças com diferentes níveis de dimensões da psicopatia apresentam-
se de maneira bastante diferente umas das outras e, assim, pode-se descrever e tratam com 
precisão os jovens com traços psicopáticos. 
À semelhança de outros estudos, esta revisão sistemática não está isenta de 
limitações. Embora tenha sido delineada uma estratégia de investigação rigorosa com 
critérios de inclusão e exclusão igualmente exigentes, torna-se importante considerar a 
28 
 
presença de um viés de publicação difícil de monitorizar. Efetivamente, a seleção dos artigos 
para análise dependeu da subjetividade do investigador ao analisar esses mesmos critérios, 
representando, portanto, uma fragilidade. Não obstante uma pesquisa abrangente ao nível de 
diferentes fontes de informação, verifica-se que nem todos os estudos estavam disponíveis 
na sua integralidade, existindo assim a possibilidade de estudos relevantes não terem sido 
incluídos nesta revisão. Ainda no que concerne ao processo inicial, a leitura de títulos e 
resumos acarreta dificuldades em identificar a pertinência do estudo, o que pode ter levado 
à exclusão de estudos que poderiam enriquecer esta revisão. Para além disso, a existência 
escassa de literatura sobre este tópico em língua portuguesa e aplicada à população 
portuguesa, poderá também levantar questões relativamente às conclusões desta revisão 
sistemática e a sua aplicabilidade à população portuguesa, sendo importante para a 
comunidade científica explorar como esta temática se manifesta nesta população. Outra 
limitação possível desta revisão passa pelo número reduzido de raparigas, tendo em conta o 
número de rapazes, o que pode ter implicações nos resultados relativos às diferenças de 
género. 
 
 
Limitações apontadas pelos autores 
 Os estudos incluídos nesta revisão apresentam limitações apontadas pelos próprios 
autores. 
 Neste sentido, a limitação mais vezes apontada refere-se ao facto de vários estudos 
apresentarem um design transversal (DeLisi et al., 2014; Moffett et al., 2020; Netland & 
Miner, 2012; Pechorro, Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, Poiares, et al., 2014; Spice et al., 
2015). O uso de medidas de autorrelato (DeLisi et al., 2014; Nijhof et al., 2011; Pechorro, 
Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, Poiares, et al., 2014) e a baixa consistência de algumas 
escalas e dimensões (Netland & Miner, 2012; Pechorro, Gonçalves, et al., 2014; Pechorro, 
Poiares, et al., 2014) são também limitações apontadas por mais que um estudo. 
 De entre as muitas limitações referidas pelos autores, é ainda importante realçar 
algumas limitações: (a) tamanho da amostra relativamente pequeno (Pechorro et al., 2015; 
Salekin et al., 2012); (b) pouco número de raparigas (Vincent et al., 2008); (c) inexistência 
de participantes do sexo feminino (Gretton et al., 2004); (d) ainda não estar claro até que 
29 
 
ponto a PCL: YV mede a psicopatia entre adolescentes, tal como acontece com todos os 
instrumentos de avaliação psicológica, existe discrepância entre o constructo latente e a 
operacionalização da medição e, assim sendo, não se pode ter certeza absoluta do quão bem 
os itens PCL: YV realmente medem o constructo “real” subjacente da personalidade 
psicopática (Gretton et al., 2004; Tsang et al., 2015); e (e) participantes de um único local 
geográfico e, portanto, a generalização dos resultados é questionável (DeLisi et al., 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
V. CONCLUSÕES 
 
 
O estudo da psicopatia em jovens tem sido objeto de atenção, assistindo-se a um 
estudo crescente deste constructo na Psicologia. No entanto, o número de estudos no âmbito 
deste tema ainda é reduzido. O presente estudo tentou compreender o constructo complexo 
que é a psicopatia, especialmente em crianças e adolescentes com comportamentos 
antissociais e/ou delinquentes, assim como consolidar as investigações existentes no âmbito 
da psicopatia. Como seria de esperar, a diversidade de estudos encontrados leva a que 
algumas áreas e variáveis, seguramente de extrema relevância, não sejam abordadas com a 
profundidade pretendida. Mediante os resultados obtidos, importa agora proceder às 
considerações finais relativas a esta revisão sistemática. 
 Assim, a identificação precoce de jovens que apresentam traços psicopáticos poderia 
ajudar os clínicos a interromper a descida dos jovens para uma vida antissocial (Vaughn & 
Howard, 2005). De facto, a avaliação da psicopatia em jovens tem como objetivo identificar 
traços psicopáticos nas fases iniciais para ajudar na prevenção e intervenção, 
especificamente para o comportamento criminoso (Eisenbarth & Centifanti, 2020). Há 
hesitação pertinente por parte de investigadores e médicos em aplicar o termo “psicopata” a 
crianças e adolescentes. Apesar de apresentar um curso relativamente estável em adultos, 
acredita-se que a personalidade seja mais maleável em crianças e adolescentes. Além disso, 
níveis pronunciados de certos traços psicopáticos, como por exemplo, impulsividade, 
irresponsabilidade e busca de sensações, podem refletir comportamentos transitórios 
normativos no desenvolvimento da juventude (Reidy et al., 2015). É ainda importante 
ressaltar que a criminalidade não é uma componente essencial da definição da psicopatia, 
mas sim o comportamento antissocial. O comportamento antissocial pode incluir crimes ou 
a infração das leis, mas não se resume a isso. Abrange comportamentos de exploração nas 
relações interpessoais que não chegam a ser considerados infrações penais (Hauck Filho et 
al., 2009). 
 Importa ainda refletir sobre as implicaçõespara futuras investigações, pelo que se 
denota fulcral a utilização de amostras com um maior número de participantes, no sentido 
de melhorar o poder estatístico dos resultados e aumentar o número de participantes do 
género feminino, como forma de explorar possíveis diferenças de género. A par destas 
31 
 
recomendações, é também importante realizar estas investigações em vários países dos 
diversos continentes visto que dos 15 estudos analisados nesta revisão, onze pertenciam à 
América do Norte, o que pode ter implicações ao nível das questões culturais. Seria útil, 
ainda, a realização de estudos de follow-up, de modo a analisar a estabilidade dos traços 
psicopáticos ao longo dos anos e, além da utilização de amostras forenses, o recurso a 
amostras provenientes da comunidade, como grupo de controlo. Por fim, sugere-se a recolha 
de informação sobre variáveis de índole familiar, educativo e social, como forma de 
aprofundar as possíveis relações destas variáveis com traços psicopáticos. 
 Face ao exposto, é possível perceber a complexidade inerente à psicopatia e ainda 
mais quando estudada em crianças e adolescentes. Os resultados da presente revisão 
demonstram que a psicopatia poderá estar relacionada com a delinquência juvenil. Não 
obstante, estas conclusões devem ser interpretadas tendo em consideração as limitações 
metodológicas dos estudos incluídos. Neste sentido, apelamos à continuidade da 
investigação em torno da psicopatia nos jovens, consolidando-se assim o seu progresso 
científico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
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ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Anexo A. Referências bibliográficas dos artigos incluídos nesta revisão 
 
 
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of Offender Therapy and Comparative Criminology, 58(9), 1101–1119. 
https://doi.org/10.1177/0306624X13489864 
Salekin, R. T., Lester, W. S., & Sellers, M.-K. (2012). Mental sets in conduct problem 
youth with psychopathic features: Entity versusincremental theories of intelligence. 
Law and Human Behavior, 36(4), 283–292. https://doi.org/10.1037/h0093971 
Spice, A., Viljoen, J. L., Douglas, K. S., & Hart, S. D. (2015). Remorse, psychopathology, 
and psychopathy among adolescent offenders. Law and Human Behavior, 39(5), 
451–462. https://doi.org/10.1037/lhb0000137 
Tsang, S., Schmidt, K. M., Vincent, G. M., Salekin, R. T., Moretti, M. M., & Odgers, C. L. 
(2015). Assessing psychopathy among justice involved adolescents with the PCL: 
YV: An item response theory examination across gender. Personality Disorders: 
Theory, Research, and Treatment, 6(1), 22–31. https://doi.org/10.1037/per0000094 
Vincent, G. M., Odgers, C. L., McCormick, A. V., & Corrado, R. R. (2008). The PCL: YV 
and recidivism in male and female juveniles: A follow-up into young adulthood. 
International Journal of Law and Psychiatry, 31(3), 287–296. 
https://doi.org/10.1016/j.ijlp.2008.04.012 
 
 
 
https://doi.org/10.1016/j.ijlp.2014.02.036
https://doi.org/10.1177/0306624X14535558
https://doi.org/10.1177/0306624X13489864
https://doi.org/10.1037/h0093971
https://doi.org/10.1037/lhb0000137
https://doi.org/10.1037/per0000094
https://doi.org/10.1016/j.ijlp.2008.04.012
43 
 
Anexo B. Tabela de resumo dos artigos incluídos na revisão sistemática 
 
Título Autor(es) Ano País Objetivo(s) do 
estudo 
Amostra Instrumentos 
utilizados 
Resultados principais Limitações 
apontadas pelos 
autores 
Age of crime 
onset and 
psychopathic 
traits in female 
juvenile 
delinquents 
Pechorro, P., 
Gonçalves, 
R. A., 
Marôco, J., 
Nunes, C., & 
Jesus, S. N. 
2014 Portugal Analisar o papel 
dos traços 
psicopáticos na 
idade de início 
do crime em 
jovens 
delinquentes 
femininas. 
132 
participantes 
 
Subdivididas 
em 3 grupos: 
grupo de início 
precoce do 
crime (n = 44; 
intervalo de 
idades = 14-18 
anos, M = 
15.45, DP = 
1.17), grupo de 
início tardio do 
crime (n = 44; 
intervalo de 
idades = 13-18 
anos, M = 
15.86, DP = 
1.23) grupo 
escolar (n = 44; 
intervalo de 
idades = 13-18 
anos, M = 
Antisocial 
Process 
Screening 
Device–Self-
Report (APSD-
SR) 
 
Child and 
Adolescent 
Taxon Scale 
(CATS) 
 
Adapted Self -
Reported 
Delinquency 
Scale (ASRDS) 
 
Marlowe –
Crowne Social 
Desirability 
Scale (MCSDS) 
 
Index of Crime 
Seriousness 
(ICS) 
Os participantes que 
pertenciam ao grupo de 
início precoce do crime 
demonstraram 
pontuações mais altas 
nas medidas de 
psicopatia, de 
delinquência 
autorrelatada e de 
gravidade do crime do 
que os participantes do 
grupo de início tardio 
do crime e do grupo 
escolar. 
 
As pontuações de traços 
psicopáticos foram 
significativamente 
associadas à idade de 
início do crime, à idade 
no início dos problemas 
com a lei e à frequência 
e seriedade do crime. 
 
 
O uso de medidas 
de autorrelato 
sobre psicopatia. 
 
A baixa 
consistência 
interna de 
algumas escalas e 
dimensões. 
 
O facto de o 
estudo ser 
transversal 
limitou a certeza 
sobre as 
diferenças de 
idade de início 
que foram 
encontradas. 
44 
 
15.77, DP = 
1.26). 
 
Assessing 
psychopathy 
among justice 
involved 
adolescents with 
the PCL: YV: An 
item response 
theory 
examination 
across gender 
Tsang, S., 
Schmidt, K. 
M., Vincent, 
G. M., 
Salekin, R. 
T., Moretti, 
M. M., & 
Odgers, C. 
L. 
2015 EUA Examinar o 
quão bem os 
itens da 
PCL:YV 
funcionam 
numa grande 
amostra de 
adolescentes 
infratores e 
testar o 
potencial DIF 
(differential 
item 
functioning) 
entre rapazes e 
raparigas 
envolvidos no 
Sistema de 
Justiça. 
1007 
participantes 
 
615 rapazes e 
392 raparigas 
com idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos 
Psychopathy 
Checklist—Youth 
Version (PCL: 
YV) 
Revelaram ligeiras 
diferenças na 
capacidade de 
discriminação entre os 
itens PCL: YV. Os itens 
que avaliam o estilo de 
personalidade arrogante 
e desonesto e a 
experiência afetiva 
deficiente foram 
relativamente melhores 
a discriminar diferentes 
níveis de psicopatia. Por 
outro lado, os itens que 
avaliam o estilo de vida 
impulsivo e 
irresponsável foram 
relativamente menos 
discriminadores. 
 
Entre adolescentes com 
níveis semelhantes de 
psicopatia, os 
avaliadores 
caracterizaram as 
raparigas como mais 
irresponsáveis e 
impulsivas, enquanto 
Ainda não está 
claro até que 
ponto a PCL: YV 
mede a psicopatia 
entre 
adolescentes, tal 
como acontece 
com todos os 
instrumentos de 
avaliação 
psicológica, existe 
discrepância entre 
o construto latente 
e a 
operacionalização 
da medição, e 
assim sendo, não 
se pode ter certeza 
absoluta de quão 
bem os itens PCL: 
YV realmente 
medem o 
constructo “real” 
subjacente da 
personalidade 
psicopática. 
O presente estudo 
não teve em 
45 
 
que os rapazes eram 
mais propensos a serem 
avaliados como tendo 
características do senso 
grandioso de autoestima 
e falta de 
metas/objetivos. 
consideração 
potenciais 
variações nos 
resultados 
preditivos para 
diferentes itens. 
 
As diferenças nas 
taxas de base dos 
itens podem ter 
refletido normas 
de género 
diferentes para 
rapazes e 
raparigas 
adolescentes. 
 
Como o estudo 
atual combinou 
amostras de 
diversos locais é 
possível que o 
treinamento dos 
avaliadores e/ou a 
confiabilidade da 
codificação 
possam ter 
diferido entre os 
locais (embora o 
treinamento na 
avaliação da PCL: 
46 
 
YV tenha sido 
conduzido pelo 
mesmo indivíduo 
para três dos 
quatro sítios). 
Dynamics of 
psychopathy and 
moral 
disengagement in 
the etiology of 
crime 
DeLisi, M., 
Peters, D. J., 
Dansby, T., 
Vaughn, M. 
G., Shook, J. 
J., & 
Hochstetler, 
A. 
2014 EUA Testar se o 
descomprometi-
mento moral 
varia em função 
do nível de 
psicopatia em 
relação ao início 
do crime e 
avaliar essa 
estabilidade 
entre géneros. 
252 
participantes 
 
152 rapazes e 
100 raparigas 
com idades 
compreendidas 
entre os 14 e os 
18 anos 
Multidimensional 
Residential Youth 
Inventory 
(MRYI) 
 
Moral 
Disengagement 
Index (MDI) 
 
Youth 
Psychopathic 
Traits Inventory 
(YPI) 
 
Childhood 
Trauma 
Questionnaire 
(CTQ) 
Os resultados gerais 
demonstram que a 
psicopatia juvenil 
elevada está fortemente 
ligada ao início precoce 
da criminalidade juvenil 
e este efeito não é 
mediado pelo 
descomprometimento 
moral. 
No entanto, este efeito 
não mediado só se 
aplica aos rapazes da 
amostra, uma vez que a 
psicopatia tem pouco 
efeito no envolvimento 
moral e o envolvimento 
moral tem pouco efeito 
no início da 
criminalidade. Para as 
raparigas, contudo, a 
psicopatia conduz ao 
descomprometimento 
moral, mas um maior 
envolvimento moral 
O estudo baseou-
se em medidas de 
autorrelato e não 
se pode descartar 
problemas na 
variância do 
método 
compartilhado. 
 
O estudo foi 
derivado de 
jovens 
delinquentes de 
um único local 
geográfico e, 
portanto, a 
generalização dos 
resultados é 
questionável. 
 
O facto de o 
estudo ser 
transversal. 
47 
 
conduz a um início mais 
tardio do crime. 
Examining latent 
profiles of 
psychopathy in a 
mixed-gender 
sample of 
juvenile 
detainees. 
Moffett, S., 
Javdani, S., 
Miglin, R., 
& Sadeh, N. 
2020 EUA Identificar 
variantes 
primárias e 
secundárias da 
psicopatia numa 
amostra de 
adolescentes. 
 
Examinar as 
associações 
entre as 
variantes 
psicopáticas e a 
psicopatologia. 
 
Contribuir para 
a investigação 
sobre a 
psicopatia em 
adolescentes 
detidos, 
examinando, 
pela primeira 
vez, a 
capacidade de 
detetar variantes 
primárias e 
secundárias 
180 
participantes 
 
91 rapazes e 89 
raparigas com 
idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos (M = 
15.0, DP = 1.0 
TriarchicPsychopathy 
Measure (TriPM) 
 
Massachusetts 
Youth Screening 
Instrument-
Version 2 
(MAYSI-2) 
 
State Shame and 
Guilt Scale –
Revised 
(SSGS-R) 
Foram encontrados 
quatro grupos, dois dos 
quais eram não 
psicopatas. O primeiro 
grupo caracterizou-se 
por avaliações baixas 
em todas as escalas 
(“Baixo / Nenhum 
Traços Psicopáticos,” 
12.9% da amostra, n = 
21); o segundo grupo 
caracterizou-se por 
altos scores TriPM, mas 
baixos sintomas de 
internalização e culpa 
(“Traços psicopáticos 
primários,” 17.2% da 
amostra, n = 28); o 
terceiro grupo 
caracterizou-se pelo 
padrão de resposta mais 
comum, ou seja, níveis 
moderados ("Traços 
psicopáticos médios", 
51.2% da amostra, n = 
83); e o quarto grupo 
caracterizou-se por 
altos scores TriPM, 
Uma vez que 
faltavam dados 
demográficos 
detalhados dos 
detidos e 
informações sobre 
as razões 
específicas da 
detenção, não foi 
possível explorar 
a validade da 
construção de 
agrupamentos de 
acordo com as 
suas ofensas. 
 
Devido ao 
desenho 
transversal, não 
foi possível 
avaliar a validade 
preditiva dos 
aglomerados em 
relação a 
trajetórias 
recidivistas, nem 
extrair inferências 
48 
 
através do 
TriPM. 
 
bem como alto endosso 
de sintomas de 
internalização e culpa 
(“Traços Psicopáticos 
Secundários”, 18.5% da 
amostra, n = 30). 
 
Relativamente às 
diferenças entre os 
jovens com traços 
psicopáticos primários e 
secundários, os 
resultados revelaram 
que os jovens com 
traços psicopáticos 
secundários (63.3%) 
eram mais propensos a 
ser mulheres do que 
aqueles com traços 
psicopáticos primários 
(32.2%). As variantes 
primária e secundária 
não diferiam entre si 
nos níveis gerais de 
traços psicopáticos, 
embora os jovens no 
grupo primário 
obtivessem pontuação 
mais alta em Maldade 
(M = 36.59, DP = 
6.85), mas não em 
causais 
definitivas. 
 
Não se estudou as 
diferenças entre 
variantes 
psicopáticas em 
termos da 
natureza ou 
gravidade das 
ofensas. 
49 
 
Ousadia ou 
Desinibição, do que 
aqueles no grupo 
secundário (M = 30.78, 
DP = 5.90). 
 
Como o principal 
interesse era examinar 
as diferenças nos jovens 
que exibiam as duas 
variantes de traços 
psicopáticos, primeiro 
um do outro e, em 
seguida, da população 
detida mais ampla, 
colapsaram os dois 
primeiros grupos 
("Baixo" e "Médio") em 
um único grupo de 
comparação não 
psicopático. Não foram 
observadas diferenças 
de género entre os 
jovens classificados 
como não psicopatas 
(mulheres: 48.1%) e 
aqueles com traços 
psicopáticos 
secundários ou 
psicopáticos primários. 
50 
 
Os jovens que exibiram 
traços primários e 
secundários pontuaram 
mais no geral no TriPM 
do que os detidos no 
grupo de comparação 
não psicopata. 
 
Mental sets in 
conduct problem 
youth with 
psychopathic 
features: Entity 
versus 
incremental 
theories of 
intelligence 
Salekin, R. 
T., Lester, 
W. S., & 
Sellers, M.-
K. 
2012 EUA Examinar o 
efeito de uma 
intervenção 
motivacional na 
conduta de 
jovens com 
características 
psicopáticas. 
36 participantes 
 
28 rapazes e 8 
raparigas com 
idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos (M = 
15.44, DP = 
1.38) 
Antisocial 
Process 
Screening Device 
(APSD) 
 
Risk-
Sophistication-
Treatment 
Inventory-Self-
Report (RSTI-
SR) 
 
Alternate Uses 
Test (AUT) 
 
 
A média total do APSD 
foi de 15.25 (DP = 
5.57). A Faceta um 
(interpessoal) tinha uma 
média de 4.43 (DP = 
2.66), a Faceta dois 
(insensibilidade) tinha 
uma média de 4.79 (DP 
= 2.10), e a Faceta três 
(Impulsividade) tinha 
uma média de 5.25 (DP 
= 2.25). 
 
As análises não 
mostraram diferenças 
significativas nas 
pontuações de 
psicopatia entre 
géneros. 
Embora o 
tamanho da 
amostra mostrasse 
poder adequado, a 
investigação deve 
examinar estas 
questões 
empíricas com 
amostras maiores 
e mais 
diversificadas. 
 
O estudo utilizou 
o termo teoria da 
inteligência, mas 
não é claro que se 
tratasse de uma 
teoria a longo 
prazo detida pela 
juventude. 
 
 
 
51 
 
Psychological 
and behavioral 
adjustment in 
female youths 
with high or low 
psychopathic 
traits 
Pechorro, P. 
S., Poiares, 
C. A., 
Vieira, R. 
X., Marôco, 
J., Nunes, 
C., & de 
Jesus, S. N. 
2014 Portugal Analisar o papel 
dos traços 
psicopáticos na 
delinquência 
juvenil 
feminina. 
263 
participantes 
 
Todas as 
participantes 
são do sexo 
feminino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 14 e os 
18 anos (M = 
15.86, DP = 
1.37). 
 
118 
participantes 
formaram o 
grupo de altos 
traços 
psicopáticos 
(Alto APSD-
SR) e 118 
participantes 
formaram o 
grupo de baixos 
traços 
psicopáticos 
(Baixo APSD-
SR). 
Antisocial 
Process 
Screening 
Device-Self-
Report (APSD-
SR) 
 
Strengths and 
Difficulties 
Questionnaire-
Self-Response 
(SDQ-SR) 
 
Adapted Self-
Reported 
Delinquency 
Scale (ASRDS) 
 
Rosenberg Self-
Esteem Scale 
(RSES) 
 
Marlowe –
Crowne Social 
Desirability 
Scale's (MCSDS-
SF) 
 
Sellin – Wolfgang 
Index of Crime 
Não foram encontradas 
diferenças 
estatisticamente 
significativas entre os 
dois grupos em relação 
à idade. 
 
Os participantes do 
grupo de altos traços 
psicopáticos estavam 
mais envolvidos em 
atividades ilegais, 
começaram o seu 
envolvimento em 
atividades criminosas 
mais cedo na vida, 
tiveram mais problemas 
com a lei, eram mais 
jovens quando tiveram 
problemas com a lei e 
entraram num Centro de 
Detenção Juvenil com 
mais frequência. 
 
O grupo de traços 
psicopáticos elevados 
obteve valores 
significativamente 
maiores para 
comportamentos 
delinquentes 
O uso de medidas 
de autorrelato de 
psicopatia. 
 
A baixa 
consistência 
interna de 
algumas escalas e 
dimensões são 
uma limitação em 
termos de 
confiabilidade de 
medição. 
 
O facto de o 
estudo ser 
transversal 
limitou a certeza 
quanto às 
diferenças 
encontradas entre 
os grupos. 
 
 
52 
 
Seriousness 
(ICS) 
autorrelatados (com 
maior frequência e 
diversidade desses 
comportamentos neste 
grupo) e gravidade do 
crime. 
 
Psychometric 
properties of the 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version among 
Portuguese 
juvenile 
delinquents 
Pechorro, P., 
Barroso, R., 
Maroco, J., 
Vieira, R. 
X., & 
Gonçalves, 
R. A. 
2015 Portugal Examinar 
algumas 
propriedades 
psicométricas da 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) em 
jovens 
delinquentes 
portugueses. 
192 
participantes 
 
Todos os 
participantes 
são do sexo 
masculino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 13 e os 
18 anos (M = 
16.62, DP = 
1.52). 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
 
Child and 
Adolescent 
Taxon Scale 
(CATS) 
 
Youth Level of 
Service/Case 
Management 
Inventory 
(YLS/CMI) 
As correlações da 
pontuação total da 
PCL:YV, o modelo dos 
três fatores e as suas 
dimensões com as 
variáveis criminais 
revelaram 
principalmente a 
existência de 
associações negativas 
moderadas-baixas com 
a idade de início do 
crime e a existência de 
associações positivas 
moderadas-baixas com 
a frequência de crimes, 
número de vítimas e uso 
de violência física, com 
exceção das dimensões 
Interpessoal e Afetiva 
que revelaram 
correlações na sua 
maioria não 
significativas. 
A validação 
portuguesa da 
PCL:YV ainda 
estava em curso. 
 
O tamanho da 
amostra é 
relativamente 
pequeno. 
53 
 
Psychopathic 
Traits in Youth: 
Is There 
Evidence for 
Primary and 
Secondary 
Subtypes? 
Lee, Z., 
Salekin, R. 
T., & Iselin, 
A.-M. R. 
2010 EUA Melhorar os 
estudos 
analíticos de 
agregados 
anteriores de 
traços 
psicopáticos em 
crianças e 
adolescentes, 
eliminando 
muitas daslacunas 
presentes em 
estudos 
anteriores. 
94 participantes 
 
Todos os 
participantes 
são do sexo 
masculino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos (M = 
15.21, DP = 
1.52). 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
 
Antisocial 
Process 
Screening Device 
(APSD) 
 
Interpersonal 
Adjective Scales - 
Revised:Big 5 
(IASR-B5 
 
Risk - 
Sophistication - 
Treatment 
Inventory (RST-
I) 
Não houve diferenças 
significativas entre os 
grupos (baixos, 
moderados e altos 
traços psicopáticos) em 
termos de idade. 
 
Havia diferenças 
significativas entre os 
grupos nos fatores 
PCL:YV. O grupo de 
baixos traços 
psicopáticos tinha 
pontuações 
significativamente mais 
baixas nos Fatores 1, 2, 
e 3 do que os grupos de 
moderados e altos 
traços psicopáticos. O 
grupo de moderados 
traços psicopáticos teve 
pontuações 
significativamente mais 
baixas no Fator 1 do que 
o grupo de altos traços 
psicopáticos, e 
pontuações 
significativamente mais 
altas nos Fatores 2 e 3 
do que o grupo baixo. O 
grupo alto teve 
O estudo baseou-
se em estatísticas 
oficiais para 
recolher dados de 
reincidência 
violenta, o que 
proporciona um 
quadro estreito de 
reincidência e 
tipicamente 
subestima a 
ofensa. 
 
As conclusões do 
estudo podem não 
se generalizar a 
adolescentes do 
sexo feminino. 
 
 
54 
 
pontuações de Fatores 
1, 2, e 3 
significativamente mais 
altas do que o grupo 
baixo. Os grupos 
moderado e alto não 
tinham pontuações dos 
Fatores 2 e 3 
significativamente 
diferentes. 
 
Houve diferenças 
significativas entre os 
grupos quanto aos 
fatores do APSD. O 
grupo baixo tinha 
pontuações 
significativamente mais 
baixas de Narcisismo, 
Insensível/Sem-
Emoção e 
Impulsividade do que 
os grupos moderados e 
altos. O grupo 
moderado exibiu 
pontuações 
significativamente mais 
altas em Narcisismo, 
Insensível/Sem-
Emoção e 
Impulsividade do que o 
55 
 
grupo baixo, e 
pontuações 
significativamente mais 
baixas em Narcisismo e 
Impulsividade do que o 
grupo alto. O grupo alto 
teve pontuações 
significativamente mais 
altas em Narcisismo, 
Insensível/Sem-
Emoção e 
Impulsividade do que o 
grupo baixo, e 
pontuações mais altas 
em Narcisismo e 
Impulsividade do que o 
grupo moderado. No 
entanto, não houve 
diferenças 
significativas nas 
pontuações de 
Insensível/Sem-
Emoção entre os grupos 
alto e moderado. 
 
Psychopathic 
Traits of Dutch 
Adolescents in 
Residential Care: 
Identifying 
Subgroups 
Nijhof, K. 
S., 
Vermulst, 
A., Scholte, 
R. H. J., van 
Dam, C., 
2011 Países 
Baixos 
Examinar se as 
três dimensões 
subjacentes às 
dez 
características 
psicopáticas do 
214 
participantes 
 
113 rapazes e 
101 raparigas 
com idades 
Youth 
Psychopathic 
Traits Inventory 
(YPI) 
 
As diferenças de género 
indicavam que a 
correlação entre o fator 
grandioso/manipulativo 
e o fator 
impulsivo/irresponsável 
Utilizaram 
exclusivamente 
autorrelatos para 
examinar traços 
psicopáticos. 
56 
 
Veerman, J. 
W., & 
Engels, R. 
C. M. E. 
YPI estão 
presentes numa 
amostra de 
adolescentes e 
testar se os 
adolescentes 
podem ser 
classificados em 
diferentes 
subgrupos com 
base nos traços 
psicopáticos. 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos (M = 
15.76, DP = 
1.29) 
Youth Self Report 
(YSR) 
e os problemas 
internalizantes eram 
significativamente mais 
elevados para as 
raparigas do que para os 
rapazes. No entanto, a 
correlação entre o fator 
insensível/sem-emoção 
e a externalização do 
comportamento 
problemático era mais 
elevada para os rapazes 
do que para as 
raparigas. 
 
Os participantes foram 
divididos em 3 grupos: 
grupo relativamente 
normal (n = 110), grupo 
impulsivo/não-
psicopático (n = 82) e 
grupo psicopata (n = 
22). Um subgrupo de 
adolescentes teve 
pontuações baixas nas 
três dimensões (grupo 
normal), um subgrupo 
teve pontuações 
moderadas nas duas 
primeiras dimensões e 
pontuações 
57 
 
relativamente mais altas 
na dimensão 
impulsiva/irresponsável 
(grupo impulsivo/não-
psicopático), e o 
terceiro subgrupo teve 
pontuações altas nas 
três dimensões (grupo 
psicopata). O grupo 
normal mostrou níveis 
significativamente 
inferiores de 
comportamento 
problemático em 
comparação com o 
grupo impulsivo/não-
psicopático e com o 
grupo psicopata. Não 
foram encontradas 
diferenças entre o grupo 
impulsivo/não-
psicopático e psicopata 
para a externalização e 
internalização do 
comportamento 
problemático. O grupo 
normal mostrou 
significativamente 
menos vandalismo em 
comparação com o 
grupo impulsivo/não-
58 
 
psicopático e o grupo 
psicopata. O grupo 
impulsivo/não-
psicopático não 
mostrou menos 
vandalismo do que o 
grupo psicopata. No que 
diz respeito aos crimes 
contra a propriedade, o 
grupo normal mostrou 
menos crimes contra a 
propriedade em 
comparação com o 
grupo impulsivo/não-
psicopático e psicopata. 
O grupo impulsivo/não-
psicopático teve uma 
pontuação inferior à do 
grupo psicopata. 
Relativamente às 
ofensas violentas, o 
grupo normal cometeu 
menos ofensas violentas 
em comparação com o 
grupo impulsivo/não-
psicopático e o 
psicopata. Mais uma 
vez, o grupo 
impulsivo/não 
psicopático relatou 
menos ofensas violentas 
59 
 
em comparação com o 
grupo psicopata. 
 
Psychopathy and 
Offending From 
Adolescence to 
Adulthood: A 10-
Year Follow-Up 
Gretton, H. 
M., Hare, R. 
D., & 
Catchpole, 
R. E. H. 
2004 Canadá Investigar o 
construto da 
psicopatia nos 
adolescentes 
delinquentes, 
utilizando a 
PCL:YV e 
fornecer dados 
longitudinais 
sobre a 
psicopatia e o 
comportamento 
criminoso desde 
a adolescência 
até ao início da 
idade adulta. 
157 
participantes 
 
Todos os 
participantes 
são do sexo 
masculino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos (M = 
16.1, DP = 1.4) 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
 
Os scores da PCL:YV 
foram correlacionados 
com a presença e/ou 
ausência de ofensas 
violentas pré-avaliação. 
Os jovens do grupo com 
altos scores na PCL:YV 
(29%) tinham mais 
probabilidades do que 
os do grupo com baixos 
scores (7%) de terem 
cometido um crime 
violento antes. 
 
No que diz respeito aos 
tipos de delitos (delito 
não-violento, delito 
violento e delito sexual) 
pelos quais os 
participantes foram 
encaminhados para a 
avaliação, não houve 
diferenças 
significativas entre os 
grupos. 
Não têm 
participantes do 
sexo feminino. 
 
Até à data, sabe-se 
pouco sobre a 
estabilidade 
fenotípica (da 
adolescência até à 
idade adulta) de 
traços 
psicopáticos 
(afetivo-
interpessoal, e 
estilo de vida-
comportamental) 
tal como medido 
pela PCL: YV. 
60 
 
Não houve diferenças 
significativas 
relativamente à idade. 
 
Psychopathy 
scores and 
violence among 
juvenile 
offenders: a 
multi-measure 
study 
Murrie, D. 
C., Cornell, 
D. G., 
Kaplan, S., 
McConville, 
D., & Levy-
Elkon, A. 
2004 EUA Examinar a 
correspondência 
entre cada 
medida de 
psicopatia e a 
violência 
anterior. 
 
Examinar a 
correspondência 
entre as 
pontuações de 
psicopatia e as 
classificações de 
ofensas 
violentas 
instrumentais, 
bem como a 
história de 
ofensas 
violentas com 
uma arma. 
 
Explorar se os 
traços 
insensíveis 
associados à 
113 
participantes 
 
Todos os 
participantes 
são do sexo 
masculino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 13 e os 
18 anos (M = 
16, DP = 1.1). 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
 
 
Millon 
Adolescent 
Clinical 
Inventory 
(MACI) 
As pontuações de 
psicopatia baseadas na 
PCL:YV estão 
associadas a 
comportamentos 
violentos. 
 
As pontuaçõesda 
PCL:YV estão 
significativamente 
correlacionadas com o 
histórico de ofensas 
violentas, violência não 
julgada e violência 
institucional, bem como 
com as medidas de 
severidade e 
instrumentalidade da 
violência anterior. 
Apesar do padrão 
consistente dos 
resultados, a 
relação entre estas 
medidas de traços 
psicopáticos e a 
violência deixa 
muitas variações 
inexplicáveis. 
 
Embora os índices 
de psicopatia 
estivessem 
relacionados com 
a violência no 
presente estudo, 
os autores 
advertêm os 
clínicos contra a 
utilização de um 
diagnóstico de 
psicopatia em 
jovens. O rótulo 
"psicopata" tem 
conotações 
sinistras que 
podem influenciar 
61 
 
psicopatia 
podem estar 
relacionados 
com a prática de 
violência mais 
grave (isto é, 
fisicamente 
prejudicial). 
negativamente as 
decisões de 
tratamento, planos 
de serviço social e 
determinações de 
justiça juvenil na 
medida em que os 
efeitos 
prejudiciais 
ultrapassariam 
qualquer valor 
clínico da 
construção. Além 
disso, a 
estabilidade dos 
índices de 
psicopatia juvenil 
não está bem 
estabelecida e não 
se sabe com que 
intensidade ou 
consistência as 
características de 
psicopatia juvenil 
estão associadas à 
criminalidade 
adulta. 
 
62 
 
Psychopathy 
traits and 
parental 
dysfunction in 
sexual offending 
and general 
delinquent 
adolescent males 
Netland, J., 
& Miner, M. 
2012 EUA Explorar os 
níveis de traços 
psicopáticos 
(grandiosidade, 
impulsividade, 
falta de empatia, 
exploração 
interpessoal 
(interpersonally 
exploitative) e 
tomada de 
riscos) e 
comportamentos 
antissociais, que 
incluem 
comportamentos 
delinquentes, 
problemas 
escolares e a 
idade em que os 
comportamentos 
delinquentes e o 
consumo de 
drogas 
começaram em 
quatro grupos de 
adolescentes 
(agressores 
sexuais de 
crianças, 
agressores 
333 
participantes 
 
116 agressores 
sexuais de 
crianças, 56 
agressores 
sexuais de 
pares/adultos, 
36 agressores 
sexuais 
cruzados e 125 
delinquentes 
não sexuais 
 
Todos os 
participantes 
são do sexo 
masculino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 13 e os 
18 anos 
Multidimensional 
Inventory of 
Development, 
Sex, and 
Aggression 
(MIDSA) 
Os resultados mostram 
diferenças relativas 
entre os grupos sobre 
níveis de traços 
psicopáticos, mas não 
sobre comportamentos 
antissociais. O grupo de 
delinquentes não 
sexuais foi considerado 
significativamente mais 
elevado no nível de 
grandiosidade e falta de 
empatia, em 
comparação com os três 
grupos de delinquentes 
sexuais, mas não foram 
encontradas diferenças 
significativas entre os 
três grupos de 
delinquentes sexuais 
sobre estas medidas. 
Posto isto, os jovens que 
cometeram delitos 
sexuais eram 
semelhantes quanto aos 
traços psicopáticos e ao 
nível de comportamento 
antissocial. Níveis mais 
elevados de 
grandiosidade e falta de 
empatia foram 
Algumas das 
escalas que 
medem os traços 
de psicopatia 
podem carecer de 
fiabilidade e 
validade 
 
O desenho do 
estudo é 
transversal logo 
mostra como as 
variáveis se 
relacionam umas 
com as outras num 
determinado 
período de tempo. 
 
A participação foi 
voluntária, 
criando o 
potencial de 
enviesamento de 
amostras. 
 
A incapacidade de 
encontrar 
diferenças entre 
os três grupos de 
agressores sexuais 
pode estar 
63 
 
sexuais de 
pares/adultos, 
agressores 
sexuais 
cruzados e 
delinquentes 
não sexuais). 
encontrados naqueles 
cujos delitos eram não 
sexuais. 
Não foram encontradas 
diferenças 
estatisticamente 
significativas entre os 
quatro grupos de 
adolescentes sobre 
medidas de 
impulsividade, tomada 
de riscos, exploração 
interpessoal ou 
comportamento 
antissocial. 
Os nossos resultados 
indicam que a ofensa 
sexual, seja contra 
crianças, pares, ou 
ambos, não é 
influenciada por 
diferentes níveis de 
traços psicopáticos, 
nem estes diferentes 
tipos de ofensas estão 
relacionados com 
diferentes níveis de 
comportamento 
antissocial. No entanto, 
a delinquência geral é 
mais provável nos que 
relacionada com 
um poder 
estatístico 
limitado devido às 
pequenas 
amostras de 
agressores contra 
pares/adultos e 
agressores 
cruzados. 
64 
 
têm um grandioso 
sentido de autoestima e 
uma falta geral de 
empatia. 
 
Remorse, 
psychopathology, 
and psychopathy 
among 
adolescent 
offenders 
Spice, A., 
Viljoen, J. 
L., Douglas, 
K. S., & 
Hart, S. D. 
2015 Canadá Examinar as 
relações entre 
remorso, 
psicopatologia e 
psicopatia numa 
amostra de 
adolescentes 
infratores 
usando a 
estrutura teórica 
e empiricamente 
estabelecida de 
culpa e 
vergonha. 
97 participantes 
 
68 rapazes e 29 
raparigas com 
idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
17 anos (M = 
15.88, DP = 
1.15) 
Test of Self-
Conscious Affect 
(TOSCA-A) 
 
Offense-Related 
Shame and Guilt 
Scale (ORSGS) 
 
Massachusetts 
Youth Screening 
Instrument-2 
(MAYSI-2) 
 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
Os resultados entre a 
idade relatada pelos 
jovens e os scores de 
culpa e vergonha 
indicaram uma relação 
inversa significativa 
entre idade e vergonha. 
Assim, os jovens mais 
velhos eram menos 
propensos a sentir 
vergonha relacionada à 
sua ofensa. 
 
Os jovens mais velhos 
não demonstraram 
correlações 
significativas em 
relação a quaisquer 
características 
psicopáticas que 
poderiam explicar sua 
vergonha relacionada 
ao crime. 
 
No que diz respeito ao 
género, não se revelou 
O ORSGS foi 
introduzido mais 
tarde no estudo, 
logo menos 
participantes o 
completaram. 
 
O TOSCA-A 
pode não capturar 
totalmente a 
experiência de 
infratores 
adolescentes. 
 
A investigação da 
psicopatia 
primária e 
secundária foi 
limitada a traços 
associados a essas 
variantes. 
 
Análises 
correlacionais 
simultâneas entre 
idade, culpa e 
65 
 
diferenças 
significativas entre 
homens e mulheres em 
qualquer uma das 
quatro escalas de culpa 
e vergonha. 
 
Os resultados indicaram 
que a vergonha estava 
positivamente 
relacionada com as 
características 
comportamentais da 
psicopatia, enquanto 
que a culpa estava 
negativamente 
relacionada com as 
características 
psicopáticas de forma 
mais ampla. 
 
vergonha não 
revelaram 
associações 
significativas. 
Novos estudos 
usando métodos 
longitudinais 
podem esclarecer 
essas relações. 
The PCL: YV 
and recidivism in 
male and female 
juveniles: A 
follow-up into 
young adulthood 
Vincent, G. 
M., Odgers, 
C. L., 
McCormick, 
A. V., & 
Corrado, R. 
R. 
2008 EUA Avaliar se os 
modelos de três 
e quatro fatores 
do PCL:YV 
preveem ou não 
a reincidência 
em adolescentes 
durante um 
período de 
seguimento 
256 
participantes 
 
201 rapazes e 
55 raparigas 
com idades 
compreendidas 
entre os 12 e os 
18 anos (M = 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
As pontuações totais e 
fatoriais médias 
diferiram 
significativamente entre 
os géneros no que diz 
respeito ao Fator 
Afetivo (Fator 2), com 
as raparigas a 
pontuarem mais baixo. 
 
A informação da 
reincidência 
baseia-se 
exclusivamente 
nos registos 
oficiais de 
detenção. 
 
Pequeno número 
de raparigas. 
66 
 
relativamente 
longo, 
abrangendo a 
idade adulta 
jovem para 
muitos 
adolescentes da 
amostra. 
16.30, DP = 
1.25) 
Ambos os modelos de 
três e quatro fatores 
previram 
significativamente o 
tempo para as primeiras 
reincidências violentas 
e não violentas para 
rapazes. No entanto, 
essa associação foi 
principalmente devido 
às características de 
estilo de vida desviantes 
ou ambas as 
características de estilo 
de vida e 
comportamento 
antissocial da 
psicopatia.A PCL:YV não foi um 
preditor significativo de 
reincidência não 
violenta ou violenta 
para as raparigas. 
 
67 
 
Violent Female 
Youth: An 
Examination of 
Instrumental 
Violence, 
Psychopathy, 
and Offense 
Characteristics 
Hutton, E. 
L., & 
Woodworth, 
M. 
2014 Canadá Examinar a 
potencial 
associação entre 
a presença de 
traços 
psicopáticos e a 
prática de 
violência 
instrumental 
entre jovens 
infratores do 
sexo feminino. 
145 
participantes 
 
Todas as 
participantes 
são do sexo 
feminino, com 
idades 
compreendidas 
entre os 12.2 e 
os 17.9 anos (M 
= 15.5, DP = 
1.3). 
Psychopathy 
Checklist: Youth 
Version 
(PCL:YV) 
As pontuações variaram 
entre 4.20 e 34 (M = 
18.83, DP = 7.04). A 
grande maioria dos 
infratores (93%) 
pontuou abaixo de 30, 
7% pontuou 30 ou mais. 
Utilizando um ponto de 
corte de 25, 76.8% dos 
infratores foram 
classificados como não 
psicopatas, enquanto 
23.2% foram 
classificados como 
psicopatas. 
 
Os resultados revelaram 
que as jovens com altos 
níveis de traços 
psicopáticos não 
usaram 
significativamente mais 
violência instrumental 
do que aquelas com 
baixos níveis de traços 
psicopáticos. 
 
O uso de violência 
instrumental entre 
as raparigas da 
amostra foi 
relativamente 
pouco frequente 
em comparação 
com estudos que 
incluíram rapazes, 
o que dificultou a 
separação de 
potenciais 
descobertas. 
 
 
 
	AGRADECIMENTOS
	RESUMO
	ABSTRACT
	RÉSUMÉ
	INTRODUÇÃO
	I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
	1.1. A Psicopatia
	1.2. A Psicopatia em crianças e adolescentes
	II. METODOLOGIA
	2.1. Design do Estudo
	2.2. Objetivos da Revisão Sistemática
	2.3. Critérios de Seleção dos Artigos
	2.4. Método de Pesquisa
	2.5. Análise dos dados
	III. RESULTADOS
	IV. DISCUSSÃO
	V. CONCLUSÕES
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	ANEXOS
	Anexo A. Referências bibliográficas dos artigos incluídos nesta revisão
	Anexo B. Tabela de resumo dos artigos incluídos na revisão sistemática

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