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Valorização da Caatinga

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA
VALORIZAÇÃO DA CAATINGA: CONTRIBUIÇÕES DE
UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA ESTUDANTES DO
ENSINO TÉCNICO
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA
ADRIENE ALVES DE SOUZA
2023
Natal – RN
Brasil
Adriene Alves de Souza
VALORIZAÇÃO DA CAATINGA: CONTRIBUIÇÕES DE UMA
PROPOSTA DIDÁTICA PARA ESTUDANTES DO ENSINO
TÉCNICO
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA
Dissertação apresentada ao Programa Regional de
Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.
Orientador:Prof(a). Dr(a) Juliana Espada Lichston
Co-Orientador: Prof(a). Dr(a) Ivaneide Alves Soares da Costa
2023
Natal – RN
Brasil
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências
- CB
Souza, Adriene Alves de.
Valorização da caatinga: contribuições de uma proposta
didática para estudantes do ensino técnico / Adriene Alves de
Souza. - 2023.
68 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Centro de Biociências, Programa Regional de Pós-
graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA. Natal/RN,
2023.
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Espada Lichston.
Coorientadora: Profa. Dra. Ivaneide Alves Soares da Costa.
1. Educação ambiental - Dissertação. 2. Educação -
Dissertação. 3. Bioma - Dissertação. 4. Percepção - Dissertação.
5. Conscientização - Dissertação. I. Lichston, Juliana Espada.
II. Costa, Ivaneide Alves Soares da. III. Título.
RN/UF/BSCB CDU 504:37
Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351
ADRIENE ALVES DE SOUZA
Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como
requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________________
Prof(a). Dr(a). Juliana Espada Lichston
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)
_________________________________________________
Prof(a). Dr(a). Maria do Socorro Conceição de Freitas
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE)
_________________________________________________
Prof. Dr. Daniel Durante Pereira Alves
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
Esta pesquisa não é um trunfo individual pois foi uma construção coletiva onde pude
contar com diversas pessoas nesta caminhada e que aqui me deixo os meus mais sinceros
agradecimentos.
Primeiramente tenho muito a agradecer a a Deus por me ajudar a superar os
caminhos mais tortuosos me dando forças em dias que já não me sentia capaz, Ele me ajudou
a vencer todas as adversidades.
Agradeço aos professores do PRODEMA-UFRN, em especial, a minha Orientadora
Juliana Espada Lichston e a minha co-orientadora Ivaneide Alves Soares da Costa por toda
contribuição dada à pesquisa.
Agradeço à secretária do PRODEMA, Érica Vaz, por toda presteza no atendimento
das nossas demandas.
Agradeço ao meu esposo, Breno Alves, por ter sido sempre compreensivo, paciente e
afetuoso, se mantendo ao meu lado nesse percurso me fortalecendo e encorajando na
realização de cada etapa do mestrado.
Agradeço à minha família por todo apoio, em especial meus pais, Maria de Lourdes
de Souza Alves e José Laureano Alves a todos meus irmãos em especial a Adriano Alves de
Souza e Ana Maria de Souza Alves.
Não posso esquecer das minhas colegas do PRODEMA amigas queridas (Michele,
Janaína e Rosy) que sempre estiveram ao meu lado em todos os momento difíceis me dando
apoio.
Agradeço também ao IFSertãoPE campus Ouricuri, a todos os docentes em especial
aos do colegiado dos cursos de Agroindústria e Agropecuária da instituição por me
acolherem tão bem e me apoiarem no desenvolvimento da pesquisa.
E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma que contribuíram
diretamente e indiretamente para elaboração e construção deste trabalho.
RESUMO
VALORIZAÇÃO DA CAATINGA: CONTRIBUIÇÕES DE UMA PROPOSTA DIDÁTICA
PARA ESTUDANTES DO ENSINO TÉCNICO
A situação da degradação do meio ambiente, em especial na região Nordeste do Brasil, possui
raízes históricas, desde o processo de colonização e seu perfil de economia extrativista, que
atrelado às práticas adotadas na agricultura de subsistência refletem na desvalorização da
Caatinga. Um dos fatores que colaboram para esta desvalorização, é uma percepção
equivocada da sociedade em relação a este bioma, a Disparidade da Consciência sobre Plantas,
conceituada como uma capacidade reduzida que indivíduo tem sobre o mundo vegetal. Este
trabalho tem como questão problema verificar “Quais as possíveis contribuições do ensino de
botânica em uma proposta didática para a conscientização, preservação e valorização da
Caatinga?”. O objetivo é avaliar as potenciais contribuições de uma ação educativa sobre o
bioma Caatinga para a sensibilização de estudantes sobre a preservação deste. Para alcançar
este objetivo, efetuou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando como
procedimento metodológico a pesquisa-ação, que possui cunho educacional e permite uma
ampla interação entre o pesquisador e os componentes da amostra abordada. Esta foi
composta pelos alunos que ingressaram nos semestres letivos 2020.1, 2020.2 e 2021.1, nos
cursos subsequentes em Agropecuária e Agroindústria do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, do campus de Ouricuri, município pertencente
ao Sertão do Araripe Pernambucano, alcançando um total de 88 participantes. Como
ferramentas esta pesquisa utilizou de questionários aplicados antes e após a realização de uma
intervenção pedagógica, um minicurso de 10 horas de duração, que abordou temas como 1)
Conservação e uso da biodiversidade, 2). As espécies nativas e sua relação com os demais
organismos; 3) Alternativas tecnológicas para um meio de sobrevivência sustentável; 4)
Aumento da capacidade econômica, cultural e social da população e 5) Gestão de recursos
água e solo. A aplicação dos questionários e a realização do minicurso foi precedida pela
análise favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Os dados dos questionários antes e após a intervenção pedagógica foram tabulados em
planilhas eletrônicas e analisados obtendo-se a percepção dos estudantes sobre a Caatinga,
antes e após a intervenção para verificar-se as possíveis contribuições para esta percepção.
Inicialmente verificou-se uma predominância de percepção negativa sobre a Caatinga, porém
com o reconhecimento da escola e de ações de ensino como fonte de conscientização da
importância da Caatinga. Aplicado o minicurso, constatou-se uma alteração da percepção dos
estudantes, com variação positiva nesta e no reconhecimento de atividades didáticas como
importantes para a contribuição com a preservação e conservação da Caatinga.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental; Educação; Bioma; Percepção; Conscientização.
ABSTRACT
VALUING THE CAATINGA: CONTRIBUTIONS OF A TEACHING PROPOSAL FOR
TECNIC SCHOOL STUDENTS
The situation of environmentaldegradation, especially in the Northeast region of Brazil, has
historical roots, since the colonization process and its extractive economy profile, which,
linked to the practices adopted in subsistence agriculture, reflect in the devaluation of the
Caatinga. One of the factors that contribute to this devaluation is a mistaken perception of
society in relation to this biome, the Disparity of Consciousness about Plants, conceptualized
as a reduced capacity that the individual has about the plant world. This work has as a
problem question to verify "What are the possible contributions of the teaching of botany in a
didactic proposal for the awareness, preservation and valorization of the Caatinga?". The
objective is to evaluate the potential contributions of an educational action on the Caatinga
biome to raise awareness among students about its preservation. In order to reach this
objective, a research with a qualitative approach was carried out, using action-research as a
methodological procedure, which has an educational nature and allows a wide interaction
between the researcher and the components of the approached sample. This was made up of
students who entered the academic semesters 2020.1, 2020.2 and 2021.1, in subsequent
courses in Agriculture and Agroindustry at the Federal Institute of Education, Science and
Technology of the Sertão Pernambucano, on the Ouricuri campus, a municipality belonging to
the Sertão do Araripe Pernambucano, reaching a total of 88 participants. As tools, this
research used questionnaires applied before and after carrying out a pedagogical intervention,
a 10-hour short course, which addressed topics such as 1) Conservation and use of
biodiversity, 2). Native species and their relationship with other organisms; 3) Technological
alternatives for a sustainable means of survival; 4) Increase of the economic, cultural and
social capacity of the population and 5) Management of water and soil resources. The
application of the questionnaires and the completion of the short course were preceded by a
favorable analysis by the Research Ethics Committee of the Federal University of Rio Grande
do Norte. The data from the questionnaires before and after the pedagogical intervention were
tabulated in electronic spreadsheets and analyzed, obtaining the students' perception of the
Caatinga, before and after the intervention, in order to verify possible contributions to this
perception. Initially there was a predominance of negative perception about the Caatinga, but
with the recognition of the school and teaching actions as a source of awareness of the
importance of the Caatinga. After applying the short course, a change in the students'
perception was observed, with positive variation in this and in the recognition of didactic
activities as important for the contribution to the preservation and conservation of the
Caatinga.
KEYWORDS: Environmental education; Education; Biome; Perception; Awareness.
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I - FIGURA 1. Onde os respondentes ouvem falar da Caatinga................... 30
CAPÍTULO I - FIGURA 2. Quem deve cuidar da/preservar a Caatinga.......................... 31
CAPÍTULO II- FIGURA 1. Quem deve cuidar da/preservar a Caatinga.......................... 50
CAPÍTULO II- FIGURA 2. Estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga
desenvolvidos na sala de aula são capazes de promover a sua conservação..................... 53
CAPÍTULO II- FIGURA 3. Importância desta atividade/minicurso................................ 55
CAPÍTULO II- FIGURA 4. A intervenção contribuiu para melhora da recepção sobre
a Caatinga.......................................................................................................................... 56
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Composição dos questionários...................................................................... 16
TABELA 2. Composição dos questionários...................................................................... 17
CAPÍTULO I - TABELA 1. Perfil dos respondentes........................................................ 28
CAPÍTULO II- TABELA 1. Composição dos questionários............................................ 45
CAPÍTULO II- TABELA 2. Perfil dos respondentes........................................................ 47
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/ FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA .......................................................................................................................... 11
METODOLOGIA GERAL ................................................................................................ 15
CAPÍTULO 1 – Percepção de estudantes do Sertão do Araripe Pernambucano sobre a
Caatinga.............................................................................................................................. 20
CAPÍTULO 2 – Análise de uma proposta didática centrada na conservação e
preservação da Caatinga..................................................................................................... 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 63
REFERÊNCIAS GERAIS ................................................................................................. 65
ANEXOS............................................................................................................................ 68
11
INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
A situação atual da preservação do meio ambiente, em especial na região Nordeste do
Brasil, possui raízes históricas, desde o processo de colonização e seu perfil de economia
extrativista (SILVA, 2020), e atrelados às práticas adotadas na agricultura de subsistência
refletem na desvalorização da Caatinga, que é o bioma dominante da região.
Trabalhar as questões ambientais
relacionadas ao bioma Caatinga permite uma melhor compreensão das formas de
mitigar o processo de degradação da Caatinga e seus efeitos, um deles é a desertificação.
Os processos educativos centrados na compreensão da relação entre sociedade e meio
ambiente, levando em consideração as dimensões ambientais, culturais e sociais podem
desenvolver nos estudantes um senso de valorização e responsabilidade em relação a esse
ecossistema criando maior engajamento incentivando estes a buscarem uma a participação
ativa nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, que compõem o tripé da educação
fomentando e promovendo o crescimento da consciência ambiental (JACOBI, 2003).
Conforme Almeida-Cortez e colaboradores (2007) pontuam, a degradação da Caatinga
está intimamente associada as práticas de cultivo inadequadas e insustentáveis repetidas ao
longo dos anos. O desmatamento para extração de madeira para venda ou consumo, as
queimadas, a criação de caprinos são os principais fatores que tem colaborado para a
degradação ambiental levando a desertificação (ALMEIDA-CORTEZ et al., 2007). Autores
como Sampaio e Batista (2003) indicam que ações como essas, ao longo dos séculos, são os
principais causadores de danos a este bioma.
Observando a região estudada, Sertão do Araripe Pernambucano, observa-se a
predominância da indústria gesseira onde a lenha é a principal fonte de energia para as
empresas da região, contribuindo fortemente para a alteração da vegetação natural e de toda a
biodiversidade.
A falta de conhecimento também é um dos fatores que colaboram para a desvalorização
deste bioma, o que chama atenção para a Plant Awareness Disparity1 (Disparidade da
Consciência sobre Plantas, em tradução livre), termo proposto por Parsley (2020), condição
caracterizada pela tendência dos estudantes de não perceberem as plantas no seu entorno.
1 Expressão posta em substituição ao termo Cegueira Botânica proposto por Wandersee e Schussler em 1988, criado durante
uma reunião do laboratório de pesquisas sobre cognição visual e desenvolvimento para o aprimoramento do Ensino de
Biologia e Botânica, baseados em alguns princípios, dentre eles o depercepção e cognição visual (VASQUES; FREITAS;
URSI, 2021).
Tal termo atualmente é alvo de críticas por parte dos pesquisadores que julgam necessária uma reformulação (PARSLEY,
2020; 2021). A sua utilização neste trabalho cumpre um papel norteador de uma discussão o qual acredita-se ser necessário.
12
Há um caminho promissor na construção desta terminologia e essa ocorre adentrando
aos referenciais do campo da Percepção Ambiental, por ser uma área do conhecimento rica e
passível de abordagem transdisciplinar (WHITE, 1977; MARQUES et al., 2019)
Como fonte de debate, o ensino de Botânica possui um papel de destaque ao apresentar
os conhecimentos e saberes acumulados sobre a importância da preservação e utilização
consciente dos recursos disponíveis na Caatinga. Esse ensino é sub-explorado na educação
brasileira, com limitações que vão desde a formação inadequada dos professores, até a falta de
suporte institucional no desenvolvimento de práticas estimulantes para o ensino deste ramo da
Biologia (NASCIMENTO et al., 2017).
O conceito de interdisciplinaridade refere-se à integração de diferentes disciplinas, áreas
do conhecimento ou perspectivas teóricas para o estudo de um tema ou problema específico
(MORIN, et al., 2014) A interdisciplinaridade envolve a cooperação entre diferentes
especialistas, cada um contribuindo com seu próprio conhecimento, habilidades e métodos
para a compreensão e solução de um problema complexo.
A interdisciplinaridade destaca diversas vertentes conceituais, mas no contexto
educacional ela visa superar a fragmentação do conhecimento, integrando e promovendo as
relações interpessoais, entre as mais diversas disciplinas e áreas, e objetivando uma produção
de um conhecimento cada vez mais amplo e coletivizado.
É uma abordagem que busca superar a fragmentação do conhecimento e a rigidez dos
limites disciplinares, integrando diferentes perspectivas para uma compreensão mais ampla e
profunda de um tema ou problema, sendo fundamental para a abordagem de questões
complexas e multidimensionais, como as relacionadas ao meio ambiente.
Podendo ser uma estratégia importante para a formação de profissionais mais completos
e preparados para lidar com desafios complexos e inovadores, que exigem uma visão holística
e uma abordagem integrada.
A construção de um ensino de botânica contextualizado, com o uso de novas estratégias
de ensino e manipulação dos recursos disponíveis no ambiente, torna-o mais atraente e
interessante ao processo de aprendizagem, fazendo uma prática educacional sincronizada e
sintonizada com a vida dos estudantes na sociedade.
Essa realidade instiga ciência a buscar uma solução (não exaustiva ou exclusiva, mas
possível e contributiva) para a seguinte questão: “O ensino de Botânica em uma proposta
didática contribui para a conscientização, preservação e valorização da Caatinga?”.
Para responder tal questionamento, faz-se necessário avançar os estudos sobre o
potencial e limitações da educação, em especial do ensino de Botânica, além de verificar junto
13
a públicos específicos (estudantes) os impactos das ferramentas de ensino na transformação
da consciência coletiva.
Paulo Freire (1979) já descrevia a educação como uma ação permanente que deve
reconhecer todos os saberes, desde o advindo do empirismo campestre ao desenvolvido nos
laboratórios mais tecnológicos e essa ação atualmente enfrenta algumas dificuldades, indo
desde o embate pela atenção dos jovens até a disponibilidade de ambientes e ferramentas que
favoreçam o seu desenvolvimento.
Especialmente sobre a Botânica, segmento que corre pari passu com a Zoologia,
compondo a abordagem inicial junto aos jovens estudantes (flora e fauna, respectivamente),
Nascimento et al. (2017) apontam especial desinteresse dos alunos, situação que limita a
abordagem sobre a preservação e valorização dos biomas.
As plantas desempenham um papel fundamental para a manutenção do equilíbrio
ecológico do planeta, através de suas diversas funções, como a produção de oxigênio e a
polinização por insetos e animais. Elas atuam como reguladoras da vida no planeta e são
essenciais para a manutenção dos padrões (NABORS, 2012 apud NEVES et al., 2019).
Nascimento et al. (2017) destacam ainda o papel da educação como ferramenta de
transformação social e através dela pode-se impactar na preservação do meio ambiente,
estando esta preocupação já apontada na nossa Constituição Federal de 1988. O artigo 225,
inciso VI, traz o “direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” como vital à nossa
qualidade de vida e a promoção da educação ambiental como incumbência do Poder Público
para garantir este direito.
As definições de educação ambiental no contexto escolar são amplas, mas caracterizadas
principalmente por congregar valores que conduzem a uma convivência harmoniosa entre o
ser humano e o meio ambiente, adotando novos hábitos e práticas capazes de construir novos
conhecimentos para uma melhor compreensão da problemática socioambiental, sendo
reconhecida como instrumento formador de uma sociedade sustentável.
A Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), define a Educação
Ambiental como "os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade".
Com a mesma preocupação, o debate no cenário mundial verifica a importância da
sustentabilidade como caminho para que a completude do planeta não acabe (BOFF, 2017).
No entanto, enquanto seres que agem e interagem com o meio, nós, seres humanos, não
14
podemos ignorar a necessidade de conciliar sua exploração à condição de ocupação, cabendo
o cuidado com essa realidade à busca de um desenvolvimento sustentável.
Por desenvolvimento sustentável tem-se aquele que conciliando a natureza, a economia
e sociedade nos permite garantir o atendimento das necessidades presentes sem prejudicar a
possibilidade de suprir as necessidades de gerações futuras (WIT; PYLAK, 2020).
Desta forma, buscando desconstruir o estigma da Caatinga como sinônimo de miséria,
esquecimento e dificuldade (TABARELLI, 2018) e sua consequente desvalorização, abordou-
se por meio de uma proposta pedagógica o potencial socioeconômico deste bioma, através da
apresentação da discussão deste ecossistema.
O objetivo geral deste trabalho é “Avaliar as potenciais contribuições de uma ação
educativa a respeito do bioma Caatinga para a sensibilização de estudantes sobre a
preservação deste”. E ainda compreender a importância dos estudos sobre a Caatinga na
instituição de ensino básico situada em regiões de predomínio desse bioma.
Tem-se como objetivos específicos dessa pesquisa:
◆ Analisar a percepção dos estudantes quanto à importância do bioma Caatinga;
◆ Difundir conhecimentos das espécies da Caatinga por meio de uma ação educativa;
◆ Comparar o nível de conscientização dos respondentes sobre a importância da
Caatinga, antes e após a utilização de uma ação educativa como ferramenta de intervenção
social;
A realização desta pesquisa mostra-se relevante tendo em vista a importância da
Educação para a conscientização sobre a Caatinga, bem como dos fatores socioeconômicos
vinculados à preservação e exploração deste bioma, como os apontados por Maia et al. (2017),
que permitem a exploração econômica sustentável deste.
Além destas contribuições, o desenvolvimento deste estudo possui importante estímulo
à autora por realizar-se na instituição à qual pertence e na região de naturalidade e na qual
reside, favorecendo diretamente o desenvolvimento da região onde está inserida.
Em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa,
esta Dissertação se encontra composta por esta Introdução geral, Metodologia geral
empregada para o conjunto da obra (dissertação) e por dois capítulos que correspondem a
artigoscientíficos estando um já publicado e o outro a ser submetidos à publicação.
O Cap. 1, intitulado “Percepção de estudantes do Sertão do Araripe Pernambucano sobre
a Caatinga”, foi publicado no periódico Revista Brasileira de Educação Ambiental e, portanto,
está formatado conforme este periódico (Normas no site do referido periódico
<https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/about/submissions>).
15
O Cap. 2, intitulado “Análise de uma proposta didática centrada na conservação e
preservação da Caatinga”, será submetido ao periódico Revista Eletrônica do Mestrado em
Educação Ambiental e, portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site do
referido periódico <https://periodicos.furg.br/remea/about/submissions>).
METODOLOGIA GERAL
Atendendo as normas do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e
Meio Ambiente – PRODEMA este trabalho possui II capítulos, traduzidos em 2 artigos
distintos e complementares entre si e que apresentam o conjunto do trabalho desenvolvido.
Percurso metodológico capítulo I
No capítulo I, consta a versão final do artigo 1 que foi apresentada e apreciada durante o
Exame de Qualificação, realizado em setembro de 2022, e esta versão corrigida foi submetida
ao periódico Revista Brasileira de Educação Ambiental, Qualis – CAPES A4 na área de
Ciências Ambientais, sendo aprovado e publicado em fevereiro de 2023.
Para a obtenção do capítulo I intitulado “Percepção de estudantes do Sertão do Araripe
Pernambucano sobre a Caatinga”, antes de avançar para a fase de execução (diagnóstico
através da aplicação de questionário e intervenção onde seria ministrado um minicurso) foi
submetido para análise do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), utilizando a Plataforma Brasil,
sob o protocolo nº 51891321.2.0000.5537.
Foram verificados os critérios éticos, por meio do CEP Central da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, visando atender ao disposto nas Resoluções nº 466/2012 e 510/2016,
do Conselho Nacional de Saúde. Apenas após a emissão de parecer favorável, com as devidas
adequações, conforme determinaram os avaliadores a pesquisa seguiu sobre a amostra.
Os alunos foram acessados por meio da intermediação das coordenações dos cursos
envolvidos e contatados via e-mail, sendo este utilizado como canal de distribuição dos
formulários e meio de acesso à plataforma de videoconferência onde ocorreu o minicurso. As
ações junto ao público pesquisado ocorreram no ano de 2022, sendo os questionários pré-
intervenção aplicados no dia 7 de março.
A pesquisa envolveu risco mínimo de possível desconforto ocasionado por lembranças
desagradáveis ao responder alguma pergunta do questionário proposto, ou durante a
participação no minicurso e de algum cansaço em decorrência do tempo necessário para
responder todas as perguntas ou para a participação.
As fases de diagnóstico que ocorreram, foram realizadas através da aplicação de
questionários, compostos por itens que buscaram mensurar o entendimento geral dos
16
respondentes sobre o bioma Caatinga e sua percepção sobre a importância deste e da sua
conservação, conforme itens dispostos na tabela 1.
Os itens foram construídos para possibilitar a comparação dos diagnósticos a fim de
verificar a possível alteração do cenário inicialmente observado. Os questionários passaram
por pré-testes para melhoria do instrumento (CHAGAS, 2000) e foram aplicados por meio do
Google Forms.
Tabela 1. Composição dos questionários
BLOCO PRÉ-INTERVENÇÃO
Pe
rfi
ld
a
A
m
os
tra
1. Qual o seu curso
2. Período
3. Idade
4. Sexo
5. Cidade em que reside (cidade/ estado)
6. Região de procedência
7. Renda mensal familiar (valor de referência para o salário-mínimo
R$ 1.100,00)
8. Origem da sua renda Familiar
9. Fonte da água utilizada para beber e cozinhar
10. Conhece o sistema de tratamento de água e esgoto da sua residência
M
ei
o
A
m
bi
en
te 1. O que é “meio ambiente” na sua opinião?
2. Você faz algo para preservar o meio ambiente?
3. Se sim, quais atitudes você pratica que pode contribuir para a preservação
do meio ambiente?
Su
ste
nt
ab
ili
da
de 4. Você já ouviu falar em sustentabilidade?
5. O que é sustentabilidade?
C
aa
tin
ga
6. Onde você já ouviu falar sobre a Caatinga?
7. Você conhece as espécies de animais da “ Caatinga ” existentes na sua
região?
8. Você conhece as espécies de plantas da “ Caatinga ” existentes na sua
região?
9. Em sua opinião qual o nível de importância das plantas da caatinga?
10. Quando falamos sobre o bioma “Caatinga” que imagem você lembra?
11. Na sua opinião que estratégias podem ser usadas para evitar a degradação
da Catinga?
C
on
se
rv
aç
ão
da
C
aa
tin
ga
12. Quais são os maiores problemas ambientais enfrentados na região onde
você mora?
13. Na sua opinião essa vegetação da sua região é conservada ou degradada?
14. Você acha que a sustentabilidade traz impactos positivos na conservação
da Caatinga?
C
an
ai
s
de
D
is
cu
ss
ã
o
so
br
e
a
C
aa
tin
ga15. Estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga desenvolvidos nas
aulas são capazes de promover a conservação da Caatinga?
16. Sobre os canais de informação que tratam do tema Caatinga, em sua
opinião qual deles transmitem as informações com melhor qualidade?
17
BLOCO PRÉ-INTERVENÇÃO
17. Em sua escola já estudou sobre a vegetação do bioma Caatinga?
18. Em sua opinião de quem é a responsabilidade de cuidar/preservar a
Caatinga?
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados da pesquisa.
Quanto ao questionário pré-intervenção, este foi composto por 28 perguntas, das quais
10 (dez) buscavam traçar o perfil da amostra e as demais, divididas em 5 blocos temáticos
(“Meio Ambiente”, “Sustentabilidade”, “Caatinga”, “Conservação da Caatinga” e “canais de
discussão sobre a Caatinga”), para compor a percepção e compreensão dos respondentes sobre
a Caatinga. Estas eram do tipo fechada (22 perguntas), múltipla escolha e em escalas do tipo
Likert, e abertas (6 perguntas).
Percurso metodológico capítulo II
Este foi composto pela versão preliminar do artigo 2 intitulada “Análise de uma
proposta didática centrada na conservação e preservação da Caatinga”, que será submetido à
Revista Brasileira de Educação Ambiental, Qualis – CAPES A4 na área de Ciências
Ambientais.
A intervenção consistiu em um minicurso intitulado “Bioma Caatinga e seus potenciais”,
que foi aplicado nos dias 7 a 10 de março, com carga-horária de 10 (dez) horas, onde foi
abordado: 1) Conservação e uso da biodiversidade, 2) espécies nativas e sua relação com os
demais organismos; 3) Alternativas tecnológicas para um meio de sobrevivência sustentável;
4) Aumento da capacidade econômica, cultural e social da população e 5) Gestão de recursos
água e solo.
No minicurso cada uma das 4 temáticas foi trabalhada em 2 horas e 30 minutos, sendo
cada uma delas abordadas em um dia, no turno da manhã, das 8 horas às 10 horas e 30
minutos. O minicurso foi realizado por meio de videoconferência, pela Plataforma Google
Meet, tendo em vista que no período de realização das atividades a instituição à qual os alunos
estão vinculados não havia retornado às atividades acadêmicas presenciais, em virtude da
pandemia.
Ao final do minicurso foi disponibilizado o questionário pós-intervenção, que ficou
disponível para resposta até o dia 11 de março. O questionário pós-intervenção foi composto
por 23 perguntas, das quais 6 (seis) buscavam traçar o perfil da amostra e as demais, divididas
em 5 blocos temáticos (“Meio Ambiente”, “Sustentabilidade”, “Caatinga”, “Conservação da
Caatinga” e “canais de discussão sobre a Caatinga”), para compor a percepção e compreensão
dos respondentes sobre a Caatinga e sobre a intervenção. Estas foram do tipo fechada (22
18
perguntas), de múltipla escolha e em escalas do tipo Likert, e abertas (1 pergunta), conforme
exposto na tabela 2.
Tabela 2. Composição dos questionários
BLOCO QUESTIONÁRIO PÓS-INTERVENÇÃO
Perfil da
Amostra
1. Qual o seu curso?
2. Período
3. Idade
4. Sexo
5. Cidade emque reside (cidade/estado)
6. Região de procedência
Meio Ambiente 7. Você faz algo para preservar o meio ambiente?
Sustentabilidade
8. Você já ouviu falar em sustentabilidade?
9. Você acha que a sustentabilidade traz impactos positivos na
conservação da Caatinga?
Caatinga
10. Você conhece e as espécies de animais da “Caatinga” existentes na
sua região?
11. Você conhece e as espécies de plantas da “Caatinga” existentes na
sua região?
12. Em sua opinião qual o nível de importância das plantas da
caatinga?
13. Você utiliza algumas plantas da Caatinga?
Conservação da
Caatinga
14. Na sua opinião essa vegetação da sua região é conservada ou
degradada?
15. A Caatinga sofre com as ações humanas, com o uso de seus
recursos naturais sem medidas de sustentabilidade. Sabendo disso quais
atitudes podemos tomar para preservar a Caatinga?
16. O que acontecerá com a Caatinga caso medidas de preservação não
sejam tomadas?
17. Na sua opinião que estratégias podem ser usadas para evitar a
degradação da Catinga?
Canais de
Discussão sobre
a Caatinga
18. Estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga
desenvolvidos nas aulas são capazes de promover a conservação da
Caatinga?
19. Sobre os canais de informação que tratam do tema Caatinga, em
sua opinião qual deles transmitem as informações com melhor qualidade?
20. A respeito do minicurso/ projetos como esses auxiliam nas
políticas de preservação da caatinga?
21. O ensino de Botânica, através do Minicurso “Bioma Caatinga seus
potenciais”, contribuiu para melhorar a sua percepção sobre a Caatinga?
22. Quanto à importância dessa atividade/minicurso?
23. Em sua opinião de quem é a responsabilidade de cuidar/preservar a
Caatinga?
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados da pesquisa.
ANÁLISE DOS DADOS
Os dados das respostas foram tabulados utilizando ferramenta de planilhas eletrônicas,
com o programa Excel 2016 e analisados através de comparação dos blocos de perguntas por
19
segmento (caracterização da amostra, visão geral do meio em que se insere e Percepção sobre
o Bioma Caatinga).
A análise foi realizada por clusters, que conforme indica Oliveira (2019) é uma
metodologia amplamente utilizada, permitindo agregar grupos distintos de maneira
homogênea, esta não foi individualizada, comparando-se os resultados obtidos pelos grupos
nos questionários (estruturados), contendo questões abertas e fechadas.
A análise verificou a variação percentual entre as análises dos grupos, demonstrando o
potencial de ações junto aos estudantes e o impacto dessas na conscientização da importância
do bioma Caatinga e da sua exploração consciente.
Para tratar os dados relativos às questões abertas, utilizou-se a análise de pertinência,
que segundo Bardin (2009), permite extrair de um número elevado de informações aquelas
que são relevantes à proposta discutida.
As análises ocorreram de maneira grupal, não individualizadas, comparando-se
intragrupo os resultados entre os levantamentos pré e pós-intervenção e intergrupos, além da
mesma análise realizada internamente, foi efetuada a análise comparativa da alteração pós-
intervenção.
As comparações se deram sobre os resultados obtidos pelos grupos nos questionários
(estruturados). A comparação buscou visualizar a variação entre as análises e grupos, a fim de
verificar o potencial de das ações junto aos estudantes e o impacto dessas na conscientização
da importância do bioma Caatinga e da sua exploração consciente.
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CAPÍTULO I
PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DO
SERTÃO DO ARARIPE
PERNAMBUCANO SOBRE A
CAATINGA
Adriene Alves de Souza¹
Ivaneide Alves Soares da Costa²
Juliana Espada Lichston³
Resumo: A percepção das pessoas sobre o meio em que se inserem é
influenciada conforme os fatores que o envolvem, e esta reflete na dicotomia
da valorização/desvalorização identificada sobre a Caatinga. Apesar de ser
estigmatizado como sinônimo de miséria, a caatinga é um dos biomas
brasileiros que tem a identidade cultural como fonte de valorização. Mostra-se
bastante relevância a inserção de estudos da percepção ambiental no contexto
escolar, para que se inicie uma tomada de consciência e percepção do
ambiente a partir das primeiras etapas de formação básica do indivíduo. Este
artigo visa identificar qual a visão de inseridos na vivência da Caatinga sobre
este bioma, por meio da aplicação de questionários, com uma análise quali-
quantitativa. Os resultados reportam ainda uma predominância de uma visão
limitada sobre a Caatinga bem como das riquezas contidas no bioma.
Observou a importância da caatinga e o desenvolvimento de ações de ensino
como fonte de conscientização e reconhecimento no ambiente escolar.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Ensino; Conservação; Nordestino.
Abstract: People's perception of the environment in which they live is
influenced according to the factors that surround it, and this reflects on the
dichotomy of valorization/devaluation identified on the Caatinga. Despite being
stigmatized as a synonym of misery, the caatinga is one of the Brazilian biomes
that has cultural identity as a source of appreciation. The insertion of studies of
environmental perception in the school context is very relevant, so that an
awareness and perception of the environment begins from the first stages of the
individual's basic formation. This article aims to identify the vision of those
inserted in the experience of the Caatinga on this biome, through the application
of questionnaires, with a quali-quantitative analysis. The results also report a
predominance of a limited view of the Caatinga as well as the riches contained
in the biome. He observed the importance of the caatinga and the development
of teaching actions as a source of awareness is recognized in the school
environment.
Keywords: Environmental Education; Teaching; Conservation; Northeast.
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Introdução
A Caatinga é um dos seis biomas terrestres que compõem o espaço
geográfico brasileiro, localizado predominantemente na região Nordeste do
país. Este bioma, segundo aponta Tabarelli (2018) é estigmatizado como
sinônimo de miséria, esquecimento e dificuldade, situação que diverge dos
potenciais que o bioma possui, considerando sua fauna e flora endêmicas.
Trabalhos como o de Maia et. al. (2017) apresentam contraponto ao
estigma citado, discorrendo sobre os potenciais socioeconômicos deste bioma,
bem como do peso da identidade cultural como fonte de valorização. Esta
dualidade indica que deve haver algum fator que pode desfazer a percepção
negativa, trilhando o caminho entre a estigmatização como região de miséria
até compreensão do valor social, ambiental e econômico da Caatinga.
A discussão desta dicotomia (desvalorização/valorização) do bioma
Caatinga, perpassa pela análise da compreensão e das interações que o ser
humano faz do seu meio.
A Caatinga é reconhecida como um bioma exclusivamente brasileiro e
ocupa 862.745 km², representando 10,13% do território nacional, sendo
constituída principalmente por vegetação do tipo savana-estépica (63,3%),
estando distribuída predominantemente na região Nordeste (não alcançando
nesta, apenas o estado do Maranhão), com uma faixa residual no estado de
Minas Gerais.
Avançando, adotou-se para a definição de bioma aquela proposta pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como sendo um (2019, p.
149).
conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo
agrupamento de tipos de vegetações contíguos e identificáveis
em escala com condições geoclimáticas similares e história
compartilhada de mudanças e uma diversidade biológica
própria.
Uma das principais características desse bioma, que reflete inclusive
na realidade socioeconômica dos habitantes desta região, é o seu clima,
quente e sazonalmente seco (IBGE, 2019).
Este clima molda a hidrologia da Caatinga, com longos períodos de
déficit hídricoseguidos de chuvas intermitentes e períodos de chuvas
torrenciais que podem faltar por anos, refletindo em sua flora com plantas
resistentes ao estresse hídrico e às temperaturas elevadas.
Tais características nomearam este bioma, pois a adaptação da
vegetação à esta situação impôs um regime de folhagem que se apresenta
durante o período de chuvas e decai nos períodos de seca, tornando a
vegetação esbranquiçada, daí o nome Caatinga, do tupi-guarani, que significa
“mata (caa) branca (tinga)”.
Com uma ocupação historicamente baseada na pecuária e na
agricultura de subsistência (EVANGELISTA, 2010), a região da Caatinga sofre
nas últimas décadas com a exploração predatória dos recursos naturais,
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impactando na composição e diversidade da flora e da fauna e em fatores que
aceleram o processo de desertificação (KILL; PORTO, 2019).
Segundo estudos da Flora do Brasil (2020), a Caatinga possui 4.963
espécies de plantas, das quais 30,1% caracterizam-se por um algum grau de
ameaça de extinção, e da sua fauna, 10,57% das 1.182 analisadas pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (2018),
estavam na mesma situação.
Esta situação corrobora as observações de Santos et al. (2011), que já
apontavam a pouca quantidade de unidades de conservação na Caatinga,
além de ser um dos biomas menos estudados, a despeito da importância
socioeconômica do bioma, o que ratifica a importância do processo
educacional como ferramenta de apoio ao processo de conservação.
Ao abordar esse assunto buscou-se identificar a percepção de alunos
que vivenciam a Caatinga em seu cotidiano e a percepção da importância da
educação para a formação desta. Para tal faz-se necessário verificar o perfil do
público analisado, como este percebe a Caatinga e elencar fatores
relacionados à educação que possam contribuir para esta percepção.
O público estudado foi composto por alunos, de nível médio/técnico, do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano
(IFSertãoPE), campus Ouricuri, pois estes, que residem e vivenciam a
Caatinga, possuem um grande conhecimento experienciado no dia a dia deste
bioma.
Através da aplicação de questionários percebeu-se que os indivíduos
apresentaram dificuldades em citar nomes das espécies, talvez pela carência
de uma abordagem mais didática por parte dos docentes ou até mesmo por
limitação das informações apresentadas nos livros didáticos, o que evidencia a
necessidade de maior empenho das instituições de ensino na disseminação de
conhecimento científico relacionado à temática.
O ambiente educativo da escola pode ser usado como instrumento
norteador para formação da identidade ecológica, explorando seus conceitos e
metodologias capazes de despertar, nos indivíduos, essa consciência e
mentalidade conservacionista. Busca-se compreender o quanto o desequilíbrio
ambiental compromete a qualidade de vida de todos os indivíduos inseridos no
ambiente.
Utilizando dos saberes experienciais dos alunos e com atribuição de
significado a esse conhecimento os estudantes se sentirão mais familiarizados
e motivados com os estudos e também, mas não apenas, com a disciplina de
ciências e biologia, facilitando a aprendizagem. Para Vygotsky (2008) a
aprendizagem se dá numa relação dialética entre sujeito e sociedade a seu
redor, a chamada experiência pessoalmente significativa.
Considerando o conjunto de saberes e conhecimentos prévios, que
compõem a base para a construção de uma ação educacional, seguiu-se com
a discussão sobre a percepção.
A análise de percepção nasce na psicologia e é envolta de discussões
filosóficas, conforme descreve Merleau-Ponty (2017), importando na posição
do corpo em determinado espaço para que se construa, sendo assim uma
fotografia de momento, estando em constante mudança como nossa
interpretação da realidade.
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Nessa linha, a análise proposta vai ao encontro das críticas apontadas
por Marin (2008), quanto aos pontos que deveriam ser centrais na
compreensão da percepção sobre questões ambientais, questionando sobre as
bases de conhecimento já construído dos respondentes, como identificam a
relação individuo/meio onde os respondentes se inserem coletivamente.
Esta análise, conforme aponta Melo (2005), possui importância no
cenário internacional, tendo sido objeto de estudo do projeto Man and
Biosphere -13, já na década de 1990, que tinha como principal tema a
percepção do meio ambiente.
Sendo a percepção única de cada indivíduo e tendo como pré-requisito
para a sua existência de “algum interesse no objeto de percepção” (PALMA,
2005, p. 16), a educação, com seu compromisso formativo, possui papel
racionalmente lógico nesta construção.
Destarte, ainda segundo Palma (2005), a análise da percepção
ambiental, pode contribuir para a defesa do meio em que o ser humano se
insere, podendo, o mero convite para discutir esse tema, atuar como fagulha
propulsora do interesse dos estudantes pela temática, servindo como estímulo
formativo, visando formar cidadãos que possam encarar os problemas
socioambientais por meios éticos, culturais e políticos.
E esta é a base que se buscou neste trabalho, identificar como os
estudantes interpretam o meio em que estão inseridos, a saber, a região do
Sertão do Araripe Pernambucano, para que seja possível identificar modos de
ampliar o espectro de alcance dos estudantes, tomando por base suas
reflexões.
A contextualização da Educação Ambiental nesta pesquisa ressalta a
importância de a percepção ambiental ser abordada no contexto escolar, pois
ela é capaz de mostrar como o ser humano percebe o meio e suas relações
estabelecidas.
Partindo do pressuposto de que a educação possui um papel
transformador na compreensão do meio, este artigo visa responder ao
questionamento sobre “Qual a percepção de estudantes inseridos na vivência
da Caatinga sobre este bioma?”.
Este ponto de partida, além de compor o senso comum, tem sido
objeto de estudo ao longo dos anos, como bem apontam Barbosa Filho e
Pessôa (2010) em resenha sobre o efeito da educação no crescimento
econômico.
Os processos de ensino e aprendizagem devem ser dinâmicos e multi-
direcionais gerando a necessidade de criação de mecanismos de construção
diferentes dos tradicionalmente utilizados nas escolas (FERREIRA; LIMA;
JESUS, 2013).
Pesquisas realizadas por Abílio (2010), apontam que o ensino
fragmentado, centrado na memorização de conceitos, sem a diversificação e
ou inovação de estratégias metodológicas apresentam-se como sendo as
principais dificuldades do sistema educacional documentadas pelo Ministério
da Educação (MEC).
A Educação Pública precisa tornar-se popular e isto é traduzido pela
necessidade de universalizá-la e democratizá-la em seus diferentes níveis e
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em suas múltiplas dimensões, tornando-a, de fato, acessível às camadas
populares (ROSSASI; POLINARSKI, 2011).
O mundo globalizado encontra-se acentuadamente dividido entre
aqueles que conseguem participar das ocupações produtivas e beneficiar-se
dos avanços proporcionados pela tecnologia e aqueles que se encontram à
margem delas (BORGES; LIMA, 2007). O atual momento tem contribuído para
tornar evidente essa desigualdade.
O estudante fora das relações com o mundo e a sociedade é um ser
alienado sem condições de reagir aos múltiplos estímulos que decorrem de um
contexto cada vez mais caracterizado pela ciência e pela técnica (ROSSASI;
POLINARSKI, 2011).
É importante que o olhar dos professores, em especial os de ciências,
esteja voltado para os alunos de forma especial, atribuindo importância e
significado a ciência, para que esta não seja apenas uma disciplina curricular,
mas algo que possui bastante importância no cotidiano dos alunos.
Todo aprendizado é necessariamente mediado e isso torna o papeldo
ensino e do professor mais ativo (VYGOTSKY, 2008). Faz-se necessário assim
um ensino mais dinâmico pautado na realização de aulas dinâmicas para
facilitar a fixação do conteúdo, pois os alunos têm pouco tempo para sua
assimilação e se encontram em um novo ambiente e utilizando novas
ferramentas para o ensino, que, dada a pandemia de COVID-19, vislumbraram
o potencial da realidade do ensino remoto.
Cabe ao profissional resgatar a vivência dos alunos fora da escola,
facilitando a aprendizagem e reconstruindo sua autoestima, para que tenha
interesse em aprender e traçar objetivos positivos para sua vida (DUARTE et
al., 2004). Os alunos necessitam fazer essa contextualização da ciência com a
sua realidade para melhor desempenho nas atividades escolares.
É imprescindível o trabalho experimental nas aulas de e biologia, tanto
para melhor compreensão de alguns conteúdos como para aproximação com a
realidade do aluno visto a necessidade de estar interagindo, e a realização de
aulas apenas expositivas acabaram limitados algumas vivências, sendo um
percalço enfrentado em decorrência da pandemia de Covid-19.
Há necessidade de um bom ensino de ciências para todos,
desmistificando a ideia de que a ciência está à disposição de apenas alguns
privilegiados (DUARTE et el. 2004).
O Estado e a coletividade possuem o dever de preservar o meio
ambiente, haja vista ser um bem de uso comum do povo, ou seja, é um bem de
fruição geral da coletividade, de natureza difusa, uma res omnium (coisa de
todos) (LENZA, 2011).
Enquanto no contexto da Filosofia do Direito, Mônica Tereza Mansur
Linhares (2010, p.59), conceitua educação como:
Uma das atividades mais elementares do homem: ela se
inscreve no princípio fundador e formador do desenvolvimento
dos indivíduos e da sociedade. Esse sentido indica que a
educação é um princípio universal, descrito como fundamento
antropológico que liga o indivíduo à sua espécie, à sociedade,
à linguagem e à cultura. Movimento esse que designa um
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processo que vincula um sujeito ao seu meio ambiente, a um
sistema de sociedade, de cultura e de valores, onde tomam
lugar, muito especial as instituições de ensino.
Tal discussão dá ênfase à hipótese de a educação transformar a
realidade na qual os indivíduos estão inseridos, alinhando-se com o destaque
efetuado por Nascimento et. al. (2017) sobre o papel da educação como
ferramenta de transformação social.
Metodologia
Contexto e sujeito da pesquisa
Considerando os ambientes onde se possam haver ações
educacionais que estimulem a conscientização da importância da preservação
do bioma local, este estudo optou, tendo em vista o fácil acesso dos
pesquisadores à população, por analisar alunos de uma instituição de ensino
localizada no município de Ouricuri-PE, região do Sertão do Araripe
Pernambucano, sob as coordenadas 7° 52' 57" S e 40° 04' 54" .
O município possui população estimada de 69.969 habitantes (com
49,36% desta domiciliada na zona rural), sendo a segunda mais populosa da
região (IBGE, 2020), e um campus do IFSertãoPE que possui alunos de todas
as cidades do Sertão do Araripe Pernambucano.
A instituição, especificamente o campus de Ouricuri, foi inaugurada em
2010 e oferta 10 cursos técnicos de nível médio (Integrado em Agropecuária,
Informática e Edificações; Subsequente em Agropecuária, Informática,
Agroindústria e Edificações; Subsequente - na modalidade de Educação a
Distância - em Manutenção e Suporte em Informática; Programa Nacional de
Integração da Educação Profissional com a Educação Básica, na Modalidade
de Jovens e Adultos, (PROEJA) em Agroindústria e Edificações; e um curso de
nível superior de Licenciatura em Química, além de cursos de extensão e de
Formação Inicial e Continuada, totalizando no período letivo 2021.1, 680 alunos
regularmente matriculados (assim entendidos aqueles cuja matrícula esteja em
situação de Concludente, Estagiário, Intercâmbio, Matriculado (regular ou em
vínculo institucional) ou Não Concluído (IFSERTÃOPE, 2021).
A população estudada é composta pelos alunos que ingressaram nos
semestres letivos 2020.1, 2020.2 e 2021.1, dos cursos subsequentes em
Agropecuária e Agroindústria, (a modalidade subsequente é destinada a
estudantes que já concluíram o ensino médio), com uma amostra compostas
por 4 turmas totalizando 107 alunos.
Os cursos técnicos de nível médio Subsequente são destinados a
estudantes portadores de certificado de conclusão do Ensino Médio e
planejados de modo a possibilitar ao estudante uma habilitação profissional
técnica.
Características da pesquisa
O estudo desenvolveu-se por meio do procedimento metodológico do
estudo de caso, por focar em um objeto de estudo (GIL, 2017), aprofundando o
conhecimento sobre a realidade observada naquele cenário.
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Sobre este bioma discorreu-se o papel da educação como uma
ferramenta de construção social, a percepção dos estudantes sobre o meio, a
população analisada e o método para esta análise.
Também foi apresentada a realidade verificada, bem como as
considerações sobre esta, por meio de uma pesquisa descritiva e exploratória
sob uma abordagem qualitativa.
O roteiro permitiu compor a base conceitual sobre a Caatinga e como a
percepção sobre o meio em que o ser humano, enquanto ser social, se insere
pode contribuir para sua percepção.
Contribuindo assim, para o desenvolvimento de ações educacionais,
quando da utilização deste estudo para divulgação de conhecimentos que
possam servir como de referência para ações que visem o desenvolvimento da
região do Sertão do Araripe Pernambucano e do bioma da Caatinga.
Optou-se por abordar estudantes que convivem com a Caatinga, pela
vivência das autoras, pois estas atuam em instituições federais de ensino
localizadas no Nordeste e acompanham de perto a transformação da realidade
destes estudantes. Além das contribuições desta pesquisa para a construção
de ferramentas que auxiliem na compreensão do potencial subexplorado da
Caatinga e, consequentemente, com o desenvolvimento científico.
Ao abordar esse assunto buscou-se identificar a percepção de alunos
que vivenciam a Caatinga em seu cotidiano e a percepção da importância da
educação para a formação dela. Para tal faz-se necessário verificar o perfil do
público analisado, como este percebe a Caatinga e elencar fatores
relacionados à educação que possam contribuir para esta percepção.
As bases conceituais para a realização da pesquisa foram obtidas por
pesquisas bibliográficas que buscaram, em livros e periódicos disponíveis na
internet, bases sobre a temática da caatinga e como a educação influencia na
percepção do meio, além de fornecer subsídios para a construção dos
instrumentos de análise.
A amostra foi composta de modo não estatístico, por conveniência,
com base nos alunos que se dispuserem a participar da pesquisa, tendo sido
acessados por intermédio das coordenações de curso da instituição, por meio
do e-mail (canal escolhido em virtude do cenário de pandemia e aulas remotas),
atingindo um nível de confiança de 95% e margem de erro de 3,1%.
O diagnóstico foi realizado através da aplicação de questionários,
compostos por itens que buscaram mensurar o entendimento geral dos
respondentes sobre o bioma Caatinga e sua percepção sobre a importância
deste e da sua conservação. Os questionários passaram por pré-testes para
melhoria do instrumento (CHAGAS, 2000) e foram aplicados por meio do
Google Forms.
O questionário foi composto por 28 perguntas, das quais 8 (oito)
buscavam traçar o perfil da amostra e as demais, divididas em 5 blocos
temáticos (“Meio Ambiente”, “Sustentabilidade”, “Caatinga”, “Conservação da
Caatinga” e “canais de discussão sobre a Caatinga”), compor a percepção e
compreensão dos respondentes sobre a Caatinga. Estas eram do tipo fechada
(20 perguntas), múltipla escolha e em escalas do tipo Likert, e fechadas (8
perguntas).
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O trabalho, antes de avançar para a fase de execução foi submetido
para análise do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), utilizando a Plataforma
Brasil, sob o protocolo nº 51891321.2.0000.5537, a fim de verificar os critérios
éticos deste, por meio do CEP Central da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, visando atender ao disposto nas Resoluções nº 466/2012 e 510/2016,
do Conselho Nacional de Saúde.
Os dados das respostas foram tabulados utilizando ferramenta de
planilhas eletrônicas, utilizando programa Excel 2016 e analisados através de
comparação dos blocos de perguntas por segmento (caracterização da
amostra, visão geral do meio em que se insere e Percepção sobre o Bioma
Caatinga).
A análise foi realizada por clusters – que conforme indica Oliveira (2019)
é uma metodologia amplamente utilizada, permitindo agregar grupos distintos
de maneira homogênea –, não individualizadas, comparando-se os resultados
obtidos pelos grupos nos questionários (estruturados), contendo questões
abertas e fechadas.
A análise verificou a variação percentual entre as análises dos grupos,
demonstrando o potencial de ações junto aos estudantes e o impacto dessas
na conscientização da importância do bioma Caatinga e da sua exploração
consciente, sendo esta realizada prioritariamente por meio da análise de
pertinência, que segundo Bardin (2009) permite extrair de um número elevado
de informações relevantes à proposta discutida.
Resultados e Discussões
Inicialmente traçou-se o perfil da amostra com base nas respostas do
bloco de identificação (Tabela1). Da análise das respostas verificou-se que 45
são estudantes do curso Técnico Subsequente em Agropecuária e 43 do curso
Técnico Subsequente em Agroindústria.
A maioria dos respondentes possui idade de 18 a 24 anos, do sexo
feminino e residentes em Ouricuri-PE, sendo a maioria oriundo da zona rural.
Grande parte é de ingressante (1º período) nos cursos, com renda familiar de
até R$ 550,00, com 37,5% afirmando ter como fonte principal de renda
benefícios assistenciais, demonstrando o perfil econômico da população
analisada, onde 84,1% afirmam dispor de até 1 (um) salário-mínimo como
renda familiar.
Cumpre destacar a expressiva parcela que desconhece qual o sistema
de tratamento de água e esgoto do próprio domicílio (47,7%), sendo que a
maior parte afirma possuir água encanada (51,1%), situação melhor que a
identificada por Santana et. al. (2017) que relata, em estudo sobre o
conhecimento de estudantes quanto às etapas de tratamento de águas, que
apenas 2% afirmavam deter esta informação.
Com base nos perfis verificados pode-se analisar a percepção geral e a
cada cluster que os estudantes da região do Sertão do Araripe Pernambucano
possuem da Caatinga, mas antes de avançar cabe apresentar as
particularidades das análises combinadas dos perfis dentro dos clusters.
Dentre os alunos que residem na zona urbana, 12,2% utilizam para
consumo água advinda de carros-pipas e os demais (87,8%) dispõem de água
encanada, realidade próxima à identificada nos estudos de Soares et. al.
(2015), quanto ao percentual da população, residente em municípios de
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maioria urbana, que possuem domicílios com água encanada (89,7%), ao
passo que na zona rural, 46,8% dos respondentes dessas áreas tem como
principal meio de abastecimento de água a captação da água das chuvas em
cisternas e apenas 19,1% possuem água encanada.
Dos alunos cuja família possuem como principal fonte de renda o
trabalho na cidade, 35% possuem renda familiar superior a 1 (um) salário-
mínimo, enquanto nas famílias que possuem o trabalho no campo como
principal fonte esse percentual é de 10%.
Quanto à percepção dos estudantes sobre a Caatinga, perguntados se
já haviam estudado sobre a Caatinga em sua escola, verificou-se que 72,7% já
discutiram esse tema na escola, sendo que dos que afirmaram não ter
estudado sobre a Caatinga na escola, 50% são alunos do 1º período.
Essa realidade encontra-se bem distribuída quando observado sob o
prisma da zona de residência, com a diferença percentual de apenas 5,4%
entre os alunos da zona rural e urbana que já estudaram o tema.
Tabela 1: Perfil dos Respondentes
PERFIL FREQUÊNCIA
CURSO Subsequente de Agropecuária 45 (51,1%)
Subsequente de Agroindústria 43 (48,9%)
PERÍODO
1º 41 (46,6%)
2º 8 (9,1%)
3º 21 (23,9%)
4º 18 (20,5%)
IDADE
Menores de 18 anos 11 (12,5%)
De 18 a 24 51 (58%)
De 25 a 31 13 (14,8%)
De 32 a 38 6 (6,8%)
De 38 a 49 5 (5,7%)
50 anos ou mais 2 (2,3%)
SEXO
Feminino 58 (65,9%)
Masculino 30 (34,1%)
CIDADE
Bodocó-PE 7 (8%)
Granito-PE 5 (5,7%)
Ouricuri-PE 72 (81,8%)
Santa Cruz-PE 2 (2,3%)
Santa Filomena-PE 1 (1,1%)
Trindade-PE 1 (1,1%)
PROCEDÊNCIA Zona Rural 47 (53,4%)
Zona Urbana 41 (46,6%)
RENDA FAMILIAR
MENSAL
De R$ 0,00 a R$ 550,00 41 (46,6%)
De R$ 550,01 até R$ 1.100,00 33 (37,5%)
De R$ 1.100,01 até R$ 2.200,00 11 (12,5%)
De R$ 2.200,01 a R$ 5.500,00 3 (3,4%)
PRINCIPAL FONTE DE
RENDA DA FAMÍLIA
Aposento ou Pensão 5 (5,7%)
Benefícios Assistenciais do Governo 33 (37,5%)
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PERFIL FREQUÊNCIA
Trabalho no Campo 20 (22,7%)
Trabalho da Cidade 20 (22,7%)
Outras 10 (11,4%)
ORIGEM DO
ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA RESIDÊNCIA
Açude 2 (2,3%)
Água Encanada 45 (51,1%)
Carro Pipa 18 (20,5%)
Cisterna – captação de água da chuva 22 (25%)
Poço 1 (1,1%)
CONHECE O SISTEMA
DE TRATAMENTO DE
ÁGUA E ESGOTO DA
SUA RESIDÊNCIA
Não 42 (47,7%)
Sim 46 (52,3%)
Fonte: Autoria própria, dados da pesquisa.
Iniciada a análise sobre o meio em que vivem, apenas 4,5%,
respondeu não tomar nenhuma atitude para ajudar na preservação do meio
ambiente, corroborando as afirmações de Bezerra et. al. (2014) sobre a
preocupação da maioria da população com o meio ambiente.
Do público que afirmou fazer algo para preservar o meio ambiente,
56% dispunham de ações vinculadas aos resíduos e rejeitos da atividade
humana como “Não jogar lixo”, “reciclagem”, 17,9% vincularam ações relativas
ao consumo consciente da água, como “não desperdiço água”, destaque ainda
para o percentual de menções ao aspecto das queimadas, prática vivenciada
no semiárido, com 22,6% dos respondentes percebendo a não realização de
queimadas como um fator de contribuição à preservação ambiental.
Observando o aspecto da preservação, abordados sobre
sustentabilidade, 26,1% dos respondentes informaram nunca ter ouvido falar
sobre este tema, indo esse perfil para 36,3% dentre a parcela mais jovem
(menores de 18 anos), e de apenas 6,7% para a parcela dos respondentes
com idade igual ou superior a 30 anos.
Educar para a sustentabilidade é uma preocupação da UNESCO que,
explicitou em seu plano que trata do papel da educação na promoção da
sustentabilidade, lançando em 2002 a década da Educação para o
Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), reconhece também a importância
da Carta da Terra que faz referência a educação para o desenvolvimento
sustentável.
De acordo com Gadotti (2009), sustentabilidade não se restringe a uma
disciplina como a biologia, a economia ou a ecologia, segundo o autor
sustentabilidade compreende na relação que mantemos com nós mesmos,
com os outros e com a natureza.
Ainda segundo o autor implantar uma cultura sustentável no ambiente
escolar o tornará mais cooperativo e menos competitivo contribuindo para a
construção de uma sociedade mais justa, participativa, pacífica e sustentável.
A figura 1 apresenta os locais indicados como espaços que trouxeram
esse tema, com 67% indicando ser a escola o local no qual fala-se sobre esta
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temática, ao se questionar sobre onde os estudantes ouvem falar sobre o
bioma da Caatinga.
Atualmente os meios de comunicação, sobretudo a TV, estão mais
acessíveis à população, no entanto vale ressaltarque algumas informações
podem ser assimiladas pelos estudantes de forma equivocada e conforme
estudos realizados por Pereira et al. (2011) e Lima e Vasconcelos (2006), este
meio de comunicação é o segundo mais utilizado pelos estudantes, seguido da
escola.
Esta realidade reforça o esforço dos profissionais de educação
identificado por Santos et. al. (2016), que apontava a dificuldade sentida pela
população estudada no seu trabalho em tratar, de forma ampla, da temática do
semiárido com a maioria fazendo isto de maneira transversal.
Reconhecendo assim o professor como um mediador importante para
uma Educação Ambiental de forma que subsidie ações e reflexões
transformadoras por meio do ensino, sensibilizando sobre a conservação do
bioma Caatinga nesse sentido a formação docente para a construção do saber
ambiental é fundamental (SILVA et al, 2015).
Figura 1: Onde os respondentes ouvem falar da Caatinga.
Fonte: Autoria própria, dados da pesquisa.
Portanto é necessária uma educação contextualizada que oferte
suporte para que a população conviva no bioma Caatinga, para que estes
possam compreender as possibilidades e viabilidades de formas de convívio
sustentável, promovendo uma interação e uma percepção das questões
sazonais (SOUZA; PAIVA, 2017).
Tendo em vista que as problemáticas ambientais são cada vez mais
frequentes no dia a dia da sociedade, sendo uma questão que necessita ser
abordada por todos os indivíduos que compõem esta coletividade (MEDEIROS,
et al., 2011), a inclusão da educação ambiental como uma disciplina nas
escolas do Brasil pode ter um impacto significativo.
Ao analisar o conhecimento dos estudantes sobre a fauna e a flora da
Caatinga, 85,2% informaram conhecer os animais ou as plantas do bioma.
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Sendo que 93,1% consideram a vegetação desse bioma muito importante, com
76,1% reconhecendo que esta encontra-se degradada.
Um dos principais desafios enfrentados pela sociedade atual é
preservar o meio ambiente, segundo Vasconcelos e Silva (2015) é através da
educação enquanto ação formativa que iremos desenvolver e conhecer
alternativas de preservação, criando uma consciência ecológica que contribua
para uma convivência harmoniosa entre os indivíduos e o ambiente, mantendo
sua integridade, propiciaremos uma sociedade justa para as atuais e as futuras
gerações
Ao serem questionados sobre como evitar a degradação 23,9% citam
ações relacionadas a conscientização da população, valorização e pesquisa
sobre o bioma como fatores relevantes.
A importância da sala de aula como ferramenta de suporte à
conservação da Caatinga se destaca ao verificar a questão sobre o fato de
estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga desenvolvidos nas
salas de aulas serem capazes de promovê-la, para 89,7% dos respondentes.
Este resultado indica que os respondentes concordam em algum grau
com esta afirmação, sendo este ambiente um local de destaque, transmitindo,
para 65,9% dos respondentes, informações com melhor qualidade sobre o
Bioma.
Espera-se que a escola como local de disseminação do conhecimento
possa através de seus instrumentos metodológicos, implementar atividades de
sensibilização ambiental, formando cidadãos comprometidos com as questões
socioambientais (AZEVEDO et al., 2012).
Por fim, questionados sobre qual imagem lembram ao falarmos sobre
Caatinga, 93,3% dos respondentes expressaram suas percepções, dos quais
20,2% remetem explicitamente a questões agradáveis, exemplo “lembro que a
caatinga é uma forma de beleza que nós podemos observar”, “a imagem do
nosso semiárido, ou seja, das nossas belezas naturais”.
Houve ainda o registro de 33,7% respostas que fazem referência a
aspectos hídricos da Caatinga vinculando à seca ou aspectos relacionados à
escassez de água.
E, buscando identificar a percepção sobre a quem compete cuidar
deste Bioma, verificou-se a seguinte distribuição, apresentada na figura 2.
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Figura 2: Quem deve cuidar da/preservar a Caatinga
Fonte: Autoria própria, dados da pesquisa.
Destaque para o percentual dos respondentes que entendem ser de
responsabilidade de todos este cuidado, com 84,1% indicando toda a
população como responsável, demonstrando a conscientização da
responsabilidade da sociedade sobre o meio em que vivem.
Considerações finais
A percepção que se tem da Caatinga, no grupo de estudantes
amostrado, é como um ambiente rico, porém castigado pela seca. Uma
percepção muitas vezes vinculada a aspectos que permeiam a própria vivência
do indivíduo inserido nesta região.
Destarte demonstra-se importante seguir com estudos, inclusive ações
de intervenção que tenham a educação como enfoque, que ajudem a construir
um imaginário de valorização e reconhecimento do potencial e valor da
Caatinga, subsidiando as mudanças necessárias ao desenvolvimento deste
bioma.
No decorrer do estudo verificou-se a dificuldade em conduzir pesquisas
sociais durante o período de isolamento social, com natural perda do contato
direto do pesquisador com a população objeto do estudo.
Esta realidade tornou a condução da pesquisa estritamente virtual, o
que limita a análise da percepção exclusivamente aos registros do questionário,
desconsiderando-se sinais não verbais e a vivência da sala de aula e do
debate coletivo.
Nota-se que a percepção dos estudantes, que residem no Sertão do
Araripe Pernambucano, região inserida no território da Caatinga, sobre este
ainda exibe uma predominância da visão negativa (34,1% dos respondentes)
sobre a visão positiva (20,5% dos respondentes).
A forma como a televisão aborda a temática, utilizando todos seus
recursos de som e imagem, por vezes criando trilhas sonoras sensacionalistas,
produzem conteúdo estigmatizando como uma região que enfrenta sérios
problemas, associando a este pobreza e fome, retratando população de forma
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vitimizada, miserável e subdesenvolvida, o que acaba induzindo ao público um
ter um olhar distorcido sobre a realidade do Bioma
Esta percepção negativa demonstra uma análise que ignora os
potenciais econômicos e culturais da Caatinga, enquanto bioma único e de
riqueza cultural ímpar, vinculando-se em sua maioria aos aspectos físico-
climáticos da região.
Ainda assim, é notável a necessidade de desenvolvimento de
pesquisas com essa configuração e objetivo também para outros biomas ou
regiões administrativas do mesmo bioma.
As escolas como fontes de informação sobre a Caatinga cumprem um
papel desafiador de ensinar em uma sociedade tão tecnológica, e diante disso
é necessário que haja uma integração dos meios tecnológicos as práticas
educativas no contexto educacional para que as aulas se tornem mais
dinâmicas, despertando assim mais interesse nos estudantes, facilitando o
aprendizado e contribuindo para a formação de um cidadão consciente.
Ao realizar estudos deste tipo será possível criar uma base
interregional da percepção da comunidade, para que se possa apresentar à
sociedade, por meio da ciência, base documental que aporte o
desenvolvimento de ações educacionais voltadas à valorização do meio
ambiente, e no caso específico desta pesquisa, do bioma da Caatinga.
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