Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA VALORIZAÇÃO DA CAATINGA: CONTRIBUIÇÕES DE UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA ESTUDANTES DO ENSINO TÉCNICO A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA ADRIENE ALVES DE SOUZA 2023 Natal – RN Brasil Adriene Alves de Souza VALORIZAÇÃO DA CAATINGA: CONTRIBUIÇÕES DE UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA ESTUDANTES DO ENSINO TÉCNICO A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre. Orientador:Prof(a). Dr(a) Juliana Espada Lichston Co-Orientador: Prof(a). Dr(a) Ivaneide Alves Soares da Costa 2023 Natal – RN Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB Souza, Adriene Alves de. Valorização da caatinga: contribuições de uma proposta didática para estudantes do ensino técnico / Adriene Alves de Souza. - 2023. 68 f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa Regional de Pós- graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA. Natal/RN, 2023. Orientadora: Profa. Dra. Juliana Espada Lichston. Coorientadora: Profa. Dra. Ivaneide Alves Soares da Costa. 1. Educação ambiental - Dissertação. 2. Educação - Dissertação. 3. Bioma - Dissertação. 4. Percepção - Dissertação. 5. Conscientização - Dissertação. I. Lichston, Juliana Espada. II. Costa, Ivaneide Alves Soares da. III. Título. RN/UF/BSCB CDU 504:37 Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 ADRIENE ALVES DE SOUZA Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Aprovada em: BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Juliana Espada Lichston Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN) _________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Maria do Socorro Conceição de Freitas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) _________________________________________________ Prof. Dr. Daniel Durante Pereira Alves Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN) AGRADECIMENTOS Este trabalho foi desenvolvido com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. Esta pesquisa não é um trunfo individual pois foi uma construção coletiva onde pude contar com diversas pessoas nesta caminhada e que aqui me deixo os meus mais sinceros agradecimentos. Primeiramente tenho muito a agradecer a a Deus por me ajudar a superar os caminhos mais tortuosos me dando forças em dias que já não me sentia capaz, Ele me ajudou a vencer todas as adversidades. Agradeço aos professores do PRODEMA-UFRN, em especial, a minha Orientadora Juliana Espada Lichston e a minha co-orientadora Ivaneide Alves Soares da Costa por toda contribuição dada à pesquisa. Agradeço à secretária do PRODEMA, Érica Vaz, por toda presteza no atendimento das nossas demandas. Agradeço ao meu esposo, Breno Alves, por ter sido sempre compreensivo, paciente e afetuoso, se mantendo ao meu lado nesse percurso me fortalecendo e encorajando na realização de cada etapa do mestrado. Agradeço à minha família por todo apoio, em especial meus pais, Maria de Lourdes de Souza Alves e José Laureano Alves a todos meus irmãos em especial a Adriano Alves de Souza e Ana Maria de Souza Alves. Não posso esquecer das minhas colegas do PRODEMA amigas queridas (Michele, Janaína e Rosy) que sempre estiveram ao meu lado em todos os momento difíceis me dando apoio. Agradeço também ao IFSertãoPE campus Ouricuri, a todos os docentes em especial aos do colegiado dos cursos de Agroindústria e Agropecuária da instituição por me acolherem tão bem e me apoiarem no desenvolvimento da pesquisa. E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma que contribuíram diretamente e indiretamente para elaboração e construção deste trabalho. RESUMO VALORIZAÇÃO DA CAATINGA: CONTRIBUIÇÕES DE UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA ESTUDANTES DO ENSINO TÉCNICO A situação da degradação do meio ambiente, em especial na região Nordeste do Brasil, possui raízes históricas, desde o processo de colonização e seu perfil de economia extrativista, que atrelado às práticas adotadas na agricultura de subsistência refletem na desvalorização da Caatinga. Um dos fatores que colaboram para esta desvalorização, é uma percepção equivocada da sociedade em relação a este bioma, a Disparidade da Consciência sobre Plantas, conceituada como uma capacidade reduzida que indivíduo tem sobre o mundo vegetal. Este trabalho tem como questão problema verificar “Quais as possíveis contribuições do ensino de botânica em uma proposta didática para a conscientização, preservação e valorização da Caatinga?”. O objetivo é avaliar as potenciais contribuições de uma ação educativa sobre o bioma Caatinga para a sensibilização de estudantes sobre a preservação deste. Para alcançar este objetivo, efetuou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando como procedimento metodológico a pesquisa-ação, que possui cunho educacional e permite uma ampla interação entre o pesquisador e os componentes da amostra abordada. Esta foi composta pelos alunos que ingressaram nos semestres letivos 2020.1, 2020.2 e 2021.1, nos cursos subsequentes em Agropecuária e Agroindústria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, do campus de Ouricuri, município pertencente ao Sertão do Araripe Pernambucano, alcançando um total de 88 participantes. Como ferramentas esta pesquisa utilizou de questionários aplicados antes e após a realização de uma intervenção pedagógica, um minicurso de 10 horas de duração, que abordou temas como 1) Conservação e uso da biodiversidade, 2). As espécies nativas e sua relação com os demais organismos; 3) Alternativas tecnológicas para um meio de sobrevivência sustentável; 4) Aumento da capacidade econômica, cultural e social da população e 5) Gestão de recursos água e solo. A aplicação dos questionários e a realização do minicurso foi precedida pela análise favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os dados dos questionários antes e após a intervenção pedagógica foram tabulados em planilhas eletrônicas e analisados obtendo-se a percepção dos estudantes sobre a Caatinga, antes e após a intervenção para verificar-se as possíveis contribuições para esta percepção. Inicialmente verificou-se uma predominância de percepção negativa sobre a Caatinga, porém com o reconhecimento da escola e de ações de ensino como fonte de conscientização da importância da Caatinga. Aplicado o minicurso, constatou-se uma alteração da percepção dos estudantes, com variação positiva nesta e no reconhecimento de atividades didáticas como importantes para a contribuição com a preservação e conservação da Caatinga. PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental; Educação; Bioma; Percepção; Conscientização. ABSTRACT VALUING THE CAATINGA: CONTRIBUTIONS OF A TEACHING PROPOSAL FOR TECNIC SCHOOL STUDENTS The situation of environmentaldegradation, especially in the Northeast region of Brazil, has historical roots, since the colonization process and its extractive economy profile, which, linked to the practices adopted in subsistence agriculture, reflect in the devaluation of the Caatinga. One of the factors that contribute to this devaluation is a mistaken perception of society in relation to this biome, the Disparity of Consciousness about Plants, conceptualized as a reduced capacity that the individual has about the plant world. This work has as a problem question to verify "What are the possible contributions of the teaching of botany in a didactic proposal for the awareness, preservation and valorization of the Caatinga?". The objective is to evaluate the potential contributions of an educational action on the Caatinga biome to raise awareness among students about its preservation. In order to reach this objective, a research with a qualitative approach was carried out, using action-research as a methodological procedure, which has an educational nature and allows a wide interaction between the researcher and the components of the approached sample. This was made up of students who entered the academic semesters 2020.1, 2020.2 and 2021.1, in subsequent courses in Agriculture and Agroindustry at the Federal Institute of Education, Science and Technology of the Sertão Pernambucano, on the Ouricuri campus, a municipality belonging to the Sertão do Araripe Pernambucano, reaching a total of 88 participants. As tools, this research used questionnaires applied before and after carrying out a pedagogical intervention, a 10-hour short course, which addressed topics such as 1) Conservation and use of biodiversity, 2). Native species and their relationship with other organisms; 3) Technological alternatives for a sustainable means of survival; 4) Increase of the economic, cultural and social capacity of the population and 5) Management of water and soil resources. The application of the questionnaires and the completion of the short course were preceded by a favorable analysis by the Research Ethics Committee of the Federal University of Rio Grande do Norte. The data from the questionnaires before and after the pedagogical intervention were tabulated in electronic spreadsheets and analyzed, obtaining the students' perception of the Caatinga, before and after the intervention, in order to verify possible contributions to this perception. Initially there was a predominance of negative perception about the Caatinga, but with the recognition of the school and teaching actions as a source of awareness of the importance of the Caatinga. After applying the short course, a change in the students' perception was observed, with positive variation in this and in the recognition of didactic activities as important for the contribution to the preservation and conservation of the Caatinga. KEYWORDS: Environmental education; Education; Biome; Perception; Awareness. LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO I - FIGURA 1. Onde os respondentes ouvem falar da Caatinga................... 30 CAPÍTULO I - FIGURA 2. Quem deve cuidar da/preservar a Caatinga.......................... 31 CAPÍTULO II- FIGURA 1. Quem deve cuidar da/preservar a Caatinga.......................... 50 CAPÍTULO II- FIGURA 2. Estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga desenvolvidos na sala de aula são capazes de promover a sua conservação..................... 53 CAPÍTULO II- FIGURA 3. Importância desta atividade/minicurso................................ 55 CAPÍTULO II- FIGURA 4. A intervenção contribuiu para melhora da recepção sobre a Caatinga.......................................................................................................................... 56 LISTA DE TABELAS TABELA 1. Composição dos questionários...................................................................... 16 TABELA 2. Composição dos questionários...................................................................... 17 CAPÍTULO I - TABELA 1. Perfil dos respondentes........................................................ 28 CAPÍTULO II- TABELA 1. Composição dos questionários............................................ 45 CAPÍTULO II- TABELA 2. Perfil dos respondentes........................................................ 47 SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/ FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................................................... 11 METODOLOGIA GERAL ................................................................................................ 15 CAPÍTULO 1 – Percepção de estudantes do Sertão do Araripe Pernambucano sobre a Caatinga.............................................................................................................................. 20 CAPÍTULO 2 – Análise de uma proposta didática centrada na conservação e preservação da Caatinga..................................................................................................... 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 63 REFERÊNCIAS GERAIS ................................................................................................. 65 ANEXOS............................................................................................................................ 68 11 INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A situação atual da preservação do meio ambiente, em especial na região Nordeste do Brasil, possui raízes históricas, desde o processo de colonização e seu perfil de economia extrativista (SILVA, 2020), e atrelados às práticas adotadas na agricultura de subsistência refletem na desvalorização da Caatinga, que é o bioma dominante da região. Trabalhar as questões ambientais relacionadas ao bioma Caatinga permite uma melhor compreensão das formas de mitigar o processo de degradação da Caatinga e seus efeitos, um deles é a desertificação. Os processos educativos centrados na compreensão da relação entre sociedade e meio ambiente, levando em consideração as dimensões ambientais, culturais e sociais podem desenvolver nos estudantes um senso de valorização e responsabilidade em relação a esse ecossistema criando maior engajamento incentivando estes a buscarem uma a participação ativa nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, que compõem o tripé da educação fomentando e promovendo o crescimento da consciência ambiental (JACOBI, 2003). Conforme Almeida-Cortez e colaboradores (2007) pontuam, a degradação da Caatinga está intimamente associada as práticas de cultivo inadequadas e insustentáveis repetidas ao longo dos anos. O desmatamento para extração de madeira para venda ou consumo, as queimadas, a criação de caprinos são os principais fatores que tem colaborado para a degradação ambiental levando a desertificação (ALMEIDA-CORTEZ et al., 2007). Autores como Sampaio e Batista (2003) indicam que ações como essas, ao longo dos séculos, são os principais causadores de danos a este bioma. Observando a região estudada, Sertão do Araripe Pernambucano, observa-se a predominância da indústria gesseira onde a lenha é a principal fonte de energia para as empresas da região, contribuindo fortemente para a alteração da vegetação natural e de toda a biodiversidade. A falta de conhecimento também é um dos fatores que colaboram para a desvalorização deste bioma, o que chama atenção para a Plant Awareness Disparity1 (Disparidade da Consciência sobre Plantas, em tradução livre), termo proposto por Parsley (2020), condição caracterizada pela tendência dos estudantes de não perceberem as plantas no seu entorno. 1 Expressão posta em substituição ao termo Cegueira Botânica proposto por Wandersee e Schussler em 1988, criado durante uma reunião do laboratório de pesquisas sobre cognição visual e desenvolvimento para o aprimoramento do Ensino de Biologia e Botânica, baseados em alguns princípios, dentre eles o depercepção e cognição visual (VASQUES; FREITAS; URSI, 2021). Tal termo atualmente é alvo de críticas por parte dos pesquisadores que julgam necessária uma reformulação (PARSLEY, 2020; 2021). A sua utilização neste trabalho cumpre um papel norteador de uma discussão o qual acredita-se ser necessário. 12 Há um caminho promissor na construção desta terminologia e essa ocorre adentrando aos referenciais do campo da Percepção Ambiental, por ser uma área do conhecimento rica e passível de abordagem transdisciplinar (WHITE, 1977; MARQUES et al., 2019) Como fonte de debate, o ensino de Botânica possui um papel de destaque ao apresentar os conhecimentos e saberes acumulados sobre a importância da preservação e utilização consciente dos recursos disponíveis na Caatinga. Esse ensino é sub-explorado na educação brasileira, com limitações que vão desde a formação inadequada dos professores, até a falta de suporte institucional no desenvolvimento de práticas estimulantes para o ensino deste ramo da Biologia (NASCIMENTO et al., 2017). O conceito de interdisciplinaridade refere-se à integração de diferentes disciplinas, áreas do conhecimento ou perspectivas teóricas para o estudo de um tema ou problema específico (MORIN, et al., 2014) A interdisciplinaridade envolve a cooperação entre diferentes especialistas, cada um contribuindo com seu próprio conhecimento, habilidades e métodos para a compreensão e solução de um problema complexo. A interdisciplinaridade destaca diversas vertentes conceituais, mas no contexto educacional ela visa superar a fragmentação do conhecimento, integrando e promovendo as relações interpessoais, entre as mais diversas disciplinas e áreas, e objetivando uma produção de um conhecimento cada vez mais amplo e coletivizado. É uma abordagem que busca superar a fragmentação do conhecimento e a rigidez dos limites disciplinares, integrando diferentes perspectivas para uma compreensão mais ampla e profunda de um tema ou problema, sendo fundamental para a abordagem de questões complexas e multidimensionais, como as relacionadas ao meio ambiente. Podendo ser uma estratégia importante para a formação de profissionais mais completos e preparados para lidar com desafios complexos e inovadores, que exigem uma visão holística e uma abordagem integrada. A construção de um ensino de botânica contextualizado, com o uso de novas estratégias de ensino e manipulação dos recursos disponíveis no ambiente, torna-o mais atraente e interessante ao processo de aprendizagem, fazendo uma prática educacional sincronizada e sintonizada com a vida dos estudantes na sociedade. Essa realidade instiga ciência a buscar uma solução (não exaustiva ou exclusiva, mas possível e contributiva) para a seguinte questão: “O ensino de Botânica em uma proposta didática contribui para a conscientização, preservação e valorização da Caatinga?”. Para responder tal questionamento, faz-se necessário avançar os estudos sobre o potencial e limitações da educação, em especial do ensino de Botânica, além de verificar junto 13 a públicos específicos (estudantes) os impactos das ferramentas de ensino na transformação da consciência coletiva. Paulo Freire (1979) já descrevia a educação como uma ação permanente que deve reconhecer todos os saberes, desde o advindo do empirismo campestre ao desenvolvido nos laboratórios mais tecnológicos e essa ação atualmente enfrenta algumas dificuldades, indo desde o embate pela atenção dos jovens até a disponibilidade de ambientes e ferramentas que favoreçam o seu desenvolvimento. Especialmente sobre a Botânica, segmento que corre pari passu com a Zoologia, compondo a abordagem inicial junto aos jovens estudantes (flora e fauna, respectivamente), Nascimento et al. (2017) apontam especial desinteresse dos alunos, situação que limita a abordagem sobre a preservação e valorização dos biomas. As plantas desempenham um papel fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico do planeta, através de suas diversas funções, como a produção de oxigênio e a polinização por insetos e animais. Elas atuam como reguladoras da vida no planeta e são essenciais para a manutenção dos padrões (NABORS, 2012 apud NEVES et al., 2019). Nascimento et al. (2017) destacam ainda o papel da educação como ferramenta de transformação social e através dela pode-se impactar na preservação do meio ambiente, estando esta preocupação já apontada na nossa Constituição Federal de 1988. O artigo 225, inciso VI, traz o “direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” como vital à nossa qualidade de vida e a promoção da educação ambiental como incumbência do Poder Público para garantir este direito. As definições de educação ambiental no contexto escolar são amplas, mas caracterizadas principalmente por congregar valores que conduzem a uma convivência harmoniosa entre o ser humano e o meio ambiente, adotando novos hábitos e práticas capazes de construir novos conhecimentos para uma melhor compreensão da problemática socioambiental, sendo reconhecida como instrumento formador de uma sociedade sustentável. A Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), define a Educação Ambiental como "os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade". Com a mesma preocupação, o debate no cenário mundial verifica a importância da sustentabilidade como caminho para que a completude do planeta não acabe (BOFF, 2017). No entanto, enquanto seres que agem e interagem com o meio, nós, seres humanos, não 14 podemos ignorar a necessidade de conciliar sua exploração à condição de ocupação, cabendo o cuidado com essa realidade à busca de um desenvolvimento sustentável. Por desenvolvimento sustentável tem-se aquele que conciliando a natureza, a economia e sociedade nos permite garantir o atendimento das necessidades presentes sem prejudicar a possibilidade de suprir as necessidades de gerações futuras (WIT; PYLAK, 2020). Desta forma, buscando desconstruir o estigma da Caatinga como sinônimo de miséria, esquecimento e dificuldade (TABARELLI, 2018) e sua consequente desvalorização, abordou- se por meio de uma proposta pedagógica o potencial socioeconômico deste bioma, através da apresentação da discussão deste ecossistema. O objetivo geral deste trabalho é “Avaliar as potenciais contribuições de uma ação educativa a respeito do bioma Caatinga para a sensibilização de estudantes sobre a preservação deste”. E ainda compreender a importância dos estudos sobre a Caatinga na instituição de ensino básico situada em regiões de predomínio desse bioma. Tem-se como objetivos específicos dessa pesquisa: ◆ Analisar a percepção dos estudantes quanto à importância do bioma Caatinga; ◆ Difundir conhecimentos das espécies da Caatinga por meio de uma ação educativa; ◆ Comparar o nível de conscientização dos respondentes sobre a importância da Caatinga, antes e após a utilização de uma ação educativa como ferramenta de intervenção social; A realização desta pesquisa mostra-se relevante tendo em vista a importância da Educação para a conscientização sobre a Caatinga, bem como dos fatores socioeconômicos vinculados à preservação e exploração deste bioma, como os apontados por Maia et al. (2017), que permitem a exploração econômica sustentável deste. Além destas contribuições, o desenvolvimento deste estudo possui importante estímulo à autora por realizar-se na instituição à qual pertence e na região de naturalidade e na qual reside, favorecendo diretamente o desenvolvimento da região onde está inserida. Em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa, esta Dissertação se encontra composta por esta Introdução geral, Metodologia geral empregada para o conjunto da obra (dissertação) e por dois capítulos que correspondem a artigoscientíficos estando um já publicado e o outro a ser submetidos à publicação. O Cap. 1, intitulado “Percepção de estudantes do Sertão do Araripe Pernambucano sobre a Caatinga”, foi publicado no periódico Revista Brasileira de Educação Ambiental e, portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site do referido periódico <https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/about/submissions>). 15 O Cap. 2, intitulado “Análise de uma proposta didática centrada na conservação e preservação da Caatinga”, será submetido ao periódico Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental e, portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site do referido periódico <https://periodicos.furg.br/remea/about/submissions>). METODOLOGIA GERAL Atendendo as normas do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA este trabalho possui II capítulos, traduzidos em 2 artigos distintos e complementares entre si e que apresentam o conjunto do trabalho desenvolvido. Percurso metodológico capítulo I No capítulo I, consta a versão final do artigo 1 que foi apresentada e apreciada durante o Exame de Qualificação, realizado em setembro de 2022, e esta versão corrigida foi submetida ao periódico Revista Brasileira de Educação Ambiental, Qualis – CAPES A4 na área de Ciências Ambientais, sendo aprovado e publicado em fevereiro de 2023. Para a obtenção do capítulo I intitulado “Percepção de estudantes do Sertão do Araripe Pernambucano sobre a Caatinga”, antes de avançar para a fase de execução (diagnóstico através da aplicação de questionário e intervenção onde seria ministrado um minicurso) foi submetido para análise do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), utilizando a Plataforma Brasil, sob o protocolo nº 51891321.2.0000.5537. Foram verificados os critérios éticos, por meio do CEP Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, visando atender ao disposto nas Resoluções nº 466/2012 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde. Apenas após a emissão de parecer favorável, com as devidas adequações, conforme determinaram os avaliadores a pesquisa seguiu sobre a amostra. Os alunos foram acessados por meio da intermediação das coordenações dos cursos envolvidos e contatados via e-mail, sendo este utilizado como canal de distribuição dos formulários e meio de acesso à plataforma de videoconferência onde ocorreu o minicurso. As ações junto ao público pesquisado ocorreram no ano de 2022, sendo os questionários pré- intervenção aplicados no dia 7 de março. A pesquisa envolveu risco mínimo de possível desconforto ocasionado por lembranças desagradáveis ao responder alguma pergunta do questionário proposto, ou durante a participação no minicurso e de algum cansaço em decorrência do tempo necessário para responder todas as perguntas ou para a participação. As fases de diagnóstico que ocorreram, foram realizadas através da aplicação de questionários, compostos por itens que buscaram mensurar o entendimento geral dos 16 respondentes sobre o bioma Caatinga e sua percepção sobre a importância deste e da sua conservação, conforme itens dispostos na tabela 1. Os itens foram construídos para possibilitar a comparação dos diagnósticos a fim de verificar a possível alteração do cenário inicialmente observado. Os questionários passaram por pré-testes para melhoria do instrumento (CHAGAS, 2000) e foram aplicados por meio do Google Forms. Tabela 1. Composição dos questionários BLOCO PRÉ-INTERVENÇÃO Pe rfi ld a A m os tra 1. Qual o seu curso 2. Período 3. Idade 4. Sexo 5. Cidade em que reside (cidade/ estado) 6. Região de procedência 7. Renda mensal familiar (valor de referência para o salário-mínimo R$ 1.100,00) 8. Origem da sua renda Familiar 9. Fonte da água utilizada para beber e cozinhar 10. Conhece o sistema de tratamento de água e esgoto da sua residência M ei o A m bi en te 1. O que é “meio ambiente” na sua opinião? 2. Você faz algo para preservar o meio ambiente? 3. Se sim, quais atitudes você pratica que pode contribuir para a preservação do meio ambiente? Su ste nt ab ili da de 4. Você já ouviu falar em sustentabilidade? 5. O que é sustentabilidade? C aa tin ga 6. Onde você já ouviu falar sobre a Caatinga? 7. Você conhece as espécies de animais da “ Caatinga ” existentes na sua região? 8. Você conhece as espécies de plantas da “ Caatinga ” existentes na sua região? 9. Em sua opinião qual o nível de importância das plantas da caatinga? 10. Quando falamos sobre o bioma “Caatinga” que imagem você lembra? 11. Na sua opinião que estratégias podem ser usadas para evitar a degradação da Catinga? C on se rv aç ão da C aa tin ga 12. Quais são os maiores problemas ambientais enfrentados na região onde você mora? 13. Na sua opinião essa vegetação da sua região é conservada ou degradada? 14. Você acha que a sustentabilidade traz impactos positivos na conservação da Caatinga? C an ai s de D is cu ss ã o so br e a C aa tin ga15. Estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga desenvolvidos nas aulas são capazes de promover a conservação da Caatinga? 16. Sobre os canais de informação que tratam do tema Caatinga, em sua opinião qual deles transmitem as informações com melhor qualidade? 17 BLOCO PRÉ-INTERVENÇÃO 17. Em sua escola já estudou sobre a vegetação do bioma Caatinga? 18. Em sua opinião de quem é a responsabilidade de cuidar/preservar a Caatinga? Fonte: Elaborado pela autora com base em dados da pesquisa. Quanto ao questionário pré-intervenção, este foi composto por 28 perguntas, das quais 10 (dez) buscavam traçar o perfil da amostra e as demais, divididas em 5 blocos temáticos (“Meio Ambiente”, “Sustentabilidade”, “Caatinga”, “Conservação da Caatinga” e “canais de discussão sobre a Caatinga”), para compor a percepção e compreensão dos respondentes sobre a Caatinga. Estas eram do tipo fechada (22 perguntas), múltipla escolha e em escalas do tipo Likert, e abertas (6 perguntas). Percurso metodológico capítulo II Este foi composto pela versão preliminar do artigo 2 intitulada “Análise de uma proposta didática centrada na conservação e preservação da Caatinga”, que será submetido à Revista Brasileira de Educação Ambiental, Qualis – CAPES A4 na área de Ciências Ambientais. A intervenção consistiu em um minicurso intitulado “Bioma Caatinga e seus potenciais”, que foi aplicado nos dias 7 a 10 de março, com carga-horária de 10 (dez) horas, onde foi abordado: 1) Conservação e uso da biodiversidade, 2) espécies nativas e sua relação com os demais organismos; 3) Alternativas tecnológicas para um meio de sobrevivência sustentável; 4) Aumento da capacidade econômica, cultural e social da população e 5) Gestão de recursos água e solo. No minicurso cada uma das 4 temáticas foi trabalhada em 2 horas e 30 minutos, sendo cada uma delas abordadas em um dia, no turno da manhã, das 8 horas às 10 horas e 30 minutos. O minicurso foi realizado por meio de videoconferência, pela Plataforma Google Meet, tendo em vista que no período de realização das atividades a instituição à qual os alunos estão vinculados não havia retornado às atividades acadêmicas presenciais, em virtude da pandemia. Ao final do minicurso foi disponibilizado o questionário pós-intervenção, que ficou disponível para resposta até o dia 11 de março. O questionário pós-intervenção foi composto por 23 perguntas, das quais 6 (seis) buscavam traçar o perfil da amostra e as demais, divididas em 5 blocos temáticos (“Meio Ambiente”, “Sustentabilidade”, “Caatinga”, “Conservação da Caatinga” e “canais de discussão sobre a Caatinga”), para compor a percepção e compreensão dos respondentes sobre a Caatinga e sobre a intervenção. Estas foram do tipo fechada (22 18 perguntas), de múltipla escolha e em escalas do tipo Likert, e abertas (1 pergunta), conforme exposto na tabela 2. Tabela 2. Composição dos questionários BLOCO QUESTIONÁRIO PÓS-INTERVENÇÃO Perfil da Amostra 1. Qual o seu curso? 2. Período 3. Idade 4. Sexo 5. Cidade emque reside (cidade/estado) 6. Região de procedência Meio Ambiente 7. Você faz algo para preservar o meio ambiente? Sustentabilidade 8. Você já ouviu falar em sustentabilidade? 9. Você acha que a sustentabilidade traz impactos positivos na conservação da Caatinga? Caatinga 10. Você conhece e as espécies de animais da “Caatinga” existentes na sua região? 11. Você conhece e as espécies de plantas da “Caatinga” existentes na sua região? 12. Em sua opinião qual o nível de importância das plantas da caatinga? 13. Você utiliza algumas plantas da Caatinga? Conservação da Caatinga 14. Na sua opinião essa vegetação da sua região é conservada ou degradada? 15. A Caatinga sofre com as ações humanas, com o uso de seus recursos naturais sem medidas de sustentabilidade. Sabendo disso quais atitudes podemos tomar para preservar a Caatinga? 16. O que acontecerá com a Caatinga caso medidas de preservação não sejam tomadas? 17. Na sua opinião que estratégias podem ser usadas para evitar a degradação da Catinga? Canais de Discussão sobre a Caatinga 18. Estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga desenvolvidos nas aulas são capazes de promover a conservação da Caatinga? 19. Sobre os canais de informação que tratam do tema Caatinga, em sua opinião qual deles transmitem as informações com melhor qualidade? 20. A respeito do minicurso/ projetos como esses auxiliam nas políticas de preservação da caatinga? 21. O ensino de Botânica, através do Minicurso “Bioma Caatinga seus potenciais”, contribuiu para melhorar a sua percepção sobre a Caatinga? 22. Quanto à importância dessa atividade/minicurso? 23. Em sua opinião de quem é a responsabilidade de cuidar/preservar a Caatinga? Fonte: Elaborado pela autora com base em dados da pesquisa. ANÁLISE DOS DADOS Os dados das respostas foram tabulados utilizando ferramenta de planilhas eletrônicas, com o programa Excel 2016 e analisados através de comparação dos blocos de perguntas por 19 segmento (caracterização da amostra, visão geral do meio em que se insere e Percepção sobre o Bioma Caatinga). A análise foi realizada por clusters, que conforme indica Oliveira (2019) é uma metodologia amplamente utilizada, permitindo agregar grupos distintos de maneira homogênea, esta não foi individualizada, comparando-se os resultados obtidos pelos grupos nos questionários (estruturados), contendo questões abertas e fechadas. A análise verificou a variação percentual entre as análises dos grupos, demonstrando o potencial de ações junto aos estudantes e o impacto dessas na conscientização da importância do bioma Caatinga e da sua exploração consciente. Para tratar os dados relativos às questões abertas, utilizou-se a análise de pertinência, que segundo Bardin (2009), permite extrair de um número elevado de informações aquelas que são relevantes à proposta discutida. As análises ocorreram de maneira grupal, não individualizadas, comparando-se intragrupo os resultados entre os levantamentos pré e pós-intervenção e intergrupos, além da mesma análise realizada internamente, foi efetuada a análise comparativa da alteração pós- intervenção. As comparações se deram sobre os resultados obtidos pelos grupos nos questionários (estruturados). A comparação buscou visualizar a variação entre as análises e grupos, a fim de verificar o potencial de das ações junto aos estudantes e o impacto dessas na conscientização da importância do bioma Caatinga e da sua exploração consciente. 20 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 20 CAPÍTULO I PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DO SERTÃO DO ARARIPE PERNAMBUCANO SOBRE A CAATINGA Adriene Alves de Souza¹ Ivaneide Alves Soares da Costa² Juliana Espada Lichston³ Resumo: A percepção das pessoas sobre o meio em que se inserem é influenciada conforme os fatores que o envolvem, e esta reflete na dicotomia da valorização/desvalorização identificada sobre a Caatinga. Apesar de ser estigmatizado como sinônimo de miséria, a caatinga é um dos biomas brasileiros que tem a identidade cultural como fonte de valorização. Mostra-se bastante relevância a inserção de estudos da percepção ambiental no contexto escolar, para que se inicie uma tomada de consciência e percepção do ambiente a partir das primeiras etapas de formação básica do indivíduo. Este artigo visa identificar qual a visão de inseridos na vivência da Caatinga sobre este bioma, por meio da aplicação de questionários, com uma análise quali- quantitativa. Os resultados reportam ainda uma predominância de uma visão limitada sobre a Caatinga bem como das riquezas contidas no bioma. Observou a importância da caatinga e o desenvolvimento de ações de ensino como fonte de conscientização e reconhecimento no ambiente escolar. Palavras-chave: Educação Ambiental; Ensino; Conservação; Nordestino. Abstract: People's perception of the environment in which they live is influenced according to the factors that surround it, and this reflects on the dichotomy of valorization/devaluation identified on the Caatinga. Despite being stigmatized as a synonym of misery, the caatinga is one of the Brazilian biomes that has cultural identity as a source of appreciation. The insertion of studies of environmental perception in the school context is very relevant, so that an awareness and perception of the environment begins from the first stages of the individual's basic formation. This article aims to identify the vision of those inserted in the experience of the Caatinga on this biome, through the application of questionnaires, with a quali-quantitative analysis. The results also report a predominance of a limited view of the Caatinga as well as the riches contained in the biome. He observed the importance of the caatinga and the development of teaching actions as a source of awareness is recognized in the school environment. Keywords: Environmental Education; Teaching; Conservation; Northeast. 21 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 21 Introdução A Caatinga é um dos seis biomas terrestres que compõem o espaço geográfico brasileiro, localizado predominantemente na região Nordeste do país. Este bioma, segundo aponta Tabarelli (2018) é estigmatizado como sinônimo de miséria, esquecimento e dificuldade, situação que diverge dos potenciais que o bioma possui, considerando sua fauna e flora endêmicas. Trabalhos como o de Maia et. al. (2017) apresentam contraponto ao estigma citado, discorrendo sobre os potenciais socioeconômicos deste bioma, bem como do peso da identidade cultural como fonte de valorização. Esta dualidade indica que deve haver algum fator que pode desfazer a percepção negativa, trilhando o caminho entre a estigmatização como região de miséria até compreensão do valor social, ambiental e econômico da Caatinga. A discussão desta dicotomia (desvalorização/valorização) do bioma Caatinga, perpassa pela análise da compreensão e das interações que o ser humano faz do seu meio. A Caatinga é reconhecida como um bioma exclusivamente brasileiro e ocupa 862.745 km², representando 10,13% do território nacional, sendo constituída principalmente por vegetação do tipo savana-estépica (63,3%), estando distribuída predominantemente na região Nordeste (não alcançando nesta, apenas o estado do Maranhão), com uma faixa residual no estado de Minas Gerais. Avançando, adotou-se para a definição de bioma aquela proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como sendo um (2019, p. 149). conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetações contíguos e identificáveis em escala com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças e uma diversidade biológica própria. Uma das principais características desse bioma, que reflete inclusive na realidade socioeconômica dos habitantes desta região, é o seu clima, quente e sazonalmente seco (IBGE, 2019). Este clima molda a hidrologia da Caatinga, com longos períodos de déficit hídricoseguidos de chuvas intermitentes e períodos de chuvas torrenciais que podem faltar por anos, refletindo em sua flora com plantas resistentes ao estresse hídrico e às temperaturas elevadas. Tais características nomearam este bioma, pois a adaptação da vegetação à esta situação impôs um regime de folhagem que se apresenta durante o período de chuvas e decai nos períodos de seca, tornando a vegetação esbranquiçada, daí o nome Caatinga, do tupi-guarani, que significa “mata (caa) branca (tinga)”. Com uma ocupação historicamente baseada na pecuária e na agricultura de subsistência (EVANGELISTA, 2010), a região da Caatinga sofre nas últimas décadas com a exploração predatória dos recursos naturais, 22 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 22 impactando na composição e diversidade da flora e da fauna e em fatores que aceleram o processo de desertificação (KILL; PORTO, 2019). Segundo estudos da Flora do Brasil (2020), a Caatinga possui 4.963 espécies de plantas, das quais 30,1% caracterizam-se por um algum grau de ameaça de extinção, e da sua fauna, 10,57% das 1.182 analisadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (2018), estavam na mesma situação. Esta situação corrobora as observações de Santos et al. (2011), que já apontavam a pouca quantidade de unidades de conservação na Caatinga, além de ser um dos biomas menos estudados, a despeito da importância socioeconômica do bioma, o que ratifica a importância do processo educacional como ferramenta de apoio ao processo de conservação. Ao abordar esse assunto buscou-se identificar a percepção de alunos que vivenciam a Caatinga em seu cotidiano e a percepção da importância da educação para a formação desta. Para tal faz-se necessário verificar o perfil do público analisado, como este percebe a Caatinga e elencar fatores relacionados à educação que possam contribuir para esta percepção. O público estudado foi composto por alunos, de nível médio/técnico, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), campus Ouricuri, pois estes, que residem e vivenciam a Caatinga, possuem um grande conhecimento experienciado no dia a dia deste bioma. Através da aplicação de questionários percebeu-se que os indivíduos apresentaram dificuldades em citar nomes das espécies, talvez pela carência de uma abordagem mais didática por parte dos docentes ou até mesmo por limitação das informações apresentadas nos livros didáticos, o que evidencia a necessidade de maior empenho das instituições de ensino na disseminação de conhecimento científico relacionado à temática. O ambiente educativo da escola pode ser usado como instrumento norteador para formação da identidade ecológica, explorando seus conceitos e metodologias capazes de despertar, nos indivíduos, essa consciência e mentalidade conservacionista. Busca-se compreender o quanto o desequilíbrio ambiental compromete a qualidade de vida de todos os indivíduos inseridos no ambiente. Utilizando dos saberes experienciais dos alunos e com atribuição de significado a esse conhecimento os estudantes se sentirão mais familiarizados e motivados com os estudos e também, mas não apenas, com a disciplina de ciências e biologia, facilitando a aprendizagem. Para Vygotsky (2008) a aprendizagem se dá numa relação dialética entre sujeito e sociedade a seu redor, a chamada experiência pessoalmente significativa. Considerando o conjunto de saberes e conhecimentos prévios, que compõem a base para a construção de uma ação educacional, seguiu-se com a discussão sobre a percepção. A análise de percepção nasce na psicologia e é envolta de discussões filosóficas, conforme descreve Merleau-Ponty (2017), importando na posição do corpo em determinado espaço para que se construa, sendo assim uma fotografia de momento, estando em constante mudança como nossa interpretação da realidade. 23 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 23 Nessa linha, a análise proposta vai ao encontro das críticas apontadas por Marin (2008), quanto aos pontos que deveriam ser centrais na compreensão da percepção sobre questões ambientais, questionando sobre as bases de conhecimento já construído dos respondentes, como identificam a relação individuo/meio onde os respondentes se inserem coletivamente. Esta análise, conforme aponta Melo (2005), possui importância no cenário internacional, tendo sido objeto de estudo do projeto Man and Biosphere -13, já na década de 1990, que tinha como principal tema a percepção do meio ambiente. Sendo a percepção única de cada indivíduo e tendo como pré-requisito para a sua existência de “algum interesse no objeto de percepção” (PALMA, 2005, p. 16), a educação, com seu compromisso formativo, possui papel racionalmente lógico nesta construção. Destarte, ainda segundo Palma (2005), a análise da percepção ambiental, pode contribuir para a defesa do meio em que o ser humano se insere, podendo, o mero convite para discutir esse tema, atuar como fagulha propulsora do interesse dos estudantes pela temática, servindo como estímulo formativo, visando formar cidadãos que possam encarar os problemas socioambientais por meios éticos, culturais e políticos. E esta é a base que se buscou neste trabalho, identificar como os estudantes interpretam o meio em que estão inseridos, a saber, a região do Sertão do Araripe Pernambucano, para que seja possível identificar modos de ampliar o espectro de alcance dos estudantes, tomando por base suas reflexões. A contextualização da Educação Ambiental nesta pesquisa ressalta a importância de a percepção ambiental ser abordada no contexto escolar, pois ela é capaz de mostrar como o ser humano percebe o meio e suas relações estabelecidas. Partindo do pressuposto de que a educação possui um papel transformador na compreensão do meio, este artigo visa responder ao questionamento sobre “Qual a percepção de estudantes inseridos na vivência da Caatinga sobre este bioma?”. Este ponto de partida, além de compor o senso comum, tem sido objeto de estudo ao longo dos anos, como bem apontam Barbosa Filho e Pessôa (2010) em resenha sobre o efeito da educação no crescimento econômico. Os processos de ensino e aprendizagem devem ser dinâmicos e multi- direcionais gerando a necessidade de criação de mecanismos de construção diferentes dos tradicionalmente utilizados nas escolas (FERREIRA; LIMA; JESUS, 2013). Pesquisas realizadas por Abílio (2010), apontam que o ensino fragmentado, centrado na memorização de conceitos, sem a diversificação e ou inovação de estratégias metodológicas apresentam-se como sendo as principais dificuldades do sistema educacional documentadas pelo Ministério da Educação (MEC). A Educação Pública precisa tornar-se popular e isto é traduzido pela necessidade de universalizá-la e democratizá-la em seus diferentes níveis e 24 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 24 em suas múltiplas dimensões, tornando-a, de fato, acessível às camadas populares (ROSSASI; POLINARSKI, 2011). O mundo globalizado encontra-se acentuadamente dividido entre aqueles que conseguem participar das ocupações produtivas e beneficiar-se dos avanços proporcionados pela tecnologia e aqueles que se encontram à margem delas (BORGES; LIMA, 2007). O atual momento tem contribuído para tornar evidente essa desigualdade. O estudante fora das relações com o mundo e a sociedade é um ser alienado sem condições de reagir aos múltiplos estímulos que decorrem de um contexto cada vez mais caracterizado pela ciência e pela técnica (ROSSASI; POLINARSKI, 2011). É importante que o olhar dos professores, em especial os de ciências, esteja voltado para os alunos de forma especial, atribuindo importância e significado a ciência, para que esta não seja apenas uma disciplina curricular, mas algo que possui bastante importância no cotidiano dos alunos. Todo aprendizado é necessariamente mediado e isso torna o papeldo ensino e do professor mais ativo (VYGOTSKY, 2008). Faz-se necessário assim um ensino mais dinâmico pautado na realização de aulas dinâmicas para facilitar a fixação do conteúdo, pois os alunos têm pouco tempo para sua assimilação e se encontram em um novo ambiente e utilizando novas ferramentas para o ensino, que, dada a pandemia de COVID-19, vislumbraram o potencial da realidade do ensino remoto. Cabe ao profissional resgatar a vivência dos alunos fora da escola, facilitando a aprendizagem e reconstruindo sua autoestima, para que tenha interesse em aprender e traçar objetivos positivos para sua vida (DUARTE et al., 2004). Os alunos necessitam fazer essa contextualização da ciência com a sua realidade para melhor desempenho nas atividades escolares. É imprescindível o trabalho experimental nas aulas de e biologia, tanto para melhor compreensão de alguns conteúdos como para aproximação com a realidade do aluno visto a necessidade de estar interagindo, e a realização de aulas apenas expositivas acabaram limitados algumas vivências, sendo um percalço enfrentado em decorrência da pandemia de Covid-19. Há necessidade de um bom ensino de ciências para todos, desmistificando a ideia de que a ciência está à disposição de apenas alguns privilegiados (DUARTE et el. 2004). O Estado e a coletividade possuem o dever de preservar o meio ambiente, haja vista ser um bem de uso comum do povo, ou seja, é um bem de fruição geral da coletividade, de natureza difusa, uma res omnium (coisa de todos) (LENZA, 2011). Enquanto no contexto da Filosofia do Direito, Mônica Tereza Mansur Linhares (2010, p.59), conceitua educação como: Uma das atividades mais elementares do homem: ela se inscreve no princípio fundador e formador do desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. Esse sentido indica que a educação é um princípio universal, descrito como fundamento antropológico que liga o indivíduo à sua espécie, à sociedade, à linguagem e à cultura. Movimento esse que designa um 25 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 25 processo que vincula um sujeito ao seu meio ambiente, a um sistema de sociedade, de cultura e de valores, onde tomam lugar, muito especial as instituições de ensino. Tal discussão dá ênfase à hipótese de a educação transformar a realidade na qual os indivíduos estão inseridos, alinhando-se com o destaque efetuado por Nascimento et. al. (2017) sobre o papel da educação como ferramenta de transformação social. Metodologia Contexto e sujeito da pesquisa Considerando os ambientes onde se possam haver ações educacionais que estimulem a conscientização da importância da preservação do bioma local, este estudo optou, tendo em vista o fácil acesso dos pesquisadores à população, por analisar alunos de uma instituição de ensino localizada no município de Ouricuri-PE, região do Sertão do Araripe Pernambucano, sob as coordenadas 7° 52' 57" S e 40° 04' 54" . O município possui população estimada de 69.969 habitantes (com 49,36% desta domiciliada na zona rural), sendo a segunda mais populosa da região (IBGE, 2020), e um campus do IFSertãoPE que possui alunos de todas as cidades do Sertão do Araripe Pernambucano. A instituição, especificamente o campus de Ouricuri, foi inaugurada em 2010 e oferta 10 cursos técnicos de nível médio (Integrado em Agropecuária, Informática e Edificações; Subsequente em Agropecuária, Informática, Agroindústria e Edificações; Subsequente - na modalidade de Educação a Distância - em Manutenção e Suporte em Informática; Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica, na Modalidade de Jovens e Adultos, (PROEJA) em Agroindústria e Edificações; e um curso de nível superior de Licenciatura em Química, além de cursos de extensão e de Formação Inicial e Continuada, totalizando no período letivo 2021.1, 680 alunos regularmente matriculados (assim entendidos aqueles cuja matrícula esteja em situação de Concludente, Estagiário, Intercâmbio, Matriculado (regular ou em vínculo institucional) ou Não Concluído (IFSERTÃOPE, 2021). A população estudada é composta pelos alunos que ingressaram nos semestres letivos 2020.1, 2020.2 e 2021.1, dos cursos subsequentes em Agropecuária e Agroindústria, (a modalidade subsequente é destinada a estudantes que já concluíram o ensino médio), com uma amostra compostas por 4 turmas totalizando 107 alunos. Os cursos técnicos de nível médio Subsequente são destinados a estudantes portadores de certificado de conclusão do Ensino Médio e planejados de modo a possibilitar ao estudante uma habilitação profissional técnica. Características da pesquisa O estudo desenvolveu-se por meio do procedimento metodológico do estudo de caso, por focar em um objeto de estudo (GIL, 2017), aprofundando o conhecimento sobre a realidade observada naquele cenário. 26 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 26 Sobre este bioma discorreu-se o papel da educação como uma ferramenta de construção social, a percepção dos estudantes sobre o meio, a população analisada e o método para esta análise. Também foi apresentada a realidade verificada, bem como as considerações sobre esta, por meio de uma pesquisa descritiva e exploratória sob uma abordagem qualitativa. O roteiro permitiu compor a base conceitual sobre a Caatinga e como a percepção sobre o meio em que o ser humano, enquanto ser social, se insere pode contribuir para sua percepção. Contribuindo assim, para o desenvolvimento de ações educacionais, quando da utilização deste estudo para divulgação de conhecimentos que possam servir como de referência para ações que visem o desenvolvimento da região do Sertão do Araripe Pernambucano e do bioma da Caatinga. Optou-se por abordar estudantes que convivem com a Caatinga, pela vivência das autoras, pois estas atuam em instituições federais de ensino localizadas no Nordeste e acompanham de perto a transformação da realidade destes estudantes. Além das contribuições desta pesquisa para a construção de ferramentas que auxiliem na compreensão do potencial subexplorado da Caatinga e, consequentemente, com o desenvolvimento científico. Ao abordar esse assunto buscou-se identificar a percepção de alunos que vivenciam a Caatinga em seu cotidiano e a percepção da importância da educação para a formação dela. Para tal faz-se necessário verificar o perfil do público analisado, como este percebe a Caatinga e elencar fatores relacionados à educação que possam contribuir para esta percepção. As bases conceituais para a realização da pesquisa foram obtidas por pesquisas bibliográficas que buscaram, em livros e periódicos disponíveis na internet, bases sobre a temática da caatinga e como a educação influencia na percepção do meio, além de fornecer subsídios para a construção dos instrumentos de análise. A amostra foi composta de modo não estatístico, por conveniência, com base nos alunos que se dispuserem a participar da pesquisa, tendo sido acessados por intermédio das coordenações de curso da instituição, por meio do e-mail (canal escolhido em virtude do cenário de pandemia e aulas remotas), atingindo um nível de confiança de 95% e margem de erro de 3,1%. O diagnóstico foi realizado através da aplicação de questionários, compostos por itens que buscaram mensurar o entendimento geral dos respondentes sobre o bioma Caatinga e sua percepção sobre a importância deste e da sua conservação. Os questionários passaram por pré-testes para melhoria do instrumento (CHAGAS, 2000) e foram aplicados por meio do Google Forms. O questionário foi composto por 28 perguntas, das quais 8 (oito) buscavam traçar o perfil da amostra e as demais, divididas em 5 blocos temáticos (“Meio Ambiente”, “Sustentabilidade”, “Caatinga”, “Conservação da Caatinga” e “canais de discussão sobre a Caatinga”), compor a percepção e compreensão dos respondentes sobre a Caatinga. Estas eram do tipo fechada (20 perguntas), múltipla escolha e em escalas do tipo Likert, e fechadas (8 perguntas). 27Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 27 O trabalho, antes de avançar para a fase de execução foi submetido para análise do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), utilizando a Plataforma Brasil, sob o protocolo nº 51891321.2.0000.5537, a fim de verificar os critérios éticos deste, por meio do CEP Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, visando atender ao disposto nas Resoluções nº 466/2012 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde. Os dados das respostas foram tabulados utilizando ferramenta de planilhas eletrônicas, utilizando programa Excel 2016 e analisados através de comparação dos blocos de perguntas por segmento (caracterização da amostra, visão geral do meio em que se insere e Percepção sobre o Bioma Caatinga). A análise foi realizada por clusters – que conforme indica Oliveira (2019) é uma metodologia amplamente utilizada, permitindo agregar grupos distintos de maneira homogênea –, não individualizadas, comparando-se os resultados obtidos pelos grupos nos questionários (estruturados), contendo questões abertas e fechadas. A análise verificou a variação percentual entre as análises dos grupos, demonstrando o potencial de ações junto aos estudantes e o impacto dessas na conscientização da importância do bioma Caatinga e da sua exploração consciente, sendo esta realizada prioritariamente por meio da análise de pertinência, que segundo Bardin (2009) permite extrair de um número elevado de informações relevantes à proposta discutida. Resultados e Discussões Inicialmente traçou-se o perfil da amostra com base nas respostas do bloco de identificação (Tabela1). Da análise das respostas verificou-se que 45 são estudantes do curso Técnico Subsequente em Agropecuária e 43 do curso Técnico Subsequente em Agroindústria. A maioria dos respondentes possui idade de 18 a 24 anos, do sexo feminino e residentes em Ouricuri-PE, sendo a maioria oriundo da zona rural. Grande parte é de ingressante (1º período) nos cursos, com renda familiar de até R$ 550,00, com 37,5% afirmando ter como fonte principal de renda benefícios assistenciais, demonstrando o perfil econômico da população analisada, onde 84,1% afirmam dispor de até 1 (um) salário-mínimo como renda familiar. Cumpre destacar a expressiva parcela que desconhece qual o sistema de tratamento de água e esgoto do próprio domicílio (47,7%), sendo que a maior parte afirma possuir água encanada (51,1%), situação melhor que a identificada por Santana et. al. (2017) que relata, em estudo sobre o conhecimento de estudantes quanto às etapas de tratamento de águas, que apenas 2% afirmavam deter esta informação. Com base nos perfis verificados pode-se analisar a percepção geral e a cada cluster que os estudantes da região do Sertão do Araripe Pernambucano possuem da Caatinga, mas antes de avançar cabe apresentar as particularidades das análises combinadas dos perfis dentro dos clusters. Dentre os alunos que residem na zona urbana, 12,2% utilizam para consumo água advinda de carros-pipas e os demais (87,8%) dispõem de água encanada, realidade próxima à identificada nos estudos de Soares et. al. (2015), quanto ao percentual da população, residente em municípios de 28 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 28 maioria urbana, que possuem domicílios com água encanada (89,7%), ao passo que na zona rural, 46,8% dos respondentes dessas áreas tem como principal meio de abastecimento de água a captação da água das chuvas em cisternas e apenas 19,1% possuem água encanada. Dos alunos cuja família possuem como principal fonte de renda o trabalho na cidade, 35% possuem renda familiar superior a 1 (um) salário- mínimo, enquanto nas famílias que possuem o trabalho no campo como principal fonte esse percentual é de 10%. Quanto à percepção dos estudantes sobre a Caatinga, perguntados se já haviam estudado sobre a Caatinga em sua escola, verificou-se que 72,7% já discutiram esse tema na escola, sendo que dos que afirmaram não ter estudado sobre a Caatinga na escola, 50% são alunos do 1º período. Essa realidade encontra-se bem distribuída quando observado sob o prisma da zona de residência, com a diferença percentual de apenas 5,4% entre os alunos da zona rural e urbana que já estudaram o tema. Tabela 1: Perfil dos Respondentes PERFIL FREQUÊNCIA CURSO Subsequente de Agropecuária 45 (51,1%) Subsequente de Agroindústria 43 (48,9%) PERÍODO 1º 41 (46,6%) 2º 8 (9,1%) 3º 21 (23,9%) 4º 18 (20,5%) IDADE Menores de 18 anos 11 (12,5%) De 18 a 24 51 (58%) De 25 a 31 13 (14,8%) De 32 a 38 6 (6,8%) De 38 a 49 5 (5,7%) 50 anos ou mais 2 (2,3%) SEXO Feminino 58 (65,9%) Masculino 30 (34,1%) CIDADE Bodocó-PE 7 (8%) Granito-PE 5 (5,7%) Ouricuri-PE 72 (81,8%) Santa Cruz-PE 2 (2,3%) Santa Filomena-PE 1 (1,1%) Trindade-PE 1 (1,1%) PROCEDÊNCIA Zona Rural 47 (53,4%) Zona Urbana 41 (46,6%) RENDA FAMILIAR MENSAL De R$ 0,00 a R$ 550,00 41 (46,6%) De R$ 550,01 até R$ 1.100,00 33 (37,5%) De R$ 1.100,01 até R$ 2.200,00 11 (12,5%) De R$ 2.200,01 a R$ 5.500,00 3 (3,4%) PRINCIPAL FONTE DE RENDA DA FAMÍLIA Aposento ou Pensão 5 (5,7%) Benefícios Assistenciais do Governo 33 (37,5%) 29 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 29 PERFIL FREQUÊNCIA Trabalho no Campo 20 (22,7%) Trabalho da Cidade 20 (22,7%) Outras 10 (11,4%) ORIGEM DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA RESIDÊNCIA Açude 2 (2,3%) Água Encanada 45 (51,1%) Carro Pipa 18 (20,5%) Cisterna – captação de água da chuva 22 (25%) Poço 1 (1,1%) CONHECE O SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO DA SUA RESIDÊNCIA Não 42 (47,7%) Sim 46 (52,3%) Fonte: Autoria própria, dados da pesquisa. Iniciada a análise sobre o meio em que vivem, apenas 4,5%, respondeu não tomar nenhuma atitude para ajudar na preservação do meio ambiente, corroborando as afirmações de Bezerra et. al. (2014) sobre a preocupação da maioria da população com o meio ambiente. Do público que afirmou fazer algo para preservar o meio ambiente, 56% dispunham de ações vinculadas aos resíduos e rejeitos da atividade humana como “Não jogar lixo”, “reciclagem”, 17,9% vincularam ações relativas ao consumo consciente da água, como “não desperdiço água”, destaque ainda para o percentual de menções ao aspecto das queimadas, prática vivenciada no semiárido, com 22,6% dos respondentes percebendo a não realização de queimadas como um fator de contribuição à preservação ambiental. Observando o aspecto da preservação, abordados sobre sustentabilidade, 26,1% dos respondentes informaram nunca ter ouvido falar sobre este tema, indo esse perfil para 36,3% dentre a parcela mais jovem (menores de 18 anos), e de apenas 6,7% para a parcela dos respondentes com idade igual ou superior a 30 anos. Educar para a sustentabilidade é uma preocupação da UNESCO que, explicitou em seu plano que trata do papel da educação na promoção da sustentabilidade, lançando em 2002 a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), reconhece também a importância da Carta da Terra que faz referência a educação para o desenvolvimento sustentável. De acordo com Gadotti (2009), sustentabilidade não se restringe a uma disciplina como a biologia, a economia ou a ecologia, segundo o autor sustentabilidade compreende na relação que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza. Ainda segundo o autor implantar uma cultura sustentável no ambiente escolar o tornará mais cooperativo e menos competitivo contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, participativa, pacífica e sustentável. A figura 1 apresenta os locais indicados como espaços que trouxeram esse tema, com 67% indicando ser a escola o local no qual fala-se sobre esta 30 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 30 temática, ao se questionar sobre onde os estudantes ouvem falar sobre o bioma da Caatinga. Atualmente os meios de comunicação, sobretudo a TV, estão mais acessíveis à população, no entanto vale ressaltarque algumas informações podem ser assimiladas pelos estudantes de forma equivocada e conforme estudos realizados por Pereira et al. (2011) e Lima e Vasconcelos (2006), este meio de comunicação é o segundo mais utilizado pelos estudantes, seguido da escola. Esta realidade reforça o esforço dos profissionais de educação identificado por Santos et. al. (2016), que apontava a dificuldade sentida pela população estudada no seu trabalho em tratar, de forma ampla, da temática do semiárido com a maioria fazendo isto de maneira transversal. Reconhecendo assim o professor como um mediador importante para uma Educação Ambiental de forma que subsidie ações e reflexões transformadoras por meio do ensino, sensibilizando sobre a conservação do bioma Caatinga nesse sentido a formação docente para a construção do saber ambiental é fundamental (SILVA et al, 2015). Figura 1: Onde os respondentes ouvem falar da Caatinga. Fonte: Autoria própria, dados da pesquisa. Portanto é necessária uma educação contextualizada que oferte suporte para que a população conviva no bioma Caatinga, para que estes possam compreender as possibilidades e viabilidades de formas de convívio sustentável, promovendo uma interação e uma percepção das questões sazonais (SOUZA; PAIVA, 2017). Tendo em vista que as problemáticas ambientais são cada vez mais frequentes no dia a dia da sociedade, sendo uma questão que necessita ser abordada por todos os indivíduos que compõem esta coletividade (MEDEIROS, et al., 2011), a inclusão da educação ambiental como uma disciplina nas escolas do Brasil pode ter um impacto significativo. Ao analisar o conhecimento dos estudantes sobre a fauna e a flora da Caatinga, 85,2% informaram conhecer os animais ou as plantas do bioma. 31 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 31 Sendo que 93,1% consideram a vegetação desse bioma muito importante, com 76,1% reconhecendo que esta encontra-se degradada. Um dos principais desafios enfrentados pela sociedade atual é preservar o meio ambiente, segundo Vasconcelos e Silva (2015) é através da educação enquanto ação formativa que iremos desenvolver e conhecer alternativas de preservação, criando uma consciência ecológica que contribua para uma convivência harmoniosa entre os indivíduos e o ambiente, mantendo sua integridade, propiciaremos uma sociedade justa para as atuais e as futuras gerações Ao serem questionados sobre como evitar a degradação 23,9% citam ações relacionadas a conscientização da população, valorização e pesquisa sobre o bioma como fatores relevantes. A importância da sala de aula como ferramenta de suporte à conservação da Caatinga se destaca ao verificar a questão sobre o fato de estudos, oficinas e projetos de conservação da Caatinga desenvolvidos nas salas de aulas serem capazes de promovê-la, para 89,7% dos respondentes. Este resultado indica que os respondentes concordam em algum grau com esta afirmação, sendo este ambiente um local de destaque, transmitindo, para 65,9% dos respondentes, informações com melhor qualidade sobre o Bioma. Espera-se que a escola como local de disseminação do conhecimento possa através de seus instrumentos metodológicos, implementar atividades de sensibilização ambiental, formando cidadãos comprometidos com as questões socioambientais (AZEVEDO et al., 2012). Por fim, questionados sobre qual imagem lembram ao falarmos sobre Caatinga, 93,3% dos respondentes expressaram suas percepções, dos quais 20,2% remetem explicitamente a questões agradáveis, exemplo “lembro que a caatinga é uma forma de beleza que nós podemos observar”, “a imagem do nosso semiárido, ou seja, das nossas belezas naturais”. Houve ainda o registro de 33,7% respostas que fazem referência a aspectos hídricos da Caatinga vinculando à seca ou aspectos relacionados à escassez de água. E, buscando identificar a percepção sobre a quem compete cuidar deste Bioma, verificou-se a seguinte distribuição, apresentada na figura 2. 32 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 32 Figura 2: Quem deve cuidar da/preservar a Caatinga Fonte: Autoria própria, dados da pesquisa. Destaque para o percentual dos respondentes que entendem ser de responsabilidade de todos este cuidado, com 84,1% indicando toda a população como responsável, demonstrando a conscientização da responsabilidade da sociedade sobre o meio em que vivem. Considerações finais A percepção que se tem da Caatinga, no grupo de estudantes amostrado, é como um ambiente rico, porém castigado pela seca. Uma percepção muitas vezes vinculada a aspectos que permeiam a própria vivência do indivíduo inserido nesta região. Destarte demonstra-se importante seguir com estudos, inclusive ações de intervenção que tenham a educação como enfoque, que ajudem a construir um imaginário de valorização e reconhecimento do potencial e valor da Caatinga, subsidiando as mudanças necessárias ao desenvolvimento deste bioma. No decorrer do estudo verificou-se a dificuldade em conduzir pesquisas sociais durante o período de isolamento social, com natural perda do contato direto do pesquisador com a população objeto do estudo. Esta realidade tornou a condução da pesquisa estritamente virtual, o que limita a análise da percepção exclusivamente aos registros do questionário, desconsiderando-se sinais não verbais e a vivência da sala de aula e do debate coletivo. Nota-se que a percepção dos estudantes, que residem no Sertão do Araripe Pernambucano, região inserida no território da Caatinga, sobre este ainda exibe uma predominância da visão negativa (34,1% dos respondentes) sobre a visão positiva (20,5% dos respondentes). A forma como a televisão aborda a temática, utilizando todos seus recursos de som e imagem, por vezes criando trilhas sonoras sensacionalistas, produzem conteúdo estigmatizando como uma região que enfrenta sérios problemas, associando a este pobreza e fome, retratando população de forma 33 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 33 vitimizada, miserável e subdesenvolvida, o que acaba induzindo ao público um ter um olhar distorcido sobre a realidade do Bioma Esta percepção negativa demonstra uma análise que ignora os potenciais econômicos e culturais da Caatinga, enquanto bioma único e de riqueza cultural ímpar, vinculando-se em sua maioria aos aspectos físico- climáticos da região. Ainda assim, é notável a necessidade de desenvolvimento de pesquisas com essa configuração e objetivo também para outros biomas ou regiões administrativas do mesmo bioma. As escolas como fontes de informação sobre a Caatinga cumprem um papel desafiador de ensinar em uma sociedade tão tecnológica, e diante disso é necessário que haja uma integração dos meios tecnológicos as práticas educativas no contexto educacional para que as aulas se tornem mais dinâmicas, despertando assim mais interesse nos estudantes, facilitando o aprendizado e contribuindo para a formação de um cidadão consciente. Ao realizar estudos deste tipo será possível criar uma base interregional da percepção da comunidade, para que se possa apresentar à sociedade, por meio da ciência, base documental que aporte o desenvolvimento de ações educacionais voltadas à valorização do meio ambiente, e no caso específico desta pesquisa, do bioma da Caatinga. Referências ABÍLIO, F. J. P. (Org.) Educação ambiental e ensino de ciências. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, p. 410, 2010. AZEVEDO, A. K.;SANTOS, M. C. D.; PIMENTA, H. C. D.; SILVA, V. P. A Educação Ambiental e sua influência nas atitudes de alunos de uma escola de ensino fundamental de Natal/RN. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia, v. 9, n. 4, p. 039-065, 2012. BARBOSA FILHO, F. H.; PESSÔA, S. A. Educação e crescimento: o que a evidência empírica e a teórica mostra?. Revista EconomiA. mai./ago., 2010. Disponível em: <https://ibre.fgv.br/sites/ibre.fgv.br/files/arquivos/u65/educacao_e_crescimento_- _o_que_a_evidencia_empirica_e_teorica_mostra_-_barbosa_filho_e_pessoa.pdf>.Acesso em: 29 jul. 2022. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA, 2009. 227 p. BEZERRA, Y. B. de S.; et. al. Análise da percepção ambiental de estudantes do ensino fundamental II em uma escola do município de Serra Talhada (PE). Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), [S. l.], v. 9, n. 2, p. 472–488, 2014. DOI: 10.34024/revbea.2014.v9.1851. Disponível em: https://www.periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/article/view/1851. Acesso em: 30 ago. 2022. BORGES, R. M. R.; Lima, V. D. R. Tendências contemporâneas do ensino de Biologia no Brasil. Revista electrónica de Enseñanza de las Ciências, n. 6, v. 1, 165-175, 2007 34 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 34 BRASIL. Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. Disponível em: <http://fauna.jbrj.gov.br/fauna/faunadobrasil/2>. Acesso em: 29 jul. 2021. CHAGAS, A. T. R. O questionário na pesquisa científica. Administração on-line, v. 1, n. 1, jan./fev./mar. 2000. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/art11/anival.htm>. Acesso em: 29 jul. 2022. DUARTE, T. D. et. al. Ensino de ciências no EJA: Relato de uma experiência Didática, Mato Grosso, Cuiabá, 2014. EVANGELISTA, A. R. S. O processo de ocupação do bioma Caatinga e suas repercussões socioambientais na Sisalândia-Bahia. Orientação de Creuza Santos Lage. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências. Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA. 199 p. Disponível: <https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/19766/1/ANTONIA%20EVANGELISTA.pdf >. Acesso em: 29 jul. 2022. FERREIRA, G.; LIMA, M. D. C.; JESUS, R. D. Paródias como estratégia no ensino de biologia com intermediação tecnológica. EMITEC/SEC. Salvador, 2013 GADOTTI, M. Educar para a sustentabilidade: uma contribuição à década da educação para o desenvolvimento sustentável. 2008. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2017. 189 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Biomas e sistema Costeiro-Marinho do Brasil. 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/biomas/#/home. Acesso em: 29 jul. 2022. KILL, L. H. P.; PORTO, D. D. Bioma Caatinga: oportunidades e desafios de pesquisa para o desenvolvimento sustentável. In: VILELA, E. F.; CALLEGARO, G. M.; FERNANDES, G. W. (Org.). Biomas e agricultura: oportunidades e desafios. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciência: FAPEMIG, 2019. Disponível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1108577/1/Kiill.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2022. LENZA, P. Direito constitucional esquematizado.15. ed.São Paulo: Saraiva, 2011. 1196 p. MAIA, J. M. et al. Motivações socioeconômicas para a conservação e exploração sustentável do bioma caatinga. ago. 2017 Disponível em: https://revistas.ufpr.br/made/article/view/49254/33415. Acesso em: 29 jul. 2022. MARIN, A. A. Pesquisa em educação ambiental e percepção ambiental. Pesquisa em educação ambiental, v. 3, n. 1, p. 203-222, 2008. Disponível em: <https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/pesquisa/article/view/6163>. Acessado em: 28 ago. 2022. MELO, V. L.M.O. A paisagem sob a perspectiva das novas abordagens geográficas. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 10., 2005, São Paulo. Anais..., São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005. p.9146-9165. Disponível em: <http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Teoriaymetodo/Conce ptuales/27.pdf>. Acessado em 28 ago. 2022. 35 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 35 MERLEAU-PONTY, M. O primado da percepção e suas consequências filosóficas. Autêntica, 2017. NASCIMENTO, B. M. et al. Propostas pedagógicas para o ensino de Botânica nas aulas de ciências: diminuindo entraves. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. v. 16, n. 2, p. 298-315, 2017. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Ana-Donato-5/publication/332. Acesso em 14 mar. 2021. OLIVEIRA, B. A. C. Contribuições da avaliação do atendimento para o planejamento estratégico de uma instituição federal de ensino localizada no Sertão dos Crateús. Orientação de Edjane Esmerina Dias da Silva. 2019. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) – Centro de Ciências Jurídicas e Sociais. Universidade Federal de Campina Grande, Sousa-PB, 151 p. Disponível: <http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/17220/1/BRENO%20ALVES %20CIPRIANO%20DE%20OLIVEIRA%20-%20TCC%20PROFIAP%202019.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2022. PALMA, I. R. Análise da percepção ambiental como instrumento ao planejamento da educação ambiental. Orientação de Adelir José Strieder. 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre- RS, 83 p. Disponível: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7708/000554402.pdf?sequence=1 &isAllowed=y>. Acesso em: 28 ago. 2022 ROSSASI, L. B.; POLINARSKI, C. A. Reflexões sobre metodologias para o ensino de biologia: uma perspectiva a partir da prática docente. Porto Alegre: Lume UFRGS, p. 491-4, 2011. SANTANA, K. B.; et. al. As etapas do tratamento de água: Ações do PIBID em uma escola pública de Rorainópolis-Roraima. Revista Thema, [S. l.], v. 14, n. 4, p. 267–278, 2017. DOI: 10.15536/thema.14.2017.267-278.446. Disponível em: https://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/446. Acesso em: 30 ago. 2022. SANTOS, J. O. dos, et al. A sala de aula como espaço para as discussões relacionadas às questões ambientais da Caatinga nordestina. Grupo 5-Agronegócio, Mercados e Comercialização, p. 1550, 2016. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Evanio-Mascarenhas-Paulo- 2/publication/313633263_CONVERGENCIA_DE_MERCADOS_INTRA- REGIONAIS_DE_MILHO_NO_BRASIL/links/58a0a91e92851c7fb4bf4019/CONVERG ENCIA-DE-MERCADOS-INTRA-REGIONAIS-DE-MILHO-NO-BRASIL.pdf#page=86>. Acessado em 30 ago. 2022. SILVA, E.; et al. Avaliação do saber ambiental de professores do ensino público do município de São Bento, Paraíba. Scientia Plena, v. 11, n. 9, p. 1-11, 2015. SOARES, R. A. S.; et al. Determinantes socioambientais e saúde: O Brasil rural versus o Brasil urbano. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, v.9, n. 2, p. 221-235, 28 out. 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.18569/tempus.v9i2.1718>. Acessado em 30 ago. 2022. 36 Revbea, São Paulo, V. 18, No 1: 211-223, 2023. revista brasileira de educação ambiental 36 SOUZA, L. S. de; et al. Percepção ambiental do bioma caatinga no contexto escolar. Revista Iberoamericana de Educación, 2017. SOUZA, N. S.; PAIVA, C. C. Água no Semiárido: Discursos e Práticas Divergentes. ComSertões: Revista de comunicação e cultura no semiárido, n. 5, jul/dez, 2017 - Juazeiro: UNEB/DCH, 2017. Disponível em: < http://www.revistas.uneb.br/index.php/consertoes/index ISSN 2357- 8963. Acessado em 30 ago. 2022. TABARELLI, M. et al. Caatinga: legado, trajetória e desafios rumo à sustentabilidade. Cienc. Cult. São Paulo, v. 70, n. 4, p. 25-29, out. 2018. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009- 67252018000400009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 mar. 2021. THE BRAZIL FLORA GROUP. Flora do Brasil. 2020.Disponível: <https://dspace.jbrj.gov.br/jspui/bitstream/doc/118/5/Flora%202020%20digital.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2022. UNESCO. Educação para um futuro sustentável: uma visão transdisciplinar para uma ação compartilhada. Brasília, 1999. _________. Década das Nações Unidas da educação para o desenvolvimento sustentável (2005-2014). Brasília, 2005 VASCONCELOS, H. D. L.; SILVA, E. Research in Environmental Education in the state of Paraíba, Brazil: analysis of its insertion and professors´ commitment in postgraduate courses. Revista Brasileira de Educação Ambiental, v. 10, n. 2, p. 113-125, 2015. VYGOTSKY, L. O teórico do ensino como processo social. Rev.Nova Escola: Grandes Pensadores, n.19, p.92-94, 2008. 37 Revista Eletrônica
Compartilhar