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Características quantitativas de carcaça em cordeiros precoces em regime de pasto com diferentes níveis de suplementação proteica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
JANAÍLA ESTHER SANTOS DA SILVA
CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA EM CORDEIROS PRECOCES EM
REGIME DE PASTO COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA
MACAÍBA/RN
NOVEMBRO/2023
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JANAÍLA ESTHER SANTOS DA SILVA
CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA EM CORDEIROS PRECOCES EM
REGIME DE PASTO COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA
Monografia apresentada ao
curso de Graduação em
Zootecnia, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel
em Zootecnia.
MACAÍBA/RN
NOVEMBRO/2023
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JANAÍLA ESTHER SANTOS DA SILVA
CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA EM CORDEIROS PRECOCES EM
REGIME DE PASTO COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA
Monografia apresentada ao
curso de Graduação em
Zootecnia, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel
em Zootecnia.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Valdi de Lima Junior
Orientador
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Profa. Dr(a). Juliete de Lima Gonçalves
Membro interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Prof. Dr. Carlo Aldrovandi Torreão Marques
Membro interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola
de Jundiaí - EAJ - Macaiba
Silva, Janaila Esther Santos da.
Características quantitativas de carcaça em cordeiros precoces
em regime de pasto com diferentes níveis de suplementação
proteica / Janaila Esther Santos da Silva. - 2023.
23f.: il.
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias,
curso de Zootecnia. Macaíba, RN, 2023.
Orientador: Prof. Dr. Valdi de Lima Júnior.
1. Ovinos - Monografia. 2. Musculosidade - Monografia. 3.
Composição tecidual - Monografia. I. Lima Júnior, Valdi de. II.
Título.
RN/UF/BSPRH CDU 636.3
Elaborado por Elaine Paiva de Assunção - CRB-15/492
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar, pois foi Ele que me permitiu chegar até esse
momento e vencer todas as dificuldades desta jornada. Sei que muitas coisas estão por
vir e que sou imensamente capaz de viver cada uma delas.
Externo minha gratidão a minha mãe Juraci por todo suporte financeiro e
carinhos nos momentos bons e ruins. Gratidão por comemorar cada conquista minha
como se fosse sua e estar por perto para aplaudir meu sucesso, eu a amo intensamente.
Sou grata a minha irmã Jéssica por todo amor, conselhos e momentos de
descontração para que eu lembrasse que minha vida é única e que ela deve ser vivida da
melhor forma possível. Obrigada por dar créditos a minha inteligência, determinação e
coragem. Você é meu exemplo, e sou feliz por te ter como minha irmã.
Agradeço ao grupo RuminAção e aqueles que estiveram mais que dispostos a
ajudar no meu experimento, no processamento dos dados e nas demais atividades que
surgiam, além de serem parceiros nas atividades do setor e da vida. Vocês foram
essenciais nesse período de tempo.
Agradeço a Rusticus Jr. por contribuir de uma forma gigantesca no meu avanço
pessoal e profissional, a equipe que ali está tem um espaço especial em meu coração.
Gratidão aos colegas e amigos de curso, vocês foram e são essenciais em minha
vida; a minha jornada nesse curso só foi mais leve porque fomos âncoras uns para os
outros. Agradeço em especial à Isadora, Samira, Hudson, Roberta, Alice, Giselle e Janmili,
pessoas que tenho um grande carinho e que estiveram comigo em diversos momentos
dessa vida. Que bom ter vocês por perto!
Agradeço mais que em especial a minha amiga, irmã de coração e colega de curso
Jucynara por estar presente em minha vida em todos esses longos anos de curso.
Passamos por muitas coisas juntas, boas ou dolorosas, mas nunca perdemos a fé em
nossa capacidade e força de vontade de vencer. Serei eternamente grata a você por tudo
e estarei aqui para aplaudir seus sucessos.
Agradeço aos professores que contribuíram com minha caminhada como
estudante de zootecnia, em especial ao professor Valdi, que sempre esteve disposto a
ensinar, aconselhar e dar oportunidades, e também ao professor Luis Henrique por toda
paciência, disposição e carinho para resolvermos nossas problemáticas acadêmicas da
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melhor forma. Serei eternamente grata a ambos e não esquecerei tudo o que me foi
ensinado.
Agradeço aos demais que acompanharam todo esse processo e me trouxeram
conforto de algum modo, meu coração se alegra por isso.
7
Trabalho de Conclusão de Curso redigido em formato de artigo científico para obtenção de
título de zootecnista, seguindo as normas da Revista Brasileira de Zootecnia (RBZ).
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................12
2. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................................................ 13
3. RESULTADOS................................................................................................................................................... 17
4. DISCUSSÃO........................................................................................................................................................18
5. CONCLUSÕES................................................................................................................................................... 22
9
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1................................................................................................................................................................... 13
Tabela 2................................................................................................................................................................... 17
Figura 1....................................................................................................................................................................14
Figura 2....................................................................................................................................................................14
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RESUMO - Objetivou-se com este estudo avaliar as características quantitativas
da carcaça de cordeiros mestiços das raças Dorper x Santa Inês em pastagem cultivada
de Brachiaria, submetidos a diferentes níveis de suplementação proteica (15%, 20% e
25% de PB). Foram utilizados 18 cordeiros mestiços, castrados, sendo machos e fêmeas,
distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos e seis
repetições. Ao atingirem 90 dias de experimento, os animais foram submetidos ao abate,
para avaliações das características da carcaça e as pernas dissecadas em músculo, osso,
gorduras subcutânea e intermuscular para cálculo do índice de musculosidade e as
proporções e relações entre músculo, osso e gordura. O índice de musculosidade, pesos
da perna, osso, músculo e gordura; proporções percentuais de osso, músculo e gordura;
relação músculo:osso e músculo:gordura; peso e comprimento do fêmur; peso dos cinco
músculos e outros, não sofreram influência da suplementação com os diferentes níveis
de suplementação proteica. Os diferentes níveis de suplementação proteica não alteram
a composição tecidual e índice de musculosidade de cordeiros mestiços Santa Inês x
Dorper em pastagem cultivada.
Palavras-chave: composição tecidual; musculosidade; ovinos
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QUANTITATIVE CARCASE CHARACTERISTICS IN EARLY LAMBS ON GRASS WITH
DIFFERENT LEVELS OF PROTEIN SUPPLEMENTATION
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the quantitative characteristics
of the carcass of crossbredDorper x Santa Inês lambs on cultivated Brachiaria pasture,
subjected to different levels of protein supplementation (15%, 20% and 25% CP). 18
crossbred, castrated lambs, male and female, were used, distributed in a completely
randomized design, with three treatments and six replications. Upon reaching 90 days
of experiment, the animals were subjected to slaughter, for evaluation of carcass
characteristics and the legs dissected into muscle, bone, subcutaneous and
intermuscular fat to calculate the index of muscularity and the proportions and
relationships between muscle, bone and fat. The muscularity index, leg weights, bone,
muscle and fat; percentage proportions of bone, muscle and fat; muscle:bone and
muscle:fat ratio; weight and length of the femur; weight of the five muscles and others,
were not influenced by supplementation with different levels of protein
supplementation. The different levels of protein supplementation do not alter the tissue
composition and muscularity index of Santa Inês x Dorper crossbreed lambs on
cultivated pasture.
Keywords: tissue composition; muscularity; sheep
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1. INTRODUÇÃO
As forragens são a base alimentar na produção de animais ruminantes no Brasil,
com baixo custo na alimentação, tornando a atividade altamente competitiva, sobretudo
quando é realizada na forma de pastejo. Devido a estacionalidade produtiva, é
necessário o uso de fontes nutricionais externas, que garantam o desempenho ao
decorrer do ano. No que diz respeito, faz-se uso de pastagens cultivadas e
suplementação visando fornecer nutrientes não disponíveis pela forrageiras, com o
intuito de promover bons desempenhos (Paulino et al., 2002; Hoffmann et al., 2014).
A região semiárida possui propensão para a criação da espécie ovina, que está
destinada tanto à exploração econômica como à subsistência das famílias de zonas
rurais (Emerenciano Neto, 2011). Como descrito por Viana (2008), é uma cultura que
pode ser encontrada em diversos continentes e a ampla difusão da espécie se deve ao
seu poder de adaptação, principalmente ao clima da região Nordeste, caracterizado por
altas temperaturas, altas taxas de insolação e baixas precipitações pluviométricas
(Zanella, 2014). A carne desses animais surge como uma alternativa complementar à
carne bovina, sendo o cordeiro a categoria cárnea que apresenta maior aceitabilidade
para os consumidores, com melhores características de carcaça e maior eficiência de
produção com altos rendimentos (Burin, 2016).
O consumo de carne ovina está associado ao produto que é colocado à venda, que
em sua maioria é proveniente de animais velhos e com baixa qualidade de carcaça
(Almeida Júnior et al., 2004). A carcaça é a parte de grande relevância do animal, já que
é onde está a porção comestível, e possui três unidades básicas: os músculos, os ossos e
as gorduras, com crescimentos gradativos ao decorrer da vida do animal (Santos et al.,
2001; Hashimoto et al., 2012). É importante utilizar meios que permitam estimar essas
proporções, sendo assim, os métodos mais usuais são dissecação, que consiste na
13
separação das três principais porções e o índice de musculosidade que está relacionada
a quantidade de carne encontrada na carcaça, utilizando um corte representativo da
carcaça, como a região da paleta e/ou da perna. (Moreno et al., 2010; Nóbrega et al.,
2013).
Com base nesse contexto, o presente trabalho objetiva avaliar a composição
tecidual e índice de musculosidade de cordeiros submetidos a suplementação de
diferentes níveis de proteína bruta.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida de acordo com a Comissão de Ética no Uso de Animais
(CEUA), com protocolo nº 003/2022, realizado no município de Macaíba, no estado do
Rio Grande do Norte, Brasil, latitude 5°53'05.9"S, longitude 35°21'58.0"W e altitude
aproximada de 15 m. Foram utilizados 18 cordeiros desmamados, machos castrados e
fêmeas, mestiços das raças Santa Inês x Dorper, com aproximadamente quatro meses de
idade.
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em um delineamento inteiramente
casualizado com três tratamentos e seis repetições cada tratamento, utilizando
diferentes níveis de suplementação proteica: T1 - suplementação concentrada com 15%
de proteína bruta (PB); T2 - suplementação concentrada com 20% de PB; e T3 -
suplementação concentrada com 25% de PB.
O concentrado foi formulado de acordo com o NRC (2007) para ovinos com
ganho de peso de 150 g/dia. O concentrado foi à base de milho, soja, calcário, fosfato
bicálcico e sal mineral (Tabela 1). Os animais eram soltos durante o dia em pastagem de
Brachiaria sob sistema de lotação rotativa, com cinco dias de pastejo, e no final da tarde
os animais eram recolhidos e agrupados em um galpão coberto em baias coletivas,
14
providas de comedouro e bebedouro, os quais recebiam a suplementação proteica
conforme o tratamento.
Tabela 1. Ingredientes e composição percentual dos concentrados experimentais
Alimentos 15%PB 20%PB 25%PB
Milho grão (%) 83,10 71,65 60,15
Farelo de soja (%) 12,65 24,35 36,10
Calcário (%) 0,85 1,0 0,75
Fosfato Bicálcico (%) 0,40 - -
Sal mineral (%) 3,0 3,0 3,0
PB - proteína bruta
Os grupos continham a mesma proporção de machos e fêmeas, e antes dos
animais iniciarem o experimento, os mesmos foram identificados com brincos
numerados, pesados, vermifugados, vacinados contra clostridioses e submetidos à
adaptação (instalações e as dietas) por um período de 7 dias. Aos 90 dias de período
experimental, os animais foram pesados, realizou-se o jejum alimentar e hídrico de 16
horas, para posterior pesagem e obtenção do peso ao abate (PA).
Houve o procedimento de abate dos cordeiros, após insensibilização, através de
concussão cerebral, procedendo-se a sangria através da secção da artéria carótida e veia
jugular, esfola e evisceração. Após o abate e a retirada da pele, foram retirados e
pesados, cheios e vazios, o trato gastrointestinal (TGI), vesícula biliar e bexiga, para
determinação do peso de corpo vazio (PCV). Os componentes do sistema respiratório, a
cabeça, as patas e os órgãos genitais também foram retirados para obtenção do peso de
carcaça quente (PCQ) e o rendimento de carcaça quente (RCQ%= PCQ/PA × 100). As
carcaças foram transportadas para a câmara de refrigeração, onde permaneceram por
24 horas a uma temperatura de 4°C.
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Ao final desse período, realizou-se a pesagem para obtenção do peso de carcaça
fria (PCF) e o rendimento de carcaça fria (RCF% = PCF/PA × 100). A meia carcaça
esquerda foi seccionada em cinco regiões anatômicas: pescoço, paleta, costilhar, lombo
e perna (Osório et al. 1998), e calculados seus rendimentos em relação ao peso da meia
carcaça fria reconstituída. As pernas, após pesagem e identificação foram
acondicionadas em sacos plásticos e congeladas para o método da dissecação. Foram
descongeladas por 24 horas, dentro dos sacos plásticos e posteriormente retiradas e
pesadas de forma individual.
Realizou-se o processo da dissecação com auxílio do bisturi, obtendo a gordura
subcutânea e intramuscular, músculos e ossos, para determinar as proporções de
músculo, osso e gordura (subcutânea, intramuscular e total), assim como a relação
músculo:osso e músculo:gordura. Os músculos que recobrem o fêmur (Biceps femoris,
Semitendinosus, Adductor, Semimembranosus e Quadriceps femori) foram separados e
pesados individualmente para determinação do índice de musculosidade da perna,
calculado pela fórmula descrita por Purchas et al. (1991): �� = ��5/��
�� , no qual IM =
índice de musculosidade; PM 5 = peso (g) dos cinco músculos que recobrem o fêmur e
CF = comprimento (cm) do fêmur.
Figura 1. Perna da dissecação Figura 2. Cinco músculos da perna
16
Os ossos foram pesados em conjunto e separados, o fêmur pesado
individualmente e mensurado com o uso de fita métrica. A parte de outros, envolvia os
componentes não comestíveis da perna, sendo retirados e pesados em conjunto. A
dissecação seguiu a metodologia descritapor Brown &Williams (1979).
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo programa estatístico
SISVAR, versão 9.6 a 5% de significância. Quando detectadas diferenças significativas
entre os tratamentos para as diferentes variáveis em estudo, elas foram comparadas
pelo teste Tukey, no mesmo nível de significância.
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3. RESULTADOS
As médias e os coeficientes de variação (CV) dos parâmetros de índice de
musculosidade, pesos da perna, osso, músculo e gordura; proporções percentuais de
osso, músculo e gordura; relação músculo:osso e músculo:gordura; peso e comprimento
do fêmur; peso dos cinco músculos e outros estão apresentados na Tabela 2. Os
parâmetros citados acima não sofreram influência (p>0,05) com os diferentes níveis de
suplementação proteica.
No presente trabalho, o índice de musculosidade teve como média 0,40 para os
níveis de suplementação avaliados. As médias de peso dos principais componentes da
perna para os tratamentos com níveis de suplementação protéica, foram
respectivamente: perna (2,79 kg), osso total (0,65 kg), músculo total (1,80 kg), e peso
dos cinco músculos (1022 g).
Em relação às médias de gordura para os tratamentos avaliados, foram: gordura
subcutânea (117 g), intermuscular (31,73 g) e total (0,14 g). Para as proporções de
músculo (67,84%), gordura (7,71%), e osso (24,45%), ocorreu o mesmo para os demais
parâmetros de composição tecidual, com a ausência do efeito dos níveis de proteína
bruta.
Não houve efeito do aumento dos níveis de PB na suplementação concentrada
sobre a relação músculo:osso (2,99) e músculo:gordura (16,08). Assim também ocorreu
para o peso do fêmur (161 g), comprimento do fêmur (18,42 cm) e outros (86,33 g).
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Tabela 2. Índice de musculosidade e composição tecidual da perna de cordeiros em pastagem
cultivada suplementados com diferentes níveis de proteína bruta (PB)
Parâmetros 15%PB 20%PB 25%PB CV (%)
Índice de musculosidade da perna 0,39a 0,41a 0,40a 12,05
Perna (kg) 2,87a 2,73a 2,79a 23,81
Osso total (kg) 0,60a 0,59a 0,78a 25,21
Músculo total (kg) 1,92a 1,84a 1,65a 29,32
Gordura total (kg) 0,17a 0,14a 0,12a 67,76
Gordura subcutânea (g) 145,00a 113,80a 93,80a 76,23
Gordura intermuscular (g) 28,60a 35,60a 31,00a 70,82
Proporção osso (%) 21,31a 22,07a 29,97a 48,51
Proporção músculo (%) 68,47a 68,49a 66,56a 10,74
Proporção gordura (%) 8,68a 7,74a 6,71a 44,44
Relação músculo:osso 3,23a 3,22a 2,52a 30,79
Relação músculo:gordura 12,47a 17,27a 18,52a 53,77
Fêmur (cm) 19,08a 18,40a 17,80a 8,20
Fêmur (g) 161,00a 161,00a 162,40a 21,38
Peso dos 5 músculos (g) 1056a 1072a 939a 25,45
Outros (g) 70,00a 97,20a 91,81a 86,66
Médias seguidas com letras iguais na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05)
4. DISCUSSÃO
A boa performance dos animais pode ser alcançada através do adequado
consumo de alimentos, e nesta prerrogativa, faz-se o uso de suplementação,
principalmente em regiões semiáridas devido a estacionalidade produtiva das
forrageiras durante o período da seca (Paula et al., 2020). Vale ressaltar que este estudo
foi realizado durante a estação das águas, que consequentemente influencia na
disponibilidade nutricional do pasto, sendo esta época a que melhor dispõe de forragem
em larga escala. Neste período, a suplementação tem por objetivo intensificar o
desempenho dos animais, com aumento da produtividade (Fouz et al., 2021).
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Sendo assim, não se obteve diferenças entre os tratamentos no desempenho dos
animais deste estudo, que pode ter resultado na ausência de efeito dos níveis de
proteína bruta sobre crescimento e desenvolvimento dos tecidos. De acordo com
Gomide et al., (2014), desde o momento de concepção existe crescimento e
desenvolvimento dos animais, sendo o crescimento caracterizado pelo ganho de peso,
altura e comprimento e o desenvolvimento relacionado a fisiologia dos órgãos. Essa
literatura vai ao encontro com os resultados obtidos para este estudo.
Relacionado a isso, existem dois processos responsáveis pelo recrutamento de
fibras musculares e consequentemente o crescimento do músculo, sendo eles a
hiperplasia e a hipertrofia. A hiperplasia ocorre durante a fase gestacional e é
caracterizada pela multiplicação das fibras musculares, ou seja, um aumento no número
de fibras. Já a hipertrofia é referente ao crescimento do músculo, decorrente do
processo de hiperplasia. Ambos estão relacionados à deposição dos tecidos ao decorrer
da vida do animal (Gomide et al., 2014).
O crescimento dos tecidos ocorre de forma alométrica, ou seja, cada tecido se
desenvolve emmomentos diferentes, sendo a sequência de crescimento: tecido nervoso,
ósseo, muscular e por último adiposo (Gomide et al., 2014). Para este trabalho, houve
um crescimento de ritmo normal destes tecidos durante a etapa de crescimento e
desenvolvimento dos animais e não proporcionou diferenças significativas entre os
níveis de suplementação avaliados (15%, 20% e 25%).
Há concordância na literatura sobre a existência de efeitos que exercem
influência direta sobre essas porções, sendo eles o genótipo, sexo, idade, peso de abate e
nutrição (Cezar e Sousa, 2007; Rego, 2020). Apesar dessa concordância, os efeitos
citados não tiveram influência sobre o presente estudo, sendo que o resultado obtido
pode ser decorrente da idade de abate dos animais, abatidos precocemente com média
20
de 7 meses de idade e como visto por Santos et al., 2001, em animais jovens, o músculo é
o tecido que tem crescimento mais rápido, ao contrário do que ocorre nos animais mais
velhos, que têm a deposição de gordura mais acentuada, e os ossos são os que possuem
menor rapidez de crescimento quando comparado às outras porções.
Fernandes et al., (2011) avaliaram a composição tecidual de pernis de cordeiros
terminados em pasto de inverno com suplementação concentrada (0%; 1%; 2% do peso
vivo e ad libitum) e não observaram diferenças na composição tecidual conforme o
aumento dos níveis de suplementação.
A gordura, ao contrário do que ocorre com os ossos e músculos, apresenta
desenvolvimento contínuo durante toda a vida do animal, e é caracterizado como um
tecido de desenvolvimento tardio, acentuando-se de acordo com a idade (Cezar e Sousa,
2007). Para este trabalho, não houve maior deposição de gordura com os níveis de
suplementação, também justificado pelos fatores que podem influenciar esses
parâmetros, principalmente, neste caso, o genótipo do animal, sua categoria e idade de
abate (Rego, 2020).
O genótipo exerce forte influência sobre a produção de carne e deposição de
gordura, e há mudanças significativas na deposição desse tecido e no acabamento e
rendimento da carcaça quando implementa-se o cruzamento de ovinos não lanados e
semi deslanados. Além de se tratar da categoria cordeiro os quais possuem maior
eficiência de produção e precocidade de abate (Rego, 2020).
O índice de musculosidade da perna (IMP) reflete bem a relação músculo/osso
da carcaça, de modo que quanto maior o IMP, maior é a proporção de carne na carcaça
(Cezar e Sousa, 2007). A ausência de efeito dos tratamentos pode estar relacionada com
os valores da relação músculo:osso encontrados neste trabalho, e portanto, não houve
21
um crescimento diferente dos tecidos, não afetando assim, a relação destes, e
consequentemente o índice de musculosidade.
De encontro ao presente estudo, Rocha et al., (2004) estudando o desempenho
de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo 80% de concentrado e 20%
de bagaço de cana-de-açúcar com níveis variáveis de proteína bruta (14,16,18 e 20 PB
na MS) constatou que houve maior deposição de gordura na carcaça devido aos níveis
elevados de concentrado e que ocasionou menores perdas por resfriamento na carcaça.
A falta de efeito do aumento dos níveis de PB na suplementação concentrada
sobre a relação músculo:osso e músculo:gordura pode ser explicado pelas ondas de
crescimento dos tecidos (Gomide et al., 2014). Resultados semelhantes podem ser vistos
no estudo de Morenoet al. (2010), os quais avaliaram cordeiros alimentados com
silagem de milho ou cana de açúcar em duas diferentes proporções de
volumoso:concentrado (60:40, 40:60).
Os ossos desenvolvem-se de forma diferenciada, de modo que o modelo de
desenvolvimento do esqueleto é caracterizado por ondas. Dessa forma, os ossos das
extremidades se desenvolvem mais precocemente que os ossos do esqueleto axial e
independente de sua localização, os ossos crescem em diâmetro após cessar o
crescimento de longitude (Cezar e Sousa, 2007). Para o peso e comprimento do fêmur
não houve influência da suplementação com diferentes níveis protéicos, observando-se
que não houve um crescimento anormal desses animais.
O parâmetro outros não apresentou significância com os diferentes níveis de
suplementação, e representa a porção dos componentes não teciduais da perna,
tornando-se essencial o conhecimento de diversos sistemas anatômicos no momento da
separação dos mesmos (Cezar e Sousa, 2007). Os valores encontrados para este estudo,
22
podem estar relacionados com o crescimento e desenvolvimento dos tecidos (Gomide et
al., 2014).
5. CONCLUSÕES
Os diferentes níveis de suplementação proteica não alteram a composição
tecidual e índice de musculosidade de cordeiros mestiços Santa Inês x Dorper em
pastagem cultivada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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	LISTA DE TABELAS E FIGURAS
	Tabela 217
	1.INTRODUÇÃO
	2.MATERIAIS E MÉTODOS
	3.RESULTADOS 
	4.DISCUSSÃO
	5.CONCLUSÕES

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