Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA JANAÍLA ESTHER SANTOS DA SILVA CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA EM CORDEIROS PRECOCES EM REGIME DE PASTO COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA MACAÍBA/RN NOVEMBRO/2023 2 JANAÍLA ESTHER SANTOS DA SILVA CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA EM CORDEIROS PRECOCES EM REGIME DE PASTO COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA Monografia apresentada ao curso de Graduação em Zootecnia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. MACAÍBA/RN NOVEMBRO/2023 3 JANAÍLA ESTHER SANTOS DA SILVA CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA EM CORDEIROS PRECOCES EM REGIME DE PASTO COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA Monografia apresentada ao curso de Graduação em Zootecnia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Valdi de Lima Junior Orientador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Profa. Dr(a). Juliete de Lima Gonçalves Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Prof. Dr. Carlo Aldrovandi Torreão Marques Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ - Macaiba Silva, Janaila Esther Santos da. Características quantitativas de carcaça em cordeiros precoces em regime de pasto com diferentes níveis de suplementação proteica / Janaila Esther Santos da Silva. - 2023. 23f.: il. Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, curso de Zootecnia. Macaíba, RN, 2023. Orientador: Prof. Dr. Valdi de Lima Júnior. 1. Ovinos - Monografia. 2. Musculosidade - Monografia. 3. Composição tecidual - Monografia. I. Lima Júnior, Valdi de. II. Título. RN/UF/BSPRH CDU 636.3 Elaborado por Elaine Paiva de Assunção - CRB-15/492 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus em primeiro lugar, pois foi Ele que me permitiu chegar até esse momento e vencer todas as dificuldades desta jornada. Sei que muitas coisas estão por vir e que sou imensamente capaz de viver cada uma delas. Externo minha gratidão a minha mãe Juraci por todo suporte financeiro e carinhos nos momentos bons e ruins. Gratidão por comemorar cada conquista minha como se fosse sua e estar por perto para aplaudir meu sucesso, eu a amo intensamente. Sou grata a minha irmã Jéssica por todo amor, conselhos e momentos de descontração para que eu lembrasse que minha vida é única e que ela deve ser vivida da melhor forma possível. Obrigada por dar créditos a minha inteligência, determinação e coragem. Você é meu exemplo, e sou feliz por te ter como minha irmã. Agradeço ao grupo RuminAção e aqueles que estiveram mais que dispostos a ajudar no meu experimento, no processamento dos dados e nas demais atividades que surgiam, além de serem parceiros nas atividades do setor e da vida. Vocês foram essenciais nesse período de tempo. Agradeço a Rusticus Jr. por contribuir de uma forma gigantesca no meu avanço pessoal e profissional, a equipe que ali está tem um espaço especial em meu coração. Gratidão aos colegas e amigos de curso, vocês foram e são essenciais em minha vida; a minha jornada nesse curso só foi mais leve porque fomos âncoras uns para os outros. Agradeço em especial à Isadora, Samira, Hudson, Roberta, Alice, Giselle e Janmili, pessoas que tenho um grande carinho e que estiveram comigo em diversos momentos dessa vida. Que bom ter vocês por perto! Agradeço mais que em especial a minha amiga, irmã de coração e colega de curso Jucynara por estar presente em minha vida em todos esses longos anos de curso. Passamos por muitas coisas juntas, boas ou dolorosas, mas nunca perdemos a fé em nossa capacidade e força de vontade de vencer. Serei eternamente grata a você por tudo e estarei aqui para aplaudir seus sucessos. Agradeço aos professores que contribuíram com minha caminhada como estudante de zootecnia, em especial ao professor Valdi, que sempre esteve disposto a ensinar, aconselhar e dar oportunidades, e também ao professor Luis Henrique por toda paciência, disposição e carinho para resolvermos nossas problemáticas acadêmicas da 6 melhor forma. Serei eternamente grata a ambos e não esquecerei tudo o que me foi ensinado. Agradeço aos demais que acompanharam todo esse processo e me trouxeram conforto de algum modo, meu coração se alegra por isso. 7 Trabalho de Conclusão de Curso redigido em formato de artigo científico para obtenção de título de zootecnista, seguindo as normas da Revista Brasileira de Zootecnia (RBZ). 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................12 2. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................................................ 13 3. RESULTADOS................................................................................................................................................... 17 4. DISCUSSÃO........................................................................................................................................................18 5. CONCLUSÕES................................................................................................................................................... 22 9 LISTA DE TABELAS E FIGURAS Tabela 1................................................................................................................................................................... 13 Tabela 2................................................................................................................................................................... 17 Figura 1....................................................................................................................................................................14 Figura 2....................................................................................................................................................................14 10 RESUMO - Objetivou-se com este estudo avaliar as características quantitativas da carcaça de cordeiros mestiços das raças Dorper x Santa Inês em pastagem cultivada de Brachiaria, submetidos a diferentes níveis de suplementação proteica (15%, 20% e 25% de PB). Foram utilizados 18 cordeiros mestiços, castrados, sendo machos e fêmeas, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos e seis repetições. Ao atingirem 90 dias de experimento, os animais foram submetidos ao abate, para avaliações das características da carcaça e as pernas dissecadas em músculo, osso, gorduras subcutânea e intermuscular para cálculo do índice de musculosidade e as proporções e relações entre músculo, osso e gordura. O índice de musculosidade, pesos da perna, osso, músculo e gordura; proporções percentuais de osso, músculo e gordura; relação músculo:osso e músculo:gordura; peso e comprimento do fêmur; peso dos cinco músculos e outros, não sofreram influência da suplementação com os diferentes níveis de suplementação proteica. Os diferentes níveis de suplementação proteica não alteram a composição tecidual e índice de musculosidade de cordeiros mestiços Santa Inês x Dorper em pastagem cultivada. Palavras-chave: composição tecidual; musculosidade; ovinos 11 QUANTITATIVE CARCASE CHARACTERISTICS IN EARLY LAMBS ON GRASS WITH DIFFERENT LEVELS OF PROTEIN SUPPLEMENTATION ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the quantitative characteristics of the carcass of crossbredDorper x Santa Inês lambs on cultivated Brachiaria pasture, subjected to different levels of protein supplementation (15%, 20% and 25% CP). 18 crossbred, castrated lambs, male and female, were used, distributed in a completely randomized design, with three treatments and six replications. Upon reaching 90 days of experiment, the animals were subjected to slaughter, for evaluation of carcass characteristics and the legs dissected into muscle, bone, subcutaneous and intermuscular fat to calculate the index of muscularity and the proportions and relationships between muscle, bone and fat. The muscularity index, leg weights, bone, muscle and fat; percentage proportions of bone, muscle and fat; muscle:bone and muscle:fat ratio; weight and length of the femur; weight of the five muscles and others, were not influenced by supplementation with different levels of protein supplementation. The different levels of protein supplementation do not alter the tissue composition and muscularity index of Santa Inês x Dorper crossbreed lambs on cultivated pasture. Keywords: tissue composition; muscularity; sheep 12 1. INTRODUÇÃO As forragens são a base alimentar na produção de animais ruminantes no Brasil, com baixo custo na alimentação, tornando a atividade altamente competitiva, sobretudo quando é realizada na forma de pastejo. Devido a estacionalidade produtiva, é necessário o uso de fontes nutricionais externas, que garantam o desempenho ao decorrer do ano. No que diz respeito, faz-se uso de pastagens cultivadas e suplementação visando fornecer nutrientes não disponíveis pela forrageiras, com o intuito de promover bons desempenhos (Paulino et al., 2002; Hoffmann et al., 2014). A região semiárida possui propensão para a criação da espécie ovina, que está destinada tanto à exploração econômica como à subsistência das famílias de zonas rurais (Emerenciano Neto, 2011). Como descrito por Viana (2008), é uma cultura que pode ser encontrada em diversos continentes e a ampla difusão da espécie se deve ao seu poder de adaptação, principalmente ao clima da região Nordeste, caracterizado por altas temperaturas, altas taxas de insolação e baixas precipitações pluviométricas (Zanella, 2014). A carne desses animais surge como uma alternativa complementar à carne bovina, sendo o cordeiro a categoria cárnea que apresenta maior aceitabilidade para os consumidores, com melhores características de carcaça e maior eficiência de produção com altos rendimentos (Burin, 2016). O consumo de carne ovina está associado ao produto que é colocado à venda, que em sua maioria é proveniente de animais velhos e com baixa qualidade de carcaça (Almeida Júnior et al., 2004). A carcaça é a parte de grande relevância do animal, já que é onde está a porção comestível, e possui três unidades básicas: os músculos, os ossos e as gorduras, com crescimentos gradativos ao decorrer da vida do animal (Santos et al., 2001; Hashimoto et al., 2012). É importante utilizar meios que permitam estimar essas proporções, sendo assim, os métodos mais usuais são dissecação, que consiste na 13 separação das três principais porções e o índice de musculosidade que está relacionada a quantidade de carne encontrada na carcaça, utilizando um corte representativo da carcaça, como a região da paleta e/ou da perna. (Moreno et al., 2010; Nóbrega et al., 2013). Com base nesse contexto, o presente trabalho objetiva avaliar a composição tecidual e índice de musculosidade de cordeiros submetidos a suplementação de diferentes níveis de proteína bruta. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida de acordo com a Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), com protocolo nº 003/2022, realizado no município de Macaíba, no estado do Rio Grande do Norte, Brasil, latitude 5°53'05.9"S, longitude 35°21'58.0"W e altitude aproximada de 15 m. Foram utilizados 18 cordeiros desmamados, machos castrados e fêmeas, mestiços das raças Santa Inês x Dorper, com aproximadamente quatro meses de idade. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos e seis repetições cada tratamento, utilizando diferentes níveis de suplementação proteica: T1 - suplementação concentrada com 15% de proteína bruta (PB); T2 - suplementação concentrada com 20% de PB; e T3 - suplementação concentrada com 25% de PB. O concentrado foi formulado de acordo com o NRC (2007) para ovinos com ganho de peso de 150 g/dia. O concentrado foi à base de milho, soja, calcário, fosfato bicálcico e sal mineral (Tabela 1). Os animais eram soltos durante o dia em pastagem de Brachiaria sob sistema de lotação rotativa, com cinco dias de pastejo, e no final da tarde os animais eram recolhidos e agrupados em um galpão coberto em baias coletivas, 14 providas de comedouro e bebedouro, os quais recebiam a suplementação proteica conforme o tratamento. Tabela 1. Ingredientes e composição percentual dos concentrados experimentais Alimentos 15%PB 20%PB 25%PB Milho grão (%) 83,10 71,65 60,15 Farelo de soja (%) 12,65 24,35 36,10 Calcário (%) 0,85 1,0 0,75 Fosfato Bicálcico (%) 0,40 - - Sal mineral (%) 3,0 3,0 3,0 PB - proteína bruta Os grupos continham a mesma proporção de machos e fêmeas, e antes dos animais iniciarem o experimento, os mesmos foram identificados com brincos numerados, pesados, vermifugados, vacinados contra clostridioses e submetidos à adaptação (instalações e as dietas) por um período de 7 dias. Aos 90 dias de período experimental, os animais foram pesados, realizou-se o jejum alimentar e hídrico de 16 horas, para posterior pesagem e obtenção do peso ao abate (PA). Houve o procedimento de abate dos cordeiros, após insensibilização, através de concussão cerebral, procedendo-se a sangria através da secção da artéria carótida e veia jugular, esfola e evisceração. Após o abate e a retirada da pele, foram retirados e pesados, cheios e vazios, o trato gastrointestinal (TGI), vesícula biliar e bexiga, para determinação do peso de corpo vazio (PCV). Os componentes do sistema respiratório, a cabeça, as patas e os órgãos genitais também foram retirados para obtenção do peso de carcaça quente (PCQ) e o rendimento de carcaça quente (RCQ%= PCQ/PA × 100). As carcaças foram transportadas para a câmara de refrigeração, onde permaneceram por 24 horas a uma temperatura de 4°C. 15 Ao final desse período, realizou-se a pesagem para obtenção do peso de carcaça fria (PCF) e o rendimento de carcaça fria (RCF% = PCF/PA × 100). A meia carcaça esquerda foi seccionada em cinco regiões anatômicas: pescoço, paleta, costilhar, lombo e perna (Osório et al. 1998), e calculados seus rendimentos em relação ao peso da meia carcaça fria reconstituída. As pernas, após pesagem e identificação foram acondicionadas em sacos plásticos e congeladas para o método da dissecação. Foram descongeladas por 24 horas, dentro dos sacos plásticos e posteriormente retiradas e pesadas de forma individual. Realizou-se o processo da dissecação com auxílio do bisturi, obtendo a gordura subcutânea e intramuscular, músculos e ossos, para determinar as proporções de músculo, osso e gordura (subcutânea, intramuscular e total), assim como a relação músculo:osso e músculo:gordura. Os músculos que recobrem o fêmur (Biceps femoris, Semitendinosus, Adductor, Semimembranosus e Quadriceps femori) foram separados e pesados individualmente para determinação do índice de musculosidade da perna, calculado pela fórmula descrita por Purchas et al. (1991): �� = ��5/�� �� , no qual IM = índice de musculosidade; PM 5 = peso (g) dos cinco músculos que recobrem o fêmur e CF = comprimento (cm) do fêmur. Figura 1. Perna da dissecação Figura 2. Cinco músculos da perna 16 Os ossos foram pesados em conjunto e separados, o fêmur pesado individualmente e mensurado com o uso de fita métrica. A parte de outros, envolvia os componentes não comestíveis da perna, sendo retirados e pesados em conjunto. A dissecação seguiu a metodologia descritapor Brown &Williams (1979). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo programa estatístico SISVAR, versão 9.6 a 5% de significância. Quando detectadas diferenças significativas entre os tratamentos para as diferentes variáveis em estudo, elas foram comparadas pelo teste Tukey, no mesmo nível de significância. 17 3. RESULTADOS As médias e os coeficientes de variação (CV) dos parâmetros de índice de musculosidade, pesos da perna, osso, músculo e gordura; proporções percentuais de osso, músculo e gordura; relação músculo:osso e músculo:gordura; peso e comprimento do fêmur; peso dos cinco músculos e outros estão apresentados na Tabela 2. Os parâmetros citados acima não sofreram influência (p>0,05) com os diferentes níveis de suplementação proteica. No presente trabalho, o índice de musculosidade teve como média 0,40 para os níveis de suplementação avaliados. As médias de peso dos principais componentes da perna para os tratamentos com níveis de suplementação protéica, foram respectivamente: perna (2,79 kg), osso total (0,65 kg), músculo total (1,80 kg), e peso dos cinco músculos (1022 g). Em relação às médias de gordura para os tratamentos avaliados, foram: gordura subcutânea (117 g), intermuscular (31,73 g) e total (0,14 g). Para as proporções de músculo (67,84%), gordura (7,71%), e osso (24,45%), ocorreu o mesmo para os demais parâmetros de composição tecidual, com a ausência do efeito dos níveis de proteína bruta. Não houve efeito do aumento dos níveis de PB na suplementação concentrada sobre a relação músculo:osso (2,99) e músculo:gordura (16,08). Assim também ocorreu para o peso do fêmur (161 g), comprimento do fêmur (18,42 cm) e outros (86,33 g). 18 Tabela 2. Índice de musculosidade e composição tecidual da perna de cordeiros em pastagem cultivada suplementados com diferentes níveis de proteína bruta (PB) Parâmetros 15%PB 20%PB 25%PB CV (%) Índice de musculosidade da perna 0,39a 0,41a 0,40a 12,05 Perna (kg) 2,87a 2,73a 2,79a 23,81 Osso total (kg) 0,60a 0,59a 0,78a 25,21 Músculo total (kg) 1,92a 1,84a 1,65a 29,32 Gordura total (kg) 0,17a 0,14a 0,12a 67,76 Gordura subcutânea (g) 145,00a 113,80a 93,80a 76,23 Gordura intermuscular (g) 28,60a 35,60a 31,00a 70,82 Proporção osso (%) 21,31a 22,07a 29,97a 48,51 Proporção músculo (%) 68,47a 68,49a 66,56a 10,74 Proporção gordura (%) 8,68a 7,74a 6,71a 44,44 Relação músculo:osso 3,23a 3,22a 2,52a 30,79 Relação músculo:gordura 12,47a 17,27a 18,52a 53,77 Fêmur (cm) 19,08a 18,40a 17,80a 8,20 Fêmur (g) 161,00a 161,00a 162,40a 21,38 Peso dos 5 músculos (g) 1056a 1072a 939a 25,45 Outros (g) 70,00a 97,20a 91,81a 86,66 Médias seguidas com letras iguais na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05) 4. DISCUSSÃO A boa performance dos animais pode ser alcançada através do adequado consumo de alimentos, e nesta prerrogativa, faz-se o uso de suplementação, principalmente em regiões semiáridas devido a estacionalidade produtiva das forrageiras durante o período da seca (Paula et al., 2020). Vale ressaltar que este estudo foi realizado durante a estação das águas, que consequentemente influencia na disponibilidade nutricional do pasto, sendo esta época a que melhor dispõe de forragem em larga escala. Neste período, a suplementação tem por objetivo intensificar o desempenho dos animais, com aumento da produtividade (Fouz et al., 2021). 19 Sendo assim, não se obteve diferenças entre os tratamentos no desempenho dos animais deste estudo, que pode ter resultado na ausência de efeito dos níveis de proteína bruta sobre crescimento e desenvolvimento dos tecidos. De acordo com Gomide et al., (2014), desde o momento de concepção existe crescimento e desenvolvimento dos animais, sendo o crescimento caracterizado pelo ganho de peso, altura e comprimento e o desenvolvimento relacionado a fisiologia dos órgãos. Essa literatura vai ao encontro com os resultados obtidos para este estudo. Relacionado a isso, existem dois processos responsáveis pelo recrutamento de fibras musculares e consequentemente o crescimento do músculo, sendo eles a hiperplasia e a hipertrofia. A hiperplasia ocorre durante a fase gestacional e é caracterizada pela multiplicação das fibras musculares, ou seja, um aumento no número de fibras. Já a hipertrofia é referente ao crescimento do músculo, decorrente do processo de hiperplasia. Ambos estão relacionados à deposição dos tecidos ao decorrer da vida do animal (Gomide et al., 2014). O crescimento dos tecidos ocorre de forma alométrica, ou seja, cada tecido se desenvolve emmomentos diferentes, sendo a sequência de crescimento: tecido nervoso, ósseo, muscular e por último adiposo (Gomide et al., 2014). Para este trabalho, houve um crescimento de ritmo normal destes tecidos durante a etapa de crescimento e desenvolvimento dos animais e não proporcionou diferenças significativas entre os níveis de suplementação avaliados (15%, 20% e 25%). Há concordância na literatura sobre a existência de efeitos que exercem influência direta sobre essas porções, sendo eles o genótipo, sexo, idade, peso de abate e nutrição (Cezar e Sousa, 2007; Rego, 2020). Apesar dessa concordância, os efeitos citados não tiveram influência sobre o presente estudo, sendo que o resultado obtido pode ser decorrente da idade de abate dos animais, abatidos precocemente com média 20 de 7 meses de idade e como visto por Santos et al., 2001, em animais jovens, o músculo é o tecido que tem crescimento mais rápido, ao contrário do que ocorre nos animais mais velhos, que têm a deposição de gordura mais acentuada, e os ossos são os que possuem menor rapidez de crescimento quando comparado às outras porções. Fernandes et al., (2011) avaliaram a composição tecidual de pernis de cordeiros terminados em pasto de inverno com suplementação concentrada (0%; 1%; 2% do peso vivo e ad libitum) e não observaram diferenças na composição tecidual conforme o aumento dos níveis de suplementação. A gordura, ao contrário do que ocorre com os ossos e músculos, apresenta desenvolvimento contínuo durante toda a vida do animal, e é caracterizado como um tecido de desenvolvimento tardio, acentuando-se de acordo com a idade (Cezar e Sousa, 2007). Para este trabalho, não houve maior deposição de gordura com os níveis de suplementação, também justificado pelos fatores que podem influenciar esses parâmetros, principalmente, neste caso, o genótipo do animal, sua categoria e idade de abate (Rego, 2020). O genótipo exerce forte influência sobre a produção de carne e deposição de gordura, e há mudanças significativas na deposição desse tecido e no acabamento e rendimento da carcaça quando implementa-se o cruzamento de ovinos não lanados e semi deslanados. Além de se tratar da categoria cordeiro os quais possuem maior eficiência de produção e precocidade de abate (Rego, 2020). O índice de musculosidade da perna (IMP) reflete bem a relação músculo/osso da carcaça, de modo que quanto maior o IMP, maior é a proporção de carne na carcaça (Cezar e Sousa, 2007). A ausência de efeito dos tratamentos pode estar relacionada com os valores da relação músculo:osso encontrados neste trabalho, e portanto, não houve 21 um crescimento diferente dos tecidos, não afetando assim, a relação destes, e consequentemente o índice de musculosidade. De encontro ao presente estudo, Rocha et al., (2004) estudando o desempenho de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo 80% de concentrado e 20% de bagaço de cana-de-açúcar com níveis variáveis de proteína bruta (14,16,18 e 20 PB na MS) constatou que houve maior deposição de gordura na carcaça devido aos níveis elevados de concentrado e que ocasionou menores perdas por resfriamento na carcaça. A falta de efeito do aumento dos níveis de PB na suplementação concentrada sobre a relação músculo:osso e músculo:gordura pode ser explicado pelas ondas de crescimento dos tecidos (Gomide et al., 2014). Resultados semelhantes podem ser vistos no estudo de Morenoet al. (2010), os quais avaliaram cordeiros alimentados com silagem de milho ou cana de açúcar em duas diferentes proporções de volumoso:concentrado (60:40, 40:60). Os ossos desenvolvem-se de forma diferenciada, de modo que o modelo de desenvolvimento do esqueleto é caracterizado por ondas. Dessa forma, os ossos das extremidades se desenvolvem mais precocemente que os ossos do esqueleto axial e independente de sua localização, os ossos crescem em diâmetro após cessar o crescimento de longitude (Cezar e Sousa, 2007). Para o peso e comprimento do fêmur não houve influência da suplementação com diferentes níveis protéicos, observando-se que não houve um crescimento anormal desses animais. O parâmetro outros não apresentou significância com os diferentes níveis de suplementação, e representa a porção dos componentes não teciduais da perna, tornando-se essencial o conhecimento de diversos sistemas anatômicos no momento da separação dos mesmos (Cezar e Sousa, 2007). Os valores encontrados para este estudo, 22 podem estar relacionados com o crescimento e desenvolvimento dos tecidos (Gomide et al., 2014). 5. CONCLUSÕES Os diferentes níveis de suplementação proteica não alteram a composição tecidual e índice de musculosidade de cordeiros mestiços Santa Inês x Dorper em pastagem cultivada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida Júnior, GA; Costa, C.; Monteiro, ALG; Garcia, CA; Munari, DP; Neres, MA 2004. Qualidade da Carne de Cordeiros Criados em Creep Feeding com Silagem de Grãos Úmidos de Milho. Revista Brasileira de Zootecnia 33: 1039-1047. https://doi.org/10.1590/S1516-35982004000400024 BROWN, A. J.; WILLIAMS, D. R. Sheep carcass evaluation: measurement of composition using a standardized butchery method. Langford: Agricultural Research Council; Meat Research Council, 1979. 16p. Burin, PC. 2016. Aspectos gerais sob a produção de carcaças ovinas. Disponível em: <https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63647454002>. Acesso em: 25 ago. 2023. Cezar, MF e Sousa, WH 2007. Carcaças ovinas e caprinas, obtenção, avaliação, classificação. 1ª edição. Agropecuária Tropical, João Pessoa, PB. Emerenciano Neto, Bezerra, MGS; França, AF; Assis, LCSLC e Difante, GS. 2011. Agricultura familiar na cadeia produtiva de carne ovina e caprina no semiárido. Disponível em: <https://periodicos.ufv.br/rbas/article/view/2631/1116>. Acesso em: 25 ago. 2023. Fernandes, MA; Monteiro, ALG; Fernandes, SR; Paula, EFE; Prado, OR; Gilaverte, S. e Souza, DF 2011. Composição tecidual do pernil de cordeiros terminados em pasto de inverno com suplementação concentrada. Revista Acadêmica Ciência Animal 9: 425-431. https://doi.org/10.7213/cienciaanimal.v9i4.12476 Fouz, P.; Santos, IAP e Ferracioli, MH 2021. Custo da suplementação de bovinos nelore com caroço de açaí no período de transição águas-seca. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research 4: 3607-3623. 10.34188/bjaerv4n3-066 Gomide, LAM; FONTES, PR e RAMOS, EM 2014. Tecnologia de abate e tipificação de carcaças. 2ª edição. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MT. https://doi.org/10.1590/S1516-35982004000400024 https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63647454002 https://periodicos.ufv.br/rbas/article/view/2631/1116 https://doi.org/10.7213/cienciaanimal.v9i4.12476 23 Hashimoto, JH; Osório, JCS; Osório, MTM; Bonacina, MS; Lehmen, RI e Pedroso, CES 2012. Qualidade de carcaça, desenvolvimento regional e tecidual de cordeiros terminados em três sistemas. Revista Brasileira de Zootecnia 41: 438-448. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982012000200029 Hoffmann, A.; Moraes, EHBK; Mousquer, CJ; Simioni, TA; Gomes Júnior, F.; Ferreira, VB e Silva, HM 2014. Produção de bovinos de corte no sistema de pasto-suplemento no período seco. Revista Nativa 02: 119-130. 10.14583/2318-7670.v02n02a10 Moreno, GMB; Sobrinho, AGS; Leão, AG; Loureiro, CMB e Perez, HL 2010. Rendimentos de carcaça, composição tecidual e musculosidade da perna de cordeiros alimentados com silagem de milho e cana de açúcar em dois níveis de concentrado. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia 62: 686-695. https://doi.org/10.1590/S0102-09352010000300025 MÜLLER, L. Normas para avaliação de concursos de carcaças de novilhos, 2 ed. 692 Santa Maria: Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande 693 do Norte, Santa Maria, 31 p, 1987. Nóbrega, GH; Cézar, MF; Pereira Filho, JM; Sousa, WH; Sousa, OB; Cunha, MGG e Santos, JRS 2013. Regime alimentar e compensatório de ovinos em confinamento: composição regional e tecidual da carcaça. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia 65: 469-476. https://doi.org/10.1590/S0102-09352013000200024 NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrient requeriments of sheep. National Academy Press: Washington, DC, 292p, 2007. OSÓRIO, J. C. S.; OSÓRIO, M. T. M.; JARDIM, P. Métodos para avaliação de produção de carne ovina: in vivo, na carcaça e na carne. Pelotas, RS:Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia, 107p, 1998. Paula, TA; Ferreira, MA e Véras, ASC 2020. Utilização de pastagens em regiões semiáridas: aspectos agronômicos e valor nutricional - artigo de revisão. Arquivos do Mudi 24: 140-163. http//:doi.org/10.4025/arqmudi.v24i2.53567 Paulino, MF; Detmann, E.; Valadares Filho, SC e Lana, RP 2002. Soja Grão e Caroço de Algodão em Suplementos Múltiplos Para Terminação de Bovinos em Pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia 31: 484-491. https://doi.org/10.1590/S1516- 35982002000200025 PURCHAS, R. W.; DAVIES, A.S.; & ABDULLAH, A.Y. An objective measure of muscularity: changes with animal growth and differences between genetic lines of Southdown sheep. Meat Science, v. 30, p. 81-94, 1991. Rego, FCA 2020. Caracterização da carcaça e da carne de cordeiros de corte. Unopar, Londrina, PR. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982012000200029 https://doi.org/10.1590/S0102-09352010000300025 https://doi.org/10.1590/S0102-09352013000200024 https://doi.org/10.1590/S1516-35982002000200025 https://doi.org/10.1590/S1516-35982002000200025 24 Rocha, MHM; Susin, I.; Pires, AV; Fernandes Júnior, JS e Mendes, CQ 2004. Desempenho de dietas alimentares para cordeiros Santa Inês de níeis variáveis de proteína bruta 61: 141-145. https://doi.org/10.1590/S0103-90162004000200003 Santos, CL; Pérez, JRO; Muniz, JA; Geraseev, LC e Siqueira, ER 2001. Desenvolvimento relativo dos tecidos ósseo, muscular e adiposo dos cortes da carcaça de cordeiros Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia 30: 487-492. https://doi.org/10.1590/S1516- 35982001000200027 Silva Sobrinho, AG; Purchas, RW; Kadim IT e Yamamoto, SM 2005. Musculosidade e composição da perna de ovinos de diferentes idades ao abate. Pesquisa Agropecuária Brasileira 40: 1129-1134. https://doi.org/10.1590/S0100-204X2005001100011 Viana, JGA. 2008. Panorama Geral da Ovinocultura no Mundo e no Brasil. Disponível em: <https://docs.ufpr.br/~freitasjaf/artigosovinos/panoramaovinos.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2023. Zanella, ME. 2014. Considerações sobre o clima e os recursos hídricos do semiárido nordestino. Disponível em: <https://revista.fct.unesp.br/index.php/cpg/article/view/3176/2680>. Acesso em: 30 ago. 2023. https://doi.org/10.1590/S0103-90162004000200003 https://doi.org/10.1590/S1516-35982001000200027 https://doi.org/10.1590/S1516-35982001000200027 https://doi.org/10.1590/S0100-204X2005001100011 https://docs.ufpr.br/~freitasjaf/artigosovinos/panoramaovinos.pdf https://revista.fct.unesp.br/index.php/cpg/article/view/3176/2680 LISTA DE TABELAS E FIGURAS Tabela 217 1.INTRODUÇÃO 2.MATERIAIS E MÉTODOS 3.RESULTADOS 4.DISCUSSÃO 5.CONCLUSÕES
Compartilhar