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PERFIL DE APREENSAO DE DROGAS DE ABUSO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE NO PERIODO DE JANEIRO A JULHO DE 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE BIOFÍSICA E FARMACOLOGIA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
JOSÉ HENRIQUE DOS SANTOS NETO 
 
 
 
 
 
 
PERFIL DE APREENSÃO DE DROGAS DE ABUSO NO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO NORTE NO PERÍODO DE JANEIRO A JULHO DE 2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal 2023 
 
 
 
 
JOSÉ HENRIQUE DOS SANTOS NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERFIL DE APREENSÃO DE DROGAS DE ABUSO NO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO NORTE NO PERÍODO DE JANEIRO A JULHO DE 2022 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade 
Monografia, submetido ao Departamento de Biofísica 
e Farmacologia da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte como parte dos requisitos 
necessários para obtenção do título de Bacharel em 
Ciências Biológicas. 
 
Orientadora: Vanessa de Paula Soares Rachetti 
UFRN 
 
Coorientadora: Karine Coradini 
ITEP/RN 
 
 
 
Natal 
2023 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 
Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santos Neto, Jose Henrique Dos. 
 Perfil de apreensão de drogas de abuso no estado do Rio 
Grande do Norte no período de janeiro a julho de 2022 / 
Jose Henrique Dos Santos Neto. - 2023. 72f.: il. 
 Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, Centro de Biociências, Curso de Ciências Biológicas, 
Natal, 2023. 
 Orientadora: Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti. 
 Coorientadora: Dra. Karine Coradini. 
 1. Droga de abuso - Monografia. 2. Ilícitas - Monografia. 3. 
Adulterantes - Monografia. 4. Perfil de apreensão - Monografia. 
I. Rachetti, Vanessa de Paula Soares. II. Coradini, Karine. III. 
Título. 
RN/UF/BCZM CDU 573 
 
 
 
 
JOSÉ HENRIQUE DOS SANTOS NETO 
 
 
 
 
PERFIL DE APREENSÃO DE DROGAS DE ABUSO NO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO NORTE NO PERÍODO DE JANEIRO A JULHO DE 2022 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como 
parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
Prof. Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti - Orientador 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
Prof. Dr. Edilson Dantas da Silva Junior 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
MSc. Maryelle de Cássia Albino 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Minha dedicatória vai para todas as 
pessoas que estiveram comigo durante a 
elaboração deste trabalho, me ajudando, 
me fortalecendo. Para minha mãe. Minha 
namorada. Minha orientadora. Meus 
amigos. E para as pessoas que possam 
fazer um bom uso desses dados, da 
segurança pública à pesquisadores. 
Dedico. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Meus mais sinceros agradecimentos ao ITEP/RN, por confiar seus dados a mim 
e me permitir trabalhar num projeto lado a lado a um instituto tão nobre e essencial 
para todos. Agradeço também à minha orientadora, Vanessa Rachetti, por acreditar 
em mim, me proporcionando a incrível experiência de trabalhar num projeto tão 
importante e especial. À Bruna e Thaís, que me ajudaram no processo de coleta de 
dados, de entendimento dos mesmos, enquanto tinham seus próprios projetos em 
andamento. 
E em especial às pessoas mais próximas a mim. Minha mãe, Maria Angélica. 
Minha namorada, Layla Paiva. E a todos os meus amigos, que proporcionaram, todos, 
um ambiente calmo, leve, me ajudando em momentos que tanto precisei. 
Sem todos vocês, tenho certeza que nada disso seria possível. E, por isso, 
gostaria de agradecê-los. De coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nada era certo, mas parecia tão normal 
Me acostumei com a incerteza ideal 
Nos faz querer o tudo, o pouco não é opção 
Será surreal ter o mundo em minhas mãos?” 
 
Scalene - Surreal 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O transtorno relacionado ao uso e abuso de substâncias é uma doença mental que 
acomete parte da população mundial. O entendimento dos princípios ativos, locais 
de apreensão e presença de adulterantes nas substâncias de abuso pode facilitar o 
enfrentamento ao tráfico e ao acesso dos indivíduos de drogas. Este estudo tem 
como objetivo analisar o perfil de apreensão de drogas no Estado do Rio Grande do 
Norte no período de janeiro a julho de 2022. Os resultados foram obtidos através da 
análise de 1553 laudos periciais, resultando no número de 1509 apreensões de 
substância ilícitas, com dados como o órgão apreensor, data da apreensão, cidade, 
quantidade de diferentes materiais apreendidos, característica física do material, 
peso, resultado do laudo, e adulterantes. O estudo apontou a cocaína como a 
substância mais apreendida em unidades, seguida da maconha e dos alucinógenos. 
Entre os contaminantes mais apreendidos estão a cafeína e a tetracaína. O número 
de apreensões ilustra um pico no mês de março e o domingo foi o dia com o menor 
número de apreensões. O órgão de segurança pública responsável pelo maior 
número de apreensões foi a Polícia Civil, com um total de 87,14% do total de 
apreensões. Por fim, o mapeamento das apreensões pelo Estado do RN evidencia 
Mossoró, Natal e região metropolitana como os locais com maior incidência de 
apreensões de substâncias ilícitas. Este estudo poderá somar-se a outros estudos 
que investigam o perfil de apreensões de drogas no RN, o que favorecerá o 
conhecimento e o enfrentamento ao tráfico de drogas no Estado. 
 
Palavras-chave: droga de abuso; ilícitas; Rio Grande do Norte; adulterantes; perfil 
de apreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Substance use and abuse disorder is a mental illness that affects part of the global 
population. The understanding of the active compounds, places of apprehension and 
presence of adulterants in the substances of abuse can facilitate the confrontation 
with drug trafficking and the access of individuals to drugs. This study aims to 
analyze the drug seizure profile in the State of Rio Grande do Norte from January to 
July 2022. The results were obtained through the analysis of 1553 forensic reports, 
resulting in 1509 seizures of illicit substances, including data such as the seizing 
authority, seizure date, city, quantity of different seized materials, physical 
characteristics of the materials, weight, report outcome, and adulterants. The study 
identified cocaine as the most seized substance in terms of units, followed by 
marijuana and hallucinogens. Caffeine and tetracaine were among the most 
frequently seized adulterants. The number of seizures illustrate a peak in March and 
Sunday had the lowest number of seizures. The law enforcement agency 
responsible for the highest number of seizures was the Civil Police, accounting for 
87.14% of the total seizures. Finally, the mapping of seizures across the state of Rio 
Grande do Norte highlights Mossoró, Natal, and the metropolitan region as the areas 
with the highest incidence of illicit substance seizures. This study can contribute to 
other research investigating the drug seizure profile in Rio Grande do Norte, 
facilitating knowledge and efforts to combat drug trafficking in the State. 
 
Keywords: drug of abuse; illicit; Rio Grande do Norte; adulterants; apprehension 
profile. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11 
1.1. Panorama das drogas de abuso e suas implicações ......................................11 
1.2. Classificação das drogas de abuso ................................................................. 13 
1.3. Adulterantes encontrados em drogas ilícitas................................................... 15 
1.4. Drogas ilícitas e os prejuízos na saúde pública .............................................. 17 
2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 19 
2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 19 
2.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 19 
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 20 
3.1. Aprovação da pesquisa no Comitê de Ética ................................................... 20 
3.2. Coleta de dados .............................................................................................. 20 
3.3. Critérios de Inclusão ....................................................................................... 20 
3.4. Critérios de exclusão ....................................................................................... 21 
3.5. Análises estatísticas ........................................................................................ 21 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 22 
4.1. Apreensões mensais e semanais ................................................................... 22 
4.2. Órgãos responsáveis pelas apreensões ......................................................... 24 
4.3. Mapeamento geográfico das apreensões ....................................................... 26 
4.4. Alguns dos princípios ativos e as apreensões geográficas ............................. 28 
4.5. Tabela de todos os princípios ativos apreendidos .......................................... 33 
4.6. Contaminantes encontrados em substâncias apreendidas ............................. 37 
4.7. Perfil geral das apreensões............................................................................. 39 
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 42 
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 43 
6. ANEXO 1 ......................................................................................................................... 50 
7. ANEXO 2 ......................................................................................................................... 55 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. Panorama das drogas de abuso e suas implicações 
 
Quando debatido, o tema das drogas de abuso traz à tona uma variedade de 
opiniões diferentes, abrangendo desde as mais embasadas cientificamente até 
aquelas impregnadas de preconceitos e informações questionáveis. Portanto, dada a 
delicadeza do assunto, torna-se essencial, em primeiro lugar, compreender os 
fundamentos que sustentam essa temática. Segundo o Ministério da Saúde (MS) e a 
Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência de drogas, classificada de 
acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais de 2022 (DSM-
5-TR) como “transtornos relacionados ao uso ou abuso de substâncias”, é 
considerada uma doença que acomete indivíduos dos 15 aos 64 anos de idade, 
representando cerca de 5,5% da população mundial (aproximadamente 440.000.000 
de pessoas) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, [s.d.]; AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION, 2023). 
A separação do que é lícito e o que é ilícito é feita pela legislação local de cada 
país, variando de região para região. No Brasil, a Portaria Nº 344, de 12 de maio de 
1998, delimita as substâncias que cabem a ser lícitas ou ilícitas, sejam elas para a 
elaboração de medicamentos utilizados por profissionais da saúde, ou na fabricação 
de substâncias entorpecentes ou psicotrópicas, por exemplo. Como algumas das 
substâncias consideradas por lei como lícitas, podemos citar o tabaco e o álcool. 
Mesmo que lícitas, essas substâncias são constantemente repreendidas por 
profissionais da saúde e do Estado, de modo que, como citado no Decreto Nº 9.761, 
de 11 de abril de 2019, dado os prejuízos à saúde, sociais e econômicos, produtos 
como o tabaco e o álcool possuem suas diretrizes de advertência e cuidados que 
devem ser considerados antes do uso. Tal decreto não só aprova, como também 
estabelece uma política nacional sobre drogas (BRASIL, 1998, 2019). No fim deste 
documento é possível visualizar a listagem das substâncias através do ANEXO 2, 
retirado diretamente da Portaria nº 344/98. 
Já como algumas das substâncias ilícitas e proibidas por lei, podemos citar a 
maconha, a cocaína, e o 3,4-metilenodioxianfetamina (MDA), com efeitos distintos, 
detalhados posteriormente neste trabalho. Na referida portaria é possível visualizar, 
 
 
12 
 
também, a listagem das substâncias modificadas sinteticamente, como os 
canabinóides sintéticos, as catinonas sintéticas, dentre outras substâncias (BRASIL, 
1998, 2019). 
Contudo, dentro desse grupo das substâncias sintéticas, algumas são 
conhecidas por passar despercebidas pela lei, substâncias estas que mimetizam os 
efeitos de outras já existentes, como a cannabis ou a cocaína. Essas substâncias são 
denominadas de New Psychoactive Substances (NPS), ou Novas Substâncias 
Psicoativas, na tradução literal, e estão sendo, pouco a pouco, reconhecidas e 
regulamentadas por lei. Com o intuito de ilustrar a proliferação significativa dessas 
substâncias, um estudo conduzido em 2023 pelo European Monitoring Centre for 
Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) revelou que cerca de 1 (uma) NPS é criada a 
cada semana, totalizando, até o momento do estudo, uma descrição de mais de 930 
substâncias existentes. Até ao presente, observa-se uma maior incidência das NPS 
na classe das catinonas e canabinoides sintéticos. (CUNHA et al., 2021). 
O Brasil tem um posicionamento geográfico que facilita o transporte de várias 
substâncias, como, por exemplo, a cocaína para o interior do país. Na América Latina 
a Colômbia, o Peru, e a Bolívia possuem os maiores índices de produção de cocaína. 
Nesse sentido, o Brasil, ao possuir uma larga fronteira com esses países, é um ponto 
central para o tráfico de drogas. Em 2011, mais da metade da cocaína apreendida no 
Brasil teve como origem a Bolívia (54%), o Peru (38%) e a Colômbia (7,5%). O litoral 
brasileiro é responsável por facilitar o acesso a diferentes países europeus e africanos 
através do Oceano Atlântico, e, somado a aproximação cultural e linguística com 
Portugal e alguns países africanos falantes da Língua Portuguesa, esses canais de 
transporte e as similaridades culturais justificam uma preferência advinda desse 
mercado ilegal (MIRAGLIA, 2015). 
Somado a isso, esses fatores influenciam no consumo interno das drogas de 
abuso no Brasil. O uso, tanto de substância lícitas, como de substâncias ilícitas, têm 
sido considerado um problema de saúde pública, tendo em vista que o consumo 
predispõe ao acontecimento de acidentes, de violência interpessoal, de 
comportamentos de risco, de distúrbios do sono, de dependência física ou psicológica, 
e até mesmo à ocorrência de óbitos. Neste contexto, existem pesquisas que 
investigam os impactos do uso de substâncias lícitas e ilícitas, tanto entre os 
indivíduos do meio acadêmico como, também, por parte de profissionais em contexto 
 
 
13 
 
laboral (FERNANDES et al., 2017; SILVA e YONAMINE, 2004). Porém, embora sejam 
extremamente necessários para a saúde mental e física dos indivíduos em diferentes 
contextos e áreas de atuação, tais estudos são escassos. 
1.2. Classificação das drogas de abuso 
 
De acordo com o NationalInstitute on Drug Abuse (NIDA), as drogas de abuso 
podem ser classificadas em diferentes categorias, sendo as 3 (três) categorias mais 
citadas na literatura: as depressoras do sistema nervoso central (SNC), as 
estimulantes do SNC e as alucinógenas. As depressoras, como o álcool, são 
substâncias que diminuem a atividade encefálica, tornando o indivíduo mais calmo e 
com uma sensação de relaxamento. As estimulantes, por outro lado, são responsáveis 
por aumentar a atividade encefálica, tornando o usuário mais ativo, agitado e em 
estado de alerta. Por fim, os alucinógenos, também conhecidos como perturbadores 
do SNC, agem de maneira qualitativa, nem aumentando nem diminuindo a atividade 
encefálica, responsáveis por causar profundas distorções na percepção e realidade 
do indivíduo que as utilizam (NIDA, 2020; THIESEN e BORGES, 2020). 
Dentre as substâncias depressoras do SNC, pode-se citar a cannabis, 
popularmente conhecida como maconha. Neste estudo, será utilizada a sigla “THC” 
para se referir a Cannabis, motivo este devido aos métodos laboratoriais detectarem 
o tetrahidrocanabinol como a substância psicotrópica associada a Cannabis. Apesar 
da classificação aqui feita, frequentemente a literatura a classifica como alucinógena, 
devido aos efeitos ansiogênicos e sentidos alterados de espaço e tempo. A Cannabis 
sativa L. é uma das plantas mais antigas que o homem tem conhecimento, tendo 
relatos de seu uso há mais de 4.000 (quatro mil) anos atrás. Bordin e colaboradores 
(2012) afirmam que a cannabis possui mais de 480 (quatrocentos e oitenta) 
substâncias químicas diferentes, distribuídos em 18 classes químicas, podendo ser 
destacados o -9-tetrahidrocanabinol (THC), uma substância psicoativa, e o 
canabidiol (CBD), uma substância não psicoativa. Dados estatísticos da Polícia 
Federal apontam que, nos últimos anos, a maconha tem sido a droga com o maior 
número de apreensões em todas as regiões do país, sendo a principal região o Centro-
Oeste, seguida pela região Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil. A Polícia Civil, 
 
 
14 
 
por sua vez, apresenta um quadro de apreensões mais equilibrado entre a maconha 
e a cocaína e seus derivados (BORDIN et al., 2012; BURGESS, 2023). 
No Brasil, a cannabis não é regulamentada para uso como medicamento, como 
acontece em outros países (Canadá e Holanda), mas um produto ilegal, 
contrabandeado, com qualidade suspeita pode resultar em mais prejuízos do que 
benefícios aos usuários crônicos (ALARCON, 2012). Os efeitos do THC, o princípio 
ativo mais conhecido da cannabis, explicam-se, pelo menos parte deles, pela 
existência, em seres humanos, dos receptores endocanabinóides. Esses receptores 
são o CB1, com distribuição principalmente no SNC, e o CB2, localizado 
principalmente no sistema nervoso periférico (SNP). Os receptores CB1 influenciam 
neurotransmissores como o GABA, glutamato, noradrenalina, serotonina e dopamina, 
potencializando suas ações. Essas ações podem acabar influenciando na cognição, 
percepção, funcionamento motor, apetite, sono, neuroproteção, 
neurodesenvolvimento e liberação hormonal (CRIPPA et al., 2005). 
A cocaína, por sua vez, é um dos alcalóides extraídos das plantas de gênero 
Erythroxylum, uma planta que possui ação anestésica local além de estimulante do 
SNC. A cocaína possui basicamente três diferentes formas: a pasta base, o crack e o 
cloridrato de cocaína. Quando tratada com bicarbonato de sódio ou carbonato de 
amônio, o cloridrato de cocaína se transforma no “crack”, um composto que, quando 
fumado, atinge os pulmões, rapidamente é absorvido, interferindo na recaptação dos 
neurotransmissores (dopamina, serotonina e noradrenalina) e resultando em 
sensações de euforia intensa, aumento da pressão cardíaca e pressão arterial, entre 
outros efeitos (GOMES, 2010). 
Uma substância natural, obtida através das folhas da planta Erythroxylum coca, 
a cocaína é uma substância de ação dopaminérgica, responsável por um alto índice 
de dependência, conhecida por ser um complexo problema de saúde pública. Ao ser 
absorvida, a substância segue pela corrente sanguínea até seu local de ação, os 
receptores dopaminérgicos (tipo D1 e tipo D2). Sua alta toxicidade e potencial abusivo 
estão associados ao bloqueio na recaptação de catecolaminas (como a dopamina e 
noradrenalina) e serotonina no SNC e SNP. Devido a essa recaptação da dopamina 
no SNC é possível justificar os efeitos euforizantes da substância. A ativação de 
receptores do tipo D1 parece diminuir a fissura, enquanto o receptor D2 parece 
intensificar a mesma. Dessa forma, medicamentes agonistas do receptor D1 seriam 
 
 
15 
 
essenciais para diminuir e procura do indivíduo, além de ajudar em recaídas (LEMOS, 
2019; DE MELO, 2017). 
A cocaína pode ser utilizada por meio do fumo, aplicação intravenosa, inalação, 
ou via oral. De acordo com a farmacocinética, a rota de administração determina em 
quanto tempo aquela substância irá agir no organismo, variando de 1 a 5 minutos se 
injetado ou fumado, para até mesmo 180 minutos, se aplicado pela via oral (KIM; 
PARK, 2019). 
Finalmente, Pimentel (2014) em seu estudo afirma que o 3,4-
metilenodioximetanfetamina (MDMA) é uma droga sintética, alucinógena, com 
elevado grau de abuso. Desde o século XX, tornou-se uma das substâncias 
psicotrópicas mais populares, sendo o seu consumo um problema de saúde pública 
na sociedade atual. Apresentado muitas vezes sob a forma de comprimidos, com 
diversas cores e formas, produz como efeitos conhecidos sensações de relaxamento, 
euforia e energia, além da exacerbação de todos os sentidos, através da 
intensificação das cores e sons (PIMENTEL, 2014). 
O MDA e o MDMA são substâncias derivadas da anfetamina, classificadas 
como derivados anfetamínicos. Possuem tanto efeitos alucinógenos, como efeitos 
estimulantes no sistema nervoso central. Para tais, atuam como substrato de 
proteínas transportadoras de monoaminas, responsáveis pela recaptação de 
neurotransmissores. Quando ligadas a essas proteínas, inibem esse processo de 
recaptação, aumentando os níveis de neurotransmissores (serotonina, dopamina e 
noradrenalina) no sistema nervoso central e periférico (SCHENK; HIGHGATE, 2021; 
PETERS et al., 2003). 
1.3. Adulterantes encontrados em drogas ilícitas 
 
Adulterantes são substâncias adicionadas à droga em questão, 
frequentemente sem o conhecimento prévio do usuário. Essas substâncias 
apresentam uma variedade de efeitos e reações tóxicas distintas no organismo do 
indivíduo. Apesar de muito comumente encontrados na cocaína, os adulterantes 
também podem estar presentes em outros tipos de entorpecentes, como em selos ou 
nos comprimidos, frequentemente associados às substâncias alucinógenas. Os 
adulterantes também têm o propósito de aumentar o volume da droga, além da 
 
 
16 
 
tentativa de potencializar os efeitos do princípio ativo. Apesar de relatado que alguns 
adulterantes aparecem acidentalmente durante o refino ou produção da droga, é 
importante salientar que essa prática também está associada com a própria 
necessidade do traficante, e por isso, muitas vezes é, sim, proposital, sendo, então, 
utilizadas para incrementar na obtenção de lucro, disfarçar sabor/cheiro, disfarçar a 
péssima qualidade da droga, mimetizar os efeitos nocivos de uma substância de 
abuso, e, em alguns casos, combinar todas essas características simultaneamente 
(ALCÂNTARA, 2016). 
É importante separar os diluentes dos adulterantes, pois são agentes citados 
separadamente na literatura. Os adulterantes estão relacionados a um efeito 
farmacológico, ligado muitas vezes ao tipo de efeito da substância, e por isso podem 
contribuir para potencializar os efeitos de uma determinada droga de abuso. Os 
diluentes por sua vez são substâncias como o açúcar, a sacarose, a manose, 
geralmente utilizados para simplesmente aumentar o volume do entorpecente, 
minimizando os prejuízos na composiçãoquímica e idealizando o aumento do preço 
ao usuário (LAPACHINSKE et al., 2015). 
Existe uma grande variedade de substâncias das quais os adulterantes podem 
fazer parte. Contudo, os adulterantes são mais comumente encontrados na cocaína, 
que muitas vezes acabam por passar despercebidos pelos testes realizados em 
laboratório, como o teste de Scott ou pelo teste colorimétrico (CONCEIÇÃO et al., 
2014). Os adulterantes mais encontrados em amostras de cocaína são a cafeína, 
lidocaína, benzocaína, diltiazem, levamisol, procaína e fenacetina. De acordo com 
alguns autores, a lidocaína, apesar de seu alto nível de toxicidade, é o adulterante 
mais encontrado em amostras de cocaína em países diferentes (MAGALHÃES et al., 
2013). 
Identificar e quantificar adulterantes e diluentes é extremamente benéfico para 
a fiscalização do tráfico dessas substâncias. Em 2006 a Polícia Federal Brasileira 
realizou a implementação do PeQui (Perfil Químico das Drogas), um projeto com o 
marco de ajudar nas investigações envolvendo entorpecentes, utilizando como 
fundamento a composição das próprias substâncias apreendidas. Boa parte do projeto 
PeQui é direcionada às apreensões e investigações envolvendo a cocaína visto que 
o Brasil é um dos principais pontos da rota de tráfico. Através desse projeto, os peritos 
criminais conseguiam distinguir até mesmo o país de origem das substâncias 
 
 
17 
 
apreendidas, devido às suas características únicas, especificidades dos adulterantes 
e diluentes, variações estas que pertenciam exclusivamente a um padrão de uma 
determinada rota (ZACCA et al., 2014). 
 
1.4. Drogas ilícitas e os prejuízos na saúde pública 
 
A situação das drogas ilícitas na saúde pública é complicada, pois os problemas 
acerca do tema são inúmeros e complexos. Dentre alguns dos problemas envolvendo 
o uso de substâncias ilícitas na sociedade estão as guerras contra as drogas, a 
utilização de sintéticos, transtornos por uso de substâncias, e a associação com 
doenças sexualmente transmissíveis. A epidemia de HIV/AIDS levou a uma 
reconceituação da política de drogas na Inglaterra nas décadas de 1980 e 1990, com 
foco na redução de danos e redução de riscos. Essa abordagem reconhece que o uso 
de drogas pode aumentar o risco de transmissão do HIV e busca minimizar esse risco 
por meio de intervenções, como programas de troca de agulhas e terapia de 
substituição de opioides (STIMSON, 1991). 
A guerra contra as drogas é caracterizada por um discurso erradicador que se 
concentra na culpa e na punição. Esta abordagem tem sido a resposta dominante às 
questões relacionadas com o tráfico e o aprisionamento relacionado ao porte de 
drogas. Além disso, os transtornos relacionados ao uso de substâncias, incluindo 
aqueles que envolvem drogas ilícitas, representam um fardo pesado para a sociedade 
e a saúde pública. No entanto, o acesso aos cuidados para essas condições é muitas 
vezes limitado. Muitos indivíduos que precisam de tratamento para transtornos 
relacionados ao uso de drogas, incluindo aqueles que estão encarcerados, não 
recebem os cuidados necessários (DEBBAUT; KAMMERSGAARD, 2022; CROWLEY 
et al., 2017). 
Quanto aos uso dos sintéticos, Cohen e Weinstein (2018) evidenciam os 
problemas relacionados à utilização, especificamente, dos canabinoides sintéticos. Os 
produtos canabinoides sintéticos têm efeitos semelhantes aos da cannabis natural, 
mas são mais potentes e perigosos. Eles têm sido associados a graves efeitos 
adversos, incluindo dificuldades respiratórias, hipertensão, taquicardia, dor torácica, 
contrações musculares, insuficiência renal aguda, ansiedade, agitação, psicose, 
 
 
18 
 
ideação suicida e comprometimento cognitivo. O uso crônico dessas substâncias tem 
sido associado a condições psiquiátricas e médicas graves e até mesmo à morte 
(COHEN; WEINSTEIN, 2018). 
Ainda, tendo em vista a posição geográfica a qual o Rio Grande do Norte se 
situa na geografia do país, e sua aproximação a países europeus e africanos através 
do oceano Atlântico, essa situação torna o Estado do RN ainda mais propício à 
circulação de drogas em seu interior. Por exemplo, uma notícia reportada no portal da 
G1, em janeiro de 2023, relata a apreensão de 11 (onze) quilos de cocaína no Porto 
de Natal, substância essa que estava a bordo de um navio com destino à Holanda. 
São representações como essas que reafirmam a forte possibilidade do tráfico de 
drogas no Estado do Rio Grande do Norte ser uma ligação direta com o fornecimento 
e distribuição dessas substâncias em países europeus e africanos (G1, 2023). 
 Tendo em vista todos os tópicos discutidos até então, esse trabalho mostra-se 
imprescindível para o entendimento do panorama parcial do perfil de apreensão de 
drogas no estado do Rio Grande do Norte. A discussão aqui retratada auxilia na 
informação sobre os possíveis padrões e tendências do tráfico de drogas, a 
possibilidade da identificação de rotas e redes de distribuição, o apoio à formulação 
de políticas de segurança pública, o monitoramento do impacto das políticas de 
combate às drogas, o monitoramento do impacto das políticas de combate às drogas, 
e os impactos do mercado ilícito na sociedade e na saúde pública. Sendo assim, este 
estudo mostra-se de extrema importância na discussão destes temas, na comparação 
com anos anteriores e posteriores, e no desenvolvimento de comparações com outros 
perfis de apreensões de drogas de diferentes Estados brasileiros. 
 
 
19 
 
2. OBJETIVOS 
2.1. Objetivo geral 
 
Analisar o perfil de apreensão das drogas ilícitas no período de janeiro a julho 
de 2022, através da coleta de dados disponíveis em laudos periciais de substâncias 
ilícitas proporcionado pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do 
Norte (ITEP/RN). 
2.2. Objetivos específicos 
 
● Determinar a localização geográfica para as diferentes apreensões das 
substâncias apreendidas e relatadas por meio dos laudos periciais no 
período de janeiro a julho de 2022; 
● Analisar os principais princípios ativos apreendidos e relatados por meio 
dos laudos periciais no período de janeiro a julho de 2022; 
● Analisar os principais adulterantes presentes nas substâncias 
apreendidas e relatadas por meio dos laudos periciais no período de 
janeiro a julho de 2022. 
● Analisar os padrões de apreensões de substâncias no intervalo dos 
meses e semanas no período de janeiro a julho de 2022. 
 
 
20 
 
3. METODOLOGIA 
3.1. Aprovação da pesquisa no Comitê de Ética 
 
Este documento trata-se de uma pesquisa documental, informativa e 
retrospectiva, com o intuito de analisar os dados coletados entre o período de 
janeiro a julho de 2022 na instituição ITEP/RN na cidade de Natal, Estado do Rio 
Grande do Norte. Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de 
Ética em Pesquisa (CEP), e conforme a Resolução nº 510/2016, foi garantida a 
preservação de dados diretos referentes aos indivíduos, como o nome e a idade, a 
partir da assinatura do termo de confidencialidade pelos pesquisadores. Além 
disso, o termo de consentimento foi assinado pelo diretor geral do ITEP/RN, 
autorizando a coleta de dados no Instituto. A partir da aprovação no CEP 
(documento apresentado no ANEXO I), iniciou-se o levantamento dos dados. 
3.2. Coleta de dados 
 
A coleta dos dados foi realizada através do Sistema Integrado de Gestão de 
Perícias (SIGEP), de forma que, através de uma ferramenta de busca, obteve-se 
acesso aos documentos elaborados pelos peritos, nos quais encontram-se as 
análises periciais das drogas apreendidas. Os seguintes dados foram coletados 
durante o trabalho: protocolo do ofício; número do laudo; órgão apreensor; data da 
apreensão; cidade; se houve ou não indiciado; quantidade de diferentes materiais 
apreendidos; característica física do material; peso; volume; resultado do laudo; 
adulterantes. É importante salientar que, em raríssimos casos,algumas dessas 
informações poderiam não constar no ofício, o que será sinalizado na apresentação 
dos resultados. 
3.3. Critérios de Inclusão 
 
Foram analisados, ao todo, 1553 laudos. Foram incluídos todos os laudos 
com o órgão apreensor, quantidade da substância apreendida, peso, droga de 
abuso e/ou adulterante(s), com resultado confirmado após análises periciais. 
 
 
21 
 
3.4. Critérios de exclusão 
 
 Laudos que não se encaixavam como apreensão de drogas ilícitas e/ou 
adulterantes; substâncias classificadas como agrotóxicos, medicamentos, ou 
fármacos de uso prescrito; substâncias que não possuíam resultados periciais por 
motivos técnicos; substâncias com a ausência de informações de quantidade e 
peso; laudos classificados como “CANCELADO”, “REGISTRADO” ou 
“AGUARDANDO DIGITAÇÃO”. 
3.5. Análises estatísticas 
 
Os dados foram armazenados em uma planilha no Google Sheets. As 
análises estatísticas e gráficos foram todos produzidos com o auxílio do site 
InfoGram. Os mapas geográficos com as apreensões nos diferentes municípios do 
RN foram retirados do banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), e personalizados conforme as necessidades deste trabalho. 
 
 
22 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
4.1. Apreensões mensais e semanais 
 
Entre o período de janeiro a julho de 2022, foram confirmadas 1509 
apreensões de substâncias ilícitas em todo o Estado do Rio Grande do Norte. O 
gráfico 1 ilustra as apreensões mensais ao longo de todo o período. O mês com o 
maior número de apreensões foi o mês de março, com um total de 295 apreensões. 
Já o mês com o menor número de apreensões foi o mês de janeiro, com um total 
de 184 apreensões, apresentando uma média de 215,57 apreensões por mês. 
 
Gráfico 1: Total das apreensões mensais das drogas de abuso admitidas pelo ITEP/RN. 
 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
O gráfico 2 foi elaborado agrupando todas as segundas, terças, quartas, 
quintas, sextas, sábados e domingos de cada mês. Ou seja, cada conjunto de 
barras simboliza um mês específico e sua quantidade de apreensões do dia 
evidenciado. O dia com o maior número de apreensões foi a terça-feira, com um 
total de 281 apreensões, se contabilizado todas as terças de todos os meses do 
período citado. A seguir, a quinta-feira teve um total de 278 apreensões. O dia com 
 
 
23 
 
o menor número de apreensões foi o domingo, com um total de 103 apreensões de 
substâncias ilícitas. 
 
Gráfico 2: Total das apreensões semanais das drogas de abuso admitidas pelo ITEP/RN. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
As apreensões mensais, demonstradas através do gráfico 1, possuem um 
padrão bastante homogêneo, tendo como exceção apenas o mês de março, com 
um pico de quase 300 apreensões registradas. Esse pico de apreensões coincide 
diretamente com a data do período do Carnaval, o qual ocorreu do primeiro ao 
quinto dia de março no ano de 2022. Na Austrália, Lai e colaboradores (2013) 
realizaram um estudo comparativo do uso de substâncias ilícitas em períodos 
festivos e períodos controle, e perceberam um aumento significativo do uso dessas 
substâncias durante os períodos festivos. Dessa forma, faz-se possível a 
comparação do período do Carnaval com o pico de apreensões no mês de março 
evidenciado através do gráfico 1, visto que, culturalmente, o Carnaval representa 
para o Brasil uma das maiores datas festivas do país (LAI et al., 2012). 
Os demais meses visualizados no gráfico 1 seguem uma linha mais 
homogênea, com números levemente mais próximos aos da média encontrada, 
215,57 apreensões por mês. Sendo assim, são mínimas as discrepâncias das 
apreensões mensais, mantendo uma quantidade de apreensões bem próximas 
umas às outras. 
 
 
24 
 
Por outro lado, as apreensões semanais (gráfico 2) demonstram padrões 
diferentes para alguns dias específicos da semana. O domingo foi o dia com menor 
número de apreensões. Esse dado pode estar diretamente relacionado tanto com 
a possibilidade de uma menor atividade de circulação de drogas nas ruas, e, 
consequentemente, uma diminuição no número de apreensões, quanto ao fato de 
uma menor atividade dos órgãos de segurança pública no domingo, visto que, 
segundo a Lei Nº 605, de 5 de janeiro de 1949, todo funcionário tem direito a folga, 
sendo preferencialmente a folga aos domingos. Dessa forma, com um maior 
número de funcionários folgando aos domingos, o número de apreensões tende a 
ser menor (BRASIL, 1949). 
4.2. Órgãos responsáveis pelas apreensões 
 
Os órgãos de segurança pública responsáveis pelas as apreensões 
visualizadas ao longo deste trabalho foram: a Polícia Civil (PC), a Polícia Militar 
(PM), a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o próprio 
ITEP/RN. 
A tabela 1 demonstra as apreensões de cada órgão apreensor ao longo dos 
meses. A Polícia Civil (PC) ilustra o órgão com o maior número de apreensões, um 
total de 1316 ao longo de todo o intervalo em estudo. 
O gráfico 3, por sua vez, apresenta em porcentagem quais órgãos fizeram 
mais apreensões de substâncias ilícitas no Estado do RN e as enviaram ao 
ITEP/RN para a realização das análises periciais. A Polícia Civil foi o órgão que 
realizou o maior número de apreensões de drogas de abuso, totalizando 87,14% 
do total de detenções relatadas neste estudo. Por outro lado, a Polícia Federal e o 
ITEP seguem com o menor número de apreensões de substâncias ilícitas, 
totalizando 0% e 0,33% do total de apreensões, respectivamente. 
 
Tabela 1: Quantidade de apreensões por órgão apreensor admitidas pelo ITEP/RN ao longo dos 
meses. 
 
 
25 
 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
Gráfico 3: Porcentagem do total das apreensões por órgão apreensor admitidas pelo ITEP/RN. 
Legenda: PC = Polícia Civil; PM = Polícia Militar; PF = Polícia Federal; PRF = Polícia Rodoviária 
Federal; ITEP = Instituto Técnico-Científico de Perícia. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
Os órgãos federativos e governamentais de segurança pública relatados 
neste trabalho fizeram, cada um, suas contribuições para o total de apreensões de 
drogas ilícitas aqui listadas. Conforme ilustrado na tabela 1, alguns órgãos 
influenciaram mais com o número total de apreensões, como é o caso da Polícia 
Civil, que totalizou 1.315 apreensões do total, 87,14% do total das apreensões 
(gráfico 3). Por outro lado, órgãos como a Polícia Federal e o ITEP aparecem com 
0 e 5 apreensões de substâncias ilícitas, respectivamente. Dessa forma, conforme 
 
 
26 
 
citado pelo Instituto Sou da Paz (2018), é importante problematizar que apesar da 
quantidade apreendida, é interessante que estas apreensões estejam diretamente 
relacionadas com um processo de investigação mais duradouro, envolvendo 
técnicas de escuta telefônica, campana e acompanhamento, dentre outros. Ações 
que demandam maior tempo e esforço, com um potencial de atingir maiores 
quantidades de apreensões, bem como a identificação de membros de alto escalão 
com entendimento mais completo do crime, buscando possíveis fornecedores e 
distribuidores (INSTITUTO SOU DA PAZ, 2018). 
Contudo, é importante afirmar que o processo de coleta dos dados sob a 
dinâmica criminal não está integrado e padronizado, visto que os diferentes órgãos 
representativos nas apreensões de substâncias ilícitas, citados anteriormente, 
aplicam metodologias e critérios de apreensão próprios. Consequentemente, não 
há relação maior na diversidade dos indicadores e das variáveis, dificultando não 
só a capacidade de comparação entre as informações, mas a possibilidade de 
produzir análises mais aprofundadas acerca do tema (BAPTISTA; NASCIMENTO; 
ANDREUCCETTI, 2022). 
4.3. Mapeamento geográfico das apreensões 
 
O Estado do Rio Grande do Norte tem, ao todo, 167 municípios, sendo sua 
capital o município de Natal. No gráfico 4, é possível visualizar todas as apreensões 
no RN, representadas por meio de cores, ao longo do intervalo de janeiroa julho 
do ano de 2022. Os municípios com a maior incidência de tráfico de drogas foram 
os municípios de Natal e Mossoró, com 872 e 112 apreensões, respectivamente. O 
município de Natal representa 57,36% do número total de apreensões em todo o 
Estado. As cidades não representadas com cores refletem as regiões com nenhum 
relato de apreensão no município. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Gráfico 4: Mapeamento geográfico do total de apreensões de drogas no Estado do Rio Grande do 
Norte, admitidas pelo ITEP/RN. Cada cor representa o intervalo do total de apreensões de 
substâncias ilícitas no município. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
As apreensões de substâncias ilícitas no Estado do Rio Grande do Norte, no 
período de janeiro a julho de 2022, apresentaram uma variedade numérica ao longo 
de todo seu território. As cidades com maior número de apreensões, segundo o 
gráfico 4, foram Natal e Mossoró, com um total de 872 e 112 apreensões, 
respectivamente. Segundo os estudos do Instituto Sou da Paz (2018) e de Araújo 
(2022), é possível verificar que o resultado de ambos converge com os deste 
estudo, corroborando com o fato de um maior índice de apreensões de drogas de 
abuso na capital do Estado e regiões metropolitanas. Contudo, vale ressaltar que a 
metodologia desses estudos diverge um pouco com a premissa deste, tendo em 
vista que o perfil de apreensão realizado pelo Instituto Sou da Paz refere-se aos 
anos de 2015, 2016 e 2017 (até setembro), e o trabalho de Araújo evidencia apenas 
as substâncias classificadas como Novas Substâncias Psicoativas (NSP). Mesmo 
com tais divergências, as pesquisas se reafirmam ao expor o mesmo padrão do 
tráfico de drogas na capital e regiões metropolitanas quando comparadas com os 
municípios interioranos (ARAÚJO, 2022; INSTITUTO SOU DA PAZ, 2018). 
 
 
28 
 
No escopo geral das substâncias apreendidas no RN, é possível identificar 
uma maior incidência de substâncias identificadas como THC e cocaína. A tabela 
2 mostra que, apenas para o THC, há um total de 12.223 (doze mil, duzentas e 
vinte e três) unidades apreendidas. Enquanto para a cocaína, há um total de 19.533 
(dezenove mil, quinhentas e trinta e três) unidades apreendidas. Essas informações 
vão ao encontro dos resultados das apreensões obtidas em Pernambuco. No 
Estado de Pernambuco, as principais drogas encontradas no Estado foram a 
maconha e a cocaína (incluindo o crack), com o número reduzido de apreensões 
de drogas sintéticas uma vez comparados à maconha e à cocaína. Esse cenário é 
bem similar ao do Estado do RN, que além dos números citados para as 
substâncias identificadas como THC e cocaína, as apreensões dos sintéticos 
também foi menor, com 250 unidades de MDA apreendidas, 84 de MDMA, e 
nenhuma de LSD (CDE, 2022). 
4.4. Alguns dos princípios ativos e as apreensões geográficas 
 
No gráfico 5 é possível identificar todos os locais de apreensão de THC 
identificados por métodos laboratoriais, feitos pelo ITEP/RN, sendo possível a 
localização da apreensão por meio dos laudos criminais. Os municípios com os 
maiores índices de apreensão de THC no Estado do RN foram Natal e Mossoró, 
com 564 apreensões em Natal, e 71 apreensões em Mossoró. A média de 
apreensões por município foi de 16,35. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Gráfico 5: Mapeamento geográfico do total de apreensões de substâncias identificadas como THC 
no Estado do Rio Grande do Norte, admitidas pelo ITEP/RN. Em 20 casos de apreensão de THC o 
local de apreensão não foi informado no laudo, e, portanto, não foram incluídos no gráfico. Todos 
os locais que não possuem cores não possuem registro de apreensão. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
Em seguida o gráfico 6 consiste no total de apreensões da cocaína no 
Estado do RN, tendo em vista a identificação da substância por exames 
laboratoriais do ITEP/RN, e a possibilidade da localização precisa de cada 
apreensão graças aos laudos periciais dos exames toxicológicos de tais 
substâncias. 
No caso da cocaína, o município com o maior número de apreensões foi 
Natal, com um total de 275 apreensões ao longo do intervalo aqui estudado. Ao 
todo, 18 cidades tiveram o total de apenas 1 apreensão da cocaína, dentre elas 
Acari, Touros, São José de Mipibu, Jardim do Seridó, entre outras cidades. A média 
geral de apreensão por municípios com relatos foi de 9,66 apreensões por 
município. 
Em relação à cocaína, não houve casos sem identificação da cidade no 
ofício, e, por isso, todos casos de apreensão de cocaína estão registrados no 
gráfico em questão (Gráfico 6). 
 
 
 
 
 
30 
 
Gráfico 6: Mapeamento geográfico do total de apreensões de substâncias identificadas como 
cocaína no Estado do Rio Grande do Norte, admitidas pelo ITEP/RN. Na legenda, o intervalo de 
apreensões que determina a cor para cada município. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
Os próximos gráficos (Gráfico 7 e 8) evidenciam o número de apreensões 
para as substâncias MDA e MDMA. 
Ao todo, foram 6 municípios com relatos de apreensões do MDA, com Natal 
tendo 9 apreensões no intervalo de janeiro a julho de 2022. Ao todo, foram 18 
apreensões de MDA no intervalo mencionado. Monte Alegre, Nova Cruz, Extremoz 
e Currais Novos com o total de 1 apreensão de MDA, e São José de Mipibu com 2 
apreensões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Gráfico 7: Mapeamento geográfico do total de apreensões de substâncias identificadas como MDA 
no Estado do Rio Grande do Norte, admitidas pelo ITEP/RN. Na legenda, o total de apreensões por 
município determinando sua cor. Houve 3 casos de apreensão de MDA cujos laudos não informaram 
a localização da apreensão dessas substâncias, e, por isso, esses casos não estão incluídos no 
gráfico em questão. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
O número de apreensões do MDMA foi de 13 apreensões no intervalo de 
janeiro a julho de 2022. Natal apresenta o maior número de apreensões de 
substâncias ilícitas, com um total de 9 apreensões. As cidades de Currais Novos, 
Goianinha, São José de Mipibu e Tibau do Sul tiveram apenas 1 apreensão dessas 
substâncias psicotrópicas, cada. 
Não houve situação de ausência do local de apreensão nesses casos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Gráfico 8: Mapeamento geográfico do total de apreensões de substâncias identificadas como 
MDMA no Estado do Rio Grande do Norte, admitidas pelo ITEP/RN. Na legenda, o total de 
apreensões por município determinando sua cor. 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
 Em relação as feniletilaminas substituídas, como o 2,5-dimetoxi-4-
bromofenetilamina (2C-B) e o N-benziloxi (NBOH) e suas variações, por fazerem 
parte de um pequeno número de apreensões, estão no formato de gráfico de linha, 
e não de mapa de apreensões (Gráfico 9), para facilitar a visualização e, 
posteriormente, a discussão destes dados. 
Dentre as feniletilaminas substituídas apreendidas no período de janeiro a 
julho de 2022, estão o 2C-B, o 25B-NBOH, e o 25E-NBOH. Ao todo, foram 
apreendidos 1, 12, e 1 unidades dessas substâncias, respectivamente. O maior 
número dessas apreensões foi em Natal, totalizando 8 apreensões de 
feniletilaminas na capital. Contudo, a única apreensão da substância 25E-NBOH 
teve como local o município de Santa Cruz. 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
Gráfico 9: Mapeamento geográfico do total de apreensões de substâncias identificadas como 
feniletilaminas no Estado do Rio Grande do Norte, admitidas pelo ITEP/RN. Na legenda, o total de 
apreensões por município determinando sua cor. 
 
Fonte: Autoria própria. 
4.5. Tabela de todos os princípios ativos apreendidos 
 
Na tabela 2 estão listadas as substâncias ilícitas mais apreendidas ao longo 
deste estudo. Ao todo, foram 9 (nove) substâncias ilícitas com o maior número de 
recorrência, além de substância que testaram negativo aos exames periciais, mas 
que apresentaram algum tipo de adulterante em sua composição química. 
É importante salientar que,na coluna de “Contaminantes”, há uma listagem 
de todos os adulterantes encontrados nas mais diferentes amostras dessas 
substâncias. Contudo, não são todas as substâncias que possuem os 
contaminantes apresentados, apenas uma fração delas. A coluna serve para 
visualizar a incidência desses adulterantes (tabela 3). 
 
 
34 
 
A tabela 2 permite visualizar informações importantes, como a quantidade, 
em unidades, de substâncias apreendidas, as características físicas no momento 
da apreensão, o peso médio dentre o total dessas substâncias, e os possíveis 
adulterantes encontrados. Além disso, a característica física dos materiais foi 
variável. A cocaína, por exemplo, foi descrita em diferentes apreensões como 
“pedra”, “pastoso”, “cristal”, “pedra amarelada” ou “pó”. 
Quanto aos alucinógenos, como o MDA e o MDMA, foram encontradas 
descrições como “Selo” e “Comprimido”. O MDMA foi a única droga com a aparição 
de um único adulterante. 
 
Tabela 2: Princípios ativos das substâncias apreendidas, quantidade apreendida em unidades, 
caraterística física dos materiais apreendidos, e peso médio do total das substâncias apreendidas. 
 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
 
 
35 
 
Uma das substâncias mais apreendidas no RN foi a cannabis, com 
apreensões não só nas regiões mais populosas do Estado (Natal e Mossoró), como 
também em cidades interioranas. A demanda pela cannabis, no Brasil, segundo 
uma pesquisa realizada em 2005, indica-a como a droga ilícita mais consumida no 
país. Tendo em vista os efeitos relaxantes da substância, além da capacidade de 
motivar e transformar positivamente os encontros sociais, essas características 
podem justificar os altos números de apreensões dessa substância não só no 
Brasil, mas também no próprio território do Estado do Rio Grande do Norte 
(BOITEUX, 2009; ALARCON, 2012). 
Para entender como esses efeitos afetam a saúde pública do nosso Estado, 
a UNODC (2023) em seu mais recente World Drug Report 2023 afirma que é 
estimado que cerca de 41% dos casos de transtornos por drogas são desordens 
causadas pelo uso da cannabis. Além disso, outros estudos também apontam os 
prejuízos que a cannabis pode causar no desenvolvimento de adolescentes e no 
desenvolvimento neuronal pré-natal. Sendo assim, o número de apreensões pode, 
sim ser preocupante uma vez que reflete diretamente a circulação dessas 
substâncias entre a população do Estado do Rio Grande do Norte. Porém, o alto 
número de apreensões de substâncias caracterizadas como THC no RN demonstra 
uma forte frente de combate ao tráfico dessas substâncias (UNODC, 2023; 
VOLKOW et al., 2014). 
A cocaína, por sua vez, apesar de menos apreensões (gráfico 6) quando 
comparada com as apreensões do THC (gráfico 5), teve uma maior quantidade de 
unidades apreendidas, totalizando 19.553 (dezenove mil, quinhentas e cinquenta e 
três) unidades apreendidas (tabela 2). A cocaína apreendida foi caracterizada em 
diversos aspectos, como pó, pedra, pedra amarelada, pastoso e cristal. 
Segundo a UNODC (2017), a quantidade de cocaína apreendida mais do 
que duplicou na América do Sul durante o período entre o ano de 1998 a 2014. De 
2009 a 2014, o Brasil vem simbolizando 7% das apreensões globais da cocaína. O 
crescimento na quantidade de apreensões dessa substância está, provavelmente, 
diretamente relacionado com uma melhor aplicação da lei e esforços dos órgãos 
de segurança pública (UNODC, 2017). Dessa forma, esses dados podem 
simbolizar que o alto número de apreensões de unidades de cocaína no RN remete 
 
 
36 
 
diretamente ao intensificado combate ao tráfico e o esforço dos órgãos locais de 
segurança pública. 
Essa substância é caracterizada como uma droga de alto risco de potencial 
de abuso, podendo levar a uma dependência severa. Dessa forma, essa substância 
pode levar aos mais diversos problemas de saúde, por exemplo, nos Estados 
Unidos, cerca de 40% das emergências hospitalares envolvendo substâncias de 
abuso estão relacionadas com a cocaína (KIM; PARK, 2019). 
Outros trabalhos afirmam que a cocaína está entre as drogas favoritas de 
adolescentes e jovens universitários. Por isso, o alto número de unidades 
apreendidas no RN chega a ser preocupante, visto que, no Estado, existem 78 
universidades diferentes, e uma possível circulação dessas substâncias no meio 
acadêmico prejudicaria a saúde e o ensino desses jovens. Madu e colaboradores 
(2003) encontraram correlação com o aumento do uso de drogas ilícitas quando os 
alunos de uma universidade estão mais cansados, estressados, deprimidos, em 
festas ou durante os finais de semana e horários livres (KRAČMAROVÁ, 2011; 
MADU; MATLA, 2003). 
Conforme ilustram os gráficos 7, 8, e 9, o perfil de apreensão das substâncias 
perturbadoras do SNC foi menor do que as apreensões da cannabis e da cocaína. 
As apreensões do MDA, do MDMA, do 2C-B, e do NBOH e suas variações foram 
significativamente maiores em Natal. Contudo, é interessante notar que as 
apreensões que não foram em Natal estão em cidades que são relativamente perto 
de Natal, como Ceará-Mirim, Nova Cruz, e São José de Mipibu. 
Segundo a Polícia Federal no relatório levantando pela MJSP-PF (2021), 
uma característica das apreensões do MDA e do MDMA, no Brasil, é que o número 
de unidades de MDMA, nos últimos anos, vêm sendo sempre maior que o número 
de apreensões do MDA. Contudo, ainda no Brasil, o relatório levantado no ano de 
2021 relatou que as apreensões de MDA foram acima do dobro das unidades 
apreendidas de MDMA. Esse perfil condiz com o encontrado neste estudo, de modo 
que, ao todo, foram apreendidas 250 unidades de MDA, enquanto apenas 84 
unidades de MDMA (MJSP-PF, 2021). 
Apesar de poucas apreensões se comparadas com as demais substâncias 
previamente citadas aqui nesse estudo, essas substâncias conferem um problema 
de saúde pública, seja de um ponto de vista agudo ou crônico. Diferentes estudos 
 
 
37 
 
feitos em ratos e camundongos mostraram que os efeitos negativos do MDA e do 
MDMA no sistema serotoninérgico desses animais podem justificar o humor e os 
transtornos cognitivos frequentemente relacionados aos usuários dessas 
substâncias (O’HEARN et al., 1988; RENOIR et al., 2008). 
Por fim, as substâncias 2C-B e NBOH e suas variações vêm sendo cada vez 
mais apreendidas pelos órgãos de segurança pública. A família NBOH foi a classe 
de substâncias psicodélicas mais apreendida no país no ano de 2021 (MJSP-PF, 
2021). Mesmo com essa suposta popularidade, ainda é escasso o número de 
estudos acerca das propriedades farmacológicas das NBOH e suas variações, 
tornando essa uma substância extremamente perigosa. É notório que tais 
compostos são potentes agonistas de vários receptores da serotonina, em especial 
do 5-HT2A, mas não se sabe ao certo como são induzidos os episódios 
alucinógenos dessa substância. Apesar das poucas apreensões no Estado do RN, 
a escassez de informações e os relatos nos canais midiáticos a respeito de óbitos 
relacionados com essas substâncias faz-se necessário uma atenção redobrada ao 
monitoramento das mesmas (MJSP-PF, 2021). 
4.6. Contaminantes encontrados em substâncias apreendidas 
 
Por fim, a tabela 3 evidencia todos os adulterantes encontrados em todos os 
tipos de substâncias ilícitas apreendidas. Em alguns casos, conforme mostrado na 
tabela 2, mesmo após testar negativo para algum tipo de princípio ativo, uma 
substância pode ter adulterantes em sua composição. 
Descrito em unidades, a substância mais encontrada nas análises de 
laboratório foi a cafeína, encontrada em 214 substâncias apreendidas. Tendo em 
vista o total de 337 adulterantes encontrados no intervalo de estudo deste trabalho, 
a cafeína é o adulterante que compõe cerca de 63,5% do total de adulterantes 
encontrados nas amostras de substâncias apreendidas. 
 
 
 
38 
 
Tabela 3: Contaminantes encontrados em substâncias apreendidas e suas quantidades.
 
Fonte:Autoria própria. 
 
A tabela de contaminantes encontrados (tabela 3) nas substâncias ilícitas 
apreendidas é amplo, destacando a cafeína como a substância mais encontrada 
nas amostras coletadas, seguida da tetracaína e da fenacetina. Ribeiro e 
colaboradores (2019), em estudos realizados na Holanda, mostraram que 40,6% 
das amostras de cocaína apreendidas continham adulterantes, e, dentre esses, 
destacaram-se a benzocaína, a cafeína, a lidocaína, entre outras substâncias. Já 
na Espanha, a lidocaína era a substância mais apreendida entre os anos de 1985 
a 1987, presente em 69,6% do total de amostras de cocaína coletadas. Foi apenas 
no ano de 1992 e 1993 que a cafeína foi a substância mais encontrada, se tornando 
a substância mais comumente encontrada nas amostras desde então. Esses dados 
relacionam-se com os aqui encontrados, tendo em vista que a lidocaína, apesar de 
não ter sido substancialmente encontrada de forma individual, foi bastante 
associada com outras substâncias como a própria cafeína (RIBEIRO et al., 2019). 
Um estudo realizado pelo CSFRE (2023) retratou a tetracaína como uma das 
substâncias menos encontradas ao redor do mundo em amostras de drogas ilícitas 
entre os anos de 2016 a 2021, com nenhuma aparição da mesma associada com 
a cocaína. Esse panorama pode assustar quando comparado com o Estado do RN, 
que representa um total de 42 unidades apreendidas de substâncias ilícitas com a 
presença da tetracaína, e mais 31 substâncias que continham a tetracaína em 
associação com outros adulterantes. A pesquisa de 2023 afirma que é raro o 
 
 
39 
 
achado da tetracaína em associação com drogas ilícitas. Contudo, o cenário do Rio 
Grande do Norte coloca essa substância como o segundo adulterante mais 
apreendido nas substâncias ilícitas, distanciando-se da ideia das apreensões 
mundiais e caracterizando uma perspectiva diferente que deve ser considerada e 
investigada com atenção (CSFRE, 2023). 
4.7. Perfil geral das apreensões 
 
Mediante todos os dados aqui já discutidos, existem alguns os quais a 
discussão é mais escassa, e, por isso, torna-se ideal reconhecer essas substâncias 
e entender como cada uma funciona. 
Por meio da tabela 2 é possível identificar uma série de inalantes diferentes 
apreendidos, como o etanol, o diclorometano, o clorofórmio e o tricloroetileno. Os 
inalantes são substâncias que podem existir na forma gasosa, líquida, aerossol, ou 
até sólida, sendo inalados como gases ou vapores e rapidamente absorvidos pelos 
pulmões. Possuem toxicidade aguda e crônica, podendo gerar dependência e crise 
de abstinência. Um problema comumente associado com crianças e adolescentes, 
pelo fato de serem produtos frequentemente encontrados no dia-a-dia, tornando-as 
uma das primeiras drogas de abuso utilizadas. Sendo assim, apesar de, 
individualmente, apresentarem poucas unidades apreendidas, quando somados, 
os inalantes representam um número significativo no Estado do RN. É notório que 
outras substâncias, como a maconha e a cocaína, são mais recorrentes na 
literatura e mais comparadas com diversos estudos, entretanto, pensando nos 
inalantes como uma porta de entrada para as demais substâncias, é interessante, 
e necessário, que surjam cada vez mais pesquisas e discussões acerca do tema 
(SOUZA; PANIZZA; MAGALHÃES, 2016). 
Outra substância com alto número de apreensões foi o clobenzorex. Ilícita 
em diversos países, inclusive no Brasil, essa droga é muito comum em contexto de 
festas, trata-se de um estimulante do SNC, estruturalmente relacionada com a 
anfetamina. O clobenzorex, antes de 2021, era uma substância lícita, utilizada em 
casos de necessidade na supressão do apetite. Contudo, a partir do dia 23 de 
fevereiro de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mudou a 
classificação do clobenzorex da lista A3 (substâncias psicotrópicas) para a lista F2 
 
 
40 
 
(substância psicotrópica com uso proscrito no Brasil). A mudança foi visando proibir 
a produção, fabricação, importação, exportação, comércio e uso da substância, 
tornando possível a utilização da substância apenas mediante autorização da 
ANVISA com a estrita finalidade de desenvolver pesquisas e trabalhos médicos e 
científicos (ANVISA, 2021; MJSP-PF, 2021). 
Ainda, algumas substâncias restantes na lista de apreensões da tabela 2 
merecem uma maior atenção, como é o caso da tenanfetamina e a metanfetamina. 
Apesar de ambos serem derivados anfetamínicos, as duas substâncias possuem 
princípios ativos totalmente diferentes, agindo de forma diferente no sistema 
nervoso central. A tenanfetamina é uma substância frequentemente associada ao 
MDA, um composto alucinógeno que inibe a recaptação de catecolaminas, 
aumentando os níveis de adrenalina e noradrenalina no corpo. Assim como o MDA, 
a tenanfetamina é um alucinógeno, sendo menos tóxico que seu derivado, mas em 
determinadas doses ainda pode destruir neurônios serotoninérgicos (PUBCHEM, 
2023). Os dados acerca dessa substância são extremamente escassos, e por isso, 
mesmo que apreendido em poucas quantidades, é um alerta para os órgãos de 
segurança pública. 
A metanfetamina, segundo relatórios da Polícia Federal, é uma substância 
que, ano após ano, vem sendo cada vez mais apreendida no Brasil. Nos Estados 
Unidos, continua sendo a substância com o maior número de identificações entre 
os 283 laboratórios que compõem o Sistema Nacional de Informações de 
Laboratórios Forenses, com 433.740 casos positivos somente em 2020. Apesar de 
poucas apreensões da metanfetamina no RN, quando comparadas com as demais 
substâncias listadas (tabela 2), há a possibilidade de que a metanfetamina esteja 
se tornando um problema de saúde pública no Brasil, sendo preciso monitorar como 
será o avanço das apreensões dessa substância nos próximos anos, tendo em vista 
suas potentes ações como estimulante do SNC e, consequentemente, seus graves 
danos colaterais (MJSP-PF, 2021). 
Por fim, houveram casos os quais as substâncias testadas em laboratório, 
através dos métodos de análise de drogas disponíveis no ITEP/RN, apresentaram 
resultado negativo na identificação de uma substância. Existem razões pelas quais 
um teste de análise de drogas pode apresentar o resultado negativo, como a 
especificidade e a qualidade da substância. Os testes forenses são projetados para 
 
 
41 
 
detectar drogas específicas ou metabólitos de drogas, mas podem não ser capazes 
de distinguir entre compostos estruturalmente semelhantes (NASH et al., 2018). 
Por exemplo, um teste colorimétrico pode produzir falso positivo para a cocaína ao 
testar difenidramina, e pode não detectar tão facilmente outro composto como a 
benzilpiperazina. Referente a qualidade, a amostra a ser testada também pode 
afetar a precisão dos testes forenses. Em um caso de amostras contaminadas 
demais ou degradadas demais, os resultados podem ser imprecisos (BECK; 
ULLAH; KRONSTRAND, 2019). 
 
 
42 
 
6. CONCLUSÃO 
 
Com a análise dos resultados obtidos, é possível visualizar que o perfil das 
apreensões no Rio Grande do Norte se encaixa em diversos estudos e perfis de 
apreensão de substâncias de abuso realizados ao redor do mundo. Apesar de 
divergir, em partes, dos estudos relacionados aos contaminantes e aos números 
de substâncias apreendidas, o Rio Grande do Norte tem se mostrado forte no 
combate ao tráfico de drogas, priorizando a saúde e o bem-estar da população 
norte-riograndense. 
Entretanto, faz-se necessário levar em consideração que os dados foram 
coletados apenas entre os meses de janeiro a julho de 2022 e, por isso, não 
representam um panorama geral da apreensão de substâncias ilícitas no Estado 
do Rio Grande do Norte. Dessa forma, para posteriores comparações, ou 
comparações retrógradas com o próprio Estado ou para regiões diferentes, é 
imprescindível ampliar a coleta de dados ao longo de um período mais extenso, a 
fim de obter uma visão abrangentee precisa das tendências e variações 
relacionadas às apreensões de substâncias ilícitas. 
Finalmente, é notável os altos números de apreensões e, 
consequentemente, número de substâncias que circulam as ruas do RN, fato esse 
preocupante pelos danos que podem ser gerados aos usuários e à sociedade. 
Sendo assim, entende-se que o trabalho da segurança pública é indispensável nas 
medidas tomadas para o combate na produção e no uso das drogas de abuso, além 
do controle especial das próprias substâncias legalizadas, com o intuito de reduzir 
seus usos em fins criminais. A toxicologia forense emerge como uma área 
inegavelmente essencial para a elucidação de delitos, responsabilização de 
envolvidos, e na transparência na divulgação de seus resultados à sociedade, a 
qual se beneficia de seu valioso serviço. 
 
 
 
43 
 
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50 
 
6. ANEXO 1 
 
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP 
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA 
Título da Pesquisa: Pandemia, drogas e violência 
Pesquisador: Vanessa de Paula Soares 
Rachetti Área Temática: 
Versão: 2 
CAAE: 61765622.8.0000.5537 
Instituição Proponente:Centro de Biociências 
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio 
DADOS DO PARECER 
Número do Parecer: 5.733.782 
Apresentação do Projeto: 
Este projeto de pesquisa está associado a duas monografias. Terá um plano de trabalho 
que a pesquisadora pretende avaliar o perfil de drogas de abuso apreendidas e admitidas no 
ITEP/RN nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021, comparando os anos anteriores e 
posteriores à pandemia. Será realizada uma análise retrospectiva dos dados obtidos nos 
anos de 2018, 2019, 2020 e 2021. 
Objetivo da Pesquisa: 
Avaliar o perfil de drogas de abuso apreendidas e admitidas no ITEP/RN nos anos de 2018, 
2019, 2020 e 2021, comparando os anos anteriores e posteriores à pandemia. 
Avaliação dos Riscos e Benefícios: 
Os riscos podem ser considerados como mínimos e os benefícios indiretos. 
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: 
A partir dos dados arquivados em ofício no ITEP/RN, serão coletadas informações 
referentes às 
 
 
51 
 
Página 01 de 
características físico-químicas, presença de contaminantes e quantidade das drogas 
apreendidas. Ainda, considerando a regionalização do Estado do Rio Grande do Norte 
proposto por Barbosa e colaboradores (2017), serão coletados dados referentes ao local de 
apreensão das amostras. A pesquisa terá uma análise retrospectiva dos dados obtidos nos 
anos de 2018, 2019, 2020 e 2021. Os dados serão apresentados como média ± EPM e 
porcentagem. Para a primeira análise será utilizado t-teste de Student para comparação 
entre os períodos, sendo considerada p<0,05 para associações. Após, será realizada 
análise multivariada a fim de verificar o efeito das variáveis independentes (classe de droga, 
região, quantidade) sobre a apreensão de drogas nesses dois períodos (antes e após a 
pandemia). 
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: 
Foram apresentados: folha de rosto, folha de identificação do pesquisador, termo de 
concessão, cronograma, orçamento financeiro, carta de anuência, declaração de não início, 
projeto PB, projeto completo, justificativa para liberação do TCLE. 
Recomendações: 
Ver o campo "Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações". 
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: 
O projeto de pesquisa tinha duas pendências: 
1) Na folha de identificação do pesquisador foi mencionado que a pesquisa 
corresponde a uma monografia,trabalho de mestrado e de doutorado. Entretanto no projeto 
PB e no termo de confidencialidade só encontra o nome da pesquisadora, e a equipe? Os 
nomes devem estar presentes no projeto PB e eles devem assinar o termo de 
confidencialidade. PENDÊNCIA ATENDIDA 
2) Qual será o tipo de documento que a pesquisadora irá utilizar? Pois se for um dado 
de acesso públiconão há problema. Porém, se for um banco de dados que precisa ter 
acesso pelo ITEP e que irá ter acesso ao nome, escolaridade, sexo, idade, etnia, profissão e 
escolaridade, estes dados, e 
 
 
52 
 
Página 02 de 
este documento, pertencem a família ou responsáveis do participante, assim não pode pedir 
a dispensa do TCLE. - Objetivo modificado

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