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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – BACHARELADO LAYLA PAIVA DE ALMEIDA AVALIAÇÃO DAS TAXAS DE SUCESSO E SEGURANÇA DAS TÉCNICAS EMPREGADAS EM TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA LAYLA PAIVA DE ALMEIDA AVALIAÇÃO DAS TAXAS DE SUCESSO E SEGURANÇA DAS TÉCNICAS EMPREGADAS EM TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Profa. Dra. Danielle Barbosa Morais NATAL 2023 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Almeida, Layla Paiva de. Avaliação das taxas de sucesso e segurança das técnicas empregadas em tratamento de reprodução humana assistida / Layla Paiva de Almeida. - 2023. 64f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Curso de Ciências Biológicas, Natal, 2023. Orientadora: Dra. Danielle Barbosa Morais. 1. Reprodução Assistida - Monografia. 2. Infertilidade - Monografia. 3. Gestação Gemelar - Monografia. 4. Abortamento - Monografia. 5. Malformações - Monografia. I. Morais, Danielle Barbosa. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 573 Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429 LAYLA PAIVA DE ALMEIDA AVALIAÇÃO DAS TAXAS DE SUCESSO E SEGURANÇA DAS TÉCNICAS EMPREGADAS EM TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Aprovada em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Danielle Barbosa Morais Departamento de Morfologia / UFRN Orientadora Profa. Dra. Renata Swany Soares do Nascimento Departamento de Morfologia / UFRN Examinador 1 MSc. Délis de Oliveira Ferreira Pós-graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos / UFRN Examinador 2 Dedico este trabalho à minha amada mãe, Déborah de Fátima Costa, minha força e inspiração. AGRADECIMENTOS Agradeço à UFRN que possibilitou a realização de minha graduação e todas as minhas experiências profissionais. À Maternidade Escola Januário Cicco, por me proporcionar uma oportunidade que mudou minha visão sobre a pesquisa e me possibilitou a realização deste trabalho. À equipe de embriologistas da MEJC, que me ensinaram as técnicas de Reprodução e me inspiraram a seguir carreira. À minha orientadora, Danielle Morais, que se disponibilizou a me auxiliar nessa produção de conhecimento. Agradeço à Déborah de Fatima Costa, minha mãe e melhor amiga, que proporcionou todas as minhas conquistas, incluindo este trabalho e conclusão. Agradeço à minha irmã mais velha, Ana Clara Paiva, minha parceira de sangue e vida. Agradeço às minhas amigas, Andressa Lopes, Cássia Francisca e Laura Azevedo que sempre me apoiaram e estiveram comigo nessa jornada. Agradeço à Henrique Neto por fazer meus dias mais leves e felizes e por acreditar tanto em mim. À meu querido avô, que já se foi, mas continua comigo, e a toda minha família. Por fim, agradeço a todos que acreditaram e torceram por mim. Tudo muda, só o tempo permanece do mesmo modo, sempre passando. [...] À ele que esculpiu no meu rosto e na minha alma a sua marca, da qual tanto me orgulho… ao tempo! -Dona Iná, A Vida da Gente. RESUMO O emprego das técnicas de Reprodução Humana Assistida (RHA) vem crescendo cada vez mais, uma vez que houve, nos últimos anos, popularização do planejamento familiar, maior conhecimento acerca das possibilidades de tratamento de RHA, e o incremento de pesquisas que demonstraram o sucesso dos procedimentos. Embora consideradas seguras, essas técnicas podem apresentar uma porcentagem de falha resultando em abortos ou malformações congênitas, e estas alterações constituem um vasto campo a ser investigado. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a saúde da prole obtida após realização de tratamento de RHA, no Centro de Reprodução Assistida (CRA) da Maternidade Escola Januário Cicco, Natal-RN. Mediante aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, foram analisados os prontuários de pacientes que consentiram no acesso aos dados referente ao atendimento por elas recebido no CRA. Foram coletados dados biométricos e clínicos, tais como índice de massa corporal (IMC), idade, fator de infertilidade conjugal presente, técnica de RHA empregada, tipo de transferência embrionária realizada e características dos oócitos e embriões. Obteve- se um total de 13 variáveis, as quais foram investigadas quanto à existência ou não de associação com o aparecimento de gestações gemelares, abortamentos ou malformações congênitas, pelo teste do qui-quadrado ou por regressão logística. Destas, 12 não apresentaram associação significativa com gestação gemelar ou abortamento, as quais foram: o tipo de contracepção utilizada; o IMC; a idade materna; bem como o tipo de gestação obtida (única ou gemelar); o histórico de abortamento; o número de oócitos e embriões obtidos; a técnica de RHA utilizada; o tipo, a presença e o fator de infertilidade. Em contrapartida, o tipo de transferência embrionária realizada demonstrou associação significativa com o aparecimento de abortamento, na qual a transferência a fresco teve maior número de abortos como resultado. Dos prontuários que compuseram a amostra deste estudo, em apenas um foi relatada a ocorrência de malformação congênita. Estes dados confirmam a segurança dos tratamentos de RHA quanto à ocorrência de distúrbios na prole. Palavras chaves: Reprodução Assistida; Infertilidade; Gestação Gemelar; Abortamento; Malformações. ABSTRACT The use of Assisted Human Reproduction (AHR) techniques has been growing steadily in recent years, thanks to the popularization of family planning, increased knowledge about the possibilities of AHR treatments, and the growing body of research demonstrating the success of these procedures. Although considered safe, these techniques may present a percentage of failure resulting in miscarriages or congenital malformations, and these alterations constitute a vast field to be investigated, therefore the objective of this study was to evaluate the health of the offspring obtained after carrying out Assisted Human Reproduction treatment at the Assisted Reproduction Center of the Maternidade Escola Januário Cicco, Natal-RN. After obtaining approval from the UFRN Research Ethics Committee, the medical records of patients who consented to provide access to their data regarding the care they received at the CRA were analyzed. Biometric and clinical data were collected, including body mass index (BMI), age, presence of conjugal infertility factors, the AHR technique used, type of embryonic transfer performed, and characteristics of oocytes and embryos. A total of 13 variables were obtained, which wereinvestigated for the existence or not of an association with the appearance of twin pregnancies, miscarriages and/or congenital malformations, using the chi-square test or logistic regression. Among these variables, 12 did not show a significant association with twin pregnancy or miscarriage, which were: the type of contraception used; the BMI; maternal age; as well as the type of pregnancy obtained; number of previous abortions; the number of oocytes and embryos obtained; the AHR technique used; the type, presence and factor of infertility. On the other hand, the type of embryo transfer performed showed a significant association with the occurrence of miscarriages, with fresh transfers resulting in a higher number of abortions. Among the medical records included in the sample of this study, only one reported the occurrence of a congenital malformation. These data confirm the safety of AHR treatments in terms of minimizing the risk of disorders in the offspring. Keywords: Assisted Human Reproduction; Infertility; Twin Pregnancy; Abortion; Malformations. Sumário 1 Introdução ...................................................................................................................... 15 2. Objetivos ....................................................................................................................... 19 3. Metodologia ................................................................................................................... 20 3.1 Local e sujeito do estudo ............................................................................................... 20 3.2 Extração dos dados ...................................................................................................... 20 3.3 Análise estatística ......................................................................................................... 21 4. Resultados..................................................................................................................... 24 4.1 Tipo de anticoncepção .................................................................................................. 24 4.2 Idade materna ............................................................................................................... 25 4.3 Índice de massa corporal (IMC) .................................................................................... 26 4.4 Tipo de gestação quanto ao número de embriões......................................................... 27 4.5 Abortamento prévio ....................................................................................................... 28 4.6 Número de Oócitos e embriões obtidos ........................................................................ 29 4.7 Técnica de Reprodução Humana Assistida empregada ................................................ 30 4.8 Tipo de transferência embrionária ................................................................................. 31 4.9 Tipo de infertilidade ....................................................................................................... 32 4.10 Presença de fator feminino e masculino ...................................................................... 33 4.11 Infertilidade: feminina e masculina .............................................................................. 34 5. Discussão ...................................................................................................................... 36 5.1 Tipo de anticoncepção .................................................................................................. 36 5.2 Idade materna e Índice de massa corporal.................................................................... 37 5.3 Tipo de gestação quanto ao número de embriões......................................................... 38 5.4 Abortamento Prévio ...................................................................................................... 39 5.5 Número de oócitos e embriões obtidos ......................................................................... 39 5.6 Técnica de Reprodução Humana Assistida empregada ................................................ 40 5.7 Tipo de transferência embrionária ................................................................................. 40 5.8 Tipo de infertilidade e fatores de infertilidade ................................................................ 42 6 Conclusão ...................................................................................................................... 44 7 Referências..................................................................................................................... 45 8 Anexos ............................................................................................................................ 50 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Variáveis dependentes e independentes, para análise da influência de condições femininas sobre as taxas de gestação, abortamento ou más formações congênitas, em pacientes submetidas a tratamento de Reprodução Humana Assistida. ........... 22 Figura 2: Variáveis dependentes e independentes, para análise da influência de fatores femininos e masculinos sobre as taxas de gestação de pacientes submetidas a tratamento de Reprodução Humana Assistida. ..................................................... 22 Figura 3: Variáveis dependentes e independentes, para análise da influência de fatores femininos sobre as taxas de abortamento, em pacientes submetidas a tratamento de Reprodução Humana Assistida. ........................................................ 23 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com o método contraceptivo utilizado por pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ............................................................................................................ 25 Tabela 2: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com a idade das pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. .............. 26 Tabela 3: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com o Índice de massa corporal (IMC) apresentado por pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 27 Tabela 4: Análise da ocorrência de abortamentos, de acordo com o tipo de gestação obtida quanto ao número de embriões, em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 28 Tabela 5: Análise da ocorrência de abortamentos, de acordo com o histórico de abortamentos prévios de pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 29 Tabela 6: Análise da ocorrência de abortamentos, de acordo com o número de oócitos e embriões obtidos de pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 30Tabela 7: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com a técnica de reprodução assistida empregada em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 31 Tabela 8: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com o tipo de transferência embrionária empregada em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 32 Tabela 9: Análise da ocorrência de gestações únicas ou gemelares, de acordo com o tipo de infertilidade de mulheres atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 33 Tabela 10: Análise da ocorrência de gestações únicas ou gemelares, de acordo com a presença de fator feminino e/ou masculino em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 34 Tabela 11: Análise da ocorrência de gestações únicas ou gemelares, de acordo com o tipo de fator feminino e/ou masculino em pacientes atendidos no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 35 ANEXOS Anexo 1 – Distribuição de gestações únicas e gemelares obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida, de acordo com o método anticoncepcional utilizado pelas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ......................... 50 Anexo 2 - Distribuição de gestações finalizadas ou interrompidas por aborto, após Tratamento de Reprodução Assistida, de acordo com o método anticoncepcional utilizado pelas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 51 Anexo 3 - Distribuição de gestações únicas e gemelares obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida, de acordo com o IMC das pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 52 Anexo 4 – Distribuição de abortos e gestações finalizadas obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida, de acordo com o IMC das pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................. 53 Anexo 5 - Distribuição dos abortos e gestações finalizadas obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com o tipo de gestação, única ou gemelar, ocorrente nas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 54 Anexo 6 - Distribuição dos abortos e gestações finalizadas obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com o aparecimento de abortamentos prévios das pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ......................... 55 Anexo 7 - Distribuição das gestações únicas e gemelares obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com a técnica utilizada nas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................ 56 Anexo 8 - Distribuição das gestações finalizadas e interrompidas por aborto obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com a técnica utilizada nas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ......................... 57 Anexo 9 - Distribuição das gestações únicas e gemelares obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com o método de transferência embrionária realizado nas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 58 Anexo 10 - Distribuição das gestações finalizadas e interrompidas por aborto obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com o método de transferência embrionária realizado nas pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ........................................................................................................................ 59 Anexo 11 - Distribuição das gestações, únicas e gemelares, obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com o tipo de infertilidade das pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. .................................................. 60 Anexo 12 - Distribuição das gestações, únicas e gemelares, obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com a presença ou ausência de fator feminino na infertilidade do casal atendido no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. .............. 61 Anexo 13 - Distribuição das gestações, únicas e gemelares, obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com a presença ou ausência de fator masculino na infertilidade do casal atendido no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. .............. 62 Anexo 14 - Distribuição das gestações, únicas e gemelares, obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com a presença de fator feminino isolado ou combinado na infertilidade do casal atendido no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 63 Anexo 15 - Distribuição das gestações, únicas e gemelares, obtidas por Tratamento de Reprodução Assistida de acordo com a presença de fator feminino isolado ou combinado na infertilidade do casal atendido no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. ................................................................................................................................. 64 15 1 Introdução A Reprodução Assistida é uma área da embriologia que permite a manipulação dos gametas humanos e animais, bem como dos ciclos reprodutivos, visando favorecer a gestação a indivíduos inférteis. De acordo com a OrganizaçãoMundial de Saúde, 1 a cada 6 pessoas já teve infertilidade em algum momento da vida. Define- se como infertilidade a doença onde um casal tenta conceber naturalmente, sem uso de contraceptivos, por pelo menos, 1 ano de tentativas de reprodução natural, sem êxito (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2023). Na área humana o emprego das técnicas de Reprodução Humana Assistida (RHA) vem crescendo cada vez mais, uma vez que houve, nos últimos anos, popularização do planejamento familiar, maior conhecimento acerca das possibilidades de tratamento de RHA, e o incremento de pesquisas que demonstraram o sucesso dos procedimentos. Deste modo, tem sido possível detectar desde o momento ideal para a transferência embrionária à ocorrência de possíveis defeitos genéticos no embrião (SILVA JÚNIOR, 2021). Os fatores de infertilidade que podem levar à procura pelos tratamentos de RHA são diversos, incluindo desde fatores biológicos, como idade materna avançada e patologias específicas dos sexos feminino e masculino, como aspectos relacionados ao estilo de vida dos indivíduos, como tabagismo, alcoolismo, obesidade e uso de alguns medicamentos (FÉLIS; ALMEIDA, 2016). As mulheres podem ter sua fertilidade alterada devido a patologias no próprio útero, como síndrome dos ovários policísticos, endometriose, disfunção tubária, fator cervical, ou devido a patologias diversas, como tratamentos invasivos, anorexia, abortos provocados, infecções generalizadas, insuficiência ou distúrbios hormonais. Já nos homens, a oligospermia, tratamentos invasivos, como o de câncer, varicocele, distúrbios na ejaculação ou penetração, como ejaculação retrógrada, uso de substâncias ilícitas, reversão de vasectomia, inflamação ou traumatismos nos testículos, infecções genitais, caxumba, pouca motilidade de espermatozoides e doenças sexualmente transmissíveis podem ser responsáveis pelo nível de infertilidade (LOURENÇO; LIMA, 2023). Além dos aspectos biológicos, a infertilidade pode trazer consequências emocionais e sociais para o casal. O sentimento de impotência frente a incapacidade 16 de realizar o sonho de construir uma família é recorrente dentre esses casais, acabam desenvolvendo, muitas vezes, quadros de depressão, ansiedade e stress. Diversas mulheres relatam a dificuldade de viver com a necessidade de realizar tratamentos longos e caros para infertilidade, do medo de ficar mais velha ou até do insucesso de tratamentos invasivos (YAZDI,2020). As técnicas de RHA a serem utilizadas dependem do grau de infertilidade do casal, portanto, é frequente, em casos leves ou de causa indefinida, iniciar o tratamento com procedimentos de inseminação artificial, o qual, é menos invasivo, e consiste no tratamento do sêmen, selecionando a parte com maior qualidade de espermatozoides, que serão introduzidos no útero da paciente durante seu período fértil (LEMMENS, et al., 2018). Dentre as técnicas de alta complexidade, a Fertilização in vitro convencional (FIV) é realizada quando há falha dos procedimentos anteriormente citados ou em casos mais graves de infertilidade, sendo necessário a captação de oócitos que serão depositados em meio nutritivo para, posteriormente, entrarem em contato com o sêmen tratado. Uma vez juntos, serão postos na incubadora, para que ocorra a fecundação. Quando fecundado e desenvolvido, o embrião será transferido para o útero materno (SILVA JÚNIOR, 2021; LIMA; CONTI, 2014). Já a ICSI (Injeção intracitoplasmática de espermatozoide) é uma técnica de alta complexidade dentro da FIV e diferencia-se da convencional pelo trabalho manual dos embriologistas em selecionar espermatozoides captados e o injetarem no oócito maduro, após tratamento. Após período de incubação do oócito fecundado, o embrião será transferido à fresco ou transferido posteriormente, após descongelamento do embrião (AMATO, 2019). Embora consideradas seguras, essas técnicas podem apresentar uma porcentagem de falha resultantes em abortos (20%) ou malformações congênitas (3,4%), e estas alterações constituem um vasto campo a ser investigado, para que seus mecanismos sejam mais bem compreendidos (BORGES JÚNIOR; BRAGA; SETTI, 2020). É natural que ocorram falhas ou complicações gestacionais, uma vez que essas aparecem também em gestações espontâneas, sem a influência artificial humana (VIELLA, et al., 2014). Mas é imprescindível compreender se os procedimentos de RHA resultam em maiores taxas de abortamentos ou malformações, e se os casos que ocorrem são consequências da manipulação 17 extracorpórea de gametas, sendo assim, evitáveis, ou se são consequências naturais da infertilidade dos genitores. Os estudos existentes sobre esta temática são pouco conclusivos. Alguns trazem indícios de maiores chances de malformações e abortamentos em crianças nascidas de Tratamento de Reprodução Assistida (TRA), além de maiores complicações gestacionais comparadas a crianças nascidas de forma espontânea. Devido, inclusive, à maior frequência de gestações múltiplas geradas pelo procedimento artificial, uma vez que esse proporciona um risco 20 vezes maior de gerar gêmeos (BORGES JÚNIOR; BRAGA; SETTI, 2020). Sabe-se que gestações gemelares podem trazer complicações mesmo em gestações espontâneas, como nascimentos prematuros e com baixo peso, devido ao pouco espaço para o desenvolvimento completo dos dois ou mais bebês, maiores taxas de mortalidade ao nascer, além de serem associados á maiores taxas de diabetes gestacional, pré- eclâmpsia, depressão pós parto, entre outros (ABDULJABBAR, 2023). É importante ressaltar, no entanto, que os estudos que abrangem as complicações gestacionais de RHA possuem algumas problemáticas, como heterogeneidade de dados devido ao baixo número de participantes em relação às gestações naturais. Possuem também dificuldade de estabelecer fatores comuns e importantes para comparativos, como idade materna e alguns resultados fetais, além de apresentarem certa confusão na justificativa dos dados, uma vez que é extremamente difícil compreender e diferenciar a influência de fatores naturais de infertilidade no embrião, e a influência, por exemplo, de fatores de estresse que procedimentos como esses causam (BORGES JÚNIOR; BRAGA; SETTI, 2020; LEMOS; CRUZEIRO; CAMPOS, 2018). É fato que existe a possibilidade de os casos ineficazes serem devido às condições do meio dos gametas e embriões durante a manipulação, como mudanças no pH, temperatura ou estresse mecânico do meio externo de desenvolvimento e manipulação pelos embriologistas, uma vez que estas células se encontram fora do órgão natural de gestação. Porém, como os pacientes que procuram essas técnicas já apresentam patologias e/ou menor qualidade de gametas, pode-se cogitar que esses já apresentem certa predisposição de gerar prole anômala (LEMOS; CRUZEIRO; CAMPOS, 2018). Dentre as problemáticas frequentes encontradas na gestação de crianças nascidas por TRA estão gestações múltiplas, devido à transferência de mais de um 18 embrião, nascimento com baixo peso, prematuridade, malformações cardíacas, neurais, abdominais, do trato digestivo e geniturinário, bem como defeitos ósseos (CHAWLA, 2023). Além disso, alguns estudos indicam maiores chances de diabetes gestacional e hipertensão arterial em certos grupos de mães que engravidaram por RHA (BOSDOU, et al., 2020). Há mais de 40 anos as técnicas de RHA vêm auxiliando indivíduos inférteis em todo o mundo, no desejo de constituir uma família a partir de seus próprios gametas, sendo este direito assegurado inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil (BRASIL, 1988, art. 226). Sob essa perspectiva, foi criado em 2013 o Centro de Reprodução Assistida (CRA) da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal- RN, sendo este o primeiro centro a ofertar serviços de RHA gratuitamente através do SUS no Norte e Nordeste, sendo,até a data de execução desta pesquisa, o único dessas regiões. Este destaca-se ainda por oferecer assistência médica, psicológica e multidisciplinar aos pacientes atendidos, inclusive aqueles provenientes de outras regiões do país, apresentando uma elevada demanda e uma alta taxa de gestações positivas obtidas ao longo dos seus mais de 10 anos de existência (BRASIL, 2017; EBSERH, 2022; ANVISA, 2018). Compreender as técnicas e seus riscos é de extrema importância visando o sucesso nos tratamentos e a saúde da prole, o que corrobora ainda com o 3° Objetivo de Desenvolvimento Sustentável estabelecido pela ONU, “Saúde de Qualidade”, o qual tem como função assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, em todas as idades. 19 2. Objetivos Objetivo geral Avaliar as taxas de sucesso e segurança quanto ao uso de técnicas de Reprodução Humana Assistida, a partir dos prontuários de pacientes atendidos no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco, Natal-RN. Objetivos específicos 1. Analisar a existência de relação entre as condições clínicas da paciente submetida a tratamento de Reprodução Assistida, com a ocorrência de gestação única ou gemelar, abortamento, ou más-formações congênitas na prole. 2. Analisar a existência de relação entre os procedimentos de fertilização in vitro ou inseminação artificial, com a ocorrência de gestação única ou gemelar, abortamento, ou más-formações congênitas na prole. 3. Analisar se variáveis oocitárias e embrionárias, bem como o tipo de transferência embrionária, tem relação com a ocorrência de gestação única ou gemelar, abortamento, ou más-formações congênitas na prole. 4. Analisar a existência de interferência do fator feminino ou masculino com a ocorrência de gestação única ou gemelar, abortamento, ou más-formações congênitas na prole. 20 3. Metodologia 3.1 Local e sujeito do estudo Foi realizado um estudo transversal, retrospectivo, a partir dos prontuários de pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida (CRA) da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 a 2018. Mediante aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP Central) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) (parecer no 3.490.438) e assinatura, pela paciente, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram incluídos no estudo os prontuários de 281 pacientes femininas (bem como de seus parceiros), as quais possuíam até 38 anos de idade, sem doenças graves prévias, como diabetes descompensado e cardiopatia grave, e não portadoras dos vírus HIV ou Hepatites B e C, conforme critérios de elegibilidade definidos pelo CRA/MEJC. Dentre estas pacientes, foram excluídas aquelas que desistiram ou não haviam finalizado seu tratamento no momento da coleta de dados, que tiveram gestações espontâneas, que tiveram bHCG negativo ou que realizaram apenas preservação da fertilidade; uma vez que o objetivo central do estudo requer pacientes que, obrigatoriamente, tiveram bHCG positivo a partir de tratamento de reprodução assistida. Deste modo, o número amostral final deste estudo foi de 89 pacientes. 3.2 Extração dos dados Foram coletados dos prontuários das pacientes as seguintes informações: Índice de massa corporal (IMC), Idade, Método anticoncepcional utilizado (nenhum, barreira, hormonal, cirúrgico ou combinado), Abortamento prévio (sim ou não), Tipo de infertilidade (primária ou secundária), Fator feminino (presente ou não) e Fator feminino presente (isolado ou combinado). Dos prontuários de seus parceiros foram coletadas as informações: Fator masculino (presente ou não) e Fator masculino presente (isolado ou combinado). Foram coletadas ainda informações referentes às técnicas que foram executadas em cada caso e os resultados dos procedimentos, sendo: Tipo de 21 procedimento realizado (IAH, FIV ou Coito programado), Tipo de transferência realizada (embrião congelado ou à fresco); e quanto ao desfecho do tratamento: Número de oócitos (captados, inseminados, com 2 pronúcleos), Número de embriões (clivados, blastocistos, grau de fragmentação) e Resultado final (gestação única, gestação gemelar, aborto, malformação). 3.3 Análise estatística Os dados foram analisados estatisticamente através do software SPSS. As análises que continham apenas uma variável independente foram testadas pelo método de qui-quadrado, para determinar a existência ou não de associação entre elas. Já para as análises que continham diversas variáveis independentes num mesmo bloco, foi utilizada a regressão logística, para determinar a probabilidade das variáveis dependentes ocorrerem baseados nas outras variáveis. Como variáveis dependentes foram considerados o tipo de gestação (única ou gemelar), resultados de abortamento e aparecimento de malformações. Como variáveis independentes foram considerados os procedimentos utilizados em cada caso (tipo de técnica, transferência e método anticoncepcional), os dados dos pacientes femininas (IMC, idade, abortos prévios, infertilidade, fator feminino e tipo de fator feminino presente) e masculinos (fator masculino e tipo de fator masculino presente), bem como o número de oócitos e embriões. Cada variável independente foi analisada separadamente, sendo associada individualmente a cada variável dependente. Além disso, também foi associado o tipo de gestação (única ou gemelar) com tratamentos que resultaram em abortamento, sendo considerado nesse caso, tipo de gestação como uma variável independente. Para análise dos dados foram separados três grupos de associações diferentes, de acordo com as variáveis dependentes as quais foram relacionados. O primeiro grupo tinha como variáveis independentes, o tipo de técnica e transferência, o método anticoncepcional, o IMC e a idade, associados às variáveis dependentes, gestação, abortamento e malformações fetais (Figura 1). Todos os dados foram analisados pelo teste qui-quadrado, exceto a variável idade, a qual foi analisada por regressão logística, com nível de significância p < 0,05. 22 Figura 1: Variáveis dependentes e independentes, para análise da influência de condições femininas sobre as taxas de gestação, abortamento ou más formações congênitas, em pacientes submetidas a tratamento de Reprodução Humana Assistida. O segundo grupo possuía como variáveis independentes, o tipo de infertilidade, fator feminino e masculino, fator feminino e masculino presente, associados à variável dependente gestação. Neste grupo foi utilizado o teste qui- quadrado, também com nível de significância p < 0,05 (Figura 2). Figura 2: Variáveis dependentes e independentes, para análise da influência de fatores femininos e masculinos sobre as taxas de gestação de pacientes submetidas a tratamento de Reprodução Humana Assistida. 23 O terceiro grupo apresentava como variáveis independentes, gestação, abortamento prévio e número de oócitos, associados à variável dependente abortamento. Para análise estatística foi utilizado teste do qui-quadrado para as variáveis gestação e abortamento prévio, com significância p < 0.05 (Figura 3). Para a variável número de oócitos, a qual incluía número de oócitos captados, inseminados e com dois pro-núcleos, assim como número de embriões clivados, número de blastocisto e porcentagem do grau de fragmentação obtido por embrião, foi utilizada ainda análise de regressão logística, também com significância p < 0.05. Figura 3: Variáveis dependentes e independentes, para análise da influência de fatores femininos sobre as taxas de abortamento, em pacientes submetidas a tratamento de Reprodução Humana Assistida. As variáveis ou grupos que não atenderam aos pré-requisitos dos respectivos testes, bem como os parâmetroscitados acima, foram submetidos à análise descritiva. 24 4. Resultados A maior parte das variáveis analisadas neste estudo não apresentou indício de associação, portanto, as comparações realizadas não foram significativas (p<0,05). A única variável independente que demonstrou relação significativa foi o tipo de transferência embrionária realizada, quando associada à ocorrência de aborto. Dentre as 89 pacientes analisadas neste estudo, houve apenas um resultado de malformação congênita, o qual foi concebido pela técnica de FIV e transferido à fresco. A paciente possuía sobrepeso, infertilidade primária, 35 anos de idade, e não possuía histórico de abortos prévios. Os resultados obtidos quanto à análise da ocorrência de gestações e de abortamentos serão apresentados de acordo com as associações investigadas em cada caso. 4.1 Tipo de anticoncepção Foram obtidos os históricos de anticoncepção de 49 pacientes, utilizada previamente ao início dos tratamentos, nas quais 45 pacientes tiveram gestações únicas e 4 tiveram gestações gemelares. Não houve ocorrência de gestação gemelar dentre as pacientes que relataram não utilizar método anticoncepcional (n= 8). Das pacientes que usavam método hormonal (n= 28), 7,1% tiveram gestação gemelar (n= 2) e 92,9% tiveram gestação única (n= 26). E dentre as pacientes que haviam sido submetidas a método contraceptivo cirúrgico, (n= 7), 14,3% tiveram gestação gemelar (n= 1) e 85,7% tiveram gestação única (n= 6). Quando analisadas as formas de anticoncepção utilizadas pelas pacientes com a ocorrência de gestação, obteve-se pelo teste qui-quadrado X²(4) = 2,79 e p= 0,594; portanto, não foram observadas diferenças significativas (Tabela 1). Dentre as pacientes analisadas, 37 seguiram com a gestação a termo, enquanto 12 apresentaram abortamento. Entretanto, o tipo de método anticoncepcional utilizado pela paciente não teve associação significativa com a ocorrência de abortamento nos tratamentos de RHA empregados, sendo X²(4)= 3,904 e p= 0,419 de acordo com o teste do qui-quadrado (p>0,05) (Tabela 2). Deste modo, dentre as pacientes que não utilizavam método anticoncepcional (n= 8), 37,5% tiveram perda gestacional (n= 3), enquanto 62,5% seguiram com a gestação a termo. Das que usavam método hormonal (n= 28), 28,6% abortaram (n= 8), enquanto 71,4% 25 não apresentaram interrupção na gestação. E das pacientes que haviam sido previamente submetidas à contracepção cirúrgica (n= 7), não houve registro de abortamento (Tabela 1). No entanto, a análise estatística revelou X²(4)= 3,904 e p= 0,419, portanto, sem associação significativa entre estas variáveis. Tabela 1: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com o método contraceptivo utilizado por pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Abortamento Método Anticoncepcional Única N (%) Gemelar N (%) Não N (%) Sim N (%) Nenhum 8 (100) 0 (0) 5 (62,5) 3 (37,5) Hormonal 26 (92,9) 2 (7,1) 20 (71,4) 8 (28,6) Cirúrgico 6 (85,7) 1 (14,3) 7 (100) 0 (0) Barreira 3 (75) 1 (25) 3 (75) 1 (25) Combinado 2 (100) 0 (0) 2 (100) 0 (0) X²(4) 2,79 3,904 p 0,594 0,419 4.2 Idade materna Ambas as associações de idade materna, seja com a ocorrência de gestação (única ou gemelar) ou aborto, ultrapassaram o limite de significância e, portanto, não apresentam correlação. Porém, as análises associadas ao aborto foram mais próximas a resultados significativos quando comparadas às associações de idade e gestação, conforme indicado pelo nível de significância (Sig.) (Tabela 2). 26 Tabela 2: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com a idade das pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Idade materna X Gestação Variáveis na equação B S.E. Wald df Sig. Exp(B) 95% C.I. para EXP(B) Etapa 1a Idade Materna -0,030 0,104 0,085 1 0,771 0,970 Inferior Superior Constante -1,412 3,560 0,157 1 0,692 0,244 0,792 1,189 Idade materna X Aborto Variáveis na equação B S.E. Wald df Sig. Exp(B) 95% C.I. para EXP(B) Etapa 1a Idade Materna 0,141 0,076 3,442 1 0,064 1,151 Inferior Superior Constante -6,380 2,725 5,482 1 0,019 0,002 0,992 1,336 Nota: B.: beta. S.E.: erro padrão. df: grau de liberdade. Sig.: significância. Exp(B): função exponencial natural. C.I.: intervalo de confiança. 4.3 Índice de massa corporal (IMC) Do total de pacientes que compuseram este estudo, 86 possuíam dados de Índice de Massa Corporal, e destas, 79 apresentaram gestação única e 7 apresentaram gestação gemelar. O número total de pacientes dentro dos índices de baixo peso (N= 1) e obesidade grau I (N= 3) foi menor que 5 e dentre estes não houve nenhum resultado de gestação gemelar. Das pacientes de IMC normal (N= 25), obteve-se gestação gemelar em 4% dos casos (N= 1), enquanto 96% apresentaram gestação única (N= 24). Já quanto às pacientes com sobrepeso (N=57), 10,5% apresentaram gestação gemelar (N= 6) e 89,5% apresentaram gestação única (N= 51). Comparando-se as médias de ocorrência de gestações gemelares por IMC, obteve-se X²(3)= 1,362 e p= 0,715, pelo teste do qui-quadrado, demonstrando que não houve associação entre o IMC e o tipo de gestação (Tabela 3). 27 Destas pacientes, 70 concluíram a gestação, enquanto 16 abortaram. Das pacientes classificadas nos índices de baixo peso (N= 1) e obesidade grau I (N= 3) obteve-se 0 e 1 abortos, respectivamente. Dentre as pacientes de IMC normal (N= 25), 12% (N= 3) tiveram gestações que resultaram em abortos, e 88% (N= 22) tiveram gestações finalizadas; enquanto 21,1% (N= 12) das pacientes com sobrepeso (N= 57) tiveram abortos como resultado e 78,9% (N= 45) concluíram a gravidez. Embora tenha sido observada maior ocorrência de aborto entre as pacientes com sobrepeso, o teste do qui-quadrado evidenciou valor de X²(3)= 1,604, e p= 0,658; portanto, sem indícios de associação entre as variáveis (Tabela 3). Tabela 3: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com o Índice de massa corporal (IMC) apresentado por pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Abortamento IMC Única N (%) Gemelar N (%) Não N (%) Sim N (%) Baixo Peso 1 (100) 0 (0) 1 (100) 0 (0) Normal 24 (96) 1 (4) 22 (88) 3 (12) Sobrepeso 51 (89,5) 6 (10,5) 45 (78,9) 12 (21,1) Obesidade Grau I 3 (100) 0 (0) 2 (66,7) 1 (33,3) X²(3) 1,362 1,604 p 0,715 0,658 4.4 Tipo de gestação quanto ao número de embriões Foram analisados dados de 71 pacientes que conseguiram concluir a gestação e 18 que a tiveram interrompida devido à aborto, totalizando n total de 89 pacientes que tiveram esses resultados associados ao tipo de gestação ocorrida, quanto ao número de embriões. Dentre as pacientes que apresentaram gestação única (n= 82), 28 22% tiveram abortamento (n= 18). Já entre as pacientes que tiveram gestação gemelar (n= 7), nenhuma apresentou abortamento. O teste estatístico utilizado resultou em X²(1)= 1,926, p= 0,165, dessa forma, não houve associação significativa entre as variáveis (Tabela 4). Tabela 4: Análise da ocorrência de abortamentos, de acordo com o tipo de gestação obtida quanto ao número de embriões, em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Abortamento Gestação Não N (%) Sim N (%) Única 64 (78) 18 (22) Gemelar 7 (100) 0 (0) X²(1) 1,926 0,165 p 4.5 Abortamento prévio Dentre as mulheres que já haviam tido abortos prévios (n=15), 26,7% (n= 4) apresentaram aborto novamente. Já entre as pacientes que não tiveram abortos prévios (n= 74), 18,9% (n= 14) apresentaram o primeiro aborto. Das 89 pacientes cujo dados de abortamento prévio foram utilizados para associações, 71 resultaram em gestação à termo e 18 resultaram em aborto. Os testes estatísticos resultaram em X²(1)= 0,464 e p= 0,496, dessa forma, as associações não foram significativas (Tabela 5). 29 Tabela 5: Análise da ocorrência de abortamentos, de acordo com o histórico de abortamentos prévios de pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Abortamento Abortamento Prévio Não N (%) Sim N (%) Não 60 (81,1) 14 (18,9) Sim 11 (73,3) 4 (26,7) X²(1) 0,464 p 0,496 4.6 Número de Oócitos e embriões obtidos Todas as variáveis avaliadas quanto ao número de oócitos obtidos por paciente resultaram em significância maior que 0,05 e, portanto, nenhuma indicou associação significativa com a ocorrência de abortamentos. As variáveis mais próximas a resultados associativos foram aquelas referentes ao número de oócitos captados e grau de fragmentação embrionária (Tabela 6). 30 Tabela 6: Análise da ocorrência de abortamentos, de acordo com o número de oócitos e embriões obtidos de pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Variáveis na equação B S.E. Wald df Sig. Exp(B) 95% C.I. para EXP(B) Inf. Sup. Etapa 1a N. Abortos Prévios 0,418 0,384 1,183 1 0,277 1,519 0,715 3,224 N. Captados -0,420 0,250 2,819 1 0,093 0,657 0,402 1,073 N. Inseminados 0,422 0,298 2,006 1 0,157 1,524 0,851 2,732 N. 2 Pró- núcleos -0,492 0,469 1,102 1 0,294 0,611 0,244 1,532 N. Clivados 0,605 0,450 1,804 1 0,179 1,831 0,757 4,428 N. Blastocistos 0,243 0,167 2,119 1 0,146 1,275 0,919 1,769 Grau de Fragmentação 0,046 0,025 3,476 1 0,062 1,047 0,998 1,099 Constante -2,145 0,711 9,095 1 0,003 0,117 Nota: B.: beta. S.E.: erro padrão. df: grau de liberdade. Sig.: significância. Exp(B): função exponencial natural. C.I.: intervalo de confiança. 4.7 Técnica de Reprodução Humana Assistida empregada Das pacientes analisadas neste estudo, em um caso não constava no prontuário o registro quanto à técnica de Reprodução Humana Assistida (RHA) utilizada, e em apenas um caso empregou-se o coito programado e FIV, em ciclos diferentes, resultando em gestação única. Dentre as pacientes que realizaram apenas FIV (N= 80), 92,5% apresentaram gestação única (N= 74) e 7,5% apresentaram gemelaridade (N= 6). Daquelas que realizaram diferentes ciclos com IAH e FIV (N= 7), 85,7% obtiveram gestação única (N= 6), e 14,3% gemelar (N= 1), totalizando 81 pacientes que tiveram resultados de gestação única e 7 que tiveram gestação gemelar. Em contrapartida, das 88 pacientes analisadas, 70 gestantes concluíram a gravidez, enquanto 18 tiveram-na interrompida. Das gestantes que realizaram apenas 31 FIV (N= 80), 78,8% concluíram a gravidez (N= 63) e 21,3% abortaram (N= 17). A paciente que realizou coito programado e FIV não apresentou aborto. Em relação às pacientes que realizaram IAH e FIV, obteve-se 85,7% de gestações concluídas e 14,3% de abortamento. A primeira associação de variáveis (gestação) apresentou valor de X²(2)= 0,492 e p= 0,782, enquanto a segunda associação analisada (abortamento) apresentou X²(2)= 0,452 e p= 0,798; portanto, ambas sem relação significativa com a técnica de RHA empregada (Tabela 7). Tabela 7: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com a técnica de reprodução assistida empregada em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Aborto Técnica Única N (%) Gemelar N (%) Não N (%) Sim N (%) FIV 74 (92,5) 6 (7,5) 63 (78,8) 17 (21,3) IAH + FIV 6 (85,7) 1 (14,3) 6 (85,7) 1 (14,3) Coito + FIV 1 (100) 0 (0) 1 (100) 0 (0) X²(2) 0,492 0,452 p 0,782 0,798 FIV: Fertilização in vitro; IAH: Inseminação artificial humana; Coito: coito programado. 4.8 Tipo de transferência embrionária Dentre as pacientes que realizaram transferência embrionária à fresco (n= 61), 6,6% (N= 4) apresentaram gestação gemelar, enquanto 93,4% (n= 57) apresentaram gestação única. Já entre as pacientes que realizaram transferência de embrião congelado (N= 22), 13,6% (N= 3) apresentaram gestação gemelar e 86,4% (n= 19) apresentaram gestação única. Quando consideradas as pacientes que foram submetidas a diferentes ciclos de transferência embrionária, nas quais foram executados os dois tipos de transferência (n= 6), todas apresentaram gestação única. De modo similar ao achados anteriores, o tipo de transferência embrionária não teve 32 relação com a ocorrência de gestação única ou gemelar (X²(2)= 1,667 e p= 0,434) (Tabela 8). Dentre as 89 pacientes que realizaram transferência embrionária, 71 resultaram em gestações normais e 18 em abortamentos, sendo a transferência à fresco (N= 61), relacionada à ocorrência de 19,7% (N= 12) de abortamentos, e a transferência de embrião congelado (N= 22) relacionada a ocorrência de 9,1% (N= 2) de abortamentos. Dentre as pacientes que realizaram diferentes ciclos de transferência, com as duas categorias (n= 6), 66,6% (n= 4) apresentaram abortamento. A análise estatística revelou a existência de associação entre o tipo de transferência embrionária empregada e a ocorrência de abortamentos (X²(2)= 9,723 e p= 0,008) (Tabela 8). Tabela 8: Análise da ocorrência de gestações ou abortamentos, de acordo com o tipo de transferência embrionária empregada em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Abortamento Transferência Única N (%) Gemelar N (%) Não N (%) Sim N (%) Fresco 57 (93,4) 4 (6,6) 49 (80,3) 12 (19,7) Congelado 19 (86,4) 3 (13,6) 20 (90,9) 2 (9,1) Fresco + Congelado 6 (100) 0 (0) 2 (33,3) 4 (66,7) X²(2) 1,667 9,723 p 0,434 0,008 4.9 Tipo de infertilidade Foram utilizados dados sobre o tipo de infertilidade das 89 pacientes, das quais 82 tiveram gestações únicas e 7, gestações gemelares. Entre as pacientes que possuíam infertilidade primária (n= 56), apenas 3,6% tiveram gestação gemelar (n= 2). Quando referente às pacientes com infertilidade secundária (n= 33), 15,2% tiveram 33 gestação gemelar (n= 5). Os testes estatísticos indicaram ausência de associação entre as variáveis, uma vez que X²(1)= 3,842 e p= 0,5 (Tabela 9). Tabela 9: Análise da ocorrência de gestações únicas ou gemelares, de acordo com o tipo de infertilidade de mulheres atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Tipo de Infertilidade Única N (%) Gemelar N (%) Primária 54 (96,4) 2 (3,6) Secundária 28 (84,8) 5 (15,2) X²(1) 3,842 p 0,5 4.10 Presença de fator feminino e masculino Todas as 89 pacientes tiveram seus dados referente a ausência ou presença de fator feminino coletados, e dentre elas, 82 tiveram gestações únicas e 7, gestações gemelares. Entre as pacientes que não tinham fator de infertilidade feminina (n= 20), apenas 5% tiveram gestação gemelar (n= 1). Já quando referente às pacientes que apresentavam fator feminino (n= 69), 8,7% tiveram gestação gemelar (n= 6). Dessa forma, X²= 0,292 e p= 0,589, as associações não foram significativas (Tabela 10). Semelhante à variável anterior, quando analisada a presença ou ausência de fator masculino como causa da infertilidade conjugal, 82 pacientes tiveram gestações únicase apenas 7 tiveram gestações gemelares. Dos pacientes que apresentaram fator masculino (n= 56), 10,7% associaram-se à ocorrência de gestação gemelar (n= 6). Quando referente aos parceiros que não apresentaram fator masculino (n= 33), apenas 3% resultaram em gestação gemelar (n= 1). Obtendo-se valores de X²= 1,692 e p= 0,193, de acordo com o teste do qui-quadrado, não foram observados resultados significativos entre as associações realizadas (Tabela 10). 34 Tabela 10: Análise da ocorrência de gestações únicas ou gemelares, de acordo com a presença de fator feminino e/ou masculino em pacientes atendidas no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Única N (%) Gemelar N (%) X²(1) p Fator Feminino Não 19 (95) 1 (5) 0,292 0,589 Sim 63 (91,3) 6 (8,7) Fator Masculino Não 32 (97) 1 (3) 1,692 0,193 Sim 50 (89,3) 6 (10,7) 4.11 Infertilidade: feminina e masculina Dos 68 dados obtidos referentes à presença de fator feminino isolado ou combinado, 62 casos resultaram em gestação única e 6 em gestação gemelar. Entre as pacientes que apresentavam fator feminino isolado (n= 43), 11,6% apresentaram gestação gemelar (N= 5). Já referente às pacientes com fator combinado de infertilidade (n= 25), 4% apresentaram gestação gemelar (n= 1). As comparações entre as variáveis não foram significativas estatisticamente, sendo X²= 1,143 e p= 0,285. Quanto à análise da presença de fator masculino isolado ou combinado, como causa da infertilidade conjugal, dos 56 pacientes amostrados, 50 relacionaram-se à gestação única, enquanto 6 tiveram gestação gemelar. Dos pacientes que apresentavam fator masculino isolado (n= 38), 15,8% de suas parceiras tiveram gestação gemelar (n= 6). Já entre aqueles que apresentavam fator masculino combinado (n= 18), nenhum resultou em gestação gemelar. As comparações entre as variáveis não foram significativas, uma vez que X²= 3,183 e p= 0,074 (Tabela 11). 35 Tabela 11: Análise da ocorrência de gestações únicas ou gemelares, de acordo com o tipo de fator feminino e/ou masculino em pacientes atendidos no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Natal-RN, entre os anos de 2013 e 2018. Gestação Única N (%) Gemelar N (%) X²(1) p Fator Feminino Presente Isolado 38 (88,4) 5 (11,6) 1,143 0,285 Combinado 24(96) 1 (4) Fator Masculino Presente Isolado 32 (84,2) 6 (15,8) 3,183 0,074 Combinado 18 (100) 0 (0) Considerando-se os fatores femininos observados, 43 pacientes apresentaram fator feminino isolado e 25 apresentaram fator feminino combinado, sendo esse a junção de dois ou mais dos seguintes fatores: fator tubário (25,5%), síndrome do ovário policístico (13,9%), idiopática (11,6%), endometriose (9,3%), infecções e inflamações (6,9%), neoplasias (6,9%), polipos (6,9%), problemas hormonais (4,6%), hiperplasia endometrial (2,3%), fator psicológico (2,3%), baixa reserva ovariana (2,3%), problemas ovulatórios (2,3%), histórico clínico (aborto prévio, gravidez ectópica) (2,3%) e obesidade (2,3%). Em contrapartida, 38 casais apresentaram fator masculino isolado e 18 casais apresentaram dois ou mais fatores masculinos como causa de infertilidade, sendo estes: teratospermia (31,5%), teratoastenooligospermia (18,4%), oligoastenozoospermia (13,1%), varicocele (10,5%), oligospermia (7,8%), teratoastenospermia (5,2%), azoospermia (2,6%), astenospermia (2,6%), piospermia (2,6%), vasectomia (2,6%) e histórico clínico (2,6%). 36 5. Discussão Este estudo teve como um de seus principais objetivos, avaliar a saúde da prole obtida nos tratamentos de RHA, em especial, quanto à ocorrência de malformações congênitas, abortamentos, gestação única ou gemelar. Segundo a literatura, existem questionamentos sobre a segurança dos procedimentos de RHA em relação aos resultados das gestações, sendo que alguns indicam que esses procedimentos apresentam maiores índices de complicações gestacionais, sejam devido às técnicas (JIANG, et al., 2017) ou infertilidade do casal (BELLVER; DONNEZ, 2019). Nesse estudo não foi possível avaliar diretamente a influência desses aspectos no aparecimento de malformação congênita, devido à sua baixa incidência nos resultados de gestação analisados, tendo ocorrido em apenas 1 caso dentre as 89 pacientes amostradas; o que corresponde a 1,12% da amostra. Destaca-se que a baixa incidência de malformação congênita dentre os nascidos de TRA é um indício extremamente positivo quanto ao sucesso e segurança destes procedimentos. Pode- se estabelecer um contraste até mesmo quando considerados os nascimentos a partir de gestações naturais, onde, por exemplo, foram detectados 4% de casos de malformação entre 11.815 partos entre 2018 e 2019, em um hospital da Paraíba (RAMOS, et al., 2022). 5.1 Tipo de anticoncepção O tipo de contracepção utilizada pelas pacientes deste estudo foi analisado quanto à sua associação ou não com o tipo de gestação segundo o número de embriões, bem como com a ocorrência ou não de abortamentos como resultado do tratamento de RHA, a fim de verificar se o uso prévio de métodos contraceptivos hormonais, de barreira ou cirúrgicos poderia ter relações com as taxas de sucesso destes tratamentos; em especial com a saúde da prole. A ausência de relação encontrada entre estas variáveis indica que o tipo de contracepção que vinha sendo utilizado pela paciente não é um fator preditivo quanto à saúde da prole nascida de TRAS. Embora a cirurgia de laqueadura seja um método que visa a esterilidade, as mulheres submetidas a esta cirurgia encontram na RHA a possibilidade de terem filhos, uma vez que a partir desses procedimentos as taxas de gravidez dessas 37 mulheres se igualam aos outros casais com infertilidade leve (30% a 35%), não interferindo com os resultados de FIV (MALACOVA, et al. 2014). Esse dado vai de acordo com os achados desta pesquisa, na qual das 7 pacientes que realizaram procedimento de reprodução assistida após laqueadura, todas levaram a gestação a termo, dentre as quais 1 obteve gestação gemelar. Diversos estudos demonstram as consequências do uso de alguns anticoncepcionais hormonais a longo prazo, tais como mudanças de peso, impactos na circulação sanguínea e nos níveis hormonais, assim como o agravamento de quadros de trombofilia, patologia que possui relação direta com o aumento de perdas gestacionais e que pode gerar uma maior busca por TRA para resolução do problema (BARBOSA; CHAVES, 2021; MORAIS; RIBEIRO; CASTIEL, 2019). Dito isto, questionou-se neste estudo a possibilidade de que o uso prévio desses contraceptivos pudesse afetar também a saúde da prole, entretanto não foi observada qualquer relação. Vale ressaltar ainda que o número de casos coletados foi consideravelmente baixo para algumas categorias. 5.2 Idade materna e Índice de massa corporal De modo semelhante, a idade materna e o IMC não tiveram relação com o tipo de gestação segundo o número de embriões ou com a ocorrência de abortamentos, o que mostra a segurança e efetividade das técnicas de RHA, e reflete seu importante papel em permitir a ocorrência de gestação mesmo em mulheres de idade avançada. Sabe-se que conforme o aumento da idade, menor a reserva ovariana disponível e consequentemente menor a chance de iniciar a gravidez. Mulheres na puberdade possuem aproximadamente entre 300.000 e 500.000 oócitos, já quando fazem 51 anos possuem aproximadamente 1.000 oócitos (PRACTICE COMMITTEE OF THE AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE MEDICINE, et al., 2022). No entanto, com o tratamento, e principalmente através da hiperestimulação ovariana, essas mulheres aumentam suas chances de obter a gestação tão desejada (CABRY, 2014). As variáveis analisadas não apresentaramrelação com a ocorrência de gestações únicas ou gemelares. Destaca-se, no entanto, que tais ocorrências relacionam-se diretamente com o número de embriões transferidos, sendo que de acordo com o Conselho Federal de Medicina, resolução CFM Nº 2.320/2022, mulheres com até 37 anos podem ter até 2 embriões transferidos, acima dessa idade 38 aceitam-se até 3. Ademais, casos em que é feita biópsia e obtêm-se confirmação de embrião euploide, pode-se realizar transferência de até 2 embriões, independentemente da idade. Embora seja documentado um aumento na ocorrência de gestações gemelares de acordo com o aumento da idade materna (SOARES, et al., 2019), devido a uma natural super estimulação ovariana pelo Hormônio Folículo Estimulante (FSH) (BLAGOSKLONNY, 2023), os tratamentos empregados nas pacientes deste estudo não seguiram esta tendência. Sabe-se ainda que o percentual de gordura corporal pode impactar diretamente na fertilidade feminina, visto que aumenta os riscos para a Síndrome de Ovários Policísticos (SOP), diabetes gestacionais, anovulação, complicações endometriais e hipertensão, além de diminuir a qualidade dos oócitos e as taxas de fecundação. Porém, quando em relação aos índices de abortamento, diversos estudos demonstram que o IMC não influencia esses resultados das TRA (FERREIRA, 2019). Em acordo com esses dados, este estudo também demonstra a independência dos desfechos de abortamento e gestação gemelar com o IMC da paciente. 5.3 Tipo de gestação quanto ao número de embriões A ocorrência de gestação única ou gemelar, das pacientes deste estudo, não apresentaram relação com a ocorrência de abortamentos. É importante destacar que os protocolos de tratamentos utilizados pelas clínicas e centros de RHA usualmente são individualizados de acordo com as características clínicas da paciente, também como forma de prevenir tanto a ocorrência de gestações de risco, quanto perdas gestacionais (MARTINS, 2019). Deste modo, mesmo sendo produzidos um número de embriões excedentes, estes deverão ser criopreservados, sendo transferidos apenas o número permitido de acordo com a idade da paciente (SILVA, 2021). Apesar de se ter evidências de aumento nas taxas de abortamentos em gestações gemelares devido a complicações como, parto prematuro, crescimento intrauterino restrito, ruptura prematura das membranas ovulares, etc. (SOARES, 2019), existem diferenças significativas entre essas taxas quando comparados gemelares mono (MC) e dicoriônicos (DC), tendo embriões MC até 5 vezes maior risco de abortamento (COELHO, 2011). Dessa forma, os achados neste estudo podem estar relacionados ao grande índice de gemelaridade DC comumente 39 observada nos tratamentos de RHA (PÓVOA, et al., 2018), mesmo frente ao baixo número de casos de gemelaridade aqui encontrados. 5.4 Abortamento Prévio A ocorrência de abortamentos previamente aos tratamentos de RHA empregados também não teve relação com a ocorrência de abortos como resultado destes tratamentos, o que além de reforçar a segurança das técnicas para a saúde da prole, traz uma boa perspectiva às mulheres que sofreram abortamentos prévios. Sabe-se que a ocorrência de abortamentos de repetição é uma condição de infertilidade difícil de rastrear e identificar sua causa. Apesar disso, diversos estudos, assim como este, já demonstraram que as TRA são uma alternativa efetiva para essa problemática. Ademais, ressaltam que o acréscimo de diagnósticos genéticos pré- implantacionais aos tratamentos podem melhorar as taxas de nascidos vivos, uma vez que mediante os resultados obtidos, serão selecionados para transferência os embriões euploides compatíveis com o endométrio materno, visando diminuir as chances de rejeição do feto pela incompatibilidade com o endométrio, e consequentemente aumentar as possibilidades de sucesso em se conseguir a gestação (CAPALBO, et al., 2021). O aborto espontâneo pode ocorrer devido à diversos fatores, muitos deles não diagnosticados. As causas mais comuns incluem problemas no colo uterino, insuficiência hormonal para manter o desenvolvimento do feto, anomalias ou malformações incompatíveis com a vida, ou até mesmo incompatibilidade genética entre mãe e filho (LA, et al., 2021). Embora o emprego da biópsia embrionária possa ser um importante exame para diminuir a taxa de abortamentos, seu alto custo pode inviabilizar a sua execução por parte dos pacientes que recorrem à RHA. No Brasil existem apenas 4 centros de RHA que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e fornecem tratamento inteiramente gratuito, entre eles, o CRA/MEJC (ESTADO DE MINAS, Saúde e Bem Viver, 2023), onde esta pesquisa foi conduzida. 5.5 Número de oócitos e embriões obtidos Determinados fatores de infertilidade podem causar diminuição ou aumento do número de oócitos obtidos. Em casos de paciente com idade avançada ou que não 40 respondem ao tratamento de estímulo ovariano, pode-se obter baixas quantidades de oócitos (MERVIEL, 2016), já em casos de hiperestímulo ovariano pode-se obter maiores quantidades de oócitos e maiores chances de abortamento (LE GOUEZ et al. 2011). No presente estudo, o número de oócitos obtidos em cada fase não alterou o índice de abortamento, o que possivelmente indica que a quantidade não é um bom preditor do insucesso do tratamento. Dessa forma, para mulheres que possuem fatores de infertilidade que minimizam a coleta de oócitos ou que tendem a degenerar a maioria, o tratamento continua sendo promissor e os achados nesse estudo corroboram para isso. 5.6 Técnica de Reprodução Humana Assistida empregada Estudos demonstram que o desenvolvimento do oócito feminino até a formação do embrião em procedimento de reprodução assistida apresenta maiores estresses mecânicos e nutricionais comparado ao embrião espontâneo. Apesar desses fatos, não se sabe até onde esses fatores de estresse podem alterar o desenvolvimento embrionário ou se podem causar alterações incompatíveis com a vida (DVORAN; NEMCOVA; KALOUS, 2022). No estudo atual não houve associação entre a técnica utilizada e a ocorrência de aborto, o que pode indicar que o estresse causado nas células embrionárias não é suficiente para causar maiores taxas de abortamento, uma vez que cada técnica causa diferentes níveis de perigo para o embrião (BORGES JÚNIOR; BRAGA; SETTI, 2020). Porém, é imprescindível considerar que os resultados obtidos se deram devido à presença da FIV em todas as técnicas observadas. 5.7 Tipo de transferência embrionária Para decidir o tipo de transferência embrionária a ser realizada é necessário avaliar as condições clínicas da paciente. Há indícios de que a transferência do embrião congelado (TEC) favorece, principalmente, mulheres mais velhas (35 a 38 anos), que irão realizar teste genético pré-implantacional (ROQUE, et al., 2019), ou com estimulação ovariana mais intensa, uma vez que esse estímulo modifica a janela de implantação embrionária (MARTINS, 2019). Por outro lado, este tipo de transferência pode trazer como riscos o rompimento das células devido à formação 41 de cristais de gelo em seu citoplasma, e a degeneração de embriões de baixa qualidade. O primeiro problema é contornado pelo método de vitrificação, desenvolvido para solidificar a célula pelo gradiente osmótico (JANG, et al., 2017). Já o segundo pode ser resolvido pela seleção embrionária, onde são selecionados os embriões de melhor qualidade para o procedimento de criopreservação, aumentando suas chances de sobrevivência (VLADIMIROV, et al., 2018). Em contrapartida, não existem evidências de diferenças nos resultados entre a transferência do embrião a fresco e congelado nas diversas situações se não as comentadas anteriormente. Ou seja, mulheres mais jovens, com resposta normal à estimulação ovariana, e com os demais fatores de infertilidade podem realizara transferência baseando-se em sua janela de implantação, seja congelado ou fresco (ROQUE, et al., 2019; MAHESHWARI, 2018) Quando utilizado em seu grupo foque, a transferência congelada pode proporcionar maiores taxas de implantação e gravidez devido a melhor compatibilidade entre idade embrionária e maturação endometrial (COUTIFARIS, 2017). Ademais, geram bebês maiores comparado a transferência a fresco devido a influência de estradiol durante a implantação do embrião (MAHESHWARI, 2018), e consequentemente é imprescindível para casos de síndrome de hiper estimulação ovariana (MAHESHWARI, 2012). Na presente pesquisa, foi observado um percentual de 49,4% dos pacientes com idade acima de 35 anos, e apenas 24,7% do total de pacientes foram submetidas à TEC. Dessa forma, considerando os aspectos anteriormente citados, esse estudo demonstrou diversos pacientes que se encaixariam dentro do indicado para TEC, mas que realizaram TEF e, devido a isso, pode-se ter obtido uma maior incidência de abortamentos nas transferências a fresco, visto que esse grupo não tem indicação para tal. Dessa forma, a seleção prévia de embriões de melhor qualidade para uso na TEC pode estar relacionada à menor taxa de abortamento encontrada no presente estudo, o que também corrobora com a alta taxa de abortamento observada na transferência à fresco, uma vez que embriões de baixa qualidade obrigatoriamente são transferidos por esse método por não sobreviverem a uma transferência congelada (VLADIMIROV; TACHEVA; DOBRINOV, 2018). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Maheshwari+A&cauthor_id=29155965 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Maheshwari+A&cauthor_id=29155965 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Maheshwari+A&cauthor_id=29155965 42 5.8 Tipo de infertilidade e fatores de infertilidade A infertilidade secundária é o tipo mais comum de infertilidade feminina em países em desenvolvimento, geralmente associadas às infecções genitais (VANDER BORGHT; WYNS, 2018), já a infertilidade primária é mais comum em países desenvolvidos, devido, principalmente, ao planejamento familiar (SOARES; RODRIGUES; BARROS, 2011). Ambos os tipos de infertilidade são indicações para tratamento de Reprodução Assistida (SZAMATOWICZ; SZAMATOWICZ, 2020), mas não apresentaram relação significativa com a ocorrência de gestação gemelar. Não existem estudos que retratem a relação entre infertilidade primária ou secundária com a incidência de gestação gemelar, fato esse que ressalta a importância deste trabalho e a necessidade de futuros estudos sobre o tema. Os fatores de infertilidade feminina mais recorrentes obtidos foram fator tubário, SOP e endometriose, respectivamente. A literatura, em acordo com atual estudo, demonstra que o tratamento de endometriose na RHA é eficaz, podendo se dar devido ao uso de medicamentos agonistas do hormônio GnRH, que suprimem reações inflamatórias e aumentam a qualidade dos oócitos (ROCHA; FERREIRA, 2023). Da mesma forma, casos de fator tubário e SOP foram registrados como principais responsáveis pela procura por tratamentos de RHA, uma vez que este pode facilitar a fecundação e deposição do zigoto em mulheres que apresentam obstrução das tubas uterinas, se tornando uma alternativa mais viável devido ao risco de se obter gestações ectópicas quando realizada cirurgia de correção das tubas (REBAR, 2022). Em relação à SOP, a reprodução assistida demonstra ser efetiva devido à estimulação ovariana e uso de metformina associado à FIV, aumentando assim a qualidade oocitária da paciente (JANNATIFAR, et al. 2022). Ademais o sucesso dos tratamentos citados, nosso estudo demonstra que também não há associação de maiores ocorrência de gemelaridade com esses fatores de infertilidade feminina. Já quando considerados os fatores masculinos, destacam-se a teratospermia, a teratoastenooligospermia e a oligoastenozoospermia como principais causas de infertilidade. As três patologias incluem defeitos nos espermatozoides dos pacientes que podem alterar a qualidade da amostra. A teratospermia refere-se a presença de defeito morfológicos no sêmen (BEUROIS, et al., 2020), a teratoastenooligospermia é uma condição onde o sêmen apresenta defeitos morfológicos, baixos números de espermatozoides e pouca motilidade (COLPI, et al., 2018), já a 43 oligoastenozoospermia apresenta baixos números de espermatozoides com pouca motilidade (DENG, et al., 2023). Todas essas condições são indicações para tratamento de reprodução assistida, uma vez que a partir da seleção de espermatozoides de maior qualidade e da fecundação manual proporcionada pela ICSI pode-se obter a resolução desses problemas (VIEIRA, 2019). Deste modo, os achados corroboram com os resultados desta pesquisa e com o sucesso dos procedimentos de capacitação espermática na reprodução assistida, uma vez que não foram encontradas associações significativas entre a presença e fator de infertilidade masculina e complicações gestacionais como ocorrência de gemelaridade. Desse modo, este estudo corrobora com a literatura citada de forma que o tipo de infertilidade, a presença e o tipo de fator feminino e/ou masculino, isoladamente ou combinados, não alteraram os resultados dos tratamentos, o que implica dizer que casais com acúmulo de fatores de infertilidade podem obter boas perspectivas com o tratamento. Portanto, os dados obtidos neste estudo reforçam ainda a segurança na aplicação das técnicas de RHA quando se considera a saúde da prole, uma vez que não houve associação com a ocorrência de abortamentos ou más formações congênitas, nos filhos das gestantes amostradas neste estudo. 44 6 Conclusão Demonstrou-se neste estudo a independência dos resultados de gestação gemelar e número de abortamento com os procedimentos de RHA; e sobretudo, a baixíssima (ou quase inexistente) relação entre estes tratamentos e a ocorrência de más-formações congênitas, reforçando a segurança na execução das técnicas de reprodução assistida para a saúde da prole. Enquanto a maior parte das variáveis analisadas não teve influência sobre as complicações gestacionais relatadas nesse estudo, o tipo de transferência embrionária realizada se mostrou relevante nos resultados de abortamento, de modo que transferências à fresco foram associadas a maiores taxas de aborto. Ressaltamos a necessidade de maiores estudos que investiguem a fundo as relações entre essas variáveis, primando sempre pela saúde da prole a ser obtida, e pautada nos princípios éticos que regulamentam as técnicas e procedimentos de RHA. É importante destacar ainda a necessidade do aumento do número de participantes em estudos futuros, para obtenção de dados mais robustos, além de verificar a influência de cada técnica de RHA de forma isolada. Por fim, destacamos a importância desta pesquisa para compreender e melhorar o âmbito da Reprodução Assistida, a fim de garantir aos indivíduos que dela necessitam a segurança dos procedimentos, bem como fornecer subsídios aos profissionais da área, quanto à execução dos procedimentos sempre com atenção ao controle de qualidade e somando esforços para a realização do sonho dos pacientes, em obter uma gestação e constituir uma família. 45 7 Referências ABDULJABBAR, H. S. ‘Introductory Chapter: About Multiple Pregnancies’, Multiple Pregnancy - New Insights. IntechOpen, 2023. doi: 10.5772/intechopen.108518. AMATO, J. Fertilização in vitro por ICSI. Fertilidade.org, 2019. Disponível em: https://fertilidade.org/tratamento/fertilizacao-in-vitro-por-icsi/. Acesso em: 11 mai. 2023. ANVISA. 11º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões – Sisembrio. 2018. BARBOSA, A. S.; CHAVES, C. T. O. P. Consequências do uso contínuo de anticoncepcional: um alerta às mulheres. Research, Society and Development, Vargem Grande Paulista, v. 10, n. 15, 2021. BELLVER,