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Engenharia Ecologica

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O IMPACTO DA ENGENHARIA ECOLÓGICA PARA A 
DIMINUIÇÃO DS ENFERMIDADES NAS ZONAS URBANAS 
 
 
RUI SIMÃO MENDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A engenharia ecológica desempenha um papel crucial na promoção da saúde e 
bem-estar nas zonas urbanas, especialmente quando se trata da diminuição de 
enfermidades. Por meio do planejamento e implementação de soluções que 
integram os princípios da ecologia e sustentabilidade, a engenharia ecológica busca 
criar ambientes urbanos mais saudáveis, resilientes e harmoniosos para seus 
habitantes. Ao considerar a interação entre os seres humanos, os ecossistemas 
naturais e as infraestruturas urbanas, a engenharia ecológica pode contribuir 
significativamente para a redução de doenças e problemas de saúde 
nas áreas urbanas. 
 
DESIGN URBANO SUSTENTÁVEL 
 
O planejamento urbano é composto por uma série de soluções e estratégias que 
melhoram a vida das pessoas na cidade. Para que ele seja realmente efetivo, é 
interessante ter um olhar intersectorial e amplo, para que todos os habitantes do 
espaço tenham segurança, conforto e acessibilidade. 
 
O que é o planejamento urbano? 
Planejamento urbano é o conjunto de estratégias, serviços e programas realizados 
para melhorar a qualidade de vida dos habitantes de determinados espaços. 
 
Por meio do planejamento urbano, é possível criar iniciativas para melhorar ou 
revitalizar áreas urbanas de uma cidade, por exemplo, fazendo com que seus 
moradores tenham mais segurança, atividades de lazer, entre outros. 
 
O design urbano sustentável é uma abordagem que visa criar ambientes urbanos 
que sejam socialmente inclusivos, economicamente viáveis e ecologicamente 
saudáveis a longo prazo. Este conceito integra práticas de planejamento, 
arquitetura, paisagismo e infraestrutura para promover cidades mais resilientes, 
eficientes e agradáveis para seus habitantes. Ao considerar o impacto das decisões 
de design nas pessoas e no planeta, o design urbano sustentável busca equilibrar 
as necessidades presentes com a capacidade das gerações futuras de atender às 
suas próprias necessidades. Isso envolve a criação de espaços urbanos que 
promovam a saúde, a qualidade de vida, a equidade social e a conservação dos 
recursos naturais. Ao integrar princípios sustentáveis no planejamento e na 
construção das cidades, o design urbano sustentável oferece uma visão holística 
para o desenvolvimento urbano que busca benefícios duradouros para as 
comunidades e o meio ambiente. 
 
A importância do desenho urbano está associada à qualidade de vida urbana e 
como 
podem os seus diferentes espaços cumprir não só as necessidades dos seus 
utentes, como também, torná-los atractivos, singulares, confortáveis, acessíveis a 
todos incluindo os utentes com mobilidade condicionada e dificuldades de 
locomoção. 
Segundo Gil (2009), para garantir a qualidade dos espaços de circulação e espaços 
de permanência é necessário oferecer condições favoráveis e que estimulem a 
prática de actividades, sociais e recreativas, para que se possa caminhar e 
permanecer nesses mesmos espaços. Considera que todo o espaço envolvente 
tem uma função fundamental e necessária na qualidade dos diferentes espaços 
públicos e, é através do desenho urbano que se projecta cada espaço tendo em 
conta cada pormenor, criando estímulos na cidade e a sua continuidade. Na mesma 
linha de pensamento, Carr, et al., citado por Menezes (2008), refere que o sucesso 
dos espaços públicos está intimamente associado a tais atributos e que está 
intimamente ligado às dimensões humanas do espaço; sendo fundamental 
conhecer a relação entre as pessoas e os espaços, e a forma como esta relação 
afecta os quadros comportamentais, sendo tal relação tomada como interactiva e 
complexa. 
O design urbano sustentável abrange uma ampla gama de temas e práticas que 
visam criar ambientes urbanos mais equitativos, saudáveis e resilientes. Aqui estão 
alguns temas detalhados que são fundamentais para o design urbano sustentável: 
 
1. Planejamento Integrado: 
 - O planejamento integrado considera a interconexão entre diferentes aspectos do 
ambiente urbano, como uso da terra, transporte, habitação, infraestrutura e meio 
ambiente natural. Ao integrar esses elementos, o planejamento urbano pode 
promover comunidades mais coesas e sustentáveis. 
 
2. Uso Eficiente de Recursos: 
 - O design urbano sustentável prioriza o uso eficiente de recursos, incluindo 
energia, água e materiais de construção. Isso pode envolver a implementação de 
tecnologias verdes, práticas de conservação e a redução do desperdício em todas 
as fases do desenvolvimento urbano. 
 
3. Mobilidade Sustentável: 
 - A promoção de opções de transporte sustentáveis, como transporte público 
eficiente, ciclovias, calçadas acessíveis e planejamento de bairros que incentivem 
deslocamentos a pé, contribui para reduzir as emissões de carbono, melhorar a 
qualidade do ar e promover estilos de vida mais ativos. 
 
4. Espaços Verdes e Biodiversidade Urbana: 
 - A inclusão de espaços verdes em ambientes urbanos não apenas melhora a 
estética das cidades, mas também oferece benefícios ambientais significativos. 
Parques, jardins comunitários e áreas naturais ajudam a mitigar os efeitos das ilhas 
de calor urbanas, proporcionam habitat para a vida selvagem e oferecem 
oportunidades para recreação e conexão com a natureza. 
 
5. Resiliência Climática: 
 - O design urbano sustentável aborda os desafios das mudanças climáticas ao 
integrar estratégias de adaptação e mitigação em projetos urbanos. Isso pode incluir 
o planejamento de infraestrutura resistente a eventos climáticos extremos, o 
aumento da permeabilidade do solo para lidar com inundações e a promoção da 
eficiência energética em edifícios urbanos. 
 
6. Inclusão Social e Equidade: 
 - A equidade social é um componente essencial do design urbano sustentável. 
Isso envolve garantir o acesso equitativo a moradia acessível, serviços públicos, 
espaços públicos seguros e oportunidades econômicas para todos os residentes 
urbanos. 
 
INFRAESTRUTURA VERDE E QUALIDADE DO AR 
 
A infraestrutura verde é um conceito que envolve o planejamento e a implementação 
de espaços urbanos que integram elementos naturais, como áreas verdes, árvores, 
jardins e sistemas de drenagem sustentável, com o objetivo de promover a 
sustentabilidade ambiental e melhorar a qualidade de vida nas cidades. Quando 
bem planejada e mantida, a infraestrutura verde pode contribuir significativamente 
para a melhoria da qualidade do ar nas áreas urbanas, por meio da absorção de 
poluentes atmosféricos, redução do calor urbano e aumento da biodiversidade. A 
combinação desses elementos pode resultar em benefícios concretos para a saúde 
pública e para o meio ambiente, tornando as cidades mais habitáveis e saudáveis 
para seus moradores. 
A vegetação aparece como um dos elementos principais na construção de um 
espaço público de qualidade. 
Sua importância reside em sua capacidade de tornar um local mais acolhedor 
visualmente e beneficiar o estado de saúde da população em diversas perspectivas 
ao reduzir os níveis de ansiedade, depressão e estresse, além de aumentar a 
atenção e a memória. Além disso, a vegetação transforma-se em uma plataforma 
para favorecer a interação e as atividades sociais que conformam o capital social. 
Uma área verde urbana ou parque urbano é um espaço urbano com predomínio de 
vegetação, concebido com diversos propósitos. Nesta categoria, enquadram-se os 
parques, jardins botânicos, jardins zoológicos, complexos recreativos e esportivos, 
hípicas e cemitérios-parques, dentre outros. A preservação da natureza e a 
aclimatação de sua área de domínio – com a melhoria na qualidade do ar – estão 
entre as prioridades destes ambientes, contribuindo para bem-estar da 
população local. 
A nova pesquisa divulgada recentemente sugereque quanto maior o contato com 
a natureza, menor a chance de se desenvolver transtornos mentais. 
 
Saúde mental é extremamente importante para todos, em qualquer lugar do mundo. 
Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 quase 
um bilhão de pessoas viviam com algum tipo de transtorno mental; desses, 14% 
eram adolescentes 
 
E já é senso comum que espaços verdes dentro de áreas urbanas são benéficos 
tanto para o meio ambiente quanto para a qualidade de vida dos moradores. Agora, 
um estudo recente publicado na revista International Journal of Environmental 
Research and Public Health sugere que pessoas que moram em áreas urbanas com 
mais espaços verdes, como parques, praças públicas e jardins, têm melhor saúde 
mental. 
De forma geral, o estudo mostrou que quanto maior a exposição a áreas verdes 
urbanas, menor é a necessidade de serviços de saúde mental, como consultas com 
psiquiatras e tratamentos para transtornos mentais. 
A infraestrutura verde desempenha um papel significativo na melhoria da qualidade 
do ar e na redução de doenças relacionadas à poluição atmosférica em zonas 
urbanas. Aqui estão alguns pontos sobre como a infraestrutura verde pode contribuir 
para esse objetivo: 
Absorção de Poluentes: as áreas com infraestrutura verde, como parques, jardins e 
florestas urbanas, têm a capacidade de absorver poluentes atmosféricos, como 
dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e material particulado, ajudando a melhorar 
a qualidade do ar ao redor dessas áreas. 
 
Produção de Oxigênio: as plantas e árvores presentes na infraestrutura verde 
realizam a fotossíntese, liberando oxigênio para a atmosfera e contribuindo para a 
melhoria da qualidade do ar e para a saúde respiratória da população urbana. 
 
Redução das Ilhas de Calor: a presença de vegetação em áreas urbanas ajuda a 
reduzir os efeitos das ilhas de calor, que são áreas com temperaturas mais elevadas 
causadas pela concentração de edifícios e pavimentação. A redução das ilhas de 
calor contribui para um ambiente mais confortável e saudável, especialmente 
durante períodos de calor intenso. 
 
Estímulo à Atividade Física: a presença de espaços verdes bem planejados 
incentiva a população a se engajar em atividades ao ar livre, como caminhadas e 
exercícios físicos, o que pode promover um estilo de vida mais saudável e reduzir 
o risco de doenças crônicas. 
 
Ao promover a implementação da infraestrutura verde nas áreas urbanas, é possível 
criar ambientes mais saudáveis, reduzir os impactos da poluição atmosférica e 
contribuir para a prevenção de doenças respiratórias e cardiovasculares associadas 
à má qualidade do ar, bem como para a redução do calor Urbano e o aumento da 
biodiversidade. 
 
 
MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL 
 
A mobilidade urbana sustentável refere-se a sistemas de transporte e planejamento 
urbano que promovem o deslocamento eficiente, seguro e acessível das pessoas 
dentro das cidades, ao mesmo tempo em que minimizam os impactos negativos no 
meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Ela envolve a integração de 
diferentes modos de transporte, como transporte público, caminhadas, ciclismo e 
transporte compartilhado, além de práticas de planejamento urbano que priorizam 
o uso eficiente do espaço urbano e a redução das emissões de poluentes. 
 
Princípios-chave da mobilidade urbana sustentável incluem: 
 
Acessibilidade: Garantir que todos tenham acesso a opções de transporte seguro e 
eficiente, independentemente de sua renda, localização ou capacidade física. 
 
Segurança: Promover sistemas de transporte que minimizem o risco de acidentes 
e proporcionem segurança aos cidadãos, seja através de infraestrutura adequada 
para pedestres e ciclistas, limites de velocidade adequados ou sistemas de 
transporte público seguros. 
 
Uso eficiente do espaço urbano: Promover o uso inteligente do espaço urbano, 
priorizando o transporte público, pedestres e ciclistas, e incentivando o 
desenvolvimento de áreas urbanas compactas e de uso misto que reduzam a 
necessidade de deslocamento motorizado. 
 
Participação comunitária: Incluir os residentes locais e as partes interessadas no 
planejamento e tomada de decisões relacionadas à mobilidade urbana, garantindo 
que as soluções propostas atendam às necessidades e preocupações da 
comunidade. 
 
Inovação tecnológica: Utilizar tecnologias avançadas, como sistemas de transporte 
inteligente, aplicativos de transporte compartilhado e veículos autônomos, para 
melhorar a eficiência e a conveniência dos sistemas de transporte urbano. 
 
Promoção da saúde e bem-estar: Priorizar modos de transporte ativos, como 
caminhadas e ciclismo, que promovam a atividade física e contribuam para a 
melhoria da saúde e qualidade de vida das pessoas. 
 
Tendo estes pontos em conta, podemos chegar a conclusão de que: 
 
O aumento no número de veículos particulares em Luanda contribui 
significativamente para o congestionamento do tráfego. As vias muitas vezes são 
estreitas e mal conservadas, o que dificulta ainda mais o fluxo de veículos. O 
congestionamento resulta em longos tempos de viagem o que causa aumento do 
consumo de combustível e emissões de poluentes. 
 
A poluição do ar em Luanda tem sérias consequências para a saúde pública. 
Estudos mostram que altos níveis de poluição atmosférica estão associados a uma 
série de problemas de saúde, incluindo asma, bronquite, doenças cardíacas e até 
mesmo morte prematura. As crianças, idosos e pessoas com condições de saúde 
pré-existentes são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da poluição do 
ar. 
 
Para enfrentar esses desafios, é crucial que as zonas urbanas de Luanda 
implementem políticas e projetos que promovam uma mobilidade urbana mais 
sustentável. Isso pode incluir investimentos em transporte público de qualidade, 
expansão de infraestrutura para ciclovias e pedestres, incentivos para o uso de 
veículos elétricos e a promoção de práticas de planejamento urbano que reduzam 
a dependência de veículos motorizados. Ao fazer isso, a cidade pode melhorar a 
qualidade de vida de seus habitantes e reduzir os impactos negativos da poluição 
da mobilidade urbana. 
 
GESTÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS E PREVENÇÃO DE INUNDAÇÕES 
 
A gestão das águas pluviais em zonas urbanas de Luanda desempenha um papel 
crucial não apenas na diminuição de inundações e alagamentos, mas também na 
proteção da saúde pública e na redução das enfermidades relacionadas à água. 
Como uma das cidades mais populosas e em rápido crescimento de África, Luanda 
enfrenta desafios significativos em termos de infraestrutura inadequada, expansão 
urbana desordenada e mudanças climáticas, que aumentam a vulnerabilidade das 
comunidades a doenças transmitidas pela água. Nesta análise, exploraremos como 
a gestão eficaz das águas pluviais pode contribuir para a diminuição das 
enfermidades em Luanda, destacando medidas-chave, desafios enfrentados e 
soluções possíveis para promover um ambiente urbano mais saudável e resiliente. 
 
CRESCIMENTO URBANO DESORDENADO 
 
Luanda enfrenta um crescimento urbano desordenado, com um rápido aumento da 
população e expansão urbana sem planejamento adequado. Esse crescimento 
desordenado muitas vezes resulta na ocupação de áreas de risco, como margens 
de rios e encostas de morros, aumentando a vulnerabilidade a inundações e 
deslizamentos de terra durante eventos de chuva intensa. 
 
O crescimento urbano desordenado é um desafio significativo esse fenômeno 
ocorre quando a expansão da área urbana não é devidamente planejada ou 
controlada, levando a uma série de problemas sociais, econômicos e ambientais. A 
falta de planejamento urbano adequado é um problema crítico. Muitas vezes, as 
políticas e regulamentações urbanas são inadequadas, desatualizadas ou não são 
aplicadas de forma eficaz. Isso leva à ocupação irregular do solo, com construções 
informaissurgindo em áreas impróprias, como margens de rios, áreas alagadiças e 
encostas de morros. 
 
O crescimento desordenado muitas vezes ocorre em áreas carentes de 
infraestrutura básica, como água potável, saneamento, energia e transporte. A 
ausência desses serviços essenciais aumenta a vulnerabilidade das comunidades 
a riscos ambientais e desastres naturais, como inundações e deslizamentos de 
terra. Além disso, a impermeabilização do solo devido à urbanização intensiva pode 
aumentar o escoamento superficial das águas pluviais, exacerbando os problemas 
de inundação. 
Para lidar com o crescimento urbano desordenado em Luanda, é fundamental 
implementar políticas de planejamento urbano integrado, fortalecer a governança 
urbana, promover o desenvolvimento de infraestrutura adequada e garantir a 
participação ativa das comunidades locais no processo de tomada de decisões. 
Essas medidas são essenciais para promover um crescimento urbano mais 
sustentável, equitativo e resiliente no futuro. 
 
MELHORIA DA INFRAESTRUTURA DE DRENAGEM 
 
As inundações e alagamentos frequentes são desafios significativos enfrentados 
por Luanda durante os períodos de chuvas intensas, principalmente devido à falta 
de sistemas de drenagem adequados. Esses eventos não apenas causam danos 
materiais, mas também representam sérios riscos à saúde pública e ao bem-estar 
das comunidades urbanas. 
Muitas áreas de Luanda carecem de redes de drenagem eficazes ou têm sistemas 
subdimensionados que não conseguem lidar com o volume de água durante as 
chuvas intensas. 
Exemplo: os bairros periféricos de Luanda, como Cacuaco e Viana, frequentemente 
sofrem com inundações devido à falta de redes de drenagem adequadas. A 
expansão dessas redes nessas áreas poderia ajudar a mitigar esse problema. 
A expansão das redes de drenagem nessas áreas é crucial para mitigar os impactos 
das inundações. Isso envolve a construção de novos canais de escoamento, bueiros 
e galerias pluviais para capturar e direcionar as águas pluviais para fora dos bairros 
de forma segura. 
Essas medidas ajudariam a reduzir o tempo de permanência da água nas ruas e a 
minimizar os danos causados pelas inundações, melhorando assim a qualidade de 
vida dos residentes e promovendo um ambiente urbano mais seguro e saudável. 
A expansão das redes de drenagem deve ser integrada ao desenvolvimento urbano 
planejado dessas áreas. Isso significa que as novas infraestruturas de drenagem 
devem ser consideradas desde o estágio inicial de planejamento de novos 
empreendimentos imobiliários e de infraestrutura pública. 
Além disso, é importante garantir que as redes de drenagem sejam dimensionadas 
adequadamente para atender às demandas futuras, levando em conta o 
crescimento populacional e as mudanças climáticas. 
 
POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO 
 
A poluição e contaminação das águas pluviais em Luanda representam uma 
ameaça significativa para a saúde pública e o meio ambiente. Além dos problemas 
de enchentes já mencionados, a presença de poluentes e resíduos sólidos nas 
águas pluviais pode ter consequências graves. 
A presença de poluentes nas águas pluviais pode contaminar fontes de água 
potável, tornando-as inadequadas para consumo humano. Isso aumenta o risco de 
doenças transmitidas pela água, como cólera, diarreia, hepatite A e febre tifoide. A 
exposição a águas contaminadas durante enchentes pode causar problemas de 
saúde, incluindo irritações na pele, infeções respiratórias e doenças 
gastrointestinais. 
A poluição das águas pluviais pode afetar negativamente os ecossistemas 
aquáticos locais, causando morte de peixes, destruição de habitats naturais e 
diminuição da biodiversidade. 
Além disso, a contaminação das águas pluviais pode contribuir para a eutrofização 
de corpos d'água, levando ao crescimento excessivo de algas e diminuindo a 
qualidade da água. 
Existem várias áreas em Luanda que sofrem com a poluição das águas pluviais. Por 
exemplo, as margens do rio Kwanza, um importante recurso hídrico na região, 
frequentemente recebem uma carga significativa de resíduos sólidos e poluentes 
das áreas urbanas adjacentes. 
A contaminação do Rio Kwanza representa um sério risco para a saúde humana, 
especialmente para as comunidades que dependem diretamente do rio para suas 
necessidades básicas de água. A exposição a águas contaminadas pode resultar 
em uma série de problemas de saúde, incluindo doenças gastrointestinais, 
dermatológicas, respiratórias e infeciosas. 
Para abordar esse problema, é essencial implementar medidas de gestão das 
águas pluviais que visem a redução da poluição e contaminação. Isso pode incluir 
a instalação de dispositivos de filtragem e retenção de sedimentos nas redes de 
drenagem, a implementação de práticas de drenagem sustentável, como áreas de 
infiltração e jardins de chuva, e a conscientização pública sobre a importância da 
redução do uso de produtos químicos nocivos e do descarte adequado de resíduos 
sólidos. Além disso, é necessário um esforço conjunto entre o governo, as 
comunidades locais e outras partes interessadas para garantir a implementação 
eficaz dessas medidas e proteger a saúde pública e o meio ambiente em Luanda. 
 
CONSCIENTIZAÇÃO E EDUCAÇÃO 
 
A conscientização pública e a educação são elementos essenciais para promover 
a gestão adequada das águas pluviais em Luanda. Campanhas educativas podem 
desempenhar um papel fundamental na sensibilização da população sobre os 
desafios enfrentados devido à poluição e inundações, e na promoção de práticas 
sustentáveis para mitigar esses problemas. 
As campanhas educativas podem destacar a importância da redução de resíduos e 
da correta disposição de lixo. Isso inclui incentivar a separação de resíduos 
recicláveis, o descarte adequado de materiais perigosos e o uso de métodos 
sustentáveis de eliminação de resíduos, como a compostagem. As comunidades 
podem ser educadas sobre os impactos negativos da poluição nas águas pluviais e 
nos corpos de água locais, incentivando a população a assumir responsabilidade 
coletiva pela proteção do meio ambiente. 
As campanhas educativas também podem fornecer orientações sobre medidas 
práticas que os indivíduos e comunidades podem adotar para mitigar os efeitos das 
enchentes. Isso pode incluir a limpeza de ralos e sistemas de drenagem, a 
construção de sistemas de captação de água da chuva e a criação de áreas verdes 
permeáveis para absorver o excesso de água. 
As campanhas de conscientização e educação desempenham um papel crucial na 
promoção da gestão adequada das águas pluviais em Luanda. Ao capacitar a 
população com conhecimento e habilidades, é possível criar uma cultura de cuidado 
com o meio ambiente e colaboração comunitária que contribua para a redução da 
poluição e mitigação de enchentes na cidade. 
 
HABILITAÇÃO SUSTENTÁVEL 
 
Trata-se de construções que têm como objetivo contribuir para uma relação mais 
amigável com o meio ambiente, além de garantir o bem-estar de seus moradores. 
O seu projeto pode incluir formas de reaproveitar as águas das chuvas, energia 
solar, jardins verticais, bem como utilizar materiais que evitam desperdício. 
Implementando esse conceito no contexto das zonas urbanas de Luanda, a 
habilitação sustentável refere-se à construção de moradias que são socialmente 
inclusivas, economicamente acessíveis, ambientalmente responsáveis e 
culturalmente apropriadas. 
 
A promoção da habitação sustentável em zonas urbanas de Luanda pode 
desempenhar um papel fundamental na melhoria da saúde dos seus moradores. 
 
Habitação sustentável envolve a construção de moradias que atendam a padrões 
de segurança e saúde. Isso significa garantir que as casas tenham acesso a água 
potável, saneamento adequado e sistemas de drenagem eficazes, reduzindo assim 
o risco de doenças transmitidas pela água e infeções relacionadas à falta de 
saneamento. 
Conforto térmico e qualidade doar: os projetos de habitação sustentável podem 
incluir medidas para melhorar o conforto térmico das moradias, como isolamento 
adequado e ventilação natural. Além disso, estratégias de construção verde podem 
ajudar a melhorar a qualidade do ar interior, reduzindo a exposição a poluentes 
atmosféricos e alérgenos, o que é especialmente importante em uma cidade como 
Luanda, onde a poluição do ar é uma preocupação. 
 
Melhorar a qualidade do ar interior e reduzir a exposição a poluentes atmosféricos 
pode ajudar a diminuir o número de doenças respiratórias, como asma e bronquite, 
que são comuns em áreas urbanas poluídas como Luanda. 
 
Resumindo, pode-se dizer que a habilitação sustentável não apenas oferece 
moradias mais seguras, saudáveis e confortáveis, mas também pode ter um 
impacto positivo significativo na saúde física dos moradores das zonas 
urbanas de Luanda. 
GESTÃO DE RESÍDUOS E DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR 
RESÍDUOS 
 
A gestão de resíduos é um conjunto de metodologias ou processo relacionado ao 
acompanhamento na redução e eliminação final de resíduos, com a objetivo de gerir 
a produção dos mesmos, tendo em conta o equilíbrio, ou seja, uma relação 
ecológica saudável, por meio da destinação correta dos resíduos gerados pelo 
homem, que em determinados casos afetam ou influenciam negativamente o 
ambiente e a saúde humana. 
A gestão de resíduos inclui a recolha, transporte, tratamento e eliminação de 
resíduos, juntamente com a monitorização e regulamentação do processo de 
gestão de resíduos e leis, tecnologias e mecanismos económicos relacionados com 
os resíduos. É importante para a construção de cidades sustentáveis e habitáveis, 
pela saúde pública, ambiental, gestão de recursos planetários e estética, porém 
continua a ser um desafio para muitos países e cidades em desenvolvimento. 
 
TIPOS DE RESÍDUOS 
 
Existem diferentes tipos de resíduos, eles podem ser classificados qualitativamente 
quanto aos seus estados físicos, eles podem ser: sólidos, líquidos ou gasosos e 
cada tipo possui diferentes métodos de descarte e gerenciamento. Incluindo 
resíduos industriais, biológicos, domésticos, municipais, orgânicos, biomédicos e 
radioativos. 
 
HIERARQUIA DE RESÍDUOS 
 
A hierarquia de resíduos refere-se a três princípios reduzir, reutilizar e reciclar, é 
usada para classificar as estratégias de gestão de resíduos de acordo com sua 
conveniência em termos de minimização de resíduos. O objetivo da hierarquia de 
resíduos é extrair o máximo de benefícios práticos dos produtos e gerar a 
quantidade mínima de resíduos finais. 
 
 
 
Existem diferentes métodos de descarte de resíduos os mais comuns sendo: o 
aterro, a incineração e a reciclagem. 
O aterro sanitário, também conhecido como aterro, lixo, depósito de lixo, é um local 
para descarte de resíduos. O aterro é a forma mais antiga e comum de disposição 
de resíduos, sendo o enterramento sistemático dos resíduos. Sendo pouco 
recomendada pela grande probabilidade de poluição ambiental. A base do aterro 
sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de chorume acima de 
uma camada impermeável de polietileno de alta densidade (P.E.A.D.), sobre uma 
camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o 
solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. O chorume deve ser 
tratado e reinserido (reinserido ao aterro) causando assim uma menor poluição ao 
meio ambiente. 
 
Seu interior deve possuir um sistema de drenagem de gases que possibilite a coleta 
do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico (CO2) e vapor d’água, entre 
outros, é também formado pela decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser 
queimado ou beneficiado. Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou 
aproveitados para geração de energia. 
 
A incineração é um método de disposição no qual os resíduos orgânicos sólidos são 
submetidos à combustão para convertê-los em resíduos e produtos gasosos. Este 
método é útil para a eliminação tanto de resíduos sólidos urbanos como de resíduos 
sólidos provenientes do tratamento de águas residuais. A incineração de resíduos 
converte os resíduos em cinzas, gases de combustão e calor. As cinzas são 
formadas principalmente pelos constituintes inorgânicos dos resíduos e podem 
assumir a forma de pedaços sólidos ou partículas transportadas pelos gases de 
combustão. Os gases de combustão devem ser limpos de poluentes gasosos e 
particulados antes de serem dispersos na atmosfera. Em alguns casos, o calor 
gerado pela incineração pode ser utilizado para gerar energia elétrica. Ela tem 
benefícios particularmente fortes para o tratamento de certos tipos de resíduos em 
áreas específicas, como resíduos clínicos e certos resíduos perigosos, onde os 
agentes patogénicos e as toxinas podem ser destruídos por altas temperaturas. Os 
exemplos incluem fábricas de produtos químicos múltiplos com diversos fluxos de 
águas residuais tóxicas ou muito tóxicas, que não podem ser encaminhadas para 
uma estação de tratamento de águas residuais convencional. 
A reciclagem é uma prática de recuperação de recursos que se refere à coleta e 
reutilização de resíduos, como embalagens vazias de bebidas. Esse processo 
envolve a quebra e a reutilização de materiais que, de outra forma, seriam 
descartados como lixo. Este processo permite reduzir o consumo de matérias-
primas, de utilização de energia e a poluição do ar e da água, ao reduzir também a 
necessidade de tratamento convencional de lixo e a emissão de gases do efeito 
estufa. A reciclagem é um componente essencial da gestão de resíduos moderna e 
é o terceiro componente da hierarquia dos resíduos “reduzir, reutilizar e reciclar”. 
Entre os materiais recicláveis estão diversos tipos de vidro, papel, metal, plástico, 
tecido e componentes eletrónicos. A compostagem ou reutilização de detritos 
biodegradáveis, como lixo de cozinha ou de jardim, também é considerada 
reciclagem. Os materiais para serem reciclados são transportados para um centro 
de reciclagem ou recolhidos porta a porta e depois separados, limpos e 
reprocessados em novos materiais para produção industrial. 
 
Em sentido estrito, a reciclagem de um material produziria idêntico material em 
bruto; por exemplo, papel de escritório usado seria convertido em novo papel de 
escritório, ou espuma de poliestireno em novo poliestireno. No entanto, isto é 
geralmente complexo ou mais caro quando comparado com a produção de raiz do 
mesmo material, pelo que a reciclagem de muitos produtos ou materiais implica a 
sua reutilização na produção de materiais diferentes; por exemplo, o papel pode ser 
convertido em cartão. Outra forma de reciclagem é a separação e recolha de 
materiais a partir de produtos complexos, quer devido ao seu valor monetário (p.e. 
chumbo de baterias automóveis ou ouro de computadores), quer devido à sua 
natureza nociva (p.e. remoção de mercúrio de vários produtos). 
 
A reciclagem traz inúmeros benefícios e, com tantas novas tecnologias tornando 
ainda mais materiais recicláveis, é possível limpar a Terra. Os resultados da 
reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental como no econômico e social. 
 
No meio ambiente, tanto a reciclagem, como a reutilização podem reduzir a 
acumulação progressiva de resíduos, evitando a produção de novos materiais, 
como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores, com emissões de 
gases como metano e gás carbônico, consumo de energia, agressões ao solo, ar e 
água, entre outros tantos fatores negativos. 
 
 
 
 
Doenças transmissíveis por resíduos 
 
A má gestão dos resíduos pode agravar os problemas de âmbito patológico, os 
resíduos são potencialmente catalisadores de doenças, sendo assim necessário um 
controle especializado e medido. 
Uma das causas para o aumento de doenças infeciosas é a gestão inadequada de 
resíduos. Sangue, fluidos corporais e secreções corporaisque são constituintes de 
resíduos biomédicos abrigam a maioria dos vírus, bactérias e parasitas que causam 
infeções. 
Isto passa por uma série de contactos humanos, todos eles potenciais “receptores” 
da infeção. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) e os vírus da hepatite lideram 
uma extensa lista de infeções e doenças documentadas como tendo se espalhado 
através de resíduos biomédicos. Tuberculose, pneumonia, diarreia, tétano, tosse 
convulsa, etc. são outras doenças comuns transmitidas devido à gestão inadequada 
de resíduos. Práticas inadequadas, como o despejo de resíduos biomédicos em 
caixotes do lixo municipais, espaços abertos, corpos de água, etc., levam à 
propagação de doenças., doenças essas que se propagam a partir de outros 
agentes biológicos que usam das zonas de resíduos mal geridas como áreas para 
se alimentar, são eles os mais comuns: ratos, baratas, formigas e aves. 
 
A exposição a resíduos radioativos no fluxo de resíduos também pode causar sérios 
riscos à saúde. 
Uma área frequentemente ignorada é o aumento das atividades de cuidados de 
saúde no domicílio. O aumento do número de diabéticos que se injetam com 
insulina, de enfermeiras domiciliares que cuidam de pacientes terminais, etc., geram 
resíduos biomédicos, que podem causar riscos à saúde. 
 
Os resíduos plásticos podem sufocar os animais, que procuram lixões a céu aberto. 
Lesões por materiais cortantes são características comuns que afetam os animais. 
Produtos químicos nocivos, como dioxinas e furanos, podem causar sérios riscos à 
saúde de animais e Aves. Os metais pesados podem até afetar a saúde reprodutiva 
dos animais. Mudança na ecologia microbiana, disseminação da resistência aos 
antibióticos. 
 
A propagação das doenças por resíduos constitui um sério problema de saúde 
pública para prevenção, redução e eliminação deste problema, as melhores praticas 
de gestão de produtos residuais são sempre necessárias para um ambiente social 
saudável e acolhedor.

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