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O IMPACTO DA ENGENHARIA ECOLÓGICA PARA A DIMINUIÇÃO DS ENFERMIDADES NAS ZONAS URBANAS RUI SIMÃO MENDES INTRODUÇÃO A engenharia ecológica desempenha um papel crucial na promoção da saúde e bem-estar nas zonas urbanas, especialmente quando se trata da diminuição de enfermidades. Por meio do planejamento e implementação de soluções que integram os princípios da ecologia e sustentabilidade, a engenharia ecológica busca criar ambientes urbanos mais saudáveis, resilientes e harmoniosos para seus habitantes. Ao considerar a interação entre os seres humanos, os ecossistemas naturais e as infraestruturas urbanas, a engenharia ecológica pode contribuir significativamente para a redução de doenças e problemas de saúde nas áreas urbanas. DESIGN URBANO SUSTENTÁVEL O planejamento urbano é composto por uma série de soluções e estratégias que melhoram a vida das pessoas na cidade. Para que ele seja realmente efetivo, é interessante ter um olhar intersectorial e amplo, para que todos os habitantes do espaço tenham segurança, conforto e acessibilidade. O que é o planejamento urbano? Planejamento urbano é o conjunto de estratégias, serviços e programas realizados para melhorar a qualidade de vida dos habitantes de determinados espaços. Por meio do planejamento urbano, é possível criar iniciativas para melhorar ou revitalizar áreas urbanas de uma cidade, por exemplo, fazendo com que seus moradores tenham mais segurança, atividades de lazer, entre outros. O design urbano sustentável é uma abordagem que visa criar ambientes urbanos que sejam socialmente inclusivos, economicamente viáveis e ecologicamente saudáveis a longo prazo. Este conceito integra práticas de planejamento, arquitetura, paisagismo e infraestrutura para promover cidades mais resilientes, eficientes e agradáveis para seus habitantes. Ao considerar o impacto das decisões de design nas pessoas e no planeta, o design urbano sustentável busca equilibrar as necessidades presentes com a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades. Isso envolve a criação de espaços urbanos que promovam a saúde, a qualidade de vida, a equidade social e a conservação dos recursos naturais. Ao integrar princípios sustentáveis no planejamento e na construção das cidades, o design urbano sustentável oferece uma visão holística para o desenvolvimento urbano que busca benefícios duradouros para as comunidades e o meio ambiente. A importância do desenho urbano está associada à qualidade de vida urbana e como podem os seus diferentes espaços cumprir não só as necessidades dos seus utentes, como também, torná-los atractivos, singulares, confortáveis, acessíveis a todos incluindo os utentes com mobilidade condicionada e dificuldades de locomoção. Segundo Gil (2009), para garantir a qualidade dos espaços de circulação e espaços de permanência é necessário oferecer condições favoráveis e que estimulem a prática de actividades, sociais e recreativas, para que se possa caminhar e permanecer nesses mesmos espaços. Considera que todo o espaço envolvente tem uma função fundamental e necessária na qualidade dos diferentes espaços públicos e, é através do desenho urbano que se projecta cada espaço tendo em conta cada pormenor, criando estímulos na cidade e a sua continuidade. Na mesma linha de pensamento, Carr, et al., citado por Menezes (2008), refere que o sucesso dos espaços públicos está intimamente associado a tais atributos e que está intimamente ligado às dimensões humanas do espaço; sendo fundamental conhecer a relação entre as pessoas e os espaços, e a forma como esta relação afecta os quadros comportamentais, sendo tal relação tomada como interactiva e complexa. O design urbano sustentável abrange uma ampla gama de temas e práticas que visam criar ambientes urbanos mais equitativos, saudáveis e resilientes. Aqui estão alguns temas detalhados que são fundamentais para o design urbano sustentável: 1. Planejamento Integrado: - O planejamento integrado considera a interconexão entre diferentes aspectos do ambiente urbano, como uso da terra, transporte, habitação, infraestrutura e meio ambiente natural. Ao integrar esses elementos, o planejamento urbano pode promover comunidades mais coesas e sustentáveis. 2. Uso Eficiente de Recursos: - O design urbano sustentável prioriza o uso eficiente de recursos, incluindo energia, água e materiais de construção. Isso pode envolver a implementação de tecnologias verdes, práticas de conservação e a redução do desperdício em todas as fases do desenvolvimento urbano. 3. Mobilidade Sustentável: - A promoção de opções de transporte sustentáveis, como transporte público eficiente, ciclovias, calçadas acessíveis e planejamento de bairros que incentivem deslocamentos a pé, contribui para reduzir as emissões de carbono, melhorar a qualidade do ar e promover estilos de vida mais ativos. 4. Espaços Verdes e Biodiversidade Urbana: - A inclusão de espaços verdes em ambientes urbanos não apenas melhora a estética das cidades, mas também oferece benefícios ambientais significativos. Parques, jardins comunitários e áreas naturais ajudam a mitigar os efeitos das ilhas de calor urbanas, proporcionam habitat para a vida selvagem e oferecem oportunidades para recreação e conexão com a natureza. 5. Resiliência Climática: - O design urbano sustentável aborda os desafios das mudanças climáticas ao integrar estratégias de adaptação e mitigação em projetos urbanos. Isso pode incluir o planejamento de infraestrutura resistente a eventos climáticos extremos, o aumento da permeabilidade do solo para lidar com inundações e a promoção da eficiência energética em edifícios urbanos. 6. Inclusão Social e Equidade: - A equidade social é um componente essencial do design urbano sustentável. Isso envolve garantir o acesso equitativo a moradia acessível, serviços públicos, espaços públicos seguros e oportunidades econômicas para todos os residentes urbanos. INFRAESTRUTURA VERDE E QUALIDADE DO AR A infraestrutura verde é um conceito que envolve o planejamento e a implementação de espaços urbanos que integram elementos naturais, como áreas verdes, árvores, jardins e sistemas de drenagem sustentável, com o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental e melhorar a qualidade de vida nas cidades. Quando bem planejada e mantida, a infraestrutura verde pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade do ar nas áreas urbanas, por meio da absorção de poluentes atmosféricos, redução do calor urbano e aumento da biodiversidade. A combinação desses elementos pode resultar em benefícios concretos para a saúde pública e para o meio ambiente, tornando as cidades mais habitáveis e saudáveis para seus moradores. A vegetação aparece como um dos elementos principais na construção de um espaço público de qualidade. Sua importância reside em sua capacidade de tornar um local mais acolhedor visualmente e beneficiar o estado de saúde da população em diversas perspectivas ao reduzir os níveis de ansiedade, depressão e estresse, além de aumentar a atenção e a memória. Além disso, a vegetação transforma-se em uma plataforma para favorecer a interação e as atividades sociais que conformam o capital social. Uma área verde urbana ou parque urbano é um espaço urbano com predomínio de vegetação, concebido com diversos propósitos. Nesta categoria, enquadram-se os parques, jardins botânicos, jardins zoológicos, complexos recreativos e esportivos, hípicas e cemitérios-parques, dentre outros. A preservação da natureza e a aclimatação de sua área de domínio – com a melhoria na qualidade do ar – estão entre as prioridades destes ambientes, contribuindo para bem-estar da população local. A nova pesquisa divulgada recentemente sugereque quanto maior o contato com a natureza, menor a chance de se desenvolver transtornos mentais. Saúde mental é extremamente importante para todos, em qualquer lugar do mundo. Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 quase um bilhão de pessoas viviam com algum tipo de transtorno mental; desses, 14% eram adolescentes E já é senso comum que espaços verdes dentro de áreas urbanas são benéficos tanto para o meio ambiente quanto para a qualidade de vida dos moradores. Agora, um estudo recente publicado na revista International Journal of Environmental Research and Public Health sugere que pessoas que moram em áreas urbanas com mais espaços verdes, como parques, praças públicas e jardins, têm melhor saúde mental. De forma geral, o estudo mostrou que quanto maior a exposição a áreas verdes urbanas, menor é a necessidade de serviços de saúde mental, como consultas com psiquiatras e tratamentos para transtornos mentais. A infraestrutura verde desempenha um papel significativo na melhoria da qualidade do ar e na redução de doenças relacionadas à poluição atmosférica em zonas urbanas. Aqui estão alguns pontos sobre como a infraestrutura verde pode contribuir para esse objetivo: Absorção de Poluentes: as áreas com infraestrutura verde, como parques, jardins e florestas urbanas, têm a capacidade de absorver poluentes atmosféricos, como dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e material particulado, ajudando a melhorar a qualidade do ar ao redor dessas áreas. Produção de Oxigênio: as plantas e árvores presentes na infraestrutura verde realizam a fotossíntese, liberando oxigênio para a atmosfera e contribuindo para a melhoria da qualidade do ar e para a saúde respiratória da população urbana. Redução das Ilhas de Calor: a presença de vegetação em áreas urbanas ajuda a reduzir os efeitos das ilhas de calor, que são áreas com temperaturas mais elevadas causadas pela concentração de edifícios e pavimentação. A redução das ilhas de calor contribui para um ambiente mais confortável e saudável, especialmente durante períodos de calor intenso. Estímulo à Atividade Física: a presença de espaços verdes bem planejados incentiva a população a se engajar em atividades ao ar livre, como caminhadas e exercícios físicos, o que pode promover um estilo de vida mais saudável e reduzir o risco de doenças crônicas. Ao promover a implementação da infraestrutura verde nas áreas urbanas, é possível criar ambientes mais saudáveis, reduzir os impactos da poluição atmosférica e contribuir para a prevenção de doenças respiratórias e cardiovasculares associadas à má qualidade do ar, bem como para a redução do calor Urbano e o aumento da biodiversidade. MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL A mobilidade urbana sustentável refere-se a sistemas de transporte e planejamento urbano que promovem o deslocamento eficiente, seguro e acessível das pessoas dentro das cidades, ao mesmo tempo em que minimizam os impactos negativos no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Ela envolve a integração de diferentes modos de transporte, como transporte público, caminhadas, ciclismo e transporte compartilhado, além de práticas de planejamento urbano que priorizam o uso eficiente do espaço urbano e a redução das emissões de poluentes. Princípios-chave da mobilidade urbana sustentável incluem: Acessibilidade: Garantir que todos tenham acesso a opções de transporte seguro e eficiente, independentemente de sua renda, localização ou capacidade física. Segurança: Promover sistemas de transporte que minimizem o risco de acidentes e proporcionem segurança aos cidadãos, seja através de infraestrutura adequada para pedestres e ciclistas, limites de velocidade adequados ou sistemas de transporte público seguros. Uso eficiente do espaço urbano: Promover o uso inteligente do espaço urbano, priorizando o transporte público, pedestres e ciclistas, e incentivando o desenvolvimento de áreas urbanas compactas e de uso misto que reduzam a necessidade de deslocamento motorizado. Participação comunitária: Incluir os residentes locais e as partes interessadas no planejamento e tomada de decisões relacionadas à mobilidade urbana, garantindo que as soluções propostas atendam às necessidades e preocupações da comunidade. Inovação tecnológica: Utilizar tecnologias avançadas, como sistemas de transporte inteligente, aplicativos de transporte compartilhado e veículos autônomos, para melhorar a eficiência e a conveniência dos sistemas de transporte urbano. Promoção da saúde e bem-estar: Priorizar modos de transporte ativos, como caminhadas e ciclismo, que promovam a atividade física e contribuam para a melhoria da saúde e qualidade de vida das pessoas. Tendo estes pontos em conta, podemos chegar a conclusão de que: O aumento no número de veículos particulares em Luanda contribui significativamente para o congestionamento do tráfego. As vias muitas vezes são estreitas e mal conservadas, o que dificulta ainda mais o fluxo de veículos. O congestionamento resulta em longos tempos de viagem o que causa aumento do consumo de combustível e emissões de poluentes. A poluição do ar em Luanda tem sérias consequências para a saúde pública. Estudos mostram que altos níveis de poluição atmosférica estão associados a uma série de problemas de saúde, incluindo asma, bronquite, doenças cardíacas e até mesmo morte prematura. As crianças, idosos e pessoas com condições de saúde pré-existentes são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da poluição do ar. Para enfrentar esses desafios, é crucial que as zonas urbanas de Luanda implementem políticas e projetos que promovam uma mobilidade urbana mais sustentável. Isso pode incluir investimentos em transporte público de qualidade, expansão de infraestrutura para ciclovias e pedestres, incentivos para o uso de veículos elétricos e a promoção de práticas de planejamento urbano que reduzam a dependência de veículos motorizados. Ao fazer isso, a cidade pode melhorar a qualidade de vida de seus habitantes e reduzir os impactos negativos da poluição da mobilidade urbana. GESTÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS E PREVENÇÃO DE INUNDAÇÕES A gestão das águas pluviais em zonas urbanas de Luanda desempenha um papel crucial não apenas na diminuição de inundações e alagamentos, mas também na proteção da saúde pública e na redução das enfermidades relacionadas à água. Como uma das cidades mais populosas e em rápido crescimento de África, Luanda enfrenta desafios significativos em termos de infraestrutura inadequada, expansão urbana desordenada e mudanças climáticas, que aumentam a vulnerabilidade das comunidades a doenças transmitidas pela água. Nesta análise, exploraremos como a gestão eficaz das águas pluviais pode contribuir para a diminuição das enfermidades em Luanda, destacando medidas-chave, desafios enfrentados e soluções possíveis para promover um ambiente urbano mais saudável e resiliente. CRESCIMENTO URBANO DESORDENADO Luanda enfrenta um crescimento urbano desordenado, com um rápido aumento da população e expansão urbana sem planejamento adequado. Esse crescimento desordenado muitas vezes resulta na ocupação de áreas de risco, como margens de rios e encostas de morros, aumentando a vulnerabilidade a inundações e deslizamentos de terra durante eventos de chuva intensa. O crescimento urbano desordenado é um desafio significativo esse fenômeno ocorre quando a expansão da área urbana não é devidamente planejada ou controlada, levando a uma série de problemas sociais, econômicos e ambientais. A falta de planejamento urbano adequado é um problema crítico. Muitas vezes, as políticas e regulamentações urbanas são inadequadas, desatualizadas ou não são aplicadas de forma eficaz. Isso leva à ocupação irregular do solo, com construções informaissurgindo em áreas impróprias, como margens de rios, áreas alagadiças e encostas de morros. O crescimento desordenado muitas vezes ocorre em áreas carentes de infraestrutura básica, como água potável, saneamento, energia e transporte. A ausência desses serviços essenciais aumenta a vulnerabilidade das comunidades a riscos ambientais e desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra. Além disso, a impermeabilização do solo devido à urbanização intensiva pode aumentar o escoamento superficial das águas pluviais, exacerbando os problemas de inundação. Para lidar com o crescimento urbano desordenado em Luanda, é fundamental implementar políticas de planejamento urbano integrado, fortalecer a governança urbana, promover o desenvolvimento de infraestrutura adequada e garantir a participação ativa das comunidades locais no processo de tomada de decisões. Essas medidas são essenciais para promover um crescimento urbano mais sustentável, equitativo e resiliente no futuro. MELHORIA DA INFRAESTRUTURA DE DRENAGEM As inundações e alagamentos frequentes são desafios significativos enfrentados por Luanda durante os períodos de chuvas intensas, principalmente devido à falta de sistemas de drenagem adequados. Esses eventos não apenas causam danos materiais, mas também representam sérios riscos à saúde pública e ao bem-estar das comunidades urbanas. Muitas áreas de Luanda carecem de redes de drenagem eficazes ou têm sistemas subdimensionados que não conseguem lidar com o volume de água durante as chuvas intensas. Exemplo: os bairros periféricos de Luanda, como Cacuaco e Viana, frequentemente sofrem com inundações devido à falta de redes de drenagem adequadas. A expansão dessas redes nessas áreas poderia ajudar a mitigar esse problema. A expansão das redes de drenagem nessas áreas é crucial para mitigar os impactos das inundações. Isso envolve a construção de novos canais de escoamento, bueiros e galerias pluviais para capturar e direcionar as águas pluviais para fora dos bairros de forma segura. Essas medidas ajudariam a reduzir o tempo de permanência da água nas ruas e a minimizar os danos causados pelas inundações, melhorando assim a qualidade de vida dos residentes e promovendo um ambiente urbano mais seguro e saudável. A expansão das redes de drenagem deve ser integrada ao desenvolvimento urbano planejado dessas áreas. Isso significa que as novas infraestruturas de drenagem devem ser consideradas desde o estágio inicial de planejamento de novos empreendimentos imobiliários e de infraestrutura pública. Além disso, é importante garantir que as redes de drenagem sejam dimensionadas adequadamente para atender às demandas futuras, levando em conta o crescimento populacional e as mudanças climáticas. POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO A poluição e contaminação das águas pluviais em Luanda representam uma ameaça significativa para a saúde pública e o meio ambiente. Além dos problemas de enchentes já mencionados, a presença de poluentes e resíduos sólidos nas águas pluviais pode ter consequências graves. A presença de poluentes nas águas pluviais pode contaminar fontes de água potável, tornando-as inadequadas para consumo humano. Isso aumenta o risco de doenças transmitidas pela água, como cólera, diarreia, hepatite A e febre tifoide. A exposição a águas contaminadas durante enchentes pode causar problemas de saúde, incluindo irritações na pele, infeções respiratórias e doenças gastrointestinais. A poluição das águas pluviais pode afetar negativamente os ecossistemas aquáticos locais, causando morte de peixes, destruição de habitats naturais e diminuição da biodiversidade. Além disso, a contaminação das águas pluviais pode contribuir para a eutrofização de corpos d'água, levando ao crescimento excessivo de algas e diminuindo a qualidade da água. Existem várias áreas em Luanda que sofrem com a poluição das águas pluviais. Por exemplo, as margens do rio Kwanza, um importante recurso hídrico na região, frequentemente recebem uma carga significativa de resíduos sólidos e poluentes das áreas urbanas adjacentes. A contaminação do Rio Kwanza representa um sério risco para a saúde humana, especialmente para as comunidades que dependem diretamente do rio para suas necessidades básicas de água. A exposição a águas contaminadas pode resultar em uma série de problemas de saúde, incluindo doenças gastrointestinais, dermatológicas, respiratórias e infeciosas. Para abordar esse problema, é essencial implementar medidas de gestão das águas pluviais que visem a redução da poluição e contaminação. Isso pode incluir a instalação de dispositivos de filtragem e retenção de sedimentos nas redes de drenagem, a implementação de práticas de drenagem sustentável, como áreas de infiltração e jardins de chuva, e a conscientização pública sobre a importância da redução do uso de produtos químicos nocivos e do descarte adequado de resíduos sólidos. Além disso, é necessário um esforço conjunto entre o governo, as comunidades locais e outras partes interessadas para garantir a implementação eficaz dessas medidas e proteger a saúde pública e o meio ambiente em Luanda. CONSCIENTIZAÇÃO E EDUCAÇÃO A conscientização pública e a educação são elementos essenciais para promover a gestão adequada das águas pluviais em Luanda. Campanhas educativas podem desempenhar um papel fundamental na sensibilização da população sobre os desafios enfrentados devido à poluição e inundações, e na promoção de práticas sustentáveis para mitigar esses problemas. As campanhas educativas podem destacar a importância da redução de resíduos e da correta disposição de lixo. Isso inclui incentivar a separação de resíduos recicláveis, o descarte adequado de materiais perigosos e o uso de métodos sustentáveis de eliminação de resíduos, como a compostagem. As comunidades podem ser educadas sobre os impactos negativos da poluição nas águas pluviais e nos corpos de água locais, incentivando a população a assumir responsabilidade coletiva pela proteção do meio ambiente. As campanhas educativas também podem fornecer orientações sobre medidas práticas que os indivíduos e comunidades podem adotar para mitigar os efeitos das enchentes. Isso pode incluir a limpeza de ralos e sistemas de drenagem, a construção de sistemas de captação de água da chuva e a criação de áreas verdes permeáveis para absorver o excesso de água. As campanhas de conscientização e educação desempenham um papel crucial na promoção da gestão adequada das águas pluviais em Luanda. Ao capacitar a população com conhecimento e habilidades, é possível criar uma cultura de cuidado com o meio ambiente e colaboração comunitária que contribua para a redução da poluição e mitigação de enchentes na cidade. HABILITAÇÃO SUSTENTÁVEL Trata-se de construções que têm como objetivo contribuir para uma relação mais amigável com o meio ambiente, além de garantir o bem-estar de seus moradores. O seu projeto pode incluir formas de reaproveitar as águas das chuvas, energia solar, jardins verticais, bem como utilizar materiais que evitam desperdício. Implementando esse conceito no contexto das zonas urbanas de Luanda, a habilitação sustentável refere-se à construção de moradias que são socialmente inclusivas, economicamente acessíveis, ambientalmente responsáveis e culturalmente apropriadas. A promoção da habitação sustentável em zonas urbanas de Luanda pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da saúde dos seus moradores. Habitação sustentável envolve a construção de moradias que atendam a padrões de segurança e saúde. Isso significa garantir que as casas tenham acesso a água potável, saneamento adequado e sistemas de drenagem eficazes, reduzindo assim o risco de doenças transmitidas pela água e infeções relacionadas à falta de saneamento. Conforto térmico e qualidade doar: os projetos de habitação sustentável podem incluir medidas para melhorar o conforto térmico das moradias, como isolamento adequado e ventilação natural. Além disso, estratégias de construção verde podem ajudar a melhorar a qualidade do ar interior, reduzindo a exposição a poluentes atmosféricos e alérgenos, o que é especialmente importante em uma cidade como Luanda, onde a poluição do ar é uma preocupação. Melhorar a qualidade do ar interior e reduzir a exposição a poluentes atmosféricos pode ajudar a diminuir o número de doenças respiratórias, como asma e bronquite, que são comuns em áreas urbanas poluídas como Luanda. Resumindo, pode-se dizer que a habilitação sustentável não apenas oferece moradias mais seguras, saudáveis e confortáveis, mas também pode ter um impacto positivo significativo na saúde física dos moradores das zonas urbanas de Luanda. GESTÃO DE RESÍDUOS E DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR RESÍDUOS A gestão de resíduos é um conjunto de metodologias ou processo relacionado ao acompanhamento na redução e eliminação final de resíduos, com a objetivo de gerir a produção dos mesmos, tendo em conta o equilíbrio, ou seja, uma relação ecológica saudável, por meio da destinação correta dos resíduos gerados pelo homem, que em determinados casos afetam ou influenciam negativamente o ambiente e a saúde humana. A gestão de resíduos inclui a recolha, transporte, tratamento e eliminação de resíduos, juntamente com a monitorização e regulamentação do processo de gestão de resíduos e leis, tecnologias e mecanismos económicos relacionados com os resíduos. É importante para a construção de cidades sustentáveis e habitáveis, pela saúde pública, ambiental, gestão de recursos planetários e estética, porém continua a ser um desafio para muitos países e cidades em desenvolvimento. TIPOS DE RESÍDUOS Existem diferentes tipos de resíduos, eles podem ser classificados qualitativamente quanto aos seus estados físicos, eles podem ser: sólidos, líquidos ou gasosos e cada tipo possui diferentes métodos de descarte e gerenciamento. Incluindo resíduos industriais, biológicos, domésticos, municipais, orgânicos, biomédicos e radioativos. HIERARQUIA DE RESÍDUOS A hierarquia de resíduos refere-se a três princípios reduzir, reutilizar e reciclar, é usada para classificar as estratégias de gestão de resíduos de acordo com sua conveniência em termos de minimização de resíduos. O objetivo da hierarquia de resíduos é extrair o máximo de benefícios práticos dos produtos e gerar a quantidade mínima de resíduos finais. Existem diferentes métodos de descarte de resíduos os mais comuns sendo: o aterro, a incineração e a reciclagem. O aterro sanitário, também conhecido como aterro, lixo, depósito de lixo, é um local para descarte de resíduos. O aterro é a forma mais antiga e comum de disposição de resíduos, sendo o enterramento sistemático dos resíduos. Sendo pouco recomendada pela grande probabilidade de poluição ambiental. A base do aterro sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de chorume acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade (P.E.A.D.), sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. O chorume deve ser tratado e reinserido (reinserido ao aterro) causando assim uma menor poluição ao meio ambiente. Seu interior deve possuir um sistema de drenagem de gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico (CO2) e vapor d’água, entre outros, é também formado pela decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser queimado ou beneficiado. Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados para geração de energia. A incineração é um método de disposição no qual os resíduos orgânicos sólidos são submetidos à combustão para convertê-los em resíduos e produtos gasosos. Este método é útil para a eliminação tanto de resíduos sólidos urbanos como de resíduos sólidos provenientes do tratamento de águas residuais. A incineração de resíduos converte os resíduos em cinzas, gases de combustão e calor. As cinzas são formadas principalmente pelos constituintes inorgânicos dos resíduos e podem assumir a forma de pedaços sólidos ou partículas transportadas pelos gases de combustão. Os gases de combustão devem ser limpos de poluentes gasosos e particulados antes de serem dispersos na atmosfera. Em alguns casos, o calor gerado pela incineração pode ser utilizado para gerar energia elétrica. Ela tem benefícios particularmente fortes para o tratamento de certos tipos de resíduos em áreas específicas, como resíduos clínicos e certos resíduos perigosos, onde os agentes patogénicos e as toxinas podem ser destruídos por altas temperaturas. Os exemplos incluem fábricas de produtos químicos múltiplos com diversos fluxos de águas residuais tóxicas ou muito tóxicas, que não podem ser encaminhadas para uma estação de tratamento de águas residuais convencional. A reciclagem é uma prática de recuperação de recursos que se refere à coleta e reutilização de resíduos, como embalagens vazias de bebidas. Esse processo envolve a quebra e a reutilização de materiais que, de outra forma, seriam descartados como lixo. Este processo permite reduzir o consumo de matérias- primas, de utilização de energia e a poluição do ar e da água, ao reduzir também a necessidade de tratamento convencional de lixo e a emissão de gases do efeito estufa. A reciclagem é um componente essencial da gestão de resíduos moderna e é o terceiro componente da hierarquia dos resíduos “reduzir, reutilizar e reciclar”. Entre os materiais recicláveis estão diversos tipos de vidro, papel, metal, plástico, tecido e componentes eletrónicos. A compostagem ou reutilização de detritos biodegradáveis, como lixo de cozinha ou de jardim, também é considerada reciclagem. Os materiais para serem reciclados são transportados para um centro de reciclagem ou recolhidos porta a porta e depois separados, limpos e reprocessados em novos materiais para produção industrial. Em sentido estrito, a reciclagem de um material produziria idêntico material em bruto; por exemplo, papel de escritório usado seria convertido em novo papel de escritório, ou espuma de poliestireno em novo poliestireno. No entanto, isto é geralmente complexo ou mais caro quando comparado com a produção de raiz do mesmo material, pelo que a reciclagem de muitos produtos ou materiais implica a sua reutilização na produção de materiais diferentes; por exemplo, o papel pode ser convertido em cartão. Outra forma de reciclagem é a separação e recolha de materiais a partir de produtos complexos, quer devido ao seu valor monetário (p.e. chumbo de baterias automóveis ou ouro de computadores), quer devido à sua natureza nociva (p.e. remoção de mercúrio de vários produtos). A reciclagem traz inúmeros benefícios e, com tantas novas tecnologias tornando ainda mais materiais recicláveis, é possível limpar a Terra. Os resultados da reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental como no econômico e social. No meio ambiente, tanto a reciclagem, como a reutilização podem reduzir a acumulação progressiva de resíduos, evitando a produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores, com emissões de gases como metano e gás carbônico, consumo de energia, agressões ao solo, ar e água, entre outros tantos fatores negativos. Doenças transmissíveis por resíduos A má gestão dos resíduos pode agravar os problemas de âmbito patológico, os resíduos são potencialmente catalisadores de doenças, sendo assim necessário um controle especializado e medido. Uma das causas para o aumento de doenças infeciosas é a gestão inadequada de resíduos. Sangue, fluidos corporais e secreções corporaisque são constituintes de resíduos biomédicos abrigam a maioria dos vírus, bactérias e parasitas que causam infeções. Isto passa por uma série de contactos humanos, todos eles potenciais “receptores” da infeção. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) e os vírus da hepatite lideram uma extensa lista de infeções e doenças documentadas como tendo se espalhado através de resíduos biomédicos. Tuberculose, pneumonia, diarreia, tétano, tosse convulsa, etc. são outras doenças comuns transmitidas devido à gestão inadequada de resíduos. Práticas inadequadas, como o despejo de resíduos biomédicos em caixotes do lixo municipais, espaços abertos, corpos de água, etc., levam à propagação de doenças., doenças essas que se propagam a partir de outros agentes biológicos que usam das zonas de resíduos mal geridas como áreas para se alimentar, são eles os mais comuns: ratos, baratas, formigas e aves. A exposição a resíduos radioativos no fluxo de resíduos também pode causar sérios riscos à saúde. Uma área frequentemente ignorada é o aumento das atividades de cuidados de saúde no domicílio. O aumento do número de diabéticos que se injetam com insulina, de enfermeiras domiciliares que cuidam de pacientes terminais, etc., geram resíduos biomédicos, que podem causar riscos à saúde. Os resíduos plásticos podem sufocar os animais, que procuram lixões a céu aberto. Lesões por materiais cortantes são características comuns que afetam os animais. Produtos químicos nocivos, como dioxinas e furanos, podem causar sérios riscos à saúde de animais e Aves. Os metais pesados podem até afetar a saúde reprodutiva dos animais. Mudança na ecologia microbiana, disseminação da resistência aos antibióticos. A propagação das doenças por resíduos constitui um sério problema de saúde pública para prevenção, redução e eliminação deste problema, as melhores praticas de gestão de produtos residuais são sempre necessárias para um ambiente social saudável e acolhedor.
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