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Movimento Antimanicomial

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Movimento Antimanicomial
A saúde mental tem um campo vasto de estudos e possibilidades, uma vez que abarca nos seres humanos, enquanto seres sociais, aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais.
As doenças mentais se mostram como distúrbio de comportamento que foge à normalidade estabelecida por determinado grupo de pessoas, de acordo com cultura, sociedade e momento histórico e, por esse motivo, é tida como uma perspectiva sociológica. As obras de Michel Foucault apresentam uma tese geral de que. “[...] a loucura não é um fato da natureza”, mas da civilização [...].” (SANDER, 2010, p. 382).
Nesse sentido, a Teoria das Representações Sociais se mostra um importante instrumento de investigação do objeto deste trabalho, qual seja as representações sociais da loucura e suas implicações para o processo de implementação da Reforma Psiquiátrica no contexto brasileiro. ( PACHECO, 2009, p. 33).
É sabido que a sociedade relaciona as doenças psíquicas com a ideia de incapacidade, improdutividade e perturbação, o que geram estigmatização, desinteresse e exclusão do doente, resultando em uma degradação da carreira moral do indivíduo. (TAGLIARI, 2020, p. 20).
No que se refere ao exercício de direito, a LEI 10.216, de abril de 2001 (Lei de Saúde Mental) ou Lei Antimanicomial, fruto do movimento antimanicomial, trouxe uma nova perspectiva sobre a loucura, repudiando, como alternativas terapêuticas, as instituições totais e modificando o tratamento do doente mental. (TAGLIARI, 2020, p. 22).
A Lei Antimanicomial, favoreceu importantes mudanças na assistência psiquiátrica nacional, tornando a internação para tratamento corriqueira, geradora de declínio moral do indivíduo e fomentadora de preconceitos e estigmas, um procedimento terapêutico secundário, sendo este indicado apenas quando os recursos hospitalares forem insuficientes e vedando que a internação seja feita em instituições asilares. (TAGLIARI, 2020, p. 23).
No século XVIII, sob a liderança do francês Philippe Pinel, em um movimento denominado “Primeira Reforma Psiquiátrica”, a Psiquiatria consolidou-se como ciência médica dedicada à investigação e ao tratamento de desordens psíquicas. Com a “Segunda Reforma Psiquiátrica”, capitaneada por Emil Kraepelin, e com as enormes colaborações de outros psiquiatras como Eugen Bleuler e KarlLudwig Kahlbaum, a caracterização (nosologia) e a descrição sintomática dos transtornos mentais (nosografia), alcançaram elevados desenvolvimentos. Estes avanços tiveram relevância inestimável , posto que permitiram o tratamento de pessoas acometidas por distúrbios psíquicos , proporcionando-lhes vidas mais dignas e bem-vividas. (BREVIGLIERI, 2022, p. 90)
Contudo, a Psiquiatria Tradicional deu pouca ou nenhuma ênfase à origem do sintoma e desconsiderou, por completo, o seu sentido e a sua função. Coube a Freud e à Psicanálise a incumbência de examinar, em primeiro plano, antes da caracterização e da descrição da patologia, a origem, o sentido e a função dos sintomas.
Sendo assim, sem querer esgotar todo o conteúdo, pertinente à questão sub examine, espero que de uma forma sintética e objetiva, pude alcançar o escopo deste trabalho.

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