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294 Estudos Estratégicos Capital empreendedor 2. POLÍTICA INDUSTRIAL E POLÍTICA DE INVESTIMENTO Ao longo do século passado, o Brasil assistiu a diversas iniciativas para a formulação e implementação de políticas que buscavam o desenvolvimento e promoção da atividade econômica. De acordo com o momento político-econômico de cada época, tais políticas visavam de forma genérica, a substituição de importações, o desenvolvimento das indústrias de base e o apoio a setores que apresentassem dificuldades competitivas conjunturais ou estruturais. Desde o Plano SALTE, lançado em 1947 no governo Dutra, passando pelo Plano de Metas de Juscelino, até o I e II PND, implementados nos governos Médici e Geisel, respectivamente, a instrumentalização das políticas de desenvolvimento econômico e industrial se deu por meio de empreendimentos de grande porte, normalmente ala- vancados por financiamento de agências governamentais, incentivos tributários ou da participação direta do estado brasileiro como empreendedor ou acionista. O poder de formulação de políticas de desenvolvimento foi de grande importância para a obtenção de avanços em áreas prioritárias para o desenvolvimento do País, marcada- mente em setores como geração de energia, construção de estradas, indústria automo- bilística, petróleo e petroquímica e telecomunicações. A partir dos anos 80, o Brasil se defrontou com um ambiente interno marcado pela instabilidade monetária e pela deterioração da capacidade de investimento dos setores público e privado. No front externo o financiamento encareceu e se tornou escasso, especialmente para os países em desenvolvimento. Tal realidade restringiu enormemente a capacidade do País em sustentar a formulação e implementação de políticas de desenvolvimento. Os anos 90 foram marcados pela revisão patrimonial do Estado, que ocasionou a mi- gração do papel do estado brasileiro da condição de empreendedor e empresário para atividades mais voltadas à regulação da atividade econômica, por meio da criação e fortalecimento de agências reguladoras. Atingida a estabilidade monetária, abriu-se o espaço para a retomada da capacidade de formulação de políticas de desenvolvimento estruturadas, entre as quais se situa a política industrial. Observando as experiências de países que na história recente obtiveram ganhos significa- tivos em termos de desenvolvimento econômico (Japão, Coreia, Alemanha, Estados Uni- dos, etc.), pode-se notar um elevado nível de articulação entre governos e iniciativa pri- vada. Essa articulação se dá dentro de um processo de amadurecimento das instituições 295 e do compartilhamento de visões entre o meio empresarial e os governos, partindo do princípio de que “estamos todos no mesmo barco” (governos, famílias e empresas). Há exemplos emblemáticos em que alguns países se comportam como verdadeiras “holdings”, onde estado e iniciativa privada adotam ações intensamente integradas e coordenadas. Para citar um exemplo, analisando-se o funcionamento institucional de um país como Singapura, poderemos ficar na dúvida se se trata de um país ou de um conglomerado ou um condomínio de empresas, no qual governo e iniciativa privada cooperam para atingir objetivos claramente compartilhados. Em 2004, o Brasil lançou a primeira iniciativa claramente identificada como uma po- lítica industrial, denominada PITCE – Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior que, em 2008 passou a contar com um enfoque voltado ao desenvolvimento de setores e cadeias produtivas prioritárias. Essa nova configuração recebeu o nome de PDP – Política de Desenvolvimento Produtivo. Em 2011, já no governo Dilma Rousseff, a política industrial foi lançada com o nome de PBM – Plano Brasil Maior, com o lema “Inovar para competir. Competir para Crescer”. O PBM é estruturado em duas dimensões: A Dimensão Setorial, composta por dezeno- ve setores e/ou cadeias produtivas e a Dimensão Sistêmica, composta por nove temas de interesse da indústria como um todo. A operacionalização do Brasil Maior se dá em três níveis: articulação e formulação; gerenciamento e deliberação; e aconselhamento superior. Essa organização define o Sistema de Gestão e Governança do Plano, ilustrado na Figura 1:
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