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29/11/2021 12:25 Economia Política
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ECONOMIA POLÍTICA
CAPÍTULO 2 - COMO SE ENCONTRA A
ECONOMIA BRASILEIRA NO ATUAL
CONTEXTO INTERNACIONAL?
André Abdala
 
INICIAR
29/11/2021 12:25 Economia Política
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Introdução
Você sabia que, antes do Regime Militar, a economia brasileira passou por
importantes ganhos institucionais, a exemplo de estatais que assumiriam a
dianteira de um processo de desenvolvimento econômico? (ABREU, 2014). Além
disso, você sabia que a discussão entre a intervenção estatal no mercado versus o
liberalismo econômico teve, nos anos de 1940, um importante debate que até hoje
influi os seus valores nas decisões e opiniões sobre o planejamento econômico
brasileiro? E quanto a insuficiência da política pública no Brasil para unir o
progresso científico-tecnológico entre as instituições públicas e as privadas? Para
compreender todos esses questionamentos, veremos, neste capítulo, alguns
aspectos sobre a Escola Cepalina, que estuda o subdesenvolvimento latino-
americano, além de uma digressão histórica sobre os períodos marcantes da
história econômica brasileira, sem deixar de lado os fatos políticos que tanto
determinaram o processo econômico. Na sequência, continuaremos a estudar a
história econômica do Brasil, mas a partir do Golpe Militar até o fim do governo de
Dilma. Ao longo do capítulo, também aprenderemos sobre dois pensadores da
década de 1940 que continuam a exercer peso no debate do planejamento
econômico do Brasil, e veremos as diferenças entre o fomento à produção
científica e tecnológica no Brasil e no Estados Unidos. Vamos começar?
2.1  Conjuntura brasileira antiga e
contexto mundial
Você conhece a CEPAL? Trata-se de uma instituição que estuda o
subdesenvolvimento latino-americano. Sendo assim, as ideias dessa organização
influem nas decisões sobre o processo de desenvolvimento econômico brasileiro.
Ao longo do segundo governo de Vargas (1951-1954), estudos foram desenvolvidos
junto à CEPAL para modernizar a estrutura produtiva no Brasil. Em vista disso, o
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) aplicou o famoso Plano de Metas
para desenvolver a infraestrutura e a indústria brasileira, devido à enorme
dependência da exportação de produtos agrícolas, em especial, o café (ABREU,
2014).
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Assim, durante o processo de desenvolvimento da economia brasileira, houve a
preocupação em como modernizar a indústria. Veremos um pouco mais sobre o
assunto a partir de agora.
2.1.1 Desenvolvimento para fora e CEPAL
Em 1949, iniciara o Estudo Econômico da América Latina, que significou o
surgimento dos estudos de Economia Política da Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe (CEPAL) — entidade vinculada à ONU para compreender
e apresentar propostas ao desenvolvimento latino-americano (MELLO, 1986).
Conforme estudo de pensadores cepalinos, a exemplo de Mello (1986), dentro da
divisão internacional do trabalho, as economias nacionais periféricas ou
subdesenvolvidas produzem produtos de baixo valor. Consequentemente, essas
economias são dependentes da exportação de produtos primários (minérios e
agrícolas), e, por isso, possuem um desenvolvimento para fora, visto que as
etapas para os seus respectivos desenvolvimentos econômicos são moldadas pela
dinâmica externa. Isso quer dizer que, tendo em vista que as nações periféricas
exportam quase que exclusivamente produtos primários, as economias são
altamente dependentes da dinâmica da economia internacional.
Por outro lado, as economias centrais ou desenvolvidas têm um desenvolvimento
para dentro, posto que, apesar de interagirem com o mercado externo,
conseguem se dinamizar pelo investimento do capital industrial. Ou seja, os
investimentos da indústria de bens capitais (máquinas, siderurgia etc.) nucleiam
toda a economia, de modo a intensificar a dinâmica do mercado interno, além de
atender ao mercado externo (MELLO, 1986).
Contudo, a dinâmica da economia internacional está amparada em uma divisão
internacional da produção entre países, na qual os países desenvolvidos
produzem bens industrializados, enquanto que os países pobres produzem
produtos primários (agrícolas, carnes, etc.). Nessa divisão, há uma deterioração
nas relações de trocas internacionais, que tendem a aprofundar as desigualdades
entre os países centrais e periféricos, já que o preço dos produtos industrializados,
em relação ao preço dos produtos primários, aumenta.
Essa deterioração, por sua vez, restringe a quantidade de divisas (moeda
estrangeira, como o dólar estadunidense) em posse das economias periféricas,
uma vez que os gastos com importação crescem mais do que as remunerações das
exportações (PREBISCH, 1949).
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Como resultado, a escassez de divisas impede o Processo Substitutivo de
Importações (PSI), que é quando as economias periféricas adquirem maquinários
para determinadas produções manufatureiras ou fabris, a partir das divisas
obtidas nas vendas de produtos primários para o mercado estrangeiro (PREBISCH,
1949; TAVARES, 1982).
Visto algumas ideias centrais da escola cepalina, vamos ver como se desenvolveu a
economia brasileira. 
2.1.2 O café e o surgimento da produção industrial
A produção do café respondeu pela predominância da exportação brasileira a
partir do século XIX, quando todo o fluxo da renda do país dependia desse
produto. Assim, a renda, expressa nos salários e lucros, gerava demanda por
outras mercadorias. Por conta disso, o comércio gerou produções variadas, como
bebidas e roupas (MELLO, 1986; ABREU, 2014).
Figura 1 - O café, por ser um elemento dinamizador da economia brasileira, criou condições para o
surgimento da indústria. Fonte: Shutterstock, 2018.
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A partir de então, surgia uma elite política, que, por concentrar a produção do café
em suas posses, também predominava na política, moldando-a conforme o seu
interesse. Dessa forma, uma vez que a produção do café começava em São Paulo e
seguia para o Rio de Janeiro e Minas Gerais, a elite política nacional também se
concentrava nesses três Estados.
Considerando, então, que o Brasil era o principal produtor de café no mundo,
investimentos em infraestrutura foram realizados com suporte financeiro do
capital inglês, a exemplo das ferrovias, que escoavam os grãos. Mello (1986),
inclusive, classificou o período entre 1888 e 1933 como quando o capital industrial
brasileiro nasceu e se consolidou.
Além do fator dinamizador do café na economia nacional, a Crise de 1929 e a
Segunda Guerra Mundial também intensificaram o peso do Estado no
desenvolvimento industrial, tendo em vista que esses eventos criaram
estrangulamentos externos. Isto é, o fluxo comercial no mundo ficou menor e,
consequentemente, a possibilidade de importar para seguir o PSI também
arrefeceu. 
2.1.3 Industrialização restringida
De acordo com Mello (1986), podemos caracterizar o período entre 1933 e 1955
como o de industrialização restringida, pois, apesar de todo o capital produtivo já
desenvolvido, ele ainda era insuficiente para que se dinamizasse a indústria
nacional. Assim, durante esse intervalo temporal, o capital privado nacional ainda
dispunha das condições técnicas e financeiras insuficientes. Dessa forma, era
necessário que o Estado aportasse os recursos para o desenvolvimento da
indústria de base (petroquímica e siderurgia),cujos investimentos eram vultosos e
de longo prazo de maturação.
Com a Crise de 1929, acentuou-se os conflitos no Brasil, em especial nos setores
econômicos não ligados ao segmento cafeeiro, como os industriais e os
produtores de outros Estados, uma vez que eram afetados pela ação
governamental de desvalorizar o câmbio (quando a moeda nacional perde valor
perante à moeda estrangeira) para ajudar na exportação de café, encarecendo os
preços dos importados. Nesse caso, a indústria precisa importar ao investir.
Inclusive, setores urbanos e militares reclamavam que o encarecimento dos
importados elevava o custo de vida, já que muitos alimentos e utensílios eram
comprados do exterior (ABREU, 2014).
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Assim, toda uma comunhão de interesses contrários aos grupos dominantes levou
Getúlio Vargas ao poder, em 1930, derrubando, por meio de um golpe, o
Presidente Washington (LIRA NETO, 2012a). 
Durante o Governo Vargas, muitas empresas públicas foram criadas, com destaque
para a indústria de base, a exemplo da mineradora Vale do Rio Doce e a
Companhia Siderúrgica Nacional (ABREU, 2014).
Em 1951, Vargas retorna ao poder após governar de 1930 a 1945, só que, agora,
por meio das eleições. Durante o segundo governo de Vargas, foi criado o Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico (antigo BNDE, hoje conhecido como
BNDES), em 1952; e a Petrobrás e o Banco do Nordeste, em 1953.
Além disso, também fora criada, em 1951, sob o auxílio da CEPAL, a Comissão
Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU) para a elaboração de projetos de
infraestrutura, perante o suporte financeiro do Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e do Banco de Exportação e Importação
(EXIMBANK). Porém, em 1952, a CMBEU não vai adiante com a parceria pelo
interesse do governo estadunidense em concentrar recursos nas questões
políticas-econômicas da Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a União
Soviética disputavam a influência mundial (ABREU, 2014).
Getúlio permanece no poder até 1954. No mesmo ano, o presidente comete
suicídio em razão da pressão de uma crise política, devido à tentativa de
assassinato do opositor Carlos Lacerda, cujo tiro matou o major da aeronáutica,
Figura 2 - A chegada de Getúlio Vargas ao poder nacional envolveu uma aliança com diversos
segmentos econômicos, políticos e militares. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em LIRA NETO,
2012b.
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Rubens Vaz, em vez de Lacerda. Vargas não tinha conhecimento desse plano
criminoso. Com isso, um inquérito militar toma as investigações, no qual setores
militares e políticos exigem a sua destituição da presidência (LIRA NETO, 2012c).
O filme Getúlio, de  João Jardim, produzido em 2013, conta mais a fundo a história de Vargas. A obra
retrata os últimos dias de governo do presidente, em 1954. Com a obra, você poderá compreender
melhor a crise política que inviabilizou o governo e levou Vargas ao suicídio. Vale a pena assistir!
A partir de então, o vice-presidente, Café Filho, passa a governar o Brasil até a
chegada de Juscelino Kubitschek, que assume o poder em 1956, quando se inicia
a fase da industrialização intensiva (ABREU, 2014).
2.1.4 Industrialização intensiva e o Golpe Militar
De acordo com Mello (1986), o PSI apresenta duas fases: a primeira diz respeito a
industrialização extensiva, que corresponde desde o surgimento da indústria no
Brasil até o período da industrialização restringida; já a segunda fase é a
industrialização intensiva, a partir de 1956.
Na industrialização extensiva, a substituição de importações se faz pelos bens de
consumo não-duráveis e de baixo valor, como alimentos e calçados. Assim,
gradualmente, reduz-se o peso das importações desses produtos no mercado
interno.
A industrialização intensiva, por sua vez, começa a ganhar força com o governo de
Kubitschek, período em que se abre a economia para o investimento do capital
estrangeiro no setor produtivo, de modo amplo, diferentemente do que ocorreu
no Segundo Governo Vargas, quando ficou estabelecido como estratégia de
desenvolvimento o investimento estatal, juntamente com o capital estrangeiro.
Este, porém, em setores estratégicos, como a mineração e a siderurgia (MELLO,
1986).
VOCÊ QUER VER?
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No governo de Kubitschek, o capital estrangeiro passa a atuar em bens de
consumo duráveis, além da produção nos bens de capital em geral.
Conjuntamente, o Estado continuou a exercer maior peso nos investimentos em
infraestrutura, como rodovias e hidrelétricas (MELLO, 1986).
A abertura econômica desse período contou com a Lei de Similares Nacionais, que
limitou a entrada de produtos estrangeiros similares aos produzidos
internamente, a fim de garantir uma reserva de mercado como forma de estímulo
ao investidor estrangeiro. Como consequência, desenvolveu-se a indústria
(ABREU, 2014).
Além disso, o governo de Kubitschek se destacou pelo Plano de Metas, cujos
investimentos foram planejados em cinco grandes áreas, ultrapassando a
construção da nova capital federal (Brasília). Nesse modelo desenvolvimentista, o
governo trabalhou com uma política de crédito bastante expansiva, ante os
recursos do BNDE e do Banco do Brasil (ABREU, 2014).
Assim, as áreas compreendidas incluíam a indústria de base (aço, maquinaria
pesada etc.), a energia (petróleo, energia elétrica etc.), a alimentação (fertilizantes,
mecanização da agricultura etc.), o transporte (pavimentação de estradas, portos
etc.) e a educação.
Na energia e no transporte, o que predominou foram os recursos públicos; na
indústria de base, sobressaiu-se os recursos privados articulados com o capital
estrangeiro; enquanto que a educação e a alimentação tiveram apenas recursos
públicos. Salienta-se, contudo, que a educação ficou com a quantia mínima de
recursos.
VOCÊ SABIA?
A política desenvolvimentista no governo de Vargas e de Kubitschek teve forte
apoio das forças armadas, interessadas no reaparelhamento militar. No entanto, de
acordo com os militares, o capital estrangeiro não poderia interferir na segurança
dos recursos naturais brasileiros (BENEVIDES, 1979; ABREU, 2014).
Em 1961, Jânio Quadros assume a presidência do Brasil, mas fica somente oito
meses até a sua renúncia, sob à alegação de “forças ocultas”. Durante esse
período, houve uma tentativa de alinhamento com a União Soviética, fato
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marcado como Política Externa Independente (PEI), devido ao não alinhamento
automático com os Estados Unidos (ABREU, 2014).
No ano seguinte, já sob a presidência de João Goulart (vice de Quadros), o Ministro
Extraordinário para Assuntos do Desenvolvimento Econômico, Celso Furtado,
apresenta o Plano Trienal com o objetivo de conter a inflação por meio da
contenção do déficit público e do controle da expansão de crédito. Todavia, o
controle inflacionário não obteve êxito, tendo em vista que a expectativa de
interferência estatal na correção de preços defasados causou uma remarcação
forte no setor privado (ABREU, 2014). 
Celso Furtado foi um economista brasileiro, pensador cepalino e idealizador da Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), objetivando a redução das desigualdades regionais no
governo de Kubitschek. Ele também foi Ministro de Assuntos do Desenvolvimento Econômico no
governo de João Goulart (ABREU, 2014).
Como Goulart sofria uma desconfiança sobre o direcionamento das ações
socialistas, uma rebelião de sargentos da Marinha e da Aeronáuticafora atribuída
como uma fraqueza do presidente. Em determinação do governo, foi editado uma
instrução que previa compras obrigatórias de certos títulos públicos em posse de
investidores, sem pagamento de juros, ante o intuito de melhorar a situação fiscal.
Contudo, o setor privado contestou essa medida (ABREU, 2014).
Diante de um quadro de persistência inflacionária, o governo regulamentou
limites de remessas de lucros ao exterior, fato que marcou negativamente o
período com relação ao empresariado. E, para piorar, Goulart compareceu em um
comício organizado por grupos esquerdistas, assinando decretos de encampação
(tomada pelo Estado) de refinarias privadas e a desapropriação de terras
beneficiadas por investimento público (ABREU, 2014).
VOCÊ O CONHECE?
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Em resposta, as forças conservadoras organizaram manifestações, mobilizando a
classe média. Somado à circunstância de fraqueza governamental em reprimir
uma revolta dos marinheiros, em resistência à oficialidade, no dia 31 de março de
1964 uma rebelião militar — com o apoio dos empresários e da classe média, além
do respaldo e omissão, em vários casos, parlamentar — derrubou Goulart do
poder, colocando na presidência o Marechal Castelo Branco (ABREU, 2014).
Assim, iniciou-se a Ditadura Militar, que durou até 1985 (ABREU, 2014).
2.2  Conjuntura brasileira
contemporânea e contexto mundial
Agora que você já foi introduzido na história econômica do Brasil, estudaremos na
sequência os governos militares e a economia brasileira a partir de 1985, quando
há a abertura política e o fim da Ditadura Militar, bem como alguns aspectos
relacionados ao governo de Dilma.
Aliás, você sabia que durante os governos militares uma grande monta de
infraestrutura fora edificada? E que esses investimentos deixaram uma elevada
dívida pública externa? Por acaso, você já leu ou escutou sobre a crise inflacionária
dos Anos de 1980, que só foi superada com a adoção Plano Real, em 1994?
A partir de agora, analisaremos com mais detalhes os governos militares e o Brasil
a partir da abertura política, quando se inicia o processo para a estabilidade de
preços.
2.2.1 Governos militares
Entre 1964 e 1967, o governo brasileiro trabalhou com o Programa de Ação
Econômica do Governo (PAEG), que objetivava o crescimento econômico e o
controle de preços e de déficit público. Durante esse período, buscou-se fortalecer
o sistema bancário e diversificar a pauta exportadora, ainda muito dependente de
produtos primários. Sendo assim, o governo mirou na redução de desequilíbrios
entre setores produtivos e regiões brasileiras.
Além da meta de redução do déficit público para impedir a subida dos preços, o
governou também aplicou um controle de reajuste salarial, em que os salários
seriam ajustados anualmente pela média do salário mínimo real (eliminando os
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efeitos da inflação), acrescidos de metade da inflação esperada para o ano
seguinte.
Já o período entre 1967 e 1973, que começa com o Presidente Costa e Silva e
segue com o Presidente Médici, foi classificado como “milagre econômico”, pois a
economia crescia a taxas em torno de 10% ou mais.
Considerando, então, que o crescimento econômico implica em aumento nos
preços, nesse período, já não havia tanta preocupação com a inflação. Assim, o
desenvolvimento do mercado de crédito estimulou o consumo da classe média, e
o Sistema Nacional de Habitação se vinculou ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) no financiamento do Banco Nacional de Habitação, o que,
consequentemente, permitiu o crescimento da construção civil.
Além disso, o estímulo à exportação e a ocupação da capacidade ociosa pela
indústria também ajudaram com o alto crescimento econômico no período.
Durante o “milagre econômico”, o governo estimulou a concentração do setor
bancário, de maneira que se formasse uma estrutura oligopolista, ocasionando
uma redução nos custos de operação bancárias, já que os bancos teriam ganhos
com economia de escala. Essa economia acontece quando o aumento do retorno
produtivo é maior do que o aumento nos custos (ABREU, 2014).
Entre os fatos marcantes do notório crescimento no “milagre econômico”, cita-se o
I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que objetivou a redução das
desigualdades regionais por meio de investimentos em infraestrutura, a exemplo
da rodovia Transamazônica. Também foram criadas estatais, como a Telebrás e a
Eletrobrás, que ficaram encarregadas de obter financiamentos externos,
causando, posteriormente, uma crise da dívida externa (ABREU, 2014).
Mais tarde, entre 1974 e 1980, o governo de Geisel aplica o II PND, que mira na
substituição de importação de bens de capital via subsídios e diversificação da
matriz energética, como a construção de hidrelétricas (ABREU, 2014).
Com relação ao crescimento econômico do II PND, houve uma piora acentuada na
dívida externa. Assim, ao tentar controlar o passivo externo, o governo de
Figueiredo, entre 1979 e 1985, sofreu com um aumento das taxas de juros nos
refinanciamentos, principalmente devido a menor liquidez mundial (menor fluxo
monetário no mundo).
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A menor liquidez ocorreu porque a economia internacional ressentiu o choque do
petróleo praticado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP),
que reduziu a oferta do produto para elevar os preços (ABREU, 2014).
Já em 1985, o governo de Sarney marca o início da abertura política. Tancredo
Neves foi eleito presidente pelo Congresso Nacional por meio das eleições
indiretas (as eleições diretas são realizadas pelo povo), mas falece devido a um
adoecimento. Assim, o então seu vice assume o poder. 
2.2.2 Abertura política e econômica
O principal fato marcante no governo de Sarney foi a busca para a superação da
inflação. Portanto, tentou-se diversos planos econômicos para conter os preços,
como o congelamento praticado no Plano Cruzado, em 1986. Entretanto, nenhum
deles obteve sucesso em segurar o quadro hiperinflacionário (elevação acelerada
e persistente da inflação), o que só veio a ser conquistado com a introdução do
Plano Real, em 1994, durante o Governo de Itamar Franco (1992-1994).
Figura 3 - O Real simboliza a superação da alta inflação e a estabilidade de preços. Desde a sua
introdução, a economia brasileira não sofre com a hiperinflação. Fonte: Catarina Belova,
Shutterstock, 2018.
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Com o governo de Fernando Collor, em 1990, iniciou-se uma reorganização da
administração pública federal, das privatizações e da abertura comercial, as quais
foram seguidas no governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1995. Porém, o
descontentamento popular pela prática do congelamento das poupanças para
aliviar o consumo e, com isso, a inflação, que, aliás, falhou, criou condições para o
seu impeachment, sob acusações de corrupção (ABREU, 2014).
Já em 2003, o governo de Lula ficou caracterizado por um período de crescimento
econômico, geração de empregos, além de inflação e dívida pública (% PIB)
controlada. Não obstante, em 2005, o governo sofre a Crise do Mensalão, em que
diversos parlamentares foram acusados de receber propina para votar a favor do
então presidente (ABREU, 2014).
Durante o governo de Lula, a economia internacional gozava de um cenário
favorável, em que as commodities (produtos primários negociados no mercado
internacional) estavam com os preços valorizados, aliadas ao forte fluxo de capital,
substanciando, assim,o acúmulo de reservas de moeda estrangeira e o
crescimento do país. Além disso, vale destacar que, quando entra muita divisa, a
moeda nacional se fortalece perante a estrangeira, como o dólar e o euro. Dessa
forma, com a valorização na taxa de câmbio, os importados ficam menos custosos
e há menor pressão altista nos preços domésticos.
Por fim, após a saída de Lula e a entrada de Dilma Rousseff, o governo passou por
dificuldades com o controle inflacionário, tendo em vista que sofreu declínio de
credibilidade junto ao mercado; e também com o controle do déficit público,
devido à queda da arrecadação com redução da atividade econômica ensejada
pela Crise do Subprime. 
O artigo “Impedindo Dilma”, escrito por Fernando Limongi, apresenta alguns fatos que determinaram a
decisão final do impeachment da Presidente Dilma Rousseff, diferentemente daqueles que
oficialmente são justificados, no qual é apresentado algumas razões que levaram certos políticos a se
indisporem com o governo. Leia o texto completo no link: <http://novosestudos.uol.com.br/wp-
VOCÊ QUER LER?
http://novosestudos.uol.com.br/wp-content/uploads/2017/06/IMPEDINDO-DILMA-Fernando-Limongi.pdf
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content/uploads/2017/06/IMPEDINDO-DILMA-Fernando-Limongi.pdf
(http://novosestudos.uol.com.br/wp-content/uploads/2017/06/IMPEDINDO-DILMA-Fernando-
Limongi.pdf)>.  
Diante de acentuada queda de popularidade e falta de apoio do Congresso
Nacional, a presidente sofreu impeachment, sob a acusação do crime de
responsabilidade fiscal, devido à prática das “pedaladas fiscais”. Isso significa que
houve retardamento de repasses aos bancos federais, referentes a subsídios e
benefícios socais, bem como a utilização de crédito suplementar para o Plano
Safra, sem a autorização do Congresso, por meio de decreto.
Assim como no governo de Lula, o governo de Dilma estimula o papel do BNDES
no desenvolvimento econômico, liberando crédito à indústria. Na política externa,
busca-se a ampliação das trocas comerciais no Mercosul e o acordo de abertura
comercial entre a União Europeia. 
2.3  Economia política e planejamento
econômico
A década de 1940 encarou um relevante debate entre dois pensadores: Roberto
Simonsen e Eugenio Gudin, em relação ao planejamento econômico brasileiro,
que transparece até hoje toda uma influência de valores e estudos da economia
política no Brasil.
Aliás, você conhece Roberto Simonsen? Ele foi um defensor da intervenção do
Estado na economia, como forma de suprir os vácuos ou lacunas mal preenchidas
pelo setor privado.
Mas e quanto a Eugenio Gudin? Ele, por sua vez, foi opositor das ideias de
Simonsen, colocando fundamentos das deficiências da intervenção estatal no
mercado.
A partir de agora, estudaremos o planejamento econômico e a economia política,
com enfoque para como o Estado pode atuar, visando o desenvolvimento de uma
economia. 
2.3.1 Pensamento de Simonsen
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O industrial Roberto Simonsen, em 1944, apresenta um artigo ao Conselho
Nacional de Política Industrial e Comercial chamado “A planificação da economia
brasileira”. No documento, ele justifica a necessidade da intervenção estatal na
economia no estágio em que se encontrara o desenvolvimento da economia
nacional (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
Em sua explanação, o industrial detalha a avaliação da economia brasileira feita
por uma missão técnica estadunidense, em 1942, em que observa que o
desenvolvimento industrial brasileiro estava atrasado e necessitava de importação
de recursos produtivos essenciais, como o petróleo (TEIXEIRA; MARINGONI;
GENTIL, 2010).
A missão ainda propôs a criação de bancos industriais destinados ao
financiamento da infraestrutura e das estruturas produtivas, além da promoção de
assistência técnica (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
Em 1952, foi criado o BNDE e, no ano seguinte, o Banco do Nordeste. Ambos para
financiar o desenvolvimento da produção nacional. Aliás, até hoje, podemos
observar industriais pressionarem por mais liberações de crédito no BNDES, uma
vez que a taxa de juros do mercado para financiamento de longo prazo é mais
elevada (ABREU, 2014).
Após a apresentação do artigo, Simonsen também fez uma breve análise da
economia brasileira, na qual apontou que, no período vigente da Segunda Guerra
Mundial, a economia do país obteve um considerável progresso. Entretanto, ainda
faltavam indústrias fundamentais para o desenvolvimento da produção nacional,
além do déficit de infraestrutura, carência de progresso técnico na produção e
mão de obra qualificada, fatores que obstam o progresso industrial (TEIXEIRA;
MARINGONI; GENTIL, 2010).
Como consequência, Simonsen conclui a necessidade da intervenção
governamental na economia para proporcionar o progresso econômico, tal como
ocorrera na Rússia e nos Estados Unidos (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
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Com tudo isso, o industrial ainda ponderou que o Estado deveria planejar o
desenvolvimento das indústrias-chaves para o progresso produtivo nacional, sob
a criação de bancos industriais para o investimento produtivo. Além disso,
também deveria haver investimento técnico-científico, como a criação de
institutos de pesquisa tecnológica, industrial e agrícola, bem como educação
profissionalizante.
Simonsen também menciona que o grau de intervencionismo deveria ser
discutido entre as entidades de classe, de modo a não impedir a dinâmica do setor
privado. Assim, é possível proporcionar, ao mesmo, o aparelhamento do país. Para
o industrial, enquanto a economia se desenvolve, o capital produtivo deve ser
protegido contra a concorrência estrangeira (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
Contudo, Simonsen não foi o único a deixar registros sobre a economia. Gudin
também teve seu papel na história, o qual veremos na sequência.
2.3.2 Pensamento de Gudin
Figura 4 - Simonsen considerava a intervenção estatal um meio de alocação de recursos produtivos
para o desenvolvimento da estrutura produtiva nacional. Fonte: Andrey_Popov, Shutterstock, 2018.
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Eugenio Gudin, Ministro da Fazendo durante o governo de Café Filho, vai contra as
afirmações de Simonsen, enxergando o plano de intervenção do governo na
economia como a solução de todos os problemas econômicos (TEIXEIRA;
MARINGONI; GENTIL, 2010).
Gudin reverbera a doutrina do livre-comércio de Adam Smith ao apontar que ela é
a negação da interferência estatal, partindo do princípio de que a riqueza da nação
representa o total das riquezas dos indivíduos, guiados pelo interesse próprio e
com liberdade de alocar seus recursos como bem entendem.
De acordo o pensador, até 1914, a economia liberal conduziu muito bem a
humanidade, aumentando o bem-estar social e o padrão de vida das pessoas. No
entanto, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, os alicerces da estrutura
liberal foram abalados, uma vez que desorganizaram ou destruíram os sistemas
econômicos dos países (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
Para Gudin, os interessados na planificação são os socialistas, que querem a
eliminação da propriedade privada; a burocracia, interessada na concentração de
poder; e certos empresários, que miram no plano de intervenção do governo na
economia um excelente meio de eliminação da concorrência e consolidação das
posições garantidas, sob a tutela estatal (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL,2010).
Inclusive, Gudin afirmava que o único argumento favorável à proteção
governamental contra a concorrência estrangeira é a indústria nascente. Assim, à
medida que essa indústria for se desenvolvendo, retira-se aos poucos a proteção
para que a concorrência estimule a inovação.
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Ainda conforme o pensador, a ideia de que um país industrializado é rico,
enquanto que um país de produção primária é pobre, vai contra suas crenças. Ele
considerava que, quando se dispõe de conhecimentos técnicos, um país se
desenvolve com ganhos de produtividade. Portanto, uma nação de riquezas
naturais pode obter vantagens no comércio exterior ao investir na produtividade
agrícola. Assim, se o governo continuar a proteger a indústria com tarifas
alfandegárias, manterá o país na pobreza.
Gudin também defendia que a cooperação estatal com a iniciativa privada deveria
se dar por meio de medidas administrativas e legislativas — como o monopólio —,
aos cartéis e outras formas que inibam a concorrência, pois é a livre concorrência
que promove o progresso econômico. 
CASO
Figura 5 - Gudin defendia que a concorrência deve ser estimulada, pois é indispensável ao incentivo à
inovação e ao progresso econômico de uma nação. Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2018.
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Os defensores da intervenção governamental são favoráveis aos
financiamentos do BNDES em razão, justamente, da condição de
subdesenvolvimento na economia brasileira. Já os que são contrários a
essa ideia consideram o BNDES um canal de elevação das contas públicas.
Temos o exemplo da JBS, que, durante os governos de Dilma e Lula,
obteve seus créditos aprovados no BNDES. Como resultado, a empresa se
tornou a maior produtora de carne bovina do mundo, investindo na
compra da concorrente estadunidense Swi�, entre outras empresas do
segmento de carnes.
Em meio a essa discussão, você pode decidir o que é mais favorável para a
sua empresa: o maior gasto do governo, via BNDES, que pode gerar
aumento dos impostos e da taxa de juros; ou optar por financiamentos do
BNDES para gerar mais renda na economia. 
Esses tipos de afirmações levaram Simonsen a caracterizar Gudin como um
“partidário convicto da agricultura” (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
A convergência entre Gudin e Simonsen está no incentivo ao investimento público
em centros ou institutos de pesquisa técnico-científico. Quanto ao crédito, Gudin
recomenda que ele seja expandido na recessão econômica e reduzido no
crescimento, assim como as obras públicas podem ser estimuladas na recessão e
inibidas no crescimento (TEIXEIRA; MARINGONI; GENTIL, 2010).
Visto as diferenças entre o pensamento favorável ao livre comércio e o adepto da
interferência governamental, analisaremos, agora, como as políticas públicas
promovem a ciência e a tecnologia.
2.4  Políticas públicas de incentivo à
inovação tecnológica
Você sabia que o Brasil não permite que instituições privadas operem instituições
públicas-científicas? Aliás, você já tinha ouvido falar na relação entre Estado e
setor privado para realizar pesquisas tecnológicas? E quanto as razões do atraso
em ciência e tecnologia no Brasil?
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Para responder esses questionamentos, a partir de agora, você estudará as
políticas em ciência e tecnologia no Brasil e nos Estados Unidos, o que ternará
perceptível a relevância tanto do Estado quando do ente privado no progresso
tecnológico.
Também iremos estudar o Modelo de Solow, que é um modelo tradicional para
avaliar o crescimento econômico; e veremos com mais detalhes alguns aspectos
referentes ao progresso tecnológico.
2.4.1 Modelo de Solow e progresso tecnológico
De acordo com o Modelo de Solow, o crescimento econômico está em função do
nível de capital e mão de obra. Sendo assim, a acumulação de capital determina o
nível de investimento e, consequentemente, o nível do produto.
Então, quando o nível de poupança cresce, o nível de capital (K) se eleva e, por
consequência, sobe o investimento e o produto (Y). Dessa forma, ao aumentar o
capital por trabalhador (K/N), o produto por trabalhador (Y/N) cresce.
O Modelo de Solow poder ser ampliado ao avaliar que a infraestrutura, a educação
e o progresso tecnológico afetam positivamente o crescimento.
Se o governo é perdulário, sobra menos poupança pública para investir em
infraestrutura, assim como em educação e tecnologia. Com isso, o investimento
em educação, dito capital humano, eleva o produto por trabalhador (Y/N)
(DORNBUSCH; FISHER, 1991). 
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Quanto à tecnologia, por reduzir o número de trabalhador na produção, eleva-se o
capital por produto (K/N). Isso significa que o progresso tecnológico aumenta a
produtividade. Aliás, mesmo com a tecnologia estando associada à perda de
emprego, a experiência em muitos países mostra o oposto (BLANCHARD, 2007).
2.4.2 Incentivo à tecnologia no Brasil e nos Estados Unidos
A criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), em 1951, marcaram um princípio das ações governamentais voltadas às
Figura 6 - O progresso tecnológico eleva o nível do crescimento econômico em longo prazo, pois
torna maior a produtividade. Fonte: Shutterstock, 2018.
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políticas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no Brasil (CAVALCANTE, 2009).
Mais tarde, no final da década de 1960, o Governo Federal criou a Financiadora de
Estudos e Projetos (FINEP), que privilegiou a pesquisa científica e se voltou para o
financiamento da implantação de cursos de pós-graduação.
Já a partir da década de 1970, o governou passou a produzir os Planos Básico de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT) para articular metas e ações de
CT&I junto aos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND).
Na década de 1980, devido ao foco do governo no combate à hiperinflação, as
políticas de CT&I foram deixadas de lado.
O processo de abertura comercial — que levou a exposição das empresas
brasileiras à concorrência estrangeira — fez com que o governo desse relevo ao
fomento à inovação como mecanismo de competitividade, em vez de subsidiar a
indústria. Assim, as análises setoriais passaram a observar ações para ganhos de
competitividade em uma dimensão sistêmica, que envolve o setor privado e o
público. Contudo, a insuficiência de gastos públicos e privados é um problema
para essa articulação.
De maneira gradual, as ações voltadas a incentivar a pesquisa e o
desenvolvimento (P&D) no setor privado e de articulação deste com as instituições
de Ensino Superior só acontecem no início da década de 1990. Entretanto, esses
instrumentos se tornaram pouco efetivos, em razão das restrições fiscais
(CAVALCANTE, 2009).
Em 1999, passou a haver uma preocupação em criar fundos setoriais, a fim de ter a
CT&I em um formato sistêmico de cooperação entre o governo e o setor privado,
envolvendo o incentivo empresarial e um novo padrão de financiamento. Com
isso, em 2004, foi criada a Lei da Inovação, e, no ano seguinte, a Lei do Bem para
incentivos fiscais à inovação (CAVALCANTE, 2009).
Dessa forma, houve um crescimento do envolvimento privado em P&D, em virtude
da maior concorrência externa; além da introdução de políticaspúblicas de
fomento à inovação. Todavia, comparações internacionais demonstram que os
gastos em P&D são feitos em sua maioria pelo setor público.
Além disso, a elevada participação do Ministério da Educação e Cultura (MEC) nos
gastos em P&D aponta um favorecimento da pesquisa científica. Os critérios de
avaliação de desempenho da CNPQ tendem a privilegiar a pesquisa científica em
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relação ao depósito de patentes (pesquisa tecnológica). Isso evidencia a
fragilidade do caráter sistêmico da CT&I no Brasil, pesando na persistência do
modelo linear de inovação.
O modelo linear, adotado no mundo a partir da década de 1940, compreende que
a inovação deve seguir etapas, começando pela pesquisa básica e aplicada,
passando pela pesquisa experimental, até chegar na atividade econômica
(CAVALCANTE, 2009).
Em 1990, a participação brasileira no total de artigos em periódicos internacionais
era de 0,6%. Já em 2007, ela passa para 2,5%. Enquanto isso, a participação no
total de concessões de patentes é de 0,1%, em 2004 (CAVALCANTE, 2009).
O artigo “Revoluções tecnológicas, finanças internacionais e estratégias de desenvolvimento: um
Approach Neo-Schumpeteriano”, de Marcelo Arend, traz uma análise do subdesenvolvimento
econômico brasileiro, no qual a economia não se inseriu na última revolução tecnológica
(Microeletrônica), iniciada na década de 1970. Isso resultou na ampliação da fronteira tecnológica
entre o Brasil e os países desenvolvidos. Leia o artigo em:
<https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/2393
(https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/2393)>.
Já nos Estados Unidos, houve um forte crescimento do investimento
governamental em pesquisa, entre o final de 1950 e início da década de 1970, no
contexto da Guerra Fria, o qual ocasionou elevados investimentos em P&D
voltados para a indústria bélica.
Assim, em 2013, os Estados Unidos investiram por volta de 2,8% do PIB em P&D,
sendo que, desse total, 0,8% foram investimentos públicos, nos quais a metade
foram para a Defesa (NEGRI; SQUEFF, 2014).
VOCÊ QUER LER?
https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/2393
29/11/2021 12:25 Economia Política
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VOCÊ SABIA?
Que o crescimento chinês é resultado da ação estatal? A política chinesa para
ciência e tecnologia tem uma ótica sistêmica. Assim, na década de 1980, a Lenovo
foi criada pela legislação, permitindo que universidades e institutos possuíssem
empresas de alta tecnologia. Para se aprofundar no assunto, você pode acessar o
link:
<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3928/1/BEPI_n13_politicas.pdf
(http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3928/1/BEPI_n13_politicas.pdf)>.
De acordo com Negri e Squeff (2014), os Estados Unidos apresentam uma
variedade de instituições executoras dos recursos de P&D, as quais incluem: 
institutos de pesquisa e laboratórios federais vinculados aos Departamentos
de Estado (conhecido como Ministérios no Brasil), como laboratórios ligados
à NASA;
laboratórios federais operados privadamente por empresas, universidades,
instituições sem fins lucrativos ou consórcio dessas instituições, como a
Embrapa e a Fiocruz;
concessão de subvenções para pessoas e empresas;
acordos de cooperação;
contratos de P&D, nos quais o governo contrata o desenvolvimento
tecnológico de produtos e serviços, sendo que essa contratação é
claramente prevista na legislação de compras públicas dos Estados Unidos,
atividade que é menos desenvolvida no Brasil. 
Quadro 1 - Podemos comparar as políticas brasileira e estadunidense, assim, vemos o desempenho
dos Estados Unidos sendo superior em ciência e tecnologia. Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em
CAVALCANTE, 2009 e NEGRI; SQUEFF, 2014.
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http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3928/1/BEPI_n13_politicas.pdf
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Vale destacar, ainda, que os Departamentos de Estado têm como missão principal
desenvolver a ciência e a tecnologia em suas áreas ao alocar os recursos. Isso
porque a ciência e a tecnologia são meios para alcançar os objetivos de cada
missão institucional.
Menos de 5% do investimento público em P&D é realizado por uma agência
governamental voltada para o fomento científico. Além disso, conforme menciona
Negri e Squeff (2014), a maior dos recursos de P&D são voltados para o
desenvolvimento e engenharia (pesquisa tecnológica).
Síntese
Concluímos a unidade relativa à posição da economia brasileira no atual contexto
mundial. Agora, você já conhece as fases da economia brasileira, os diferentes
fundamentos do planejamento econômico, os fatores que afetam o
desenvolvimento da economia, entre outros pontos relevantes.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
entender que as economias periféricas têm desenvolvimento para fora;
compreender a produção industrial brasileira, que nasce graças à renda do
café na economia;
analisar o ano de 1956, quando se inicia a fase da industrialização intensiva;
absorver quanto ao decênio de 1980, que é célebre pela alta inflação,
superada pelo Plano Real;
assimilar que Gudin defende o liberalismo, enquanto que Simonsen defende
a intervenção governamental;
perceber que o modelo sistêmico de inovação oportuniza o progresso
tecnológico.
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