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O ciclo do ouro e a mineração de níquel

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O ciclo do ouro e a mineração de níquel 
08/01/07 
A análise da história e do mercado mostra que a expressiva riqueza 
produzida em um período de três décadas no século 18 não foi capaz 
de transferir benefícios a outros setores locais e regionaisLuiz 
Fernando Magalhães * –>A reflexão quanto ao alcance, em diferentes 
épocas, dos resultados oriundos da exploração e produção de dois 
expressivos recursos minerais existentes no território goiano, o ouro e 
o níquel, tem-se como objetivos destacar o papel e a 
responsabilidade da sociedade (setores público e privado) em tornar 
a geração de riquezas advindas de um recurso natural não renovável, 
promotora efetiva da qualidade de vida e de um desenvolvimento 
sustentável e perene. Estamos falando de duas épocas da história e 
do desenvolvimento de Goiás. O Ciclo do Ouro, que ocorreu no século 
18, e o atual momento de enorme demanda e crescimento pelo qual 
passa a mineração mundial. Tendência essa que alcança, de 
maneira ímpar, o estado de Goiás, onde investimentos públicos e 
privados em pesquisa mineral, expansão e implantação de novas 
minas, desde 2002, atingem cifras superiores a R$ 6 bilhões, com 
destaque para o níquel e o cobre. A análise da história e do contexto 
da realidade política, social,econômica e de mercado à época do 
ciclo do ouro em Goiás, mostra-nos que a expressiva riqueza 
produzida em um período de três décadas no século 18 não foi capaz 
de transferir ganhos e benefícios líquidos a outros setores produtivos 
locais e regionais. Como conseqüência não se promoveu novas 
fontes de geração de riqueza em condições de garantir a 
consolidação e a perenidade do desenvolvimento no território goiano. 
Praticamente toda a região produtora de ouro naquele período, à 
exceção da cidade de Goiás, viveu até a marcha para o Oeste e a 
construção de Brasília, na metade do século 20, um prolongado 
período de abandono e decadência econômica e social. Atualmente, 
Goiás desponta como primeiro produtor e detentor das maiores 
reservas de níquel do País, localizadas nas regiões de 
Niquelândia/Barro Alto e no Oeste Goiano (Iporá, Jussara, Santa Fé e 
Montes Claros). Assim, o anúncio público feito recentemente da 
aplicação de investimentos privados de mais de R$ 3 bilhões na 
expansão e implantação de projetos de extração, beneficiamento e 
metalurgia de níquel na região de Niquelândia e Barro Alto, 
apresenta-se para a região e o estado como um novo e expressivo 
ciclo de geração de riqueza, a partir da exploração de um bem 
mineral. No entanto, a expectativa da geração dessa riqueza na 
região não pode, em suas projeções, deixar de considerar que o 
recurso mineral é um bem finito e não renovável, portanto, com um 
ciclo de duração ? no caso do Projeto Níquel em Niquelândia/Barro 
Alto, entre duas e três décadas, considerando somente a quantidade 
de minério existente. Essa realidade impõe àquela região e ao estado 
de Goiás, através de seus domínios público e privado, 
empreendedores locais e regionais, a necessidade de avaliar e 
participar dos resultados, oportunidades e conseqüências advindas 
da atividade de mineração instalada, cuja capacidade multiplicadora 
produzirá necessariamente impactos e transformações 
determinantes na sua economia, estrutura social e sutentabilidade 
ambiental. Nesse contexto, a mineração de níquel, diferentemente do 
ciclo do ouro, deverá ser, portanto, indutora da formação e 
consolidação de um diferenciado pólo de desenvolvimento regional, 
onde competências e vantagens competitivas construídas e 
adquiridas sejam capazes de viabilizar e ampliar empreendimentos 
locais e regionais não só ligados à cadeia produtiva de base mineral, 
como de outras vocações naturais da região e do estado, garantindo 
perenidade e sustentabilidade do desenvolvimento local. Tais 
expectativas e garantias, no entanto, só serão efetivas se houver o 
compromisso e a mobilização dos agentes locais e regionais, públicos 
e privados, para o aproveitamento das amplas oportunidades que 
surgirão da atividade de mineração em Barro Alto/Niquelândia, 
direcionando-as na diversificação de novas fontes de geração de 
riquezas. –> –> –> 
* – Luiz Fernando Magalhães é geólogo, mestre em Geologia 
Econômica pelo Instituto de Geologia da UnB e superintendente de 
Geologia e Mineração da Secretaria de Indústria e Comércio do 
Estado de Goiás 
Correio Braziliense

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