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Bacteriologia Clínica

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Bacteriologia 
Clínica
Cocos patogênicos gram-positivos 
de interesse clínico
Prof.ª Ma. Giovanna Vaz Crippa
Contextualização
Nessa aula vamos aprender os conceitos sobre 
bacteriologia clínica:
Cocos gram-positivos de interesse clínico:
 Staphylococcus
 Streptococcus
 Enterococcus
Diagnóstico de doenças bacterianas
Vamos estudar?
Shutterstock: 696758020
Situação Problema
 Foi solicitado um raio-x de tórax. Após analisar a
radiografia de pulmão e ausculta pulmonar o médico
diagnosticou uma pneumonia.
Marta, 70 anos, sem nenhum problema grave de saúde apenas diabetes 
controlada. Certo dia ao regar as plantas no seu quintal escorregou e não 
conseguiu levantar sendo atendida pelo SAMU e conduzida até o hospital. 
Foi constatado que a paciente havia fraturado o fêmur e ficou internada para 
realizar cirurgia. Passados 2 dias da cirurgia Marta começou a apresentar 
febre alta, tosse seca, dificuldade em respirar e tosse seca. 
Situação Problema
O que é pneumonia?
Disponível em: bit.ly/3Y9naVY
Qual é o possível microrganismo causador dessa infecção?
Como pode ser realizado o diagnóstico microbiológico desse 
processo infeccioso? 
Cocos gram-positivos: 
Staphylococcus
Staphylococcus
• Cocos gram-positivos aglomerados
• Anaeróbio facultativo e oportunista
• Membro da microbiota normal, porém, uma das bactérias
patogênicas mais importantes
• Infecções estafilocócicas:
 Superficiais: pele e tecido subcutâneo
 Profundas: bacteremias que se originam nos focos de
infecções superificiais
 Lesão típica: formação de abcesso
Disponível em: bit.ly/3wBfkJf
Staphylococcus aureus
Infecções superficiais:
 Abcessos cutâneos e infecções de feridas.
 Cutâneas e subcutâneas: impetigo, foliculite, furúnculo,
terçol.
 Principal bactéria causadora de infecções de feridas
cirúrgicas.
TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. Porto Alegre: Grupo A, 2017. 
Staphylococcus aureus
Infecções sistêmicas
Bacteremias • Comum em pacientes internados;
• Pode dar origem a outros tipos de
infecções;
• Pode evoluir para sepse;
Endocardites • Infecção do revestimento interno do
coração;
• Disseminação a partir de outra
infecção;
Pneumonia • Pode ocorrer pela aspiração da
secreção oral ou pela disseminação
através da corrente sanguínea;
Osteomelite • Inflamação do osso causada por
infecção (geralmente nas pernas,
braços e coluna).
Staphylococcus aureus
Quadros tóxicos:
• Intoxicação alimentar: ingestão do alimento
contaminado.
• Síndrome do choque tóxico: normalmente
associada ao uso de absorventes internos.
• Síndrome da pele escaldada: reação a uma
infecção cutânea por estafilococos.
TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. Porto Alegre: Grupo A, 2017. 
Staphylococcus epidermidis
• Constituinte da microbiota normal;
• Causam infecções em indivíduos expostos a fatores de
risco;
• Ambientes hospitalares  uso de cateteres e
implantes plásticos ou metálicos;
• Forma biofilme;
• Bacteremias/septicemias, endocardite, meningites,
peritonites, endoftalmite, osteomelites, artrites e
infecções do trato urinário.
Não possuem conjunto de enzimas e toxinas  Infecções 
subagudas ou até crônicas 
Disponível em: bit.ly/3Hz9Qoq
Staphylococcus saprophyticus
 Presente na microbiota normal
 ITU principalmente em mulheres jovens sexualmente 
ativas (2ª maior causa);
 Cistites assintomáticas;
 Colonização de ureteres até chegar aos rins;
 Sintomas: disúria, polaciúria, dor pélvica.
Disponível em: bit.ly/3jddlYj
Cocos gram-positivos:
Streptococcus
Streptococcus
• Cocos gram positivos em cadeias longas ou curtas
• Constituintes da microbiota normal
• Catalase -, anaeróbias facultativas/estritas
• Fermentação de glicose → ácido lático
• Responsáveis por causar várias doenças nos homens e
animais
• Classificados em: ß-hemolítico, ɑ-hemolítico e γ ou
não hemolítico.
• Classificação de Lancefield: divisão em grupos de
acordo com a especificidade sorológica do carboidrato
C.
Disponível em: bit.ly/3Hf4Sfg
Streptococcus
Estreptococos dos grupos C e G
 Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus equi
 Causam infecções graves como bacteremias, endocardites,
meningites, artrites sépticas, infecções respiratórias e
cutâneas.
Estreptococos do grupo D
 Complexo Streptococcus bovis/Streptococcus equinus
 Possui semelhança com os enterococos, principalmente no
TGI
 Importante responsável pela endocardite.
Streptococcus
Grupo Viridans
 Streptococcus mutans, S. salivarius, S. sanguinis, S. mitis,
S. anginosus
 Características menos definidas e padronizadas.
 Não são ß-hemolíticos, não possuem antígenos do grupo
B ou D, não são solúveis em bile, nem sensíveis à
optoquina.
 Constituintes da microbiota normal do TRS.
 Podem causar abcessos dentários e endocardites.
Streptococcus
Streptococcus agalactiae – Grupo B
 ß-hemolítico, colonizador comum da vagina
 Causador frequente da meningite neonatal
 Em mulheres sadias não provoca doenças porém em
gestantes pode trazer complicações ao bebê durante o parto.
 Diagnóstico: coleta de material com um ou mais swabs de
múltiplos locais do terço distal da vagina e da área do
períneo.
 Meio líquido seletivo: Caldo Todd-Hewitt.
 Profilaxia: administração parenteral da antibióticos durante o
parto (penicilina ou ampicilina), tendo início do tratamento
antes do parto.
Disponível em: bit.ly/3kSt5k8
Streptococcus Streptococcus agalactiae – Grupo B
 É capaz de penetrar na cavidade amniótica através da placenta íntegra e
causar infecções grave no feto;
 Infecção ocorre nas primeiras 24 hrs até o 7º dia de vida;
 Pneumonia, meningite e septicemia.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.tim.2017.05.013
Streptococcus
Streptococcus pneumoniae – pneumococo
 Se dispõem em pares ou cadeias curtas.
 Anaeróbios facultativos, catalase (-)
 Encontrados com frequência no TRS.
 Transmissão pessoa a pessoa via área através de:
gotículas de saliva eliminadas durante tosse/espirro
 Pneumonia, meningite, bacteremia, otite média e
sinusite.
MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock. Porto Alegre: Grupo A, 2016. 
Streptococcus
Streptococcus pyogenes – Grupo A
 ß-hemolítico
 Anaeróbios facultativos, catalase (-)
 Alto poder de adaptação ao organismo
humano.
 Principal causador da faringite bacteriana.
 Transmissão: contato direto ou secreções.
 Pode ocasionar: escarlatina, choque tóxico,
bacteremias, febre reumática, piodermites,
erisipela, fascite necrosante.
MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock. Porto Alegre: Grupo A, 2016. 
Infecção Bacteriana
Situação Problema
 Foi solicitado um raio-x de tórax. Após analisar a
radiografia de pulmão e ausculta pulmonar o médico
diagnosticou uma pneumonia.
Marta, 70 anos, sem nenhum problema grave de saúde apenas diabetes 
controlada. Certo dia ao regar as plantas no seu quintal escorregou e não 
conseguiu levantar sendo atendida pelo SAMU e conduzida até o hospital. 
Foi constatado que a paciente havia fraturado o fêmur e ficou internada para 
realizar cirurgia. Passados 2 dias da cirurgia Marta começou a apresentar 
febre alta, tosse seca, dificuldade em respirar e tosse seca. 
Situação Problema
O que é pneumonia?
Disponível em: bit.ly/3Y9naVY
Qual é o possível microrganismo causador dessa infecção?
Como pode ser realizado o diagnóstico microbiológico desse 
processo infeccioso? 
O que é pneumonia?
Infecção pulmonar normalmente provocada
pela penetração de um agente infeccioso ou
irritante (bactéria, vírus, fungos e reações
alérgicas) no espaço alveolar.
Gotículas contaminadas na 
superfície epitelial respiratória > 
defesa mucociliar fracassada
Pneumococos se espalham por 
todo o trato respiratório inferior 
> evadem da defesa imune
Pneumococos se multiplicam no 
pulmão e desencadeiam resposta 
inflamatória intensa
Região afetada do pulmão fica 
consolidada > interrompe a troca 
normal de gases
Disponível em: bit.ly/3HF6hx1
Streptococcuspneumoniae
• Cocos gram (+) em pares ou cadeia
• Comumente encontrada na mucosa da naso e orofaringe
• Transmissão pessoa a pessoa via área através de: gotículas de saliva
eliminadas durante tosse/espirro
Qual é o possível microrganismo causador dessa infecção?
Como pode ser realizado o diagnóstico microbiológico desse 
processo infeccioso? 
 Cultura de ágar sangue: presença de alfa hemólise
 Catalase (-)
 Sensibilidade à optoquina (halo > 14mm)
 Solúvel em bile
Diagnóstico de 
doenças 
estafilocócicas e 
estreptocócicas
Diagnóstico de doenças estafilocócicas
Diagnóstico laboratorial → análise de amostras
 Tipo de infecção
 Qualidade do material submetido à análise
Em secreções purulentas podem ser observados 
arranjos em forma de cachos de uva ou isolados. 
o Bacterioscopia: coloração de Gram
o Isolamento e identificação do 
microrganismo
Diagnóstico de doenças estafilocócicas
Isolamento: meios de cultura comum (ágar sangue) →
formação de colônias grandes frequentemente ß-
hemolíticas.
Meio seletivo-diferencial: ágar Manitol-Salgado
S. aureus: testes de detecção de fator clumping e testes
de coagulase.
S. epidermidis: em meio de cultura apresenta colônias não
pigmentadas ou esbranquiçadas não hemolíticas.
β – hemólise
Diferenciação entre os gêneros de CGP
Prova da Catalase
MADIGAN, Michael T.; et al. Microbiologia de Brock. Porto Alegre: Grupo A, 2016. 
Diferenciação entre as espécies de Staphylococcus
Espécie Coagulase DNase
S. aureus + +
S. epidermidis - -
S. saprophyticus - -
S. haemolyticus - -
Disponível em: bit.ly/3Y2hihg
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK562897/figure/F3/
Identificação 
de CGP
Diagnóstico de 
doenças 
estreptocócicas
Estreptococos: cocos gram (+), catalase 
(-), anaeróbios facultativos/estritos. 
Estreptococos: cocos gram (+), catalase 
(-), anaeróbios facultativos/estritos. 
Disponível em: http://bit.ly/3Re1GVY
Diagnóstico de doenças estreptocócicas
Diagnóstico de doenças estreptocócicas
NaCl (6,5%)
Positivo
Disponível em: http://bit.ly/3jeTdFn
https://binged.it/3lsYQ1u
Diagnóstico de doenças estreptocócicas
Sorológicos e Imunológicos
[↑] ASLO (antiestreptolisina) → infecções estreptocócicas
do grupo A
[↑] anti-DNAse B → infecções estreptocócicas do tipo A
cutâneas
Identificação de pneumococos: reação em cadeia da
polimerase (PCR) e pesquisa de antígenos capsulares em
liquor e sangue
Cocos gram-positivos: 
gênero Enterococcus
Enterococos
• Cocos gram-positivos em cadeias ou pares, catalase (-),
anaeróbios facultativos.
• Constituintes da microbiota endógena do trato
gastrointestinal
• Patógenos oportunistas – causa comum de cistites e
infecções nosocomiais
• Por muito tempo, foram considerados uma das categorias
dos estreptococos do grupo D.
 Principais bactérias relacionadas à resistência bacteriana
aos antibióticos e principais agentes de infecções
hospitalares.
Espécies mais 
frequentes 
associadas à 
manifestações 
clínicas: E. faecalis e 
E. faecium
Enterococcus faecalis
 Espécie mais frequente do gênero
 Um dos maiores responsáveis pela infecção hospitalar
 Adquiriu resistência à maior parte dos antimicrobianos →
vancomicina (VRE)
 Capacidade de crescer em condições variadas de
temperatura e pH, presença de [↑] NaCl e bile.
 Membro da microbiota normal do TGI, mas pode ser
encontrado na mucosa oral, vagina e pele.
 Trato urinário, feridas cirúrgicas, corrente sanguínea são os
locais mais infectados.
 Endocardite enterocócica > insuficiência cardíaca.
Disponível em: bit.ly/3wDTJzL
Diagnóstico de doenças enterocociais
Cocos gram (+) aos pares ou cadeias, catalase (-), 
anaeróbios facultativos. 
Cocos gram (+) aos pares ou cadeias, catalase (-), 
anaeróbios facultativos. 
Diagnóstico: isolamento e identificação da amostra
 Cultivados em meios de cultura comuns
 Teste de hidrólise da esculina na presença de bile
(+)
 Teste de hidrólise da pirrolidonil-ß-naftilamida (PYR)
(+)
 Teste da leucina-ß-naftilamida (LAP) (+)
 Crescem em meios com altas concentrações de
cloreto de sódio (NaCl a 6,5%)
Disponível em: bit.ly/3kTUhid
Prova de Bile-esculina
Strep. pyogenes
(-)
Bile esculina +Disponível em: https://binged.it/3lsYQ1u
https://bit.ly/3ilRhaP
• Hidrólise da esculina em presença de bile por determinadas bactérias.
• Escurecimento do meio indica positividade da prova.
Hidrólise da 
esculina
Glicose e 
esculetina
Esculetina + íons 
férricos > 
completo de cor 
preta
Enterococcus sp. (+)
Streptococcus bovis (+)
Demais Streptococcus sp. (-)
Teste da PYR e Teste de LAP
PYR: qualitativo > determina a capacidade dos
estreptococos para hidrolisarem enzimaticamente a L-
pirrolidonil-ß-naftilamida (PYR)
• 98% dos estreptococos do grupo A (+)
• 96% dos enterococos (+)
LAP (leucina aminopeptidase): usado para caracterizar
cocos catalase (-) e bactérias gram (+)
• Streptococcus pneumoniae e pyogens (+)
• Enterococcus (+)
PYR (Pyrrolidonyl-
aminopeptidase) +
Disponível em: https://binged.it/3lsYQ1u
https://bit.ly/3ilRhaP
Recapitulando... 
Staphylococcus:
Cocos gram (+), 
aglomerados, 
anaeróbio facultativo. 
Membro da microbiota
normal, porém uma das
bactérias patogênicas
mais importantes.
S. aureus
S. epidermidis
S. saprophyticus
Streptococcus:
Cocos gram (+), 
cadeias longas ou 
curtas, anaeróbio 
facultativo/estrito, 
catalase (-).
Constituinte da
microbiota normal.
Responsável por várias 
doenças.
S. agalactiae
S. pneumoniae
S. pyogenes
Enterococcus:
Cocos gram (+), 
cadeias ou pares, 
catalase (-), anaeróbio 
facultativo.
Constituinte da
microbiota do TGI.
Patógenos 
oportunistas.
E. faecalis
E. faecium
Diagnóstico:
Isolamento e
identificação
Diagnóstico:
Isolamento e
identificação
Shutterstock: 1709574721

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