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PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DE CARREIRA CAPÍTULO 3 – COMO SE DESENVOLVEM LÍDERES E GESTORES PARA O PROCESSO DE SUCESSÃO, DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS E GESTÃO DE CARREIRA DA EQUIPE? Caroline Bastos Capaverde INICIAR Introdução As empresas modernas necessitam de mais líderes do que os que estão disponíveis no mercado de trabalho. Muitas destas empresas, inclusive, buscam talentos gerenciais no mercado, em decorrência da dificuldade encontrada para desenvolver, internamente, gestores e líderes, principalmente em competências 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 1/27 comportamentais. Comumente, nas grandes empresas, os líderes “da casa” têm dificuldade para assumir as novas exigências do cargo e abandonar as tarefas anteriores, nas quais se sentem mais seguros e à vontade para a realização. Para entender as dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento desses profissionais, vamos estudar o pipeline (em inglês, dutos, caminho que leva a) da liderança, considerando, em seis diferentes fases, as competências atinentes a cada uma delas, a organização de tempo, o desenvolvimento de novas habilidades funcionais e a atualização de valores profissionais. Com isso, podemos nos questionar: qual o papel de cada ator (organização, líder e colaborador), no que se refere à gestão de carreiras? De que forma se estrutura um sistema de gestão de carreiras? Quais as contribuições desse sistema para as políticas de gestão de pessoas na organização? De que forma os líderes e gestores devem se desenvolver para dar o suporte necessário à sua equipe nos diferentes degraus da trajetória de carreira? Vamos estudar esse conteúdo a partir de agora, acompanhe! 3.1 Desenvolvimento de líderes e gestores O desenvolvimento de líderes e gestores engloba uma multiplicidade de elementos e práticas, que podem ser observados sob óticas complementares. Dada a ampla competitividade entre as empresas, a formação do líder e o desenvolvimento gerencial é importante para influenciar e orientar os colaboradores e suas práticas na ambiência organizacional, a fim de atingir os objetivos estratégicos de cada empresa. Desse modo, em primeiro lugar, é importante estabelecermos diferenças para as noções de líder e gestores. Em linhas gerais, Haim (2003) explica que a liderança engloba o processo de influência, com intenção, de uma pessoa com relação a outras (seguidores), com vistas à estruturação de processos e relacionamentos (independentemente de sua natureza), na ambiência organizacional. Já a prática de gestão implica considerar “um grau de ordem e consistência em dimensões chaves, como qualidade e produtividade para as organizações” (HAIM, 2003, p. 16). 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 2/27 É importante, ainda, considerar que a gerência envolve três processos básicos: planejamento e organização, organização e alocação de pessoal, controle e solução de problemas (HAIM, 2003). No entanto, o gestor pode, ao mesmo tempo, gerir e influenciar os seus seguidores (liderança). É importante ter atenção para observar essas possíveis diferenças. Além disso, existem diferentes estilos de liderança, os quais podem influenciar o treinamento e o desenvolvimento dos demais subsistemas de gestão de pessoas (subordinados). Esta reflexão também é importante de ser realizada, quando estudamos o desenvolvimento dos líderes, uma vez que a relação com o desenvolvimento de seu time também interfere diretamente no desenvolvimento de suas competências técnicas e comportamentais. No artigo “A influência dos estilos de liderança sobre os resultados de treinamento”, podemos observar a relação do treinamento com os demais subsistemas de gestão de pessoas, em uma organização. O objetivo do estudo foi “verificar se a percepção do estilo de liderança dos chefes influencia no impacto do treinamento no desempenho dos subordinados, tendo o suporte à transferência como variável controle” (SILVA; MOURÃO, 2015, p. 260). Leia o artigo completo em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf (http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf)>. Agora que você já conhece as possíveis semelhanças e diferenças entre líder e gestor, vamos trabalhar com a expressão liderança, para, então, estudarmos os planos de desenvolvimento de líderes. VOCÊ QUER LER? 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 3/27 http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf Dada a importância do processo de formação de um líder, ao longo de sua trajetória de carreira, Dutra (2017) chama a atenção para as possíveis lacunas e dificuldades encontradas no processo de desenvolvimento, especialmente nas organizações brasileiras: aceitar e gerir a diversidade, delegar, ouvir e comunicar-se, construir e sustentar parcerias. Vamos conhecer as descrições pertinentes a cada uma dessas lacunas, relacionadas ao processo de desenvolvimento do líder? Observe o quadro a seguir. Figura 1 - O líder é encarregado de influenciar positivamente os colaboradores para atingir as metas organizacionais. Fonte: Ilyafs, Shutterstock, 2018. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 4/27 Quadro 1 - Descrição das lacunas encontradas no processo de desenvolvimento de líderes, principalmente em organizações brasileiras. Fonte: DUTRA, 2017, p. 186. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 5/27 Para ilustrar estas constatações, vamos analisar um estudo desenvolvido por Dutra (2017) em três empresas, localizadas no Brasil (segmento de indústria), a partir do qual o autor identificou que “os planos de desenvolvimento [dos líderes nestas empresas] eram compostos basicamente da indicação de cursos a serem feitos, bem como os planos de seus subordinados, também líderes” (DUTRA, 2017, p. 186). Na esteira deste fenômeno, os líderes destas empresas, embora reconhecessem deficiências comportamentais em sua formação, desconheciam metodologias de desenvolvimento para superar estas lacunas. Diante disso, você pode estar se perguntando: qual, especificamente, seria a maior dificuldade comportamental enfrentada pelos líderes nas três empresas brasileiras pesquisadas? De acordo com Dutra (2017, p. 186), a maior dificuldade manifestada pelos líderes destas empresas é “oferecer feedback positivo para seus subordinados”. Isso pode ser explicado pelo fato de os líderes, historicamente, terem naturalizado a prática de indicar o que está errado, o que falta no trabalho de seus liderados, para que otimizem os resultados. Disso, decorre que uma das alternativas possíveis para o desenvolvimento de líderes pode ser relacionada com a consultoria de pesquisadores e profissionais especialistas no tema desenvolvimento de lideranças. No caso das três empresas brasileiras, durante o estudo, Dutra (2017) indicou aos líderes que a dificuldade em dar um feedback positivo, surge não da prática do feedback em si, mas, principalmente da dificuldade de observar positivamente o trabalho dos colaboradores hierarquicamente subordinados. Para provocar esta necessária mudança comportamental dos líderes, Dutra (2017) sugeriu que eles implementassem reuniões semanais para feedbacks positivos. Assim, para se prepararem para estas reuniões, os líderes passaram a observar características positivas do desempenho de seus colaboradores e, após algumas semanas, isso foi naturalizadocomo prática desses líderes e a competência (oferecer feedback positivo) foi desenvolvida. Veja que, para o desenvolvimento de líderes, é importante desenvolver diferentes aspectos, observados de acordo com o que as situações exigem. A partir disso, devem ser criadas metodologias de desenvolvimento, com base na especificidade e necessidade das equipes e de seus líderes no ambiente organizacional. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 6/27 Adicionalmente, Dutra (2017, p. 187) explica que o desenvolvimento de líderes que passam de gerentes operacionais a níveis estratégicos da organização, durante sua trajetória de carreira, exige competências distintas e específicas para cada uma das três etapas identificadas pelo autor: consolidação na nova posição; ampliação do espaço político do gestor entre seus pares e superiores; crescimento vertical (quando o gestor recebe delegação de seus superiores). Observe, abaixo, a descrição e a ilustração gráfica de cada uma destas fases, da ascensão operacional à estratégica de um gestor em uma empresa (fio condutor). Consolidação na nova posição Nesta etapa de consolidação na nova posição estratégica, é comum que o gestor, mesmo em nova função, ainda tenha dificuldade de se desvincular de suas tarefas anteriores. Diante dessa dificuldade, é possível que sua equipe tenha o desenvolvimento afetado por esta centralização, provocada, principalmente, pelo apego do gestor à sua zona de conforto com a prática anterior (DUTRA, 2017). Para esta fase, as competências mais críticas são: “foco no resultado, desenvolvimento da equipe e delegação” (DUTRA, 2017, p. 187). Observe, na figura abaixo, a ilustração desta fase de consolidação na nova posição. Ampliação do espaço político do gestor entre seus pares e superiores Figura 2 - Consolidação na posição, etapa 1, etapas típicas do desenvolvimento do gestor. Fonte: DUTRA, 2017, p. 187. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 7/27 Sabemos que as relações de trabalho que ocorrem nas organizações têm, todas elas, natureza política. Na ascensão de fase do gestor, em sua trajetória de carreira, o espaço político é também conquistado, a partir do fortalecimento das relações intrínsecas ao processo de trabalho (delegar, gerir, acompanhar, avaliar). Desse modo, a fase da ampliação do espaço político, envolve o aprimoramento entre as interfaces de áreas que se complementam na prática de trabalho (DUTRA, 2017). Neste sentido, Dutra (2017, p. 188) indica que a dificuldade nesta etapa é que a busca pelo aprimoramento “implica mais trabalho a curto prazo para o gestor e sua equipe, por isso, esta etapa só é iniciada após a consolidação da posição do gestor”. Adicionalmente, é importante que você reflita acerca da compreensão de espaço político. Considere que o espaço político de uma organização é, de certo modo, limitado. Logo, você pode questionar-se: para que um gestor e sua equipe ampliem o seu espaço político, outro gestor e sua equipe, perderia este espaço? Dutra (2017) nos ajuda a refletir sobre esta questão, ao explicar que, nesta fase, o que comumente ocorre é que os gestores constroem novos espaços políticos, desenvolvendo interfaces que não existiam. O que pode, então, ocorrer nesses novos espaços construídos? Este é um campo possível para aprimoramento de processos, fortalecimento relacional entre equipes, desenvolvimento de novas percepções de gestão de pessoas estratégica. Em resumo, é importante considerar que “as competências importantes nesta etapa são a ampliação da visão sistêmica e a abertura e sustentação de parcerias” (DUTRA, 2017, p. 188). Veja a ilustração da fase de ampliação do espaço político, na figura a seguir. Crescimento vertical (quando o gestor recebe delegação de seus superiores) Figura 3 - Ampliação do espaço político do gestor, em meio a seus pares e superiores, etapa 2 do desenvolvimento do gestor. Fonte: DUTRA, 2017, p. 188. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 8/27 Consolidada a nova posição, ampliado o espaço político, a exigência aumenta. Neste ponto, o gestor amplia sua responsabilidade: “o gestor assume projetos ou processos que exigem o trânsito em arenas políticas mais exigentes” (DUTRA, 2017, p. 189). Como prerrogativas importantes de serem alinhadas a esta fase, são destacadas a legitimidade, o reconhecimento e o trânsito entre seus pares. A partir disso, você deve estar se perguntando: quais as competências mais relevantes que devem ser destacadas na fase de crescimento vertical? Dutra (2017, p. 189) destaca duas competências para esta etapa de desenvolvimento do gestor: “expansão da visão estratégica; desenvolvimento de sucessores para preencher os espaços que surgem, após as novas atribuições e responsabilidades de maior complexidade”. Observe, na figura a seguir, ilustração desta etapa. Com isso, observa-se que o gestor tático pode, durante seu desenvolvimento, ocupar diferentes posições estratégicas, as quais implicam no desenvolvimento de diferentes competências. Com relação a isso, Dutra (2017) também chama atenção para o fato de que, nas empresas brasileiras, sejam públicas, ou privadas, os gestores tendem a assumir o novo cargo, acumulando as novas funções do antigo, o que dificulta seu avanço da primeira fase (consolidação na nova posição) para a segunda (ampliação do espaço político). Figura 4 - Crescimento vertical – gestor recebe delegação de seus superiores, etapa 3 do desenvolvimento do gestor. Fonte: DUTRA, 2017, p. 189. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=9… 9/27 3.1.1 Pipeline da liderança Em primeiro lugar, é importante que você compreenda o que significa pensar pipeline no campo de estudo das lideranças. A palavra pipeline, conforme explicam Charan, Drotter e Noel (2017, p. 17) “é um termo da língua inglesa que significa literalmente ‘duto’, ‘tubulação’ ou ‘caminho pelo qual algo flui’”. Diante do exposto, você pode se perguntar: de que forma esta expressão nos ajuda a pensar a questão do desenvolvimento de lideranças? No mercado atual, a demanda por liderança excede em muito a oferta, o que faz com que muitas empresas busquem gestores de fora das empresas. Em consequência disso, as “empresas [...] especializadas em encontrar profissionais qualificados estão prosperando por causa da grande procura por talentos de liderança” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 17). O fato de as grandes corporações buscarem os melhores profissionais no mercado, ou seja, recrutamento externo, nos leva a refletir sobre a possibilidade de que o pipeline da liderança seja inadequado. Figura 5 - Pipeline da liderança: é importante, como ponto de partida, observar a hierarquia natural do trabalho que existe nas organizações, de forma geral. Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 10/27 Mas, o que significa, dentro da prática de desenvolvimento e sucessão de lideranças, afirmar que o pipeline é inadequado? Isso se explica, na maioria das vezes, em função de o “treinamento e aconselhamento internos, ao lado de outros programas de desenvolvimento, não [conseguirem] garantir as passagens de bastão dentro do pipeline, tornando necessário buscar talentos fora de casa” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 17). Além disso, devemos considerar que o número de profissionais qualificados nomercado para ocuparem o cargo de liderança é, de certa forma, limitado e, mesmo que o recrutamento e a seleção seja promissora, ainda é possível que escolham mudar de empresa, a partir de uma melhor oferta que lhes for apresentada. Assim, é importante almejar, no campo prático, o desenvolvimento de uma abordagem que “permita às organizações manter os próprios pipelines de liderança completos e fluindo” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 18). No entanto, na cotidianidade das empresas, o que dificulta essa prática é o fato de os modelos de desenvolvimento de liderança não terem, em sua maioria, acompanhado as mudanças exigidas para a capacitação dos líderes. Nesse sentido, se as pessoas e os seus talentos, são, cada vez mais, elementos imprescindíveis para o sucesso das empresas, dada a competição global, a abertura de capital e a circulação e reprodução de ideias e práticas, o desenvolvimento de um pipeline de liderança é de extrema importância para as organizações modernas. Diante disso, questiona-se: de que modo as empresas podem construir um pipeline de liderança? Em primeiro lugar, é importante compreender o contexto: empresas necessitam de mais líderes em diferentes níveis. Mas, para tanto, em vez de contratá-los, necessita desenvolvê-los. Com isso, constatamos que as pessoas, de modo geral, têm capacidade para se desenvolverem, se houver espaço para explorar o potencial de liderança desconhecido (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017). Assim, é importante identificar os requisitos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho, em determinados níveis importantes de liderança, para uma organização específica. Em segundo lugar, as empresas necessitam desenvolver uma base de liderança. Qual o ponto de partida para a construção dessa base? “O ponto de partida é entender a hierarquia natural do trabalho que existe na maioria das empresas (o foco aqui é no trabalho gerencial de liderança, não nas contribuições técnicas ou profissionais)” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 22). 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 11/27 Por fim, nas grandes organizações (especialmente nas descentralizadas), podemos identificar, a partir disso, seis passagens de carreira ou curvas de pipeline, conforme propuseram os pesquisadores Ram Charam, Stephen Drotter e James Noel (2017), com base nos trabalhos de Walter Mahler, denominado encruzilhadas críticas de carreira. Na figura a seguir, você vai perceber que o pipeline não é cilíndrico, nem lembra uma reta geométrica, mas é um “duto arqueado em seis pontos” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 23). Você lembra da tradução da palavra pipeline? Duto, via, por meio da qual, algo flui? Com essa definição, devemos observar o desenvolvimento da liderança por meio das seis grandes passagens, pelas quais pode passar o líder. Figura 6 - Passagens de carreira decisivas em uma grande empresa – cada passagem representa uma mudança de nível importante 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 12/27 Portanto, para entendermos o desenvolvimento de um líder, a partir das seis passagens do pipeline da liderança (gerenciar a si mesmo, os outros, os gestores, gestor funcional, gestor de grupo, gestor corporativo), é importante levar em conta que as novas exigências a cada passagem podem ser traduzidas em: “novos requisitos de habilidades, novos horizontes e novo gerenciamento de tempo, além de novos valores profissionais” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 23). A cada passagem de fase no pipeline, o líder necessita apresentar uma forma atualizada de gerir e liderar sua equipe, principalmente nas questões relacionadas às novas habilidades requeridas para atividades pertinentes à nova fase, capacidade de gerenciar o tempo e renovação constante dos valores profissionais que guiam sua trajetória e desenvolvimento de carreira. Veja, a seguir um exemplo de análise de desenvolvimento de liderança, a partir da mudança de nível. CASO Roberto, um ex-gerente de vendas, passa a ser gestor de um departamento de negócios. O profissional se encontra, agora, na “Passagem Quatro: de gestor funcional a gestor de negócios”. Roberto mostrou-se, durante sua carreira, criativo e inovador no atendimento com o público e, em consequência disso, rotineiramente, bate ou ultrapassa as metas de vendas previstas para seu grupo. Como gestor do departamento de negócios, Roberto tem enfrentado vários problemas que emergem do processo de trabalho da nova função: “está achando difícil se comunicar com pessoas em funções diferentes da sua e criar um modelo de negócios que seu pessoal seja capaz de entender e com o qual possa se identificar”. Roberto não consegue compreender, nem o motivo pelo qual a logística e a área de inteligência estão em conflito constantemente, nem a razão dos atrasos costumeiros da entrega de matéria-prima e de produtos. Ele se sente frustrado, ao não conseguir fazer o que é preciso para o bom desempenho em nova função e resolve voltar à sua zona de conforto: “se concentrar em aprofundar e assegurar o relacionamento com os clientes”, com vistas a fazer uso de seus pontos fortes. Ao fazer este retorno, Roberto apresenta bom desempenho, entretanto não em todas as tarefas de sua nova posição de líder. Reconhecido em sua habilidade de negociar com os clientes, Roberto percebe-se, pela primeira vez, à frente de “uma equipe multifuncional”. Desse modo, Roberto não apresenta a competência necessária para “valorizar a contribuição de cada divisão”, tampouco consegue, ainda, perceber qual a sua participação no sucesso ou fracasso dos processos. O que Roberto precisa desenvolver? É importante que ele busque “se tornar um gestor mais estratégico e menos operacional para ser eficaz em seu nível atual” (CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 25). nas exigências do cargo. Fonte: CHARAN; DROTTER; NOEL, 2017, p. 23. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 13/27 O exemplo de Roberto ilustra as dificuldades que os líderes e gestores podem apresentar no que se relaciona às passagens decisivas na carreira em uma grande empresa. As reflexões acerca da conciliação de expectativas entre indivíduos e organizações, com o estabelecimento de papéis para ambos, contribuem para buscar soluções para esses problemas. No próximo tópico, vamos entender outra dificuldade do líder: conciliar expectativas. 3.2 Conciliação de expectativas entre indivíduos e organizações A expectativa diz respeito à espera para ocorrência de algo. Dutra (2017) explica que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas organizações é a conciliação de expectativas entre as pessoas e a organização. O autor aponta que, muitas vezes, as lideranças estão despreparadas para exercer tal papel. No filme Billy Elliot (HALL, 2000), o personagem-título, um menino de onze anos, gosta de balé, o que é impensável para seu pai e seu irmão, ambos mineiros de carvão. Em uma das cenas, você poderá refletir sobre a importância da sensibilidade da professora que faz a entrevista com Billy, definindo ali o futuro profissional do garoto, que se vê como bailarino. Também na gestão de pessoas, o líder precisa considerar a singularidade de cada colaborador de seu time, suas histórias, suas motivações, tal como a líder da escola de balé na história de Billy. Na maioria das organizações brasileiras, as lideranças têm dificuldades em assumir responsabilidades como (DUTRA, 2017, p. 201): dialogar com os membros de sua equipe; distribuir desafios para toda a equipe; diferenciar as recompensas para seus subordinados; VOCÊ QUER VER? 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=…14/27 discutir a carreira com os membros de sua equipe (poucas lideranças se sentem habilitadas a fazer). No artigo “Os desafios da primeira gestão: uma pesquisa com jovens gestores”, podemos acompanhar a trajetória de jovens profissionais, a partir da transição para a primeira função gerencial, com base no modelo de demandas e recursos no trabalho. O estudo também reforça que poucos dos jovens gestores entrevistados tiveram apoio da organização na qual atuam durante esta transição (AMARAL; OLIVEIRA, 2017, p. 374). Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v21n3/1982-7849-rac-21-3-0373.pdf (http://www.scielo.br/pdf/rac/v21n3/1982-7849-rac-21-3-0373.pdf)>. Um dos elementos mais complexos para a consolidação dos sistemas de gestão de carreira nas organizações consiste na incorporação do debate sobre a carreira entre líderes e liderados. No entanto, esta prática deve ser iniciativa vertical e hierárquica, na medida em que o gestor de nível tático deve receber estímulos para discutir sua carreira com o chefe, para que este também reproduza esta prática com sua equipe (DUTRA, 2017). Desse modo, a seguir, vamos buscar compreender os papéis que cabem aos colaboradores, aos gestores e às empresas na questão da gestão da carreira nas organizações. 3.2.1 Papéis A relação entre colaboradores, organização e liderança, no que diz respeito ao estabelecimento de papéis, é multifacetada, pois não há como mediar todos seus aspectos pela liderança (DUTRA, 2017). Nisso, observamos que há diferentes relações possíveis, importantes de serem consideradas na conciliação de expectativas. Observe, no quadro abaixo, as relações possíveis. VOCÊ QUER LER? 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 15/27 http://www.scielo.br/pdf/rac/v21n3/1982-7849-rac-21-3-0373.pdf http://www.scielo.br/pdf/rac/v21n3/1982-7849-rac-21-3-0373.pdf Vamos, agora, conhecer o papel de cada um desses atores na conciliação de expectativas? Papel das pessoas Com as mudanças decorrentes do mercado globalizado, especialização crescente e mobilidade e flexibilização das trajetórias de carreiras, as pessoas assumiram o protagonismo na gestão de suas carreiras, com mais responsabilidades do que gestores e organização (DUTRA, 2017; COSTA; BALASSIANO, 2006). Na esteira deste fenômeno, Dutra (2017, p. 202) explica que, apesar desta centralidade no indivíduo, “é natural que receba grande influência de sua relação com as demais pessoas, cultura, lideranças, ambiente, políticas e práticas organizacionais”. E, na medida da relação da pessoa consigo mesmo, é importante se considerar os seguintes aspectos (DUTRA, 2017, p. 202): autoavaliação de interesses, valores e habilidades – o que envolve reflexão para o desenvolvimento de uma trajetória de carreira centrada no que lhe satisfaz, ao mesmo tempo em que se alinha com suas capacidades; Quadro 2 - Diferentes relações possíveis entre pessoas, gestores e organizações para análise dos diferentes papéis que cada um desses atores pode assumir, na conciliação de expectativas na gestão de carreiras. Fonte: DUTRA, 2017, p. 202. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 16/27 mapeamento de oportunidades na empresa e no mercado – a empresa e a função que a pessoa ocupa não podem, de forma alguma, limitar a flexibilidade e atenção para o que ocorre fora da empresa (mutações de mercado e possibilidades novas de atuação e crescimento); buscar oportunidades de desenvolvimento dentro e fora da organização – o indivíduo deve ter cuidado e evitar voltar-se somente para dentro da organização, e seu plano de carreira deve considerar a multiplicidade da comunidade na qual ele atua. No escopo relacional pessoa/organização, o papel da pessoa começa com a obrigatoriedade de conhecer as metas, os objetivos e as diferentes políticas que compõem a cultura organizacional (especialmente sobre as oportunidades de carreira). Quanto a isso, podemos listar (DUTRA, 2017): conhecer as políticas e práticas de carreira – a percepção sobre a carreira dos colaboradores guia as políticas institucionais e é indispensável para que o colaborador planeje sua carreira, de acordo com a realidade de crescimento organizacional; manter-se informado sobre as oportunidades – a seleção interna é a prática mais comum na maioria das grandes empresas, especialmente pela facilidade de execução do processo, dada a familiaridade dos profissionais. Para isso, é importante ter atenção com essas oportunidades e conhecer as suas chances de ocupar outras funções, desenvolvendo autoaprimoramento; atualizar as informações a seu respeito – com a constante busca pela especialização, apresentada pelos profissionais, também é missão dele informar à empresa sobre seu desenvolvimento técnico em um, ou mais segmentos. Papel dos gestores Dando continuidade à apresentação de reflexões sobre os diferentes papéis dos atores que interagem reciprocamente em uma organização, vamos entender melhor o papel dos gestores relacionado aos membros de sua equipe, a partir dos pontos listador a seguir. Diálogo de desenvolvimento, visando preparar as pessoas para o futuro: as conversas de feedback, alavancadas pelo gestor, trazem 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 17/27 consequências positivas para a gestão de carreira e do trabalho de sua equipe. Orientação de seus subordinados: “um papel do gestor que é indelegável é a orientação do desenvolvimento dos membros de sua equipe”, explica Dutra (2017, p. 205). Dá-se importância, aqui, ao diálogo que visa ao alto desempenho de sua equipe; Mapeamento de expectativas e oportunidades: o gestor tem um conhecimento mais profundo sobre o contexto organizacional do que os membros de sua equipe, por essa razão, tem condições de conciliar as expectativas das pessoas com as oportunidades oferecidas pela organização. Suporte aos subordinados em seu desenvolvimento: devido a sua maior familiaridade com a empresa, o gestor poderá atuar como guia de determinadas oportunidades que se alinhem à singularidade de um colaborador, que tem sua performance acompanhada. Também é possível identificar as demandas que o gestor tem consigo e com a organização. Com relação aos compromissos relacionados ao seu papel, podemos destacar o seu desenvolvimento, enquanto gestor, implementação de boas práticas, participação no desenvolvimento de outros gestores para o processo sucessório, também procurar a avaliação de seu trabalho com os membros de sua equipe. Em perspectiva mais sistêmica, no que concerne ao papel do gestor na relação com a organização, temos: “planejamento do quadro de pessoal, indicar potenciais de sua equipe para outras posições dentro da organização, recomendar aprimoramento no sistema” (DUTRA, 2017, p. 206). Papel da organização Por fim, o papel da organização também pode ser analisado a partir de três perspectivas relacionais. Em primeiro lugar, é importante destacar que as pessoas têm papel importante ao estimular as pessoas em suas trajetórias de carreira. É importante que a organização assuma o papel de 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 18/27 disponibilização de instrumentos para reflexão sobre a carreira, apresentar alternativas de desenvolvimento e carreira ou em auxiliar a pessoa em momentos de crise de identidade profissional ou de carreira, disponibilizar informações estruturadas sobre o mercado de trabalho, programas de orientação profissional, disponibilização de informação sobre vagas e oportunidades, informações estruturadassobre as trajetórias de carreira (DUTRA, 2017, p. 208). Já com relação aos gestores, a organização deve oferecer suporte para a etapa de preparação para a posição de líder, monitorar e valorizar este trabalho, bem como estimular a troca de experiências com pares e subordinados. Além disso, com relação às suas responsabilidades, é importante que estejam institucionalmente estabelecidas metas para melhoria contínua e atualizações de políticas institucionais, com organização das informações sobre o capital humano disponível, bem como preferência para o desenvolvimento de colaboradores internos para os processos sucessórios (DUTRA, 2017). Assim sendo, dada a multiplicidade das complexas relações que se estabelecem no seio organizacional, no que tange à gestão de carreira e seus principais agentes, é importante que cada parte reconheça a sua responsabilidade nesta engrenagem, visando alcançar objetivos e metas dos diferentes interessados (organização, gestores, colaboradores). 3.3 Sistema de gestão de carreiras Um sistema de gestão de carreiras em uma organização pode oferecer informações importantes para reorganização e atualização de práticas de gestão de pessoas. Isso porque o sistema de gestão de carreiras pode contribuir para a gestão de pessoas, a partir da adoção de uma estrutura ideal, que esteja de acordo com a realidade de cada organização. Desse modo, as premissas importantes para um sistema de gestão de carreira devem levar em conta (DUTRA, 2017, p. 219): simplicidade; transparência; identidade; flexibilidade. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 19/27 É importante considerar estas premissas nas práticas de gestão de carreira e nas possibilidades que delas decorrem. VOCÊ SABIA? Existem diferentes estudos voltados para refletir sobre as práticas de gestão de carreira. O estudo desenvolvido por Veloso e seus colaboradores (2011, p. 61), buscou “verificar a relação entre a adoção de práticas de gestão de carreira por empresas atuantes no mercado nacional e a percepção de seus empregados, executivos e não executivos, sobre suas possibilidades de crescimento profissional no seu emprego atual”, pesquisando 550 empresas. Leia o artigo completo em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v12n1/08.pdf (http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v12n1/08.pdf)>. Observe que a gestão de pessoas deve sempre estar atenta às atualizações e demandas do sistema de gestão de carreiras, para, não apenas alinhar suas práticas e políticas ao desenvolvimento de carreiras, como também oferecer suporte, quando necessário, para que as pessoas, gestores e organização se desenvolvam mutuamente. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 20/27 http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v12n1/08.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v12n1/08.pdf A seguir, estudaremos a previsão de demanda por pessoas no suporte à gestão de pessoas pela organização. 3.3.1 Previsão de demanda de pessoas As metas estratégicas da organização são o fator que guia a previsão de demanda de pessoas. Com relação a isso, Dutra (2017, p. 216) explica que “somente neste sentido seria possível estabelecer as necessidades de pessoas em termos qualitativos e quantitativos”. Figura 7 - Engrenagem de sistemas – a gestão de pessoas deve estar atenta às contribuições que um sistema de gestão de carreiras pode trazer para as práticas organizacionais. Fonte: venimo, Shutterstock, 2018. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 21/27 VOCÊ SABIA? Existem diferentes abordagens relacionadas à gestão de pessoas nas organizações? No estudo “Políticas e práticas de gestão de pessoas: as abordagens estratégica e institucional”, desenvolvido por Lacombe e Chu (2008), você poderá refletir sobre o significado da influência da estratégia organizacional e dos fatores institucionais para as políticas de gestão de pessoas. Leia o artigo completo em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf (http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf)>. É a partir do dimensionamento qualitativo que observamos a importância de se considerar as trajetórias de carreiras, as práticas de gestão de carreira e os níveis de complexidade das funções e de tarefas, que caracterizam a carreira dos colaboradores e gestores no ambiente organizacional. E por que a gestão de carreira (qualitativa) é importante para a previsão de demanda por pessoas (quantitativa)? Com esta informação, explica Dutra (2017), é possível prever a quantidade de profissionais necessários para ocupar os diferentes níveis de complexidade de função e processo de trabalho no ambiente organizacional, alinhando esta demanda aos degraus de carreira, ou seja, a política de gestão de pessoas estará alinhada às necessidades organizacionais para que se alcance as metas da empresa. Além disso “as trajetórias de carreira permitem predizer o caminho mais provável de desenvolvimento das pessoas” (DUTRA, 2017, p. 2016). A gestão do desempenho humano nas organizações, visa garantir espaços de acompanhamento da performance, mas, mais do que isso, oferecer possibilidades de desenvolvimento ao colaborador ao longo de sua trajetória de carreira. Desse modo, dada a flexibilidade das carreiras atualmente, como a carreira proteana, por exemplo, com a noção da quantidade de pessoas em cada nível é possível organizar um programa tanto de desenvolvimento quanto de mobilidade para cada uma dessas trajetórias. Adicionalmente, a recompensa remuneratória também poderá ser organizada, de acordo com as características quantitativas e qualitativas da demanda de pessoal nas organizações. Com isso dimensionado, a empresa estará atenta para evitar que “tenha investido de forma desorganizada no desenvolvimento das pessoas [ou] um [possível] congestionamento em uma das trajetórias de carreira” (DUTRA, 2017, p. 216). 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 22/27 http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf 3.4 Preparando gestores para gestão de carreira da equipe Dada a multiplicidade de elementos (aptidão, formação, desenvolvimento, especialização, performance, tarefa, metas), que continuadamente se renovam nas relações que se estabelecem entre o gestor e seus liderados para o processo de trabalho e trajetória de carreira, nas diferentes organizações, é importante que os gestores também estejam preparados para contribuir e auxiliar na gestão de carreira de sua equipe. Neste sentido, em primeiro lugar, é importante considerar que a forma como gestor e colaboradores se relacionam, se renova ao longo do tempo de duração da relação de trabalho. Esta constatação perfaz o primeiro ponto importante para que o gestor possa atuar como orientador de sua equipe, ao longo da carreira destes profissionais. Mas como o gestor se prepara para gerir a carreira de sua equipe de forma eficaz, alinhando às metas pessoais dos colaboradores as metas organizacionais? Vamos considerar as diferentes fases de carreira e as diferentes exigências pertinentes a cada uma destas fases. Para ilustrar tal constatação, pense na carreira de um atleta, por exemplo, “considerando as diferentes variáveis que podem influenciar a progressão e o sucesso do indivíduo no esporte” (SANTOS; ALEXANDRINO, 2015, p. 185). Assim, ao buscar as diferentes fases de carreira de um jogador de futebol brasileiro, por exemplo, percebemos que, para cada fase, desde o início de sua fase em um time brasileiro de base, até os times europeus, inserção na vitrine dos melhores domundo, disputa de protagonismo em uma copa do mundo, ele necessitará de diferentes apoios de seu clube e empresário para se desenvolver nas diferentes fases de sua carreira. Muitos destes jogadores, por exemplo, não conseguem manter-se no sucesso por muitos anos, pois não recebem as orientações e estímulos adequados, apesar de terem habilidade para jogar futebol. Constata-se, assim, a importância do papel do gestor, nos diferentes estágios de sua vida profissional. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 23/27 O jogador português Cristiano Ronaldo, divide há dez anos o protagonismo do futebol mundial com o argentino Leonel Messi. Cristiano já ganhou cinco vezes o prêmio de melhor jogador do mundo. Após a copa do mundo de 2018, após anos de glória em um clube europeu, resolveu transferir-se para um time italiano (menor) em fase mais madura da carreira, com 33 anos. O tempo de protagonismo no futebol ocupado pelo atleta, demonstrando foco, maturidade e uma excelente gestão de carreira, evidencia as tomadas de decisão que caracterizaram os acertos na mudança de perspectiva e reorganização de cada fase, à medida que avançava no esporte (BBC, 2017). Saiba mais na reportagem: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 (https://www.bbc.com/portuguese/geral- 42647571)>. É importante que o gestor esteja apto, então, logo na fase de início da carreira de sua equipe, a oferecer mais “aconselhamento, feedback, treinamento, proteção” (DUTRA, 2017, p. 218), práticas mais importantes no início da carreira da equipe, do que nas fases mais maduras. Considerando ainda o início de carreira, no que se relaciona ao gestor, para que ele se desenvolva e amadureça nesta função, é importante que a equipe lhe ofereça “suporte técnico e psicológico”. E na fase mais avançada da carreira da equipe, de que forma o gestor deve buscar se desenvolver para atender a quais demandas? Em uma fase mais avançada, os gestores devem oferecer suporte, mais autonomia e trabalhos mais instigantes e desafiadores aos seus subordinados. Para que se desenvolvam nesta fase, os gestores necessitam de lealdade e comprometimento da equipe para que possa auxiliá-la a desenvolver-se (DUTRA, 2017). Estímulo, preparação e apoio são fundamentais para o gestor aconselhar e orientar sua equipe. Os gestores, então, devem buscar desenvolvimento para estabelecer uma relação sistêmica com sua equipe, auxiliando-os não somente na consecução das tarefas relacionadas ao trabalho, mas em seus objetivos pessoais, na gestão de carreira e com os diferentes atores que interagem reciprocamente (DUTRA, 2017). 3.4.1 Informações que um sistema deve apresentar O sistema de gestão de carreira nas empresas modernas deve contemplar não somente as metas organizacionais, mas também as necessidades individuais e expectativas de carreira de cada colaborador, singularmente. VOCÊ O CONHECE? 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 24/27 https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 Desse modo, do ponto de vista estratégico, um sistema de gestão de carreiras deve apresentar as “decisões ligadas à compatibilização do sistema de gestão de carreiras, aos princípios que balizam a gestão de recursos humanos e às estratégias organizacionais e negociais”, engendradas na cotidianidade organizacional (DUTRA, 2017, p. 118). Além disso, na definição do sistema propriamente dito, podemos considerar as “configurações técnicas do sistema” (e devem estar alinhadas às definições estratégicas supracitadas). As decisões técnicas, conforme Dutra (2017, p. 118), podem ser: formatação e características das estruturas de carreira; níveis (degraus) dentro de cada estrutura de carreira e requisitos de acesso a cada nível; escolha dos instrumentos de gestão a serem incorporados no sistema. E, por fim, é importante considerar as informações relacionadas à modelagem, implementação e constante atualização do sistema de gestão de carreira desenvolvido, como aprendemos ao longo do capítulo. Síntese Chegamos ao final deste capítulo! Estudamos o desenvolvimento de líderes e gestores para o processo sucessório e gestão de equipes e aprendemos sobre o desenvolvimento de colaboradores para a ascensão dentro da empresa em que atua. É importante considerar que, dada a concentração do protagonismo da gestão de carreira no colaborador, a organização assume um papel importante nesse desenvolvimento, a fim de valorizar o profissional, integrando, para tanto, práticas de gestão de pessoas aos objetivos estratégicos e de gestão de carreira. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: compreender como atuam as organizações, gestores e colaboradores na gestão de carreira; entender como é o pipeline de carreira; descrever um sistema de gestão de carreiras. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 25/27 Bibliografia AMARAL, R. C. G.; OLIVEIRA, L. B. Os desafios da primeira gestão: uma pesquisa com jovens gestores. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 21, n. 3, p. 373-392, May 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415- 65552017000300373&lng=en&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000300373&lng=en&nrm=iso)>. Acesso em: 23/08/2018. BBC. Por que Cristiano Ronaldo - eleito o melhor do mundo - não é o jogador mais caro do futebol. Portal BBC News Brasil, publicado em 12 de janeiro de 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 (https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571)>. Acesso em: 23/08/2018. CHARAN, R.; DROTTER, S.; NOEL, J. Pipeline de liderança: o desenvolvimento de líderes como diferencial competitivo. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2017. COSTA, I. S.; BALASSIANO, M. Gestão de carreiras: dilemas e perspectivas . São Paulo: Atlas, 07/2006. DUTRA, J. S.; VELOSO, Elza Fátima (Orgs.). Desafios da gestão de carreira. São Paulo: Atlas, 07/2013. DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016. DUTRA, J. S. Gestão de carreiras: a pessoa, a organização e as oportunidades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. HAIM, M. Diferenças principais entre líderes e gerentes e seus respectivos papéis na organização. Dissertação de Mestrado. Fundação Getúlio Vargas, 2003. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 26/27 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000300373&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000300373&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000300373&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000300373&lng=en&nrm=iso https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 https://www.bbc.com/portuguese/geral-42647571 HALL, L. Billy Elliot. Direção: Stephen Daldry. Produção: StudioCanal; Working Title Films; BBC Films; Arts Council of England; Tiger Aspect Productions; WT2 Productions. 110 min. Reino Unido, França, 2000. LACOMBE, B. M. B.; CHU, R. A. Políticas e práticas de gestão de pessoas: as abordagens estratégica e institucional. Revista de Administração de Empresas, v. 48, n. 1, p. 25-35, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf (http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf)>. Acesso em: 23/08/2018. SANTOS, A. L. P.; ALEXANDRINO, R. R. Desenvolvimento da carreira do atleta: análise dasfases e transições. Conexões, v. 13, n. 2, p. 185-205, 2015. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8640662 (https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8640662)>. Acesso em: 23/08/2018. SILVA, N. S. O.; MOURÃO, L. A influência dos estilos de liderança sobre os resultados de treinamento. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 15, n. 1, p. 260-283, 2015. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf (http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf)>. Acesso em: 23/08/2018. VELOSO, E. F. R. et al. Gestão de carreiras e crescimento profissional. Revista Brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 61-72, jun. 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 33902011000100008&lng=pt&nrm=iso (http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000100008&lng=pt&nrm=iso)>. Acesso em: 23/08/2018. 22/04/2024, 10:13 Planejamento e Gerenciamento de Carreira https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=G9tsA2xbRrhvrXhH5NyaaA%3d%3d&l=zHy%2f1l%2b8zrah6dP%2fq5Q2Pw%3d%3d&cd=… 27/27 http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n1/v48n1a03.pdf https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8640662 https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8640662 http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n1/v15n1a15.pdf http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000100008&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000100008&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000100008&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000100008&lng=pt&nrm=iso
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