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O prelúdio da Matemática Grega (os paradoxos de Zenão) Algo de notável e assombroso aconteceu realmente na Grécia Antiga, no período helênico (de + 800-336 a.C). Segundo Eves (1995), a Grécia Helênica representou “uma das épocas mais notáveis da história em termos de realizações humanas”. O Império Grego reunia, em seu extenso domínio territorial, cidades-Estado situadas em vários arquipélagos e regiões litorâneas do mar mediterrâneo – veja figura 1. Assim, além de concentrar os maiores cientistas do mundo antigo, a Grécia Antiga constituiu-se também no principal polo intelectual da época. Grande parte do conhecimento humano teve sua origem neste período grego: a Medicina, a Física, a Lógica, a Matemática, o Direito, a Música, a Filosofia etc. As razões para o “fenômeno grego” são as mais diversas possíveis, mas um ponto parece consensual: o surgimento e o desenvolvimento da Filosofia. Segundo Eves (1995, p.94), “Pela primeira vez na matemática, como em outros campos, o homem começou formular questões fundamentais como ‘Por que os ângulos da base de um triângulo figura 1 - extraída de (Eves, 1995, p.130) isósceles são iguais? ’ e ‘Por que o diâmetro de um círculo divide esse círculo ao meio? ’. Os processos empíricos do Oriente antigo, suficientes o bastante para responder questões na forma de como, não mais bastavam para as indagações mais científicas na forma de por quê”. Boyer ratifica a posição de Eves: As civilizações pré-helênica são freqüentemente consideradas como pré-cientificas nas atitudes delas em relação à natureza, já que a elas faltaram claramente a confiança grega em sua racionalidade essencial, tanto como pelo sentimento de que sob a complexa heterogeneidade e o fluxo incessante de eventos seria achado elementos de uniformidade e permanência.. (Boyer, 1949, p. 14) Ao fazer referência ao universo humano do período “pré-helênico”, Boyer inclui aí os Babilônios e os Egípcios; faz, no entanto, uma ressalva à importância desse conhecimento pré-científico produzido por essas civilizações para o desenvolvimento da própria ciência grega: Nossa informação sobre a história da matemática no intervalo entre o melhor da matemática egípcia e babilônica e os trabalhos iniciais na Grécia é infelizmente fragmentada. Que estas civilizações orientais influenciaram a cultura grega está clara; mas a natureza e a extensão da contribuição delas são indeterminadas. Porém isso pode ter ocorrido como se desenrolou na Grécia: uma clara mudança no espírito da ciência e da matemática. A mente humana foi "descoberta" como algo diferente do próprio ambiente natural e capaz de discernir semelhanças em uma muliplicidade de eventos, de abstrair estas de seus cenários, generalizando-as, e deduzir disso outras relações consistentes com experiências ulteriores. É por esta razão que nós consideramos o método matemático e científico como originários com a civilização Helênica; mas dizer que matemática grega e ciência eram nativas seria esquecer da dívida de tema-assunto para o Egito e a Babilônia. É provável que a perspectiva nova dos Helenos era o resultado do fluxo de civilizações que ocorreram nesta época, isto imprime sobre o próspero crescimento grego o selo de numerosas culturas. (Boyer, 1949, p.16) Em consonância com o pensamento de Boyer, Barnes (1997) sugere uma localização mais precisa deste nascimento da ciência/pensamento científico: Parece razoável concluir que Mileto, nos primórdios do século VI a.C., assistiu o nascimento da ciência e filosofia. (Barnes, 1997, p.17) Segundo Barnes, o nascimento da ciência e da filosofia teve o mesmo ponto de partida: os filósofos pré-socráticos. Qual será, então, o fundamento da afirmativa de que os pré-socráticos foram defensores da razão e da racionalidade? O fundamento é o seguinte: eles apresentavam razões para suas opiniões e argumentavam em favor de suas doutrinas. Não omitiam pronunciamentos ‘ex cathedra’. Isso talvez pareça um feito irrelevante. Não é. Ao contrário, é a realização mais relevante e mais digna de louvor dentre as três que relacionei. Os que duvidam do fato deveriam refletir sobre a máxima de George Berkeley, o filósofo irlandês do século XVIII: “Todo homem tem opiniões, mas poucos são os que pensam”. (Barnes, 1997, p.27) É nesse período que se desenvolve a geometria grega, berço das idéias da ciência e do Cálculo. Boyer, concordando com a localização espaço- temporal definida por Barnes para o nascimento “da ciência e filosofia”, se refere a Tales de Mileto (~625-546 a.C.) como o grande precursor dessa “revolução intelectual”: Tales é o primeiro grego mencionado com relação a esta "revolução intelectual", que produziu matemática elementar e que serviu para revelar essas dificuldades na concepção, no estudo e na resolução daquilo que foi produzido nos próximos vinte e cinco séculos e que hoje nós chamamos de cálculo. (Boyer, 1949, p.16). O autor acrescenta, no entanto, que Tales não construiu “um corpo de conhecimento matemático, nem aplicou seu método à análise do problema do contínuo”. Essa tarefa veio a ser iniciada, segundo Boyer, por Pitágoras 1 – “o segundo matemático grego de quem nós temos informações substanciais”. De acordo com Proclus, Pitágoras “transformou o estudo da geometria em uma educação liberal, examinando os princípios da ciência do início e provando os teoremas de uma maneira imaterial e intelectual”. Um resultado muito importante da pesquisa pitagórica sobre a unidade na natureza e 1 Há de se ressaltar que devido ao caráter hermético e místico da escola pitagórica, e pelo fato de muitos resultados, atribuídos a Pitágoras, terem se tornados públicos só depois de sua morte, não se sabem o que realmente pertencia a este personagem. Questiona-se inclusive sua existência humana. Heráclito, no entanto, garante que ele existiu, por volta do século VI a. C.. Contudo, a existência, ou não, de Pitágoras enquanto pessoa, não tira o mérito da grande contribuição de sua escola para o desenvolvimento da ciência, em particular a matemática. geometria foi a “teoria de aplicação de áreas”. Tal teoria irá influenciar posteriormente a construção de um método (o método de exaustão) que se tornará um procedimento padrão na matemática grega para o cálculo de áreas e volumes. Cabe ressaltar entretanto que os gregos não falavam de área de uma figura, mas de razão de superfícies. Tal fato deve-se ao problema da incomensurabilidade e à forma como desenvolveram o seu próprio conceito de número racional. Para comparar duas grandezas A e B, escolhia-se uma terceira grandeza C, menor que as duas primeiras, e que coubesse em cada uma delas uma quantidade inteira de vezes. Assim, se CmA . e CnB . , diríamos que n m Cn Cm B A . . , ou seja, que B n m A . A existência da quantidade C, escolhida como unidade comum para as duas grandezas, era assumida “intuitivamente”, e poderia ser escolhida de modo que a razão fosse irredutível 2. O número desempenhou, sem dúvida, um papel central no desenvolvimento da escola pitagórica. Aristóteles observou inclusive que o número para os pitagóricos exercia o papel da matéria e da forma do universo. Eles [os pitagóricos] chamavam um ponto de um, uma reta de dois, uma superfície de três e um sólido de quatro. O somatório de pontos gerava retas, o de retas, superfícies e o de superfícies, sólidos; com os seus um, dois, três e quatro eles poderiam construir o universo. (apud Baron & Bos, 1985, v.1, p.16) Atribuindo “forma” aos números, os pitagóricos desenvolvem uma espécie de “aritmética geométrica”. É neste contexto que surgem os números figurados 3: triangulares, quadrangulares, retangulares, etc. 2 Paramaiores detalhes consulte (Caraça, 1989). 3 Os números figurados eram seqüências de números inteiros que obedeciam a uma determinada estrutura geométrica. – veja figuras 2 e 3. figura 3 - Números Figurados no Espaço (Baron & Boss, 1985, v.1, p.17) Assim, a partir das propriedades geométricas das figuras, estabeleciam relações aritméticas. A figura a seguir ilustra, através do uso do gnomon4, uma relação entre a soma de números ímpares e os números quadrangulares e outra, entre a soma de números pares e números retangulares. 4 Uma espécie de esquadro de carpinteiro que era utilizado para traçar ângulos retos. Triangulares Quadrangulares Retangulares figura 2 - Números Figurados no Plano (Baron & Boss, 1985, v.1, p.16) figura 4 - Baron & Bos, 1985, v.1, p.17 A máxima “Tudo é número” é, com efeito, a grande referência que se tem da escola pitagórica. No entanto, nem “tudo” era “número” (número racional). No momento em que se descobre que não era possível “medir” a diagonal de um quadrado em relação ao seu lado 5, a escola pitagórica entra em crise. E esta crise irá, por certo, marcar o destino da própria matemática grega, de modo que esta tentativa de estabelecer pontes entre a geometria e a aritmética e, mais especificamente, entre grandezas contínuas e discretas, foi abandonada pelos matemáticos gregos que se seguiram. Cabe ressaltar, entretanto, que os números irracionais (segmentos incomensuráveis) ainda apareceram nos trabalhos de Platão e Euclides. Este último desenvolve inclusive em um dos livros de sua grande obra Os Elementos (mais especificamente, o livro X) uma “teoria dos números irracionais”. Em tal teoria 6, Euclides considera os números irracionais através de processos de aproximações por valores racionais, fazendo uso simultaneamente de seqüência de valores inferiores quanto de seqüência de valores superiores a medida do segmento incomensurável. Tal procedimento influenciou R. Dedekind (1872), conforme revelou o próprio matemático alemão, na elaboração de sua teoria dos números reais a partir de “cortes” de números racionais. É fascinante perceber que os gregos, há mais de 300 anos antes de Cristo, já haviam lançado no solo geométrico as sementes de conhecimento necessárias à fundamentação da Análise Real, que se iniciaria apenas no século XIX d.C.. Quanto às quantidades infinitesimais, não se sabe ao certo se os pitagóricos as utilizavam em suas pesquisas. Contudo, sabe-se que tais quantidades foram introduzidas no pensamento matemático através das 5 Tal problema ficou conhecido historicamente como o “Dilema de Pitágoras” – para maiores detalhes verificar em (Caraça, 1989). 6 Segundo Heath (1956), é muito provável que esta teoria dos números irracionais tenha sido desenvolvido originariamente na própria escola pitagórica. explicações dos pré-socráticas para a natureza do mundo físico. Boyer (1949) localiza de forma mais precisa a origem dos infinitésimos. Segundo o autor, a doutrina materialista do atomismo físico, elaborada no século V a.C., em Abdera, foi a grande responsável por tal empreendimento. Esta doutrina sustentava que todas as coisas, mesmo a mente e a alma, eram feitas de átomos - partículas indivisíveis e imperceptíveis pelos sentidos por serem muito pequenas - que se moviam sobre o espaço vazio. A identificação destes pequeníssimos (mas finitos) elementos indivisíveis com a teoria pitagórica é bastante natural. O que não é tão natural assim, é a não aceitação desses indivisíveis na matemática por parte daquele que foi o maior representante da escola de Abdera: Demócrito (~410 a.C.) – considerado por muitos historiadores da ciência e da filosofia o “pai da Física” e o “mais brilhante dos filósofos pré-socráticos”. A fim de ilustrarmos tal atitude de Demócrito, citaremos um dilema proposto pelo pensador sobre seções paralelas de um cone, e que foi relatada pelo historiador e geógrafo Plutarco (46-120 d.C.): Se cortarmos um cone por um plano paralelo à base [plano bem próximo à base], o que podemos dizer das superfícies que formam as seções? Elas são iguais ou diferentes? Se elas são diferentes, elas tornarão o cone irregular, cheio de dentes, como degraus, e imparidades; mas se elas são iguais, a seções serão iguais, e parece que o cone terá a propriedade do cilindro de ser construído por círculos iguais e não diferentes: o que é um absurdo. (apud Baron & Bos, 1985, vol. 1, p.20) Por outro lado, sabe-se que Demócrito determinou o volume da pirâmide e do cone, os mesmos sólidos envolvidos no enunciado do seu figura 5 - Baron & Bos, 1985, vol. 1, p.20 dilema. Assim, é muito provável que o grande pensador tenha resolvido o problema usando quantidades infinitamente pequenas. Além disso, a grande influência que as pesquisas de Demócrito exerceu sobre os trabalhos de Platão e de Arquimedes 7 é um forte indício dessa conjectura. É, no mínimo, curiosa, esta íntima relação entre os conceitos de indivisível e infinitesimal na atitude de Demócrito. Apesar dos seus significados extremamente opostos (ou admite-se a existência do elemento indivisível, ou a possibilidade de se dividir indefinidamente – infinitamente - uma quantidade, por menor que seja), os infinitesimais (ou indivisíveis matemáticos), na posição de Demócrito, parecem ser de um tipo especial. Os “indivisíveis matemáticos” podem ser divididos em partes menores (e de forma infinita), mas sem perder a propriedade essencial da substância da qual eles são elementos constitutivos. Ainda que sejam partidos, cada parte preserva a identidade do todo que o gerou. Talvez seja este processo mitótico que tornou possível Demócrito inferir dos indivisíveis o seu conceito de infinitesimal, afinal: os indivisíveis também são quantidades “infinitamente” (muito) pequenas. As críticas feitas às quantidades infinitamente pequenas, introduzidas por Demócrito, foram tão severas quanto as que foram realizadas aos indivisíveis pitagóricos. A escola eleática, liderada por Parmênides (nascimento: 540/515 a.C.), é sem dúvida o principal exemplo dessa reação, ainda que sua doutrina tenha se servido da filosofia pitagórica para o seu próprio desenvolvimento. Mantendo-se frontalmente contra a visão atomística, Parmênides defende a unidade e invariabilidade do mundo: 7 Em particular na obra sobre o “Método”, onde o matemático cita Demócrito como autor do cálculo do volume do cone e desenvolve seus resultados baseado na noção de infinitésimo. (8.) Só ainda (o) mito de (uma ) via resta, que é; e sobre esta indícios existem, bem muitos, de que ingênito sendo é também imperecível, pois é todo inteiro, inabalável e sem fim; nem jamais era nem será, pois é agora todo junto, uno, contínuo; pois que geração procurarias dele? Por onde , donde crescido? Nem de não ente permitirei Que digas e pense; pois não dizível nem pensável É que não é; que necessidade o teria impelido A depois ou antes, se do nada iniciado, nascer? Assim ou totalmente é necessário ser ou não. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ (...), e a decisão sobre isto está no seguinte: é ou não é;(...) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Nem divisível é, pois é todo idêntico; nem algo em uma parte mais, que o impedisse de conter-se, nem também algo menos, mas é todo cheio do que é, por isso é todo contínuo; pois ente a ente adere. Por outro lado, imóvel em limite de grandes liames é em princípio e sem pausa, pois geração e perecimento bem longe afastaram-se, rechaçou-os fé verdadeira. O mesmo e no mesmo persistindo em si mesmo pousa. e assim firmado aí persiste; pois firme a Necessidade em liames (o) mantém,de limite que em volta o encerra, para ser lei que não sem termo seja o ente; pois é não carente; não sendo, de tudo careceria. (apud Pré-Socráticos, 2000, p.123) Assim, Parmênides desenvolve os seus três princípios explicativos básicos: o da identidade (o ser é... o não-ser não é), o da unidade e o da imutabilidade. No entanto, na produção matemática, existiam dois tipos diferentes de atividades: uma, de contagens de elementos discretos, separados e indivisíveis; e outra de medidas de quantidades "contínuas", infinitamente divisíveis – procedimento frontalmente contrário ao seu princípio de identidade: o ser é, o não-ser não é. Mas a crítica, tanto ao uso dos indivisíveis quanto ao dos infinitésimos, contextualizada na linguagem científica/matemática, foi realizada por seu mais brilhante (porém o não mais fiel) dos súditos: Zenão de Eléia (nascimento: 515/490 a.C.). Foi Zenão quem descobriu, com os seus paradoxos, uma anomalia em ambas as atividades "normais" da matemática na época. No paradoxo de Aquiles, Zenão "prova" que "se o espaço e o tempo são (infinitamente) divisíveis então o movimento é impossível". Baron sintetiza de forma didática o seu argumento: |-----------------------------|-----------------------|--------------|----------|------------ A B C D E Se a tartaruga está em B e Aquiles em A, Aquiles nunca pega a tartaruga, pois no momento em que Aquiles chega no ponto B a tartaruga estará em algum ponto C adiante, e quando Aquiles chega em C a tartaruga estará em algum ponto D adiante, e assim por diante ad infinitum: a tartaruga estará sempre na frente! (apud Baron & Bos, 1985, v.1, p.23) Assim, como o movimento é possível (isto é, Aquiles não só alcança mas como também ultrapassa a tartaruga), Zenão conclui, a partir deste paradoxo, que o tempo não pode ser infinitamente divisível. O argumento parece logicamente convincente, mas note, no entanto, que “é falso afirmar que o que vai na frente não é alcançado: não é alcançado enquanto vai na frente, mas, não obstante, é efetivamente alcançado” 8. A solução para o paradoxo é, com efeito, um problema fundamental do Cálculo Diferencial. Voltaremos a este assunto num momento mais oportuno; por ora, cabe ressaltar que Zenão desenvolveu um argumento parecido contra a divisão do espaço ad infinitum: o paradoxo A Dicotomia 9. Contra o uso dos indivisíveis, Zenão desenvolveu dois paradoxos: A Flecha e O Estádio. A descrição deste último é complexa e nos tomaria um tempo desnecessário, por isso optamos pela ilustração do paradoxo da Flecha. Neste paradoxo, Zenão "prova" que "se existem unidades de tempo 8 (Barnes, 1997, p.180). 9 Porfírio teria sustentado que o argumento da dicotomia pertencia a Parmênides – (apud Barnes, 1997, p.177). e de espaço indivisíveis então o movimento é impossível". Vejamos o seu argumento nas palavras de Baron: Considere uma flecha e assegure razoavelmente que a flecha deve estar num certo ponto num dado instante: como ela não pode estar em dois lugares no mesmo instante, não pode se mover nesse instante, se, por outro lado, está em repouso nesse instante, então, como o argumento se aplica para outros instantes, ela não pode se mover de jeito nenhum. (Baron & Bos, 1985, v.1, p.23) Contudo, como o movimento da flecha é possível, Zenão conclui, a partir deste argumento, que o espaço e o tempo não possuem elementos indivisíveis. A solução deste paradoxo, assim como a dos outros três, está relacionada com o desenvolvimento de outros conceitos básicos do Cálculo, como os de infinito, continuidade, número real e derivada. No entanto, a impotência 10 dos gregos de resolverem tais paradoxos, junto com a anomalia identificada pelos pitagóricos dos segmentos incomensuráveis, vai desencadear a primeira grande crise na matemática grega (e por que não dizer, do Cálculo). Uma crise que suscitará um outro conceito fundamental do Cálculo: a noção de limite. No próximo texto veremos então como foi que os matemáticos gregos “solucionaram” tal crise. 10 Os gregos possuíam apenas uma ideia intuitiva dos conceitos de continuidade e infinito, além do seu universo numérico estar restrito ao campo racional.
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