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1 PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 2 Sumário PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ......................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE ........................... 6 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE .......................................................................... 10 TRANSTORNOS DISRUPTIVOS, DO CONTROLE DE IMPULSOS E DA CONDUTA................................................................................................................. 13 A contribuição francesa chega ao Brasil ...................................................................... 18 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25 file:///C:/Users/Positivo/Downloads/MODELO%20NOVO%20-%20APOSTILA%20(34).docx%23_Toc66556785 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici- pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra- vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 INTRODUÇÃO A presente apostila se constitui em uma revisão bibliográfica sobre trans- tornos mentais em crianças e adolescentes e seus respectivos tratamentos far- macológicos, abrangendo três psicopatologias da infância e da adolescência: o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Transtornos de Ansiedade e Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por três subtipos, considerando a ocorrência nos últimos seis me- ses, e o tratamento farmacológico abarca, principalmente, o uso de metilfenidato. Os Transtornos de Ansiedade englobam onze transtornos mentais, nos quais o medo e a ansiedade demarcam como características fundamentais, sendo sua farmacoterapia de classe dos ISRS, antidepressivos tricíclicos e benzodia- zepínicos. Somando com os transtornos citados, os Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta, conceituam-se categoricamente por ex- trema dificuldade em lidar e ter controle das emoções e comportamentos, causando, imprescindivelmente, intenso sofrimento ao sujeito e prejuízos soci- ais, como a perda de liberdade e penalizações de violação de normas e leis, sendo que a indicação terapêutica é composta pelo uso de ácido valpóico, lítio, risperidona ou carbamazepina. 5 A apostila busca descrever a partir de considerações sobre o desen- volvimento e o ciclo vital, aspectos e critérios de psicopatologias, sendo definidos em relação a normas, valores culturais, sociais e familiares, conside- rando transtorno mental como utilidade clínica que objetiva aos clínicos determinar um prognóstico, planos de tratamento e possíveis resultados, norteados conforme gravidade dos sintomas, sua importância e sofrimento que causa no indivíduo (APA, 2014). Os transtornos mentais que se configuram, dentre os mais prevalentes na infância e na adolescência, concordantemente com as diretrizes do Manual Estatístico de Transtornos Mentais – DSM - 5, e CID 10, retratados nesse artigo, são o Transtorno de Déficit de Atenção, Transtornos de Ansiedade e os Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta, cuja clínica pos- sui suas particularidades por se tratar de acompanhar as primeiras fases do de- senvolvimento humano, e que serão responsáveis pela precisão diagnóstica, sua precocidade em avaliação, conhecimento e compreensão de sintomas e a evolução dos mesmos, considerando que esses fatores são fundamentais para eficácia do tratamento (TISSER, 2018). Salienta-se, então, que o conceito de normalidade e patologia, traz gran- des controvérsias em profissionais da área da saúde mental, e o limite entre o normal e o patológico é impreciso, diante a subjetividade do indivíduo, uma vez que dois corpos podem ter a mesma influência e reagirem distintamente. Logo, segundo Caudilhem (2010), é para além do corpo que se deve olhar para se julgar o normal e o patológico para este mesmo corpo, tornando-se necessário um olhar além de partes do corpo, ou sua totalidade, pois existe um mal-estar, que abrange um além do limite do corpo, que se encontra na sociedade. 6 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVI- DADE O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, popularmente conhe- cido como TDAH, é definido, de acordo com o DSM-5 (APA, 2014), pela perse- verante presença de desatenção e/ou hiperatividade que destoa do esperado para a fase do desenvolvimento em que a pessoa se encontra, acarretando significativo prejuízo funcional. Ele tem início na infância e seus sintomas devem se fazer presentes em mais de um ambiente. Para o diagnóstico, segundo Whitbourne e Halgin (2015), é de suma relevância distinguir os três subtipos desse transtorno. Declara-se que o TDAH é do “tipo combinado” quando o critério de desatenção é preenchido juntamente com o critério de hiperatividade. Já o TDAH do “tipo predominante- mente desatento” é diagnosticado quando apenas o critério para desatenção é satisfeito. Enquanto o terceiro subtipo, “tipo predominantemente hiperativo/im- pulsivo”, se refere ao preenchimento do critério de hiperatividade/impulsividade somente. E aqui, enfatiza-se que os subtipos são determinados levando em conta os últimos seis meses. 7 Outro ponto notável é o fato de que o quadro sintomático do TDAH se modifica na passagem da infância para a adolescência, visto que a hiperativi- dade é a principal expressão do transtorno ao longo dos anos pré-escolares, mas é reduzida na adolescência e passa a se enquadrar como nervosismo, inquietude ou impaciência (APA, 2014). Whitbourne e Halgin (2015) explicam que adolescentes com TDAH são essencialmente imaturos e inclinados a possuir diversas dificuldades com comportamentos e com relacionamentos sociais, além de problemas acadêmicos. Porém, em meninas adolescentes, es- ses sinais costumam possuir uma evidência reduzida, o que torna o diagnóstico mais complicado. Dentre as principais caraterísticas do TDAH, além da tríade sintomática (desatenção, hiperatividade e impulsividade), em conformidade com o DSM-5 (APA, 2014) e Sadock, Sadock e Ruiz (2017) é necessário mencionar a labilidade emocional, o autoconceito negativo e hostilidade reativa, baixa tolerância à frustração, desmoralização, déficits cognitivos incluindo a memó- ria, a atençãoe a função executiva. Em vista disso, é nítido o reconhecimento dos desafios enfrentados por pessoas com o referido transtorno do neurodesenvolvimento, considerando a vivência de desvantagens no desempenhoescolar, bem como problemas psico- lógicos e sociais (ASSUMPÇÃO JR. e KUCZYNSKI, 2010). O DSM-5 (APA, 2014) afirma que as dificuldades acadêmicas e escolares estão relacionadas ao sintoma de desatenção elevada, à medida que a alta hiperatividade e/ou impulsividade está geralmente associada à rejeição social. Vale explanar também, em concordância com Whitbourne e Halgin (2015), que uma variedade de estudos e pesquisas certificam a substancial in- fluência de fatores genéticos. Contudo, a determinação do nívelde compro- metimento e comorbidade abrange diversos fatores psicológicos e sociocultu- rais, como os efeitos das relações escolares, familiares e com pares. A partir disso, salienta-se que Assumpção Jr. e Kuczynski (2010) compre- endem a cronicidade do problema, mas evidenciam a possibilidade de controle existente, que envolve, sobretudo, a utilização de medicamentos. Desse 8 modo, é importante destacar que o tratamento farmacológico do TDAH, em crianças e adolescentes, é essencialmente constituído pelo uso de estimulan- tes do SNC, sendo que a maior parte das medicações tem como base o metilfenidato. E dentre estas, cita-se: Ritalina, Ritalina LA, Concerta, Meta- date CD, Metadate ER (WHITBOURNE e HALGIN, 2015). Quanto a isso, ressalta-se, em consonância com Sadock, Sadock e Ruiz (2017) a eficácia do metilfenidato em até três quartos das crianças que possuem o transtorno, com uma quantidade pequena de efeitos colaterais que englobam, usualmente, dores de cabeça, dores de estômago, náusea e insônia. Aqui, cabe informar também sobre o efeito-rebote que alguns pacientes experimentam por um passageiro momento com o fim do efeito da medicação, o que de- sencadeia notavelmente uma ligeira hiperatividade e uma pequena irritabili- dade, e consta, que o uso de simpatomiméticos a curto prazo induz sensação de euforia, desenvolvendo-se tolerância tanto para o sentimento de euforia como também para atividade simpatomimética e concordantemente, Pastura e Mattos (2004) aponta como efeitos colaterais a longo prazo e alerta cuidados com a dependência, efeitos cardiovasculares e possível redução de estatura. Ademais, Sadock, Sadock e Ruiz (2017) também frisam que deve exis- tir a monitoração do tratamento com estimulantes. Antes do início do uso, a American Academy of Child and Adolescent Psychiatryorienta a realização de exame físico, bem como a verificação da pressão arterial, frequência cardí- aca, peso e altura. Esse acompanhamento precisa ocorrer a cada três meses, e o exame físico é feito anualmente. Entretanto, ainda em consonância com os referidos autores, quando se comprova a ineficiência do metilfenidato, são prescritos a dextroanfetamina e combinações de dextroanfetamina e sal de anfetamina, considerados medica- mentos no qual devido a necessidade de aumento de dose para atingir efeito, causam tolerância, dependência física e psíquica. Outro tratamento alternativo, de acordo com Whitbourne e Halgin (2015), é a utilização de antidepressivos, incluindo o uso de bupropriona, pemolina, atomoxetina e imipramina. 9 Diante do exposto, constata-se a importância dos medicamentos no tra- tamento do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, visto que os mes- mos reduzem seus principais sintomas e auxiliam na melhora da autoestima de crianças e adolescentes (SADOCK, SADOCK e RUIZ, 2017). Todavia, segundo Assumpção Jr. e Kuczynski (2010), a esfera farmacológica não pode ser clas- sificada como intervenção única e suficiente, pois não abarca todas as necessidades terapêuticas de crianças e adolescentes com TDAH, que são satisfeitas apenas com um trabalho multidimensional. Assim, o tratamento psicológico é indispensável para o progresso desses pacientes. 10 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Os transtornos de ansiedade constituem um dos grupos de doenças psi- quiátricas mais comuns e predominantes na população, possuindo, como preva- lência global em 12 meses, uma taxa de 18,1% (WHITBOURNE e HALGIN, 2015). Esta categoria, em conformidade com o DSM-5 (APA, 2014, p.189), diz respeito à transtornos mentais que configuram o medo e a ansiedade como característica fundamental. Em vista disso, é relevante diferenciar os dois conceitos, compreendendo medo como “resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida” e definindo ansiedade pela “antecipação de ame- aça futura”. No que se refere a etiologia, Sadock, Sadock e Ruiz (2017) consideram a correlação existente entre a genética e fatores socioculturais, ressaltando que traumas e estresses devem ser ponderados. Além disso, Assis et al (2007) declaram que o transtorno de ansiedade na infância pode estar relacionado à fatores familiares, já que as relações entre crianças e cuidadores contribuem para a formação do próprio padrão de funcionamento interno diante às cir- cunstâncias da vida. Outro ponto importante, segundo Whitbourne e Halgin (2015), diz res- peito à necessidade de avaliação acerca da intensidade e persistência do medo e ansiedade, já que estes precisam ser necessariamente excessivos para a 11 realização do diagnóstico. Considera-se, também, que os transtornos dessa categoria divergem entre si devido ao tipo de objeto ou situação que desencadeia os dois principais sintomas. Desse modo, os transtornos de ansiedade incluem: o transtorno de ansi- edade de separação, mutismo seletivo, fobia específica, transtorno de ansie- dade social, transtorno de pânico, agorafobia, transtorno de ansiedade genera- lizada, transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento, trans- torno de ansiedade devido a outra condição médica, outro transtorno de ansi- edade especificado e transtorno de ansiedade não especificado (APA, 2014). Tendo isso em vista, de acordo com Knapp (2004), as manifestações dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes possui três dimensões: comportamental, fisiológica e cognitiva. A primeira é a mais notó- ria, e consiste em comportamentos de fuga e esquiva, incluindo choro, voz e mãos trêmulas, roer unhas, chupar do polegar e até correr. Já os aspectos fisiológicos, ainda em concordância com Knapp (2004), reproduzem a atividade do SNA (Sistema Nervoso Autônomo) e são compostos por náuseas, vômitos, palpitação, sudorese, sensação de sufo- camento ou afogamento, ondas de frio ou calor, entre outros. Enquanto a ter- ceira dimensão, a cognitiva, inclui pensamentos ansiosos, como por exemplo, preocupações sobre o que acontecerá e sobre o julgamento dos outros. 12 Diante do exposto, é possível reconhecer que o transtorno de ansi- edade em crianças e adolescentes possui diversasconsequências negativas, e dentre elas, são reveladas dificuldades em realizar trabalhos escolares ou pro- fissionais, problemas nos relacionamentos sociais (com amigos e familiares) e incapacidade de apreciar momentos de lazer (WHITBOURNE e HALGIN, 2015). Portanto, o tratamento é indispensável, uma vez que, segundo o DSM-5 (APA,2014), se não for tratado, o transtorno frequentemente perse- vera até a idade adulta. Então, em relação à farmacoterapia, as classes de medicamentos utilizados para tratamento de transtornos de ansiedade em crian- ças e adolescentes, segundo Maiae Rohde (2009, s/p), são os “ISRS (fluoxe-tina, sertralina, paroxetina e fluvoxamina), antidepressivo tricíclico (imipramina) e benzodiazepínicos (alprazolam e clonazepam)”. É necessário, entretanto, prestar atenção nos efeitos colaterais dessas medicações, com um cuidado ainda mais especial pelo fato de serem crianças e adolescentes. Assim, Sadock, Sadock e Ruiz(2017) explicam que os ISRS usualmente causam hipotensão postural, boca seca (geral- mente no uso de paroxetina), náuseas, vômitos, dispepsia, tremores, dores de cabeça (no uso de fluoxetina), bocejo não relacionado à fadiga ou pobreza do sono noturno, “cegueira emocional” (uso crônico) e sudorese. O referido autor segue admitindo que a imipramina possui como efeitos adversos: sedação, efeitos anticolinérgicos, hipotensão postural, convulsões e anormalidades da condução cardíaca. E os benzodiazepínicos podem causar no paciente: sedação, fadiga, perdas de memória, sonolência, prejuízos na coorde- nação motora, diminuição da atenção, da concentração e dos reflexos, bem como tolerância, dependência e abstinência, sendo necessária a avaliação inin- terrupta como parte do tratamento de pacientes com uso desse fármaco. 13 TRANSTORNOS DISRUPTIVOS, DO CONTROLE DE IM- PULSOS E DA CONDUTA Primeiramente, é importante apresentar, em consonância com o DSM- 5 (APA, 2014), que os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta dizem respeito à uma categoria que possui como característica substancial a grande dificuldade no controle de emoções e comportamentos, sendo que esta é expressada com a violação dos direitos dos outros e/ou com significativos atritos com regras sociais e figuras de autoridade. Aqui, de acordo com Sadock, Sadock e Ruiz (2017) e o DSM-5 (APA, 2014), cabe esclarecer que esses aspectos ocorrem, em alguma proporção, du- rante o processo de desenvolvimento e crescimento das pessoas, e por isso, é de suma relevância previamente analisar e compreender a frequência, a intensidade e a gravidade desses comportamentos, levando sempre em conta a idade, o gênero e a cultura a qual o indivíduo está inserido. Além disso, segundo o DSM-5 (APA, 2014), é durante a infância ou a adolescência que os referidos transtornos propendem a se iniciar. Considera-se, também, que os diagnósticos são comumente mais atribuídos a pessoas do sexo masculino, existindo uma grande possibilidade de comorbidade. 14 Tendo isso em vista, destaca-se que os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta abrangem oito transtornos (WHITBOURNE e HALGIN, 2015). Entretanto, aprofunda-se, no presente trabalho, o transtorno de oposição desafiante e o transtorno de conduta. O transtorno de oposição desafiante é reconhecido fundamentalmente pela existência de humor irritável/raivoso, comportamento questionador/desafi- ante e índole vingativa no decorrer de seis meses. Os sintomas são geralmente revelados, de forma notória, em relações com pessoas mais íntimas, e desse modo, podem se manifestar em um ambiente apenas, no qual habitualmente é a casa (DSM-5, 2014;SADOCK, SADOCK e RUIZ, 2010). De acordo com Whitbourne e Halgin (2015, p. 249), as crianças e ado- lescentes que possuem esse transtorno são “suscetíveis, ressentidos, agressi- vos, rancorosos e donos da verdade”. Todavia, Sadock, Sadock e Ruiz (2017) expõem que esses indivíduos não se auto avaliam com tais características e defendem que os comportamentos são consequências de acontecimentos injustos. Posto isto, é indispensável destacar que o transtorno de oposição de- safiante desencadeia sofrimento para o sujeito, bem como para os familiares e pessoas próximas. Também prejudica, independentemente da inteligência, o desempenho escolar, acadêmico, profissional e as relações sociais, e como consequência, é possível identificar baixa autoestima, baixa tolerância a frustração, sensação de inadequação, humor deprimido e acessos de raiva. (WHITBOURNE e HALGIN, 2015; SADOCK, SADOCK e RUIZ, 2017). 15 O transtorno de conduta, por sua vez, em conformidade com o DSM-5 (APA, 2014), é caracterizado por constantes comportamentos, nos últimos 12 meses, que resultam em violação de direitos dos outros e normas já com- preendidas pela idade. Esse padrão é manifestado em vários ambientes, com agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, falsidade ou furto, e/ou violações graves de regras. À vista disso, convém compreender que os sintomas não surgem instantaneamente, e dessa maneira, os mesmos passam por um processo de evolução da gravidade até o desenvolvimento de um persistente quadro comportamental que engloba a violação dos direitos dos outros (SADOCK, SADOCK e RUIZ, 2017). Ademais, salienta-se, consoante a Whitbourne e Halgin (2015) e ao DSM-5 (APA,2014), a necessidade de determinação do subtipo, o qual leva em consideração o início do problema. Quando ao menos um sintoma é expressado antes dos 10 anos, o transtorno de conduta é classificado como “tipo com início na infância”; quando nenhum sintoma é manifestado antes dos 10 anos, diag- nostica-se “tipo com início na adolescência”; e se não há disponibilidade de in- formações para identificar o começo, é declarado “início não especificado”. Dentre as principais características de personalidade, frisa-se, em concordância com o DSM-5 (APA,2014), que as crianças e adolescentes com transtorno de conduta, mesmo projetando uma imagem de dureza, possuem baixa autoestima, baixo autocontrole e baixa tolerância a frustrações, além de serem muito irritáveis, desconfiados, insensíveis a punições, imprudentes e costumam frequentemente possuir explosões de raiva. Sadock, Sadock e Ruiz (2017) complementam admitindo que não há es- forços para ocultar os comportamentos ilegais e que atos ou pensamentos sui- cidas são usuais, uma vez que os prejuízos sociais e interpessoais são perceptíveis, incluindo afastamento da escola e trabalho, doenças sexualmente transmissíveis, danos físicos ocasionados por acidentes ou brigas, prisão, entre outros. 16 Por fim, é interessante informar que, segundo o DSM-5 (APA, 2014, p.473) “o transtorno de oposição desafiante é um percursor comum do transtorno da conduta do tipo com início na infância”. Porém, muitas crianças e adolescen- tes que possuem o transtorno de oposição desafiante não desenvolvem posteri- ormente o transtorno de conduta, e conforme Sadock, Sadock e Ruiz (2017), cerca de um quarto delas não preenche os critérios diagnósticos para TOD com o passar do tempo. Então, acerca do prognóstico, diversos fatores devem ser considerados, inclusive o tratamento adequado. Sendo assim, frisa-se que, de acordo com Tei- xeira (2006), o transtorno de oposição desafiante ainda não possui um trata- mento medicamentoso específico. Porém, é possível encontrar diferentes relatos em artigos e trabalhos científicos sobre a utilização de psicofármacos objetivando o controle dos sintomas opositivos e desafiadores. Dentre as medicações usadas, Serra-Pinheiro et al(2004) e Sadock, Sadock e Ruiz (2017) garantem que as mais eficazes, quando se trata de insta- bilidade de humor observável, são o ácido valpróico, haloperidol (Haldol), rispe- ridona (Risperdal) e lítio (Eskalith), utilizados tanto para o tratamento do transtorno de oposição desafiante como para o transtorno de conduta. Em concordância com Stucchi (2009), o primeiro agente farmacoló- gico possui como efeitos colaterais: dor abdominal, náusea, vômito, diarreia, vertigem, dor de cabeça, convulsão,reflexos aumentados, prejuízo na me- mória, edema, pele seca, boca seca, incontinência urinária, entre outros. Já o haloperidol é um antipsicótico típico, altamente sedativo, e por isso, pode causar cansaço e apatia nos pacientes. Além disso, ele possui efeitos inde- sejáveis, os sintomas extrapiramidais, que correspondem a diversos trans- tornos motores, incluindo, após alguns anos, a discinesia tardia (WHITBOURNE E HALGIN, 2015). A risperidona tem como efeitos adversos mais comuns, em crianças, a sonolência, cefaleia e ganho de peso (TEIXEIRA, 2006). E por fim, Stucchi (2009) também afirma que o uso de lítio pode desencadear efeitos secun- dários como: aumento da sede, aumento da excreção urinária, sensação 17 de enjoo ou náusea, dores ligeiras do estômago, ligeiro tremor das mãos, sonolência, enfraquecimento muscular, diminuição da capacidade ou interesse sexual, tontura, boca seca, aumento de peso, sabor metálico e predisposição para acne ou psoríase. Para o transtorno de conduta, Freitas e Catelan-Mainarde (2013) confir- mam que a carbamazepina (Tegretol) também pode ser prescrita, uma vez que ela auxilia na redução da agressividade. Contudo sua utilização pode co- mumente causar tontura, sonolência, náusea, vômito e visão turva (STUCCHI, 2009). A psicopatologia na infância e adolescência se constitui como um tema de grande relevância nos dias atuais, tendo em vista que estudos demons- tram uma alta prevalência de transtornos psicopatológicos nestas fases do de- senvolvimento, e esta temática engloba diversas áreas do conhecimento, como a médica, farmacêutica e psicológica. Logo, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, assim como os transtornos pertencentes às categorias dos transtornos de ansiedade e dos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta, caracterizam-se como algumas das psicopatologias de manifestação mais comum durante a infância e a adolescência. Assim, partindo do pressuposto de que o ser humano deve ser compre- endido a partir de uma visão biopsicossocial, destaca-se a importância de obser- var o contexto em que se encontram estas crianças e adolescentes e considerar os inúmeros fatores que influenciam para ocasionar e manter estes transtornos. Concernente a isso, é importante ressaltar que a medicalização se faz necessária em determinados casos, no entanto, o tratamento medicamentoso atende somente às necessidades biológicas do indivíduo. Desta maneira, estu- dos demonstram que um tratamento combinado de psicoterapia e farmacotera- pia possibilita uma melhora mais efetiva nos quadros de psicopatologias, pois assim é possível atender também às questões psicológicas e sociais envolvi- das no caso. 18 Portanto, compreende-se que a preocupação com a saúde mental infantil pode ser considerada relativamente recente, havendo muitas questões a serem pensadas e elaboradas sobre este assunto, que se configura como um dos desafios éticos e políticos da saúde pública brasileira. A contribuição francesa chega ao Brasil Finalmente, chega ao país a Classificação Francesa dos Transtornos Mentais da Criança e Adolescente (CFTMEA, em francês), traduzida diretamente da última revisão, de 2012, dirigida por Roger Misès. Até recentemente, os leito- res só tinham acesso a esse texto em língua portuguesa de forma indireta, por meio de citações em livros-texto como em Assunção Júnior e Kuczynski (2003), Marcelli e Cohen (2010) e Almeida, Lima, Crenzel e Abranches (2016). Fruto de uma “força-tarefa” de tradutores e colaboradores, liderada pelo psiquiatra e psi- canalista brasileiro Palmyr Virginio da Silva Junior, radicado na França desde 1987, o volume é prefaciado pelo psiquiatra e professor da Faculdade de Ciên- cias Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) Mário Eduardo da Costa Pereira e tem posfácio escrito pelo psiquiatra e professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Uni- fesp) Miguel Roberto Jorge, além de apresentação do próprio Palmyr Junior. Os dois sistemas classificatórios mais divulgados globalmente – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica 19 Americana, atualmente na 5ª edição (DSM-5) (American Psychiatric Association [APA], 2014) e a Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mun- dial da Saúde, cuja 11ª edição (CID 11) foi lançada on-line em 2018 (World Health Organization [WHO], 2018) –tornaram-se de tal forma hegemônicos (e semelhantes) que ofuscaram a existência de possibilidades distintas de nomear e organizar as psicopatologias, incluindo aquelas da faixa etária infantil e juvenil. Esse é o maior valor da tradução da CFTMEA – apresentar ao mundo psi brasi- leiro outro modo de descrever as diversas modalidades de sofrimento e distúr- bios mentais na criança e no adolescente, sem ignorar as classificações “oficiais” da psiquiatria mundial. Na verdade, a CFTMEA dialoga bastante com a CID, sempre buscando correspondências entre as categorias presentes em ambas. A principal diferença entre a CFTMEA e o par DSM-CID é que a primeira não advoga o ateoricismo, suposta marca das últimas. Pelo contrário, está claro em suas páginas que a psicanálise é a principal chave de leitura dos fenômenos mentais em questão. Assim, a valorização da psicodinâmica e da relação dos sintomas da criança com o meio em que ela habita, em especial com sua família ou quem ocupa essa função, são as marcas que Misès e seu grupo vem impri- mindo à classificação desde o seu surgimento, como enfatizam o prefácio e a apresentação da edição brasileira. A psicanálise se faz presente no vocabulário usado na CFTMEA, seja na nomeação das categorias ou subcategorias, como “transtornos neuróticos de predomínio histérico”, ou nas referências feitas à “cri- ança pré-edipiana” e aos “autoerotismos” no tópico destinado aos bebês, ou ao “falso-self”, “campo transicional”, “posição depressiva” e “falhas narcísicas” no grupo das “patologias-limite”. Além disso, o texto não se esquiva de fazer refe- rência a grandes autores, e nesse ponto não apenas àqueles mais próximos à psicanálise, como M. Mahler e Bowby, mas também a Kanner ou Piaget, de- monstrando respeito à tradição do campo psi e à transmissão feita na relação entre alunos e mestres, o que parecia ter sido abandonado depois que a medi- cina baseada em evidências colocou a “opinião de especialistas” nos últimos lugares da hierarquia da produção de conhecimento clínico-científico (Gree- nhalgh, 2008). 20 Em linhas gerais, a CFTMEA se organiza em dois eixos. O eixo I é com- posto de dez “categorias clínicas de base”, sendo as cinco primeiras considera- das as principais, ou seja, têm precedência clínica sobre as demais. A recomen- dação é que o profissional lance mão de apenas uma delas para cada criança. Estão aí incluídas: categoria 1: transtornos invasivos do desenvolvimento (TID), esquizofrenia, transtornos psicóticos da infância e adolescência; 2: transtornos neuróticos; 3: patologias-limites; 4: transtornos reativos; 0: variações da norma- lidade. As demais categorias são consideradas “complementares”, podendo ser usadas juntamente a uma das anteriores ou ser elevadas a categoria principal, caso não seja possível classificar o quadro da criança ou adolescente nas de 0 a 4. São elas: categoria 5: deficiências mentais; 6: transtornos do desenvolvi- mento e das funções instrumentais; 7: transtornos de condutas e do comporta- mento; 8: transtornos de expressão somática; 9: manifestações e sintomas do tipo ansioso, fóbico, compulsivo, conversivo. O eixo II deve ser utilizado para a descrição dos “fatores associados ou anterioreseventualmente etiológicos”, incluindo orgânicos pré, peri e pós-natais, doenças crônicas e problemas psicossociais, como doença mental em familia- res, carências afetivas e socioeducativas, maus-tratos, negligências, ruptura de laços e outros elementos do contexto sociofamiliar. A categoria que abre o CFTMEA é a do grupo do autismo, que aparece associado aos TID – como ocorria nos DSM-III e IV e na CID-10; no DSM-5 e na CID-11, renomeado de transtorno do espectro do autismo (TEA), foi alocado no novo grupo dos transtornos do neurodesenvolvimento – e agrupado com as es- quizofrenias e transtornos psicóticos (próximo do que ocorria nos DSM-I e II e na CID-9). Incluem-se aí as “desarmonias psicóticas” (ou desarmonias múltiplas e complexas do desenvolvimento), noção muito usada pela pedopsiquiatria fran- cesa desde os anos 1960 e que, segundo Misès e seu grupo, guarda semelhan- ças com os Multiple Complex Developmental Disorders (MCDD), quadro descrito por pesquisadores da Yale University, nos EUA. 21 A manutenção do autismo no grupo das psicoses seria um anacronismo da classificação francesa? Não necessariamente. Na verdade, se por um lado as classificações hegemônicas vêm afastando o autismo das psicoses infantis, a ponto de estas terem quase desaparecido na psiquiatria contemporânea, por outro lado, as possíveis (des)continuidades entre esses quadros, no percurso do desenvolvimento infantil, estão longe de terem sido definidas ou excluídas. Só para citar algumas aberturas presentes nos sistemas CID e DSM, a CID-10 aponta que episódios psicóticos podem ocorrer no início da vida adulta de pes- soas com síndrome de asperger (OMS [Organização Mundial da Saúde], 1993), enquanto o DSM-5 inclui a possibilidade de surgimento, especialmente na ado- lescência de pessoas no espectro autista, de sintomas catatônicos como a flexi- bilidade cérea, tradicionalmente associada à catatonia da psicose esquizofrênica (APA, 2014). Nesse sentido, o comentário da CFTMEA de que algumas formas de esquizofrenia “podem também constituir um modo de evolução de um TID precoce” (p. 48) não está tão dissonante assim do que afirmam a OMS ou a APA. Dito isso, é preciso assinalar que os diagnósticos diferenciais dentro desse grupo na CFTMEA são no mínimo confusos – e o próprio texto admite isso, quando comenta, a respeito das “desarmonias psicóticas”, que “os critérios de inclusão e exclusão suscitam problemas” (p. 46) e que a psicose simbiótica de Mahler pode ser em parte incluída aí e em parte nos TID de tipo autístico; além disso, crianças atípicas ou esquizoides poderiam fazer parte das desarmo- nias, mas também das patologias da personalidade ou dos transtornos neuróti- cos. Essa confusão nos leva a admitir que, até certo ponto, fazia sentido a inten- ção do grupo que elaborou o DSM-III de construir regras mínimas e um vocabu- lário básico que colocassem alguma ordem na balbúrdia nosológica dos anos 1960 e 1970. O problema foi que aquilo que deveria ser mínimo e básico acabou eliminando outros modos de se descrever os problemas mentais nas crianças, tornando-se a novilíngua da psiquiatria (Lima, 2015). Essa questão também aparece em relação ao diagnóstico de depressão. Se concordamos que as classificações oficiais unificaram artificialmente distintas experiências depressivas, melancólicas e distímicas em torno de uma “doença” chamada major depression, empobrecendo a clínica, na CFTMEA as síndromes depressivas estão dispersas, “em função da organização estrutural” (p. 39), nos 22 transtornos do humor da infância ou adolescência (categoria 1), nas depressões neuróticas (categoria 2), nas depressões ligadas a uma patologialimite (catego- ria 3), nas depressões reativas (categoria 4) e nos momentos depressivos na normalidade (categoria 0), além das depressões do bebê. Quanto menor o nível de especialização dos profissionais – tomemos aqueles da estratégia de saúde da família, por exemplo –, mais difícil será distinguir, tratar ou encaminhar corre- tamente cada uma dessas variações. Há pelo menos um ponto no qual a manutenção de um vocabulário da tradição psiquiátrica se revela anacrônica – a categoria “demências”, no grupo das deficiências mentais, aplicada a crianças com “redução das capacidades mentais com tendência a evolução em direção a uma limitação maior” (p. 75), relacionada diretamente a fatores orgânicos conhecidos. Essa noção tem lugar importante na história da psiquiatria, tendo sido consagrada na demência pre- coce de Kraepelin, mas hoje há poucas justificativas para sua utilização para além das demências senis ou pré-senis (Alzheimer, vascular, Pick, Parkinson etc.), especialmente em uma classificação de crianças e adolescentes. Há algumas contribuições e inovações da CFTMEA que se mostram cla- ramente vantajosas em relação aos demais sistemas classificatórios. Uma delas é a inclusão do eixo específico para os bebês, dando relevância às peculiarida- des das formas de adoecimento psíquico na faixa de zero aos três anos, inclu- indo as situações consideradas “de risco” para transtornos graves do desenvol- vimento, e realçando as relações do bebê com o meio e os laços com os adultos que dele cuidam. Outra particularidade é a presença da categoria 0 – variações da normalidade –, que deixa explícito que há diversas situações que chegam aos serviços ou consultórios e não correspondem necessariamente a patologias mentais, que nem toda aflição ou problema se traduz em uma categoria psiqui- átrica e que as fronteiras entre normalidade e patologia não estão fixamente es- tabelecidas, principalmente quando se trata de seres em modificação perma- nente de sua constituição física e psíquica. Também é interessante perceber que o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) – carro-chefe da psiquiatria infantil contemporânea, 23 que sempre traz o risco de medicalização e farmacologização de problemas es- colares – não está listado dentre as categorias principais, mas sim entre as com- plementares. Isso vai ao encontro de nossa proposta de considerar o TDAH, sempre que possível, um “diagnóstico de exclusão”, a ser utilizado quando ou- tras hipóteses, não apenas médicas, mas também relacionais e pedagógicas, forem investigadas e descartadas (Almeida et al., 2016). Esse quadro, na CFTMEA, tem sua forma atencional pura descrita separadamente (6.13 – Trans- tornos da atenção sem hipercinesia) da forma hiperativo-desatentiva (7.00 – Hi- percinesia com transtornos de atenção). Essa concepção é próxima daquela do psicólogo cognitivista norteamericano Russerl Barkley, que defende que as dis- funções na base das duas apresentações – predominantemente desatenta e pre- dominantemente hiperativa – são distintas (Barkley, 1997). Por fim, e um pouco menos importante, uma bem-vinda nova edição bra- sileira deveria realizar uma revisão geral no texto, pois são relativamente fre- quentes deslizes na digitação e problemas afins. Os mais importantes (mas há diversos outros): “disarmonia” em vez de desarmonia (p. 44, 61, 62); esquizofre- nia e esquizoafetivo grafados com “s” (“esquizofrenia”) (p. 50, 53) ou com “f” (“esquifofrênico”) (p. 51), e “agorofobia” no lugar de agorafobia (p.105), todos esses nas correspondências com a CID-10, espalhadas pelo texto (mas não na tabela ao final). Além disso, na página 123 (14 – Doenças de origem genética ou congênita) o termo “infecção” tomou o lugar de “afecção”. Outro problema é que os textos introdutórios trazem informações discrepantes sobre a data da primeira edição da CFTMEA na França. No prefácio, fala-se em 1983 (p. 13); na apre- sentação, em 1987 (p. 25) e 1990 (p.28). Seria bom, em nova edição ou reim- pressões, unificar essa informação. Como em toda a classificação, há pontos de inconsistência e mesmo de contradição na CFTMEA, alguns deles apontados acima; contudo, nenhum delesofusca a relevância clínica e acadêmica da publicação da tradução brasileira, sendo apenas necessário – como apontado no posfácio – levar em conta as diferenças socioculturais entre o contexto francês, onde foi elaborado, e o brasi- leiro (cuidado que também deveria ser tomado em relação ao DSM). É mais que 24 justificado haver um esforço para tornar a CFTMEA acessível a estudantes uni- versitários e residentes do campo psi, pesquisadores e profissionais dos serviços públicos de saúde mental e da prática privada em todo o país. 25 REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. ASSIS, S. G. de; XIMENES, L. F.; AVANCI, J. Q.; PESCE, R. P. Ansiedade em crianças: um olhar sobre transtornos de ansiedade e violências na infância. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPq, 2007. Disponível em: < http://docs.wix- static.com/ugd/7ba6db_319224594ed14b0e89e97401ccce8ed4.pdf> Acesso em: 02 jun. 2019. ASSUMPÇÃO JUNIOR, F. B.; KUCZYNSKI, E.; e cols. Qualidade de vida na infância e na adolescência: orientações para pediatras e profissionais de sa- úde mental. Porto Alegre: Artmed, 2010. CANGUILHEM, G. O Normal e o Patológico. 6ª.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010. FREITAS, M. 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